Viver “Sem Medo de Viver”

Viver “Sem Medo de Viver”

O que é viver? Em 1993, Sem Medo de Viver (Fearless) estreou nos cinemas dialogando com essa possibilidade. Indo na contramão do provérbio “para morrer basta estar vivo”, o filme protagonizado por Jeff Bridges, corrompe essas barreiras que, por vezes, nós imaginamos estarmos enclausurados.

Na trama, Bridges vive o arquiteto Max Klein, um dos poucos sobreviventes de um trágico acidente aéreo. Mas Klein é diferente. O acidente transforma-o. No lugar do medo típico, a personagem atravessa a linha tênue mais desafiadora – a coragem de colocar-se acima do destino. Mas a mudança não ocorre por um senso de divindade. Klein simplesmente desperta para um único objetivo que é o de viver plenamente. Saborear cada experiência de forma única e sublime. Sem ressalvas. Sem privações. Acontece que, a metamorfose gera conflitos com a sua esposa e filho. Eles não entendem. Ninguém entende. Tentando ajudar, um psicólogo (John Torturo), o coloca em contato com outra sobrevivente que não enxerga a fatalidade sob o mesmo olhar. Carla Rodrigo (Rosie Perez), uma mãe acometida pela perda do filho na queda do avião. E nessa troca absurda à primeira vista, nasce uma cumplicidade além dos conhecimentos e sentimentos dos familiares de ambos e até mesmo do próprio psicólogo.

A direção ficou por conta do denso Peter Weir, cineasta sensível nos aspectos direcionais administrados para os seus atores. O roteiro de Rafael Yglesias casa perfeitamente aos sentidos exacerbados nos diálogos pulsantes e os belíssimos planos conduzidos por Weir. Por si só, Sem Medo de Viver carrega uma condição daquilo que poderíamos chamar de uma aventura sobre a vida. É também sobre escolhas. O debate e a premissa, aparentemente espiritualista e filosófica, certamente não seria um mal veredicto se cada passagem transcorrida na produção também não agregasse um viés de autoconhecimento e assertividade. É a mais pura demonstração de resiliência e capacidade de nós, enquanto seres humanos, de realmente vivermos fora do manto mundano e rotineiro com o qual somos apresentados desde o nosso nascimento.

Absolutamente coeso e emocional, Sem Medo de Viver é um deleite visual e afetivo dos mais sinceros. Demanda, talvez, uma certa abertura de quem assiste para poder imergir na poesia e nos diferentes aspectos disseminados. Mas não há restrição alguma ao coração. Faz bem para todos os desígnios imaginados dos quais sejamos apreciadores ou praticantes, diga-se. Uma obra-prima pouco reconhecida e conhecida por grande parte do público, infelizmente.

Morte, eu te absolvo

Morte, eu te absolvo

A primeira reação é sempre desconcertante, aguda, sem resposta na linguagem humana.
A morte chega e leva alguém nosso. Não do outro, mas nosso.
Por vezes ela avisa, em outras, sugere, na grande maioria, surpreende.

E encontrar uma lógica no meio de lágrimas e lembranças é de uma missão dolorosa.

Mas há lógica, há razão, há sequência, é consequência. As religiões consolam, a medicina explica, a idade muitas vezes justifica, o sofrimento anterior assina e carimba.

A morte de alguém que a gente ama é exatamente a dimensão do vazio que ela deixa.
A gente chora a nossa orfandade mais do que a partida do nosso amor.
A gente culpa a morte por esse sentimento tão incômodo, avassalador e conclusivo. Ela dita o ponto final enquanto a gente ainda está se enroscando nas reticências e exclamações.

Esta semana eu me deparei com a morte. Ela se apresentou súbita, apressada,decidida. Cumpriu sua tarefa num instante e se foi.
Num primeiro instante, a impressão foi de que ela bagunçou tudo e não ficou para ajudar a arrumar. Mas, com as emoções mais tranquilizadas, tudo ficou mais claro e, dessa forma, foi possível entender a delicadeza da partida, a sensação de missão cumprida, de tempo esgotado na esfera da vida que nós conhecemos.

Diferentemente das mortes violentas ou precoces, quando não há argumentos para justificar, a morte que chega em missão de finalizar realmente uma jornada, esta morte é quase generosa. Ela não alardeia nem confessa, mas traz alívio e descanso.

A morte há muito assume uma culpa que não lhe pertence. Ela unicamente cumpre o que lhe é imposto. E o tempo, sorrateiramente passa impune, sem chamar para si a atenção e responsabilidade. O tempo é o mandante, a morte é o executor.

E como são felizes os que podem se despedir com o imenso sentimento de que nada faltou à vida que se despede. Que o amor sempre prevaleceu e ficará eterno na forma de saudades.
Morte, eu não te culpo por me tornar mais órfã. Desta causa, eu te absolvo.

Carta aberta ao motoboy que quase me atropelou na calçada.

Carta aberta ao motoboy que quase me atropelou na calçada.

Caro senhor motociclista,

O senhor bem sabe como andam as coisas. A gente precisa correr contra o tempo. Tem de acelerar, manter o ritmo, o emprego, as contas em dia. Pois foi por isso mesmo que eu caminhava apressado, inda agorinha, e não vi o senhor e sua motocicleta vindo na direção contrária, acelerando sua máquina na calçada para fugir do trânsito cheio da rua nervosa.

Tenha a bondade de me perdoar o mau jeito. Embora em direções opostas e em veículos diferentes – vossa senhoria numa Honda e eu num All Star – estávamos os dois na mesma situação, muito mais do que na mesma calçada. Somos peças de uma mesma engenhoca. Corremos com os mesmos prazos, fugimos dos mesmos credores, sofremos decerto as mesmas inseguranças. Estamos no pique.

Juro que não foi minha intenção atrapalhar a sua passagem pela calçada onde, segundo as leis de trânsito, só devem andar os pedestres. Mas quem é que liga para as leis neste país, não é mesmo? Eu é que devia prestar mais atenção, aguçar os ouvidos, olhar para um lado e para o outro antes de pisar na calçada, apelar ao meu sexto sentido. Estivesse eu atento, podia ter saltado mais cedo para cima de uma árvore a fim de deixar o passeio livre para sua máquina correr à vontade.

Faço fé que o senhor há de entender que eu também estava com pressa. Confesso: por um instante eu tive a impressão de que a sua motoca desviaria ou frearia na minha frente. Mas eu me enganei. O senhor apertou a buzina, acelerou ainda mais e só não passou por cima de mim porque eu fui praticamente um ninja. Ah, eu mandei muito bem! Provei, impecável, a perfeição dos meus reflexos. Fui capaz de um malabarismo intuitivo, um jogo de corpo primoroso, e evitei nosso encontrão violento.

Deve ter sido a chamada memória do corpo. Na hora exata, meus músculos se lembraram dos anos em que eu ainda não era um sedentário, retornaram à boa forma dos anos em que eu nadava, pulava, corria, levantava peso. E por um segundo me tornaram um vigoroso ginasta, veloz, habilidoso e certeiro em escapar do meu algoz. Se não foi isso, meu caro motoqueiro, foi Deus. Aliás, foi Ele mesmo.

Eu acredito. Eu agradeço. E eu peço a Deus que ilumine os milhares de pedestres deste Brasil tão cheio de calçadas. Que eles não atrapalhem o trabalho honesto dos nossos motoboys, não é mesmo? Que não cometam o erro que eu cometi inda agorinha. Você ali, querendo acelerar sua moto em paz entre os transeuntes, e eu atrapalhando o seu caminho, como o mais banal e aborrecido andarilho desatento. Queira então aceitar minhas humildes desculpas.

A propósito, não conheço a senhora sua mãe. E reconheço que fui injusto ao usar um nome feio para invocá-la, logo depois de quase interromper a sua corrida pela calçada. Peço desculpas duplamente.

Tenha uma boa viagem!

Para cada emoção reprimida, uma nova angústia em nossa vida

Para cada emoção reprimida, uma nova angústia em nossa vida

Certa vez ouvi de uma professora, uma jovem de lindo sorriso e cabelos curtos, que ela tinha passado grande parte de sua vida sem sorrir.

Notando a perplexidade minha e a dos que estavam ao meu lado, a professora fez um breve resumo de sua história para nos contar mais sobre o riso que lhe foi censurado por anos.

Sua mãe quando ela era muito pequena foi internada em um hospital psiquiátrico e lá viveu por praticamente toda a vida, tendo sido a avó materna encarregada de sua criação. Essa avó era uma mulher muito dura e dentre as inúmeras afirmações que fazia, a mais usual, era a de que a neta, ainda menina, não tinha direito de rir, pois sua mãe vivia internada e merecia ter sua dor “respeitada”.

Então toda vez que aquela menina sorria, logo cobria a boca com as mãos em um gesto de censura por ver-se feliz.

Durante anos ela engoliu o riso e transformou-o em vergonha. Durante muito tempo essa menina sentiu-se culpada por ser feliz. “Como ela podia ser tão má?” “Por que por vezes o riso queria saltar-lhe da garganta, se tinha uma mãe que sofria?” Era o que se perguntava e por mais que tentasse se policiar, que tentasse não sorrir, nas raras vezes em que ela o fazia a avó estava lá para dizer-lhe que era uma péssima pessoa, que não tinha sentimentos.

A menina cresceu e junto dela seus demônios. A menina cresceu, a avó deu um passo para trás, mas ela ainda ouvia a velha senhora repreendê-la pelo riso. A menina que engolia o riso, se transformou em uma mulher que achava que não merecia ser feliz. Afinal, sua felicidade vinha vinculada à tristeza de alguém que ela amava muito.

Não é preciso que a gente vá muito longe para perceber que a história da menina que não podia sorrir também conta um pouco da nossa história nesse mundo agitado, deveras confuso, e cheio de muita censura.

Acho muito importante que tenhamos a liberdade de rir e de chorar nossas dores, respeitando as dos outros obviamente, mas não nos negando aquilo que é genuinamente nosso: o direito à felicidade ou à tristeza espontânea.

É bastante comum ouvirmos de outros, enquanto sorrimos, que existem pessoas a sofrer no mundo ou, enquanto choramos, que alguns passam por situações muito mais difíceis.

Não podemos ignorar as verdades do mundo, mas não devemos nos negar um contato íntimo com nossas emoções. Esse contato é muito importante, pois pode evitar que conteúdos inconscientes passem a dirigir nossas vidas para um rumo indesejado.

De acordo com a psicanálise tudo que reprimimos acaba indo para a nossa sombra. Jung e Freud definiram bem essa nossa bagagem inconsciente e sua influência sobre nossa vida.

Para Jung a sombra provinha do inconsciente coletivo, para Freud de experiências vividas na infância e independente da origem atribuída à sombra, cada um de nós tem a sua.

A nossa sombra é como uma sacola onde colocamos, desde muito pequenos, tudo aquilo que aprendemos como não apropriado. Nessa sacola, podem existir sentimentos bons e ruins. No caso da professora a felicidade acabou indo para sua sombra.

O problema acontece quando conteúdos psíquicos duramente reprimidos se transformam em complexos que podem adquirir autonomia, tornando-se imunes à ação da nossa consciência.

Nessas condições, alguma coisa parece nos levar para uma direção quando gostaríamos, na verdade, de ir para outra, fazendo não aquilo que achamos, em consciência, ser o melhor para nós, mas o que as forças inconscientes da nossa sombra nos ditam.

Comportamento obsessivos compulsivos, vícios, emoções, atitudes repetitivas e incontroláveis e somatização de dores físicas podem estar diretamente ligadas a nossa sombra.

Eu não sei da vida sentimental da minha jovem professora, mas pode ser que ela, antes de tornar consciente aspectos de sua sombra, tenha escolhido como parceiros amorosos pessoas que lhe tenham causado extrema tristeza e desgosto. Essa seria para ela uma forma de impedir sua felicidade e consequentemente garantir o “respeito” a sua mãe, de acordo com o que lhe foi imposto pela avó.

Quando nossa sombra se projeta em nosso parceiro sentimental, ela pode fazer com que tenhamos relacionamentos afetivos penosos e destrutivos, que estejam muito longe de onde nossa consciência diz ser o mais acertado para nós. Relacionamentos que geralmente se repetem com frequência. O mesmo pode acontecer com um emprego ou com uma meta de vida, por exemplo.

Bem citou Jung que aquilo que não fazemos aflorar à consciência aparece em nossas vidas como destino. Se pensarmos bem, talvez não tenha sido o destino o responsável pelas repetições, muitas vezes inoportunas, de nossa vida.

Somente com uma análise cotidiana de nossos pensamentos e ações, com a nossa mente desperta, é que podemos tornar nossas decisões condizentes com o que realmente queremos para nós.

O autoconhecimento e a análise – feita por nós mesmos ou por um profissional – nos permite entender as diretrizes que nos levaram a colocar determinados aspectos em nossa sacola. Repreender nossa alegria ou nossa dor só nos tornará mais suscetíveis à ação desordenada da sombra que nos habita.

A negação em nada nos auxilia. Devemos aceitar que essa sombra existe em nós e torná-la clara a nossa consciência e assim enfraquecer seu poder sobre nossas decisões.

Temos o direito ao riso e à lágrima sim, mas ninguém tem a obrigação de ser feliz ou triste o tempo todo.

A minha professora buscou ajuda profissional de um psicanalista e novamente permitiu-se ser feliz, tirando a alegria e o riso de sua surrada sacola de conflitos sentimentais de tal maneira que passou a ministrar aulas de bem-estar físico e relaxamento.

Apenas tornando “consciente o inconsciente” é que podemos encontrar muitas das respostas para as questões que parecem se repetir em nossas vidas. Superando dessa forma complexos e problemas que muitas vezes fogem ao nosso entendimento racional.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Título original: “A menina que não podia sorrir e todos nós”

Continue sendo você. Alguém vai te amar por ser exatamente assim.

Continue sendo você. Alguém vai te amar por ser exatamente assim.

Ei, menina! Fala pra mim quantas vezes você não achou que ia ser diferente? Que, sei lá, dessa vez iria dar certo, que dessa vez o frio na barriga não seria em vão e que seus domingos à tarde seriam menos entediantes? Quantas vezes você achou que o inverno seria mais aconchegante e que o adeus não chegaria nunca?

Nunca estamos livres de trombar com alguém especial e isso acontece em várias fases e momentos da nossa vida, mas nem sempre esse alguém especial vem para ficar, nem sempre o sentimento brotado consegue crescer e então vem a difícil e complicada tarefa de fazer morrer aquilo que insiste em florescer.

E então vem a tarefa árdua de controlar os nossos impulsos, de deixar o celular de lado, de chorar em silêncio para ninguém ver, de parecer bem quando, na verdade, nada está bem. Vem a difícil tarefa de tentar esquecer os nossos “porquês”.

E, depois de se recompor, de um jeito desajeitado e confuso, você é surpreendido novamente por algo novo, forte o suficiente para abalar com toda a sua rigidez. E então você hesita em recomeçar, dá passos lentos, mas resolve ir. Tudo para estar maravilhosamente bem, quando algo dá errado, e, nesse momento, parece que tudo volta à tona e você revive as mesmas marcas e cria novas feridas. E, sempre que algo de bom aparece, você está com os olhos tampados pela dor. Priva-se de viver algo novo por medo de se machucar e porque já não acredita mais que será diferente.

Quantas vezes eu, você, nós, não demos um passo em falso. Quantas vezes você achou que aquele cara iria ser aquele que domaria seus medos e acalmaria a tempestade que há em você.
Eu já quis mudar meu jeito para agradar, já achei que o problema fosse meu, que eu não tinha a risada mais engraçada, já pensei que a minha conversa não era das mais agradáveis, que o meu sorriso nem era tão bonito assim. Já quis me enquadrar num perfil para ver se, assim, ele olhava pra mim, ou talvez se eu gostasse de tal música ele me acharia interessante.

Demorei pra perceber que, para um novo ciclo começar em nossas vidas, é preciso ser forte o suficiente para ser quem somos, quem sempre seremos. Antes de embarcar nessa tal aventura do amor, eu preciso ter coragem para ser a garota da risada escandalosa, eu preciso ter coragem pra ser a garota que gosta de dar presentes e que exagera, às vezes, no quesito amar. A garota do pijama velho e com um bom humor matinal que chega a ser irritante, a garota com um jeito todo desastroso de ser, mas que sabe amar como ninguém. A garota que sabe ser companhia quando a tempestade vem e que abraça como quem não quer deixar partir.

E então eu entendi que, antes de esse tal amor chegar, eu precisava me valorizar mais e isso não tem nada a ver com egoísmo e orgulho. O amor não consiste em deixar a essência de cada um se perder, ninguém precisa ser perfeito.

Repare em quem elogia o seu sorriso mais sincero, em quem aplaude as suas pequenas vitórias, em quem gosta das suas piadas mais sem graça, em quem o elogia mesmo você estando com a roupa mais simples. Repara em quem vê a beleza mais pura que há em você. E só então, o amor pode estar aí, tão perto. O amor pode estar naquilo que você nunca procurou ver. Talvez porque esteja com os olhos fechados, devido às tantas feridas e por achar que precisa ser diferente, que precisa trocar as roupas do seu guarda roupa, que precisa deixar de ouvir as músicas que ouve, que precisa esconder que gosta de “Procurando Nemo” e que chorou vendo “Rei Leão”. Alguém vai amar o seu desarrumado, vai rir do seu jeito bagunçado e vai gostar das suas loucuras. Alguém vai amar a sua paixão por comida e achar engraçado o quanto você gosta de dormir. Alguém vai amar você do jeito que você é.

Não deixe sua autenticidade de lado, não deixe o seu sorriso mais bonito, não deixe de contar suas piadas e nem de achar graça nas coisas bobas. Não deixe de chorar em um filme de romance; você não precisa deixar de ser você para encontrar alguém: você só precisa continuar sendo quem você é, com a sua alma bonita e seu jeito encantador. Você só precisa encontrar alguém que veja a verdadeira beleza que há em você.

Imagem de capa: wavebreakmedia/shutterstock

Ela é o caos

Ela é o caos

Ela é o caos. Ela é a tempestade disfarçada de calmaria. Ela é a dúvida disfarçada de certeza. Ela é tristeza no carnaval, ela é alegria nos dias de chuva. Ela se perde em multidões e ela se encontra ouvindo Los Hermanos. Ela gosta de silêncio porque sua mente a ensurdece. Ela aparenta ser gelada porque não quer que todos saibam dos vulcões que habitam sua alma. Ela é estranha. Ela entende os outros e muitas vezes não se entende. Ela é impulsiva, ela faz planos mas geralmente é o acaso que a guia.

Sua vida nunca foi cor-de-rosa, ela nunca foi chamada de meiga e nunca ficou calada ao ouvir absurdos. Ela é, ela ri, ela chora, ela briga e ela transborda. Ela não conhece o meio-termo. Ela é dos extremos opostos, ela é da corda bamba. Ela não troca o preto pelo rosa. Ela odeia e ela ama. Ela é açúcar e ela é sal. Parece ter coragens inesperadas mas seus medos existem e estão guardados a sete chaves. Ela prefere a determinação da segunda-feira ao tédio de um domingo. Ela prefere a dor da certeza ao incômodo do talvez. Ela é sim e ela é não. Ela tem as perguntas e ela tem as respostas. Ela possui mente forte e coração mole. Ela parece ser durona mas por dentro ela não é.

Ela sabe ser companhia mas ela também sabe ser solidão. Ela gosta da paz do seu quarto mas ela também ama a fúria do mar. Ela valoriza começos mas sabe que alguns fins são necessários. Ela se diverte muito mais em casa ou na sala de aula do que indo a festas.Ela fala muito e se arrepende. Ela se cala e se arrepende mais. Ela é coragem quando desgosta de alguém, ela é o medo quando gosta.

Ela não se ajusta ao comum e não atende às expectativas alheias. Ela chora quando esperam que ela sorria. Ela reage quando a dão por vencida. Ela revida após o último golpe. Ela se torna cinzas pra renascer depois. Ela vai ao inferno das emoções e volta ainda mais forte e brilhante.

Quando ela cala, sua mente fala e ela joga tudo em um papel. Ela é inverno e ela é verão. A estação das flores não é pra ela. Ela prefere a beleza do cacto, tão rústico e resistente. Ela é tudo ou nada. O meio-termo a desconcerta, terremotos a reconstroem. Ela até parece ser calmaria mas no fundo ela é o caos.

Sobre casas e corpos

Sobre casas e corpos

A melhor morada de alguém é seu próprio corpo. Cuidar-se bem é, antes de tudo, cuidar de seu lar. Esse conjunto de carne, ossos, pele e músculos é o que abriga nossa alma, nosso ser. A casa mais linda do mundo para se viver é dentro de si mesmo.

Um bebê em formação é uma casa em construção. Quando surge o desejo dos pais, a casa está na planta. Quando já existe no ventre da mãe, erguem-se as paredes. Na infância, a casa é mobiliada e decorada. Vida adulta, casa pronta! Mas não para sempre. Há que se reformar e redecorar de tempos em tempos para manter a qualidade do aconchego.

Como toda boa casa, o corpo necessita de cuidados. Faxina externa: tomar banho, manter cuidados com pele, cabelos, unhas e dentes, praticar exercícios. Essas ações garantem boa apresentação da estrutura do seu “prédio”.

Faxina interna: aprender a perdoar, fazer terapia, manter a autoestima em alta, meditar, refletir, conhecer-se e amar-se são ações que garantem a beleza na decoração do seu “ambiente interno”.

Em qualquer casa que se preze, amigos são muito bem-vindos, enquanto estranhos ou desafetos sequer são convidados. O corpo segue a mesma lógica: sentimentos bons devem ser sempre atraídos. Quanto aos inimigos de nossa alma, melhor deixá-los do lado de fora. O dono da casa escolhe quem entra. Visitas indesejadas a gente dá um jeito de despistar no portão.

Guardar-se para os íntimos é uma das atitudes mais sábias. Não expor o interior do lar para estranhos é vital. É preciso, antes, dar-lhes a chance de conquistarem a confiança necessária para que a porta seja aberta.

A casa da alma é algo precioso demais. Por isso mesmo, precisa de proteção. Agora, quando houver convidados dignos de acessarem sua morada, receba-os bem. Mostre às visitas o que seu lar tem para oferecer. O coração é um ótimo lugar para recepcionar pessoas queridas. Perfeita sala de estar e de permanecer.

Cuidar, com extremo carinho, da própria casa é muito importante. Igualmente importante é cuidar da casa dos outros como se fosse sua. Você também precisa ser digno de confiança para entrar no lar alheio. Quando for sua vez de visitar, procure não invadir. Colocar-se no lugar do outro é a cura para muitas mazelas do mundo. Seja você a visita que espera receber.

Sobre casas e corpos, percebo que ambos não fazem sentido sem um morador. Os dois não passam de carcaça. É o que está dentro deles que faz a diferença. E, em ambos os casos, o que está dentro é a vida. E a alegria dessas vidas é o que transforma qualquer casa em um lar.

Fotógrafo retrata moradores de rua tornando-se um deles

Fotógrafo retrata moradores de rua tornando-se um deles

Em 2008, o contador e fotógrafo inglês Lee Jeffries esteve em Londres para correr uma maratona. No dia anterior à corrida, ele passeou pelas ruas do centro da cidade a fim de tirar algumas fotografias.

Perto de uma viela escura, ele se deparou com uma moradora de rua com semblante desgastado, embora fosse jovem. Ela estava estirada em meio a um cobertor surrado e recipientes vazios de comida chinesa. Quando viu Jeffries passando, a mulher começou a gritar desesperadamente, chamando a atenção de todos os transeuntes próximos.

Jeffries poderia ter ignorado a mulher e seguido seu caminho, mas resolveu ir até o local onde a moça estava. Sentou-se ao lado dela, ambos começaram a conversar. O fotógrafo descobriu que ela tinha 18 anos de idade e era viciada em drogas desde que seus pais morreram. Órfã e sem ninguém disponível para ampará-la, não lhe restou alternativas senão ir para as ruas.

Essa experiência teve um profundo impacto em Jeffries. A partir dela, ele definiu qual seria sua abordagem fotográfica: criação de retratos autênticos de moradores de rua.

Ele não estava disposto a explorar essas pessoas e tirar fotografias delas como se fossem alvos indefesos, mas iria tentar se conectar com elas individualmente pela primeira vez, superando tantas barreiras de separação quantas pudesse.

Em um esforço consciente para estabelecer contato íntimo com cada um dos moradores de rua, Jeffries tenta se aproximar e conversar com eles da forma mais informal possível. Ele raramente toma notas ou registra seus encontros, não quer levantar suspeitas. O inglês deseja, principalmente, denunciar emoções espontâneas nessas pessoas.

Em entrevista à revista Time, ele afirmou:

“Eu preciso ver algum tipo de emoção em meus trabalhos. Especificamente, eu olho para os rostos dessas pessoas e, quando os vejo, reconheço-os e sinto-os, e então eu repito o processo outra vez.”

Jeffries não fotografa todo morador de rua que vê. Ele precisa perceber nessas pessoas algo relacionado à emotividade que suas fotos demandam. Antes de tirar as fotos, ele procura estabelecer uma conexão com essas pessoas. A dor e o sofrimento deles se tornam seus; o reconhecimento das emoções nos olhos deles é projetado em sua própria alma. Jeffries é aceito pelos mendigos, porque demonstrou que pôde genuinamente compreendê-los.

“Eu vivo com essas pessoas por dias, às vezes semanas e, somente quando o respeito mútuo é desenvolvido, eu uso a câmera.”

É notável o grau de empatia praticado por esse fotógrafo. Ele sente curiosidade, carinho e amor por todos os moradores de rua, talvez pelo fato de que eles dão forma à sua arte, bem como sua arte lhes promove um raro senso de importância.

O desejo de Jeffries por fotografar é iminente. Para ele, capacidade técnica é fundamental para qualquer vocação, mas isso não significa nada sem paixão. Em suas fotos, ele busca transformar sua solidariedade por moradores de rua em respeito, pois a grande maioria das pessoas ignora ou desrespeita mendigos.

“Eu sinto que estou pisando no mundo deles. Todo mundo passa por moradores de rua como se fossem invisíveis. Eu estou percorrendo o medo, na esperança de que as pessoas percebam que estas pessoas são como eu ou você.”

Jeffries captura mais do que fotografias; sua percepção sobre os moradores de rua é transformacional. Em suas fotos, ele oferece experiências de alegria e significado para pessoas que, invariavelmente, estão fora de perspectiva. Ele faz dos sujeitos das fotos protagonistas, condição que não estão habituados a exercer.

A maneira como ele processa suas imagens – contrastando o uso de luz e sombra – é uma referência direta às implicações religiosas que ele sentiu enquanto fotografava mendigos em Roma.

Suas fotos, embora feitas em ambiente digital, relacionam-se mais com as impressões de tradição analógica.

A iluminação nas fotografias serve para realçar os olhos e avivar as microexpressões dos moradores de rua, efeito que as torna bastante minuciosas por demonstrar todas as suas características distintivas.

As fotos emblemáticas de Lee Jeffries são livros abertos nos quais é possível explorar, com muita imaginação, histórias de pessoas que precisam suportar a rejeição, o desprezo e preconceito por viver refugiadas nas camadas mais periféricas da sociedade. Sim, esse projeto de Jeffries é de cunho social, e suas raízes estão na reportagem tradicional.

“Minhas imagens são destinadas a entrar em ressonância com o espectador em um nível espiritual, humano e metafísico, atributos que contam sua própria história. Eu tento provocar uma resposta criativa e inteligente com referências puramente visuais.”

Esses retratos poderosos têm sido notados em todo o mundo devido ao seu senso de caridade e preocupação com grupos de exclusão. As imagens são espalhadas por toda a internet, em redes sociais.

O fotógrafo diz:

“Eu não posso mudar a vida dessas pessoas. Não posso usar uma varinha mágica, mas isso não significa que eu não possa tirar fotografias delas, sensibilizar e tentar chamar a atenção para sua situação.”

Autodidata e autofinanciado, Jeffries tem viajado três vezes por ano para Los Angeles, Las Vegas, Nova York, Paris, Roma e Londres, para trabalhar no projeto.

O entusiasmo e a originalidade de Jeffries fez com que ele ganhasse várias competições fotográficas. Todo o dinheiro ganho em premiações acaba sendo doado para filantropia, incluindo organizações sem abrigo e pessoas com deficiência. Como relatou à revista Time, o fotógrafo também se comprometeu a comprar o almoço de um homem que tinha perdido os dedos das mãos e dos pés por causa de uma infecção. Jeffries estima que já doou milhares de dólares para essas pessoas com necessidades urgentes, mas o que ele lhes ofertou em termos de humanidade, compaixão e perseverança é imensurável.

Praticamente todos os traços característicos nos rostos desses moradores de rua foram acentuados nas fotos por Lee Jeffries, o que ajuda a identificar as diferentes silhuetas. Alguns desses desabrigados parecem rudes, selvagens e hostis; outros, gentis, serenos e amáveis. Os olhares intensos de todos eles mostram as dificuldades da vida nas ruas. Veja:

contioutra.com - Fotógrafo retrata moradores de rua tornando-se um deles

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O Bojador de cada um

O Bojador de cada um

por Fernanda Pompeu

No belo poema Mar Português, Fernando Pessoa acerta na mosca com os versos: Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor. Que empreitada, meu xará, ultrapassar a dor! Pra quem matou a aula: localizado na costa do Saara Ocidental, hoje sob olho gordo do Marrocos, o Bojador funcionou como dramático obstáculo para os navegadores portugueses avançarem rumo às delícias açucaradas e douradas do Oriente.

O imaginário coletivo da época enxergava no atual Atlântico o Mar Tenebroso, onde para além do Cabo do Bojador viveriam criaturas fantásticas e assassinas, ondas tão altas que encostavam no céu, buracos dentro do mar que sugavam non-stop para o inferno.

Daí o Bojador também ser conhecido como o Cabo do Medo. Lendas, temores, fantasias só se desfizeram em 1434, quando o navegador português Gil Eanes e tripulação dobraram a paúra, o imponderável, o obstáculo. Veio o espanto: o que havia além do Bojador eram águas razoavelmente tranquilas e navegáveis.

A partir do feito de Eanes, Portugal disparou na corrida pelos mares. Desenvolveu incríveis tecnologias de navegação que engordaram sua ganância imperialista. Os marujos entenderam que os monstros não moravam no oceano, se hospedavam na imaginação. Graças à desmistificação dos monstros do Bojador, 66 anos depois, para azar dos nativos e sorte dos europeus, Pedro Álvares Cabral e tripulação avistariam o Monte Pascoal, no sul da Bahia.

Admiro essa história pelo o que ela tem de replicável. Afinal todos temos nosso Bojador. O entrave real ou imaginário que nos impede de avançar. O cabo que nos dá rasteira. Situação em que a gente diz Cheguei até aqui, mas não vou em frente. No meu caso, o Cabo do Bojador é a comercialização dos meus escritos. Produzo bastante, me exponho o suficiente nos blogs e redes sociais, mas não consigo fechar bons negócios. A grana que ganho é anoréxica.

É certo que nem sempre o Cabo do Bojador se refere a estorvos materiais. Muitas vezes ele está em área mais subjetiva das nossas dificuldades. Pode ser timidez que corta oportunidades, ego inflado que cega para realidades, poço de preconceitos que paralisa os passos, autocensura anestesiante. Ou quem sabe as incapacitantes modéstia e vaidade.

Mas, como na história de 1434, talvez o obstáculo que nos atrasa esteja superdimensionado pelo medo. Ou pela dor a que se refere Fernando Pessoa. Pode ser que águas calmas e bons negócios nos aguardem bem ali dobrando a esquina. Se uma hora eu ultrapassar meu Bojador, escreverei para vocês.

Consciência leve e pouca bagagem. Vida, agora é para valer!

Consciência leve e pouca bagagem. Vida, agora é para valer!

Charlie Chaplin um dia disse que a vida não permite ensaios. A minha, entretanto, teve incontáveis e ainda não posso garantir que eles já tenham acabado. Foram ensaios sérios e compenetrados, ensaios debochados, insolentes ou até desorientados. Não discordo de Chaplin. Justamente admiro sua determinação, mas não a carrego comigo como condição essencial.

Permiti-me cair no erro repetidas vezes, e, ainda depois de consciente, errar mais uma vez, ou mais.

Confundi irresponsabilidade com autonomia, desleixo com desânimo, procrastinação com sossego. Manipulei os argumentos, me especializei em desculpas, deixei o tempo deitar e rolar enquanto ensaiava uns passinhos vacilantes.

Mirei no objetivo de ter: ter conforto, ter segurança, ter a mais, ter demais. E quem disse que é possível se sentir confortável, ainda que o sofá seja um escândalo de gostoso, quando a alma está inquieta, dura, alerta! Foi munição demais para pouca batalha.

E a busca continuou, entre uma comprinha para aplacar a sede eterna e um dia inteiro na roda do hamster, sem produção, sem direção, sem satisfação.

Não é demais dizer que o cansaço de quem não sabe para onde está indo é infinito. Mesmo que a estrada vire logo ali, vagar na vida é estafa certa.

Então, depois de muitos arranhões e cabelos presos nas farpas das cercas que eu mesma construí, chegou a hora de botar tudo abaixo e conferir o que é a vida além das minhas próprias certezas.

Sem transformações aparentes, no entanto, com gigantescas mudanças internas, deixo presas na cerca apenas as culpas que já purguei, os balangandãs que não me enfeitam mais, todo adeus e boa sorte que já disse e também já ouvi, e, por fim, a ganância de ter de sobra, de reserva, de segurança para o dia em que o mundo for acabar.

Agora o caminho é o do papo reto, consciência leve e pouca bagagem!

E vida, aí vou eu!

Aprenda a fazer falta. Principalmente para quem sabe onde lhe encontrar

Aprenda a fazer falta. Principalmente para quem sabe onde lhe encontrar

Ontem, conversando com uma amiga pelo WhatsApp, ela me contando sobre o fim de um relacionamento, me disse: “Vou sumir. Fazer ele sentir falta”. E concordei, pois embora essa seja uma artimanha arriscada, é uma das únicas que pode dar certo.

De vez em quando o único remédio é sair de cena para o show continuar. Aprender a ser ausência quando tudo já foi dito, cobrado, explicado. Deixar de ser insistência para ser abstinência.

Controlar os próprios impulsos pode parecer simples, mas é uma das coisas mais difíceis de se conseguir. Tanta alegria dando sopa lá fora e a gente teimando em se fixar na pessoa que foi embora.

É preciso entender que enquanto você insiste em checar os horários em que o outro “visualizou por último” no WhatsApp, muita vida está acontecendo e sendo deixada pra trás.

É claro que no início vai ser mais difícil _ não é de uma hora pra outra que o coração entende as mudanças de planos e estações _ mas aos poucos, bem aos poucos, a gente aprende a fazer falta.

Suma do mapa de quem sabe onde lhe encontrar e até o momento não se importou; pra quem teve todos os seus sorrisos e nunca valorizou.

Saia de cena de quem você ouviu inúmeros “nãos” e nunca acreditou; de quem pouco se relacionou e muito se cansou. Do afeto pequeno que tanto lhe recusou e você sempre aceitou.

Suma do mapa de quem vive com dúvidas e nunca lhe teve como certeza; de quem não aprendeu a remar junto e agir com gentileza.

Aprenda a fazer falta para quem já se habituou à sua presença e desaprendeu a sorrir quando você aproxima. Pra quem se esqueceu como é boa a sua companhia e prefere se refugiar numa vida fria.

Fazer falta é segurar o impulso de procurar, vasculhar, perguntar. É frear a vontade de entender o que não dá mais para explicar ou de justificar o que não merece absolvição.

Fazer falta é não ligar, não mandar mensagens, não digitar o tal endereço na barra de contatos do email. É sair para se distrair com os amigos, dar uma corrida no parque, respirar fundo e encontrar sentido na solidão. É orar para o pensamento acalmar, não bisbilhotar o perfil da pessoa no Facebook, deixar de postar as próprias fotos com a intenção de ser visto à distância. É desistir de parecer bem quando não está bem, é cortar o cabelo para renovar o espírito, é ficar bem longe do celular enquanto toma um copo de cerveja ou uma taça de vinho. É, acima de tudo, agir com esquecimento para quem sempre pareceu esquecer você.

Torço para que minha amiga consiga sumir. Para que, sumindo, ela descubra se realmente faz falta. Para que, sumindo, ela descubra o quanto sua presença é importante ou não. Sumir é uma estratégia arriscada, eu sei. Mas também define muita coisa mal resolvida. Também traz as respostas que buscamos e nem sempre encontramos.

Nem sempre as respostas serão aquelas desejadas, mas no fim nos libertam a prosseguir com mais certeza, clareza… e amor próprio.

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Os conteúdos de nosso inconsciente no conto “O rei sapo”

Os conteúdos de nosso inconsciente no conto “O rei sapo”

O rei sapo, ou o príncipe sapo, é um conto de fadas famoso pela sua versão dos irmãos Grimm.

No conto uma princesa brincava com uma bola dourada que caiu dentro de um poço de onde ela não conseguia retirá-la. Eis que um sapo aparece e diz que para devolver a bola ela deveria cumprir três desejos dele: sentar-se à mesa com a princesa, comer de seu prato e dormir em sua cama. Ela então prometeu tudo porque estava muito triste com a perda da sua bola. Assim, que o sapo a trouxe de volta, a princesa esqueceu suas condições e ele teve que lembrá-la de sua promessa.

A cada vez ela obedecia com relutância porque o sapo é tão repulsivo que cada exigência era pior que a anterior. A última condição, então, de que o sapo dormisse na sua cama, a princesa nem queria ouvir falar, mesmo assim, o sapo entrou na sua cama, de onde ela o tirou e o jogou contra a parede. Nesse instante o sapo desapareceu e em seu lugar surgiu um Príncipe.

No conto temos os seguintes personagens: O rei e suas filhas, sendo a caçula sua favorita. Não há menção da rainha, portanto podemos supor que a atitude consciente, simbolizada pelo rei precisa de renovação, pois não há o casamento entre feminino e masculino, há uma ausência de Eros.

Nesse caso, a consciência se apresenta muito rígida, presa a regras, leis e normas. Falta flexibilidade, acolhimento e sensualidade.

A princesa é a heroína do conto, ou seja, ela é quem realizará o processo de transformação e renovação da consciência coletiva. Ela irá restabelecer o funcionamento normal e sadio da situação vigente, onde todos os egos estão desviando-se do padrão básico e instintivo da totalidade.

A princesa brinca com sua bola favorita e essa rola em direção ao poço. A bola simboliza aquilo que possui movimento involuntário e que se move e continua rolando mesmo com todas as vicissitudes, obstáculos e dificuldades do mundo material. Isso significa que uma parte do nosso inconsciente nos impele ao processo de individuação sem que precisemos forçar o processo. É algo espontâneo, como um desejo repentino, ou algo que “surge do nada” e altera o curso de nossas vidas.

A bola rola em direção a um poço com água. A água é símbolo das emoções e também do inconsciente pessoal. Nesse caso, algo provindo do inconsciente da princesa salta a consciência, trazendo um conteúdo emocional que deverá ser assimilado.

O poço é um local onde as pessoas costumam retirar água para matar a sede, ou seja, ele simboliza um caminho ao inconsciente que traz um conteúdo numinoso capaz de renovar a vida. O poço também tem uma simbologia feminina é a mãe terra que fornece a água da vida. Portanto é desse local que o feminino poderá ser renovado.

Mas desse local sai algo repugnante, um sapo. Na mitologia, o sapo é geralmente tido como um elemento masculino, que pode tanto envenenar como dar vida a alguém.

O sapo lhe devolve o brinquedo querido, em troca de comer e dormir com ela. Ou seja, ele quer ser plenamente aceito na vida privada como se fosse um ser humano.

Vários conteúdos de nosso inconsciente clamam por serem aceitos em nossa vida cotidiana, principalmente os arquétipos.

O sapo aqui representa o lado masculino da princesa que está reprimido e subdesenvolvido. Ele precisa participar da vida dela para que possa começar a ter uma expressão mais humana. Ele é o homem superior da psique feminina que ainda está por vir.

Uma mulher extremamente feminina costuma ter uma compaixão em excesso por tudo o que é desamparado, o que pode ser muito nocivo. Ela precisa desenvolver a objetividade de seu lado masculino e alguma vez terá de colocar para fora qualidades “viris”, mesmo que a principio seja de forma desajeitada. Pois quanto mais uma mulher é feminina, menos seu animus é agressivo e mais a vida tende a passar por cima dela.

Algumas versões do conto dizem que a princesa beijou o sapo. Mas se ela tivesse feto isso, não teria entrado em contato com sua agressividade e ele não teria se humanizado. Ao não ter compaixão por um ser que lhe aparece repugnante ela o transforma e o deixa se expressar. Ela não foi inutilmente agressiva!

O problema agora é encontrar um meio termo na expressão desse masculino em seu mundo feminino. Mas agora ela pode ser uma mulher mais completa e ser fecundada por seu masculino interior se tornando um ser criativo e com uma expressão mais objetiva no mundo.

Muito de quem somos é sobre quem amamos

Muito de quem somos é sobre quem amamos

O amor, esse sentimento profundamente desconcertante, inebria todos aqueles que provam de sua excelência.

Amar não é algo que nos acontece por acaso, mas uma habilidade artística conquistada da prática consistente e deliberada. A possível incapacidade de reconhecer esse aspecto de arte é uma das principais razões pelas quais o amor é tão entrelaçado com a frustração.

Não há um ser humano sequer que resista ao amor, embora alguns se esforcem bastante para afugentá-lo. Sem amor a vida seria, para todos os fins, desprovida de conteúdo.

Quem experimenta o valor do amor e, substancialmente, se dedica a nutri-lo, tem mais a ganhar do que perder. Por mais que a desilusão amorosa provoque a ruína de muitos, é a salvação para tantos outros.

Dalai Lama, durante uma entrevista, afirmou:

“Da minha própria experiência limitada, eu descobri que o maior grau de tranquilidade interior vem do desenvolvimento do amor e da compaixão.”

Amor, mesmo com imenso potencial de corromper e machucar, ainda é melhor do que nenhum amor. A vida necessariamente falta para quem do amor não prova.

É comum os casais, em suas horas apogeicas, manifestarem a todo o cosmos – eles – a potência desbravadora de seu amor. Cantam a formosura de suas sensações como andorinhas felizes desfilando num parque durante a primavera. Mas, se eles ousarem desmentir a falta que sentem um do outro, esse seria o primeiro passo para o enfraquecimento de seu gozo. Ninguém sente falta do que nunca teve e, se sente, não é falta. Os apaixonados que não se desgrudam e, mesmo assim, não se enjoam, assim livram-se da amargura da distância, mas em contrapartida precisam construir alguma ponte entre eles, de modo que não percam o costume de conquistarem-se e a memorar a consciência do que eram e no que se tornaram. Embora traga segurança, o amor genuíno necessita de ser exercido em liberdade.

Amor é evidência suficiente de que “o homem é algo a ser superado”. Há um sem-fim de incógnitas que o superam.

É verdade que quem ama sofre. Mas quem evita o amor também sofre. Entre os que amam e acabam por sofrer, há também os que sofrem por não amar. Parte de ser feliz é amar; ser feliz, então, também vem de sofrer.

Certa vez, o escritor e dramaturgo francês Victor Hugo disse:

“Vós, que sofreis porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele.”

Os poetas, por exemplo, estão sempre falando sobre amor. E há aquele senso comum sobre como eles são inclinados para a melancolia. Mas é difícil alguém não se tornar poeta quando o amor lhe toma conta.

Há uma curiosa ligação entre amor e loucura. Como se sabe, as pessoas são capazes de cometer todo tipo de atrocidades usando a justificativa do amor. Isso não é tão belo quanto pode ser trágico. O amor, no entanto, sempre foi (e continuará sendo) uma boa desculpa, se for usada para o bem.

Amar é abrasar, aquecer, encandecer. Ninguém está imune a essa emoção flamejante. Mahatma Gandhi dizia:

“Por mais duro que alguém seja, derreterá no fogo do amor; se não derreter é porque o fogo não é bastante forte”.

Amar é empreender uma virtude e, como toda virtude, deve ser cuidada regularmente, com zelo e carinho, da mesma forma que se molha um gramado, de vez em quando, para mantê-lo belo e verde.

Amar é sobre doação, comprometimento, empatia, e também sobre amor próprio. Só quem está apaixonado por si mesmo possui a capacidade de se apaixonar por alguém. Afinal, se alguém não se ama, não é capaz de reconhecer o amor em ninguém. Para ser amado, há de ser amável. E só é amável quem ama a si mesmo.

Como resposta comum à solidão que amedronta uns e satisfaz outros, busca-se o amor, até para evitar a agonizante separação entre seres humanos. Eventualmente, o amor nasce quando alguém se sente só, e termina quando alguém deseja estar só.

Querer alguém apenas por estar só é igual a assumir-se incompleto, e alguém incompleto sempre se sentirá em débito consigo mesmo, não importa com quem esteja. No caso de conseguir alguém que o ajude a reconhecer o amor, mas sem deixar de valorizar sua singularidade, aquele vazio que sentia antes do relacionamento não será tão sofrido novamente, pois passou a ser contido por uma boa estrutura.

Na vida, não há garantias do amor ideal – único e perfeito –, como a maioria das pessoas prefere crer. Para elas, existe no mundo uma pessoa certa, um amor maior, esperando por todos nós. Essa parece ser uma fantasia em forma de argumento. Como disse o duque francês François de La Rochefoucauld:

“O verdadeiro amor é como a aparição dos espíritos: toda a gente fala dele, mas poucos o viram.”

O tempo passa, as pessoas mudam, as coisas desintegram, mas, ainda assim, temos o direito de continuar pensando que alguns amores são incondicionais, inexpugnáveis, essencialmente perpétuos. Há quem acredite neles, e há quem seja cético sobre isso. No primeiro caso, a ingenuidade causa alguma tranquilidade e felicidade. No segundo caso, a descrença não gera nenhuma vantagem.

Havendo a dúvida sobre a existência do amor infalível, torna-se mais prudente agir como a realização da capacidade de amar sendo resultado de uma habilidade por nós constantemente praticada. É tolice esperar que o amor de uma pessoa estará sempre lá, esperando por nós, independente do que se faça.

Albert Camus dizia que “amar uma pessoa significa querer envelhecer com ela”. Não necessariamente. Os amores inesquecíveis não são aqueles que duram mais, mas aqueles que duram o suficiente, enquanto o amor permaneceu sem cessar.

Como alguns navios que suportam consecutivas tempestades, mas, felizmente, retornam ao porto seguro, algumas pessoas vivem vários relacionamentos conturbados, para, enfim, estabilizarem-se em uma relação que seja segura o bastante, pelo menos enquanto durar.

Histórias de amor são fórmulas de inspiração conhecidas antes do início das eras. O amor catalisa, move as pessoas de uma forma que nenhum outro sentimento o faz. Se é genuíno, então, sua intensidade se prova a maior motivação.

Nossas paixões e ambições ajudam a modelar identidade própria. Muito de quem somos é sobre quem amamos.

O amor é como o vento: não podemos vê-lo, mas podemos senti-lo. Pode ser muito intenso, como um tornado; ou menos forte, como uma brisa. Dependendo do caso, chega a arrepiar.

Martin Heidegger, em carta endereçada à Hannah Arendt, perguntou o seguinte: “Por que o amor é rico além de todas as experiências humanas possíveis, e um fardo doce para aqueles apreendidos em seu aperto?”

Porque nos transformamos no que amamos, e ainda assim permanecemos nós mesmos, ou talvez não seja bem assim. O amor tem o poder resoluto de transfigurar uma pessoa, e por isso não admira aqueles que, amando, se tornam tão radical e surpreendentemente diferentes, em mania e essência, do que outrora foram. Tornam-se, parece, mais seguros. Todos nós, uns mais e outros menos, vivenciamos esse tipo de “cristalização amorosa” em determinadas circunstâncias na vida.

Muitas das mais significativas transformações no mundo são possibilitadas pelo amor e não sem ele. O suíço Paracelso falava:

“Quem nada conhece, nada ama. Quem nada pode fazer, nada compreende. Quem nada compreende, nada vale. Mas quem compreende também ama, observa, vê. Quanto mais conhecimento inerente houver numa coisa, tanto maior o amor. Aquele que imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo, como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas.”

O amor é uma arte e, como qualquer arte, deve ser aprendida, praticada e desenvolvida regularmente com coragem e disciplina. Acontece até com os mestres mais excepcionais: se param de aprender a sua arte, a arte trata de desaprendê-los.

A ótima capacidade de amar é algo que todos buscam, mas nem todos se mostram capazes (nem merecedores) de encontrar. Se a têm, às vezes perdem; se não a têm, continuam perdendo. Essa busca por amor, apesar de nem sempre bem-sucedida, é infindável.

Quem acredita já ter um amor garantido para a toda a vida e ainda se esquece de cultivá-lo, cedo ou tarde provará do gosto amargo de seu descuido.

Muitas vezes, comportamo-nos como se o amor do outro fosse durar para sempre. Mas o amor é volúvel. Não podemos parar de aprender sobre quem amamos, visto que as pessoas passam por mudanças das quais muitas coisas são deixadas para trás, talvez o amor que sentiam. A manutenção do amor, se feita de forma negligente, ou se não for feita, custará mais caro no futuro, devido à necessidade de renovar esse amor que já esfriou, e talvez não possa novamente esquentar.

É possível viver bem, por certo tempo, sem dormir, comer, beber, sorrir e se divertir. Mas viver bem sem o amor é impossível, pois o homem deixa de proteger-se para todo o resto, e a vida acaba por matá-lo. Esse amor não precisa ser lindo, maravilhoso e colorido, deve apenas ser verdadeiro – algo que os ressentidos estão sempre evitando.

O amor não é um objeto a ser perseguido e possuído. Entretanto, muitos agem como se fosse, e estes percebem mais facilmente a sua obsolescência em amar, e mais dificilmente pessoas genuínas ao seu redor. Essa atribuição pejorativa do amor faz lembrar da ideia de amor líquido de Bauman. Nada é feito para durar? Isso depende exclusivamente do sujeito que ama. Se quisermos que um amor sobreviva, logicamente não devemos agir como se encurtássemos sua meia vida.

Nossas ações são, por vezes, contraditórias às nossas vontades. Para evitar essas contradições, é adequado separar a verdade da mentira, desde que possível. As rosas precisam ser muito bem cuidadas para florescer, assim como sua poda também se faz necessária de tempos em tempos. Especificamente em relação ao amor, isso significa que é mais saudável cultivar os amores verdadeiros do que se iludir na futilidade de amores falsos: essa distinção exige o abandono do senso de perfeição amorosa.

10 filmes para ver na Netflix (indicações dos leitores)

10 filmes para ver na Netflix (indicações dos leitores)

Toda vez que publicamos alguma lista de filmes, os leitores enriquecem as dicas com inúmeras outras sugestões.

Abaixo, seguem 10 dicas de filmes para ver no Netflix. Todas foram feitas por leitores da CONTI outra que, não podemos negar, trouxeram ótimas dicas.

As dicas são ótimas. É só escolher um que combine com o seu gosto.

Aproveitem e bons filmes!

1- Procura-se um amigo para o fim do mundo (2012)

Um meteoro está em rota de colisão com a Terra, e a última missão humana enviada para desviá-lo falha em sua tentativa. Não há mais saída: em três semanas, o mundo vai acabar. Algumas pessoas aproveitam os últimos dias de vida para beberem e fazerem sexo sem compromisso; outras se rebelam pelas ruas e começam a destruir os carros e os comércios. Além delas, existe Dodge (Steve Carell), corretor solitário que acaba de ser abandonado pela esposa, e Penny (Keira Knightley), sua vizinha triste, que nunca teve um namoro satisfatório. Juntos, eles decidem percorrer o país para reencontrarem suas famílias e seus amores de juventude antes que seja tarde demais.

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2- Wall-E (2008)

Após entulhar a Terra de lixo e poluir a atmosfera com gases tóxicos, a humanidade deixou o planeta e passou a viver em uma gigantesca nave. O plano era que o retiro durasse alguns poucos anos, com robôs sendo deixados para limpar o planeta. Wall-E é o último destes robôs, que se mantém em funcionamento graças ao auto-conserto de suas peças. Sua vida consiste em compactar o lixo existente no planeta, que forma torres maiores que arranha-céus, e colecionar objetos curiosos que encontra ao realizar seu trabalho. Até que um dia surge repentinamente uma nave, que traz um novo e moderno robô: Eva. A princípio curioso, Wall-E logo se apaixona pela recém-chegada.

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3- Johnny & June (2006)

A história do cantor Johnny Cash (Joaquin Phoenix), desde sua juventude em uma fazenda de algodão até o início do sucesso em Memphis, onde gravou com Elvis Presley, Johnny Lee Lewis e Carl Perkins. Sua personalidade marginal e a infância tumultuada fazem com que Johnny entre em um caminho de auto-destruição, do qual apenas June Carter (Reese Whiterspoon), o grande amor de sua vida, pode salvar.

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4- Os outros (2001)

Durante a 2ª Guerra Mundial, Grace (Nicole Kidman) decide por se mudar, juntamente com seus dois filhos, para uma mansão isolada na ilha de Jersey, a fim de esperar que seu marido retorne da guerra. Como seus filhos possuem uma estranha doença que os impedem de receber diretamente a luz do sol, a casa onde vivem está sempre em total escuridão. Eles vivem sozinhos seguindo religiosamente certas regras, como nunca abrir uma porta sem fechar a anterior, mas quando eles contratam empregados para a casa eles terminam quebrando estas regras, fazendo com que imprevisíveis consequências ocorram.

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5- Mesmo se nada der certo (2014)

Uma cantora (Keira Knightley) se muda para Nova Iorque, mas logo após chegar no local, seu namorado americano decide terminar o relacionamento. Em plena crise, ela começa a cantar em bares, até ser descoberta por um produtor de discos (Mark Ruffalo), certo de que ela pode se tornar uma estrela.

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6- Mãos talentosas

Ben Carson (Cuba Gooding Jr.), menino pobre de Detroit, sempre levou uma vida desmotivada, já que tirava notas baixas e não tinha perspectivas de um grande futuro. O que ele e os que estavam ao redor não esperavam era que ele se tornaria um neurocirurgião de fama mundial.

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7- Preciosa (2010)

1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece “Preciosa” Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo’Nique), ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor. O fato de ser pobre e gorda também não a ajuda nem um pouco. Além disto, Preciosa tem um filho apelidado de “Mongo”, por ser portador de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engravida pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A sra. Lichtenstein (Nealla Gordon) consegue para ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a melhor lidar com sua vida. Lá Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumática, se refugiando em sua imaginação.

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8- El Cuerpo (2012)

O detetive Jaime Peña (José Coronado) esta investigando o caso de um corpo desaparecido do necrotério, após um guarda-noturno do local ser atropelado. O corpo é de uma poderosa mulher, Mayka Villaverde (Belén Rueda). Há muitas questões sem resposta e ninguém parece ser quem diz, ao mesmo tempo que escondem algo sobre o passado de Mayka. Ele conta com a ajuda do marido dela, mas uma intrincada rede de interesses surge no meio da investigação.

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9- Shelter (Viver sem endereço) (2015)

Dois moradores de rua, Tahir (Anthony Mackie) e Hannah (Jennifer Connelly) de Nova York vivem rodeados por desespero, perigos e incertezas. Eles acabam se conhecendo e se apaixonando. Tahir e Hannah encontram consolo e força e, aos poucos,  contam um ao outro como foram parar nesta situação de dificuldade, e percebem que juntos podem tentar construir uma vida melhor.

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10- Beasts of no Nation (2015)

Em uma cidade africana, Agu (Abraham Attah) é uma criança, que atingida pela guerra, é transformada em soldado. Após a morte de seu pai por militantes, ele é obrigado a abandonar sua família para lutar na guerra civil da África do Sul, instruído por um grande comandante (Idris Elba) que o ensinará os caminhos de um conflito.

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As sinopses são do site Adoro Cinema.

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