12 documentários que você precisa assistir para entender as mudanças do mundo

12 documentários que você precisa assistir para entender as mudanças do mundo

Veja quais filmes assistir e adquira novos pontos de vista

Os documentários costumam representar uma visão sobre o mundo e abordam temas sobre os quais existam interesses sociais ou debates. Seu discurso tem por característica acontecimentos reais, tratando efetivamente do que ocorreu (antes ou durante as filmagens) e não do que poderia ter acontecido.

Esse tipo de filme nos disponibiliza uma experiência única, pois jamais os assistimos e permanecemos iguais. Sua história, seus sons e imagens representam mais do que simples impressões passageiras, pois nos fazem adquirir novos pontos de vista, que podem ser ou não o que sua temática quis expor.

Pensando nas mudanças que o mundo já sofreu e vem sofrendo nos dias de hoje, o Guia da Semana listou documentários sobre o assunto que você precisa assistir para compreender determinadas situações. Confira:

1- Nós que aqui estamos por vós esperamos

O filme traz memórias do século XX e faz uma verdadeira volta ao mundo no seu contexto histórico, econômico e cultural, banalizando a vida e a morte para nos fazer refletir sobre ela

Inspirado no livro A Era dos Extremos, do historiador Eric Hobsbawn, traz imagens antigas e fala sobre o período de contrastes entre um mundo que se envolve em grandes conflitos, a banalização da violência, o desenvolvimento tecnológico, a esperança e a loucura das pessoas.

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2- A última hora

Causadas pela própria humanidade, enchentes, furacões e uma série de tragédias assolam o planeta cotidianamente. O documentário mostra como a Terra chegou nesse ponto: de que forma o ecossistema tem sido destruído e, principalmente, o que é possível fazer para reverter este quadro. Entrevistas com mais de 50 renomados cientistas, pensadores e líderes ajudam a esclarecer estas importantes questões e a indicar as alternativas ainda possíveis.

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3- Uma verdade inconveniente

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore apresenta uma análise da questão do aquecimento global, mostrando os mitos e equívocos existentes em torno do tema e também possíveis saídas para que o planeta não passe por uma catástrofe climática nas próximas décadas.

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4- Quem somos nós?

Amanda (Marlee Matlin) está numa fantástica experiência ao estilo “Alice no País das Maravilhas” enquanto seu monótono cotidiano começa a se desmanchar. Esta situação revela o incerto mundo escondido por trás daquilo que se costuma considerar realidade. Amanda mergulha num turbilhão de ocorrências caóticas que revelam um profundo e oculto conhecimento do real. Ela entra em crise e questiona o sentido da existência humana

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5- KOYAANISQATSI

As relações entre os seres humanos, a natureza, o tempo e a tecnologia. Cidade, campo, paisagem, rotina, pessoas, construções, destruição. Um documentário sem atores e sem diálogos, composto por uma impressionante coleção de imagens e uma marcante trilha sonora.

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6- O planeta branco

Um vasto panorama da região do Ártico, mostrando as diferenças na passagem provocadas pelas estações do ano. O filme registra a força e a habilidade dos animais do Pólo Norte em sua luta pela sobrevivência, e também sua vulnerabilidade diante das mudanças agressivas provocadas no meio-ambiente pelo fenômeno do aquecimento global.

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7- A Convocação

O documentário aborda a crença em Deus e a paz mundial por meio da religiosidade, espiritualidade, ciência, arte, entre outros. É uma maneira de refletir sobre as relações que se tem com o próximo, e suas finalidades. O filme conta com participações de personalidades como Mark Wahlberg, Dalai Lama, Oliver Stone e Rosario Dawson.

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8- I’am

I’am é a história de Tom Shadyac, um diretor de sucesso em Hollywood, que após um perigoso ferimento na cabeça experimenta uma jornada para tentar descobrir e responder duas questões bem básicas: “O que está errado no mundo?” e “Que podemos fazer sobre isso?”.

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9- Home – Nosso planeta, nossa casa

Uma experiência original que registra uma viagem única pelo planeta Terra. Filmado inteiramente do ponto de vista de cima, pelo consagrado fotógrafo Yann Arthus-Bertrand, HOME visa sensibilizar, educar e conscientizar as platéias de todo o mundo sobre a fragilidade de nosso lar, ao demonstrar que tudo que é vivo e belo sobre nosso planeta está interligado. Sua missão é alertar que, apesar dos males que causamos nos últimos 50 anos à Terra, ainda há chance de salvarmos nossa casa.

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10- Paraíso ou esquecimento

O que seria de uma sociedade em que não houvesse escassez, onde comida, vestuário, diversão, tecnologia fossem disponíveis para todos os habitantes, onde o dinheiro, o lucro e a economia não valessem nada. Pessoas continuariam a desempenhar trabalhos monótonos, desgastantes ou semi-escravos? Ou se dedicariam a algo que as motivassem, que as desenvolvessem na arte, ciência ou tecnologia? O que seria do planeta se tudo fosse feito da melhor forma para todos?
Se você acha que um mundo assim pode ser viável, esse documentário pode te inspirar um pouco.
Utopia pode algum dia se tornar realidade?

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11- Ouro azul: a guerra mundial da água

Documentário sobre as atuais e futuras Guerras Mundiais por Água. Mostra como a água mundialmente está sendo mal gerida, esgotada e poluída.
A falta de água em muitos países do mundo devido a manipulação e corrupção por parte dos Governos, administrações locais e, claro, as corporações multinacionais de Água.
As constantes lutas entre o povo e os altos poderes econômicos e governamentais, as Guerras e revoluções diárias por uma fonte de vida de todos os seres humanos e seres vivos deste planeta.

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12- Quem se importa?

Quem se Importa? é um documentário longa metragem sobre empreendedores sociais no Brasil e ao redor do mundo. Pessoas brilhantes, que criaram, cada qual, uma organização inovadora capaz de não só mudar a sociedade ao seu redor, mas também causar impacto social suficiente para que estas idéias possam virar políticas públicas aplicadas em várias partes do mundo. Um filme que, através de cada um de seus personagens, vasculha o mundo atrás de pessoas magníficas que oferecem simples soluções para as mais graves questões que nos afetam profundamente.

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Fonte: Guia Da Semana

Conversar, filosofar e amar… tudo com a mesma pessoa: a trilogia perfeita

Conversar, filosofar e amar… tudo com a mesma pessoa: a trilogia perfeita

Poder ficar em silêncio na presença de alguém é dessas bonitezas da vida que só a mais delicada intimidade pode trazer. Aquele átimo de tempo suspenso, em que a respiração do outro nos acalma, o calor ou a frescura da sua pele nos apazigua e a presença é inteira, doce, querida. A quietude amorosa entre dois amantes é a comunhão das almas depois do encontro dos corpos.

Há, de fato, momentos em que as palavras são desnecessárias, descabidas, intrometidas, até. Mas… ahhhhh como é bonito ver nos olhos de alguém um interesse vivo e autêntico pelo que temos a dizer. Como é preciosa a sorte de encontrar alguém que veja naquilo que dizemos algo que ilumine, inquiete, provoque, derrube certezas, desperte. É preciso que haja amor nos silêncios e também nos barulhos.

Somos todos barulhentos, afinal. Mesmo os mais silenciosos, quietos e introvertidos, têm dentro de si milhares de ruídos a serem interpretados. Às vezes, acordamos cheios de inquietações profundas, outras vezes são palavrinhas leves e sorrateiras que querem sair de nós e ganhar o mundo. E ainda que sejamos apaixonados pela quietude, quando temos algo a dizer, sonhamos com a companhia de alguém que nos ouça, de alguém que nos ajude a pensar em voz alta, de alguém que nos ajude a traduzir as inúmeras línguas que habitam a nossa “Torre de Babel” particular.

E as palavras, essas criaturinhas inquietas e dúbias, antes de serem palavras já foram seres mais alados e voláteis que elas próprias. Antes de serem palavras, essas meninas travessas já foram pensamentos. Pensamentos são ainda mais fugazes que as palavras, podem nos abandonar sem aviso, caso não recebam de nós alguma genuína atenção. Os pensamentos voam, como voa o tempo quando estamos nos braços de alguém que nos ame e a quem amemos de volta.

Encontrar nesse vasto e confuso mundo alguém que se apaixone por filosofar com a gente é tão raro quanto lindo. Dar ao pensamento as merecidas asas e deixar que as asas nossas toquem de leve as asas alheias, a fim de dar vida aos devaneios e interpretações das coisas profundas e tolas, é uma magia tão poderosa, mas tão poderosa, que uma vez experimentada não nos permite voltar a algo menos intenso ou mais óbvio.

Compartilhar desejos e fantasias, tão físicas quanto emocionais, é tão forte quanto cálido. Oferecer ao corpo a possibilidade de partilhar o afeto que aquece e o prazer que arrepia, a fim de dar vida a sensações esquecidas, é da esfera das coisas místicas, e loucas, e belas, que tendo feito parte uma única vez de nossa existência, faz acordar na gente a alegria que nos desperta de um sono sem sonhos.

Conversar, filosofar e fazer amor… tudo com a mesma pessoa, é uma trilogia perfeita. É daqueles presentes embrulhados em caixas inesperadas, envoltas em papel colorido e brilhante. Eu tenho direito a isso, você tem direito a isso, a moça caminhando sozinha na praia, o homem sentado sozinho no meio do caminho… todos nós temos direito a isso. É preciso acreditar na possibilidade desse sonho bonito se converter em realidade. É preciso estar desperto para reconhecer de olhos fechados que, isso sim, é uma relação afetiva de verdade.

Pessoas inteligentes conseguem rir de si mesmas

Pessoas inteligentes conseguem rir de si mesmas

Pessoas inteligentes são mais felizes, simplesmente porque quem se sente bem não perturba nem se intromete na vida alheia sem ser chamado. Não se trata, aqui, daquela inteligência enciclopédica, atrelada à memorização de informações teóricas, mas da capacidade de se equilibrar diante do que não dá certo, aceitando as próprias limitações, entendendo-se como alguém que erra porque é um ser humano.

Muitos se comprazem em ridicularizar os outros, menosprezando quem não se adéqua ao que pensam ser o certo a se seguir, pois, em vez de tentar enxergar o outro com empatia, querem que o mundo gire de acordo com as próprias vontades. Essas pessoas não conseguem aceitar nada que não esteja caminhando de acordo com seus desejos, que não correspondam ao que esperam de todos.

Temem, sobretudo, o enfrentamento de si mesmos, a possibilidade de estarem errados em algum aspecto de suas vidas, incapazes que são de estender seu olhar além do próprio umbigo. Dessa forma, rechaçam e diminuem tudo e todos que confrontam as suas verdades, ainda que se trate de mentiras e ilusões egoístas. Não sabem e não podem perder em nada, pois se julgam melhores do que qualquer um.

Quem ri dos outros como fuga à aceitação do que não entende afunda-se mais e mais na própria ignorância, visto que se fecha ao novo, à reflexão, às mudanças que são essenciais ao nosso melhoramento como pessoa, como ser humano. São aqueles que tiram sarro de quem defende o partido oponente, que fazem piadas desagradáveis com a sexualidade diferente da sua, que riem por trás de quem se veste humildemente ou usa um linguajar simples.

Quem usa a inteligência em seu favor percebe-se, primeiramente, como alguém falível, imperfeito, alguém que faz escolhas erradas, que paga micos, que nunca conseguirá agradar a todo mundo. Percebe-se como alguém que também é risível. Por isso mesmo, consegue rir de si mesmo, mantendo-se firme no propósito de ser feliz do seu jeito, porque é seu jeito que o torna único e especial.

Pessoas que se aceitam são mais felizes

Pessoas que se aceitam são mais felizes

Hoje, a mídia tenta nos impor a maneira certa de nos vestir e de nos aparentar, ditando modas, jargões, cortes de cabelo, tendências na moda, atrelando felicidade a consumismo e beleza física. Blogs, revistas, youtubers, facebookers não se cansam de nos encher de dicas para que consigamos obter sucesso, a partir da forma como devemos pensar, andar, agir, comer, dormir e acordar.

Em meio a tantos conselhos, receitas, preceitos, cursos, teorias e psicologismo, nada sobra que dê lugar àquilo que temos e que é tão nosso, àquilo que somos de verdade. O espelho, aliás, teima em nos mostrar alguém muito distante daquela perfeição estética endeusada pela televisão. Ao mesmo tempo, agimos de maneira contrária ao que os conselhos midiáticos nos receitam em seus papos de autoajuda.

Na verdade, muitos de nós vivemos um dilema entre o que temos vontade de fazer e o que deve ser feito, entre o que queremos vestir e o que é mais apropriado, entre o que queremos dizer e o que é mais adequado à ocasião. Obviamente, vivemos em sociedade e não poderemos agir sempre ao nosso bel prazer, esquecendo-nos por completo de que existem pessoas à nossa volta. Mas isso não precisa se tornar uma fonte de frustrações.

Caso somente nos adequemos ao que vem de fora, ao que a sociedade rotula como correto, jamais conseguiremos nos aceitar como alguém que pensa e sente com peculiaridade, pois apenas nos decepcionaremos constantemente com o quanto fugimos ao que os outros querem. Com isso, não nos aceitaremos, não nos conformaremos com o que somos, o que aparentamos, o que queremos, com a nossa imagem no espelho.

Infelizmente, quem não se aceita não será aceito por ninguém mais, pois estará sempre lutando contra aquilo que possui dentro de si, o que lhe custará a perda de identidade e de tudo o que faz parte de sua vida. Quando somos superficiais, acabamos transmitindo essa falsidade, acabamos nos traindo na frente de quem quer que seja, de forma a não conseguirmos construir verdades com ninguém.

Temos nosso jeito de ser, nossas necessidades, nossos sonhos, e isso não pode ser sufocado sob o peso esmagador das imposições que nos são feitas por quem nem sabe que a gente existe. Devemos, sim, tentar mudar o que em nós nos incomoda, mas sempre pensando em nosso bem estar, para que nos aprimoremos e nos tornemos pessoas melhores. Porém, mudarmos o que nos define para agradar somente o outro será uma das piores coisas que poderemos fazer contra aquilo que temos de mais precioso e único e que, por mais que neguemos, sempre fará parte de nós.

Nós, os que sentimos ter nascido na época errada.

Nós, os que sentimos ter nascido na época errada.

De repente a gente sente um desajuste, um desconsolo, uma tristeza de não ter nascido em outro tempo, outra época, outro canto da história. Acontece durante um filme, uma leitura, uma lembrança, uma conversa. O sentimento chega e senta com a gente um pouquinho, mexe com os nossos sonhos, provoca nossas vontades como quem diz “ahh… se você estivesse lá naquele tempo…”

Num dia é gostoso como cochilo em hora boa, no outro é chato como um motor barulhento rasgando o lençol da noite. Ora é uma vontade de ter nascido em algum lugar do passado, um tempo menos corrido, menos sofrido, ora é uma impressão de que chegamos mais cedo, de que somos de um canto no futuro em que as limitações já não existem, as doenças tiveram fim, os carros ganharam asas, o teletransporte é real, a miséria desapareceu e os miseráveis foram acolhidos e se tornaram trabalhadores como todos os outros, honestos, aplicados, bem-sucedidos.

Nós, os que sentimos ter nascido em época errada, olhamos casas antigas, geminadas, e pensamos sobre como elas eram no passado. Que famílias viveram ali? Que sonhos tiveram? Que conversas nasciam e cresciam em seu dia depois do outro, que ternuras enfeitavam suas noites, que cheiros marcavam suas manhãs, que saudades preenchiam suas tardes? De pensar nessa gente, sentimos por elas um carinho de conterrâneo, um afeto tribal de quem habita o mesmo tempo.

Ô saudade enxerida! Pega a gente no pulo, enquanto olhamos uma fotografia em preto e branco. Os homens de chapéu, as mulheres de sombrinha caminhando sem pressa. Que privilégio têm os que aproveitam seu avós! Os que ouvem as histórias dos mais velhos e as reconhecem com gosto, como se lá também tivessem estado.

Eu sou desse povo com mania de achar que nasceu no tempo errado. Não é só o passado que mexe com a gente, não! Quem sente ter nascido fora de época também tem saudade do futuro, de um tempo que ainda não veio. Assiste a um filme de ficção e pensa “puxa, vida… imagine o que vai ser quando inventarem o teletransporte?”. É assim que é. A gente sonha. Sonha com os dias que não são os nossos.

Sonha porque tem a impressão de pertencer a outro tempo, não a este agora insano, este pega-pra-capar, este mato-sem-cachorro, este baile de máscaras, esta briga sem sentido. A gente sonha porque sente ser de outro lugar. Porque sofre esse desajuste, esse gosto de caqui verde amarrando na boca, essa impressão de que está na época errada.

Chamem a isso como quiserem. Desencanto, insatisfação, desconsolo com os dias que correm, com a falta de modos, a escassez de valores, a truculência surrando a gentileza, a solidariedade esmagada sob os pés da multidão arisca. Não importa. A gente sente que nasceu na hora errada e isso nem sempre se explica.

Mal sabemos nós que não há erro nenhum, que as coisas são assim mesmo. Que não há tempo errado, só há o tempo e ele será sempre um infinito e certeiro agora. Sequer desconfiamos de que o passado remoto ou o futuro distante só existem porque os levamos no coração com carinho, regando sua terra, preservando suas raízes, aparando suas folhas, ajeitando-os de manhã em um cantinho de sol gostoso, à tarde na brisa, à noite no sereno. Mas não tem jeito. Ainda que soubéssemos de tudo, ainda que não houvesse mais do que suspeitar, seguiríamos achando que nosso tempo é outro.

Nós, que sentimos saudade do que não vivemos, sequer desconfiamos de que essas horas seguirão vivas para sempre, a despeito da cronologia e demais convenções. E que daqui a uns anos os nossos filhos, nossos netos e bisnetos e os tantos outros que virão de nós vão olhar uma fotografia antiga, respirar fundo e dizer “no tempo dos meus pais era diferente…”, “meus avós nem sonhavam com uma coisa dessas…”, “quando meus antepassados eram meninos não era desse jeito…”, “que teletransporte, o quê? Era de avião mesmo!”.

Algum dia lá na frente, se Deus quiser, os que virão de nós também vão pensar sobre isso tudo, com o coração cheio de sonhos e os olhos grandes de saudade do que imaginarão nunca ter vivido. E vão sentir como nós esse gostinho de desajuste, de descompasso, de lembrança desconhecida. No desembarque de uma exaustiva viagem de trinta segundos de um lado a outro do mundo, também vão ter a sensação antiga e estranha de que nasceram na época errada. Mal saberão eles. Mal saberão.

 

Amor exigido é amor perdido

Amor exigido é amor perdido

 

O amor não se exige, nem se consegue com ameaça.

O amor só vale a pena quando vem de graça; quando é conforto e confronto num só tempo. Templo de dois. Hiato entre o que somos e o que imaginamos ser depois de…

Acontece sem quê nem para quê, quando estamos distraídos – como o vento que atiça repentinamente o vestido.

Não se compra, não se paga.

Devasta mais que praga em plantação quando não é retribuído.

E não, o amor não morre depois que a fome passa. Ele é perfume que engravida as horas. Rima perfeita numa gaiola imperfeita: o coração dos homens.

Não é remédio contra a dor de não saber-se, tampouco goma de mascar para espantar a carência e a solidão.

O amor é um rei teimoso que detesta bajulação: reina onde, quando e como quer.

É por isso que amar é o único movimento que não se aprimora com o tempo.

Quanto mais se ama, menos se aprende a amar – a prática, nesse caso, não leva à perfeição, pois nunca amamos do mesmo jeito, nem com a mesma fome.

Trata-se de uma caso raro onde a repetição leva à derrota e à frustração.

Porque cada amor é um começo. Porque todo amor que começa nos rouba o pouco que sabemos de nós –  e sem sabermos o que pensávamos saber sobre nós, nos sentimentos imensamente sós, ainda que estejamos nus, partilhando os mesmos lençóis.

O amor não é feito apenas de união, mas de ausência: é quando não estamos ocupados de nós que ele acontece.

Pois é, não deu

Pois é, não deu

Pois é…

Desde quando o final precisa de um ponto, assim, castigado de culpa? Por que creditar o término de uma história? Será que, envolto de sinceridade, não é possível simplesmente reconhecer caminhos distintos? Um dia desses estava pensando sobre términos. Relacionamentos interrompidos por algum descompasso desconhecido de ambas as partes, mas facilmente identificado pela vida. Não há nada de errado em dizer tchau, até logo ou adeus. Laços não são prisões sentimentais das quais provas constantes devem ser realizadas. Estar com alguém não é muito diferente de não estar mais. É uma escolha.

Num dia, fogos de artifício. Noutro, sobras. E tudo o que se quer é a sorte em encontrar intensidade, onde já não nasce sinceridade. Mas engana-se quem imagina o conjunto de dois sobre os ombros do viver de um. Nada é tão sólido e muito menos efêmero a ponto desse desmanche amoroso. Pessoas foram feitas para transitarem no nosso mar. Sempre será um depositar no caso delas quererem permanecer. Antes que julgue um crime a partida, vislumbre a joia do encontro. A passos largos, de tudo um pouco. É engraçado simplificar o irreal.

Em gotas de amor, preencha a alma. Nada tateável, é verdade. Ainda assim, discreto, vibrante e oceânico, porquês são detalhes. Pois é, não deu. Tentei. Tentou. Tentamos. Somos felizes nas infelicidades que não nos cabem. O tempo não contribuiu da forma como gostaríamos, mas existe serenidade na entrega oferecida.

Novamente, é uma escolha. Mas se não deu, tudo bem. Estamos vivos. Fins não impedem outros pontos, vírgulas e reticências.

Fotógrafa polonesa chama atenção registrando as mais lindas imagens de cães

Fotógrafa polonesa chama atenção registrando as mais lindas imagens de cães

Alicja Zmyslowska é uma fotógrafa polonesa apaixonada por cães. Por conta desse amor, ela dedica seu tempo para registrar fotos lindas dos bichinhos.

Seu trabalho impressiona por diversos aspectos, mas, principalmente pela qualidade.

Ela contou que, quando criança, tinha dois gatos em casa. Mesmo assim, seu grande sonho era ter um cachorro.

Ela conseguiu realizar o que tanto esperava em 2006, com a chegada de Kiara à sua casa.

Alicja começou a fotografar sua companheira com câmeras emprestadas, e acabou obtendo sua própria câmera mais tarde.

Confira algumas das fotos que ela já registrou:

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Mais informações: alicjazmyslowska.pl | Facebook | Instagram | 500px

Eros e o desejo de união

Eros e o desejo de união

Eros significa desejo incoercível dos sentidos. É o Deus do Amor, o mais belo entre os deuses. É um Deus de natureza mutável, que tira os sentidos e o juízo tanto dos mortais quanto dos imortais. É uma força agregadora, poderosa e assustadora.

Na antiga Teogonia de Hesíodo, o nascimento do Universo é descrito da seguinte forma: No princípio era o Caos (vazio primordial, vale profundo, espaço incomensurável), matéria eterna, informe, rudimentar, mas dotada de energia prolífica; depois veio Géia (Terra), Tártaro (habitação profunda) e Eros (Amor), a força do desejo. O Caos deu origem a Érebo (escuridão profunda) e a Nix (Noite). Nix gerou Éter e Hemera (Dia). De Géia nasceram Urano (Céu), Montes e Pontos (Mar) (BRANDÃO, 1986).

Nessa descrição da formação do Universo podemos observar que Eros é uma força primordial, ainda da era Matriarcal. É uma força fundamental do mundo. Com o advento do patriarcado Eros, como potencia sexual desenfreada se submeteu ao Logos, a ordem, a lei e a razão.

Platão, em O Banquete, descreve Eros como um demônio. Com isso ele quer dizer, que Eros é um intermediário entre os deuses e os homens e, como o deus do Amor está a meia distância entre as pessoas.Ele preenche o vazio, tornando-se, assim, o elo que une o Todo a si mesmo.

Eros é a energia do Amor, é uma força propulsora que move o mundo, mas que nunca se satisfaz. Sempre inquieto busca a satisfação de sua carência na plenitude. Mas a origem de Eros foi se alterando conforme relata Brandão (1986).

“Umas afirmam ser o deus do Amor filho de Hermes e Ártemis ctônia ou de Hermes e Afrodite urânia, a Afrodite dos amores etéreos; outras dão-lhe como pais Ares e Afrodite, enquanto filha de Zeus e Dione e, nesse caso, Eros se chamaria Ânteros, quer dizer, o Amor Contrário ou Recíproco.

As duas genealogias, porém, que mais se impuseram, fazem de Eros ora filho de Afrodite Pandêmia, isto é, da Afrodite vulgar, da Afrodite dos desejos incontroláveis, e de Hermes, ora filho de Ártemis, enquanto filha de Zeus e Perséfone, e de Hermes. Este último Eros, que era alado, foi o preferido dos poetas e escultores.”

Eros geralmente é retratado como um menino loiro, alado que nunca cresce. Essa persona inocente e travessa mostra que o amor é incompatível com a razão, por isso ele é considerado um Deus perigoso para nossa cultura centrada no Logos.Uma vez que o amor faz com que percamos o controle e forças desconhecidas passem a agir em nossa psique. E a ultima coisa que o ego quer é perder o controle.

Além disso, o fato de Eros ser criança mostra que o amor é irresponsável, que se diverte com os seres. Mas Eros é visto dessa forma somente em culturas com um ego centrado no Logos, pois tudo o que é desconhecido, intangível e incontrolável, lhe causa angustia. A razão precisa de explicações sempre e o amor não se explica.

O mito Eros e Psique narra uma das formas onde o amor pode amadurecer. O mito narra a estória de Psique (a Alma) e de sua saga para reaver o Amor (Eros), seu marido. No começo Eros era infantilizado, Psique não podia ver seu rosto. Ou seja, o amor tinha que ser cego.

Mas quando Psique empreende uma jornada iniciática em busca desse amor ela amadurece e conseqüentemente, Eros também, se libertando do aspecto infantilizado do amor e transcendendo a mera paixão sexual.

O interessante nesse mito é que o Amor amadurecido somente vem a nós quando o perdemos. Perder um grande amor faz com que nos voltemos para nosso interior em busca de compreensão. A dor e o sofrimento pela perda do amor são grandes impulsionadores do processo de individuação.

Pois o perder-se alguém no amor é uma espécie de morte, a morte de uma existência puramente centrada no ego. Assinala uma fase nova na nossa evolução para um centro transcendente (NICHOLS, 2007).

Eros subverte velhos padrões de lei e ordem. Mentes muito focadas na razão são pegas de surpresa por ele. Pois somente o amor consegue abrir caminho para a chegada de uma nova vida. Ele une opostos e ativa a libido que impele a ação. Os apaixonados estão propensos a um ato heróico, uma ação na busca da completude encontrada no encontro com o outro.

O ego sempre busca a divisão, a separação. Dividimos-nos em classes sociais, sexo, cor, idade, profissão, etc. O Amor busca a união dos diferentes, busca um centro unificador não mais com a inconsciência do Caos primitivo de onde ele provém, mas uma união com consciência.

Ao nos entregarmos ao Amor, encontramos nossa parte reprimida e inconsciente no outro.

Mais do que resiliência, a vida precisa de esperança

Mais do que resiliência, a vida precisa de esperança

O tempo não para todas as vezes que um problema aparece, não para a fim de que possamos pôr a casa em ordem. Mal saímos de um problema e outros já aparecem, de modo que viver sem que sejamos sufocados por todas as dificuldades que enfrentamos cotidianamente torna-se algo extremamente difícil.

É preciso ter a tal da resiliência, mas mais do que isso, é preciso ter esperança, pois quando esta se esvai, perde-se a capacidade de sorrir para o futuro.

Falando a verdade, existem momentos que não têm como aguentar, parece até que fomos sorteados pela vida só para se ferrar. Quando a gente pensa que as coisas ficarão tranquilas, somos jogados no chão e retornamos à realidade da dureza da vida. Entretanto, não há como parar diante da pedra no meio do caminho, é preciso ultrapassá-la, mesmo sabendo que novas pedras aparecerão durante a caminha.

É tolice acreditar que encontraremos caminhos mais fáceis, sem pedras ou que elas desaparecerão, porque isso não vai acontecer. Devemos continuar, mesmo com todas as dificuldades, acreditando no futuro apesar das circunstâncias adversas. Isso não significa ser otimista, pois o otimista sorri para o futuro em função de alguma coisa, já o esperançoso sorri para o futuro apesar de todas as pedras que existem no caminho.

Todas as vezes que sofremos com alguma coisa e paramos, o tempo passa junto e este ninguém consegue recuperar. Por isso, é necessário continuar respirando, continuar caminhando, uma vez que, mais hora, menos hora, percebemos que a vida segue o seu rumo mesmo com a nossa “ausência”, de maneira que precisamos enfrentar todos os nossos monstros, caso queiramos que as nossas vidas sejam escritas por nós mesmos, com as quedas e os fracassos, os choros e os desesperos, e não somente linhas rabiscadas pela força do tempo.

Nunca conseguiremos entender o porquê de todas as coisas, pois somos seres finitos tentando compreender a infinitude da vida. Mas, o fato é que estamos na vida como ela é, e esta é como uma noite fria com chuvas que vem e vão. Nós estamos na rua, sem guarda-chuva, sem cobertor, tendo que enfrentar o frio que parece congelar a espinha, se animando toda vez que a chuva cessa e tendo que enfrentá-la toda vez que retorna repentinamente. A vida é esse contraste entre o tudo e o nada e nós somos os atores dessa peça sem ensaio, com pouco público e com um fim incerto.

Talvez o ditado “Mar calmo nunca fez bom marinheiro” esteja correto e por isso a vida seja tão dura, talvez seja porque como dizia Rubem Alves – “Ostra feliz não faz pérola”. O que tenho certeza é que, como disse, o tempo não para toda vez que a gente tem que consertar a vida e, assim, faz-se necessário coragem para viver, lembrando Guimarães Rosa, pois apenas desse modo conseguimos fazer da dor o combustível para transformar a pedra no meio do caminho em um impulso para os nossos sonhos, já que por mais dura e seca que esta terra seja, as rosas que nela florescem sempre manterão a minha esperança de encontrar um jardim.

“Socorro! Meu filho vai mal na escola!”

“Socorro! Meu filho vai mal na escola!”

O cenário é o seguinte, sala de aula do segundo ano do Ensino Médio, aula de História. O assunto? Revolução Francesa! Os movimentos sociais que a antecederam, as motivações, os conflitos; na sequência, no período pós-revolução, a Era Napoleônica, ascensão e queda. Desses assuntos de dar saudade das aulas de História, quando tivemos a sorte de ter Professores apaixonados pelo que escolheram abraçar como profissão. Aquelas aulas maravilhosas que deixam a gente arrepiado. Aquelas aulas que fazem o tempo voar!

Mas aqui, vamos olhar para aqueles alunos que não tiveram essa sorte. Aliás, esses meninos e meninas, estudaram praticamente a vida inteira numa mesma escola, chegaram ao Ensino Médio com recursos pouco desenvolvidos para interpretar o que leem, o que veem e o que vai pelo mundo. Quando isso fica evidente? Na prova, claro!

A dinâmica é essa, quilos de matéria enfiadas goela abaixo, em aulas expositivas, sem nenhuma preocupação ou compromisso em desenvolver habilidades reflexivas; e, o glorioso momento é a prova. A prova vai dizer quem foi capaz de engolir, digerir e vomitar de volta os conteúdos “apresentados”.

E aqueles meninos e meninas, que não são uma exceção, infelizmente, porque a realidade de uma sala de aula de Ensino Médio numa escola tradicional, hoje em dia é, com muito boa vontade o seguinte: de trinta alunos (no mínimo), cinco acompanham o professor, dez tentam acompanhar, os outros quinze, pensam em outra coisa, qualquer outra coisa – ou por falta de interesse, ou por falta de recursos anteriores, que essa mesma escola não desenvolveu.

Aqueles alunos lá, não se saíram bem na prova. Não conseguiram a “média”. O diagnóstico do professor? Segundo ele, trata-se de imaturidade; os alunos dão respostas vagas. Ahhhhh, mas a solução é muito simples… diz o professor “Eles precisam treinar mais as respostas!”.

Como?!? Num universo onde cabem trilhões de perguntas sobre os mais diversos assuntos, como é que se treina um aluno a dar respostas? É nesse momento que eu sinto aqui aquela sensação de vergonha alheia, sabe? Que tipo de professor – DE HISTÓRIA! -, teria a coragem de afirmar que a compreensão da realidade que nos cerca, hoje, ontem, há séculos atrás, pode ser conquistada com “treino de respostas”.

É triste! É muito triste que os nossos jovens tenham a falta de sorte de se verem confinados em salas de aula que não constituem em nada aquele ambiente necessário ao desenvolvimento cognitivo, social e afetivo que figuram tão lindamente nos Projetos Pedagógicos de “Instituições de Ensino” que cobram verdadeiras fortunas anuais, para fornecer a seus “clientes” uma educação tacanha óbvia e ultrapassada.

É claro que é possível fazer crianças e jovens se apaixonarem por História, Línguas, Geografia, Matemática – qualquer coisa -, desde que se acorde para o fato de que algo que é apresentado sem paixão, não encanta ninguém.

Enquanto isso, enquanto abrem mão de suas valorosas missões educativas, essas escolas ensinam em seu currículo oculto a seguinte coisa: Pouco me importa o que você pensa, como você pensa ou porque pensa dessa forma. O que nos interessa é o resultado, o que nos interessa é que você reproduza bem direitinho o que lhe for ensinado. Essa escola está abrindo mão de seu papel na transformação do mundo, para assumir com maestria a arte de eliminar em seus alunos o desejo de aprender. Se isso vai continuar? Depende… Se a gente continuar engolindo… Vai!

Dos afetos que não precisam ser ditos

Dos afetos que não precisam ser ditos

Está escondido numa conversa à beira da praia, na ida descompromissada ao parque, no compartilhar de um cigarro frente aos problemas.

Ele está também naquele olhar cheio de bem querer e no autêntico escutar. Está no ombro sempre presente e nas palavras, quando escolhidas com cuidado.

Está presente nas noites mal dormidas, nas madrugadas mais conversadas e nos dias mais corridos. Vez ou outra aparece naquele “é claro que eu vou com você!”, no “hoje quem dirige sou eu, a “noite é sua!” ou em um simples, mas sincero “dorme bem”.

Ele está oculto na lágrima que cai sem constrangimento, na risada escandalosa sem censuras e no silêncio trocado sem incômodos. Aparece quase que imperceptivelmente no sorvete compartilhado, alguns muitos filmes chatos assistidos e naquele par de músicas indicadas.

Está também na gentileza sem motivos, no perdoar, mesmo que o mais doído e no agradecer mais honesto.

Enfim, está ali. Em pequenas ações, acontecimentos, palavras ditas e não ditas.

É que em algumas situações o “eu te amo” não precisa ser necessariamente pronunciado para existir, mas está lá, mesmo que não tão explícito. É aqui que nossa sensibilidade e perspicácia se tornam importantes.

De fato, amigo, às vezes, as entrelinhas falam mais que as próprias linhas.

Fique esperto!

De um amor pródigo para o infinito

De um amor pródigo para o infinito

Já faz algum tempo. Eu aprendi árduo a saber que o tempo, medida precisa, é um sentimento solitário. Os dias correm em mim como água salgada. Sinto-me enrugada como um afogado. Encharcada. Me perdi em oceanos lodosos – lá no fundo tem um museu de náufragos.

Temi dos dias doces o fim. Nunca foram. Tive medo dos rios, porque vão em uma direção só. Nunca voltam, nunca viram, nunca revoltam. Os lagos – nunca vão. Nunca soube: lago, rio, mar? Azul, apenas. Eu não sou bem lá navegante.

Ser do ar, dos voos longos no infinito estável. A transparência do que se sente, mas não se vê – vento, ar – “você já respirou fundo hoje?”. Agora percebo: azul-céu. Talvez água apenas por medo. Mas azul no céu inteiro. Não percebi antes. Mergulhar era modo de dar fim. Navegar sem ser navegante, mergulhar sem ser água, condenar o azul… que culpa? Azul no céu inteiro.

E eu mergulhei tanto sendo ave, não percebi. Não era água, era céu. Fui tão longe e sempre sob ele – dei as costas. Nunca vi. Agora contemplo, de longe, todo o céu que ignorei. Como não soubesse mais alçar voo, repouso no receio. – “Preciso trabalhar, tenho asas para sustentar!”. Quem sabe um dia, o tempo. Os dias correm em mim como uma gota de suor gelado. Sinto calafrios como um febril. Já faz algum tempo. Um sentimento solitário.

Falo, sei, como se fossem anos. É que eu sou dos tempos dos relógios de areia e das viradas da lua. Eu não tenho os segundos em meu favor. Todas essas subdivisões. O corpo sente o tempo a cada morte, estão todas em mim, cada morte, acontecendo, enquanto o tempo, cada célula que nunca viveu mais que um suspiro, o corpo revolto, a dor, todas querem uma chance, mas é apenas um dia, nada mais que um dia para viver. Mas eu aprendi que o tempo é um sentimento solitário. Eu tentei te contar…

Enquanto estive voando à procura do azul, eu nunca parei para olhar o céu. Via-o apenas refletido no mar, nos rios, nos lagos. Eu nunca soube se. Mergulhei. E no fundo havia lodo – um museu de corais coloridos. Nenhum azul. Me perdi. Agora, deserto de nós. E eu não sei voltar para casa. Vejo azul, de longe. Os dias correm em mim como areia fina. Sinto-me como o próprio tempo que aguarda.

Já faz algum tempo. Muitos tempos sucessivos. Eu tenho os dias. Nenhum segundo em meu favor. Vivi ciclos inteiros de história a cada semana. Tive guerras civis, revoluções, civilizações que vieram e já se foram, fui início e fim do mundo, mas agora, sou apenas um pássaro encharcado tentando redescobrir como pôde voar sob o céu sem nunca parar para ver…

O meu pequeno coração de ave é do tamanho do mundo, mas as vezes não se cabe. Sinto todos os ares em mim, e não sei se expansão ou explosão. Os ossos finos, feitos para vagar de braços abertos, atrofiados e trêmulos pelo mergulho prolongado. Os olhos, a chave, será tarde demais? Mas. Eu sempre pensei que fosse tarde demais.

Outra primavera se aproxima. O tempo. Esse sentimento solitário. Os anos entre nós. Pensei até que tivesse que lutar, armei-me de nadadeiras imaginárias. Tão estranho. E agora? Imóvel. Eu não sei voltar para casa. Distante, eu vejo o azul. Não sei se posso. Aguardo um sinal. Um convite. O cansaço. Os dias correm em mim como o inverno russo.

Essa ilusão de repouso. Essa ilusão de passado. Eu vejo as fotos da sua infância com sorrisos de ternura. Conheci os afetos do inexplicável. Como fosse um reconhecimento inverso de quem um dia no início conheceu e há muito tempo não vê, mas sabe: é. Eu me recordo do que nunca vi como se o tempo implodisse. A vida. Esse sentimento infinito. Esse amor solitário, como o tempo sentido – eles se entendem.

Invento involuntárias lembranças de quem namorou em silêncio, naquela ingenuidade satisfeita e sem cobranças que não sabe o que esperar do amor, apenas sente. – “O menino está vivo?”

Um lance de dor corta minhas divagações. “Eu tenho asas para sustentar, e elas estão imóveis”. Imagino que o menino, estivesse vivo, me irritaria com travessuras, me desorientaria, me desnortearia, me faria sair do lugar. Essa ilusão do vir de fora.

Essa ilusão de repouso de quem não sabe o que fazer. Imóvel, eu olho o azul. Não há para onde eu possa ir que não seja céu. Eu tenho asas que me sustentam. Enquanto eu permaneço aqui nessa inércia eu sinto o tempo, sentimento solitário, os dias correndo em mim como navalhas. Tudo me pede para sair do lugar.
Mas eu não sei voltar para casa…

Ficar neutro em casos de agressão contra a mulher é defender o agressor

Ficar neutro em casos de agressão contra a mulher é defender o agressor

Amber Heard denunciou Johnny Depp por ter quebrado um iPhone em seu rosto. Acreditei e defendi Amber Heard.

Kesha denunciou seu produtor Dr. Luke por ter sofrido abusos físicos e sexuais. Acreditei e defendi Kesha.

Beatriz denunciou um caso de estupro coletivo que ela sofreu, onde 33 homens estavam envolvidos. Acreditei e defendi Beatriz.

Em todos esses casos, sem exceção, a internet caiu em cima dessas mulheres.

Não, eu não escrevi errado, a internet caiu em cima das VÍTIMAS.
Era juiz de internet pra todo lado dizendo que elas estavam fazendo isso pelo ‘dinheiro’ ou pela ‘fama’.

Elas poderiam estar fazendo isso por dinheiro? Poderiam sim. Existe gente mal intencionada em todos os lugares, de todos os gêneros e raças.

Mas, mesmo sem ter as devidas provas, em todas as vezes eu acreditei na mulher e fiquei do lado delas. E me subiu o sangue ter que ver algumas ‘feministas’ me dizendo que só acreditariam nas vítimas quando tivessem todos os fatos muito bem esclarecidos.

Leiam isso que eu vou falar agora e reflitam:
Quando uma mulher acusa um homem de algum abuso, a grande maioria da sociedade vai ficar do lado do homem. Isso acontece sempre.
A sociedade vai sempre arranjar uma desculpa para defendê-lo.

“Mas ele estava muito nervoso”
“Mas foi só uma vez”
“Mas ela fez por merecer”
“Mas homem é assim mesmo”

Mesmo que a defesa do homem venha disfarçada de “Eu não estou defendendo ele, mas também não acredito nela”
A partir do momento que você não acredita na mulher, você está defendendo o homem sim. Não sei onde li essa frase, mas gosto muito dela e acho que ela se encaixa muito bem aqui:
“Ficar neutro em casos de opressão é defender ao opressor”.

Se alguém te dissesse que sua casa foi assaltada, você duvidaria dessa pessoa? Afinal, ela pode estar denunciando esse assalto para conseguir dinheiro do seguro, não pode? Ninguém duvida de uma vítima de assalto. Então por que duvidam de mulheres que dizem que apanharam de seu parceiro? Ou que foram estupradas?

Vocês sabiam que a porcentagem de denúncias falsas em caso de estupro e agressão sexual é de 2% a 8%?* Essa é a mesma porcentagem de queixas falsas para qualquer outro crime. Sim. A mesma.

Então por que uma é desacreditada pela sociedade e a outra não?
(Dica: porque um envolve exclusivamente homens vs mulheres, e adivinhem quem ganha?)

Vocês sabiam que mais de 70% das mulheres que sofrem violência não denunciam seus agressores? Um dos maiores motivos dessas denúncias não serem feitas, é porque a mulher sabe muito bem que as pessoas não vão apoiá-la. E ela vai sair como mentirosa.

Então eu, como mulher e como feminista, sempre que escutar sobre casos de abuso sexual ou violência contra a mulher me colocarei ao lado da mulher. Sempre. Até que me provem o contrário.

Porque eu nem imagino o quanto seja difícil você conseguir denunciar seu agressor. Tanto psicologica, quando burocraticamente.
Porque eu nem imagino o quanto seja difícil você tomar coragem e expor pro mundo uma vulnerabilidade sua, e o mundo duvidar de você.
Porque eu nem imagino o quanto seja difícil ter que ver pessoas defendendo o seu agressor, mesmo depois de você ter exposto as coisas que ele já fez.

Porque eu sei que, caso isso um dia aconteça comigo, eu vou precisar de mulheres ao meu lado, me apoiando. E não duvidando de mim. Nunca duvidando de mim. Porque as dúvidas de vocês em relação a essas denuncias só desencorajam mais mulheres a denunciar. Afinal, por que denunciar se ninguém vai acreditar nelas? Ou, pior ainda, se as pessoas vão se virar contra elas?

Nesses casos eu sempre defendo a mulher porque a sociedade já faz todo o esforço de tentar difamá-la e dizer que ela está mentindo.
E essas mulheres não precisam de outras mulheres compactuando com isso.

Eu posso estar errada a respeito de alguns casos? Nunca aconteceu até agora, mas posso sim. Mas eu prefiro perceber que estive errada a respeito de alguns casos, do que negar meu apoio em todos os outros.

Então mulheres, por favor, NUNCA duvidem de uma denúncia dessas. Estejam do lado de suas iguais. Não neguem ajuda a uma mulher e, sempre que puderem, a defendam.

“O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”

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