Caiu? Levanta!

Caiu? Levanta!

 

Cair todo mundo cai. Levantar todo mundo levanta. Uns demoram mais a se levantar, outros menos, mas de alguma maneira todos acabam se levantando. Com exceção dos enfermos.

A diferença está na maneira como se levanta.

Uns se levantam porque não têm opção e sempre o fazem reclamando. Outros porque sabem que navegar é preciso. E há os que se levantam porque aprenderam que esse movimento faz parte do jogo da vida e que cair é tão inevitável quanto se apaixonar sem quê nem para quê.

Quando se aprende que nem o sucesso e nem o fracasso alteram de fato nossa essência as quedas ficam mais amenas.

As crianças, quando caem de suas bicicletas, de árvores, escadas ou balanços, limpam os cotovelos ralados, choram um pouquinho e, na sequência, recomeçam a correria rumo a uma nova brincadeira, rumo ao nada.

Nenhum tropeço para elas é tão grave, assustador, avassalador ou definitivo – a não ser quando se machucam gravemente, claro.

Nós é que depois que crescemos complicamos demais as coisas. Passamos a sentir vergonha das nossas quedas e as associamos ao fracasso. É como se toda queda fosse uma conta a mais no colar encardido de nossas sombras.

Cair (e levantar) não é sinônimo de fracassar. Fracassar é cair e ficar no mesmo lugar, sentindo pena de si mesmo.

Tirando a bailarina de Edu Lobo que não tem “piriri, nem lombriga, nem ameba, ou cheiro de creolina”, procurando bem todo mundo tem um irmão meio zarolho dentro de si que vez ou outra tropeça.

Um irmão meio zarolho que às vezes não nos deixa enxergar o caminho certo a seguir, que nos faz sabotar planos e objetivos, que fica sussurrando em nossos ouvidos que “não vamos conseguir”, que nos faz pensar insistentemente nos problemas que não conseguimos resolver e que nos convida a ficar confortavelmente estagnados, parados.

Só há uma maneira de não cair: não se mexer.

Quem se mexe, quem dança, quem avança, está sujeito a cair em algum momento – os bailarinos, as crianças e atletas sabem disso! Quem se arrisca, quem se apaixona, quem dá a cara para bater, quem muda de ideia, quem experimenta o novo, também.

Cair é inevitável, mas levantar e começar tudo de novo, sem dramas, opcional.

FALANDO NISSO

Uma das cenas que mais aprecio no seriado Sex and the City é a que a personagem Carrie Bradshaw cai em uma passarela, levanta-se e conclui: “levantei e continuei porque é isso o que as pessoas reais fazem na vida real”.

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O maior patrimônio: as viagens que fazemos, os lugares que conhecemos

O maior patrimônio: as viagens que fazemos, os lugares que conhecemos

Estive ausente na última semana, de férias, viajando com minha família. Foi momento de abandonar meu cotidiano apertado e experimentar ser eu mesma sem as exigências da rotina.

Visitamos museus e vinícolas, experimentamos novos sabores, atravessamos pontes, subimos e descemos morros e montanhas, vimos o pôr do sol do alto de um mirante, conhecemos a casa de um grande poeta.

Porém, a gente não precisa ir tão longe para descobrir que a vida pode ser decodificada de uma forma mais leve, doce e sensível _ se estivermos abertos e dispostos a isso.

Como diz o poema de Fernando Pessoa: “Para viajar, basta existir”. O que precisamos é aprender a perceber o mundo de forma diferente. Aprender a perceber nós mesmos longe daquilo que pensamos ser essencial e que muitas vezes não é.

Viajar pode ser a oportunidade de aprendermos a reagir positivamente diante dos imprevistos, e descobrir que somos capazes de reinventar nossos planos usando a criatividade e a coragem. E agora me lembro da última animação da Disney Pixar, o desenho “Procurando Dory” , que assisti esta semana no cinema com o filhote. Num dado momento, Marlim, o peixe preocupado e certinho, se pergunta: “O que Dory faria nesta situação?”, e descobre que a amiga, “doidinha” e tranquila, tem muito mais recursos para sair de apuros do que ele.

No nosso primeiro dia de viagem pelo Chile, descobri que tinha reservado o hotel de forma errada. No lugar de sete diárias, tinha reservado apenas uma! Foi a oportunidade de sermos criativos como Dory e, com muito bom humor, arranjar outro hotel para a viagem continuar.

Viajar é a oportunidade de nos recriarmos de formas mais simples e descompromissadas, descobrindo que nosso mundo pode caber no espaço de uma mala, e que nossos pés ficam muito mais leves usando apenas chinelos de dedo ou meias confortáveis.

Nos apegamos ao nosso mundo, nossas coisas, nossos objetos… como se isso pudesse nos definir. Ter uma casa, um ou dois carros na garagem, um closet cheio de roupas e sapatos… tudo isso é bom e nos dá segurança, mas somente deixando tudo isso pra trás e seguindo com uma mala de rodinhas, podemos experimentar o que aguça nossos sentidos e nos sensibiliza por completo. Como quando nos emocionamos diante de uma música nova, um pôr do sol deslumbrante ou um sabor que nos faz suspirar.

De repente descobrimos que a vida pode ser declamada como pura poesia, basta a gente estar pronto e aberto a enxergar.

Fora do barulho e poluição das ruas, distante da urgência dos despertadores, longe das mesmas paisagens e sabores… podemos acolher quem somos de fato. E nos percebermos crianças diante do mundo que acontece como grande novidade.

Visitando a casa do poeta Pablo Neruda, e pouco a pouco entrando na história que ele vivenciou, poetizou e imortalizou, me senti inspirada a olhar minha própria existência com olhos de poesia, transformando minha antiga atmosfera numa nova possibilidade.

Talvez o maior patrimônio seja esse: viajar, ultrapassando as fronteiras de nosso universo particular, descobrindo o que nos comove a ponto de voltarmos renovados.

É gostoso investir num sapato bacana, numa roupa nova, numa bolsa diferente. Mas investir num voo que nos conduz por novos horizontes, onde poderemos nos reciclar e recriar por algum tempo, é aquilo que todos dizem: “não tem preço”.

Não há dinheiro mais bem gasto do que aquele que usamos para viajar. Que permite que nossos pés toquem um solo desconhecido e nossa pele sinta o frio dilacerante ou calor reconfortante. Que desafia nossa percepção e instiga nosso olhar; que nutre nossos sentidos e aguça nosso paladar; que nos oferece caminhos onde iremos pisar e jornadas que irão nos transformar.

“Para viajar, basta existir”. Que você descubra o que lhe move, o que lhe comove, o que desperta seu desejo de reciclar-se perante o mundo. Que possa fazer as malas de vez em quando e sair à rua cantarolando. Que possa abandonar partes de si mesmo que não têm mais significado e descobrir novos territórios para ocupar os espaços vazios. Que haja mar, brisa suave e cheiro de terra molhada. Que chova à noite e faça sol de dia. Que o dia branco prometido seja compensado pela nevasca da madrugada, e que a água salgada deixe escorrer tudo o que já lhe causou dor no passado.

Faça as malas se puder. Faça planos, trace rotas, decifre mapas. Vá a lugares que só conheceu em seus sonhos, pise firme no chão que escolheu e respire fundo na atmosfera que te acolheu. Abandone bagagens desnecessárias e despeça-se do que não faz mais sentido. Olhe-se nos olhos frente ao espelho e encontre uma pessoa renovada. Lave o rosto, penteie o cabelo e tome uma xícara de café. Sinta-se vivo, sinta-se outro, sinta-se pronto pra começar de novo…

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Fotógrafo revela onde crianças sírias refugiadas dormem

Fotógrafo revela onde crianças sírias refugiadas dormem

Magnus Wennman, um aclamado fotojornalista de Estocolmo, na Suécia, publicou uma série de fotos atordoantes revelando o que está acontecendo com as crianças sírias refugiadas em vários cantos da Europa.

Para criar essas fotos, ele passou meses viajando pelo Leste Europeu, em regiões onde crianças e suas famílias estão fugindo por causa dos conflitos de guerra na Síria. Junto com as fotos, Magnus apresenta uma breve história sobre cada criança atemorizada pela violência brutal que vem devastando sua terra natal.

Nascido em 1979, Magnus Wennman tem trabalhado com fotojornalismo desde seus 17 anos de idade, quando começou sua carreira em um importante jornal sueco, chamado Demokraten.

O fotojornalista se concentra em histórias e notícias provindas de mais de 60 países. Ele já fez a cobertura de vários eventos relevantes, como as eleições presidenciais americanas de 2008, os protestos políticos dos “camisas vermelhas” na Tailândia, e a situação dos refugiados na África.

Ele já ganhou prestigiados prêmios de fotografia, tanto na Suécia quanto no exterior, tendo dezenas deles em seu currículo. Por quatro vezes, foi considerado “o fotojornalista do ano” em seu país.

A sua série de fotos mais famosa é justamente a intitulada Where The Children Sleep (‘Onde as Crianças Dormem’), que mostra os locais onde crianças sírias estão abrigadas após fugirem dos ataques de guerra.

Em entrevista para o jornal CNN, Wennman disse:

“Eu senti que este projeto foi mais pessoal para mim do que todos os outros, talvez por eu ter um filho de 5 anos de idade. Eu sei o quão importante para ele é se sentir seguro, todas as noites, quando eu o coloco para dormir.”

Wennman revela que as crianças são as vítimas mais inocentes desse conflito na Síria. Acima de tudo, elas enfrentam um mundo de incertezas.

“Ninguém sabe se ou quando o conflito vai acabar na Síria. Algumas dessas crianças vão poder recomeçar suas vidas em novos países, e terão um grande futuro. Outras serão presas em campos de refugiados nos países vizinhos. Muitas provavelmente não voltarão à Síria.”

Grande parte do que se vê em conflitos armados no Oriente Médio é caos e destruição. Multidões de pessoas cruzando mares em barcos superlotados, indivíduos correndo de guardas munidos de metralhadoras, e famílias inteiras clamando por salvação ao ser perseguidas por terroristas insanos. No meio dessa cacofonia toda, Magnus Wennman encontrou uma forma de registrar tais intempéries.

Além de revelar onde as crianças sírias refugiadas estão dormindo, as fotos de Wennman mostram, com clareza, seu sofrimento individual arrebatador.

Mais de 2,4 milhões de crianças sírias estão vivendo como refugiadas, de acordo com a Unicef. Isso representa mais da metade do número de refugiados da Síria. Muitos mais estão deixando países do Oriente Médio por conta da guerra.

A maioria dessas crianças sírias desoladas caminha dezenas de quilômetros por dia, sem parar, carregando pertences pesados nas costas, enquanto outras crianças praticam trabalhos braçais que estão além de sua capacidade física. Todas elas fazem isso para ganhar algum dinheiro que possa sustentar as necessidades de suas famílias em estado de emergência financeira.

Não existe uma só criança síria refugiada que não esteja passando frio, sede e fome, à margem de qualquer ajuda eficaz. É necessário lembrar, ainda, que várias dessas crianças são órfãs; elas perderam seus pais que não conseguiram suportar a vida condicionada pelo terror. E, como Wennman nos mostra, essas crianças perderam até o privilégio de dormir em paz.

Veja então algumas fotos que revelam onde crianças sírias desabrigadas estão dormindo, e saiba um pouco sobre a história por trás de seu refúgio:

Lamar, 5 anos – Horgos, Sérvia

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De volta para casa, em Bagdá, as bonecas, o trem de brinquedo e as bolas são deixadas para trás; Lamar fala frequentemente sobre esses itens quando sua casa é mencionada. A bomba mudou tudo. A família estava em seu caminho para comprar comida, quando a menina foi abandonada perto de casa. “Não era mais possível viver lá”, diz a avó de Lamar, Sara. Depois de duas tentativas de atravessar o mar da Turquia, em um pequeno barco de borracha, eles finalmente conseguiram passar pela fronteira com a Hungria. Agora, Lamar dorme em um cobertor na floresta, com medo, frio e triste.

Abdullah, 5 anos – Belgrado, Sérvia

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Abdullah tem uma doença sanguínea. Nos últimos dias, ele tem dormido do lado de fora da estação central de Belgrado. Ele presenciou a morte da irmã em sua própria casa, na região de Daraa. “Ele ainda está em estado de choque e tem pesadelos todas as noites”, diz a mãe de Abdullah. O garoto está cansado, não é saudável, e a mãe não tem dinheiro suficiente para comprar o remédio que ele precisa.

Ahmed, 6 anos – Horgos, Sérvia

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Já passa da meia-noite, e Ahmed está adormecido na grama. Os adultos ainda estão sentados ao redor, formulando planos de como vão sair da Sérvia sem se registrar com as autoridades. Ahmed, com seus seis anos de idade, carregava sua mochila pesada nas costas ao andar com sua família por um longo trajeto. “Ele é valente e só chora às vezes, antes de dormir”, diz seu tio, que tem cuidado do garoto desde que o pai foi morto em sua cidade natal, localizada no norte da Síria.

Maram, 8 anos – Amã, Cisjordânia

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Maram, de oito anos, havia acabado de chegar da escola quando o foguete atingiu sua casa em cheio. Um pedaço do telhado caiu bem em cima dela. Sua mãe levou-a para um hospital próximo, e de lá ela foi transportada através de uma fronteira com a Cisjordânia. A menina sobreviveu ao acidente, mas sofreu um traumatismo craniano causado por hemorragia cerebral. Durante os primeiros 11 dias, Maram esteve em estado de coma. Ela agora está consciente, mas tem uma mandíbula quebrada e não pode falar.

Ralia, 7 anos, e Rahaf, 13 anos – Beirute, Líbano

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Ralia, de sete anos, e Rahaf, de 13, vivem nas ruas de Beirute. Eles são de Damasco, onde uma granada matou sua mãe e seu irmão. Juntos do pai, eles têm dormido na rua por mais de um ano. Eles se amontoam em caixas de papelão. Rahaf diz que está com medo de “meninos maus”, do que Ralia começa a chorar.

Moyad, 5 anos – Amã, Cisjordânia

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Moyad e sua mãe precisavam comprar farinha para fazer uma torta de espinafre. De mãos dadas, eles estavam em seu caminho para o mercado de Dar’a. Eles passavam por um táxi no qual alguém colocara uma bomba. A mãe de Moyad morreu instantaneamente. O menino, que foi levado para a Cisjordânia, tem estilhaços alojados na cabeça, costas e pélvis.

Walaa, 5 anos – Alepo, Síria

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Walaa, com cinco anos de idade, quer ir para casa, mas não pode. Ela tinha seu quarto particular em Alepo, cidade natal. Lá, ela nunca chorou na hora de dormir. Aqui, no campo de refugiados, a garota chora todas as noites. “Descansar a cabeça sobre o travesseiro é horrível”, diz ela. Foi quando os ataques aconteceram. Todo dia, a mãe de Walaa constrói um pequeno monte de travesseiros, a fim de ensinar a filha que ela não precisa temê-los.

Ahmad, 7 anos – Horgos, Sérvia

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Mesmo o sono não é uma zona livre: é então que o terror avança. Ahmad estava em casa quando a bomba atingiu sua casa. Ele sobreviveu, mas seu irmão não teve a mesma sorte. A família conviveu com a guerra como vizinha durante anos, mas, sem um outro lar, eles não tiveram escolha. Foram forçados a fugir. Agora, Ahmad estabelece-se entre milhares de outros refugiados no asfalto ao longo da estrada que conduz à fronteira fechada com a Hungria. A família vem dormindo em abrigos de ônibus, na estrada, e também em clareiras na floresta.

Shiraz, 9 anos – Suruç, Turquia

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Shiraz tinha três meses de idade quando foi acometida por uma grave febre. O médico diagnosticou poliomielite, e aconselhou os pais a não gastar muito dinheiro em medicamentos para “uma menina que não tem chance”. Então, veio a guerra. Sua mãe, Leila, começa a chorar quando descreve como ela embrulhou a menina em um cobertor e levou-a ao longo da fronteira de Kobane, para a Turquia. Shiraz, que não pode falar, ganhou um berço de madeira no campo de refugiados. Ela vive lá, dia e noite.

Amir, 20 meses – Zahlé, Líbano

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Amir, com apenas 20 meses de idade, nasceu um refugiado. A mãe acredita que seu filho foi traumatizado no útero. “Amir nunca falou uma única palavra”, diz Shahana, a mãe, de 32 anos. Na tenda de plástico onde a família vive hoje, Amir não tem brinquedos, mas brinca com tudo o que pode encontrar no chão.

Juliana, 2 anos – Horgos, Sérvia

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Faz 34º Celsius na região de Horgos. As moscas rastejam no rosto de Juliana, e ela, inquieta em seu sono, muda de posição. A família da garota andou pela Sérvia, sem parar, por dois dias inteiros. Esta é a última fase de uma fuga que começou há três meses. Fatima, a mãe de Juliana, coloca o xale fino sobre sua filha, no chão. A poucos metros de distância do seu local de descanso, há um fluxo interminável de pessoas. Assim que cai a noite, a família de Juliana aproxima-se dela e faz cafunés, para ajudá-la a dormir.

Fara, 2 anos – Azraq, Cisjordânia

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Fara ama futebol. Seu pai tenta fazer bolas para ela, amassando qualquer coisa que consiga encontrar. Ele até produz algumas bolas, mas nenhuma dura por muito tempo. Ao final de todo dia, ele dá um beijo de boa noite em Fara e sua irmã mais velha, Tisam, na esperança de que, amanhã, possa trazer uma bola de verdade para elas brincarem. Todos os outros sonhos parecem estar fora de seu alcance, mas ele ainda não desistiu de dar o presente que suas filhas tanto desejam.

A era da Correria

A era da Correria

“Nós bebemos demais, gastamos sem critérios. Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e raramente estamos com Deus.

Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho.

Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio. Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos. Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.

Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos cada vez menos. Estamos na era do ‘fast-food’ e da digestão lenta; do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados. Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas ‘mágicas’. Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa. Uma era que leva esta carta a você e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar ‘delete’.

Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre. Lembre-se de dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo se quer. Lembre-se de dizer ‘eu te amo’ à sua companheira(o) e ás pessoas que ama, mas em primeiro lugar, se ame… se ame muito.

Um beijo e um abraço curam a dor, quando vem de lá de dentro. Por isso valorize sua família e as pessoas que estão ao seu lado, sempre.”

A imagem de capa é do ilustrador Steve Cutts.

Nota da página: o texto, segundo os próprios leitores da página, é do pastor Bob Moorehead, mas circula na internet com a falsa atribuição de autoria a George Carlin.

15 Filmes que irão colocar sua mente em xeque

15 Filmes que irão colocar sua mente em xeque

Alguns filmes esquisitos e incomuns às vezes nos colocam num beco sem saída; fazem pensar e ir a fundo para tirar conclusões. E, passados os créditos no final, nos perguntamos: “como o autor foi capaz de criar uma trama como essas?“

Aqui estão algumas dessas obras. Se já as assistiu, talvez queira assistir de novo, analisando cena a cena e voltando aos antigos enigmas. Agora, se nunca as viu, que tal aproveitar um final de semana para ver pela primeira vez e pensar um pouco?

O amigo oculto

Hide and Seek

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Um psiquiatra de meia idade, David, está desesperado para ajudar sua pequena filha Emily a enfrentar a morte da mãe. Ele se dá conta de mudanças estranhas no comportamento da menina. Acontece que agora ela tem um amigo imaginário chamado Charlie. A princípio David não leva a sério, mas quando eventos misteriosos começam a acontecer a seu redor, ele passa a investigar quem é esse amigo.

O duplo

The Double

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Este filme faz pensar muito. Simon é um humilde empregado. No trabalho, ninguém presta atenção nele e a garota dos seus sonhos o ignora. Parece que tal situação irá durar para sempre, mas um dia surge no escritório um tal de James, que é fisicamente idêntico a Simon, mas com uma personalidade totalmente oposta. Assim, pouco a pouco, James passa a se apropriar da vida de Simon.

Donnie Darko

Donnie Darko

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Donnie Darko nunca foi considerado um rapaz comum, sempre foi visto como um ”bicho esquisito”. O filme é igualmente esquisito, tal qual o personagem principal. A trama é complexa e emaranhada, porém interessante e fascinante. A história conquistou muitos fãs ao redor do mundo e muitos a consideram uma obra cult.

O Operário

The Machinist

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Trevor Reznik passa um ano sem conseguir dormir. Ele se transforma em um esqueleto ambulante que tenta encontrar o equilíbrio entre sonho e realidade. Os diálogos e a música fazem deste filme um verdadeiro transe, no qual o protagonista luta para dormir e, ao mesmo tempo, descobrir o que o impede de pegar no sono. Christian Bale está simplesmente irreconhecível.

A caixa

The Box

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Arthur e Norma são recém-casados e estão passando por dificuldades financeiras. De repente, se transformam nos felizes proprietários de uma caixa enigmática que tem um botão. É explicado a eles que, ao apertar o botão, imediatamente ganharão um milhão de dólares. Só que existe um porém. No mesmo momento em que apertarem o botão, em algum lugar do mundo uma pessoa desconhecida morrerá… O filme é um pouco chocante e nos leva a pensar: você seria capaz de tirar a vida de alguém?

Quero ser John Malkovich

Being John Malkovich

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Em seu escritório, Craig Schwartz descobre uma pequena porta secreta por trás da qual encontra um corredor escondido que leva diretamente à mente do ator americano John Malkovich! Craig resolve organizar excursões para quem quiser viajar à mente do astro. O filme é tão estranho que os personagens às vezes querem entrar também na mente de quem está assistindo.

Paixão à Flor da Pele

Wicker Park

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É um imponente drama com uma trama sensível, que o mantém em estado de tensão. Até o último momento, não é possível saber como irá terminar nem em que resultará a crescente tensão e a intriga inteligente que desperta sua imaginação. A trilha sonora, de extremo bom gosto, merece atenção especial.

Spider — Desafie sua Mente

Spider

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Após passar 20 anos em um hospital para doentes mentais, o esquisito e solitário Dennis Clegg retorna ao lugar onde cresceu. Como uma aranha, ele explora a teia das lembranças que cobriu sua mente. O ambiente do filme é um pouco psicodélico, mas quem ama cinema precisa assisti-lo.

O Homem Duplicado

Enemy

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Filme interessante e digno de sua atenção, na mesma linha de ’O Duplo’. Ao alugar um filme, um rapaz percebe que um dos atores que aparecem é uma cópia exata dele mesmo. O desejo de encontrar seu clone se transforma em uma obsessão. Mas será que aquele homem é mesmo sua cópia?

Filth

Filth

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É um filme forte, com história interessante e uma excelente atuação. Bruce Robertson é um policial corrupto, obcecado por álcool e sexo. Ele deseja ser promovido no emprego, mas seus odiados companheiros poderiam lhe atrapalhar. No decorrer da história, os demônios internos de Robertson lhe deixam louco. O ator James McAvoy (que interpreta Robertson) conseguiu expressar as emoções do personagem de maneira extraordinária.

Triângulo do Medo

Triangle

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Greg convida sua namorada Jess para passar um dia num iate com amigos. Uma forte tempestade vira o barco, mas para salvar-lhes surge do nada um enorme transatlântico. O navio de cruzeiro parece estar vazio e com os relógios parados. Porém, eles não estão sozinhos na embarcação. Alguém os observa constantemente.

Identidade

Identity

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Durante um terrível dilúvio, 10 viajantes se veem obrigados a passar a noite num hotel de beira de estrada. Logo depois, porém, as pessoas começam a morrer, uma depois da outra, e o assassino que os espreita não é descoberto. Nem tente adivinhar… a trama é tão complexa que o final é realmente inacreditável.

Contraponto

Tideland

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Um pai relapso, Noe, decide levar sua filha, Jeliza-Rose, até a casa onde passou a infância, situada entre grandes campos de trigo. A fuga da realidade o leva a um lugar estranho e sombrio, onde até as fantasias mais selvagens parecem histórias inofensivas. O filme, totalmente maluco, não é para qualquer um. Mas é impossível deixar de vê-lo.

Império dos Sonhos

Inland Empire

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Os filmes do diretor David Lynch são muito peculiares e ocupam um lugar especial na história do cinema. Como todas as suas obras, não há como descrever Império dos Sonhos. É uma obra que foge à lógica, ao menos da lógica dita normal. Recomendada para todos os cinéfilos.

A vida de David Gale

The Life of David Gale

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Este talvez seja o melhor filme sobre a luta do ser humano contra o sistema da Justiça. O maravilhoso Kevin Spacey prende a atenção com sua atuação do começo ao fim. O final obriga o espectador a perceber de outra forma tudo o que aconteceu, rejeitando por completo a narrativa anterior.

Matéria original: Incrível.club

Se você deseja algo, deixe-o voar!

Se você deseja algo, deixe-o voar!

Se você quer pegar uma borboleta, quanto mais a perseguir, mais ela irá escapar de suas mãos; em contrapartida, se você a deixar livre, ela pode pousar naturalmente em seu ombro. Se aplicamos esta frase tão famosa à vida real, poderíamos compará-la às pessoas com tendência a pressionar os outros.

Quem persegue e pressiona muito costuma fazer com que as pessoas ao seu redor se afastem. Para comprovar este efeito, pense se você já teve alguma vez um amigo ou conhecido que o pressionasse de forma exagerada e, por isso, você preferiu perder o contato com ele(a).

Como regra geral, não gostamos de nos sentir obrigados a nada. Quando algo nos interessa, nós, por conta própria, vamos atrás. Insistir muito, seja no campo da amizade ou do relacionamento amoroso, frequentemente acaba levando as pessoas a quererem se afastar.

Por exemplo, imaginemos ter uma amiga com a qual costumamos ter contato frequentemente, mas por uma situação de muito trabalho, falta de tempo ou necessidade de individualidade, já não temos vontade de encontrá-la. É aí que nos damos conta do tipo de pessoa com a qual estamos nos relacionando.

Personalidade saudável e madura

Se você deixa de contatar alguém de quem gosta, este poderá insistir em retomar o contato, mas de uma forma que não restrinja sua liberdade. Uma maneira saudável de agir seria fazendo comentários do tipo: “O que você acha de tentarmos nos encontrar qualquer dia, já que faz muito tempo que não nos falamos?”, “Espero que você esteja bem. Vamos tentar conversar qualquer dia, sinto saudades”, “Como você está? Podemos marcar um café quando você puder”.

Esta forma de falar demonstra vontade de querer retomar o contato, mas sem pressões ou vitimismo. Se não houver resposta da outra parte, a pessoa deveria deixar a outra “voar”, pois está claro que, pelo motivo que seja, não há vontade ou tempo para retomar o contato. Quando uma personalidade saudável deseja contatar alguém e se dá conta de que não há correspondência, ela se afasta sem pressões ou aborrecimentos.

Respeitar a liberdade dos outros

Exemplos de frases que poderiam ser ditas por alguém que não respeita nossa liberdade, com a qual decidimos não seguir contato:

“Por que você não me escreve mais? Está chateado/a?”, “Faz tempo que não sei nada sobre você, não sei o que lhe fiz, mas você está me fazendo muito mal”, “Faz muito tempo que estou tentando marcar algo, mas você está sempre se esquivando”, “O que está acontecendo?”, “Não entendo esta atitude de me ignorar, temos que conversar urgentemente sobre isso”.

Dar a entender que existe um mal estar, cobrar explicações e insistir para conversar com urgência são pressões para tentar fazer o outro se sentir culpado quando, na realidade, os motivos pelos quais alguém deixa de manter contato podem ser múltiplos. Por isso, tirar conclusões precipitadas e pressionar não costuma dar bons resultados.

Pressionar causa um efeito negativo

Pressionar não segura ninguém, e inclusive pode fazer com que a pessoa queira se distanciar por ter uma sensação de perda de liberdade. Em contrapartida, aceitar a situação pode fazer com que a pessoa que se distancia volte quando tiver vontade.

É o exemplo das boas amigas que nem sempre têm um contato muito frequente, mas que mantêm a amizade sem pressões e aceitam o espaço pessoal de cada uma, sabendo que são livres para se distanciarem quando precisam de solidão ou estão sem tempo. Esta liberdade de saber que a vontade de querer desconectar-se por um tempo não será tomada de forma negativa pelo outro é o que mais une as pessoas.

Quando sentimos que nossa maneira de agir é aceita, é o momento em que as relações adquirem mais confiança, pois sentimos a liberdade de distanciar-nos sabendo que esta atitude é compreensível. Há alguém disposto a aproveitar a sua companhia quando possível, aceitando que nem sempre será assim devido a diferentes circunstâncias.

Se você gosta de alguém, deixe que esta pessoa voe em liberdade; deixe que a vida flua de forma natural e o tempo colocará cada coisa em seu lugar. A pessoa que é “para você” voará a seu lado por vontade própria, sem necessidade de pressões ou vitimismo.

A melhor receita para atrair pessoas que desejam desfrutar de sua companhia: deixar-se conhecer, mostrar o seu melhor, demonstrar seus interesses para que o outro dê o seguinte passo. Se houver sintonia, ótimo; se não, dê liberdade e vá em busca de outra borboleta.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

Por que você não “fica” com pessoas em festas?

Por que você não “fica” com pessoas em festas?

Me perguntam o porquê deu não gostar de “ficar” com pessoas aleatórias em festas… Estou solteira, então, por que não?

Nunca fiquei com ninguém que não conhecia. Sempre namorei (e comecei cedo!). Somando todos meus namoros, 50% da minha vida. Não me arrependo. Tenho muito amor pra dar. Gosto de cuidar. Gosto de ligações fortes e profundas. Não tenho isso em festas, em ficadas. Gosto de explorar o interior, o exterior, camada por camada. Gosto que me descubram, que me explorem e me ganhem pouco a pouco. Não gosto do que é superficial. Atração física é importante, é legal, mas é SÓ. Não me interesso por quem olha meu exterior, me interesso por quem eu sinto que está vendo algo além. Que casou com minha energia, mesmo sem entender exatamente o que está acontecendo. Não consigo me conectar com a capa. Eu me conecto com a energia: ela nunca mente.

Mas e a carência? Não existe carência física? SE EXISTE! A biologia não dá tréguas. Mês a mês. Mas minha carência dessa conexão profunda é mais forte e mais paciente do que a biológica. É ela que me governa. O desejo pelo que não se pode ver, pelo que se sente além do corpo, pelo que se fala além das palavras, pelo que se entende pelo olhar e se mistura com o cheiro e com o brilho em volta. Conexões mentais aliadas à química, minha NOSSA. Isso sim é do que gosto. Se um dia eu sentir isso em alguém que queira uma “ficada”, não pensarei duas vezes. Embora ache muito improvável, pois conexões mentais envolvem um processo de descobrir o outro, de passar horas e horas conversando, trocando ideias, sem ver o tempo passar. Se tiver um vinho então!

Posso ter muitos defeitos, mas não sou uma pessoa rasa. Não gosto de coisas rasas. Não gosto de pessoas rasas. Respeito quem gosta! Sem preconceitos. Mas não me obrigue a ser algo que não sou.

Surpreende-me o fato de, após dois namoros longos, me encontrar numa das fases mais românticas da minha vida, mesmo sozinha. “Mas o que houve com seu namoro?” Acabou. O ciclo fechou. Fechou na hora certa. Tive a sorte de perceber o fim e a coragem de assumi-lo. Surpreendentemente não foi tão doloroso como pensei que seria. A mudança não é tão dolorosa quanto a resistência a ela. Sobrou gratidão IMENSA. Tanta gratidão que não consigo mensurar. Foram tantos bons momentos, tanto crescimento, tanto amor. Assim como para o anterior. Eu amo demais. Eu amo com todo meu coração. Eu me dedico totalmente. Minha lealdade não cabe em mim. Mas se a conexão se quebra, tudo perde o sentido. É necessário se libertar e libertar o outro também. Não existe razão para se viver no raso por comodidade. Ser legal, ser amigo não é suficiente. É preciso estar conectado.

Talvez meus hormônios estejam descontrolados, tenho essa impressão. Tudo em volta me parece perfeito. Tudo parece acontecer por um motivo maior. Vejo casais se formando e sinto a felicidade como se fosse minha. Vejo casais terminando e sinto que, apesar de tristes, serão mais felizes futuramente. Vejo pessoas solteiras e sinto que estão em um incrível processo de autoconhecimento. Vejo pássaros, sinto cheiros, muitos cheiros, adoro cheiros cheirosos. Adoro pele. Amo olhares. Amo amar. Amo estar. Amo viver.

Mas, para que não achem que sou só “bons cheiros”, viver profundamente também significa doer profundamente, quando é o caso. A ansiedade me castiga desde sempre, me tira o sono, me faz sofrer. Estar sozinha me faz não ter alguém pra cuidar com intensidade além de mim mesma. Isso é bom por um lado, preciso me cuidar com carinho, mas cuidar de alguém é tão bom! Cuidar e cuidar. Amar com amor. Envolver com minha alma. Não tenho isso no momento. Claro que meus amigos e minha família absorvem muito do meu amor, mas é outro tipo de conexão. Preciso descobrir uma válvula de escape pra tanto amor guardado, de preferência algo construtivo. Escolhi escrever.

Não explique demais. Tem gente que vai entender tudo errado de qualquer jeito.

Não explique demais. Tem gente que vai entender tudo errado de qualquer jeito.

Paciência. Por mais que a gente explique, tem coisa que nunca ninguém vai entender como deve. Fazer o quê? É da vida, esse longo e infinito exercício de paciência.

Haja serenidade para dizer sem ser ouvido e ouvir sem ter pedido. Tem coisa e tem gente que não merecem um segundo de atenção. Você tenta facilitar e tem sempre alguém pronto a tornar a vida mais difícil. A gente esclarece, elucida, dá exemplo, faz desenho e de nada adianta.

Explane, relate, explicite. Sempre haverá uma alma disposta a compreender o que quiser, a interpretar como bem entender o que você disse e chegar a uma conclusão completamente diversa da que você pretendia. Então, explicar de novo para quê? Diga uma vez e deixe o outro deduzir como preferir. A vida é muito curta para explicações tão longas.

Verdade é que bons ouvintes dispensam justificativas. Além do mais, se você precisa mesmo justificar o que disse ou o que fez, talvez não devesse ter dito ou ter feito, né? Nesse caso, melhor que explicar é reconhecer, assumir, pedir desculpas. Mas essa é outra história.

É que tempo a gente não devia perder à toa, sabe? Tempo a gente vive. E eu não quero viver o meu explicando nada a quem não vai entender mesmo. Aliás, eu acho até que quem sempre espera se fazer entender, quem pretende a todo tempo ser compreendido precisa de ajuda médica. É alguém que padece de uma perigosa pretensão infantil.

Assim é desde sempre. Entre os filhos e seus pais, entre amigos e entre amantes, chefes e subordinados, sócios e adversários, nos casais, nas famílias, nas empresas e nas escolas, em casa, na rua e em tudo quanto há, nem sempre somos todos compreendidos como desejamos.

Quem ouve quase sempre há de ouvir apenas o que lhe satisfizer. De tudo o que lhe for dito, entenderá o que lhe parecer conveniente. Explicar demais, então, é inútil e contraproducente. Se for mesmo indispensável apresentar álibis e provas, arrolar testemunhas e convencer alguém de que você é inocente, contrate um advogado. Nos outros casos, vire a página, passe adiante e siga em frente. Por mais que você explique certo, alguém sempre vai insistir em entender tudo errado.

40 frases inspiradoras de escritores renomados

40 frases inspiradoras de escritores renomados

A tarefa de um escritor se desenrola com mais facilidade quando existe uma ou mais fontes de inspiração das quais ele pode utilizar.

Escritores precisam beber constantemente das fontes de inspiração para inspirar. Como diz o escritor americano Stephen King, “essa água é de graça, então beba-a”.

Existem dois tipos básicos de inspiração: externa, que vem por meio de livros, artes ou quaisquer outras referências de conteúdo; e interna, que flui naturalmente a partir da observação, criatividade e imaginação.

A inspiração interna depende não só de inteligência, mas também de senso crítico, boa linguagem e capacidade de compreender pessoas, interpretar emoções e associar coisas. A inspiração externa é igualmente importante, dependendo dos aprendizados conquistados.

Escritores veteranos necessitam de inspiração externa tanto quanto os escritores iniciantes, pois uma bagagem intelectual consistente só pode ser adquirida com muito estudo, conhecimento e a devida experiência.

Ao longo da história, inúmeros escritores consagrados deixaram sua marca no mundo e possibilitaram que gerações subsequentes de leitores aproveitassem seus trabalhos para diferentes fins, inclusive o de escrever.

Esses profissionais da literatura desenvolveram, cada um à sua maneira, um estilo de trabalho peculiar que incentiva outros escritores a desnudar sua própria personalidade de escrita.

Talvez por seu jeito autêntico de escrever, por suas obras literárias grandiosas e pelo significado que têm para muitos leitores, esses escritores renomados costumam ser lembrados de uma forma ou outra.

Nessa lista de frases a seguir, faltou a presença de centenas (senão milhares) de escritores que mereciam ter sido citados, mas não foram, porque a amostra aqui é pequena e os créditos são limitados.

Não só para escritores, mas também para atender a uma demanda popular de leitores, aqui estão 40 frases inspiradoras de escritores renomados como, por exemplo, Stephen King, George R.R. Martin, J.K. Rowling, J.R.R. Tolkien, Ernest Hemingway, Charles Bukowski e George Orwell.

1. Stephen King

“Escrever não é sobre ganhar dinheiro, ficar famoso, conseguir encontros, transar ou fazer amigos. Escrever é magia, tal como é a água da vida ou qualquer outra arte criativa. Essa água é de graça, então beba-a.”

2. J.K. Rowling

“Palavras são nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de ferir e de curar.”

3. George R.R. Martin

“Todo voo começa com uma queda.”

4. J.R.R. Tolkien

“Nem todos que vagam estão perdidos.”

5. Friedrich Nietzsche

“O destino dos homens é feito de momentos felizes, não de épocas felizes.”

6. George Orwell

“A escrita não é um negócio sério. É uma alegria e uma celebração. Você deve estar se divertindo com isto.”

7. Oscar Wilde

“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.”

8. Dan Brown

“Às vezes, basta uma pequena mudança de perspectiva para vermos algo familiar a uma luz completamente diferente.”

9. Charles Dickens

“O coração humano tem cordas que é melhor não tocar.”

10. Malcolm Gladwell

“Quem nós somos não pode ser separado de onde viemos.”

11. Edgar Allan Poe

“Aqueles que sonham acordados têm consciência de mil coisas que escapam aos que apenas sonham adormecidos.”

12. Scott Fitzgerald

“Nada tão bom não é difícil.”

13. Charles Bukowski

“Escrever é como ir para a cama com uma linda mulher.”

14. Søren Kierkegaard

“A decepção mais comum é não podermos ser nós próprios, mas a forma mais profunda de decepção é escolhermos ser outro antes de nós próprios.”

15. Viktor Frankl

“A tentativa de desenvolver um senso de humor e ver as coisas sob uma luz bem-humorada é algum tipo de truque aprendido ao se dominar a arte de viver.”

16. Mark Twain

“Daqui a alguns anos, você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte as amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra.”

17. Isabel Allende

“Mostre-se, mostre-se, mostre-se e, depois de um tempo, a musa aparecerá, também.”

18. Confúcio

“A única maneira de não cometer erros é fazendo nada. Este, no entanto, é certamente um dos maiores erros que se poderia cometer em toda uma existência.”

19. Henry Miller

“Trabalhe em uma coisa de cada vez até terminá-la. Não fique nervoso. Trabalhe com calma, alegremente e de forma prudente sobre o que estiver na mão. Plante uma semente a cada dia, em vez de adicionar fertilizantes.”

20. Sun Tzu

“As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas.”

21. Nicolau Maquiavel

“Todos veem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é.”

22. Leandro Karnal

“Ser louco é a única possibilidade de ser sadio nesse mundo doente.”

23. Zadie Smith

“Evite seus pontos fracos, mas faça isso sem dizer a você mesmo o que não pode ou não deve fazer. Não mascare autodúvida com desprezo.”

24. John Steinback

“Abandone a ideia de que você está cada vez mais terminando algo.”

25. E.B. White

“Escritores não se limitam a refletir e interpretar a vida: eles informam e moldam-na.”

26. Ernest Hemingway

“Como escritor, você não deve julgar. Você deve compreender.”

27. Mary Gordon

“Enquanto exaustivamente nos perdemos nos vórtices de nossos próprios inventos, nós desabitamos o mundo corpóreo.”

28. Mário Sérgio Cortella

“A tragédia não é quando um homem morre. A tragédia é o que morre dentro de um homem quando ele está vivo.”

29. Zygmunt Bauman

“A vida é muito maior que a soma de seus momentos.”

30. Immanuel Kant

“Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.”

31. Jack Kerouac

“A beleza das coisas deve ser que elas tenham um fim.”

32. William Faulkner

“Nada pode destruir o bom escritor, exceto a morte.”

33. Vladimir Nabokov

“Entre o lobo na grama alta e o lobo em uma grande história, há um intermediário. Esse intermediário, esse prisma, é a arte da literatura.”

34. Bertrand Russell

“Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade.”

35. William Shakespeare

“Nem palavras duras e olhares severos devem afugentar quem ama; as rosas têm espinhos e, no entanto, colhem-se.”

36. Marilynne Robinson

“Nós somos parte de um mistério esplêndido dentro do qual precisamos tentar nos orientar, se quisermos ter um senso da nossa própria natureza.”

37. Gabriel Garcia Márquez

“Se você quiser ser um escritor, deve ser um dos bons. Afinal de contas, existem melhores maneiras de morrer de fome.”

38. Lewis Carroll

“A única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível.”

39. Umberto Eco

“Nem todas as verdades são para todos os ouvidos.”

40. Fiodor Dostoievski

“O segredo da existência não consiste somente em viver, mas em saber para que se vive.

 

Você tem um plano D?

Você tem um plano D?

Toda época cria seus deuses, ideologias, crenças, manias. Teve época em quase todos os homens usavam chapéus. Época em que o diabo estava dentro, outra em que estava fora de nós. Época em que comer manga com leite matava e fumar era elegante.

Cada época também tem palavras e expressões próprias. Por exemplo, soa velho falarmos progresso, rodoviária, vitrola, grupo escolar, caixinha de música, virilidade, long-player, esposo, domar a natureza.

Hoje estão na crista da onda, no último furo: sustentabilidade, transparência, terminal, celular, mídia digital, link, conectividade, genoma, transgênico, transgênero, planejamento.

Este último, aliás, ocupa lugar de honra na vida contemporânea. Somos estimulados a planejar tudo, até o erro. Há de pôr no Excel gráficos de desejos e tabelas de estratégias.

Nos encorajamos a pensar em planos, etiquetados com as letras A, B e C. Sendo que o Plano A é o mais fácil de sonhar e o mais difícil de realizar. Ele responde àquela pergunta: O que você quer ser quando crescer?

Ok. Se você respondeu astronauta prepare-se para ter um Plano B. Algo que seja similar, parecido, genérico. Que tal piloto de avião? Ou astrônomo? Pois, cá para nós, quantas naves espaciais transitam pelos céus?

Se respondeu a mais bem sucedida top model do mundo comece a avizinhar-se do picadeiro real. Esse é cheio de obstáculos, ciladas, conflitos, indiferenças. Fique preparada para redesenhar seu sonho. Ou até mesmo a redimensioná-lo.

O Plano B deveria ser item obrigatório nas nossas vidas. Ele é uma espécie de âncora. Não realiza a grande viagem, mas também não nos tira do mar. De alguma maneira nos deixa ver o horizonte.

E se âncora se despregar do barco? Aí entra o Plano C. A terceira tentativa de se manter fiel ao desejo íntimo. Quando acionamos o Plano C nem nos lembramos mais do A. Oh, vida!

Mas o Plano C é o mais gracioso de todos. É quando nem você e nem os outros esperam muita coisa de você. Então estamos aptos a abandonar gráficos e tabelas. Livres para navegar possibilidades sem fim. Sem medo algum de se arriscar num grande Plano D.

Série ilustrada retrata palavras intraduzíveis sobre amor

Série ilustrada retrata palavras intraduzíveis sobre amor

Emma Block, ilustradora britânica, conseguiu retratar o amor em seus desenhos. São palavras inexplicáveis de diferentes línguas do mundo.

Com sua série ilustrada “Untranslatable Love Words” ela explicou muitos dos sentimentos dos apaixonados.

Você conseguiria traduzir o famoso CAFUNÉ para alguém de outro país? Esse é o intuito da artista.

Confira e se apaixone:

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O sentimento de saudade quando está longe da pessoa amada, pode ser explicado pela palavra ‘dor’, em Romeno.

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Deslizar os dedos no cabelo de quem você ama, o ‘cafuné’ em Português.

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O orgulho que você sente quando amado por alguém, ‘naz’ em Urdu.

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Alguém que só tem um amor em sua vida, ‘odnoliub’ em Russo.

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A promessa de um amor eterno, ‘hai shi shan meng’ em Chinês.

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A força que nos une, ‘yuanfen’ em Chinês.

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Encostar suavemente a ponta de seu nariz no pescoço da pessoa amada, ‘cheiro no cangote’ em Português.

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O sentimento de alegria quando você se reencontra com a pessoa amada após uma longa separação, ‘retrouvailles’ em Francês.

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A falta de apetite quando estamos apaixonados, ‘manabamáte’ em Rapanui.

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A troca de olhares entre duas pessoas tímidas o bastante para não tomarem iniciativa, ‘mamihlapinatapei’ em Yagan.

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Quando você conhece alguém por quem você sabe que é destinado a se apaixonar, ‘koi no yokan’ em Japonês.

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Uma flechada de amor à primeira vista, ‘flechazo’ em Espanhol.

Não se leve tão a sério! Ironize-se.

Não se leve tão a sério! Ironize-se.

Não leve a vida tão a sério que isso pode fazer desandar a massa dos dias.

Pode ser que fique difícil de acordar de manhã com a chatice do despertador, pode ser que vire um porre ver a própria expressão sisuda e grave num espelho que não sabe fazer piadas. Pode ser que suportar a própria companhia vire um fardo.

Não leve a vida tão a sério, dê risadas das pequenas tragédias, deboche com coragem, ironize os dramas. Há sempre um lado cômico nesse monte de merda a sua volta. Veja que essa postura ereta, esse nariz empinado, esse andar apressado transformam sua vida num roteiro cinza e fastidioso.

Não se leve tão a sério, se permita brincar, rir da própria cara, com amor, mas com senso de humor. O papel de vítima é fácil, mas é tão manjado, já nem chama mais a atenção, se era essa a sua secreta intenção. Antes de reclamar do sapato, tire-o, antes falar mau de tudo e todos, olhe-se, antes de listar tudo que te pesa, dê uma risada alta, sem razão.

Melhor ser um palhaço, explorar as próprias dores como uma piada, melhor contar as próprias desgraças pela veia cômica. Debochar do absurdo. Porque a mesma coisa que te fez chorar pode ser um bom assunto para uma mesa de bar. Porque o legal de se ferrar é ter a cara lavada para contar e chocar essa gente parca.

É muito bom vestir as carapuças escancaradamente, e assim, sem querer querendo, convidar as pessoas a despirem as próprias máscaras. O mundo está precisando de gente que explora e expõe isso que é chamado do nosso lado ridículo.

Que esse baile de gala dos sérios é muito sem expressão e causa no mínimo bocejos.

Admiro mesmo o sarcástico, o irônico e o debochado. Quem não passa pela vida ileso.

A gente já sabe falar mal de todo mundo tirando sarro, do governo ao companheiro de trabalho, está na hora de fazer o mesmo consigo mesmo.

E isso não é auto-bulling, é tirar o peso. É levar a vida numa leve.

Experimente rir de si mesmo. Pode salvar uma alma!

“Solitude”: quando somos a nossa melhor companhia

“Solitude”: quando somos a nossa melhor companhia

Quando somos a nossa melhor companhia, não nos sentimos vazios, tampouco desesperados por ter alguém ao nosso lado, custe o que custar, pois nos tornamos resistentes ao que é fraco, insosso, falso, ao que faz mal.

Estamos vivendo a era da solidão, em que as relações virtuais imperam, ao lado da desconfiança do outro, em vista da competitividade que permeia todos os setores de nossas vidas. Para não fugir ao chavão que caracteriza as relações sociais contemporâneas, somos solitários em meio a multidões.

Cada vez mais ansiosos por consumir e por obter os bens materiais que nos conferem status e sucesso, aumentamos nossos horários de trabalho para além do saudável, acumulando serviços e subjugando nossa rotina ao cotidiano maçante dos papéis e reuniões em nada prazerosos. Sobram-nos, assim, míseros minutos para desfrutarmos do que podemos comprar e de quem faz toda a diferença em nossa jornada. E, assim, muitas vezes não encontramos tempo para relacionamentos amorosos.

No entanto, estar sozinho não é necessariamente algo ruim, muito pelo contrário. O tempo que gastamos conosco é precioso e deve fazer parte de nosso dia-a-dia, caso não queiramos nos perder em meio à frieza das companhias interesseiras. Quando nos reservamos um tempo a nós mesmos, somos capazes de refletir com clareza sobre o que estamos ou não fazendo de nossas vidas. E isso nos provoca mudanças positivas, trazendo-nos segurança.

É preciso, portanto, que gostemos de nós mesmos ao ponto de jamais sentirmos solidão, pois o amor-próprio nos afasta de qualquer tristeza, visto então estarmos inteiros, completos e satisfeitos com o que somos. É preferível estarmos sozinhos, mas seguros e confortáveis, a ficarmos acompanhados por quem não nos completa, não traz verdade nem inteireza. Bastar-se a si mesmo é o primeiro passo para não se entregar a relacionamentos tóxicos.

Num mundo em que os interesses desatrelados de afetividade reinam soberanos, não é difícil nos depararmos com pessoas que se aproximam apenas movidas por desamor. Não podemos aceitar nada que não se embase pelo amor, por sentimentos sinceros, por desinteresse material. Para tanto, precisaremos nós também nos desapegarmos da supervalorização das posses, para que alguém possa ficar e fazer morada junto a nós de corpo e alma.

Quando somos a nossa melhor companhia, não nos sentimos vazios, tampouco desesperados por ter alguém ao nosso lado, custe o que custar, pois nos tornamos resistentes ao que é fraco, insosso, falso, ao que faz mal. Porque então nos conheceremos tão bem, que não permitiremos que ninguém coloque em dúvida nossas certezas. Afinal, dessa forma é que estaremos felizes e cheios de amor para dividir, mesmo que seja com ninguém mais do que nós mesmos.

Se a vida é uma folha em branco, risque-a até a última gota de tinta da alma

Se a vida é uma folha em branco, risque-a até a última gota de tinta da alma

Não sabemos quanto tempos possuímos na terra, muito menos temos a capacidade de ter a compreensão completa do mundo que nos cerca. Chegamos a um mundo estranho e na maior parte do tempo avesso aos nossos sonhos. Chegamos como uma folha em branco, sem qualquer rabisco ou cor, sem amassos ou rasuras, e quando nos damos conta, o tempo para preenchê-la acabou e a deixamos em branco, da mesma forma que a encontramos quando chegamos, sem sinal de vida, sem qualquer desenho ou palavra, em uma história triste de um silencioso nada.

Estamos sempre com pressa, preocupados com banalidades que não dizem nada a respeito de uma pessoa. Acostumamo-nos com a dor e pouco a pouco vamos nos esquecendo do prazer. Perdemos a capacidade da observação, de olhar e enxergar as belezas presentes no mundo, enxergar as delicias que nos fazem gozar e nos prendem à vida.

Vamos ficando engessados e medrosos conforme vamos envelhecendo. As feridas que acumulamos se transformam em crostas de dor que nos aprisionam e nos impedem de sentir. Ficamos presos dentro dos nossos monstros e nos entregamos à escuridão. E, assim, a vida passa sem nos darmos conta, como se estivéssemos no piloto automático, e a folha vai se tornando mais amarelada e sem vida.

É tolice deixar que o medo nos suplante e os fracassos desnutram a nossa alma. Se a vida é uma folha em branco, devemos riscá-la até a última gota de tinta que nos resta. Sem medo das quedas que inevitavelmente iremos sofrer, afinal, o que há de tão ruim em cair e se ferir? Enquanto caímos e nos ferimos, continuamos a ter cor dentro de nós e permanecemos com a bela capacidade de sentir. Obviamente há dor, mas a dor é o que nos faz mais fortes e nos permite encontrar as verdadeiras felicidades que não são perceptíveis para os que não possuem a capacidade de sangrar.

Lembrando Kafka – “Se você não achar nada nos corredores, abra as portas”. Sempre há novas saídas, novas possibilidades, novas descobertas, novas tintas a serem experimentadas. A vida possui possibilidades infinitas para quem está disposto a procurá-las e alegrias inimagináveis nas simplicidades cotidianas, escondidas no silencioso desespero dos ecos de palavras não ditas.

A vida nunca é uma obra de arte encerrada, mas antes uma reinvenção constante, cheia de magia e tristeza, em proporções desproporcionais, incompreensível a pequena medida que somos. Sendo assim, é preciso coragem para se equilibrar no fio da navalha, para fazer de cada desilusão o combustível para ultrapassagens e, acima de tudo, para da falta de algumas tintas inventar novas cores e da falta do pincel transformar os dedos em grandes gizes de aquarela.

A reinvenção é condição necessária para que folhas em branco sejam transformadas em belas obras de arte, marcadas por traços finos e vibrantes, mas também por rasuras, alguns borrões e coisas indecifráveis. Podemos decidir não encontrar a dor ou por sua causa ficarmos sufocados pelas poesias entaladas na garganta. Podemos ficar desencorajados a continuar pintando pelas intermináveis pedras que aparecem nos nossos caminhos. Podemos chegar ao fim da vida com folhas em branco ou com apenas alguns borrões, que nunca foram passados a limpo por medo de continuar se sujando. Mãos limpas não constroem quadros bonitos, porque para se fazer arte é preciso estar disposto a se sujar.

Se a vida é uma folha em branco não perca a oportunidade de transformá-la, a todo o momento, independente das circunstâncias, em algo que seja permanente e supere a nossa finitude, pois o fim, bem como as pedras, não é avisado e papel em branco não possui vida, portanto, é amassado, esquecido e jogado fora, como uma história triste de um silencioso nada.

RESUMO:
A vida nunca é uma obra de arte encerrada, mas antes uma reinvenção constante, cheia de magia e tristeza, em proporções desproporcionais, incompreensível a pequena medida que somos. Sendo assim, é preciso coragem para se equilibrar no fio da navalha, para fazer de cada desilusão o combustível para ultrapassagens e, acima de tudo, para da falta de algumas tintas inventar novas cores e da falta do pincel transformar os dedos em grandes gizes de aquarela.

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