Sobre o que Deus tem preparado para mim: o que foi perdido foi, não se compara com o que há de vir

Sobre o que Deus tem preparado para mim: o que foi perdido foi, não se compara com o que há de vir

O que Deus tem preparado para mim supera tudo aquilo com que eu sonhei. Supera os amores idealizados, as paixões frustradas. O que Deus tem preparado para mim é melhor do que os sonhos que alimentei, os amores que perdi, e do que todo amor que dei e não recebi.

O que Ele tem preparado para mim é suficiente para sarar as feridas, para aliviar o peso dos erros. Eu sei que Deus tem algo especial para mim e sei disso porque já provei do Seu amor, já provei da Sua bondade e da Sua graça. Sei disso porque, no deserto, Ele foi o meu sustento, Ele foi o meu abrigo.

Eu sei disso porque, quando a maré tentou me derrubar, Ele foi o meu socorro. Quando o fracasso do passado tentou fazer morada em mim, buscando se abrigar, Ele fez de mim uma casa de sentimentos bons.

O que Deus tem preparado para mim quebra as barreiras do meu coração, quebra o medo e joga fora toda a minha insegurança, devolvendo-me a paz. O que Ele tem preparado para mim vem pra somar, vem para transbordar.

Sei que Deus cuida de mim. Sei disso porque, todas as vezes em que a minha alma estava bagunçada, Ele organizava. Deus sabe a hora certa de colocar tudo no seu devido lugar e o momento certo de colocar o meu coração nas mãos de alguém. Sei que Ele tem arquitetado planos incríveis para a minha vida. Sei disso porque meu coração ferido encontrou paz em Seus braços, porque, mesmo a minha fé sendo pequena demais, eu o via agindo nos pequenos detalhes da minha vida. Como Deus cuida de mim. Como Ele me abraça quando a tempestade vem, tentando me proteger do vendaval, dos ventos fortes, tentando me ajudar a não cair. E, quando eu caio, Ele estende a sua mão e não me deixa sucumbir.

Sei que Deus tem para mim um amor sincero, de alma bonita, um amor que não seja passageiro, que saiba ser casa de sentimentos bons, casa para ser morada. Um amor que saiba ser paciente, que saiba ser bondoso e que não deixe o orgulho falar mais alto. Sei que Deus tem cuidado de todas as áreas da minha vida. Então, rasguei os meus rascunhos e deixei Ele escrever a minha história.

Sei que o que Deus tem preparado para mim é muito melhor do que os meus planos frustrados, do que tudo aquilo que eu achei ser bom e, no fim, me decepcionou. Do que as amizades que eu achei que seriam para sempre, mas partiram na primeira dificuldade; do que o amor que eu insisti em fazer ser amor quando, na verdade, era ilusão, apego.

Deus não me daria qualquer coisa. Antes de alguém chegar, Ele quer preparar o terreno do meu coração, Ele quer que eu seja paciente, que eu tenha bondade, Ele quer que eu não tenha orgulho. Antes de ter um amor sincero e de alma bonita, eu preciso ser isso para alguém.

Sei que Deus se alegra com a minha vida; a tempestade passa, mas Ele permanece. Suas promessas não falham e eu sei que, em Deus, minhas expectativas não são frustradas. Ali, em seus braços, meu coração encontra alívio dos barulhos desse mundo; ali em seus braços, eu tenho a certeza de que Ele me ama. Ali eu entendi que todo o amor derramado numa cruz foi em meu favor.

Então, depois de entender e de provar do seu amor, o verdadeiro amor, eu sei que não importa quantos planos sejam frustrados, quantas vezes eu tenha que tentar, quantos nãos eu tenha que levar, quantas portas se fechem, quantas noites eu passe acordada chorando, quantas vezes o meu coração seja partido, Ele tem poder para restaurar, Ele tem poder para mudar os rumos, Ele coloca tudo no seu devido lugar. O que Ele tem preparado para mim é maior e melhor do que tudo. E o que foi perdido não se compara com o que há de vir.

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” 1 Coríntios 2:9

Vivemos um tempo em que tempo é mais caro do que dinheiro

Vivemos um tempo em que tempo é mais caro do que dinheiro

Precisamos de um tempo. Queremos tempo para escolher o que queremos. Não temos tempo para o que importa. Mal chegamos onde queremos e já temos que dar meia volta e retornar.

Estamos ligados, criativos para produzir dinheiro, maleáveis com as tarefas, perseguidores implacáveis dos prazos, multitarefas, multifacetados, multimídias, multiprofissionais. Mas o tempo não se multiplica. Não atrasa. Nem sequer aguarda.

Temos recursos variados, mas não temos o tempo. Somos seres eternamente atrasados, apressados, assoberbados.

Não há mais tempo para uma conversa sem pretensão, um café da manhã demorado, um passeio no meio da manhã, uma ligação, um suspiro relaxado.

Nossos dedos se adaptaram a digitar em telas minúsculas numa velocidade incrível, mas nosso coração ainda sofre descompassado com a urgência de tudo o que temos para cumprir num único dia.

O tempo não se ressente, nem tem preferências. É justo e passa igualmente para todos. Temos dificuldade em perceber as oportunidades diárias. Se o tempo custasse dinheiro, por certo o valorizaríamos mais, lutaríamos por ele, tentaríamos em vão armazená-lo em cofres e propriedades.

Vivemos para morrer. Sem perceber, a maioria de nós só pensa em construir conforto e estabilidade para enfrentar bem a morte. Enquanto isso, o tempo vai indo, abrindo seu caminho e trazendo de fato as renovações de ciclos e gerações.

Quanto custa uma hora do seu tempo? Por quanto me venderia se eu a quisesse comprar? Quantas horas você se permitiria, sem nada produzir nem lucrar? Só apreciando a passagem do tempo, na companhia escolhida, um pouco mais pobre no banco, um tanto mais cheio de vida…

A falta de tempo é amiga da taquicardia, do bruxismo, dos tiques e espasmos.

A vida moderna assume essa culpa, mas não mostra o antídoto.
Se queremos viver em comunhão com o tempo, está na hora de desacelar e respirar!

Desacomode-se

Desacomode-se

Você está satisfeito com a vida que tem nesse momento? Ou sente que as coisas não se encaixam, que era para ser diferente? Tem sonhos guardados para ver se talvez, um dia, terá coragem de tentar realizá-los? Se acomodou numa estabilidade ilusória e numa alegria forçada? Vamos lá, ainda dá tempo! Não desista de você!

Não se contente com pouco
Você nasceu para ser feliz
E não um pouco feliz: muito feliz!
Não se acomode em um trabalho desmotivador
Num relacionamento “meia-boca”
Com amigos quebra-galho
Nem com uma vida mais ou menos…
Tudo pode mudar, melhorar, brilhar!
Todavia, felicidade é sinônimo de coragem
E antônimo de acomodação
Não desanime, não desista
Não pense “poderia ser pior”
Mas concretize um “vai ser melhor”!

Ser plenamente realizado só depende de ti
De mexer seus pauzinhos
Sair da zona de conforto (desconfortável, por sinal!)
Sonhar alto
Fechar os ouvidos para os pessimistas
E acreditar na sua intuição!
Quantas histórias maravilhosas só foram vividas porque seus protagonistas foram destemidos?!

E tiveram um dia em que pararam e pensaram: não é isso que eu planejei para a minha vida, vou ter que fazer alguma coisa!
E sacudiram a poeira e foram adiante, simplesmente…
Pode não ter dado certo na primeira ou na segunda tentativa, mas não desistiram, e conseguiram!
Alguns, inclusive, de forma muito melhor do que sonhavam
Outros, de modo diferente, mas igualmente compensador!

Pare e se imagine daqui há 10 anos: se estiver na mesma situação de hoje, vai se considerar realizado? Ou vai se julgar um fraco porque não fez nada para melhorar a sua vida?
Se disse sim à segunda opção, porque está perdendo tempo?
Está esperando o que para tomara uma atitude?
Não me venha com desculpas, aproveite a energia e o vigor que possui (mesmo que eles tenham tirado umas feriazinhas) e comece já a transformar a sua perspectiva!

Você não sabe o que lhe aguarda no dia de amanhã, para deixar os seus sonhos de molho, guardados numa gaveta…
E não pode esquecer que o único responsável – e o maior preocupado – para com a sua felicidade é apenas e tão somente você mesmo
Por isso, não espere motivação ou atitude dos outros para começar!
Quantos roteiros incríveis deixam de ser escritos todos os dias por pura acomodação?
Quantos destinos maravilhosos não se concretizam por falta de vontade (preguiça, popularmente) dos seus personagens principais?
E se soubesse que a vida dos seus sonhos estava a um passo da sua caminhada, você não iria querer sair correndo agora mesmo?

É fatal aquela máxima: se arrepender apenas do que não se fez, do que não se tentou…
Pois mais vale lamentar um leite derramado do que nem ter tentado matar a sede…
A vida lhe apresentará as opções, mas apenas se você der espaço… Permita-se!
O problema é como? Começar por aonde?
Fique tranquilo, o universo lhe mostrará o caminho…
Você só precisa dar o primeiro passo rumo à realização, se abrir para a vida e mostrar disposição para ser feliz
E depois? Pague pra ver, lhe garanto que valerá a pena!

Somos mulheres inteiras. Raspas e restos não nos interessam!

Somos mulheres inteiras. Raspas e restos não nos interessam!

Somos um tipo misterioso de espécie. Dificílimo nos entender. Extremamente fácil perder-se em nossos intrincados sonhos, desacertos, conquistas e realidades a duras penas conquistadas. Somos capazes de amar e odiar, algumas vezes a mesma pessoa, exatamente na mesma medida.

Nossa pele é mais macia, nossa alma muito mais resistente. Não se engane a partir de nossa aparente fragilidade. É verdade, nos quebramos facilmente. Mas temos a arrasadora capacidade de nos colarmos e nos reinventarmos, numa reconstrução inédita dos milhares de pedaços a que fomos transformadas.

Somos guerreiras e anjos. Somos capazes de renúncias dignas de um ser santificado, mas nunca duvide da nossa diabólica capacidade de reviver inúmeras vezes, tantas quantas forem necessárias.

Há quem ouse acreditar que somos algo assim como um objeto que se possa possuir, usar, estragar e descartar. Há, inclusive, quem se aventure a colocar em prática tão perverso plano, dentro qual somos as vítimas.

Ainda somos vítimas. De maus tratos. De preconceitos. Da ignorância de um mundo que insiste em validar comportamentos de poder, baseado na subjugação de quem estiver mais vulnerável.
Somos meninas, somos mulheres. Às vezes, as duas ao mesmo tempo. Às vezes, uma e outra, intercaladas ao longo das horas do dia.

Somos um firmamento de ideias, um oceano de desejos. Terra firme e mar revolto. Somos chuva fina e tempestade. Somos dias ensolarados e tardes nubladas. Somos um mundo a habitar um único corpo, cuja alma é infinita em possibilidades.

Somos o que bem entendermos ser. Beijos profundos, afagos delicados. Sorrisos tímidos em lábios coloridos. Sorrisos arrasadores em lábios naturais. Doces. Ácidas. Amargas, às vezes.
Somos o colo que embala, os seios que alimentam. Somos curva, reta e laço. Somos o presente da vida para a humanidade.

Não há fórmula capaz de nos decifrar. Não há maneira de nos derrotar, quando descobrimos a força que temos juntas. Somos mulheres inteiras. Raspas e restos não nos interessam!

Fotógrafo transforma sonhos de moradores de rua em realidade

Fotógrafo transforma sonhos de moradores de rua em realidade

O fotógrafo romeno Horia Manolache, hoje radicado nos Estados Unidos, desenvolveu um projeto estarrecedor no qual ele transforma sonhos de moradores de rua em realidade, por intermédio de suas fotos artísticas, e contando com ajuda em dinheiro e recursos.

O projeto chama The Prince And The Pauper (‘O Príncipe e o Mendigo’). O nome é baseado no romance homônimo do escritor Mark Twain.

Ao abordar os desabrigados participantes, Horia lhes faz uma pergunta simples: “Qual é o seu maior sonho?”. A partir das respostas, ele traça o perfil de cada morador de rua e faz os preparativos para as fotografias.

Em seu site, Horia escreveu:

“Para este projeto, eu fotografei moradores de rua em hotéis, garagens, locais de construção e nas ruas. Conheci pessoas com armas e pessoas com corações dourados.”

Os figurinos utilizados pelos sem-teto foram pensados pela esposa do fotógrafo. Ela também ajudou na maquiagem, nos cortes de cabelo e na montagem dos estúdios.

Uma semana foi o tempo necessário para fotografar cada morador de rua em perspectiva. Houve situações em que esse prazo atrasou; tudo dependia da velocidade e conveniência com que Horia encontrava os indivíduos e propunha sua participação no projeto.

O principal objetivo desse projeto é mostrar às pessoas desabrigadas uma chance de fazer com que suas histórias sejam ouvidas. Trata-se de avivar os sonhos de pessoas que se esqueceram de sonhar ou não tem a chance de fazê-lo.

Assim como qualquer ser humano, pessoas sem-teto têm aspirações, embora sua realidade seja ofuscada ou por si mesmos ou pela injustiça. Todos têm direito de buscar oportunidades, mas algumas pessoas – a grande minoria – estão sempre controlando quem tem acesso ou não a elas.

Sobre sua formação, Horia conta que, após dois anos matriculado num curso técnico de uma universidade da Romênia, ele abandonou os estudos – por falta de propósito – e foi procurar outra coisa para fazer que o fizesse se sentir mais livre. Ingressou então em um curso de fotografia e, anos depois, já formado, mudou-se para os Estados Unidos, onde reside e estuda artes (Universidade de São Francisco).

Quando chegou a São Francisco, Horia logo notou a enormidade da população de moradores de rua. De acordo com o jornal The Huffington Post, pesquisadores estimam que, em 2013, o número total de adultos e crianças sem-teto residentes em São Francisco era de 7.350. Estatísticas de 2015 mostram um ligeiro aumento para 7.539. A quantidade de desabrigados na cidade vem aumentando de forma gradativa, o que reflete em um problema crônico, este que motiva o projeto.

Horia já trabalhou em outros projetos que o levaram para cima e para baixo nas ruas da cidade e, durante o caminho, deparou-se com centenas de moradores de rua, tratando de empatizar com eles.

O americano ainda prossegue com o The Prince And The Pauper. Atualmente, ele angaria fundos – por meio da plataforma de crowdsourcing Indiegogo – para publicar um livro com mais informações sobre esse projeto fotográfico.

Com essa causa, Horia deseja mudar uma mentalidade do senso comum; uma generalização que se tornou marca de pessoas desabrigadas – a de que elas são ameaças e, portanto, devem ser evitadas. Outro equívoco comum é que as pessoas pensam que esses sem-teto são todos doentes mentais, preguiçosos, vândalos e assim por diante.

O projeto é parte de um movimento de justiça. Defende que o sistema social compreenda as necessidades das pessoas desabrigadas, e não que elas sejam reféns das necessidades do sistema.

Se imaginarmos todas as condições adversas desses indivíduos, teremos uma noção de como é improvável que seus sonhos sejam realizados. Eles não têm água, alimento, abrigo, higiene; suas mentes estão perturbadas pelos horrores de uma existência indigna. O projeto de Horia luta contra isso ao projetar uma centelha de esperança na vida dessas pessoas.

Outro projeto com foco similar a esse é o do fotógrafo inglês Lee Jeffries, que fez questão de se envolver intimamente com moradores de rua, para, em seguida, retratá-los em fotos artísticas, de modo que ele lhes proporcionou um raro senso de importância e ofereceu algum sentido para que continuassem vivendo, apesar das adversidades.

Por si só, projetos como esses não salvam ninguém, mas ao menos tornam o mundo menos pior. Em específico, o The Prince And The Pauper conscientiza e sensibiliza a sociedade em geral, no intuito de fazer com que mendigos não sejam tratados com desprezo por pessoas em estados financeiros mais privilegiados.

As fotos retratam moradores de rua em duas situações. Na primeira, vemos como eles realmente são; na segunda, como sonham ser. Confira-as, então, junto com os trechos das histórias individuais de cada participante, escritos pelo próprio fotógrafo:

1. Mike

contioutra.com - Fotógrafo transforma sonhos de moradores de rua em realidade

“Mike foi o primeiro fotografado neste projeto. Ele veio de Ohio, mas teve que fugir de lá porque costumava fumar maconha: a polícia o capturou e o colocou na prisão. Hoje ele reconstrói sua vida. Já tem um lugar para ficar e começou a trabalhar, graças à uma organização de São Francisco.”

2. Henry

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“Henry é ex-viciado em drogas. Agora, ele vende jornais para uma organização que cuida de moradores de rua. Ele vem do Mississippi. Em um ponto de sua vida, Henry teve que escolher com quem ficar: o pai ou a mãe. Optou pela rua.”

3. Honey

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“Honey fugiu de casa por causa de seu marido violento. Ela tinha um carro no qual dormir, mas quebrou e a polícia o confiscou, então ela passou a dormir num parque. Aprendeu a tocar ukulelê sozinha e cantar usando colheres. Ela é chamada de Honey (‘mel’) por causa de sua voz doce. Fez sua primeira apresentação musical no hotel onde a fotografei.”

4. Max

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“Max é um veterano da guerra do Vietnã e do Golfo. Serviu no exército por 43 anos. Ele diz que, quando voltou, desistiu de tudo e foi para as ruas. Agora, ele tem problemas com álcool e mal consegue andar. Já viajou demais. Hoje ele não tem contato com sua filha.”

5. Frank

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“Conheci Frank em Hunterspoint, São Francisco. Ele vivia em um trailer juntamente com sua esposa e seu cachorro. Uma grande preocupação para ele foi o fato de a polícia ter avisado que confiscaria sua casa. Diz que foi criado com um mordomo, mas as drogas o levaram até as ruas. Trabalhava em construções quando o conheci; tive que fotografá-lo na rua e em um canteiro de obras. Sua esposa queria ser bailarina, mas, porque ela estava acima do peso, sentiu-se desconfortável em posar para o projeto. Frank é uma das pessoas mais amáveis que já conheci.”

6. Dan

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“Dan teve uma vida tumultuada, acabou nas ruas não muito tempo atrás. Ele é um escritor, e descobrimos ter amigos em comum. Ele utilizará essa foto em seu próximo livro.”

7. Jennifer

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“Jennifer é da família McCloud. Ela veio da Irlanda, juntamente com o marido, mas, em algum ponto do casamento, eles se divorciaram. Ela é muito tímida quando está sóbria.”

8. Bill

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“Bill teve de fugir do Estado em que vivia. A razão da fuga parece ter sido injusta, mas ele nem teve alternativas, porque acabou sendo preso. Ele quis enviar essas fotos para sua mãe porque ela tem Alzheimer, dessa forma, ela irá reconhecê-lo quando voltar à sociedade.”

9. Shad

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“Esta foto é de alguma forma simbólica para mim, considerando os tempos em que vivemos. Sua identidade foi roubada, sua namorada roubou sua carteira, sua pontuação de crédito desceu, e assim por diante, até que ele ficou sem casa. Shad percebeu que sua vida era tão turbulenta que não tinha um momento para parar e pensar o quê seus sonhos representavam.”

10. Hatter

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“Hatter foi uma pessoa que me ajudou muito neste projeto. Ele tinha uma empresa de eventos na Califórnia, porém, uma vez que as autoridades descobriram que ele era um proprietário menor de 18 anos, Hatter foi multado em mais de $100.000, e teve que deixar tudo.”

11. Michael

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“Conheci Michael duas vezes; na primeira, não pudemos fazer a sessão de fotos, pois ele estava realmente muito irritado. Conheci-o novamente depois de vários meses, e ele parecia reconciliado consigo mesmo. Nessa foto, ele me mostra a tatuagem com o nome de seu filho e diz que sente falta dele. Perdeu sua mãe, seu trabalho e sua casa em apenas dois dias.”

12. Tammy

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“Tammy é uma pop star que mora em Haight Street, São Francisco. Se hoje ela não pode trazer um sorriso a seu rosto, alguém irá. Sua maior dor é que a avó e o primeiro marido levaram as crianças para longe dela.”

13. Pops

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“Pops esteve na guerra do Vietnã. Ele era um engenheiro, mas começou a usar drogas e perdeu o emprego. Viciado por 12 anos, foi internado em uma clínica de reabilitação. Infelizmente, hoje ele é alcoólatra.”

14. McKayas

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“McKayas viveu muito perto de Haight Street quando era criança. Ele se orgulha de que seus pais fizeram parte do movimento hippie na década de 60. Viveu no México, Havaí, Indonésia, Panamá, Bolívia, Costa Rica, Peru, e diz que pretende visitar todos os outros países do mundo.”

Não percamos tempo elaborando disfarces

Não percamos tempo elaborando disfarces

Espontaneidade não se ensaia, cultura não se finge, preconceito não se esconde, gosto realmente não se discute.

Jamais será possível corresponder a todas as expectativas alheias, e nossos processos e falhas por vezes serão expostos e julgados, muito embora por juízes não credenciados nem sequer considerados.

Disfarçar dificuldades não é uma arte, não é uma habilidade. Ao contrário, pode ser uma corda perigosa se enrolando a cada disfarce em volta do pescoço, que, em um instante, pode ser violentamente puxada.

O desespero de ocultar razões para críticas e reprovações, acaba por nos fazer reféns de disfarces e máscaras.

Admitir ignorância a respeito de determinado assunto, confessar dificuldades em lidar com certas questões, respeitar e guardar distância de diversas animosidades, nada disso nos desvaloriza, como equivocadamente costumamos supor.

O que realmente nos deixa vulneráveis, frágeis e vergonhosamente expostos é o esforço tolo de encobrir e disfarçar os traços que formam a nossa identidade. Viramos caricaturas, nos tornamos seres obtusos, vigilantes, sempre alertas para não revelar um momento de contradição que possa nos trair.

É o uso do tempo de vida em favor da opinião e julgamentos alheios, desprezando o desfrute próprio, as conquistas escolhidas, as coisas bobas boas da vida, ainda que o vizinho não aprecie, o alvo da paquera despreze, a família não valorize, o mundo rejeite por questões de padrões e embalagens.

Disfarces são caros, nos custam o fôlego, a espontaneidade, a individualidade. A aceitação de nós mesmos, em contrapartida, é que nos permite enxergar, carregar e sentir necessidade de mudar nossas convicções, preferências e dificuldades.

Cuidemos pois, de cuidar e lustrar nossa versão original e única, valorizando o que o tempo ensina.

As camuflagens só servem para quem deseja viver entrincheirado nos desejos da ilusória perfeição.

A gente aprende quase tudo é com os amores que dão em nada.

A gente aprende quase tudo é com os amores que dão em nada.

Acertar é bom. Dá um alívio, um contentamento, uma satisfação. A gente mira direito e acerta de jeito, no alvo. Coisa boa! Sensação adocicada de conquista. Pena que não acontece sempre. No mais das vezes a gente erra mesmo. Erra no trabalho, no jogo, na vida, no amor. Se há um consolo, é que o erro fica menos feio quando a gente aprende com ele.

Eu acredito na felicidade conjugal, no amor de um dia depois do outro, na construção das histórias simples de ternura e afeto e no trabalho que tudo isso dá. Acredito, sim. Por duas vezes, em dois casamentos diferentes, fui feliz e sinto hoje uma alegria tranquila de saber que, em algum momento, de alguma sorte, trabalhei para a felicidade de alguém e nós acertamos juntos. Em meio a tantos erros, nossa meia dúzia de acertos valeu a pena e isso nos fez bem.

Mas aqui entre nós eu acho francamente que a gente aprende mesmo é com os amores errados, os desencontros, os escorregões, as decisões equivocadas. Quanto mais a gente quebra a cara, mais aprende.

Com os amores que dão em nada é que a gente se descobre profundamente. Nas expectativas frustradas, esperas inúteis, decepções prematuras e desencontros anunciados todo amante se encontra e se enxerga de perto, inteiro em seu desengano. Honesto em sua dor.

Tem coisa que a gente não escolhe. Acontece assim e pronto. Não há o que fazer senão aceitar. A gente chora, reclama, esperneia um pouquinho e depois vai em frente. Vai com uma nova história no currículo, vai sabendo que aprendeu mais uma. Vai pronto para acertar na próxima.

Eu agradeço, sim. Agradeço por cada fracasso amoroso que uma hora ou outra bagunçou a minha vida. Sou grato por todo engano que vira e mexe aparece no caminho. Sofro mas aprendo. Na vida a gente precisa aprender de tudo, inclusive com os amores que não dão em nada.

Viramos a nossa própria droga e nós estamos viciados

Viramos a nossa própria droga e nós estamos viciados

Vivemos cercados por círculos viciosos. E não é só de substâncias como nicotina e álcool que eu estou falando.

O descaso, o desprezo, o medo e a falta de alteridade acabaram por dominar grande parte da vida cotidiana. Primeiro, porque nos falta empatia para enxergar o outro, para reconhecermos o outro como nosso igual e semelhante. Segundo, porque passamos a nos enaltecer demais. Nossas virtudes, nossas manias, nossos gostos. Viramos a nossa própria droga e nós estamos viciados.

Não é uma questão de ter ou não autoestima. Isso é diferente. Autoestima pressupõe avaliar a si mesmo subjetivamente e descobrir aspectos positivos e negativos. Ter uma boa autoestima não é e nunca foi sinônimo de exclusão.

Sua roupa ou seu status social não deveria fazer o outro desaparecer. O que você tem e o que você acredita ser não são ingredientes de uma fórmula de invisibilidade que faz com que as pessoas ao redor automaticamente desapareçam da vista.

Aristóteles definiu a natureza do homem como a de um Zoon Politikon (Animal Político). No seu tratado sobre a política, o filósofo de Estagira escreveu: “O homem é um animal social. O homem que por si só se basta, não é homem”. Pois é, meu amigo. Quer você queira ou não, nascemos para viver em sociedade. O problema é que cada vez mais temos esquecido o Politikon, e isso tem nos tornado simples animais pela falta de capacidade de se comunicar racionalmente com outros de nossa espécie.

Foi utilizando essa base aristotélica que o poeta inglês John Donne escreveu o célebre poema onde diz: “Nenhum homem é uma ilha; cada homem é uma partícula do continente […] a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram também por ti”.

Talvez seja necessária uma reabilitação; talvez só precisemos olhar mais para o lado, ao invés do próprio umbigo. Quem sabe? A misantropia anda em alta e todo mundo quer ser cult e descolado, aderindo à moda. A gente só esquece que gostar de si mesmo não é odiar quem quer que seja. Não é preciso abrir mão da individualidade para viver bem com o outro. No entanto, é preciso reconhecer que ele existe, o que não deveria configurar nenhuma dificuldade.

Existir não é um privilégio apenas seu e daqueles de quem você gosta. Lembre-se disso.

Por trás de toda depressão, existe uma vontade enorme de ser feliz

Por trás de toda depressão, existe uma vontade enorme de ser feliz

De repente você não tem ânimo para nada. Não quer sair do quarto, que, a propósito está uma bagunça sem fim; não tem vontade de ver o mundo; não possui força sequer para fazer atividades que faziam/fazem parte do seu cotidiano.

Você se enxerga no fundo do poço, sem qualquer recurso ou sinal que faça recuperar a esperança. A vida nesse limiar de tristeza torna-se ainda mais frágil e por que não dizer insignificante, já que afundada em uma depressão, ela perde a sua razão de ser.

A depressão não é do jeito que descrevi, ela é muito pior e o mais importante: não é coisa de gente “fresca”. Depressão é coisa de gente, porque todos nós estamos sujeitos a queda, a dor e ao sofrimento. A única diferença direciona-se ao modo como cada um se comporta diante da pedra no meio do caminho. Entretanto, julgar algo precipitadamente ou achar que uma doença tão terrível é simplesmente “frescura” é ser despido totalmente do mínimo de sensibilidade.

Bauman assevera que não há como medir a dor que alguém sente, pois: “Cada angústia fere e atormenta no seu próprio tempo”. Dessa maneira, há de se considerar que todos nós possuímos nossos monstros e que eles nos assustam de maneira distinta. Ou seja, aquilo que aflige e esmaga o meu peito não necessariamente será a mesma dor que o outro sente, de modo que cada um sofre de acordo com as suas idiossincrasias e dores únicas.

Isso implica o entendimento de que a pluralidade só existe em função da singularidade que cada um possui e, assim, por mais que o problema do outro pareça aos meus olhos algo bobo, devemos buscar compreender que cada dor tem seu tempo e lugar, pois, como diz a letra da música: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

Sendo assim, deve-se ter empatia para que possamos imaginar o sofrimento que existe em relação às particularidades de cada um.
Apesar de a empatia ser fundamental para que as pessoas que estão ao redor de quem sofre de depressão possam compreendê-la e ajudá-la, é necessário que a pessoa que sofre do problema busque analisar a raiz do seu sofrimento e de que modo ela tem contribuindo para a perpetuação deste.

Não estou dizendo que o indivíduo não deve chorar, ficar aflito ou angustiado em função de determinada situação, e sim, que deve, por meio de uma introspecção, tentar perceber em que momento a mágoa deixou de machucar por si só e passou a ser uma rememoração desencadeada pela própria cabeça.

Isto é, quantas vezes nós ficamos remoendo dores do passado, remexendo em feridas já cicatrizadas e fazendo-as tornar a sangrar? A depressão nunca é culpa de quem a possui, mas se martirizar por algo que não pode ser consertado não ajuda em nada, afinal, não se pode voltar no tempo e, mesmo que pudéssemos, outras coisas nos incomodariam e outras pedras existiriam, de maneira que teríamos que lidar com outros problemas, pois como é dito no filme “Questão de Tempo” – “Ninguém pode te preparar para o amor e para o medo”.

Eu sei que falar é muito mais fácil do que colocar em prática, tanto para quem tem depressão, quanto para quem está ao lado, porque lidar com o problema de modo que possa resolvê-lo depende de empatia, de perdão, de auto perdão, de resiliência, de esperança, de humor.

Depende de um olhar doce para um mundo que tanto nos faz chorar, já que só assim conseguimos fazer das lágrimas uma aquarela de cores para pintar um arco-íris, uma jiboia engolindo um elefante, uma árvore que dá pipoca, um dragão que cospe sorvete (que bom seria, hein?) ou qualquer coisa que quisermos.

Quando não conseguimos ter essa doçura no olhar, a depressão torna-se um casulo que transforma borboletas em lagartas e isso é triste, porque a beleza daquelas está na sua capacidade de se transformar, demonstrando que por trás de todo casulo há uma borboleta e que de toda depressão existe uma vontade enorme de ser feliz, cabe a nós escolher o que sai do casulo.

Ninguém é ansioso porque quer

Ninguém é ansioso porque quer

Ninguém diz “você é míope demais” para uma pessoa que não enxerga bem, diz? Ninguém diz “você é diabético demais”, para uma pessoa que tem diabetes, certo?

Por esse motivo fico extremamente irritada quando alguém me diz: “você é ansiosa demais”.

Assim como ninguém é míope ou diabético porque quer, ninguém é ansioso porque quer. Eu daria toda a coca-cola zero da minha geladeira para não ser uma pessoa ansiosa. Luto com unhas e dentes contra essa fera: pratico meditação, yôga, faço terapia e quando o bicho pega tomo florais e homeopatia.

Todavia, tem épocas (ou situações) em que nada disso resolve.

Eis as frases mais ouvidas por um ansioso: “Você não sabe esperar”, “você precisa aprender a ter paciência”, “pare de fazer tempestade em copo d’água”, “você é controlador”, “você é impaciente”, “nem tudo é do jeito que você quer”, “aprenda a respeitar o tempo do outro”, “por que você sempre imagina o pior?”, “você é muito extremista”, “você quer tudo para ontem”, “você é pessimista”, “por que você não fez isso ou aquilo ainda?”, etc.

Diante dessa chuva de observações pejorativas a única coisa que o ansioso consegue é ficar ainda mais ansioso: ansioso por conter sua ansiedade para não perder o afeto e a admiração dos que o cercam.

O mais curioso disso tudo é que, em geral, as pessoas que criticam os ansiosos também são ansiosas, mas não percebem isso (ou disfarçam melhor).

Os transtornos de ansiedade pouco têm a ver com impaciência. Eles estão mais relacionados ao funcionamento da psique – e eventualmente a alguma disfunção fisiológica – do que a qualquer outra coisa.

Nem todo mundo sabe, mas a depressão, por exemplo, pode ser um sintoma de ansiedade. Ansiedade não necessariamente tem a ver com agitação e impaciência. A ansiedade pode, inclusive, paralisar uma pessoa, embotar suas emoções.

A mente de uma pessoa ansiosa nunca pára e está sempre criando cenários e possibilidades, na maioria das vezes, desfavoráveis. Não, um ansioso não é um pessimista, um nuvem negra, um controlador, ele é apenas ansioso!

Tentar controlar um ambiente, uma situação, uma pessoa; tentar resolver as coisas a seu modo – são, na verdade, tentativas ilusórias de evitar que o pior aconteça e de afastar os pensamentos catastróficos.

Assim como a diabetes, ansiedade não tem cura, mas pode ser controlada.

Portanto, caro coleguinha que se julga super equilibrado emocionalmente, pense duas vezes antes de dizer “você é ansioso demais” para uma pessoa ansiosa, pois ninguém é ansioso porque quer e agindo assim você vai apenas contribuir para que a ansiedade do outro aumente, uma vez que ele se sente impotente diante do transtorno que apresenta.

Ok, pessoas ansiosas que às vezes enchem o saco e passam dos limites devem, sim, aprender a lidar com sua ansiedade e necessidade de controle, mas isso não lhe dá o direito de tratá-las como se fossem infantis, imaturas ou, pior, portadoras de doenças contagiosas. De mais a mais, se você não consegue lidar com a ansiedade de alguém é porque no fundo pode estar jogando sua própria ansiedade para debaixo do tapete – em geral, o que mais nos irrita no outro é o que nos incomoda em nós mesmos e não queremos olhar nem admitir.

Que tal, ao invés de julgarmos, exercitarmos a empatia?

Viver sem música é tão inútil quanto nadar com as pernas presas

Viver sem música é tão inútil quanto nadar com as pernas presas

Música é a forma de arte mais excitante de todas. Satisfaz necessidades emocionais iminentes, estimula o raciocínio, doma o espírito, agita os mares da reflexão, energiza a libido, aumenta a produtividade média e faz o tempo render. Não é sempre que esses benefícios são evidentes, embora a incidência seja quase certa, na maioria dos casos.

Poucas atividades não se tornam mais agradáveis quando se ouve música em simultaneidade. Viajar, trabalhar, praticar exercícios físicos, curtir uma festa, ler, escrever, estudar. A lista de tarefas potencialmente incrementadas pela música é infindável.

Na famosa acepção de Nietzsche, “sem música, a vida seria um erro”.

Viver sem música é tão inútil quanto nadar com as pernas presas, sendo ela uma solução para a libertação das amarras. Ao se deixar levar pelas melodias do som, a vida se torna mais fácil, interessante e prazerosa.

Muitos não conseguem, de jeito nenhum, manter sua rotina habitual sem música. Para estes, o vácuo do silêncio gera uma pressão existencial tão incômoda que mina a realização plena de quase todas as experiências. O tempo demora mais para passar, tédio e impaciência agigantam-se, a monotonia reina: parece que vazio das horas é confundido com vazio do silêncio.

É curioso como toda canção representa um planeta diferente, e é divertido saber que se tem livre passagem para todos eles. Mais legal sobre essas viagens musicais é que se pode fazê-las sem temer a alienação. Na verdade, muitos alegam que ouvir música instiga sua imaginação como poucos subterfúgios o fazem. O som intervém entre a distração consciente e a atividade concentrada, maximizando tanto uma experiência quanto a outra.

Assim como escutar música, praticá-la é uma das tarefas que mais propulsionam a criatividade humana. Habilidades musicais são, em geral, socialmente atrativas e geradoras de inúmeras oportunidades criativas, em que os resultados finais podem ser transformados em novas ideias para músicas subsequentes.

Tocar um instrumento envolve a atividade de quase todas as partes do cérebro. Como em qualquer treino, a prática estruturada e disciplinada reforça as funções cerebrais e aperfeiçoa o desempenho prático.

Se ouvir música sensibiliza, quem faz música deve ser sensível. A compreensão do conteúdo emocional é decisiva para que uma mensagem musical seja eficazmente transmitida e, melhor ainda, assimilada.

Cada cultura humana registrada incluiu música de alguma forma, até porque, é uma das melhores formas de descarrilar a criatividade e avivar a imaginação. Sentimos uma enxurrada de pensamentos soltos, aparentemente desconexos, mas que, se interligados por alguma função, podem gerar soluções viáveis e inovadoras para resolução de problemas do dia a dia. Sem dúvida, música é um dos maiores triunfos da inteligência humana.

Há incontáveis perspectivas nas quais uma sinfonia age como catalisadora produtiva. Trabalhadores de vários segmentos de fato rendem mais quando fazem seu serviço na onda de algum som. Frequentadores de academia relatam um considerável aumento de desempenho enquanto treinam ouvindo música. Viagens se tornam mais interessantes quando há uma trilha sonora característica. Encontros românticos são esquentados por harmonia musical. Bares lotam mais se há som em sua atmosfera. Baladas sem música, por exemplo, não seriam baladas.

Às vezes, passar um ou mais dias inteiros sem música é uma imposição inevitável (e excruciante). Entretanto, mesmo acometidos por essa privação, ainda costumamos cantarolar músicas viciantes que grudam na mente. Essa é uma necessidade natural do ser humano: dar ritmo à existência.

Música é uma arte tão poderosa que, em seus múltiplos efeitos terapêuticos, ameniza mal-estar, neuroses e, em alguns casos, até doenças graves. Não faz milagres, é claro, mas elimina muitas emoções desagradáveis, promovendo melhoria da saúde psíquica e maior qualidade de vida, mesmo que seja paliativa. Em excesso pode fazer mal, como tudo que se faz ou consome.

Música satisfaz uma necessidade de transcendência; faz ultrapassar os limites da consciência, bem como influencia diretamente no humor. É uma das drogas mais antigas da história. Por seu poder inspirador, não admira que muitas pessoas recorram a ela como válvula de escape.

Quando tinha apenas 14 anos de idade, Nietzsche relatou o seguinte:

“A música une todas as qualidades: ela pode exaltar-nos, desviar-nos, elevar-nos, ou quebrar o mais duro dos corações com o mais suave dos seus tons melancólicos. Mas sua missão principal é alçar nossos pensamentos para coisas mais elevadas, até mesmo para nos fazer tremer. A arte musical muitas vezes fala em tons mais penetrantes do que as palavras poéticas, e toma conta das fendas mais escondidas do coração.”

É engraçado como ficar muitas horas sem ouvir algum som causa alterações não só emocionais, mas também físicas e psicológicas. A carência musical passa uma sensação de isolamento, de estar avulso no tempo, mesmo que se esteja rodeado de muita gente; passa também uma sensação de desgaste, mesmo que não tenha havido esforço corporal.

Em um ensaio chamado The Rest Is Silence, o escritor inglês Aldous Huxley fala um pouco sobre a influência da música em sua vida e seu potencial criativo:

“Da pura sensação à intuição de beleza, do prazer à dor de amar, do êxtase místico à morte – todas as coisas que são fundamentais, todas as coisas que, ao espírito humano, são mais profundamente significativas só podem ser experimentadas, não expressadas. O resto é sempre e em toda parte silêncio. Após o silêncio, o que chega mais próximo de expressar o inexprimível é a música.”

Segundo Huxley, o silêncio é uma característica imprescindível da música. A qualidade de um som, então, também é determinada pelo que não se ouve.

O som é preludiado pelo silêncio, este que tem um papel fundamental: faz elevar as expectativas quando surge a vontade de ouvir música. E então a saciamos.

O filósofo Arthur Schopenhauer, em sua obra O Mundo Como Vontade e Representação, explora, entre outros assuntos, a influência da música no espírito e cérebro humanos. Diz ele:

“A arte da música está para além de todas as outras. Seu efeito sobre a natureza íntima do homem é tão poderoso, completo e profundamente compreendido por ele em seu interior como uma língua inteiramente universal, cuja distinção supera até mesmo a do mundo da própria percepção […] Devemos atribuir à música um significado muito mais relevante que se refere ao ser mais profundo do mundo e de nós mesmos.”

O filósofo argumenta que o poder exclusivo da música reside na sua capacidade para capturar a vontade do “eu” no mundo. Seus efeitos são fenômenos multiplicados que constituem a essência de muitas coisas, incluindo o próprio desejo. Música, como nenhuma outra arte, é penetrante: reflete a objetividade das ideias em seu núcleo.

Schopenhauer afirma:

“A profundidade inexprimível de toda a música, em virtude da qual ela flutua por nós como um paraíso bastante familiar e ainda assim eternamente remoto, é devido ao fato de que ela reproduz todas as emoções do nosso mais íntimo ser e estar […] Seu objeto não é a representação, em relação ao qual engano e ridículo só são possíveis, mas que este objeto é diretamente da vontade; e esta é, essencialmente, a mais crucial de todas as coisas, como sendo aquela da qual tudo depende.”

Nesse mesmo livro, o autor comenta sobre a vontade de ouvir uma mesma canção (ou trechos dela) por várias vezes seguidas. Tal hábito comum é bem estudado na psicologia da repetição, da qual se percebe como o cérebro humano é encantado por melodias repetidas e continuadas. Na musicalidade, repetição é uma espécie de hipnotismo. Schopenhauer sugere:

“Como cheia de sentido e significado, a linguagem da música é o que vemos a partir dos sinais de repetição, os quais seriam insuportáveis no caso de obras compostas na língua de palavras. Em música, no entanto, são muito apropriados e benéficos. Para compreender totalmente uma música, devemos ouvi-la duas vezes.”

Desejamos ritmo e continuidade do prazer para que as sensações de satisfação não se percam. Normalmente, o prazer é requerido pela sua ausência e, através da instrumentalidade e do canto, temos a capacidade de inverter essa lógica. Assim, torna-se agradável ouvir uma boa canção seguidas vezes, enquanto seu efeito apaziguar os tormentos da cessação de tal desejo.

A linguagem musical é extremamente universal; seu poder singular abrange a todos e interessa a todos. Em seu interior, e de acordo com suas manifestações abrangentes, percebe-se a música como um produto artístico facilmente mensurável.

Nós avaliamos um som considerando o princípio hierárquico de intimidade, segundo o qual escolhemos ouvir as músicas familiares com mais frequência do que aquelas desconhecidas. A repetição musical é sedutora.

Grande parte das composições musicais costuma ser homogênea, isto é, tem pouca similaridade em relação a uma variedade de percepções. Música é subjetiva como qualquer arte, mas são justamente as diferenças de avaliação e ponto de vista que a fazem mais rica em forma e conteúdo.

Oliver Sacks, famoso neurologista e escritor, elaborou um livro interessante intitulado Musicofilia, no qual ele explora, com minúcia, os fenômenos fisiológicos por trás do impulso humano por música. O autor se interessou por esse tema após ler uma confissão da dramaturga americana Edna St. Vincent Millay, a saber: “Sem música, eu deveria desejar morrer”. Não pareceria trágico demais se não fosse poesia.

Bem, em Musicofilia, Sacks argumenta:

“Música, exclusivamente entre as artes, é ao mesmo tempo totalmente abstrata e profundamente emocional. Não tem poder para representar qualquer coisa em particular ou externa, mas tem um poder único para expressar estados internos ou sentimentos. Música pode perfurar o coração diretamente, sem mediações. Há, por fim, um paradoxo misterioso aqui, pois, enquanto a música torna a dor uma experiência mais intensa, também traz consolação.”

Tanto importa que a música encandeça a disposição, ou, por outro lado, desole emocionalmente, ouvi-la é uma das razões pelas quais se desenvolve virtuosidade intelectual e inteligência emocional.

A música é, para muitas pessoas, mais ou menos sensíveis, a melhor forma de digerir o tempo. Psicólogos diversos supõem que ouvir peças sonoras extasia o cérebro mais do que qualquer coisa. A manifestação musical artística se destaca como sendo uma manifestação da própria humanidade.

Da mesma forma que uma ponte liga dois polos por meio de sua estrutura, a música conecta aquilo que não pode ser colocado em palavras e aquilo que não pode permanecer em silêncio.

Há estudos recentes que associam determinados gêneros musicais a certos tipos de personalidade. Esses estudos são sugestivos, não conclusivos, mas apresentam um bom aparato de informações acerca de como e por que se desenvolvem as preferências por um som ou outro, considerando-se os hábitos e características distintivas de cada pessoa.

Outras pesquisas correlacionam música e sonhos. Sabe-se que algumas pessoas têm sonhos auditivos: elas visualizam cenas contemplativas, mas também ouvem sons musicais enquanto dormem. Muitos músicos, como Mozart e Tchaikovsky, por exemplo, alegaram ter ouvido composições em sonhos que se tornaram, na realidade, suas canções. Talvez algumas jornadas inconscientes propiciem surtos imagéticos sonoros. Ao ser capaz de retê-los acordado, é possível transformar essas informações em prol da música. Não deve ser fácil.

Escutar música é algo que muitos escritores também adoram fazer enquanto exercem a função. Mas, em geral, eles são bem seletivos ao decidir que tipo de som vai tocar. Enquanto uns preferem músicas lentas e cadenciadas, outros preferem músicas pesadas e agressivas. Em ambos os casos, a música funciona como um portal mágico para mundos criativos sofisticados.

Não só para músicos, escritores e artistas em geral, mas também para outros profissionais, sem distinção alguma, a música serve como uma rampa lisa que reduz o atrito e os ajuda a deslizar melhor em suas zonas de atuação.

É notável como ouvir ou fazer música eleva os níveis de energia; igualmente perceptível é como sua falta pode fazer mitigar essa vitalidade. Não são todos os casos em que o aspecto melancólico do silêncio prejudica na propensão energética, mas é melhor utilizar os estados de transcendência – através da música – estrategicamente, a fim de isso manter o corpo e a mente energizados por um período mais longo. Nesse contexto, a música assume um valor inestimável que vai além do prazer e entretenimento: ela é uma das faíscas que acendem a motivação humana.

Viver sem música é tão inútil quanto nadar com as pernas presas. É claro, há quem consiga nadar preso, mas se rebate e perde energia à toa, como um infeliz peixe fora d’água. Música é, tantas vezes, uma excelente forma de evitar o sufocamento da realidade.

À moça de olhos tristes

À moça de olhos tristes

Há alguns dias você chegou e quebrou a minha rotina tranquila. Como se eu vivesse com plumas nos pés, seguia minha vida distraído, até ter minha leveza umedecida pelas nuvens da sua presença. Não é tempestuosa, nem intensa, mas como os dias mornos que lamentam a chuva finda em seu leito, lentamente deixando subir o vapor do passado, denso e embriagado de sol encoberto. Desde a primeira vez em que te vi, você parecia fugir de casa. Parece fugir de casa todos os dias, dia após dia, uma vida de fugas frustradas e retornos vãos.

Eu sei onde você começa a sua jornada, mas não sei onde termina. Seus olhos castanhos profundos estão sempre rodeados pelo azul opaco das noites mal dormidas. O pó com o qual você tenta velar os traços e as cores da solidão se recusa a cumprir sua função, por uma questão de ética, deixa exposta, ainda que coberta por um delicado véu de artifícios, a tristeza que guarda, a tristeza que cresce e já não pode ser escondida. Ele a condena silenciosamente, para que, talvez, alguém a salve. Todos nós precisamos, às vezes, de alguém que nos salve.

Como quem desconhece a invenção dos óculos escuros, você transforma seus próprios olhos em armações, vidrados eles entram e persistem como lentes intransigentes. Não permite que ninguém penetre ou seja penetrado. A distância elétrica da sua resistência passa pela roleta e buscando uma janela para a qual se vira inflexível. Ingênuos os que pensam que você busca pelas paisagens batidas e desgrenhadas da estética urbana. Eu sei que deseja apenas evitar os outros passageiros. Eu te observo discretamente, com ternura e medo, pensando, quem sabe, um dia me aproximar.

Mas seu corpo todo repele qualquer presença, como se todos os abraços fossem feitos de espinho. Quem pode julgar, sem saber, quantos espinhos suportou pela vida? Quantos espinhos te torturam ainda a alma? A lembrança, o trauma. Eu não sei, mas eu sinto, apesar da sua distância, sinto suas nuvens, encharcando minhas penas. Todos os dias eu sei onde você começa a sua jornada, você, talvez, saiba onde a minha termina. Eu desço levando suas essências perturbadas e doloridas, um perfume doce e despretensioso de quem se conformou com o vazio.

Hoje, como por vezes a vida faz graça para interromper o mormaço monótono da rotina, quando eu desci, o transito estava parado. Pude te ver de fora. Seus olhos vidrados não me viam. Não estavam longe, não estavam atentos, pareciam completamente voltados por dentro, absorvidos pela introspecção. Quase não piscavam, como temessem assim liberar as lágrimas. Os lábios não estavam curvos em qualquer direção. Comprimiam-se em linha como quem segurasse o choro, aprisionando-o na tensão de todos os músculos da face. As sobrancelhas pareciam ignorar todos os sentimentos que no rosto se exibiam, como quem se cansou de se pressionar tanto.

Não era rude, era leve, toda a sua tensão, todo o seu descaso com os próprios afetos, vivendo os seus dias, um atrás do outro, fugindo de casa, ignorando as dores, ignorando a todos, ignorando a tudo, voltada para dentro. Levava nos ouvidos a música singular. Eu já percebia, mas hoje pude ver, nos seus olhos, eu vi as notas que chegavam egoístas apenas aos seus ouvidos. Ao contrário do motivo que, suponho, cole o seu rosto à janela antes que qualquer olhar possa encontrar o seu, a música poderia ser apenas para ocultar os ruídos externos, mas você realmente ouvia. Ou ouvia a si mesma como uma canção? Não importa tanto, desde que haja música, há esperança.

Eu sigo meu rumo, todos os dias, dia após dia, desde de o dia em que as suas nuvens pesaram minhas penas, e levo seu olhar descaradamente triste como um novo olhar rondando o meu. Quando chego ao trabalho e vejo os rostos sorridentes, os cumprimentos automáticos, as conversas de sempre, alguma polidez e alguma estupidez trocando farpas, disputando a atenção, eu busco em todos os olhos a verdade que os seus revelam sem pudor. Não é que todos carreguem uma tristeza como a sua, talvez não carreguem sequer tristeza alguma. Mas destes olhos seus, emoldurados do azul das noites mal dormidas, eu os vejo tão simplesmente sinceros, como quem cansou de fingir, e assumiu fugir de casa todos os dias. A sua fuga é o inevitável batente. É certo, não podemos parar sem maiores consequências. Estamos perdidos e seus olhos condenam essa perdição.

Então eu busco, um tanto cuidadoso para não ser descoberto em meu crime, busco os sentimentos mais profundos escondidos por trás de todos os olhos. Percebo que os olhos não são feitos apenas de íris e pupilas. Cada textura, cor, traço e expressão da pele que os cortinam, tudo diz respeito aos olhos. Mas, e os olhos, ao que dizem respeito? Nos olhos vivem caoticamente a verdade e a mentira de cada um. O inevitável do que se tenta evitar. Prestar atenção aos olhos alheios é desnudar ao outro sem permissão. Essa vulgaridade de conhecer sem pedir licença. O meu crime. Eu tenho mudado desde então.

Já não creio tão fácil no superficial que me apresentam. Suas nuvens pesando minhas penas me forçaram a fortalecer meus ossos ocos e finos para poder movimentar-me. Convivo com o desconforto de olhar nos olhos e perceber o quanto escondem. Há dores lá moça, há dores como a sua, muito mais bem protegidas. Há dores diversas. Há perversões e escuridão. Os sentimentos mais mesquinhos. Mas o que realmente me assusta é que há amor, há gentileza, há compaixão, há ternura. Tudo muito bem escondido também. Não importa o que escondam, escondem. As emoções bem guardadas, os desejos acorrentados. Quando se manifestam? Será que eles permitem vir o sono à noite, quando o silêncio profundo viabiliza os ruídos atormentados desses prisioneiros?

E então, como hoje eu te visse de frente pela primeira vez, através do vidro, sua fronte exposta em destaque com todos os demais em plano de fundo, como o ônibus fosse um quadro feito para destacar sua singularidade diante das sombras de perfil e costas ou rostos que mesmo de frente eram sombras, eu percebi, em débil reflexo, minha própria sombra. Quando encontrei um tempo para roubar da minha própria reserva, encarei o espelho. Tentei chegar nos meus próprios olhos. Tentei descobrir o que eles escondiam, ou se eram sinceros. Busquei desesperadamente ver. Eu me encarava angustiado, devorando todos os traços, texturas, cores e formas. Entrei em choque. Eu olhava e não via. No vidro do espelho o que eu via eram os seus olhos. Toda a sua face. A sua imagem e lembrança. As suas nuvens. A sua fuga.

Dessa interação unilateral que temos, eu levo seu olhar comigo. Não como uma bagagem, mas como um vírus. Algo que tomou parte e conta do meu corpo, da minha mente, me transforma cotidianamente. Transforma o meu próprio, antes que eu pudesse conhecê-lo, o meu olhar. É apenas o inevitável, pois se antes eu não via como eu vejo, não buscaria nunca os meus olhos como agora. Não teria os seus me impulsionando nessa busca.

Eu mentiria se dissesse que não sinto o desejo de aproximação e mentiria se dissesse que sinto. Estou tão completamente tolhido da compreensão do que desejo que me limito apenas a ver e sentir, o que seja, como é. De tudo isso que disse, dessa angústia sua permeando meu ser, espero apenas, desejo, isso eu sei, que um dia você possa dar descanso aos seus olhos. Fecha-los em definitivo para o peso que carregam e, então, abri-los novos para tudo o que há por vir, alguma leveza, e que assim, eles possam manifestar densamente, intensamente talvez, tantos outros afetos, com a mesma beleza com que hoje manifestam a tristeza.
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Eduardo escreveu essa carta no horário de trabalho para dar vazão ao insuportável dos pensamentos que lhe vieram desde que essa moça, dos olhos tristes, passou cotidianamente a embarcar no mesmo ônibus que o levava em seu trajeto. Cuidou em tecer manuscrita e legível cada palavra, dobrou o papel cuidadosamente e endereçou à moça da melhor forma que podia: “À moça dos olhos tristes, deste ponto de embarque”. Ele precisava especificar, porque sabia que haviam muitas moças de olhos tristes por aí. Mas ele queria que chegasse àquela.

Das intenções que o levavam a isso, poderiam ser um pouco egoístas, ou quem sabe, apenas nobres. Ele não queria violentar a tristeza da moça com frases fúteis de motivação. Nem a oferecer ajuda sem que ela pedisse, talvez sequer precisasse. Ele aceitava que a tristeza pudesse existir, como tantos outros afetos, apenas não deveria ser o único afeto… Uma questão de sobrevivência. De viver. Quis dizer isso a ela sem tentar mudar o que lhe ocorria sem a sua permissão. Respeitava o que via e admirava. Apenas. Respeito ou covardia?

Assombrado por seus dilemas, sem saber o que fazer, fez apenas o que dava conta. Escreveu as palavras e jogou o bilhete pela janela do ônibus quando retornava para a casa, no ponto em que a moça sempre embarcava. Esperava que ela encontrasse. Temia que ela encontrasse. É contraditório como somos, por tão descostumados com as iniciativas improváveis, que se a tomamos, não sabemos bem se gostaríamos que dessem certo por medo da reação, por medos das consequências. Confortava-o apenas a certeza de que aquilo que admirava nos olhos da moça não era a tristeza, mas a sinceridade com que se manifestavam.

E se não houver outra vida, essa você viveu?

E se não houver outra vida, essa você viveu?
DCIM123GOPRO

Ontem conheci um cara de Londres. Ele nunca tinha saído da Inglaterra, e tinha saído de Londres pouquíssimas vezes, todas a trabalho.

Nunca tinha viajado por prazer, muito menos sozinho.

Sete meses atrás ele se demitiu da sua empresa.

“Quando você está há sete anos no mesmo ramo você já não aprende mais nada – disse ele – e por que eu deveria continuar num trabalho que não está me ensinando nada?”.

Ele então saiu de Londres com o intuito de conhecer cada uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno.

Já tinha passado pelas Pirâmides do Egito, pelo Taj Mahal, Muralha da China, Petra, Coliseo, Chichén Itzá e ontem o conheci em Machu Picchu. O próximo destino era o Rio.

Tudo isso sem nunca ter saído antes de seu país.

E sozinho.

Ele me contou que levou uma picada de mosquito pela primeira vez na vida. Me contou que não sabia que o vento podia ser quente, me disse: “Então eu tava numa praia do México e começou a ventar. Mas era um vento quente. Eu não sabia que existia vento quente, pra mim o vento sempre foi frio”. Me falou que viu o mar pela primeira vez, e se apaixonou.

Sim, era um inglês, que mora em um país desenvolvido muito longe de ser parecido com o nosso, que muito provavelmente teve todos os privilégios enquanto cresceu e, por isso, hoje ele consegue viajar por um ano sem se preocupar muito com o dinheiro.

Mas o meu ponto é: Quantas coisas existem lá fora que a gente nem imagina que existam? E se você nasceu pra ser campeão de surf e não sabe porque nunca tentou? E se a sua comida preferida é um comida típica do Zimbabwe mas você não sabe porque nunca provou? E se a sua razão de viver é trabalhar num santuário de elefantes, mas você não sabe porque nunca conheceu um?

Quantas coisas você não sabe que ama, porque acha que tudo o que existe é o que você vê?
Quantas vezes você já sentiu que não era bom em nada, porque tudo o que te ensinaram que precisa ser bom é em ganhar dinheiro?

A vida é muito mais do que a gente pensa que ela é.
Não tem problema não ter se descoberto ainda, eu também ainda não me descobri e não me vejo fazendo isso tão cedo.
O problema é desistir de continuar tentando se descobrir. O problema é achar que a vida é só isso que a gente vê. O problema é se contentar com o que tem, e nunca ir em busca de coisas novas.

E se não houver outra vida, essa você viveu?

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12 filmes sobre ícones da música

12 filmes sobre ícones da música

Muitos deles foram amados, outros tantos incompreendidos. Muitos eram rebeldes, alguns transtornados, mas sempre polêmicos. Uns souberam lidar com a fama, outros foram destruídos por ela. Uns usaram suas canções para falar do amor, do prazer da vida e da felicidade, outros para expor suas dores e traumas. Alguns foram valentes e levantaram suas vozes contra a segregação, o preconceito e as injustiças sociais, outros não. Mas todos, sem exceção, tiveram uma coisa em comum: um talento extraordinário.

Os 12 filmes abaixo nos contam um pouco sobre vida desses ícones da música. Quando entendemos o homem por trás da fama, entendemos melhor a sua obra.

Não estão em ordem cronológica, nem de preferência. E, sim, caberiam muitos outros filmes nesta lista.

PIAF, UM HINO AO AMOR

O filme conta a sofrida vida de Edith Piaf (Marion Cottilard). Logo cedo, foi abandonada pela mãe, criada pela avó num bordel e acometida por uma cegueira dos 3 aos 7 anos de idade (recuperou-se milagrosamente). Na adolescência cantava nas ruas de Paris. Ainda jovem é descoberta por um dono de boate e grava seu primeiro disco. Logo, o seu enorme talento é coroado com o sucesso internacional, mas até isso tem seu preço.

JOHNNY & JUNE

O filme conta a história do cantor Johnny Cash (Joaquin Phoenix), sua infância em uma fazenda até o início do seu sucesso onde cantou com Elvis Presley, Johnny Lee Lewis e Carl Perkins. O temperamento difícil, a personalidade dita como marginal, os traumas da infância e um difícil relacionamento com o pai, fazem com que Johnny entre em um caminho bastante destrutivo. Porém, seu grande amor por June Carter (Reese Whiterspoon) acaba por ser o início da sua redenção.

WHAT HAPPENED, MISS SIMONE?

Esse espetacular documentário conta a vida da cantora, pianista e ativista Nina Simone (1933-2003). Usando gravações inéditas, imagens raras, diários, cartas e entrevistas com pessoas próximas a ela, o documentário faz um retrato de uma das artistas mais incompreendidas de todos os tempos.

RAY

O filme conta a vida do lendário Ray Charles (maravilhosamente interpretado por Jamie Foxx) que perde a visão aos 07 anos de idade, um pouco depois de testemunhar a morte do seu irmão mais jovem. Motivado por uma mãe rigorosa e forte ele cresce com  independência, apesar da sua limitação. Ray se torna um grande ícone da musica mundial, mas é obrigado a lutar contra a segregação racial e contra os seus próprios fantasmas pessoais.

AMY

O documentário sobre Amy foi realizado através de uma rica pesquisa com fotos, depoimentos de pessoas próximas, apresentações na televisão, vídeos caseiros e de bastidores. Nele podemos ter uma ideia de tudo aquilo que a consumiu e destruiu. Emocionante e triste.

AMADEUS

O filme não conta exatamente a vida de Mozart, mas vale a pena. Após tentar se suicidar, Salieri (F. Murray Abraham) confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce) e narra como conheceu o jovem compositor irreverente e genial.

BUENA VISTA SOCIAL CLUB

Trata-se de um documentário que mostra as histórias de vida de um grupo de talentosos músicos cubanos da década de 50.  No ostracismo, muitos deles ficaram sem tocar em público por mais de 10 anos. Na década de 90, o produtor musical Ry Cooder viajou até Havana para encontrar esses artistas. Assim, foi realizado o famoso disco Buena Vista Social Club, premiado com um Grammy, cujo nome é uma referência a uma casa de shows cubana que havia deixado de existir por volta dos anos 50.

TIM MAIA

O filme conta a história de Tim Maia, baseada no livro “Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia”. O filme percorre desde a sua juventude no Rio de Janeiro até a sua morte aos 55 anos de idade, incluindo seus amores, problemas e, até mesmo, a passagem pelos Estados Unidos onde o cantor descobre novos estilos musicais e é preso por roubo e posse de drogas.

MINHA AMADA IMORTAL

Quando Ludwig Von Beethoven (Gary Oldman) morre, um grande amigo do compositor, Anton Felix Schindler (Jeroen Krabbé), decide cumprir o último desejo do maestro, que deixava em testamento tudo para a “Amada Imortal”, sem citar o nome desta mulher.

SOMOS TÃO JOVENS

O filme conta a história de Renato Russo (Thiago Mendonça), desde quando sofreu de uma doença óssea rara, a epifisiólise, que o deixou por um tempo numa cadeira de rodas na adolescência até o surgimento da banda Legião Urbana.

RAUL – O INÍCIO, O FIM E O MEIO

O documentário conta um pouco da trajetória do conhecido cantor e compositor, polêmico, ícone e criador da “sociedade alternativa” ao lado do seu parceiro inseparável Paulo Coelho. O documentário junta um enorme arquivo do astro do rock brasileiro, através de documentos, depoimentos de familiares, amigos, músicos e compositores.

A MÚSICA SEGUNDO TOM JOBIM

Documentário sobre um dos maiores nomes da música brasileira, Antônio Carlos Jobim. Dirigido por Nelson Pereira dos Santos e por Dora Jobim, o filme mostra a trajetória musical do compositor e aborda também a sua parceria com Vinicius de Moraes, bem como a influência da música clássica em sua obra.

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