12 filmes que ajudarão você a superar as dificuldades

12 filmes que ajudarão você a superar as dificuldades

Há filmes que conseguem fazer com que você se torne uma pessoa melhor e mais solidária.

Muitas vezes podem lhe causar tristeza ou levar às lágrimas, mas estes roteiros são capazes de inspirar a fé em um futuro melhor e preencher você de pureza e esperança.

Em busca de uma nova chance

The greatest

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Em uma família rica e feliz, de repente uma criança morre em um acidente de carro. Os pais não sabem como sobreviver a essa perda tão forte. Um dia na porta de sua casa aparece uma garota chamada Rose, que afirma ser a namorada do filho falecido. Acontece que ela está grávida. Os personagens deste filme têm de superar essa amarga dor e encontrar novos sonhos e alegrias.

As coisas impossíveis do amor

Love and Other Impossible Pursuits

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A bela Emilia Greenleaf, protagonizada pela vencedora do Oscar Natalie Portman, tenta seguir em frente depois da morte de seu bebê recém-nascido, pela qual ela mesma se culpa. A heroína tenta esquecer seu sofrimento e se dedica a cuidar da criança de seu enteado. Este pequeno, de personalidade difícil, ensina Emilia a acreditar na felicidade e a sentir alegria de viver.

Uma lição de amor

I Am Sam

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Sam é pai solteiro. Durante o dia trabalha como garçom e, à noite, ajuda sua filha Lucy a fazer a lição de casa. A vida familiar perfeita acaba quando o serviço social tira a guarda de sua filha. Os assistentes sociais estão convencidos de que o pai autista não pode educar a criança como deveria. Sam tem de lutar por sua amada Lucy, porque ela é o único sentido e alegria de sua vida. Um filme comovente, que mostra que a fé é capaz de fazer milagres.

Um amor para recordar

A Walk to Remember

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Landon é um adolescente vaidoso e egoísta, por quem todas as meninas da escola são apaixonadas. Jamie é a filha tímida do padre local. Eles parecem não ter nada em comum. No entanto, como parte de uma punição escolar, Landon tem de desempenhar um papel em um show e Jamie se propõe a ajudá-lo com uma condição: ele não deve se apaixonar por ela.

Tempo de recomeçar

Life As a House

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O arquiteto George Monroe recebe a notícia de que tem uma doença incurável e que lhe restam apenas alguns meses de vida. Ele percebe que ele não tem feito muitas coisas que sonhara e que destruiu a coisa mais importante de sua vida. George decide construir uma casa à beira mar e convida o seu filho, com quem ficou 10 anos sem falar, para lhe ajudar. O filme é chocante, deixa uma marca indelével em sua alma e faz você pensar sobre a beleza de cada momento de sua vida.

Remember me

Remember Me

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Tyler é um jovem estudante, irremediavelmente envolvido em seus problemas, tentando encontrar o sentido para viver, após a morte de seu amado irmão. Parece que nada pode acabar com a série de derrotas em sua vida. Mas um dia ele conhece uma alegre garota chamada Ally, que lhe devolve o calor e a luz à vida. Com ela, aprende a sentir prazer, rir e a apreciar cada momento. O filme é envolvente, divertido, inspirador e deixa uma ligeira sensação de tristeza.

A vida secreta das palavras

The Secret Life of Words

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Hanna não vive, mas existe. Todo dia vai trabalhar em uma fábrica, não fala com ninguém, come uma porção de arroz com frango e uma maçã, dia após dia. Durante as suas férias, não tem absolutamente nada para fazer e aceita o convite de um conhecido para trabalhar como enfermeira, cuidando de um homem ferido. Josef também tem coisas para esquecer. Os dois personagens se ajudam mutuamente a rejeitar as sombras do passado e a começar a viver novamente. É um filme complicado e profundo, que ajuda a obter fé na felicidade.

Soul Surfer

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Bethany, uma surfista de 13 anos, perdeu um braço depois de um encontro súbito com um tubarão. No entanto, a menina não pensa em desistir de seu esporte favorito e aceita participar de uma competição em pé de igualdade com surfistas saudáveis. O filme é sobre a importância de ser forte e corajoso, acreditar em seus sonhos e nunca desistir, mesmo quando parece não haver esperança.

Somos Marshall

We are Marshall

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O orgulho de uma pequena faculdade no oeste da Virgínia é a equipe estudantil de futebol. Um dia, o avião que transportava os jogadores, os treinadores e os acompanhantes, explode. As famílias dos falecidos, amigos, namoradas e todas as pessoas da cidade estão de luto. O jovem treinador Jack Lengyel, estrelado por Matthew McConaughey, reúne uma nova equipe. Apoiando-o, as pessoas obtêm novamente esperança e um novo sentido de vida. O filme é baseado em fatos reais.

Adoráveis mulheres

Little Women

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Este filme narra o difícil destino cinco mulheres — quatro irmãs e a mãe — que tentam sobreviver nos anos da Guerra Civil nos Estados Unidos. O pai da família foi para a guerra e as heroínas bonitas e fortes tentam levar uma vida normal e serem felizes com as coisas simples: ajudar os outros e estudar. O filme cultiva a força de vontade humana e destaca que, mesmo nos momentos mais difíceis, as mulheres reais continuam sendo bondosas, carinhosas e cuidadosas.

À procura da felicidade

The Pursuit of Happiness

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É um filme sério e profundo que faz você pensar sobre a vida e apreciar o que tem. Chris Gardner educa seu filho de apenas cinco anos, fazendo todo o possível para ser feliz. Por causa de suas dúvidas, Chris é deixado na rua com seu filho e agora deve encontrar tanto uma nova casa, quanto um bom trabalho. Ele consegue o emprego dos seus sonhos, mas, nos primeiros seis meses, não receberá nenhum pagamento.

Onde mora o coração

Where the Heart Is

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Novalee Nation, de 18 anos, está em uma situação difícil: o seu namorado irresponsável a deixa sem dinheiro e a larga em uma cidade completamente desconhecida. Além disso, a jovem protagonista está prestes a dar à luz. Tudo o que vem à mente é ir a um shopping gigante e viver ali em segredo. Mas, felizmente, no mundo há pessoas boas: os locais, conhecendo a história desta menina, decidem ajudá-la.

*Fonte: Incrivel.club

Envelhecer é poder andar nu

Envelhecer é poder andar nu

Viver é envelhecer, nada mais.
– Simone de Beauvoir-

Envelhecemos todos os dias, cada dia um pouco mais. Tudo o que foi composto será decomposto, basta começar a existir. A resistência em aceitar o envelhecimento, a busca pela mocidade eterna e a esperança de infinitas paixões lotam os consultórios de estética e espalham angústia por todos os cantos.

Bobagem, envelhecer é inevitável. Esqueça o que passou e aproveite as rugas, esses sulcos de caminhadas feitas. Sim, é uma delícia cuidar da aparência, ter saúde, passar cremes no rosto e no corpo, tudo isso é deliciosamente prazeroso, mas sem exageros, sem ilusões de parar o tempo. Coma todos os bombons que o colesterol permitir, brinde com todos os amigos do presente, tenha dias de preguiça sem culpa, e viva!

Se envelhecer nos assusta tirando de nós a rapidez e a pele lisa, envelhecer também nos traz presentes únicos: ficamos mais livres e perdemos menos tempo com o que não nos agrada. A paciência chega e o olhar menos crítico também. Conseguimos nos reconhecer nos erros dos mais jovens, mas se a paciência nos chega, uma dose de impaciência também se impõe, aprendemos a ser mais seletivos, e os que ficam são apenas os amigos leais , os abraços sinceros e os amores gentis.

Se já não se pode correr em desvario, em contrapartida, aprende-se a ter uma nova pressa, não se perde mais tempo com equívocos de críticas vazias. O tão danoso verbo “comparar” vai sumindo até já não ser conjugado, não há tempo para comparações, só há tempo para a vida.

Tem muito vilão se fazendo de vítima

Tem muito vilão se fazendo de vítima

Com uma frequência maior do que gostaríamos, aparece em nosso caminho aquele tipo de pessoa que, aparentando candura e solicitude, arma arapucas e vive nos metendo em situações desagradáveis que ela própria criou. E, para piorar, acaba se posando de coitadinha, como se o mundo conspirasse contra ela a todo instante.

Não importa onde e com quem estejam, os coitadinhos, mais cedo ou mais tarde, estarão envoltos em algum tipo de polêmica, cujo cerne é tão somente a fofoca, a maldade gratuita. Colegas de trabalho, amigos, familiares, ninguém sai ileso de sua necessidade de diminuir e de difamar o outro, agindo como quem não sabia de nada e chegou até ali de gaiato.

Trata-se de um comportamento extremamente danoso e que contamina negativamente todos os lugares por onde passar, pois essas pessoas se valem da mentira, da falsidade, da atuação para sobreviverem. Vivem uma vida fingida, que constroem em seus delírios e que querem transformar em realidade. Nunca são culpadas de nada, de maneira alguma, chegando facilmente às lágrimas para convencer o outro das ilusões que são delas mesmas.

Geralmente, são indivíduos insatisfeitos consigo mesmo e que invejam o que o outro é ou tem, sentindo-se injustiçados, por se enxergarem distorcidamente melhores do que realmente são. Em vez de lutarem para alcançar o que o outro possui, preferem destruir o colega, tirar dele tudo aquilo que pensam não ser justo.

E assim elaboram tramoias, envenenam os ouvintes, sempre agindo pelas bordas, tal qual num enredo novelesco, a fim de acabar com a vida do alvo de sua maldade. Então, quando o circo está armado, tentam assistir ao espetáculo que montaram como as vítimas da história, como alguém que foi usado e abusado por conta da ingenuidade e da bondade para com todos.

Não é difícil sermos engolidos para dentro de suas maldades, uma vez que possuem um verniz extremamente enganador, portando-se delicadamente, com gentileza e voz suave, sem se abalarem, como se fossem equilibradas e seguras, portanto, transparentes e verdadeiras. Doce ilusão. Externam o oposto de suas mentes em ebulição, constantemente tramando o pior, desejando o pior, querendo o nosso pior, insatisfeitas que são, miseráveis que se encontram por dentro. Não aceitam ver ninguém bem, pois nunca sentiram o que é o bem, ocupadas que estavam em olhar a vida dos outros.

Felizmente, mesmo que demore, as máscaras caem e a verdade vem à tona. Ainda que estejamos lesados emocionalmente, cabe-nos fugir o quanto antes da companhia dessas pessoas, permanecendo junto ao equilíbrio confortador de quem tem amor verdadeiro. As vítimas de si mesmas acabarão não sendo queridas por ninguém, sendo a nossa vida verdadeira e rodeada de gente feliz o pior castigo que elas terão – e merecidamente.

Sou simpática, curiosa, livre e não (necessariamente) estou te dando mole!

Sou simpática, curiosa, livre e não (necessariamente) estou te dando mole!

Às vezes acho que no mundo acontece muita interpretação errada de texto e pouca comunicação clara e consistente. Ou é a gente mesmo que adora se afundar no colorido novo e doce de uma ilusão e deixa de ver o que estava ali sem tanta graça na nossa frente.

Estou falando isso pois muitas vezes sinto dificuldade em exercitar a minha liberdade de expressão, porque dependendo do que vou dizer, do que vou vestir, de como vou sorrir, de como vou andar no mundo, vão me julgar, vão me avaliar como uma mulher X, Y ou Z, vão perceber em mim mais do que eu tenho para oferecer.

Vão colocar camadas de interpretação na espontaneidade dos meus gestos, vão adivinhar minhas vontades, meus interesses, vão ver o que querem, sem nem ao menos me perguntar o que eu penso, sinto e espero.

E quando, por vezes, levarem um susto ao verem que meu sorriso era apenas um sorriso simples, sem segundas intenções, que minha conversa era curiosidade pela vida, que a minha disponibilidade para ouvir era apenas respeito e interesse por outras visões de mundo e que os meus seios soltos e mamilos acesos eram apenas o frio e o gosto por me sentir confortável em mim mesma. Eles vão dizer que não era a interpretação deles que estava errada, eu é que fui simpática demais.

Fui eu que sorri demais, que ouvi, que falei, que olhei nos olhos, que abri espaços.

Ou então, eles vão se frustrar e transferir os estereótipos, em poucos minutos deixo de ser ‘a puta’ para me tornar ‘a frígida’, deixo de ser ‘a misteriosa’ e passo a ser ‘a louca’, deixo de ser ‘o brilho’ e passo a ser ‘o proibido’.

Ou ainda eles vão dizer que eu acho que não quero, mas no fundo quero sim, é só charme.

Ou, felizmente, eles vão perceber que misturou-se minha liberdade de ser com uma grande carência deles e criou-se essa interpretação enviesada, embaçada e falsa de que eu estava a fim.

Mas muito provavelmente eu serei culpada pelo coito emocional interrompido. Afinal de contas a minha imagem criou o interesse, o meu jeito incitou o desejo, o meu sorriso despertou a vontade.

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E se eu me fechar, me afastar, enfim mudar meu jeito, talvez eu seja caracterizada de fria, metida e arrogante.

Me desculpe dizer, mas me parece que ainda hoje os homens agem como querem, falam o que querem, amam e desamam num piscar de olhos e estão sempre lavando as próprias mãos e estão sempre apenas sendo eles mesmos, livres para viver, falar, vestir, mudar de opinião.

As ilusões que as mulheres criarem com relação a eles são problemas delas!

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E por que, então, as ilusões que os homens criam a nosso respeito são problemas nossos?

De toda forma, eu não acredito em me fechar totalmente, em deixar de falar, de gostar de conviver, de dançar, de ser… Mas hoje eu quero filtrar, eu quero exercitar o ‘não’, eu quero silenciar quando o assunto não é meu, e não quero acreditar que os olhares alheios e os problemas dos outros estão nas minhas mãos.

Sim, talvez eu fique um pouco menos simpática, um pouco mais na minha, um pouco mais seletiva, mas mesmo assim ainda cheia de vontade dessa luta – ser o que realmente sou nessa vida.

Imagens meramente ilustrativas: cenas do filmes “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain”- reprodução

Entendendo o filme: A Origem

Entendendo o filme: A Origem

Christopher Nolan já é um dos melhores cineastas da sua geração, o que lhe garante uma legião de fãs. Em seus filmes, Nolan sempre gosta de brincar com a psique humana, criando jogos ilusórios e uma série de metáforas. Corroborando com isso, temos o filme “A Origem” (Inception) de 2010, estrelado por Leonardo Di Caprio. O filme foi um grande sucesso, se tornando um dos clássicos do século XXI. Brincando entre realidade e fantasia, imergimos na história de Dom Cobb (Di Caprio) e ao final, por mais que tenhamos prestado atenção durante todo o tempo, ficamos com a famosa dúvida: o pião caiu ou não? A fim de ajudar a elucidar o problema, mas longe de resolvê-lo, afinal, a interpretação do filme depende muito da subjetividade de quem o assiste, apresentarei algumas possibilidades de resolução para o filme. Sem mais delongas, vamos lá.

Realidade

A primeira teoria (talvez a com mais adeptos) é a de que Cobb cumpre o seu arco e retorna verdadeiramente para os seus filhos, ou seja, segundo essa teoria a parte final realmente corresponde à realidade, portanto, Cobb retorna de fato para a sua família. Sendo assim, não há nenhum tipo de inserção em Cobb, já que, ao acordar no avião, ele olha de modo expressivo para a sua equipe e esta o corresponde, com um ar de satisfação, missão cumprida, uma vez que o plano de inserção em Fischer (Cillian Murphy) funcionou. Desse modo, Cobb lembra-se de onde está e como chegou até ali, fato que contraria a ideia de que ele estaria sonhando, posto que como o próprio explica, no sonho o indivíduo nunca se lembra de como chegou lá e ele sabia onde estava e como tinha chegado. O que gera a dúvida sobre o retorno ser ou não realidade é o fato dele retornar diretamente para o avião, pulando etapas, mas isso é facilmente explicado, dado que como ele já estava no 4º nível do sonho, teria apenas como retornar para trás, isto é, para os sonhos anteriores ou acordar, no entanto, como ele havia entrado nos sonhos dos outros, os quais já tinham acordado, só restava a ele também acordar e é isso que exatamente acontece. Outro ponto que pode ser levantado para afirmar a teoria em tela consiste nos seus filhos, que ao final do filme não estão com roupas iguais, apenas parecidas e estão um pouco mais velhos que em seus sonhos.

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A teoria possui validade, porém, o questionamento desta está na série de conveniências que existem a favor de Cobb, como o aparecimento de Saito providencialmente em Mombaça, além é claro dos questionamentos que Cobb sofre constantemente acerca do seu conceito de realidade e das perseguições que sofre, como no caso de Mombaça. No entanto, mesmo essas situações poderiam ser compreendidas dentro desse prisma, já que Mombaça é uma área da Cobol Engenharia (empresa para a qual Cobb presta serviços no início do filme), bem como, ele está com a cabeça a prêmio, justificando a perseguição que sofre. Saito, por sua vez, poderia com o interesse que possui, verdadeiramente o estar protegendo, como diz no filme. Outros pontos que também chamam a atenção consistem no seguinte: como Mal conseguiu ir parar na janela do outro lado do prédio na cena em que se “mata”? Bom, não seria impossível imaginar que ela tenha alugado a suíte em que estava sem que Cobb soubesse. Ademais, temos o curioso fato de Saito esperar tanto tempo por Cobb no limbo, uma vez que sabia que estava lá e bastava se matar para retornar à realidade. Analisando essa situação, segundo a teoria em voga, Saito pode ter esperado Cobb como uma forma de realmente confirmar que o serviço foi realizado. Enfim, como disse a teoria é válida, mas os pontos supracitados a tornam extremamente questionável, de tal maneira que somos levados a segunda teoria, na qual todo o filme se passa no mundo dos sonhos.

Sonho

Segundo essa teoria, todo o filme é um sonho que se passa na cabeça de Cobb. Ele e sua mulher, Mal (Marion Cottilard), exploravam profundamente outros níveis de sonho, entretanto, ele começa a perder a capacidade de distinguir o que é real do que é sonho. Sendo assim, impossibilitado de diferenciar realidade de sonho e, portanto, perceber a verdade, Cobb cria a ideia de que é Mal que não consegue diferenciar sonho de realidade. Percebendo a situação em que o marido se encontrava, Mal tenta tirá-lo daquela situação e fazê-lo retomar a lucidez. Para tanto, ela decide retornar à realidade e o convence de que precisam se matar para retornar. O seu plano possui êxito em várias camadas, todavia, ao chegar ao 1º nível do sonho, Cobb acredita que já retornara à realidade. Desse modo, na cena em que Cobb chega à suíte de um hotel, onde comemorariam o aniversário de casamento, e depara-se com Mal do outro lado do prédio, preparando-se para pular da janela, ainda faz parte de um sonho, tanto que ela insistentemente tenta convencê-lo a também pular, a fim de que retornem ao mundo real. O que corrobora isso é o fato dela não estar na janela da sua suíte, e sim na janela do outro lado do prédio, ou seja, se não fosse um sonho como ela conseguiria chegar até o outro lado do prédio? O plano dela, contudo, não obtém êxito e, contrariamente a sua ideia de fazê-lo retornar à realidade, planta nele a ideia de culpa pela sua morte. A culpa o leva a um estágio muito maior de perturbação e angústia, no qual passa a confundir ainda mais o mundo real do mundo dos sonhos, levando-o a ideias de perseguição e de que precisa se refugiar em vários lugares do mundo, distante, portanto, dos filhos.

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Ao fracassar, Mal decide contratar um especialista em sonhos, assim como Cobb. Ela, então, contrata Saito, que não é diretor de nenhuma megacorporação, mas um especialista no mundo dos sonhos. Saito junto com a equipe formada pelos amigos de Cobb criam a complexa história de que estão em uma missão para inserir a ideia na cabeça do Fischer e de que se tudo ocorrer devidamente, Cobb será inocentando através do grande poder de Saito. O objetivo, assim, ao tornar Cobb inocente do ponto de vista legal é na verdade livrá-lo da culpa que ele carrega pela morte de Mal e que o aprisiona no mundo dos sonhos. Um fato interessante e que acaba corroborando com essa teoria está em Ariadne (Ellen Page) que percorre todos os níveis de sonho junto com Cobb e é a única que o questiona sobre Mal e o que ocorrera entre eles. Ariadne, segundo a mitologia grega, não é criadora de labirintos, mas a mulher que ajuda o herói Teseu a escapar do labirinto, o que ela faz de forma bem parecida na trama, demonstrando a sua individualidade, como na cena em que dobra a cidade de forma espelhada e em seguida fecha um vão da ponte formando um espelho para que Cobb possa enxerga-se enquanto sujeito desvinculado de Mal, isto é, da culpa que carrega. É Ariadne, assim, que guia Cobb até o limbo, além de matar Mal na ocasião. No limbo também se encontra Saito, que já havia morrido anteriormente, mas que prometera a Cobb o seguir para fora do limbo, isto é, para a realidade, caso este fosse buscá-lo. Nesse ponto reside o fato mais curioso e que melhor sustenta essa teoria, já que se Saito sabia que estava no limbo não necessitava de Cobb para retornar, poderia tranquilamente retornar sozinho. Porém, como o objetivo de Saito era implantar a ideia de libertação na cabeça de Cobb, precisava esperá-lo para que o plano fosse executado de forma plena, o que no caso de Cobb era acreditar que o plano de inserir a ideia na cabeça de Fischer foi um sucesso e, portanto, teria a sua recompensa: a liberdade para retornar a sua casa e seus filhos. A verdadeira catarse (do grego “kátharsis” que designa o estado de libertação psíquica) de Cobb, no entanto, vai muito além, sendo na verdade a libertação da culpa que sentia pela morte da sua mulher e que o aprisionava e o impedia de prosseguir. Após isso, Cobb, então, “reencontra” seus filhos e consegue o mais importante, a superação da ideia de culpa que carregava e o fazia prisioneiro. Ou seja, ele ainda encontra-se no mundo dos sonhos, mas livre da culpa, consegue dar o primeiro passo para que consiga retornar à realidade. Além desses pontos mais fortes, outros elementos reforçam essa teoria, como a extrema conveniência a favor de Cobb que acontece constantemente, como o fato de Saito aparecer magicamente em Mombaça para salvá-lo, Miles estar o esperando no aeroporto, Ariadne aceitar facilmente um trabalho ilegal e perigoso, em várias situações ter alguém questionando a sua realidade e ser perseguido enquanto estava contratando Eames (o que pode ser explicado pelo fato das projeções procurarem os sonhadores).

É uma teoria bem mais complexa que a primeira, mas possui bastantes elementos que a validam, além de trabalhar a ideia de inserção e ilusão em um nível mais profundo que a primeira, embora ainda deixe pontos em aberto, como, por exemplo, em que momento Saito e os amigos de Cobb penetraram em sua cabeça? Percebam que se o filme se passa completamente no mundo dos sonhos, o momento em que Saito e a equipe preparam-se para iniciar o plano, isto é, a parte em que estão no mundo real, está oculta no filme, o que abre uma série de possibilidades, tornando a teoria tão questionável quanto a primeira.

Realidade e Sonho

Segundo essa teoria, o filme possui partes de realidade e partes de sonho. Este começaria a partir da conversa que Cobb tem com Miles, no qual diz que precisa de um bom arquiteto. Miles aproveita a ocasião para inserir da cabeça de Cobb a libertação da culpa pela morte da mulher, a fim de que livre da culpa possa retornar para os seus filhos. Desse modo, teríamos um momento inicial de realidade até o encontro entre Cobb e Miles, este se aproveita da situação e inicia o seu plano de inserir a ideia de libertação da culpa pela morte de Mal em Cobb. Essa inserção começaria em Mombaça a partir do momento em que Cobb visita Yussulf e testa um sedativo. A partir desse momento tudo que acontece se passa na cabeça de Cobb, onde o plano de Miles é executado, de forma similar ao da segunda teoria. Até aqui essa teoria é a mais plausível, entretanto, ela tem como ponto falho, o retorno de Cobb, uma vez que se ele começa a sonhar ao visitar Yussulf, ao acordar e retornar ao mundo real, ele deveria retornar para o mesmo local e vemos que ele acorda no avião. Sendo assim, caso o início do filme se passe no mundo real e Miles esteja por trás de um inserção em Cobb, está apenas poderia acontecer a partir do avião e por meio de Ariadne, em uma subtrama que acontece paralelamente a de Fischer. Nesse caso, Saito seria de fato um executivo poderoso que contrata Cobb e sua equipe e estes verdadeiramente buscam realizar a inserção em Fischer, todavia, Ariadne (pupila de Miles) está incumbida de fazer a inserção em Cobb de forma paralela e se analisarmos realmente ela é a grande responsável pelo autoperdão de Cobb. Com isso, essa teoria se desenvolve de maneira muito melhor e mais firme, até que chegamos a Saito e a sua “infinita” espera no limbo e, assim, tudo se reinicia.

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Conclusão

Como uma grande obra de arte, A Origem é um filme belo e complexo e, portanto, uma peça que se ressignifica a cada novo olhar, de modo que é impossível chegar a uma conclusão definitiva sobre a trama. Todas as teorias supracitadas possuem pontos que as convalidam e pontas abertas que as tornam questionáveis, assim como outras teorias e abordagens. O mais interessante do filme, dessa forma, é perceber as suas infinitas possibilidades que mudam de acordo com o observador, já que sumariamente a trama do filme é sobre a mente humana, os sentimentos que a forma e a sua extrema complexidade, de tal modo que chegar a uma conclusão absoluta e irrefutável sobre o filme seria no mínimo desconsiderar a complexidade do mote central da história e tirar o encanto de uma bela discussão. Sendo assim, não tenho uma resposta definitiva, apenas possibilidades, uma vez que, como dito, estas dependem da subjetividade de cada um. Mas como a inquietação e a curiosidade são sempre grandes, o que vocês acham: o pião caiu ou não?

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Titia tem razão?

Titia tem razão?

por Fernanda Pompeu

Ilustra: Régine Ferrandis

Eu tinha sete anos quando decidi que nunca seria mãe. Foi num 25 de dezembro, dia em que as crianças se refastelam com os presentes do papai-noel. Eu estava penteando o cabelo loiro e sintético da minha boneca. Pensei com firmeza: No futuro, não quero isso para mim.

A partir desse insight toda vez que um adulto perguntava O que você quer ser quando crescer, eu respondia: Tia. E assim foi. Não tive filhos, mas uma penca de sobrinhos. Igor, Camila, Gabriel, Caio, Jerônimo, Ludmila, Diogo, Thalia, Davi, Maisa. Os sete primeiros crescidos e encaminhados.

Adorei e sigo adorando ser tia. Pois não precisei me responsabilizar pela educação e pelo bem-estar de suas almas. Quando crianças, sempre apareciam na minha frente de banho tomado e sorriso no rosto.

Naturalmente tentei em várias ocasiões influenciá-los. Para todos dei livros nos aniversários. Secretamente, desejei que algum deles seguisse minhas escolhas, melhor, meu amor pela escrita. Quem sabe um jornalista, uma escritora, um editor, uma dramaturga?

Mas, é claro, cada um correu atrás de seu sonho e circunstância. Eis algo que tias talvez aceitem melhor que mães: Garotas e garotos serão e farão o que bem entenderem. Do mesmo jeitinho que eu decidi que a maternidade não era papo para mim.

Tudo bem se um homem não quiser ser pai. Mas para uma mulher, a pressão da cultura é máxima. A maternidade é tida como  uma consequência natural do feminino. Bobagem.

Mas não quero fugir do tema titia. Vou falar das vantagens. Por exemplo, a gente pode dizer na cara do sobrinho algumas verdades que a mãe sabe, porém omite. Porque o coração materno é mais mole e sua preocupação infinita.

Para os sobrinhos sempre disse: Lavem a louça que usam e arrumem seus quartos. Já para as sobrinhas: Arranjem uma profissão e ganhem seu próprio dinheiro. Conselhos de titia.

6 motivos para NUNCA fazer psicoterapia- Fernanda Alcantara

6 motivos para NUNCA fazer psicoterapia- Fernanda Alcantara

Por Fernanda Alcantara

Se você veio ler, vou presumir que você já sabe que a psicologia é uma ciência que estuda o comportamento humano e que dispõe de ferramentas para levar saúde, bem-estar e autoconhecimento às pessoas, seja de forma individual ou em grupos, através da psicoterapia. Tendo isto claro, vamos aos seis motivos para você “não” procurar uma psicóloga. Quando chegar ao final deixe sua opinião lá nos comentários, ok?

1 – A terapia vai lhe fazer olhar para a pessoa mais importante da sua vida: você!

Se você é uma daquelas pessoas que ficam tentando ser legais com todo mundo, que sempre fazem o possível para agradar às outras pessoas, que não sabem dizer não e abrem mão de suas coisas para ajudar os outros, fuja da terapia!
É muito possível que em um processo psicoterapêutico você mude esta conduta e comece a se colocar em primeiro lugar. Então você deve estar se perguntando: “Mas eu vou me tornar egoísta?” Eu respondo: não! Você apenas vai se priorizar, vai descobrir que não precisa buscar aprovação dos outros e que a aprovação mais importante é a que vem de você mesmo! Daí, então, a sua convivência com os outros se torna mais real e harmoniosa, já que você deixa de aceitar que lhe tratem de qualquer jeito.

2 – Você vai aprender a dizer NÃO!

Ao aprender a lição anterior, automaticamente você aprenderá a pronunciar esta pequena e milagrosa palavra. “Não” é uma palavra mágica com o poder de devolver a você a gestão da sua vida, do seu tempo, dos seus pertences e da sua identidade. Aprendendo a dizer não, você deixará de ser vítima das circunstâncias e assumirá o papel de autora da sua vida. Então, se não quiser aprender isto, melhor não procurar uma psicóloga.

3 – Você vai descobrir onde e como tem se sabotado

Se você é uma daquelas pessoas que percebe que tem algo de estranho, que algumas áreas da sua vida nunca decolam e que você sempre acaba se relacionando com pessoas que têm os mesmos padrões de comportamento, a terapia pode ter um efeito transformador! Durante o processo, você pode acabar percebendo qual é a relação entre o que você permite e o que o outro faz. Então, tornando consciente estas causas, os efeitos poderão mudar e você poderá se relacionar de modo diferente com o mundo interno e externo.

4 – Você aprende o que é projeção e como perceber se está fazendo isto

Inevitável, se você já foi para a terapia, certamente já aprendeu palavras técnicas, sim porque nós, humanos, precisamos nomear as coisas que conhecemos para, então, reconhecê-las. Estas podem até ser palavras que você não usa com frequência no seu vocabulário, mas não tenha dúvidas de que na sua vida você as pratica, por exemplo: sabe aquela pessoa que você mal conhece e já odeia? O que dizer Dela? Este pobre “serumaninho” está recebendo projeção da sua parte e isto pode ter muito mais a ver com aspectos da sua personalidade do que com a pessoa que você mal enxerga. Carl Gustav Jung disse que “o que nos incomoda nos outros pode nos levar a uma melhor compreensão de nós mesmos”. Pois é! Na terapia olhamos para estas “irritações” e descobrimos coisas que nem imaginávamos sobre nós, como as projeções e as nossas sombras, partes da nossa personalidade que tentamos deixar escondidas de nós, mas que saltam aos olhos alheios. Descobrimos que nos irrita quando o outro age de forma parecida com aspectos que temos e, muitas vezes, nem percebemos (nossa sombra).

5 – Falando em palavras técnicas, você descobre o que é IDEALIZAÇÃO, assim como o que
ela pode causar em sua vida

Quem nunca imaginou como seria namorar, ter alguém, casar, ter filhos, trabalho e tantas outras relações que, quando ainda estavam no campo dos sonhos, pareciam perfeitas, felizes e prontas. Então, quando chegou alguém de verdade para assumir este lugar (namorado, esposa, filhos, colegas de trabalho) não foi como o planejado, na verdade virou um inferno!
E o que isto significa? Assim como com as projeções, as idealizações falam muito mais sobre nós do que sobre o outro. Passamos tanto tempo imaginando como seria viver estas experiências e, quando chega a hora de acontecer, o outro não entra nas nossas idealizações, ou seja, imaginamos uma pessoa sendo de tal maneira e, quando ela chega da forma imaginada, não é bem o que esperávamos. Aí, vêm brigas, desgastes, tentativas de enquadrar esta pessoa naquele perfil planejado e, para isso, usamos o argumento de estar ajudando esta tal pessoa. Mas, na verdade, somos nós mesmos agindo para que
nossos desejos mais profundos sejam atendidos por aquela pessoa que queremos tanto mudar para que ela atenda às nossas expectativas. O fato é que a terapia vai lhe fazer ficar de frente com isto e, como já falamos, quando nos deparamos com estas coisas, entendemos melhor nossas relações conosco e com o outro, e consequentemente nos tornamos conscientes e agimos para mudar nossas condutas.

6 – Você assume as rédeas da sua vida

Quando você aprende estas coisas acima, começa a assumir o controle da sua vida e das suas emoções. Torna-se mais consciente de quem é, do que gosta e do que faz. Sabe quando está projetando e idealizando e já busca logo ir se corrigindo. Deixa de tentar agradar os outros, deixa de ser totalmente controlado pelos medos e imaginações e assume o papel de protagonista da sua vida. Não consegue mais culpar os outros pelo que acontece com você.

Existem muitos outros motivos, mas por hoje vou manter apenas estes.
Quando você entra em contato com o que é profundo e até sagrado dentro da sua psique começa a perceber a si e aos outros como pessoas mais humanizadas, saindo da idealização inatingível de esperar a perfeição, deixando de lado os juízos de valor, ou seja, de achar que é fraqueza, burrice ou coisas do tipo. Você vai aceitando que a experiência humana é assim, não se trata de força ou fraqueza, mas apenas pessoas buscando a felicidade e a satisfação de seus desejos. É aí que alguns comentam coisas que podem machucar muito as outras pessoas. Então você vai aprendendo a lidar com isto de um jeito
mais real, mais humanizado, menos romântico e fantasioso e ressignificando as suas experiências.
Se você não quer transformar a sua vida, amadurecer emocionalmente e melhorar suas relações então, por favor, não procure uma psicóloga! Agora, se você quer se transformar, sinta – se convidado a entrar nesta jornada de autoconhecimento, transformação e descoberta desta pessoa incrivelmente complexa que existe aí dentro.

Acompanhe a autora em sua página no FacebooK e blog.

Se alguém não deu valor a você, não mendigue nem atenção nem amor

Se alguém não deu valor a você, não mendigue nem atenção nem amor

Nunca perca o seu valor por uma pessoa que não sabe o que tem. Se alguém não der importância a você, se o ignorar, o abandonar ou desprezar você, não mendigue a sua atenção ou o seu amor, pois este nunca terá nada de real ou sincero.

Não morda mais a maçã envenenada do amor diferente, pois ela somente fará você sofrer. Se você “pede demais” é porque sabe que o que deseja tem um peso importante em sua vida e que é você quem deve outorgar primeiros seus pensamentos, opiniões, desejos e comportamentos.,

Devemos nos esforçar para tomar distância emocional daquelas pessoas que colocam em xeque o equilíbrio da balança afetiva de que todos precisamos, ao mesmo tempo em que cimentam na desigualdade emocional as relações que compartilhamos com eles.
Compartilhe com você seus desejos mais íntimos, escute-se com a vontade de amar-se e de aceitar-se, pois apenas isso lhe ajudará a se libertar de falsos amores.

O amor não se mendiga e a indiferença mata o carinho

Mendigar amor significa pedir algo que não existe, que somente está nos desejos de nossa mente. A única coisa que conseguiremos “mendigando” é faltar ao respeito com nós mesmos, entorpecer nosso crescimento emocional e machucar o nosso eu interior com a dor que a falta de dignidade fomenta.

Quando amamos alguém queremos cuidar desta pessoa e evitar que ela sofra. Nosso reflexo emocional nos leva a criar circunstâncias que façam com que o outro se sinta merecedor de carinho, que fomentem emoções e sentimentos de harmonia, autenticidade e carinho.

Se não nos cuidarmos dos falsos amores, acabaremos acreditando no que eles nos fazem sentir. Acabaremos pensando que não merecemos afeto ou atenção, e terminaremos convencidos de que as relações emocionais não precisam ser equilibradas.
Ao final, é simples: a pessoa que o merece é aquela que, tendo a liberdade de escolher, se aproxima de você, o aprecia e dedica a você seu tempo e seus pensamentos.

Ninguém pode fazê-lo infeliz sem o seu consentimento

A ferramenta mais poderosa para lutar contra a injustiça emocional e a indiferença é a determinação pessoal. Ela deve ser acompanhada de amor próprio, de autoconhecimento e de reflexões sobre os sentimentos, desejos e comportamentos próprios e alheios.

No entanto, o processo no qual nos vemos imersos nestas circunstâncias reflete a falta de dignidade. Essa que nos faz falta para não perseguirmos aqueles que não nos merecem.

Neste sentido, devemos saber que costumamos usar estratégias erradas para lidar com o luto pelo “não amor”. Vejamos algumas situações comuns:

  • O luto pelo “não amor” é um processo muito duro que se alimenta de uma dolorosa fase de pré-contemplação. Geralmente sabemos que “algo não está bem”, mas não nos atrevemos a descrever com palavras ou a tirar a venda de nossos olhos.
  • Deixamos que o mal-estar passe, mantendo a crença de que não pensar nele e o fato de nos distrairmos irá permitir que o problema se resolva de uma maneira natural.
  • Quando nos resignamos ao mal-estar, chega um momento em que este aumenta a níveis insuportáveis e temos que enfrentá-lo quando o mesmo já transbordou. No entanto, o que acontece quando lutamos contra nossos próprios sentimentos? A luta se transforma em uma batalha sem fim, cheia de desespero, o qual irá fomentar o sofrimento.
  • Também é comum ouvir aquilo de “abraçar a dor”, mas não é positivo nem ignorá-la e nem abraçá-la.

O que é realmente adequado para lidar com o luto pelo “não amor” é atendê-lo e compreender que isso dói porque alguém que queríamos que nos amasse não o faz.

Assim, para reverter a dor, o passo seguinte é dar uma solução a ela.

Qual é a solução adequada? Convencer a nós mesmos de que, se não obtivemos um afeto de maneira natural, dificilmente iremos consegui-lo de outras formas. Com isso, o correto para nós será nos afastarmos desta pessoa, pois somente assim teremos a garantia de que a dor será superável.

Para acabar com o sofrimento do “não amor” temos primeiro que entendê-lo e depois aceitá-lo, pois é uma consequência natural do luto pela perda daquilo que desejávamos ter e não temos.
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Ame-se e valorize-se: alimente as suas relações com o amor próprio

Ainda que controlar cada história emocional seja algo complexo, todo sofrimento tem solução. A verdadeira mudança é possível quando trabalhamos aquilo que nos prende à situação dolorosa, e àquela pessoa a quem estamos mendigando atenção e amor.

Assim, deve ficar claro para nós quea primeira pessoa a quem devemos dedicar tempo somos nós mesmos. Depois estaremos em condições de avaliar com quem nos sentimos bem e com quem não.

Não mendigue a atenção de ninguém, e muito menos o amor, porque quem o ama, irá demonstrar isso de uma ou outra maneira, sem que existam interesses ou egoísmos.

Lembre-se de que uma situação de injustiça emocional requer um papel destacado do nosso amor próprio, o qual nos ajuda a examinar nossos desejos, valores e necessidades.

Não continue ligando para esta pessoa que não atende às suas chamadas. Deixe de buscar e comece a deixar que o encontrem. Deixe de sentir falta daqueles que somente estão presentes na sua vida de forma superficial, daqueles para os quais só importam as aparências, e que apenas fazem com que você se sinta bem quando há mais gente junto com vocês.
Não se esqueça de examinar as razões que fomentam o seu apego em relação a estas pessoas a quem você costuma “mendigar carinho e atenção”. Avalie a origem, seja consciente e inicie a sua transformação interna.
É necessário nutrir a sua autoestima e deixar de mendigar amor, pois o amor deve ser demonstrado e sentido, e nunca implorado. O seu carinho e a sua atenção são valiosos demais para serem desperdiçados com aqueles que não os merecem.

Dedique-se a quem o ama e o compreende, sem julgamentos nem condições.

Toda grande mudança é difícil

Toda grande mudança é difícil

Toda grande mudança é difícil. Já nem contos nos dedos por quantas vezes não me reconheci ao ver meu reflexo, falei coisas que me arrependi instantaneamente, chorei por outras que jurei que não me machucavam mais. Já sentei no chão atrás da porta e desisti. Já sentei numa calçada no meio da rua e desisti. Já sentei no estacionamento do shopping e desisti.

Porque a vida é difícil. Porque algumas pessoas são ruins de verdade. Porque sentir dói, gostar dói e superar também dói. Eu falhei. Várias vezes. E nada ao meu redor mudou. Nada. Nem o vento soprou mais forte. O universo não teve pena de mim. Não tive nenhum sinal divino. Então, eu cansei, inclusive, de desistir. E como se nada tivesse acontecido, tive que continuar.

Porque essa bagunça que trago no peito é minha, ninguém sente como eu. Tem dias em que ainda acredito que não vai passar, mesmo contradizendo tudo que já vivi, a malícia do tempo e a veracidade da minha memória. O amor não é como a maioria dos outros sentimentos. Tem o lado ruim, aquele que doí, e você nunca mais vai ser o mesmo. Eu não sabia disso, mas agora eu sei. A vida não te dá escolha: você tem que ir. Tem que levantar. Tem que tentar. Tem que superar. Tem que esquecer. E não pode deixar de trabalhar, estudar, pagar contas, ajudar o próximo, ouvir problemas que considera menores e dar a devida importância que eles têm pra quem os fala. Faz parte. E dá medo. Mas é isso. É disso que somos feitos.

Você vai chegar ao teu limite e aguentar. Então, vai perceber que pode aguentar um pouco mais, e seu limite vai ficando cada vez maior. Já me senti angustiada por não saber o que fiz de errado. Já me senti pequena e incapaz, porque, por mais que eu me esforçasse, não era o bastante pra fazer alguém ficar. Até que percebi que todas as tentativas seriam em vão se não houvesse reciprocidade. A gente só pode morar em um coração que nos aceita. Desistir não é uma opção real. É só um pedido de socorro. E por incrível que pareça, você não está sozinho(a) nessa.

Fonte:  Bendita Cuca

A vida é muito curta para entrar em fila longa.

A vida é muito curta para entrar em fila longa.

Tem gente que para de comer carne vermelha. Faz muito bem. Gente que deixa de fumar. Ótima ideia. Há pessoas que param de beber, cortam as frituras da dieta, abandonam o vício de roer as unhas, evitam lavar o cabelo à noite e essas coisas que previnem doenças, fazem bem à saúde e aumentam a qualidade de vida. Apoio todas elas. Mas eu encontrei minha própria receita de sanidade: decidi não perder mais tempo em fila.

Não perco mesmo. Tomei essa decisão há tempos e atesto: ela mudou a minha vida. Salvo em casos de absoluta necessidade – os ligados a atendimento médico, por exemplo – em nenhuma outra situação eu tolero perder um só segundo num alinhamento sequencial de pessoas à espera de seja lá o que for.

Fila de uma hora para entrar em um restaurante? Nunca! Duas horas aguardando para ver de perto um palestrante a quem eu posso assistir na Internet? Jamais! Quatro horas para entrar em uma exposição de arte que a crítica diz que é boa? Nem pensar! Fila no cinema? Não, obrigado. Eu dou um jeito de ir a uma sessão mais vazia ou não vou.

Acredite. Não é que eu me ache melhor do que aqueles que não veem problema em perder longos instantes olhando as costas de um desconhecido, não. Eu só me dei conta de que posso muito bem viver sem isso. Se o que está ao fim da fila não for fundamental para a minha sobrevivência, eu passo longe. Só pego fila em último caso, por obrigação.

Minha resolução tem inúmeros benefícios. Nunca mais me irritei ao ver gente furando fila em total descaramento. Não sou obrigado. E com o tempo que não perco em filas enormes eu faço o que bem entender. Inclusive não fazer nada.

Sabe aquela sensação de alívio dos que passam com tranquilidade no pedágio automático enquanto uma multidão de carros se enfileira nos guichês de cobrança manual? É o que eu sinto quando passo por qualquer fila em que não quero e não preciso entrar.

Juro. Agradeço a Deus quando isso acontece e faço comigo uma pequena oração pelas pessoas que ali estão, por qualquer motivo, gastando seu tempo já tão curto em uma longa e aborrecida espera em pé. Lastimo sua necessidade e respeito sua decisão, mas sinto uma leveza enorme ao olhar uma fila quilométrica, passar ao largo e repetir a mim mesmo: “nem pagando!”.

A bruxa e a sedução

A bruxa e a sedução

Nessa nova safra de produções de filmes e séries com a temática de contos de fadas, uma questão interessante se apresenta na forma de uma figura: A figura da bruxa!

Em todas as produções recentes, a bruxa, ou madrasta é sempre mais sedutora, mais interessante ou até mesmo mais bonita que a princesa.

E se observarmos os contos de fadas mais famosos, como Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida, Rapunzel, a figura da bruxa está sempre presente. É uma figura que aparece repetidamente apenas mudando a roupagem.

Mas porque as bruxas seduzem tanto? Porque elas atraem tanto o nosso imaginário?

Para entendermos essa questão é importante atentarmos que se trata de um arquétipo. A bruxa/madrasta representa uma faceta do arquétipo da Grande Mãe.

No arquétipo da Grande Mãe estão inseridas a bruxa ou madrasta (a mãe diabólica, terrível), a velha sábia e a deusa que representa a fertilidade (aspectos da mãe boa).

A imagem da boa mãe representa tudo o que é belo e puro, já a mãe terrível representa aquilo que é ligado à destrutividade, à bruxaria e à animalidade.

Segundo Newman, em A Criança, o aspecto da Mãe Terrível liga-se à morte, ruína, aridez, penúria e esterilidade.

Infelizmente, com a cristianização de nossa sociedade, o aspecto diabólico da bruxa foi reprimido da imagem da Grande Mãe. Sua imagem se tornou unilateral, sendo a maior representante dessa imagem a Virgem Maria.

De acordo com Marie Louise Von-Franz, em A sombra e o mal nos contos de fadas, a bruxa é a Deusa-Mãe negligenciada, a Deusa da terra, a Deusa-Mãe em seu aspecto destrutivo.

Nisso percebe-se que todo o aspecto ctônico, toda sedução e sexualidade femininas foram suprimidas e associadas à imagem da bruxa, da feiticeira.

Entretanto, é um aspecto extremamente necessário para o desenvolvimento psicológico e para o processo de individuação.

Nos contos de fada citados, geralmente o pai (elemento masculino) é fraco ou inexistente, sendo somente redimido, após o enfrentamento da heroína com a bruxa, possibilitando a chegada do príncipe. E a mãe boa morre, dando lugar a bruxa ou madrasta, que passa a persegui-la e humilhá-la.

Entretanto, a bruxa é extremamente importante para o desenvolvimento da princesa. Sem ela não há narrativa, não há estória. Sem ela a princesa não sairia do lugar. Ela é uma força motriz que força a individuação.

Portanto, é a sombra da boa mãe negligenciada, que torna a heroína ou princesa tridimensional.

Em termos individuais a mãe terrível nos força a sair da zona de conforto. O ser humano sempre busca o prazer e o aconchego doa braços da boa mãe, e ele sempre tende a se tornar inerte nesse estado paradisíaco. Entretanto nele, não há desenvolvimento. Sem a mãe terrível para nos expulsar do paraíso não progrediríamos.

Ao aceitar o desconforto, o sofrimento e as limitações impostas pela bruxa, podemos nos desenvolver em direção a uma totalidade, capaz de integrar o bom e o ruim, o agradável e o desagradável.
Portanto, sem ela não podemos conhecer os opostos.

Além disso, a bruxa possui um caráter numinoso e por isso ela é fascinante. Ela á aterradora, pois pode manter a consciência em cativeiro, mas extremamente atraente.

Não é a toa que as produções de contos de fada hoje dão ênfase a esse personagem. Sua força enquanto mobilizadora do desenvolvimento é tremenda. Nossa consciência coletiva clama pela totalidade para que possamos dar um avanço em nosso processo de individuação e em nosso desenvolvimento coletivo.

O mundo na visão de um ilusionista

O mundo na visão de um ilusionista

Ceslovas Cesnakevicius é um artista e fotógrafo freelancer que mora e trabalha na cidade de Vilnius, capital da Lituânia. Ele usa sua imaginação sortida para tirar fotografias que parecem conjurações mágicas de tão surreais.

Seu estilo de arte é baseado em ilusionismo, técnica que ele pratica através de manipulação fotográfica muito bem pensada e executada.

Cada foto retrata uma visão de mundo de acordo com um ilusionista visionário. Suas fotos são evocativas; ao mesmo tempo capturam o foco e deturpam nosso senso de percepção.

Ao observar essas fotografias, tem-se a impressão de estar sendo transportado para um universo paralelo cheio de fantasias vívidas e possibilidades incomuns.

A engenhosidade e beleza complexas das fotos de Ceslovas oferecem distorções da realidade difíceis de acreditar, mas fáceis de apreciar.

Antes de criar as fotos, Ceslovas se pergunta que tipo de cenários são passíveis de ser reais se um ilusionista as tivesse criado por livre e espontânea vontade. Bem, muita coisa pode sair da mente de uma pessoa, ainda mais de um ilusionista que não respeita a ordem natural das coisas.

Revivendo ideias imaginativas de seus sonhos desmiolados, mas cheios de sentido, o fotógrafo lituano cria imagens fantásticas que desafiam as regras da física e nos desnorteia, de certa forma, assim como fascinam.

O processo criativo de Ceslovas é alimentado por ideias que vão adquirindo vida conforme ele escolhe uma foto para ser manipulada.

Para o site The Creator Project, Ceslovas afirmou:

“Eu sempre começo com uma ideia. Eu mantenho a fotografia original como um pano de fundo, e vou trabalhando sobre os detalhes em particular, que criam realidades ligeiramente distorcidas.”

A partir de ideias livremente espontâneas e de uma fotografia primária compatível com suas ideações, o artista lituano mune-se de inspiração para atrair olhares sedentos por magia e fantasia. Segundo ele:

“A inspiração vem de tudo: natureza, pessoas, todas as disciplinas da arte, sol, vento e assim por diante. Em minhas imagens, eu sempre parto do objetivo de ter um equilíbrio adequado entre sombra e luz, e a perspectiva tão precisa quanto possível. Eu não me limito à lógica de percepção das coisas como as conhecemos.”

Cada fotografia de Ceslovas possui uma combinação intrincada de fantasia e realidade, e todas elas nos fazem sugerir que existem outros mundos além deste, habitados por seres alternativos nos confins de nossa imaginação infinita.

De acordo com Ceslovas, as fotos são profundamente pessoais; produtos de um desejo primitivo e intrínseco de haver diferentes dimensões da existência humana. Ele é o tipo de pessoa entediada e curiosa que não se contenta em viver na Terra.

Quando se olha para esse tipo de arte, um pouco de desorientação mental é comum, mas também divertido. As fotos brincam, idoneamente, com as regras da natureza, e dissimulam as nossas sensações.

Acompanhe algumas fotos ilusionistas do artista:

contioutra.com - O mundo na visão de um ilusionista

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Como responder às provocações

Como responder às provocações

Não, eu não estou deixando as linhas tortas do devanear para seguir a linha reta das fórmulas prontas. Esse texto não é um conselho, tampouco um manual. É mais como aquela reflexão que você joga no ar, que fica maquinando na sua cabeça e você tem que contar para os amigos no bar.

Tipo quando você descobre uma nova fórmula para matar baratas ou espantar pernilongos, e sabe que nem todos vão fazer, ou que não daria certo para todo lugar, mas, ainda assim, na sua empolgação juvenil, resolve soltar seus espasmos de percepção por aí. É, como quase tudo, um tanto quanto singular, mas nem por isso deixa de ter um pouco de comum.

É que, como tudo e muito de muito bom, as provocações se espalharam por aí, e os provocadores, agora com a ferramenta fantástica de manter o anonimato para reforçar sua natureza covarde, estão disseminando seus veneninhos indolentes com uma amplitude cada vez maior.

Mas, que não nos confundamos, provocadores não são críticos. Há quilômetros, para não dizer anos luz – porque eu até gosto de exageros para variar – de diferença entre um crítico e um provocador, ou entre uma crítica e uma provocação.

Uma crítica se direciona a algo, porque o crítico foi capaz de adentrar neste algo, geralmente um trabalho, uma ideia, uma produção qualquer planejada ou materializada, e diante da sua visão, constrói um ponto de vista, que pode ser positivo ou não, embora hoje tanto associemos a crítica à depreciação. Não é bem por aí…

Já a provocação, ela tenta tomar uma coisa como desculpa, seja um comportamento, um trabalho, uma forma de pensamento, enfim, uma produção de qualquer natureza, mas direciona uma ofensa à pessoa que realizou ou manifestou esse “algo”.

Então, a crítica parte de algo, fala de algo e se direciona a algo, apenas indiretamente referindo-se ao alguém que produziu ou manifestou esse “algo”. A provocação atropela o “algo” e o usa como desculpa para se direcionar a alguém de forma ofensiva.

Estou sendo didática a contragosto, tão somente porque, honestamente, eu adoro a crítica e não quero ser mal interpretada. Mas a provocação, infelizmente para ela e seus adeptos, não conta com meu precioso afeto (#sarcasmo). Nem os bons, nem os maus. E está justamente aí essa iluminação que me passou hoje pela cabeça – quando eu sentia um pequeníssimo incômodo, como um infeliz que tivesse pisado descalço em uma barata -, diante de uma provocação anônima e incoerente, daquele tipo que qualquer um de nós, quando magoados, podemos ter o infortúnio de fazer depois de uma noite de bebedeira. Bom, faz parte… a autocrítica.

Assim como pisar em uma barata, fica o nojinho, fica o asco, por algum tempo, talvez, no caso da barata, até por alguns dias, mas logo se esquece disso. Não muda muito nossa vida, pode até nos ajudara aprender a pisar com mais cuidado, ou prestar bastante atenção em onde é “seguro” pisar descalço ou não. Lidar com a provocação é mais ou menos por aí.

A provocação nada diz respeito a quem foi provocado, mas sim ao provocador. Ela é uma espécie de pedido carente e desesperado por atenção e afeto, vindo de alguém que não dá conta de manifestar seu afeto ou conquistar a atenção alheia. Quer por decreto e imposição ser visto e amado, ainda que seja pela via do ódio. O que o provocador demanda ao provocado é um pedido de relação, de intimidade agressiva, de um lugar especial e de destaque na cabeça daquele a quem ofende.

Assim como os tímidos apaixonados loucamente, esses românticos e eloquentes, que fazem disso beleza e poesia, mas não tem coragem de se declarar ao seu amor, o provocador anônimo também tem esse receio. Ele quer muito inocular seu veneno no interlocutor, mas tem medo de mostrar a cara, tem medo de assumir essa emoção forte e dilacerante que ele sente, que no caso, não é bem amor, talvez lá no fundo seja, mas diferente do apaixonado eloquente, esse amor que ele mesmo não aceita se manifesta na forma de frustração.

Por uma identificação nada assertiva com o provocado, ele vê nele um espelho distorcido, aonde reflete seus próprios defeitos, dolorosos demais para serem assumidos na lata,e tanto mais arrepios sente diante da responsabilidade em lidar com isso. Um “Deus me livre!” ou algo dessa natureza passa rasteiramente pela cabeça do pobre coitado, só de pensar em ter que encarar a si próprio, com todas as suas cicatrizes, inseguranças e incertezas para lidar. O provocador é um preguiçoso.Ele não quer ser melhor do que ele mesmo: prefere tentar rebaixar os outros para que eles cheguem ao mesmo nível que ele.

E é aí que me veio à mente aquele conselho de mãe, tipicamente ouvido na adolescência: ignore. Sim, ignorar. Dar ao provocador um silêncio profundo, um esquecimento desafetado, no máximo um sorriso sarcástico, ou daqueles que pedem desculpa sem culpa, no caso de ele se mostrar e não poder ser, como acontece virtualmente, integralmente ignorado.

Quando respondemos a um provocador, estamos aceitando a sua proposta de casamento. Ele goza com isso como um apaixonado diante da reciprocidade. Ele conseguiu! “Agora você é meu!”, até que a sorte nos separe. Por outro lado, quando obrigado a lidar com um silêncio infinito, não resta a ele nada além de sua própria persona, de se sufocar com o próprio veneno, de degustar da própria vileza, que não encontrando outra direção retorna a ele mesmo.

A vida é curta demais para ter tempo de responder às provocações. Há afetos muito mais belos e frutíferos para disseminar por aí. A provocação é como uma erva daninha que toma conta até de quem não tem nada a ver com a história amorosa do ofensor e seu potencial ofendido. Não nos ofendamos com a provocação. Ela é só uma forma de afeto desacertado, mal resolvido, desprovido de qualquer nobreza: no máximo é da ordem da covardia.

Aos provocadores, deixemos o nosso silêncio para não ocupar o espaço de respondermos aos nossos amores.E apenas quando for o caso, quando for possível e até inevitável, carreguemos desse tropeção um aprendizado para a vida, sobre aquele cuidado em não pisar descalço nas baratas, que pior para elas mortinhas da Silva, em nossos pés deixam apenas um nojo passageiro.

Não acorde a inveja adormecida!

Não acorde a inveja adormecida!

Ela existe, ela é real, ela perambula e bate em todas as portas, passa por brechas estreitas, se camufla, se mascara. Ela só espera por uma oportunidade, uma mínima chance para se manifestar. Ela é bicho predador, não age por razão e sim por instinto voraz.

A inveja faz parte da coleção de sentimentos humanos. Não é a figurinha mais popular, nem mais cotada, mas tem seu lugar marcado nos álbuns de todos os viventes.

A inveja tem superpoderes e consegue fazer com que a identifiquemos rapidamente no outro, mas quase nunca em nós mesmos, muito embora ela esteja lá e também esteja cá.

Da mesma forma que se luta contra o egoísmo, a avareza e outras sensações non gratas, também é preciso enfrentar a inveja.

Pessoalmente acredito que é uma das mais ferozes lutas internas, mas muito gratificantes quando conseguimos desmaiar essa demônia que nos hipnotiza e desfoca.

Uma vez desmaiada, bela fosse, seria como a heroína do conto de fadas. Mas ela não é bela e muito menos heroína. Que permaneça desacordada.

E, ao contrário da bela que só aguardava um beijo para despertar, esta vilã adormecida acorda com mínimos movimentos, até mesmo com um suspiro descuidado.

É preciso cuidado ao observar o outro, ao digerir notícias, ao receber informações, ao olhar em volta.

Se queremos que nossa inveja permaneça adormecida, é essencial entender que o cenário particular não pode ser comparado a nenhum outro cenário. É imperioso que a observação dos feitos alheios não seja contaminada com comparações e julgamentos. Cada um tem o que tem, na porção exata de êxito e dor. E ai de quem ainda consegue invejar até mesmo uma dor.

O rebuliço interno de uma alma faz ruído que acorda a inveja. Em compensação, a paz de uma vida que não deseja ser espelho nem rival de outra, faz com que o sono da inveja seja cada vez mais profundo. E então não haverá beijo traidor que acorde essa vilã adormecida.

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