Miles Ahead: quando a música não precisa de palavras

Miles Ahead: quando a música não precisa de palavras

Produzido, escrito, dirigido e estrelado por Don Cheadle, Miles Ahead é apenas um pequeno fragmento da representatividade musical e multicultural do legado de um dos maiores gênios, o trompetista Miles Davis. A cinebiografia foi concebida com muito carinho aos olhos de Cheadle que, desde o início, prezou pela autenticidade sem perder o olhar realista daquela que fora uma figura fundamental para expansão artística entre os mais diversos músicos espalhados pelo globo – seja qual for o gênero pertencente, a maioria bebeu de Kind of Blue e de outros trabalhos primorosos de Miles.

A narrativa da produção abrange poucos anos da vida do controverso Miles, mas a direção de Cheadle passeia tão pontualmente nesses curtos espaços que o espectador mal sente a necessidade criativa da exposição mais densa e procedural no roteiro. Afinal, o importante aqui é salientar como, aos poucos, Miles Davis despertava sentimentos oníricos através da sua música e, nos encantos colossais dos sopros e melodias, elevava o nível para um patamar desconhecido. No improviso, mas também na construção pura, Davis foi um visionário acima de qualquer dúvida e suspeita. A música transcorria absurdamente nas suas veias.

Cheadle está particularmente envolvido na atuação. É contemplativo observar o esforço quase que natural do astro em entregar a melhor performance da carreira e digna dos mais altos prêmios, diga-se. Apoiado, na maioria por atores desconhecidos, com exceção de Ewan McGregor, no qual o diretor/roteirista/produtor/protagonista confessou ter procurado para integrar o elenco unicamente pela necessidade da produção contar com um nome conhecido para ser filmado – aí entra o velho e costumeiro desserviço do cinema contemporâneo. Mas conseguiram, todos os envolvidos, presentear cada amante da viagem transposta em notas diversas, com a possibilidade da admiração de um cinema realista e transcendente.

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Miles Ahead é, inquestionavelmente, uma das obras cinematográficas mais intensas já realizadas. E Cheadle merece todos os frutos colhidos. Davis não gostava que a sua música fosse rotulada como jazz. Segundo o próprio, era social music (música social). Que a sociedade respire, viva e entenda um pouco mais da alcunha descrita por alguém que fez música de verdade.

 

Exibir valentia não é prova de coragem. É atestado de burrice.

Exibir valentia não é prova de coragem. É atestado de burrice.

Já viu quanta gente se gabando por aí de fazer mais e falar menos, enquanto quase ninguém se faz disposto a pensar um pouquinho primeiro? De que adianta? Povoado por quem não pensa nem sente, o mundo vira um festival de gente achando bonito ser impulsivo, genioso, enfezado, valentão. Não, nada disso é admirável. Ostentar destemor nunca foi excesso de coragem. É mera falta de inteligência mesmo.

Basta usar só um pouquinho do discernimento que todos temos, mas que muitos de nós nunca sequer abriram, para se dar conta de que resolver tudo “no peito”, “no grito” e “na força” é um recurso desesperado, perigoso e destrutivo. E que pessoas muito afeitas a enfatizar sua força física e seu poder de fogo quase nunca os utilizam para alguma coisa que preste. Preferem esculhambar em vez de organizar, destruir em vez de realizar, bater em vez de socorrer, derrubar em vez de levantar. Em lugar do diálogo e da tentativa de conciliar e corrigir, escolhem um danoso, eterno e impensado quebra-pau.

Observe. A quem sobra valentia geralmente faltam autocrítica, equilíbrio, sensatez. Valentões não têm escrúpulo nem remorso. Não têm papas na língua. Não têm bom senso para refletir que falar sem pensar nem sempre é o mesmo que ser sincero. Aos brigões, enquanto sobram ímpetos de quebrar tudo, invadir, fazer e acontecer contra o outro, sempre contra o outro, falta disposição de olhar para dentro, examinar as próprias questões, encontrar e corrigir as próprias falhas.

Valentões carecem da bravura essencial de assumir quando erram. São covardes fundamentais. Escondem-se de suas próprias deficiências. Preferem julgar o erro alheio com estardalhaço e eficiência.

Sei não. Mas eu tenho a impressão de que coragem é outra coisa. Não carece anunciar. Gente corajosa de verdade não precisa provar nada a ninguém. Vive a vida com destemor e pronto. Enfrenta seus medos, cai, levanta, vai em frente.

Corajosos são seres inteligentes, sabem que a luta é outra, que a maior briga acontece é dentro da gente. Valentões são criaturas burras e inseguras, o tempo todo tentando provar ao mundo seu desassombro e sua força.

Pessoas corajosas de verdade têm outra ocupação. Fazem o que precisam, o que devem. Inclusive fugir, sem medo e sem culpa, de toda peleja estúpida que só presta a quem não tem mais o que fazer. Porque gente corajosa de fato conhece as suas responsabilidades. E não foge delas nem a pau.

A dosagem de uma chama amorosa

A dosagem de uma chama amorosa

Os que estão apaixonados e sentem-se amados têm à frente uma grande armadilha: o amar de forma diferenciada.

Ele se entrega, precisa aliviar o acúmulo de energia libidinal, faz barulho como uma taça de vinho quando cai. A saudade aperta, a boca não consegue represar seus sentimentos que se tornam verbo com freqüência.

Ela se apresenta de braços abertos, fala de sonhos e projetos, é mais sutil, diferentemente de uma taça que se espatifa, demonstra seu amor com a serenidade de um cair de lenço no chão: leveza e tranqüilidade. Contudo, os dois se amam. E como amar na diferença?

Paixão e amor obedecem a critérios pessoais, e esses modelos são forjados de acordo com a história psíquica de cada um. Neste sentido, uns amam com mais violência do que outros, mas isso não os coloca em posição de desigualdade, ou seja, “eu amo mais do que você.” São atalhos diferenciados na expressão desses sentimentos.

Uns são lareiras que aquecem com chama permanente e outros lança-chamas incontroláveis que se autodestroem. A chama existe em ambos, mas o descontrole do manejar do fogo pode ser fatal. O que poderia ser um aquecimento de calmaria e conforto torna-se um grande incêndio neurótico com suas paranoias destrutivas. Culpa de Prometeu que roubou o fogo do Olimpo e trouxe aos homens. Pagou um alto preço.

O fogo brando parece ter mais poder de convencimento, e o outro que se tornou um fogareiro descontrolado, percebe a nocividade de seu braseiro. Que o parceiro brando o ajude com um farol sinalizador – uma chama na medida apropriada para que se aqueçam sem ferimentos por uma longa era.

A diferença entre mitos e contos de fadas

A diferença entre mitos e contos de fadas

Na Psicologia Analítica o estudo dos mitos e dos contos de fadas possui uma importância capital no entendimento dos processos psíquicos que se desenvolvem no inconsciente coletivo.

Ambos apresentam uma realidade sobrenatural, fabulosa e mágica. Contudo, existem diferenças importantes entre eles.

Os mitos mostram como as coisas passaram a existir. Falam do gesto criador.

As forças da natureza – como a noite, a chuva, o sol – eram caracterizadas por um deus ou deusa, que teve sua criação descrita na Mitologia. O mesmo ocorre com coisas mais abstratas como o amor, a guerra, etc.

O mito trata então de uma ação criadora e de como o homem se relaciona com a criação, sendo ele mesmo também uma criação divina. No mito sobre a morte, por exemplo, vemos como nos tornamos mortais.

Eles, portanto, explicam a existência de algo no mundo, explicando fatos que eram desconhecidos da ciência.

Os contos de fadas mostram uma situação em que já há uma condição pré-existente. Neles há um problema que é coletivo, mas que não modifica – apenas afeta – a condição humana no mundo.

Os problemas narrados nos contos de fadas espelham ritos de iniciação e formas de como resolver os conflitos e os problemas. Tudo já existe e não há gesto criador.

Nos contos há um herói ou heroína que vive uma série de conflitos, onde seres mágicos o auxiliam ou o atrapalham.

No entanto, os mitos são freqüentemente misturados aos contos ou, então, aquilo que se reveste do prestígio de mito em uma tribo será apenas um simples conto na tribo vizinha (Eliade, 1972).

Além disso, os grandes mitos decaem com a civilização a que pertencem, mas os temas básicos podem sobreviver como temas de contos de fada, migrando ou então permanecendo no mesmo país (Von Franz, 2005)

Para Von Franz (2005), os contos de fada são como o mar, e as sagas e os mitos são como ondas desse mar; um conto surge como um mito, e depois afunda novamente para ser um conto de fada.

Isso ocorre, pois, dentro da Mitologia temos as narrativas heroicas, que espelham os ritos de passagem e de amadurecimento, assim como os contos de fadas.

As civilizações antigas possuíam seus ritos iniciatórios que tinham como base essas narrativas heroicas.

Por isso, pode-se supor que os mitos possuíam essas duas funções: a de explicar o surgimento de algo no mundo e mostrar ritos de iniciação.

O mito de Eros e Psique é uma prova dessa imagem de rito de passagem, assim como os 12 Trabalhos de Hércules.

O conto seria então uma espécie de “camuflagem” dos motivos e personagens míticos, sem deixar de perder suas características e sem ser menos importante.

Conforme Eliade (1972), se os Deuses não mais intervêm sob seus próprios nomes nos mitos, seus perfis ainda podem ser discernidos nas figuras dos protetores, dos adversários e companheiros do herói. Eles estão camuflados, mas continuam a cumprir sua função.
Outra informação importante é a diferença entre contos, lendas e fábulas.

As fábulas também possuem um aspecto mágico. Geralmente os protagonistas são animais, mas seu um caráter é didático e moralizante. A natureza – na forma de animais – possui características humanas, simbolizando comportamentos morais bons ou ruins.

Já as lendas tratam de uma história também fantástica, mas seu argumento é retirado da tradição do local. Os relatos das lendas misturam fantasia com realidade. Relatam de forma maravilhosa um acontecimento que suscitou estranhamento, surpresa ou até mesmo medo em uma determinada comunidade. Ou seja, um episódio real gerou um acontecimento imaginário.

Para concluir o assunto, vemos nesse vasto material maravilhoso e fantasioso dos mitos, contos de fadas, lendas e fábulas, que a despeito das diferenças entre eles, eles continuam nos encantando, assombrando, trabalhando nossos medos, nos trazendo lições morais e éticas e nos auxiliando em nossas jornadas iniciatórias.

Que nós nunca percamos nossa capacidade de nos encantar e que permaneçamos abertos ao imaginário e ao mítico, para compreendermos que nossas vidas diárias não são insignificantes e que existe um mundo além desse material.

Sobre o amor

Sobre o amor

Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
-Adélia Prado

Eu tinha lá meus treze anos de idade, quando o amor se revelou, e a minha alma acordou.
O coração fez alvorada festiva e meus olhos abriram-se para o meu interior .

Eu tinha lá meus treze anos de idade, quando as bonecas foram guardadas, e a menina-moça apaixonada cantarolava e ensaiava declarações de amor.

Eu tinha lá meus treze anos de idade, quando passei a amar a mesma paisagem, a beber da mesma fonte e caminhar numa única direção.

Eu tinha lá meus treze anos de idade, quando aprendi conjugar o verbo amar e desejar ardentemente morar na primeira pessoa do plural. O sujeito da minha vida não era oculto nem composto, mas definido e singular.

Eu tinha lá meus treze anos de idade , quando meu corpo respirava, inspirava, expirava, transpirava, suspirava e alucinava desvairado. Nada mais importava , só o amor .

Eu tinha lá meus treze anos de idade, quando soluçava de saudade, sonhava, devaneava e esperava ele passar. Depois, contava toda prosa o que era um grande amor .

Eu tinha lá meus treze anos de idade, quando o amor se revelou e minha alma acordou.

Eu era feliz e sabia.

“O que os homens falam” e o que as mulheres guardam…

“O que os homens falam” e o que as mulheres guardam…

Estou aqui meditando sobre algumas nuances da alma feminina. Recantos onde pouquíssimos são convidados a entrar, e onde mesmo os que têm permissão se perdem em curvas, TPM(s) e melindres.

Nunca entendi, por exemplo, alguém fingir orgasmo… Quem finge o gozo não goza!… Essa sempre me pareceu a lógica mais óbvia da vida. Tudo bem que gozar está longe de ser o único motivo que leva uma mulher a transar… dar, se dar ou fazer amor… É muito estrogênio envolvido. E conquista e carência e urgência e até… amor! Ou só vontade.

Se altruísmo que faz o parceiro feliz, ou jogo de cena em que se ganha uma casa ou se perde o ponto ou se tenta só empatar, fato é que simular prazer na cama, no carro ou no tapete da sala pode atender a vários interesses e pressões. De afeto ou de agrado. De paixão ou de momento. De vaidade. Que atire o primeiro ai quem nunca deu uma viradinha de olho a mais. O engraçado é que muitos desses pensamentos me vieram enquanto assistia ao filme “O que os homens falam”, produção espanhola que se propõe a traçar um retrato das oscilações dos terrenos masculinos, mas que na medida em que desfiava seus medos e angústias na tela, me remetia ao modo como a mulher desde sempre os deixa confusos.

Não é para menos. Por virtude, anatomia e berço, meninas nascem com o dom de iludir que o Caetano cantou, e com toda a malícia e dor e delícia de ser… o que quiserem. Seu sexo é pra dentro, mas o suspiro pra fora, se assim permitirem…

Então fico pensando o que leva ao simulacro em 2016, onde o mundo anda louco e as pessoas livres. Ou nem tanto?… É que hoje em dia se muito pode ser falado ou cobrado e liberado, também tem muita amarra vendida como a beleza da vez. É muito trabalho pra uma ficada! E o universo feminino é ainda caro, custoso e às vezes doloroso… Requer tempo, salão e academia. Sê pra si ou se é pro outro, essa quase volta à infância numa ausência instaurada de pelos no corpo, por exemplo, pode até ser a estética do agora, mas também pode apontar uma certa artificialidade nas relações. Tudo certinho demais, enquadrado demais, liso demais, perfeito demais. Num cenário pronto para se fingir demais… Já dizia o ditado chinês (ou então alguma avó): tudo que é bom nessa vida, despenteia!

Outro dia vi o relato de uma moça que dizia que o esforço máximo que fazia para um encontro amoroso, era proporcional ao de um homem em geral – que é tomar um banho e usar uma cueca decente. Isso porque entrevistou algumas dúzias para tirar uma média ponderada e meditada entre os que penteavam o cabelo e os que tiravam a monocelha. Decidiu, então, optar por uma linha mais sem preparo nos relacionamentos: depilação básica e boa lingerie. Disse que o resultado foi ótimo, com menos expectativas, e atraindo pessoas mais soltas, saborosas e divertidas. E sem fingimento nem na hora agá e nem no ponto gê! Foco pra tudo que for bem natural (“e fazer muito amor que amor não faz mal”).

No filme, que é dividido em pequenas histórias, em certo momento a segurança das mulheres, que seriam meras escadas para o drama de machos alfa, beta e mega encucados, acaba virando a estrela. Damas, donas, causas e efeitos de muitos porquês, enredam e traem, mas também fascinam.

Como na vida, educam e descartam, mas sempre entregam o coração. Mesmo que dali a pouco peguem de volta. Porque seja pelo cheiro ou pelo toque… seja pelo som – e mulher é muito auditiva – a química sempre manda muito. E contra ela não há argumento ou redenção. Só flor da pele e arrepio. E quando não há, ainda restam os improvisos múltiplos. Ou por a imaginação pra funcionar, porque é certo que menina pode… E pode. O ‘se deve’, porém, já fica por conta do tipo dos deleites que se quer ganhar, da abstração que se consegue manter ou das estrelas que se pretende ver. Ou ouvir…

Dito isso, fechar com Bilac cai bem:
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto.”
Quanto às mulheres… “amai para entendê-las”, só não espere saber tudo o que calam…

::: O título original, Una Pistola em Cada Mano, longa de 2012 do diretor espanhol Cesc Gay, sugere o fato do homem estar sempre a postos na vida… quando se trata da caça, quando se fala de sexo. Ele conta cinco boas histórias independentes… ou não… na verdade relatos de tormentos masculinos, mas também proposta para se pensar a condição do homem maduro contemporâneo. Não chega a ser um olhar pelo buraco da fechadura, descobrindo segredos inconfessáveis, mas fornece boas pistas a cerca de medos e fraquezas.

Talvez esse jeito de se desarmar e mostrar fragilidade, em contraponto ao estado de alerta constante que o gênero obriga, seja o que traz de melhor. Além de Ricardo Darin, Javier Cámara, Leonardo Sbaraglia e um ótimo time de atores espanhóis com toda a verve caliente que faz a fama, mesmo com cara de querendo colo. Filme muito bom, em que eu ainda volto pelo olhar todinho deles. Ou será que não… vai saber. :::

Não basta viver, é preciso navegar

Não basta viver, é preciso navegar

Aprendi com os fracassos que com ou sem a minha voz o sol sempre nascerá. Então, percebi que não se trata de cantar para o sol nascer, mas de cantar porque ele nasce. Ou ficar em silêncio. Todavia, se ficar em silêncio com o tempo nem mesmo eu sentirei minha presença. Então, o meu cantar não tem haver com o sol. O meu cantar tem haver comigo.

A vida é cheia de peripécias, sempre que achamos que a entendemos algo novo surge e trata de nos complicar. Sempre que achamos que a dominamos e que o mar ficará tranqüilo, novas tempestades tratam de vir e temos que nos esforçar para que o barco se mantenha firme. Acreditamos que há algo a mais, o êxtase pelo qual vivemos, no entanto, parece que esse sonho sempre é destroçado como se fôssemos moribundos sem direito ao banquete.

Com tantas tormentas, um dia o barco não resiste, atinge alguma pedra e é destruído, restando apenas pedaços de madeira. Você fica à deriva, sem saber o que fazer. Paralisado diante de mais um fracasso, diante da imensidão de um oceano. Cheio de angústias, arrependimentos, tristezas e desesperança. Pragueja-se a vida, os homens e os deuses. Mas, com choro ou riso, o sol sempre nascerá e novos fracassos surgirão, porque estamos tentando. Tentando navegar em um mar ressacado, procurando um lugar de serena felicidade. Então, não se trata de fracassar, mas de continuar tentando. Não se trata de não perceber que muitos esforços às vezes são em vão, mas de não deixar que a luz, a qual os poetas por vezes chamam de esperança se apague.

Aprendi com os fracassos que se deixar a luz se apagar, serei apenas esquecimento no fundo do mar. O que resta depois do naufrágio é pegar os pedaços de madeira e fazer uma jangada capaz de ultrapassar as tormentas de angústia e encontrar uma nova terra de felicidade. É cantar sempre que uma aurora for anunciada para que o universo não se esqueça de que somos fortes e resistimos mesmo quando os prantos são indizíveis.

Continuamos a navegar e a enfrentar os monstros marinhos, porque acreditamos que “O universo tem um destino de felicidade” e que enquanto sem tem vida, mesmo com feridas, mesmo em uma jangada, nunca paramos de sonhar. É porque sonhamos que navegamos, já que navegação só se faz com sonhos.

Aprendi com os fracassos que a beleza sempre supera a maior tristeza. Então, não se trata de não perceber os destroços do naufrágio lançados ao mar, mas de perceber a jangada e a lua espelhada nas águas. Os riscos da navegação sempre existirão e não adianta estudar um pouco mais de geografia, porque “Viver é navegar no mar alto”. Os fracassos destroem os sonhos, mas o mar sempre aponta para novas possibilidades e os sonhos sempre nos fazem navegar novamente. Somente viver, como já disseram, não é preciso. Navegar é preciso, acreditando no destino de felicidade do universo.

Aprendi com os fracassos que por mais dura que seja a tempestade, sempre haverá pedaços de madeira suficientes para construir uma nova jangada e que dos sonhos destruídos sempre resta uma brasa que mantém acesa a luz a que os poetas por vezes chamam de esperança, a qual nos ilumina e nos faz navegar.

 

Não planeje vingança, planeje viagens

Não planeje vingança, planeje viagens

Assim como a inveja, o desejo de vingança é um dos sentimentos inconfessáveis mais comuns aos seres humanos. Costumamos lidar muito mal com frustrações, decepções e rejeição, o que, muitas vezes, leva-nos a, intimamente, sentir vontade de devolver, na mesma moeda, o mal que nos fizeram, até mesmo armando planos mirabolantes que possam nos trazer alívio. Machucados, só a raiva parece fazer sentido dentro de nós.

É fato que nada daquilo que se faz, pensa ou diz, quando nos momentos de turbulência, parece coerente, pois as emoções fortes então nos cegam e desvirtuam o raciocínio, tolhendo-nos a capacidade de visualizar caminhos novos e soluções plausíveis. A pressa em resolver as coisas, nesse caso, atrapalha também os nossos pensamentos, pois somos imediatistas e queremos tudo para agora, ao passo que o tempo tem seu próprio caminhar e traz clareza no momento certo.

Por mais que saibamos que a raiva é o pior lugar para a tomada de decisões, raramente somos capazes de dar tempo ao tempo e deixar a vida seguir o seu curso. E então vamos gastando cada vez mais energia com quem não mereceria um milésimo de segundo em nossos pensamentos. Canalizamos nossas energias de forma negativa em direção ao que não nos trará nenhuma paz, ao que não retorna, a quem nos desvaloriza enquanto pessoa. Isso é triste demais.

Bom seria se, nos momentos em que alguém nos provoca tristeza sem fim, concentrássemos os nossos esforços em tudo, em qualquer coisa, menos no que diz respeito a quem nos feriu. Deveríamos, nesses momentos, olhar o mundo como se aquela pessoa não mais fizesse parte dele, como se nada mais tivesse nem a sombra dela – mas agimos exatamente de modo contrário. Também deveríamos analisar o que em nós provocou tudo aquilo, assumindo o que nos cabe naquilo tudo.

Por mais que estejamos longe de conseguir agir com clareza quando nos encontramos avassalados pela dor e tomados de orgulho ferido, seremos ainda mais prejudicados, caso teimemos em não aceitar o que acontece e fiquemos focados na vida de quem nos feriu. É preciso sempre preservar a nós mesmos, voltando-nos ao que temos em nós, juntando o que nos restou para nos reerguermos fortalecidos e livres do que deve ficar no passado, no máximo como uma lição de vida. Que fique enterrado o que passou e foi ruim, que fique anulada em nós a pessoa que machucou, pois é ela que terá de conviver com o que fez e não nós.

Lutemos para que o que for bom permaneça dentro de nós, considerando um favor o que de ruim aconteceu e nos mostrou a verdade de cada um. Não precisamos perder tempo com vingança, afinal, a vida, por si só, sempre se encarregará de dar a lição que cada pessoa merece, de uma maneira muito mais dolorida e perfeita do que podemos imaginar.

Você escolhe quem amar

Você escolhe quem amar

“Amar quem nos faz mal”. Desculpe, mas é querer de menos para si. Porque nenhum amor que prejudica, diminui e inveja o outro pode ser cabível de aceitação. Estar de acordo com essa submissão amorosa é se afastar da felicidade merecida. E nós todos merecemos amores compartilhados de gestos calorosos e carinhos sinceros.

O bom dia, o por favor, o beijo na testa – é sinal de respeito, diziam os avós. Trocas genuínas por quem escolhe amar. No início, o amor pode até ser imprevisível e daqueles que arromba a porta sem pedir passagem, mas, depois de entrar, nós é que somos responsáveis por sua estadia. Em qual lugar ele vai se alimentar, construir e descansar cabe ao nosso ser, em íntima escolha, sobre até quando ele fica e até o quanto ele pode ir. Deixar esse amor acomodado, com as pernas jogadas no sofá, esperando servidão e uma via de mão única, custa uma energia indisponível no relógio do coração. Você escolhe quem amar. Você e o outro, em sintonia, liberdade e cumplicidade para serem dispostos e amantes.

É necessária uma maturidade emocional para enxergar o amor. Não como uma lacuna a ser preenchida, mas como um capítulo a ser acrescentado. Cair na carência de quem finge amar dói. E de dores já bastam aquelas consumidas por um mundo insistente em desamar. Você escolhe quem amar a partir do amor dedicado, construído e administrado de você, para você. Daí por diante nem se preocupe com a porta, pois o amar pedirá licença com um sorriso gentil a cada passo dado.

“À noite, quando o silêncio vem
Sente aquela mesma tristeza
É difícil estar tão só
E conseguir olhar pra vida com clareza
Muitas vezes sai por aí
Desejando apenas alívio

(…)

Por um instante esquece que está perdido
Acontece que você
Não quer só alguém pra amar
Você precisa de alguém
Para sentir-se amado
Do seu amor, primeiro é você quem precisa…” (Gustavo Telles)

25 animais que se parecem com celebridades

25 animais que se parecem com celebridades

Muitas celebridades têm seus sósias humanos, enquanto algumas personalidades famosas encontram seus pares no reino animal.

As semelhanças entre pessoas e animais podem ser tão engraçadas quanto impressionantes.

Seja no estilo da roupa, no tipo de cabelo (pelo), na forma do corpo ou nas feições do rosto, algumas pessoas são ironicamente confundidas com animais, postos lado a lado, como nessas fotos.

É claro que tudo não passa de uma brincadeira. Não tem como levar a sério comparações como essas, a não ser que a pessoa seja fã inveterada de alguma celebridade em perspectiva, ou queira curar seu ego ferido por tomar as dores.

Existem mais animais parecidos com humanos do que se pode acreditar. A criatividade de encontrar essas similaridades foi oportuna e, mais ainda, divertida.

Quando olhamos para o animal relacionado à celebridade em evidência, notamos a incrível congruência entre um indivíduo e seu arquétipo animalesco.

Em alguns casos, o famoso em cena não se parece tanto com o animal ao seu lado, mas, de qualquer forma, há algo em comum entre um ser e outro.

Essas associações de aparência entre pessoas famosas e animais vão fazer muitas pessoas rirem, sejam fãs das celebridades ou não. Veja:

1. Samuel L. Jackson

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2. Adolf Hitler

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3. Donald Trump

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4. Rihanna

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5. Albert Einstein

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6. Lady Gaga

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7. John Travolta

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8. Richard Branson

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9. Snoop Dog

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10. Dalai Lama

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11. Madonna

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12. Adrien Brody

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13. Salvador Dali

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14. Kim Kardashian

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15. Vladimir Putin

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16. Miley Cyrus

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17. Whopi Goldberg

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18. George Clinton

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19. Katy Perry

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20. Cher

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21. Charlie Chaplin

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22. Nicky Minaj

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23. Sofia Vergara

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24. Iggy Pop

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25. Xena, A Princesa Guerreira

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Se não puder fazer com amor, por favor, nem faça.

Se não puder fazer com amor, por favor, nem faça.

Seja lá o que você vai fazer, se não tiver um pinguinho ao menos de amor envolvido, não faça, não. Vai sair mal feito, obrigatório, forçado, fingido. Vai ficar ruim. E tudo que a gente faz de ruim só piora a vida para nós e para os outros. Então, pra quê?

Melhor não fazer nada. Melhor nem levantar da cama. Ou você faz com amor ou é melhor não fazer. Simples. Porque atrapalha, sabe? Prejudica quem tenta fazer algo bom na vida, com boa vontade, boa fé.

Fazer qualquer coisa, de qualquer jeito, sem o mínimo que seja de amor nivela tudo por baixo. Cria padrões medíocres, transforma-nos em mulas infelizes, enfezadas, puxando carroça sob o chicote.

Vai fazer um comentário? Pense. É por amor a alguém, uma ideia, uma causa? Muito bem! É só para encher o saco, destilar veneno, espetar quem precisa se sentir tão mal quanto você? Pense de novo: será mesmo que não há nada melhor a fazer por aí?

Faça um café, um favor, um passeio, um elogio, qualquer coisa. Arrume o que fazer! Mas tenha a bondade de fazer com amor, pelo Amor de Deus! Ou vai dar azia, dor de barriga, pesadelo e outros efeitos colaterais em alguém. Incluindo você.

Tem gente demais enchendo de ódio esse mundo, essas ruas, suas casas e empresas e seus grupos reunidos em redes sociais. Gente demais tornando tudo pior em atitudes rasteiras e gestos pequenos como pulgas, carrapatos e outras parasitas. Vai engrossar esse caldo maldito a troco de quê? Se não der pra fazer com amor, por favor, nem faça!

10 Grandes lições que aprendi com 10 filmes não tão grandes

10 Grandes lições que aprendi com 10 filmes não tão grandes

Olá, pequeno Gafanhoto! Pois é, cá estamos, em mais uma listinha marota (eu sei o que você está pensando e concordo: a Josie deve estar meio louca por me deixar fazer isso de novo).

Dessa vez, quero compartilhar algumas lições que aprendi nesse mundo cão e, no intuito de ser didático e diletante (cof cof), nada melhor do que usar os dotes da telona.

Eu acho incrível o número de pessoas que me falam sobre como tal filme mudou a vida delas ou de como aprenderam lições importantes sobre amor, morte, o sentido da vida, do universo e de tudo mais (que todo mundo sabe que é 42) e outras questões existenciais básicas. É claro que, na maioria das vezes, elas estão falando de filmes de gente como Bergman (sempre ele), Godard, Antonioni e por aí vai. Mas calma lá. Nem só de filmões cabeçudos tirará o homem grandes lições (acho até que tá na Bíblia isso).

O cinema do povão pode ser uma grande fonte de conhecimento e aprendizado e aqui estou eu, disposto a assumir a perigosa missão de me esgueirar pelas trincheiras do desbunde em nome da pilhéria infinita. Bora lá, então?

  1. A luta Pela Esperança

Após quebrar a mão em uma luta, o boxeador Jim Braddock passa por muitos perrengues. Pobreza, quebra da bolsa de valores e um adversário folgado são apenas alguns de seus problemas. Mas ele desistiu? Não, meu amigo. Ele aguentou firme, no melhor estilo Joseph Climber.

A grande Lição: é preciso baixar a guarda de vez em quando.

  1. Papai por Acaso

Quem nunca fingiu ter um bebê na intenção de conquistar o crush ou provar para aquela sua ex que você é um cara de responsa? Ok, nem eu. Mas parece que isso acontece com certa frequência. É isso que vamos ver neste filme divertido.

A Grande Lição: Não é tão fácil encontrar bebês disponíveis ou dando sopa por aí pra te ajudar. Não que eu já tenha tentado, claro…

  1. Eclipse de Uma Paixão

A história do envolvimento entre o jovem poeta Arthur Rimbaud e Pierre Verlaine. Loucura, sexo, drogas, rock ‘n ro… não, péra! Isso ainda não tinha, mas tem tiro e a cena clássica em que David Thewlis literalmente morde a fronha enquanto é encoxado pelo DiCaprio.

A Grande Lição: A gente aqui não sabe mesmo traduzir títulos.

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  1. Special Correspondents

Um jornalista que se acha o pica das galáxias é escalado pra cobrir um conflito aqui do lado, na Colômbia (Shakira, Shakira!) e provar que é mesmo assim tão bom. Mas algo dá errado e ele acaba tendo que cobrir conflitos que ele mesmo inventa, espalhando notícias falsas escondido em um quarto em cima de um restaurante.

A Grande Lição: Sempre fique com uma pulga atrás da orelha com as notícias que você lê, ouve e assiste por aí.

Lição Bônus: Shakira, se você estiver lendo isso, por favor, me liga, me manda um telegrama, uma carta de amor! (ok, não foi uma lição, mas vai que cola).

  1. Quem tem medo de Lobisomem?

Bicho, pensa num filme doido. Pensou? Agora, esqueça dele e veja esta joia do cinema nacional. Humor, aventura e terror. Sim, terror mesmo. Isso porque tudo quanto é aparição de outro mundo resolvem atormentar a vida de 4 moçoilos de passagem pelo interior e que resolveram dar carona pra uma noiva abandonada na beira da estrada.

Hum, já sei. Você não gosta de filme brasileiro e tá na dúvida, né? Faz o seguinte: apenas vai por mim, me dá um voto de confiança e assista-o na primeira oportunidade que tiver.

A Grande Lição: Cinema nacional antigo não é só Glauber Rocha e Chanchada.

Lição Bônus: Nunca dar carona pra uma noiva abandonada na frente de uma igreja de beira de estrada deserta, mesmo que ela seja muito gata e faceira.

  1. Alta Fidelidade

Todo mundo gosta de filme com perdedores. Umas vezes porque nos identificamos com eles, outras porque nos sentimos aliviados e agradecemos por não sermos eles. Boa adaptação de um livro maneiraço de Nick Hornby, o filme retrata a vida de um cara louco por música que passa por um momento complicado com sua patroa e que chora suas pitangas através de metáforas musicais.

A Grande Lição: A vida sem música seria realmente um erro.

Lição Bônus: Melómanos podem ser chatos pra caralho.

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  1. Adeus, Lênin!

Não se deixe impressionar pelo fato de ter um filme indie alemão na lista. É que, quando ainda existiam locadoras de filmes nesse mundão de meu-deus, sempre rolava aquelas noites em que eu me reunia com os amigos e escolhíamos o filme da noite no uni-duni-tê. Foi assim que Adeus, Lênin! Veio parar na minha vida. A sorte sorri aos audaciosos, constato.

A Grande Lição: Amor de mãe é mesmo uma coisa sagrada.

Lição Bônus: Yann Tiersen sempre dá um jeito de zerar a vida em qualquer trilha sonora.

  1. Fim da Turnê

David Foster Wallace é um dos baluartes do hipsterismo. Complexo e sensível, o cara escreveu livros que hoje são idolatrados pela turma da Baixo Augusta; mas seu talento vai muito além do culto exacerbado.

Baseado no curto período de tempo em que um repórter da Rolling Stone passou com ele, o filme mostra as manias e trejeitos de um cara agoniado e gente como a gente, só que inteligente ao infinito e além.

A Grande Lição: Todo escritor, não importa o quão reconhecido ou fodão ele seja, tem provavelmente os mesmos questionamentos que você, a diferença está na forma de lidar com eles.

Lição Bônus: Depois de How I Met Your Mother, todo papel interpretado por Jason Segel será, em minha mente, Marshall Eriksen se passando por outra pessoa.

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  1. Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado

Sem humor, eu nada seria. Foi com estes caras que aprendi a rir e, mais que isso, que aprendi a procurar saber do que eu estava rindo. Fenômeno mundial, o grupo britânico tinha um jeito único de fazer humor. Coisa de gênios mesmo. Quer uma dica? Vale a pena assistir também a versão dublada, já que foi feita pelos mesmos mitos que dublaram Chapolin e Chaves.

A Grande Lição: Humor não precisa ser babaca, misógino ou preconceituoso para ser bom.

  1. O Preço do Amanhã

Correria. Drama. Injustiça social. Justin Timberlake. Pilantragem. Mais correria. Justin Timberlake na correria. O chatão do Mad Men fazendo papel de um véio novo e um relógio fluorescente sinistrão no braço de geral. Enfim, um bom filme pra ver quando tiver um tempinho sobrando. BA DUM TSS

A Grande Lição: Aproveite cada segundo do seu tempo e valorize quem dedica um pouco do próprio tempo a você ou a seus assuntos. Até porque ninguém é obrigado, jovem.

O amor é mais forte que qualquer desculpa

O amor é mais forte que qualquer desculpa

É cada vez mais raro encontrarmos relacionamentos duradouros, parecendo que nada mais resiste ao tempo, sejam os objetos, sejam os sentimentos.  Nessa era dos amores líquidos, dos quinze minutos de fama, das amizades superficiais e das aproximações interesseiras, perdem-se as reais chances de se demorarem os sentimentos nobres dentro de cada um e, assim, todos perdemos.

A capacidade de amar e de ser amado acaba se juntando a esse pacote de elementos de pouca duração, ao ponto de a afetividade ser impregnada de prazos ínfimos de validade. A carreira, os estudos, a aquisição de bens, a realização profissional, as viagens internacionais, a caderneta de poupança, tudo é colocado na frente do amor, da construção afetiva junto a alguém com quem compartilhar alegrias e tristezas.

Muitos de nós fugimos ao encontro com o outro, por medo de que assim iremos estacionar nossa jornada e seremos impedidos de alçar voos mais altos. Achamos que estar comprometido implica a estagnação de nossa vida, como se o parceiro nos fosse tolher a realização de muitos sonhos de vida. Entretanto, esse tipo de pensamento restringe as infinitas dimensões em que o amor na verdade se expande.

O amor não restringe nada nem ninguém, não diminui, tampouco corta asas. Quem ama com verdade se importa e se dedica, enxerga e percebe o parceiro como alguém que sonha, ajudando-o nessa busca da felicidade, pois quer estar junto nesse destino. E, quando não há perda de dignidade, deixa o outro viver a vida, pois sabe que somente assim terá de volta as mesmas condições, que são essenciais para ambos se protegerem do desgaste, do descaso, do distanciamento, da solidão acompanhada.

Não existe o que não possa ser superado, em qualquer relacionamento, caso ainda haja sentimento verdadeiro entre as partes, caso não se tenha ferido a ética e a integridade do outro, caso exista arrependimento sincero, vontade, força de vontade e uma história verdadeira construída nesse percurso. O que destrói o amor não são os erros, mas sim deixar de assumir a responsabilidade sobre o que está ruindo.

Porque o amor necessita de cuidados, de atenção, de adubo afetivo e de certezas demonstradas, mesmo que em pequenos gestos, singelas delicadezas. Porque o amor sempre haverá de ser mais forte do que a melhor das desculpas.

Você não tem o controle: o curta que nos ensina a abraçar a vida como ela é

Você não tem o controle: o curta que nos ensina a abraçar a vida como ela é

Criamos manuais para quase qualquer coisa e pensamos que podemos planejar absolutamente tudo, afetando desse modo a nossa capacidade criativa, de pensar e de sentir. O curta a seguir nos ensina que é fundamental parar de interferir no que é natural se quisermos evoluir e crescer.

Gostamos muito de ser controladores e ter o controle sobre as coisas. Vivemos com a intenção de manipular cada detalhe, queremos que as coisas funcionem como pensamos e tentamos fazer valer nossos planos. Mas a verdade é que se pretendemos que nossos projetos se desenvolvam, temos que ser conscientes de que não podemos estar totalmente seguros sempre de que o que queremos fazer e o que decidimos vai dar certo.

Um curta para refletir sobre nosso modo de viver a vida

Esse curta nos conta a história de Dechen, um monge budista tibetano em processo de treinamento que tem uma grande paixão pela jardinagem. No vídeo podemos ver como ele planta uma flor, a observa e cuida da mesma com muito carinho e total dedicação.

No entanto, assim como vimos no curta, a planta vai perdendo força apesar de todos os cuidados desprendidos. No momento em que o pequeno monge leva a linda flor para o interior do templo, a flor começa a murchar, provocando uma grande incompreensão e tristeza em nosso protagonista.

Dechen não pode aceitar a situação, e por isso o monge principal, Angmo, vê-se obrigado a intervir e tentar ensinar ao seu pupilo um pouco sobre a vida. Com a sabedoria de seu mestre, Dechen consegue compreender que ao eliminar a necessidade de poder e de controle, sua flor começa a renascer.

No lugar de falar de uma flor, podemos falar de um projeto de vida, de nossos filhos ou de nosso relacionamento amoroso, nossos sentimentos, nossas emoções ou nossa capacidade de aproveitar a vida.

TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA

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