Confiança é um cheque em branco ao portador

Confiança é um cheque em branco ao portador

Confiança é uma entrega, um compartilhamento, um passe livre.

Confiança é uma cerca derrubada, acesso liberado, um cheque em branco ao portador.

Onde a confiança mora não há vaga para o ciúme. Na casa da confiança não há trancas nem grades. A luz é farta e explicações não são necessárias para iluminar dúvidas ou incertezas.

A confiança sempre busca por outra igual. Quando se engana, lamenta, sofre, quebra em mil pedacinhos. E só se cura e se renova por meio outra prova de confiança.

A confiança é boa mas não é boba. Ela segue dando a corda necessária pelo caminho, mas, se em algum instante a corda se rompe, também ela se rompe e fecha acessos com as mais variadas restrições.

O cheque em branco pode se transformar em prejuízo, mas, de onde saiu o primeiro, dificilmente virá um segundo. Não é de bom gosto brincar com a confiança alheia.

Quem não é de confiança, desconfia até dos próprios pensamentos.

Confiar é se jogar de olhos fechados. O contrário disso é tensão, é medo. É entregar uma chave mas não largar o chaveiro.
A vida sem confiança é um jogo perdido. As bolas para fora sempre serão em maior número, e a verdade desconfiará dos pontos ganhos.

Se na vida está faltando a companhia da confiança, é tempo de convidá-la a entrar, ainda que, para que ela de fato entre e se instale, seja preciso pedir que alguém saia e não volte mais.

De todas as formas de se relacionar consigo mesmo, com as pessoas e com o mundo, se há uma companhia que não pode ser dispensada, é da confiança.
Ela sozinha despeja incertezas, ciúmes, paranóias, neuroses, desculpas e decepções.

Ainda que novas chances possam ser dadas, só terão valor se vierem acompanhadas de uma dose generosa de confiança. Na dúvida, não assine o cheque.

O Velho, O Mar e a Nossa Luta pela Vida

O Velho, O Mar e a Nossa Luta pela Vida

Achamos que somos capazes de entender a vida em sua plenitude, mais que isso, de controlá-la. Fazemos planos, nos preparamos, criamos expectativas e quando esperamos receber aquilo que tanto esperávamos, somos surpreendidos com as suas peripécias. A vida e o seu universo infinito de possibilidades que ansiamos por entender com a nossa finitude. Triste destino do homem, lançado ao mar apenas com a roupa do corpo e sua sorte. Lançado a um mar revolto que deve ser enfrentado.

Debruçando-se sobre essas complexidades, Ernest Hemingway escreveu aquela que é considera por muitos a sua obra-prima: “O Velho e o Mar” (The old man in the sea). O livro narra a história de um velho pescador, Santiago, um homem frágil ou nas palavras do próprio Hemingway “magro” e “seco”. Um homem simples e sem posses, sem estudos, que vive sozinho e é visto como destituído de sorte. Esse velho, então, se lança ao mar a procura de peixes, no entanto, essa “viagem” ganha contornos inesperados, sobretudo, quando ele consegue fisgar um peixe enorme, como mais de seis metros e este é destruído gradativamente pelos tubarões enquanto retorna para a costa.

A história simples do livro pode parecer banal, entretanto, Hemingway constrói uma obra extremamente filosófica, metafórica e poética que se comunica a todos os seres humanos. O Velho representa a fragilidade do ser humano, a sua precariedade, a sua finitude, a sua solidão, a sua angústia. Por outro lado, representa também a alma sonhadora que nos mantêm vivos e que espera sempre algo mais da vida, que vai em busca da essência das coisas, da alegria, das felicidades.

O mar representa a imensidão de um mundo que pouco conhecemos. A grandiosidade em que não se sabe o início ou o fim, na qual se sabe malmente a parte na qual estamos inseridos. O mistério das coisas ocultas que nos são apresentadas sem prefácio. O perigo que precisa ser enfrentado.

Assim como o Velho, precisamos encarar a imensidão do mar, ainda que saibamos que ele é enorme e que nós somos pequenos demais para sermos vistos enquanto navegamos por ele. Mas, não podemos passar a vida em uma cabana, precisamos sair e enfrentar o mundo. O problema é que por mais que sejamos atentos e experientes, o mar sempre arruma novas formas de nos surpreender, de tal maneira que devemos estar preparados para lidar com o que acontece após as tempestades ou o ataque dos tubarões, pois nunca saberemos nos defender de modo satisfatório ou teremos armas hábeis para lutar contra o desconhecido. O importante é lutar de acordo com as possibilidades e se manter forte, para que após a luta tenhamos força e coragem para prosseguir.

Santiago se lançou ao mar a procura de peixes, foi sozinho, em um pequeno barco, do mesmo jeito que nós nos lançamos no mar da vida, em solidão, navegando a procura do nosso destino ou de fazê-lo, e muitas vezes, quando o encontramos, como o Velho encontra o seu grande peixe, temos que continuar lutando para mantê-lo, contra os tubarões, até que por vezes não reste nada e nós tenhamos que retornar à costa, descansar e preparar-nos melhor para que da próxima vez consigamos trazer o peixe inteiro para casa.

Obviamente, não é fácil resistir aos ataques ferozes de seres que querem roubar os peixes que arduamente conseguimos pescar. Todavia, isolados no mar, só contamos com as nossas forças e a luz do farol que algumas vezes conseguimos enxergar, a qual mantém a esperança mesmo quando a lua aparece e tudo se transforma em uma grande escuridão. Sendo assim, a possibilidade de vida está em sempre continuar lutando, mesmo quando as forças pareçam se esvair ou a luz do farol demore a aparecer.

Como lembra Santiago – “Um homem pode ser destruído, mas não derrotado” – e, assim, sempre haverá novas formas de recomeçar e de aprender a lidar com as dificuldades que a vida nos impõe. Aprender a descobrir novos caminhos a partir das quedas e de encontrar na carcaça do peixe a sorte que nos espera.

“A sorte é coisa que vem de muitas formas. Quem sabe reconhecê-la?”

No mar nunca se sabe que ventos soprarão, tampouco o que há nele. Não sabemos em que momento o grande peixe que esperamos aparecerá, nem qual o melhor momento de atacá-lo, bem como, sempre nos faltam as armas corretas para pegá-lo e ajudar a enfrentar os inimigos que aparecem para nos atrapalhar e levar o peixe embora. Em meio a todas essas dificuldades e à solidão que não empresta um cobertor para aquecer a espinha, o desespero e o desânimo às vezes são inevitáveis, afinal:

“[…] que pode um homem contra eles, no escuro, sem armas?”

No entanto, por mais que as vicissitudes da vida sejam do tamanho do oceano e a nossa força e entendimento dela sejam do tamanho de um esquife, quase imperceptível em meio ao todo, em solidão que só tem como ouvido o próprio mar, o homem, mesmo magro e seco, deve continuar a lutar contra os tubarões e permanecer remando, já que os ventos que sopram do mar só são às vezes nossos amigos e ele é largo demais para que possamos navegá-lo totalmente.

É preciso aceitar a complexidade da vida e saber que por mais que lutemos, algumas vezes sem explicação tubarões aparecem e levam o nosso peixe. Talvez isso aconteça porque não estamos realmente preparados para ter o peixe, de modo que precisamos nos preparar melhor para usufruí-lo. Talvez os tubarões sejam as dificuldades que nos fazem mais fortes, que nos mostram que mesmo sem armas podemos lutar. Talvez sejam os mistérios que o mar possui e que jamais conseguiremos entender.

Seja como for, o homem tem o seu destino no mar, lutando para se manter firme e continuar a navegar mesmo quando o mar pareça escasso de peixes e cheio de tubarões, porque por mais que o mar seja bravo com o pescador, para os que conseguem lutar e manter a esperança, nele também há calmaria, assim como, nuvens que se amontoam ante os alísios e patos bravos que se desenham contra o céu, pois se o universo tem um destino de felicidade, mesmo com as mãos feridas é preciso continuar lutando para encontrá-lo.

Não se sinta mal por ser verdadeiro

Não se sinta mal por ser verdadeiro

Uma das regras básicas da convivência é a tolerância e o respeito para com o outro, o entendimento de que nem todos pensarão como nós ou concordarão com tudo o que dissermos ou fizermos. Evitar discussões e conflitos nos ajuda a manter o equilíbrio necessário para vivermos em paz, porém, isso não significa, de forma alguma, que deveremos sempre nos calar e guardar aquilo que pensamos, ou adoeceremos em pouco tempo.

De certa forma, os conflitos são necessários em todo tipo de relacionamento, uma vez que eles aparam as arestas espinhosas, tornando o convívio mais transparente e certeiro. Tudo aquilo que engolirmos com contrariedade, externando um sentimento que não corresponde ao que de fato pensamos, ficará acumulado aqui dentro, fazendo mal, incomodando. Com isso, uma hora ou outra isso tudo terá que sair e da pior forma possível.

Uma das maneiras de evitarmos esses estouros que acabam nos levando a falar mais do que deveríamos, a atingir quem não merecia, a tomarmos atitudes inadequadas, em lugares impróprios, é manter a firmeza durante todos os dias, agindo de maneira mais fidedigna possível ao que temos dentro de nós. Nem sempre será possível, nem sempre conseguiremos, mas é preciso tentar.

Não se sinta mal por dizer o que pensa, por mostrar-se insatisfeito, decepcionado, por falar o que lhe desagrada e precisa ser mudado. Não se sinta mal por amar com intensidade, por ser quem você de fato é, por mostrar contrariedade, por falar não. Não se sinta mal por ter que se ausentar, por ter que se afastar, por ter que partir para outra. Não se sinta mal por se resguardar de tudo o que machuca e fere.

O mundo está demasiadamente atrelado às aparências e à futilidade nas posses e nos interesses que balizam as relações entre as pessoas, ou seja, o diferencial humano, que nos resguardará do esvaziamento de nossa essência, sempre será a verdade que carregamos, a transparência de nossas ações. Jamais perderemos sendo verdadeiros, pois é assim que manteremos junto quem nos ama sem frescura, sem senão.

11 coisas que esquecemos de agradecer as pessoas que mais amamos

11 coisas que esquecemos de agradecer as pessoas que mais amamos

Por Taianne Rodrigues

Quem tem uma pessoa especial [ou mais] na vida que é apoio e significa lar, que atire a primeira flor!

Você já sabe, se caiu, se machucou, teve um coração partido, um pneu furado, algumas moedinhas no bolso, está tudo bem, está tudo mal, não importa, essa pessoa estará lá ao seu lado.

E agradecer?

Só começar a agradecer nos faltariam palavras para descrever todos os momentos de nossas vidas em que tivemos esse apoio incondicional.

Então, veja algumas das coisas que sem dúvida você pode dizer agora mesmo: “Muito obrigado!”

1. “CONTE COMIGO”

Esse é um dos aspectos que sem dúvida faz seu coração ficar enternecido. Isso porque você sabe com quem pode contar não importando a situação.

Não estamos falando de alguém para ser o nosso quebra-galho. Longe disso! Porque você faz exatamente o mesmo, é natural a retribuição nas relações humanas.

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A questão é que esse “conte comigo” simplesmente nos faz baixar a guardar e confiar. Sabe aquela sensação de acolhimento? Exatamente isso, você pode contar.

2. “ESTOU AQUI”

Você nunca se sente totalmente na solidão. Mesmo quando está se sentindo o pior ser do universo, quem está lá compartilhando suas dores?

Sim, essa pessoa especial que abraça todos os seus medos e nunca irá correr quando as coisas ficarem difíceis.

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Na verdade, será a primeira e talvez a única a permanecer ao seu lado. É alguém que realmente se importa.

3. “TUDO BEM”

Fizemos besteira ou não estamos no nosso melhor, sentimos até mesmo que não merecemos tanta compreensão. Mas essa pessoa não nos abandona.

O sentimento de cuidar é maior, assim como o de querer o seu bem.

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Então, mesmo que você leve bronca [se for merecido], você não verá ninguém partindo porque hoje o seu humor ou sua vida não está das melhores.

 

4. “REFERÊNCIA”

É quem queremos ser quando crescer. Não é uma pessoa fora do normal ou superior a ninguém. Também erra e com certeza tem a sua parcela de erros na vida.

Mas justamente por nos tratar de forma tão gentil, cuidadosa, com respeito e sendo o exemplo daquilo que de melhor prezamos nas pessoas, é sim a nossa referência.

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Nos sentimos tão pequenos, às vezes. E essa pessoa é capaz de nos fazer sentir tão grandes e significantes.

5. “POR NÃO JULGAR”

Você pode não ter coragem de contar um pensamento ou decisão em público, mas esta pessoa nunca colocará suas escolhas numa posição ridícula.

Na verdade, é com esta pessoa que você aprendeu a se aceitar, desde o físico à personalidade.

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Então não há recuo quando uma dúvida surge, é sempre uma conversa leve sobre o que comove o seu interior.

6. “TORCIDA INCONDICIONAL”

Não importa o que você faça, seja na época da escola ou na fase adulta, você sempre terá momentos para se lembrar de que alguém estava lá torcendo por você.

Vergonha é uma coisa que você nunca irá sentir por essas demonstrações de afeto. E como poderia?

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Saber que esta pessoa está sempre ali apreciando suas conquistas ou apoiando mesmo quando a vitória não é sua, a mensagem é apenas uma: “você é importante, assim como tudo que é importante para você.”

7. “POR TE ANIMAR”

 

É só você parecer um pouco chateado ou realmente ficar para baixo, que esta pessoa encontra meios de tirar você de sob a nuvem obscura que tomou conta do seu quarto.

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Não importa como, os meios são singelos e gentis. Até mesmo um sorvete fora de hora ajuda um pouco.

8. “POR ACEITAR”

Essa pessoa não vai insistir que você faça coisas que não quer. Pelo contrário, vai entender que agora o momento é de recolhimento. E talvez mais tarde, tente animar você.

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Quantas vezes, não é mesmo? É provavelmente a única pessoa que só de olhar já saberá que não estamos nada bem.

9. “POR CHAMAR A ATENÇÃO”

Não é uma sinceridade crua que magoa, é sem dúvida a única pessoa que irá nos dizer aquilo que precisamos ouvir sem ofender.

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E por só querer o nosso bem, impossível nos magoar. Ninguém poderia dizer as mesmas coisas com tanta sensibilidade.

10. “POR NÃO USAR PALAVRAS”

Às vezes, não há realmente nada a ser dito. A situação não pede nada além de um abraço. E o que acontece?

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Exatamente isso: esta pessoa especial vai acolher você dentro de um abraço. E o todo o seu mundo irá se recolher no conforto de um único gesto.

Talvez não esteja tudo bem. Mas vai ficar tudo bem, é o que não chegou a ser dito e você entende isso mesmo assim.

11. “POR SER PRESENTE”

Assim como a vida é natural com esta pessoa, tudo feito em conjunto é grande em sua essência, ainda que seja a mais simples das coisas.

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Essa pessoa se importa e faz questão da sua companhia.

Qualquer coisa é sensacional: como assistir filmes e desenhos em casa, comer pizzas ou o velho macarrão instantâneo, apenas conversar por horas, andar de bicicleta, desbravar o mundo.

Sequer sair do bairro em um feriado… Não importa. Tudo o que você gostaria de dizer agora é: muito, muito obrigada!

Que outras coisas você gostaria de agradecer?

Eu com certeza pensei na minha mãe. Em quem você pensa quando a palavra é gratidão?

Referência: thoughtcatalog.com. Imagens: Freepik.com

Enquanto o mundo se estapeia, fico com o seu sorriso

Enquanto o mundo se estapeia, fico com o seu sorriso

Viver é uma sucessão de instantes. Num dia você acorda, estufa o peito e parte pra cima dos acontecimentos como quem não carrega medo de ser feliz. Mas noutros, a vista cansa, o corpo pede colo e tudo não passa de um querer distante. E nessa balança diária, acreditar que a vida te prepara para reconhecer gestos emocionais é mera ilusão. Porque somos distraídos por natureza. Temos o foco em disputa com tanto ao redor que, sem querer, passamos batido quando surgem oportunidades sinceras para algo melhor. Ainda assim, não há motivo para pânico, pois instantes sempre serão instantes e a hora de recomeçar entra no mesmo embalo constante. Foi mais ao menos dessa forma que o seu sorriso me encontrou.

Totalmente inesperado e sem nenhuma expectativa ou medida, você chegou. Vinha meio sem jeito, sem saber a coisa certa a se dizer, mas para a nossa sorte, soube. Não acreditava. Afinal, como poderia? Quantas vezes pedi baixinho ao tempo, imerso no travesseiro, a mínima possibilidade do encontro. E tivemos dias bons. O sentimento dependia e crescia conforme queríamos. Abraçar a honestidade para com o outro não se tratava dos jogos vorazes emocionais vistos hoje em dia. Tampouco precisamos colocar máscaras de fingimento, tipo daquelas usadas nas ocasiões sociais com desconhecidos a fim de proteger-nos. Nada disso foi necessário. Era eu e você, despidos e entregues. Mas novamente, a vida insiste em intercalar benditos instantes de imprevisibilidades. Mal sabíamos a hora de partir, mas era consenso definir o ponteiro da chegada. E foi o que fizemos.

Não retornamos. Não nos despedimos. Não dissemos até breve. Enquanto a vida prosseguia a passos largos, tudo mudou. Inclusive nós. Porque o amor não se cria na ponta dos dedos. O amor é cultivado sem uma receita precisa. Na verdade, o amor nem deveria ter apenas essa palavra para defini-lo, pois é também uma perpetuação de instantes. Escolhemos onde e como depositá-lo. Foi através da surpresa imensurável que é a arte do desencontro que o nosso encontro aconteceu. Hoje você não é refúgio, âncora ou mesmo uma parcela de comodismo ao meu coração. Você é, dentre todas as coisas, uma escolha para ser mais. Enquanto o mundo se estapeia, fico com o seu sorriso.

Ilustrador imagina se crianças miseráveis tivessem a infância que mereciam

Ilustrador imagina se crianças miseráveis tivessem a infância que mereciam

Tendo criado uma série de imagens satíricas sobre a fisionomia de policiais ao redor do mundo, o pintor e ilustrador Gunduz Aghayev, do Azerbaijão, está de volta com uma série de fotos chamada “Imagine”.

Dessa vez, as ilustrações são sobre crianças, especificamente aquelas que tiveram uma vida curta, precária e miserável.

Toda criança, independentemente de sua origem, merece uma infância digna de oportunidades para seu desenvolvimento. Mas essa é uma fantasia bem distante da realidade em inúmeras localizações geográficas.

A desigualdade social encrustada em praticamente todos os cantos do mundo, aliada à falta de educação e falhas de criação dificultam o processo de aprendizagem experimental que é tão crucial para que as crianças obtenham recursos e estímulos, e possam crescer de forma saudável.

Com suas imagens de teor fortemente crítico, e hiper-realistas, Gunduz Aghayev nos apresenta retratos superlativos de crianças em condições adversas, pondo uma luz em questões escuras como a pobreza, fome, miséria, desigualdade e subnutrição.

O pintor e ilustrador Aghayev condena aqueles que usam as crianças para propósitos marginais de guerrilha, e se esquecem da subsistência de quem se sacrifica para servir a fins egocêntricos.

Com estilo, Aghayev transforma guerra em paz, subvertendo fotos históricas devastadoras de crianças atingidas por conflitos violentos em ilustrações felizes.

Gunduz Aghaeyv apresenta, primeiro, uma foto antiga que mostra uma criança em situação desesperadora e, em seguida, nos surpreende com ilustrações críticas que não brincam com algo sério, mas sim conotam resoluções imaginárias; perspectivas esperançosas sobre um pessimismo enrijecido na vida dessas crianças infelizes.

Algumas pessoas têm elogiado essas ilustrações esperançosas, enquanto outras as acham ofensivas e de mau gosto. O fato é que há uma sensibilidade que emana dos efeitos terríveis provocados pela guerra e pobreza sobre as crianças.

Quando fotos horríveis são recriadas como ilustrações coloridas, isso não representa algum tipo de exibicionismo irônico, mas sim um senso de otimismo criativo para com o amanhã.

A partir dessas imagens, Aghayev alterou, por si só, o futuro de crianças destinadas à fatalidade precoce. Com habilidade, ele desenhou as pequenas vítimas de tragédias de uma forma que elas gostariam de ser vistas. O resultado é aprazível, mas também entristecedor. Veja:

1. Crianças em milícia, na Guerra do Vietnã

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2. Foto de Kevin Carter (vencedora do prêmio Pulitzer em 1993)

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3. Bebês em fogo cruzado, na Guerra do Vietnã

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4. Morte de Aylan Kurdi (Síria)

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5. Morte do filho do jornalista Elmar Huseynov

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6. Duas garotas afegãs, noivas de um casamento obrigatório

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7. Rapaz desabrigado aponta para seu quarto destruído, após um bombardeio alemão (1940)

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8. Dr. Janusz Korczak com algumas crianças órfãs

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9. Garoto japonês em frente à uma pira de cremação, trazendo seu irmão morto nas costas

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Culpa, aqui você não se espalha!

Culpa, aqui você não se espalha!

A culpa faz o gênero daquelas pessoas que chegam sem ser convidadas, se instalam, falam mais alto que os outros, mandam desligar o ar condicionado e ainda fazem os anfitriões se sentirem incompetentes.

A sua missão é desorientar as convicções, fragilizar as certezas, deixar vulneráveis ações e reações. Dessa forma ela se fortalece, ganha espaço e vai marcando o território até que não haja mais nada nem ninguém livre de sua presença.

A culpa quer ser carregada, alimentada, refrescada, idolatrada. Uma vez dona do espaço, não dará mais um minuto de paz à vítima, e, habitará sem pudores até mesmo os pensamentos da pobre alma. A culpa não aceita desculpas. Não abre mão de suas conquistas, não aceita a porta aberta para sair, e, muito pelo contrário, te culpa se você não a convidar para ficar.

A culpa embarca clandestina numa crítica maldosa. E, num piscar de olhos, ela já é a comandante do barco.

Também entra se esgueirando por preconceitos e pudores artificiais. E mostra a cara quando vira de lado e acusa quem lhe abrigou.

Não há ser vivente sem uma pitada de culpa. É da vida, é consequência de alguns arrependimentos e malfeitos. Mas, e nisso consiste a força que deve ser empregada, essa culpa convidada, só tem por direito ficar até que as coisas voltem aos seus lugares. Não é permitida à culpa, a permanência depois da visita do perdão, das desculpas, do entendimento e libertação.

Se é para certo que somos movidos por tudo o que já vivemos e disso nos moldamos, que a culpa seja parte desprezível nesse processo. Que seja devidamente desalojada, despejada, minimizada, já que não constrói nem nada ensina. E no lugar por onde estava espalhada, que cresça a espontaneidade, o senso de justiça, a empatia.

Em terra onde florescem essas árvores, a culpa nem vinga!

Que o amor desfeito não leve embora nossa capacidade de amar

Que o amor desfeito não leve embora nossa capacidade de amar

Tenho trauma de cachoeira. Uma vez fui para Visconde de Mauá e, contrariando meu marido, me aproximei demais da queda d’água pra “foto ficar perfeita”. Lá no alto, de costas para o precipício, meu pé escorregou e eu caí. Foram momentos de muita aflição e apreensão, mas no final fui resgatada por meio de galhos que algumas pessoas deram para eu segurar, por onde fui puxada (saber nadar não significa nada nessas horas). Graças a Deus só sofri algumas escoriações e hematomas, mas o trauma que ficou me impede de visitar cachoeiras até hoje.

O fim de uma relação amorosa dói, machuca, queima e deixa cicatrizes tão ou mais profundas que um trauma físico. Mas evitar o amor não é o mesmo que evitar um banho de cachoeira, e por mais doloroso que seja o fim, ele não pode levar com ele nosso maior dom, que é a capacidade de amar.

Leva tempo até que o corpo _ e mais ainda, a alma _ consiga vivenciar o luto por completo até a total aceitação. Porém, mais que aceitar, é preciso permitir a si mesmo a possibilidade de abrir um livro novo e preenche-lo com novas histórias.

O fim de uma relação amorosa não pode significar o fim de nossa capacidade de amar. Ninguém, em nenhuma hipótese, pode tirar isso de você. Ninguém pode te roubar de si mesmo.

O coração ferido tem que descobrir que é capaz de amar de novo, e, se tiver sorte, amar melhor. Nenhum amor, por mais intenso e bonito que tenha sido, pode destruir sua capacidade de sonhar, poetizar e sentir.

Que o amor desfeito não leve embora os risos, o olhar cintilante, o pulsar acelerado e a capacidade de amar.

Que os braços encontrem novos abraços; que os lábios encontrem o gosto de novos sabores; e que a vida possa ser recontada com a mesma intensidade das primeiras experiências.

Nos habituamos a permanecer no que fomos. Na porção de nós que experimentou o primeiro sopro de alegria ou amor. Esquecemos que a vida é composta de muitas histórias, e precisamos nos despedir para continuar vivendo, criando, inventando, voando.

Novos capítulos estão por vir. Novos sabores desafiarão nosso paladar e novas músicas nos convidarão a dançar. Que possamos apenas permitir… Permitir gosto de pipoca caramelizada, flor apanhada de repente, cartão escrito às pressas, música gravada com o celular, perfume borrifado no ambiente, foto com moldura colorida na rede social, quintal coberto de folhas, chuva molhando a vidraça… E amor querendo dar as caras de novo.

Permitir que novas versões de nós mesmos possam desafiar as intempéries da jornada e desabrochar.

Que não nos falte afeto, esperança, poesia e muito sonho. E que ao nos olharmos no espelho depois de mais um dia, possamos enxergar uma pessoa inteira, que deve ser amada e cuidada para florescer novamente. A vida nos espera!

Para adquirir o livro “A Soma de Todos os Afetos”, de Fabíola Simões, clique aqui: “Livro A Soma de todos os Afetos”

Tem gente que não sabe tocar instrumentos, mas tocar o outro também é música

Tem gente que não sabe tocar instrumentos, mas tocar o outro também é música

Tem gente que não sabe tocar, tem gente que arranha um sol-lá-sí-dó; tem gente que é capaz de nos fazer chorar com apenas dois acordes e gente que canta cada nota como se fosse a última. Também tem aqueles que, mesmo sem saber segurar direito um violão, parecendo ter nascido com dois braços esquerdos, consegue encantar, justamente pela falta de jeito.

Não importa a música, o ritmo, o estilo, é sempre a intensidade da entrega que importa. É preciso saber prestar atenção, não aos detalhes técnicos, mas aos emocionais, àquilo que mexe contigo, que te faz feliz, que te faz crescer e refletir, afinal, o que é a felicidade se não uma música que ecoa alto no peito da gente? Ouvido bom, vida sadia, já dizia o velho ditado que acabo de inventar.

Uma vez, tentei aprender a tocar piano e foi um completo desastre. Muitas teclas, poucos dedos. Preferi aprender a tocar as pessoas de outra forma, não por não achar graça no piano, nada disso, mas por total falta de competência mesmo. Às vezes acho que acertei na escolha, mas confesso que ainda sinto aquela pontinha de inveja quando vejo e escuto alguém tocando clássicos como “atirei o pau no gato”. Hoje, me contento em tocar outros instrumentos, mais “singulares”, com alcances e timbres diferenciados, como os cabelos da amada, os braços e a nuca. Penso que faço isso bem, mas pode ser só pretensão, o que vale nesse caso é o treino constante, a prática intensa e dedicada.

A vida, às vezes, até parece uma canção, feita por gente de verdade, sem maquiagem, sem medo de dizer o que precisa dizer e uma canção não é nada sem ninguém para ouvir e compartilhar.

Não importa se você é Caetano Veloso ou aquele tio simpático que leva o violão nas reuniões de família, o importante é viver a canção que a vida te dá pra cantar.

“Uma Mente Brilhante”, um filme sobre um grande homem e sua luta contra a Esquizofrenia

“Uma Mente Brilhante”, um filme sobre um grande homem e sua luta contra a Esquizofrenia

Uma Mente Brilhante ( A Beautiful Mind) é um filme de Ron Howard (2001) que faz uma biografia dramática de John Nash, um matemático prolífico e de pensamento não convencional, que consegue sucesso em várias áreas da matemática e uma carreira acadêmica respeitável.John é esquivo e arrogante tendo dificuldades sérias na área afetiva. Desenvolve sua mente lógica sem conseguir abrir o caminho para o coração.

Desde o início fica claro que John, muito bem interpretado por Russel Crove, delira em seu quarto e cria um personagem de suas visões, ao qual chama por Charles Herman. Assim, ele age através de sua imaginação até chegar ao ponto de confundir fantasia com a realidade e penetrar por inteiro nesse universo criado pela esquizofrenia. Para John, seus delírios e visões são reais e o sofrimento aumenta quando casa com Alicia, após ser chamado a fazer um trabalho de criptografia para o governo dos Estados Unidos.

Ele sente uma constante perseguição causada pelas inúmeras alucinações. Já com um filho de Alicia, John tem sua primeiro grande surto, é hospitalizado, leva eletro choques e perde seu status temporariamente na Universidade de Princeton. Aos cuidados médicos passa a tomar remédios e se isola com a mulher e o filho. Contudo, insatisfeito, por não estar produzindo, John, para a medicamentação, passa a se agitar, sem que a mulher perceba, cria de novo seu mundo psíquico, alienando-se em um quarto da garagem.

Nash tem seu segundo surto, pior que o primeiro, conversa com a equipe médica e os convence de que terá que conviver com a esquizofrenia, pois acredita na sua força de vontade, sem remédios, sem choques, só com a compreensão e o amor de sua mulher. Ele precisará usar de toda a sua racionalidade para distinguir o real do imaginário e voltar a ter uma vida razoável de volta à Universidade de Princeton.

Os delírios são ideias falsas das quais o esquizofrênico tem perfeita convicção e as alucinações são percepções falsas dos sentidos. A mais comum é a alucinação auditiva que o conduz e controla dentro de sua cisão psíquica. Apesar de já estar mais velho, John consegue, de um modo admirável, conviver com os poucos amigos e resgatar sua lógica matemática, além de seu desejo de ensinar aos jovens dos quais se afastava na sua paranoia por medo de ser percebido pelos mesmos. A mensagem do filme é positiva, pois nos mostra que a esquizofrenia existe, mas pode ser atenuada pelo amor, ou seja, abrindo a linha da afetividade que sempre fora travada durante sua juventude, até apaixonar-se por Alicia. É uma lição de vida sofrida que alcança a felicidade pelo desejo de conseguir seus ideias através do amor e não da lógica fria e distante da realidade. Alicia o acolhe em todo seu trajeto. John ganha um prêmio por uma tese em economia e é reconhecido no meio acadêmico, contudo seu maior prêmio, a lógica de sua vida é retomada pelo amor de Alicia e seu filho. Um exemplo estoico de batalha contra a loucura a qual combateu por uma vida inteira.

‘As pessoas sofrem de fome de amor’, diz psicanalista

‘As pessoas sofrem de fome de amor’, diz psicanalista

O psicanalista Joel Birman tem detectado em seu consultório uma “dependência emocional” generalizada. “As pessoas procuram reconhecimento no outro porque sofrem de fome de amor”, diz ele.

Estamos mais dependentes emocionalmente?
Sim. Esta dependência se manifesta na preocupação constante do indivíduo com o que os outros pensam dele e de suas performances. Ele quer saber se agrada, se é amado. A preocupação do sujeito de quantas curtidas recebeu no Facebook ilustra bem isso. As pessoas mais vulneráveis precisam desse reconhecimento mais que as outras, pois sofrem de fome de amor.

Como isso afeta a sociedade?
As pessoas são muito sensíveis em relação a como os outros a acolhem — de forma risonha ou carrancuda, com muitas ou poucas palavras, se são abraçadas ou beijadas. Nesse contexto, cria-se um mal-estar nos laços sociais, pois o não reconhecimento do outro é fonte de desconfiança, perseguição e até mesmo de agressividade.

Como prevenir essa dependência?
Se o que está em jogo na dependência excessiva do sujeito é uma baixa sensação de autoestima, é crucial que na infância e na adolescência os indivíduos tenham a certeza de que são amados pelos pais pelo que são. Isso sem ter que fazer malabarismos para que sejam consideradas pessoas interessantes.

Fonte: O Globo

Amor não combina com cobrança. Quem ama não precisa disso.

Amor não combina com cobrança. Quem ama não precisa disso.

Ahh… gente que ama. Por favor não misture as coisas. Não perca seu tempo de amar com cobrança nenhuma. Amores e cobranças não combinam. Quem precisa cobrar amor já não ama nem é amado.

Amar é não ter de cobrar nada! Cobranças pertencem às relações comerciais, às transações financeiras, às obrigações burocráticas. Cobrar é o estágio final. Geralmente, depois de feito o serviço, depois de entregue o produto, vem a cobrança.

Em qualquer relação, cobrar é o último passo, o fim do caminho, o recurso final. Quem toma dinheiro emprestado e não paga recebe uma cobrança. Quem atrasa a fatura do telefone, a parcela de carro, o aluguel, a conta de luz, é justamente cobrado. Quem deve tem de pagar.

Entre os que amam, cobrar também é o expediente derradeiro. A estação terminal.

No amor não vale cobrar nem ser cobrado. Quando a cobrança se faz necessária, é porque já não há crédito. Já não se ama. Quem faz a cobrança e quem a merece não são mais os mesmos de antes, não se deram conta ou não querem aceitar o óbvio: acabou a espontaneidade, primeiro sinal do fim do amor.

É tão simples! O que não é espontâneo é induzido, forçado, compulsório. E o que se cobra não é natural. Pronto. Exceto no caso das mães, donas do direito de reclamar um telefonema de seus filhos quando bem entenderem, ninguém devia reivindicar atenção de seus namorados, namoradas, maridos, esposas. Isso é mendicância, falta de amor próprio. Dificuldade de viver sua própria vida. Falta do que fazer.

Faça o teste. Cobre. Cobre, sim. Cobre muito! O tempo todo, cobre amor, carinho, consideração, reciprocidade. Cobre. É o jeito mais fácil de atentar contra si mesmo, destruir sua autoestima e afastar quem estiver perto.

Não faça drama, faça brigadeiros

Não faça drama, faça brigadeiros

É verdade que a vida às vezes exagera nos tombos que dá, fazendo-nos cair dolorosamente, quebrando nossas expectativas, dilacerando-nos por dentro. Outras vezes, ela retira de nós o nosso bem mais precioso, a razão de nosso viver. No entanto, muitos problemas poderiam se tornar bem menos difíceis, caso nos dispuséssemos a analisá-lo com mais clareza, percebendo sua real dimensão.

Cada pessoa sente as coisas de uma maneira própria, pois cada um de nós possui as próprias experiências, as próprias bagagens, as próprias paragens, por isso ninguém responde da mesma forma que o outro ao que acontece lá fora. Uns sentem mais, outros sentem menos e alguns nem sentem nada. Daí não podermos comparar a dor de uma pessoa com a de outra, pois somos únicos e especiais no jeito de ser que é tão nosso.

Mesmo assim, é preciso tentar manter certo equilíbrio em meio às tempestades, pois elas virão, sempre, com intensidades variadas, mas virão. Caso não estejamos prontos para nos reerguermos a cada supetão, estaremos fadados a nos tornar cada vez mais tristes e enfraquecidos por dentro. Não se trata de fugir à tristeza, mas de passar por ela sem perder a esperança e a firmeza no olhar.

A vida nos obriga a sermos fortes, pois é isso que ela espera de nós e é isso que devemos ser, por nós mesmos e por aqueles que estão ao nosso lado. Existe quem precisa de nossa força, porque sempre seremos o porto-seguro de alguém que nos ama e torce por nós. A não ser que queiramos viver isolados, não poderemos nos furtar de pensar além de nós mesmos durante nossa caminhada.

O importante é não dar às coisas uma importância muito maior do que elas merecem, pois ficar bradando aos quatro ventos lamúrias com agressividade é o que menos ajudará, nos momentos de turbulência. Teremos de explodir, às vezes, mas não o tempo todo, para qualquer um, ou perderemos o crédito, ou esgotaremos nossas energias – e elas têm que durar.

Como se vê, problemas são inevitáveis, são uma certeza, ou seja, cabe-nos passar por eles mantendo uma mínima lucidez que seja, para que não nos percamos em meio a explosões de raiva sem serventia, em meio a quem não tem não tem nada a ver com isso, pois quanto mais drama fizermos, menos capazes estaremos de buscar possíveis soluções ao que nos tenta derrubar. E, a não ser para a morte, tudo há de ter solução.

A Bipolaridade e o falso poder da Hipomania

A Bipolaridade e o falso poder da Hipomania

A sensação é de domínio da situação, um eufórico bem-estar e uma inquestionável certeza de que se é capaz de fazer mil coisas ao mesmo tempo, enquanto se corteja outras mil para desejar. As ideias afluem como água solta numa correnteza. Situações imprevistas são aceitas como excitantes desafios. Viver em suspense e correndo riscos, na verdade traz uma indescritível sensação de prazer, como se a vida fosse uma daquelas caixas de presente surpresa esperando apenas para ser desembrulhada rasgando todo o pacote num único puxão.

Quando estão em episódios de Hipomania, as pessoas sentem-se energizadas, dinâmicas, e até felizes, posto que as dificuldades parecem ser uma ilusão e o estado de humor é de positividade e otimismo sem limites. O fenômeno é facilmente explicado, pois o estado hipomaníaco aparece associado muitas vezes ao sucesso nos negócios, bom desempenho nos estudos, e alta produtividade. Ora, quem é que suspeitaria de que algo está errado com suas emoções num período da vida em que tudo parece dar certo, graças às suas indiscutíveis habilidades sociais, profissionais e cognitivas, além da capacidade de administrar uma porção de tarefas ao mesmo tempo?

A questão é que a linha que separa o estado de Hipomania da Mania é perigosamente frágil. E, permanecer hipomaníaco durante períodos prolongados pode provocar desgastes físicos e emocionais tão importantes que a pessoa acaba perdendo o controle. Neste caso, movido pela falsa impressão de poder inquestionável e ideias grandiosas, muitos indivíduos acabam entrando em estados maníacos que podem devastar suas vidas.

Mais agressivos, os episódios de Mania levam a pessoa a um estado de agitação mental que a impede de exercer julgamentos acertados e confiáveis. Começam a aparecer sintomas de irritação; diminuição cada vez mais acentuada das horas reservadas ao descanso e ao sono; comportamentos impulsivos que levam a pessoa a arriscar suas carreiras com decisões impensadas; prejuízo ou rompimento de relacionamentos por motivos tolos; comportamentos de risco em relação ao uso de substâncias químicas ou álcool; envolvimento em relacionamentos sexuais, desconsiderando cuidados com a saúde e a segurança; gastos exagerados e endividamentos.

Tanto a Mania, quanto a Hipomania podem ser indícios de Transtorno Afetivo Bipolar, essa doença ainda tão pouco conhecida e, por isso mesmo tão envolvida em mitos e ideias preconcebidas. O diagnóstico da Bipolaridade requer dos profissionais de saúde mental e psíquica um preparo que, infelizmente, não é o que encontramos nos serviços médicos brasileiros, quer sejam públicos ou particulares.

A Bipolaridade é extremamente complexa, e o comportamento eufórico da Hipomania é um de seus disfarces mais perigosos, posto que ninguém há de achar-se doente por estar eufórico; e aqueles que convivem com o hipomaníaco dificilmente suspeitarão de algum desequilíbrio, posto que a pessoa parece esbanjar energia, bom-humor e disposição.
Acontece que a Hipomania é apenas um dos estágios do Transtorno e nem sempre é sintoma categórico da doença. Há quem apresente episódios hipomaníacos isolados, sem ser bipolar. No entanto, há que se dedicar atenção às oscilações de humor, tanto para alegria excessiva quanto para os estados de apatia, tristeza constante, irritação rotineira e depressão.

A depressão costuma ser bastante frequente depois de um episódio importante de Mania. Afinal, quem passou algum tempo acreditando ingenuamente que era indestrutível, incansável e imune às consequências de suas escolhas impulsivas, uma hora vai dar de cara com os resultados das farras consumistas feitas com o cartão de crédito, das aventuras sexuais sem proteção, de meses de privação de sono, de rompimentos ou pedidos de demissão feitos num momento de delírio de poder.

Encontrar o equilíbrio num mundo regido pela competição, pela busca de eficiência máxima e pela necessidade de aparentar viver uma vida sempre perfeita e cheia de conquistas, é uma tarefa das mais desafiadoras. A boa notícia é que embora não haja cura para o Transtorno Afetivo Bipolar, há meios de aprender a conviver com a doença, desde que se conte com um aporte médico adequado que determinará o uso correto de medicamentos estabilizadores de humor e acompanhamento psicológico. O tratamento passa por um diagnóstico cuidadoso e detalhado, baseado na análise do comportamento do paciente nos inúmeros aspectos de sua vida: trabalho, família, cuidados pessoais de saúde, interesses, relacionamentos e postura diante dos desafios e momentos mais estáveis da vida.

O passo mais importante para o início de uma relação possível com a doença é a identificação de traços que possam indicar alterações de humor que acarretem algum tipo de prejuízo à vida. Ao observar que alguém próximo de nós, seja um familiar ou amigo, passou a apresentar um comportamento alterado de agitação excessiva ou letargia, irritabilidade ou prostração, isolamento ou necessidade constante de estar em atividades sociais, atitudes incoerentes à personalidade original, ganho ou perda de peso considerável, dificuldades para dormir ou sono excessivo, alteração na capacidade de concentração ou memória, uma luz de alerta deve ser acionada e devemos buscar uma avaliação médica e psicológica capazes de identificar se o que está ocorrendo é apenas uma fase, ou sintomas de transtorno emocional que precisa de tratamento e acompanhamento profissional.

O fato é que precisamos parar de tratar as doenças psíquicas como se fossem “coisas da nossa cabeça”, como se pudéssemos controlá-las ou ficarmos imunes a elas com um pouco mais de esforço ou boa vontade. Ninguém diz a uma pessoa com Câncer que ela deveria fazer um esforço para diminuir a gravidade da doença, ou que ela deveria distrair-se e procurar ocupar a mente para curar-se. Mas, no caso de doenças como a Depressão, parece que todo mundo é especialista e acredita que é coisa de gente que não tem o que fazer. Não é! Procuremos tratar com humanidade aqueles que sofrem com esses males invisíveis aos olhos alheios, mas absolutamente reais e devastadores às vidas de quem os carrega no peito, na cabeça e na alma.

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