Chega de tentar carregar o mundo nas costas

Chega de tentar carregar o mundo nas costas

Todas as coisas têm um peso. E o peso das coisas é constituído por sua dimensão real e também pelo valor que atribuímos a elas. Uma situação que seja pesada em sua natureza e impacto emocional, pode nos exaurir as forças psíquicas. Mas, ao mesmo tempo, essa mesma situação pode vir a ser uma inestimável oportunidade para aprendermos a relativizar os danos e absorver daí alguma leveza.

Leveza é aquela paz que vem da certeza de se ter dedicado o melhor possível para que qualquer projeto, relacionamento ou sonho viesse a dar certo. Leveza é algo tão relativo, quanto palpável, à medida que retira das coisas doídas e dos tropeços o peso extra da culpa, da mágoa ou do arrependimento.

Há histórias em nossas vidas que dada sua natureza pouco sofisticada ou dramática, ficam relegadas ao porão das nossas lembranças. Histórias sem compromisso, mas que se encaixadas umas às outras, formam a nossa rede de memórias afetivas. Um banho de chuva numa tarde qualquer. Uma troca de sorriso com um desconhecido no trem. Uma música querida que tem o capricho de tocar bem na horinha em que a gente liga o rádio. Histórias simples, pouco relevantes, mas que têm a maravilhosa propriedade de nos ajudar a formar um repertório emocional de energia e resiliência, a fim de nos tornar mais fortes, ao mesmo tempo em que nos humaniza.

Por outro lado, temos uma tendência quase patológica em dar às tragédias e misérias um lugar de destaque, quase um trono de dor. É perigoso demais apegar-se às coisas que deram errado, às situações constrangedoras, às pessoas que abusam da nossa boa vontade. É um risco enorme achar-se o centro do mundo, o responsável por resolver os problemas de todos em volta. Isso é de uma arrogância tão tola, quanto exagerada.

A vida já vem com sua cota de desafios, e testes e provas. O que é meu, não tem como você carregar e vice-versa. Há experiências que são intransferíveis, e são exatamente essas que nos fazem únicos e que nos amolecem um pouco, a ponto de nos tornar capazes de ao menos não dar as costas, quando o problema não é nosso. E também, são essas mesmas experiências que nos fazem mais resistentes aos arranhões ou cortes profundos das frustrações, perdas e fracassos.

Assim, mesmo que você não possa carregar o que é meu e eu não possa carregar o que é seu, nós podemos aprender a dividir o peso. O mundo não cabe em uma mochila, assim como os sonhos não cabem todos numa única noite, assim como os amores não cabem todos numa única pessoa. E se a gente aprender a dividir cargas e sonhos, tendo a humildade de reconhecer que não somos onipotentes. Se a gente entender que há amor em nós para toda a gente, a vida há de ser mais bonita e a leveza há de deixar de ser vista como tolice ou irresponsabilidade, e passará a ser o peso que optamos por não carregar nas costas.

As certezas do mundo adulto nos infantilizam, diz psicóloga.

As certezas do mundo adulto nos infantilizam, diz psicóloga.
Fotografia: Ana Shiokawa

Aos 66 anos, Rosely Sayão tem uma agenda mais lotada que estádio do Maracanã em dia de FlaFlu. Ligo para ela numa segunda-feira. Ela me atende com um tom de voz formal, sério. Não pode falar naquele momento e em nenhum outro daquela semana. Pergunta se posso retornar na próxima segunda para agendar a entrevista. Posso.

Ligo então no dia combinado e marcamos uma conversa para a quarta-feira. Nestes primeiros contatos, Rosely se mostra muito bem educada, mantem-se distante na medida certa para impedir qualquer observação apressada. Nesse entretempo, chego a pensar em enxugar a pauta para não lhe ocupar muito tempo e paciência, mas qual não foi a minha surpresa quando aquela senhora de postura formal se mostrou uma atenciosa e bem humorada locutora.

Rosely Sayão é psicóloga, consultora em educação e autora de livros como Educação sem blá-blá-blá (Três Estrelas, 2016) e Em defesa da Escola (Papirus Editora, 2004). Dona de vasto repertório conceitual, metodológico e científico, é uma das principais vozes da educação contemporânea no Brasil. Em suas colunas na Folha de São Paulo e na Band News FM, discute temas espinhosos de maneira clara e objetiva. Pois é, a mulher trabalha muito e tinha acabado de chegar de um compromisso quando finalmente me atendeu para uma entrevista exclusiva para a CONTI outra, onde falou das dificuldades e percalços não apenas na educação, mas também na relação cada vez mais complicada entre pais e filhos.

Rosely já era formada em psicologia quando teve o primeiro dos dois filhos e foi na raça que aprendeu a ser mãe. Na época, os amigos que tinham crianças com a mesma faixa etária costumavam dizer que para ela deveria ser mais fácil criar os filhos, já que era psicóloga. “Não é não. É mais difícil. Porque eu errava como todos. Só que, depois, quando eles iam dormir, eu sabia exatamente onde tinha errado”, lembra. “Os filhos ensinam a gente a ser mãe. Não é que eles ensinam nesse sentido daquilo que eu devo fazer. É com o filho, que muda dia a dia, que a gente vai aprendendo a construir o papel de mãe”.

Rosely acha importante salientar o respeito à individualidade de cada filho enquanto pessoa e que a fase de cada um deles é diferente. “Eu tenho um casal, então, me relacionar com a minha filha mais velha foi um aprendizado que depois não adiantou nada para me relacionar com meu filho. A mãe tem o mesmo endereço, mas não age da mesma maneira”, conclui.

Durante a infância e boa parte da juventude, Rosely Sayão costumava se reunir com a família em volta da mesa. Era um rito que fazia com que os laços familiares fossem renovados e discutidos e que hoje anda meio démodé para muita gente. “A mesa, no sentido material, faz com que as pessoas olhem umas para as outras. Não é um balcão. Enfim, ela pode ser oval, quadrada, retangular, redonda, mas as pessoas sentadas estão sempre voltadas umas para as outras. Isso facilita a reunião”, explica Rosely sobre o poder simbólico que tem essa mobília tão negligenciada pela pressa e pelo desinteresse de contato real.

“Eu considero que o aspecto mais importante do alimento é o de ser mediador social. Enquanto a gente come, a gente conversa, às vezes discute, às vezes briga, faz as pazes, opina sobre tudo e é assim que os afetos familiares se atualizam. É uma comunhão. Eu acho bonita essa palavra usada para alimentação em família.” Rosely também observa que as famílias contemporâneas podem até não partilhar da mesa em casa, mas que vão muito a restaurantes e lanchonetes. O problema é que pouco olham um para o outro e conversam entre si. A atenção está quase sempre voltada para o celular e para o tablet.

Confessa ficar impressionada quando vê uma família ou um casal entrar num restaurante, comer e sair sem trocar uma palavra sequer. Para ela, que foi influenciada de maneira positiva pelos rituais da mesa, o hábito da refeição familiar faz falta em nossa sociedade e afirma que “uma refeição pelo menos juntos – se não der todo dia, pelo uma vez na semana ou duas – ajuda a dinâmica familiar a se estabelecer”.

Outro tipo de comportamento comum entre os pais é o de tentarem se colocar para os filhos como amigos e não como figuras com autoridade. Segundo Rosely, isso não é saudável. “Não pode ser saudável, porque eles não são nem amigos nem parceiros nem nada; eles são pais. Quando eles (os pais) assumem outro papel, as crianças ficam órfãs de pai e mãe”, diz. “Agora, isso é resultado dessa ideologia fortíssima que nós entramos de que precisamos ser jovens a qualquer custo. Essa posição é fruto dessa ideologia da juventude eterna, do ser jovem até morrer”.

A esse fenômeno está atrelada a falta de conflitos entre gerações, que Rosely considera indispensável. Resumo da ópera: hoje em dia ninguém quer ser careta e sobra para os jovens, que acabam assumindo posições mais tradicionalistas para que assim tenham com quem brigar.

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Certezas Digitais

Um dos assuntos sobre os quais Rosely mais tem respondido é sobre o papel da tecnologia na sociedade contemporânea. Durante a conversa, ela se lembra entre risos de um amigo professor da USP que diz odiar o Google por ele ter acabado com nossa possibilidade de ter dúvidas. Rosely de certa forma concorda e diz que ter dúvidas é ótimo. “O mundo adulto é cheio de certezas e é cheio de criancices também. A criança tem certeza de tudo. Isso não deixa de ser uma infantilidade. Ela tem certeza de que vai dormir e acordar; ela tem certeza de que o papai e a mamãe estarão lá; ela tem certeza que vai ganhar presente no natal e que papai Noel vai dar o presente que ela pediu. A vida na infância é cheia de certezas e eu vejo o mundo adulto muito infantilizado hoje”, avalia.

“Eu não considero a tecnologia um problema. Eu acho que ela tem sido um refúgio para os adultos que não sabem mais se relacionar. A gente perdeu a mão de o que é conversar com outras pessoas, ouvi-las. A gente entrou numa de querer convencer os outros de que nosso ponto de vista é melhor”, comenta, antes de explicar que podemos contestar ideias e que é importante não sair por aí aceitando qualquer uma delas, mas defende que isso deve ser feito de maneira racional e não agressiva.

“O mais importante na vida é o relacionamento humano. É isso que nos ajuda a crescer, que nos interpela, que nos contesta; que nos faz repensar nossas posições; que faz a gente cultivar algumas virtudes. Hoje, o outro é invisível. Eu olho para o outro e vejo eu mesmo”, analisa. “E quando o outro não é o meu espelho, eu tento fazer com que seja. Se não tivermos posições diferentes no mundo, a vida vira uma chatice, não vai sair do mesmo lugar nunca mais. É isso que está difícil das pessoas entenderem”, completa.

Na opinião de Rosely, os professores, mesmo os mais jovens, ainda têm muito que caminhar em relação ao uso da tecnologia como ferramenta educacional. “Eu acho que poderia ter um uso interessantíssimo se fosse aliada do aprendizado, da reflexão, da pesquisa, da metodologia científica. Nós ainda não alcançamos esse patamar no uso da tecnologia”, diz. “Nós ainda temos olhar analógico e digital. Quando acabar a geração que ainda tem olhar analógico, talvez o pessoal consiga ter uso melhor e profissional para a tecnologia, que pode ser muito bem utilizada tanto na docência como em qualquer área científica”.

Luz no Fim do Túnel

Os pais estão muito mais presentes dentro das escolas dos filhos do que deveriam estar. Esse é o diagnóstico de Rosely, que atualmente estuda para escrever sobre o assunto com mais profundidade e de um jeito que não faça com que os pais queiram queimá-la em praça pública. Ela acredita que os pais “ficam sabendo de tudo o que eles fazem na escola, mas não deveriam saber, porque a escola é um lugar social; é o primeiro lugar social que a criança frequenta, onde ela deveria aprender a se virar sozinha, ser diferente daquilo que os pais querem que ela seja em casa”.

Outro assunto que tem gerado polêmica é sobre o questionamento de cânones como a lição de casa. “Eu sou absolutamente contrária a essa ideia de lição de casa” se posiciona. Sugere que em seu lugar poderiam ser propostos desafios, mas apenas de vez em quando e que fossem mesmo desafios para os estudantes. Rosely aponta que a escola ficou refém da demanda da sociedade que os pais representam e que por isso ela, a escola, acha que se não der lição de casa os pais vão ficar descontentes e o aluno é quem acaba pagando o pato. “Lição de casa não faz o menor sentido. Não é bom para os alunos, não é bom para os pais e não é bom para os professores. Não é bom para ninguém e a gente insiste”, critica.

O quadro tem mudado e algumas escolas já têm diminuído a carga de dever de casa. Ainda não são muitas, mas Rosely aposta que, à medida que essas escolas tiverem mais apoio da comunidade, isso pode afetar as outras também.

No seu entendimento, a relação entre psicologia e educação também não anda muito bem. “A maioria dos psicólogos que trabalham em escola ainda carrega uma formação de dar diagnóstico e sobram nomes complicados que a psicologia empresta à educação: discalculia, psicopedagogia, déficit de atenção, dislexia. Mas, quando a gente pega um desses temas e vai estudar, não há consenso científico. Nenhum deles. Então, eu vejo que a psicologia na educação carece de fundamentação teórica, científica e metodológica”.

Mesmo com tantos empecilhos no caminho do aprendizado e das relações familiares, Rosely Sayão é do tipo de pessoa que se recusa a engrossar o coro dos pessimistas e mantém as esperanças. “Eu boto fé na humanidade ainda; não sei por quanto tempo, mas ainda boto (risos). Ainda acho que a humanidade tem talento para ser humanidade”.

Fotos mostram como a aparência das pessoas muda do dia para a noite

Fotos mostram como a aparência das pessoas muda do dia para a noite

A fotógrafa belga Barbara Iweins maquinou um projeto notável intitulado 7AM/7PM, em que ela destaca, de forma simples, as diferenças na aparência de pessoas em dois momentos do dia: às 7h da manhã, quando normalmente acordam; e às 19h da noite, quando já passaram por boa parte do dia.

Os dois retratos comparativos são colocados lado a lado contra um fundo preto. Eles revelam mais informações juntos do que em separado.

Iweins simplesmente aborda as pessoas na rua, explica o propósito do projeto, oferece uma remuneração simbólica e recruta os interessados em participar. A fotógrafa convida essas pessoas para passar a noite em sua casa, ou, então, é convidada por elas.

Logo que ela e os participantes acordam, Iweins pede a eles que mantenham uma postura espontânea e, assim, ela capta suas feições recém-despertas. Doze horas depois, a fotógrafa retrata novamente os mesmos indivíduos, em condições diferentes.

Em alguns casos, são claras as distinções no rosto das pessoas; em outros, as distinções são muito sutis e quase irrisórias. Mas sempre há detalhes que destoam de um retrato para outro.

No começo, Iweins pensava que teria uns bons 20 minutos de folga para obter o foco ideal a partir das expressões dos participantes ao acordarem. Porém, ela logo notou que alguns desses indivíduos foram capazes de se recompor em menos de cinco minutos. As fotos tiveram que ser feitas com rapidez.

Numa entrevista concedida para o Business Insider, a fotógrafa declarou:

“Desde jovem sou fascinada por estranhos. Enquanto espero um ônibus, enquanto estou de pé em uma fila, meus olhos são sempre atraídos para uma pessoa específica e, naquele exato momento, não consigo parar de pensar no que ela está pensando, o que está fazendo, quais são seus medos e alegrias.”

Ela conta que, a partir de 2009, decidiu abraçar essa obsessão pelas particularidades de estranhos. Comprou uma câmera moderna, com lente de 50mm, a fim de solicitar registros às pessoas desconhecidas que a fascinavam. O projeto 7AM/7PM nasceu quando ela mesclou hobbie e trabalho profissional.

Por causa da cultura do status e da necessidade alarmante de interagir em mídias sociais, de ser reconhecidas, valorizadas e amadas, e também devido ao hábito de tirar selfies, as pessoas se acostumaram com a ideia de superexposição. Postam sucessivas fotos para quem quiser ver e, quanto mais verem, melhor. Mas às vezes elas não dizem nada.

Iweins prosseguiu com o 7AM/7PM porque acreditou (e ainda acredita) que a privacidade está fora de moda, principalmente para os heavy users digitais, que representam a amostra participante do projeto. Em essência, a belga quis mostrar um lado mais íntimo, vulgar e vulnerável desses indivíduos.

Curioso como um intervalo de tempo de 12 horas pode provocar mais transformações na aparência de alguém do que aconteceria em meses ou anos. Talvez por isso olhamos tanto no espelho: porque nunca temos total certeza do quê encontrar.

Logo ao acordar, poucos de nós sentimos confortáveis a ponto de mostrarmo-nos para o mundo. Mas Barbara Iweins queria saber por que há um estigma contra essa naturalidade. Com isso, ela explorou a imperfeição da beleza: a beleza em si.

A fase de despertar remete ao atravessamento de um véu. Em geral, o rosto fica inchado, os olhos deturpados, os cabelos desgovernados, a mente em ritmo mais lento, o metabolismo desacelerado e bocejamos para respirar, mesmo nas situações de urgência. Há uma espécie de auréola que rodeia, na claridade ou no escuro, da ciência do ser na origem do dia. Lutamos contra a consciência, mas ela nos força a enfrentar o que há de vir. Sobre isso, Iweins diz o seguinte:

“O único momento do dia em que uma pessoa não tem qualquer escudo é o momento em que abre os olhos pela primeira vez. Eu sempre adorei esse momento de luta, quando a nossa consciência sai do estado da irrealidade dos sonhos para o realismo, antes que o mundo nos machuque.”

O exato instante em que acordamos do sonho para a vida real é mitigador; parece que buscamos orientação em meio a uma neblina. Alguns, quando acordam, levantam da cama com disposição surpreendente. Outros, por sua vez, preferem ficar na cama pelo máximo de tempo que puderem, até que sua preguiça seja vencida. Nos dois casos, há alterações visíveis na fisionomia, e são essas que formam o escopo do projeto fotográfico de Iweins.

Algumas das pessoas fotografadas se mostraram obviamente irritadas, alienadas ou mal-humoradas. Outras demonstraram vitalidade, bom-humor e entusiasmo. Dependeu muito do biotipo de cada uma.

Iweins planeja fotografar essas mesmas pessoas mais uma vez em 2019, dez anos do início do projeto. Aí estão as fotos:

contioutra.com - Fotos mostram como a aparência das pessoas muda do dia para a noite

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Quero meu direito de ser dramática!

Quero meu direito de ser dramática!

Nem sempre, mas às vezes. Quero fazer e viver meu drama, me jogar na cama, passar horas lamentando um recado malcriado, uma unha quebrada ou uma mensagem ignorada.

Não quero ser sempre equilibrada, bem resolvida, analisada. Quero o direito de viver minhas reações, entender minha emoções, sucumbir às tentações e me arrepender de decisões.

A busca pelo equilíbrio é injusta. O mundo anda desequilibrado. Tem momentos em que um gemido vale bem mais do que uma longa explicação, um choro sentido alivia enormes tensões, e aquele desabafo repetitivo acaba por fazer sentido e acalma o coração.

O drama é uma forma exagerada, lamentosa, dolorida de vivenciar certas questões. O drama pertence mais às mulheres, embora muito homem saiba fazer drama como ninguém.

O drama dá peso, forma e consistência para um problema. Personifica, divide-se em capítulos, episódios, com avanços e retrocessos.

Quem faz o drama busca representar a intensidade do seu caso. Os exageros ganham licença poética para os dramáticos. É simplesmente impossível fazer um drama sem exageros e floreios.

O drama busca atenção. Quando estou dramática, estou carente. E quando estou carente, quero chamar a atenção de alguém. Uma equação de fácil resolução e, com alguma generosidade da parte que assiste, nenhuma repercussão.

O ser dramático opta por sofrer mais, por reter a dor por mais tempo, por detalhar em minúncias um ocorrido e sentir cada etapa em intensidade máxima.

Mas, e se for dessa forma que o ser dramático resolve suas questões, e segue em frente? Que obrigação temos de ser igualmente racionais, resolvidos, silenciosos e equilibrados?

Quero e exijo o meu direito de ser dramática, de viver minhas novelas mexicanas pessoais, de me despedaçar, emocionar, exagerar, decepcionar.

Quero acima de tudo, o direito de lidar com o que me chega, do jeito que sei, para aprender a transformar os dramas em êxitos, caminhos e soluções. E que cada um faça do seu jeito!

Eu não quero ser o enchimento se o vazio é todo seu*

Eu não quero ser o enchimento se o vazio é todo seu*

Eu não quero ser a substituta dos seus sonhos perdidos, a adivinha dos seus vales proibidos, a mãe que preenche com amor e carinho os teus vazios existenciais.

Eu não quero ser a que traz sentido para a sua vida, a professora que pega na sua mão e te ensina a colorir os dias. Eu não quero ser o travesseiro confortável onde você pode deitar e finalmente descansar o peso das coisas que você ainda não conquistou.

Eu não quero ser a sua metade, algo que te completa, que você não pode viver sem. Porque eu quero a multiplicidade de dois universos se encontrando.

Eu não quero ser a boia para os seus constantes momentos de afogamento. Eu não quero ser a ativista, a idealista, a apaixonada pela causa de conseguir gerar luz em seus olhos. Eu não quero me vangloriar por milagres tão difíceis de achar.

Eu não quero mais segurar nas minhas mãos essa marreta de destruir pedras cristalizadas em volta dos corações. Eu não quero ser a médica especialista em desfibrilador. Eu não quero massagear o seu ego, e destruí-lo é um risco e um caminho longo, eu já me acompanho nisso, não quero acompanhar você também.

Eu não quero atrasar meus horizontes só pelo orgulho de ver aonde você poderia chegar se decidisse se abrir e eu decidisse ficar. Eu não quero me desgastar para tentar te fortalecer. Eu não posso adotar mendigos viciados em se suprir da energia alheia.

Eu não quero ser o curativo para a sua falta de cuidado consigo mesmo, a muleta amparando os seus medos de voo, o chá de camomila aliviando as suas noites sem sono.

Eu não posso ser o falso alívio para o seu caminho evolutivo.
Eu não quero estar acessível toda vez que você não souber o que fazer consigo mesmo. Eu não posso vestir suas pernas, te insuflar sonhos, te resgatar da cegueira, te pegar no colo.

Eu não posso passar a mão na sua cabeça e fingir que a vida é assim, que eu estarei sempre aqui. Eu não posso te estragar, me atrasar, eu não posso ficar.

Eu não quero que a minha vida seja a missão de fazer a sua vida melhor. Eu não quero ter a responsabilidade de ser a sua felicidade.

Simplesmente porque eu não sou.

*Texto inspirado na música Not the doctor- Alanis Morissette

Algumas pessoas não mudam, elas se revelam

Algumas pessoas não mudam, elas se revelam

O tempo passa, as coisas mudam, as pessoas mudam. Inevitável aprendermos com as experiências e aprimorarmos nossas atitudes e comportamentos, de modo a não repetir os mesmos erros, em constante movimento adiante, seguindo no propósito de ser feliz. A gente fica mais forte após as perdas e os ganhos, a gente muda, sim, mas mantém a essência e os valores; do contrário, não é mudança, mas máscara que cai.

Frequentemente, convivemos com pessoas, nos diversos setores de nossas vidas, que acabam nos surpreendendo, com a passagem do tempo, de forma negativa. É o caso do chefe que se torna autoritário, do colega que se distancia de uma hora para outra, do parceiro que se torna mais agressivo, enfim, de pessoas que mudam de comportamento, mostrando um lado que parecia dormente até então.

Importante, nesses momentos, refletir sobre a forma como nós estamos nos comportando, o que vamos oferecendo, como nos dispomos a desenvolver os relacionamentos, pois, não raro, nós mesmos é que causamos as mudanças nas pessoas ao nosso redor. Assumir a parte que nos cabe em tudo o que nos acontece será vital para que não culpemos somente o outro, atribuindo-lhe toda a carga de responsabilidade sobre o que ocorre.

No entanto, há quem mude radicalmente, mesmo quando mantemos o que somos, ainda que sejamos verdadeiros, sempre oferecendo o nosso melhor. Nesses casos, o outro é que se perdeu de si, incapaz que foi de sustentar algo que não fazia parte de sua natureza. Ninguém consegue manter as aparências por muito tempo, visto que não se foge ao que se é, por mais que se tente, por mais técnica teatral que se tenha.

O que temos de peculiar e que é tão nosso não sucumbe ao poder, ao dinheiro, à fama, ou a qualquer tentação lá de fora. Somos, afinal, atraídos por aquilo que possui energia semelhante às nossas verdades, bem como atraímos energia que se casa com as nossas vibrações.

Algumas pessoas, como se vê, não mudam, apenas deixam de interpretar papéis incondizentes com seus vícios e princípios de vida. Cada um acaba dando o que tem, seja amor, seja ódio. Sejamos então nós o amor, pois assim jamais sairemos perdendo.

Não troque sorrisos por um amor que não ficou

Não troque sorrisos por um amor que não ficou

Eu sei, dói. E como dói. O amor que era para ficar, que já estava confortável, com os pés descalços, mãos dadas e tudo mais incluído no pacote. Foi intenso, real e presente. Eu sei de tudo isso. Ainda assim, não troque sorrisos por um amor que não ficou. Você merece mais, moça.

Eu sei, você tinha feito planos, imaginado viagens, apresentado aos amigos e para a família. Numa noite qualquer, na mesa de bar, até o pessoal do trabalho ficou sabendo. E gostaram. Torceram. Expectativas e outras histórias conhecidas por quem vive e ama por dois. Mas não deu, moça. O que você pode fazer?

Sim, chorar ajuda. Não é nenhum sinal de fraqueza, em plena sexta à noite, você, um filme qualquer, um pote de sorvete ou mesmo uma playlist romântica da mais sórdida. Tudo isso pode até fazer parte do processo, desde que, após alguns dias, perceba o tanto de amor residente em si. São carinhos que podem não ter encontrado o melhor espaço para permanecer, mas estão longe de serem incompatíveis nos abraços de outro alguém.

Porque eu sei bem de machucados, moça. Quantas cicatrizes este coração navegou e não morreu na praia. Lógico que os sentimentos tornaram-se cambaleantes. Alguns caldos aqui e ali, mas não o suficiente para um completo desapego.

Antes do outro, existe você. E eu também sei que, dentro desse mar de amor, existe esperança. Há novos ares lá fora. O mundo não é pequeno para caber um único amor. Quem acha se tratar de uma probabilidade, digo, o amor não joga com isso. Está mais para saber amar-se. Depois, bem depois, o querer é mais límpido. Confiante, diria.

Moça, espanta essa tristeza. Alguns corações não vieram para ficar. O importante é saber que o seu veio para transbordar. Você amou de verdade no tempo necessário. Agora, descubra, mais uma vez, como permitir a vida lhe trazer inteiros sorrisos. Porque você sempre mereceu e, acredito, que eu também.

Quando você se fecha demais você se protege, inclusive do que é bom!

Quando você se fecha demais você se protege, inclusive do que é bom!

Já pensou um dia dizer sim para uma proposta que te fizerem e o seu primeiro impulso era dizer não?

Já pensou que as suas certezas sobre si mesmo, seu orgulho, seus conceitos, podem ser frutos de um ego que joga contra o seu verdadeiro eu?

Há tantas surpresas boas no inesperado, no desconhecido, nos caminhos ainda não trilhados!

Ta certo, ser aberto demais tem lá seus riscos, acaba chegando perto da gente de tudo um pouco, chega perto o louco, o chato, o mal intencionado, mas chega também uma preciosidade de pessoa, uma conversa pra lá de boa, uma ótima companhia para ficar à toa.

Ser fechado te deixa impermeável, centrado e sozinho no seu mundinho redondinho, bem estruturado, com cada cantinho conhecido, sem riscos, sem pecados, sem prejuízos.

Viver fechado te deixa blindado, inclusive para as coisas, pessoas e situações fantásticas que você nem imaginava.

Fechado você segue firme, forte, inabalável, adulto. Não cai em armadilhas, não se abala, não entra em histórias que vão machucar sua alma, não deixa que te façam de bobo, não sofre, não é passado pra trás.

Mas também não é passado pra frente!

Não sente, vai endurecendo a visão, a intuição, a empatia, o altruísmo, a paixão.

Ser aberto demais te faz levar uns belos tombos, é verdade, mas também te permite voos inimagináveis. Por vezes, te causa frustração, revolta, decepção, cansaço… Mas também mais maturidade, sabedoria, esperteza, autoconhecimento, entendimento dos próprios limites.

Você aprende a avaliar, a dizer sim e não, a ser doce, mas também sério, a deixar que entrem, mas também pedir por favor para que saiam. A abrir um sorriso e os braços e também derramar lágrimas e andar mais rápido, desapegado.

Aberto você pode aprender a ser membrana semipermeável!

Aberto, você conquista a liberdade de ocupar na vida espaços mais amplos que a própria zona de conforto. Em outras palavras, te permite viver alto e além dos limites dos seus próprios medos e dos medos que inventaram para você.

Ser um ser hermeticamente fechado (sim, isso é um pleonasmo!) não te faz mais forte, muito pelo contrário, mostra a fraqueza e o comodismo de viver observando o mundo dentro do seu velho e habitual escafandro. Mostra que você tem mais medo da vida do que desejo por ela, e que você desperdiça preciosíssimas oportunidades.

Você se torna aquela pessoa que prefere observar o mar do lado de fora, sem se atrever a sentir a delícia das ondas te lavando a alma.

Abra-se!

Como viajar barato em 14 passos

Como viajar barato em 14 passos

As pessoas aprendem e acreditam erroneamente que somente os ricos viajam mundo afora; que só quem nasceu em berço de ouro consegue conhecer o outro lado do mundo. As pessoas confundem viagem com luxo.

Quem me conhece sabe que um dos meus lemas da vida é: Não precisa ser rico para viajar.

Não precisamos nos hospedar em hotéis 5 estrelas, comer em restaurantes luxuosos, contratar as melhores agências. Eu nunca tive um salário de dar inveja e sou a que mais viaja de todos os meus amigos que, alias, ganham muito mais que eu.

Não vou mentir, é mais difícil viajar quando se tem um orçamento apertado, você vai passar por mais perrengues; mas também é muito mais divertido. Muitas pessoas me perguntam como eu consigo viajar gastando tão pouco, resolvi então fazer uma listinha com as principais dicas:

1.
Tente fugir de agências. Tanto para comprar sua passagem e organizar a viagem, quanto para passeios. Faça tudo sozinho. Hoje você consegue encontrar todas as informações necessárias na internet e não precisa que outra pessoa organize a sua viagem pra você. Eles costumam cobrar muito caro.

2.
Infelizmente, alguns passeios são necessários a contratação de agência. Tente então contratar o passeio quando já estiver na cidade, pois online o preço é muito mais alto.

3.
Fique em hostels e divida quarto com a maior quantidade de gente que você conseguir. Quanto mais gente – mais barato. Não se preocupe com barulho a noite e banheiro compartilhado, se você está conhecendo um lugar novo você não vai querer ficar curtindo o hotel (mas cuidado com os seus pertences, guarde tudo o que for de valor dentro do cofre).

4.
Pegue um hostel com cozinha e faça mercado.

5.
Use transporte público. Se perca, não tem problema, você acaba conhecendo muito mais a cidade se perdendo. Taxis são caros e você vai acabar vendo toda a cidade por uma janelinha, sem graça né? O legal é andar, se perder, pegar ônibus.

6.
Se puder evitar aviões e fazer tudo de ônibus, faça. Por mais que em alguns lugares passagens de avião sejam mais baratas, aeroportos costumam ficar distantes do centro das cidades e toda a logística de chegar e ir embora deles custa caro.

7.
Compre passagens de ônibus noturnas. Dessa forma você não perde nenhum dia de viagem e economiza acomodação nessa noite.

8.
Várias cidades, principalmente na Europa, têm um passeio que se chama Free Walking Tour. Eles costumam sair todos os dias no mesmo horário, do mesmo lugar, e basta você chegar lá e se juntar ao grupo. Nesses passeios, você seguirá um guia pelos principais lugares da cidade, tudo andando. O tour é grátis, mas no final o guia pede que cada pessoa ajude com quanto puder.

9.
Coma onde os locais comem. Não tenha nojo de comida de rua. Além de ser muito mais barato, é com ela que você vai experimentar o verdadeiro sabor do país. Restaurantes caros costumam ser muito internacionalizados o que faz com que percam um pouco a graça.

10.
Se você for estudante, leve sua carteirinha e pergunte se tem desconto. Vários lugares têm desconto para estudante mas só te dizem isso se você perguntar. Na Dinamarca, por exemplo, estudantes tinham desconto até nas lojas de roupa.

11.
Fuja da alta temporada.

12.
Quer comprar lembrancinhas pra família e coisas típicas do país? Fuja dos centros turísticos. Vá nos mercados populares, onde os locais costumam fazer compras.

13.
Se hospede perto dos centros turísticos. Talvez seja um pouquinho mais caro, mas você vai economizar muito em transporte e, provavelmente, vai conseguir fazer tudo a pé.

14.
Use o couchsurfing. Pros que não conhecem, couchsurfing é uma plataforma online onde você pode conhecer locais e se hospedar de graça em suas casas. Eu, por ser mulher e sempre viajar sozinha, nunca tive coragem de fazer isso; mas quem tiver coragem eu acho que vale muito a pena.

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Não procure a felicidade no mesmo lugar em que a perdeu

Não procure a felicidade no mesmo lugar em que a perdeu

Existem certos lugares e determinadas pessoas que deveremos definitivamente riscar de nossas vidas, como algo a ser evitado, assim como comportamentos que só serviram para nos afastar de sorrir. Insistir em manter próximo a nós quem e o que não acrescentam, não alegram nem somam, equivale a apertar a tecla da infelicidade mais de uma vez.

Não procure a felicidade junto a pessoas que parecem ter dificuldade em enxergar algo de positivo na vida, que teimam em maldizer qualquer um que lhes passe pela frente, que desconhecem o sentido da palavra gratidão, incapazes que são de olhar além do próprio umbigo. Prefira estar sozinho a se acompanhar por quem jamais amenizará a sua solidão.

Não permaneça preso a ideias e pontos de vista que lhe impedem de avançar, de expandir suas concepções de amor, de sociedade, de mundo, que lhe mantêm preso no mesmo lugar, de forma desconfortável. Enxergue as pessoas como seres únicos e especiais, cada qual à sua maneira, entendendo que ninguém é obrigado a agir ou a pensar como você.

Não tente voltar a sorrir naqueles lugares onde sua alegria foi anulada, onde sua essência foi perdida, onde seu amor foi recusado. Não fique onde sua respiração torna-se ofegante, onde o suor frio cobre suas têmporas, onde você se sente um nada. Sempre haverá novas moradas, outros empregos, ambientes diferentes, onde nos encaixaremos sem precisar abrir mão de nossa dignidade.

Não espere retorno afetivo de quem não valoriza a sua amizade, não quer saber como você está nem sente sua falta. Não implore por aquilo que você tem condições de receber naturalmente, de coração e peito abertos, com carinho de verdade. Desprenda-se de nós que apertam e construa laços serenos com gente que sabe compartilhar e dividir, sem cobranças, sem afetação.

Não é fácil rompermos com as amarras que nos limitam em nossa zona de conforto, a qual, na verdade, incomoda-nos em muitos aspectos. Termos a coragem de agir pensando em nossa felicidade, mesmo que soe a egoísmo, deixando para lá o que emperra o nosso caminhar seguro, nunca poderá ser fonte de arrependimentos.

Mesmo que demore, somente assim iremos olhar para trás de uma distância segura e sorrir, na certeza de foi o melhor a ser feito. Porque optar por si mesmo salva e liberta. Sempre.

A zona de conforto torna a vida uma zona!

A zona de conforto torna a vida uma zona!

Acabou-se o que era doce. Ou, adoçado, artificialmente, amargando no final. Zona de conforto é uma zona perigosa, um cobertor áspero e embolorado, embora quente.

As boas ideias não frequentam as zonas de conforto. Grandes realizações tampouco.
Zona de conforto é aquela janela que se abre justo quando os mosquitos estão querendo entrar. Ela traz um ar refrescante a princípio, mas logo depois começam as picadas e o desconforto.

Está tudo bem, no lugar e na rotina? Então está tudo mal, está uma zona! Assim que acontecer uma minima alteração, a menor besteira, a reação vai ser catastrófica, exagerada, desequilibrada. A zona de conforto faz isso, embota aquele alerta que a gente tem, aquela reação ninja de escapulir de uma cilada arranjada, uma pernada mal dada, uma pedrada lançada.

Confortável é a luta diária, cada conquista, cada meta alcançada, cada minuto vivido. As frustrações são importantes para a valorização dos êxitos. O jogo é de ganha e perde, e o ato de amadurecer conversa diretamente com essa capacidade de enfrentar derrotas e comemorar vitórias, sem arrependimentos nem humilhações.

A zona de conforto nos mantém nenéns. Quando nela, fazemos biquinho, colocamos o dedo na boca, abrimos o berreiro e soltamos as maiores malcriações se contrariados.
A vida contraria e quem quer aproveitar, vê vantagem até nisso.
Quem não quer, senta e chora.

Acordar todos os dias e escolher que emoção queremos como companhia, como desejamos nos sentir, o que nos move e qual caminho tomar. Isso é desafiar a zona de conforto, o tédio, o medo de encontrar um mundo maior e diverso.

Sair da zona de conforto é somente um primeiro passo, mas, tão grande e importante, que, ao atravessar essa etapa, será impossível voltar. Um novo caminho se desenhará.

Confissões de uma bruxa

Confissões de uma bruxa

Tudo o que eu sei vem do útero, vem do íntimo.
Confio no meu entendimento sem explicação, na (des)confiança da minha pele, na familiaridade do primeiro olhar.

Tudo o que eu aprendi do mundo foi o que ressoou nos meus universos internos, o que encontrou sentido pelos meus sentidos, aquilo que dialogou com a minha capacidade de empatia e começou a fazer parte de mim.

Às vezes quando me pedem explicações: por que esse caminho e não outro? Por que esse afastamento repentino? Por que essa necessidade de limpar a casa? Essa vontade de se entrelaçar com os livros? Essa calma no peito perto de uma árvore? Por que esse arrepio nos pelos quando sopra um cheiro novo de um velho alguém? E essa vontade de fugir das artificialidades que não se deixam mergulhar?

Que filosofia você segue? Que religião? Que ideias você acredita? Qual é a sua veia psicanalítica? Quais são os seus ‘ismos’? Qual é o seu grupo? Quais as regras, as verdades, os preceitos? O que você come, o que você veste? O que você planeja e segue?

Como a ciência prova e explica as suas crenças?

Eu não sei, como explicar que eu sigo aquilo que quando se aproxima faz bem?
O que excita, vibra, acalma, inquieta, gera…
O empírico é a intuição.

Falo da filosofia da minha pele, da minha cultura, das minhas dores e alegrias. Ando pela superfície do sem nome, faço parte dos grupos que não se fecham em suas verdades, dançam entre tribos. Percorro a vida com curiosidade de cigana, com vontade de ouvir e me desconstruir. Por isso a minha ciência é vaporosa, a minha moral é multicolorida, a minha religião é o vento, a minha fé é a intensidade.

Por isso amar pra mim é também compaixão, é sentir sem razão o que me brota em uma união.

Corre solta a eletricidade em quem atravessa universos.

Não é uma tendência o que sigo, um modismo, não veio pronto em um livro, não veio de uma admiração exterior, não veio de uma vontade de compor, de pertencer, de ser amada, de seguir um comportamento que acho bonito, de amenizar o que os outros vão pensar.

É a coragem de soltar-me sem destino.

A minha sabedoria vem da intensidade de sentir os dias e os seus ditos.

Entendemo-nos quando nos damos as mãos e elas continuam atadas por alguns minutos. Quando os nossos olhos sabem, antes dos nossos pensamentos, penetrar em infinitos e o nosso abraço gera mundos e não laços.

Não tenho problemas com quem não gosta de mim e sim com quem finge que gosta

Não tenho problemas com quem não gosta de mim e sim com quem finge que gosta
FILE - In this 1931 film image originally released by United Artists, actor Charlie Chaplin is seen in the silent film "City Lights." A new musical "Chaplin," depicting the life of film icon Charlie Chaplin, will open on Broadway on Monday, Sept. 10, 2012 at the Barrymore Theatre in New York. (AP Photo, file)
 Para evitarmos dores de cabeça desnecessárias e decepções descabidas, é preciso que tenhamos a consciência de que jamais, em hipótese alguma, conseguiremos agradar a todos, tampouco seremos queridos sinceramente pela maioria das pessoas com quem convivermos. Dessa forma, conseguiremos aceitar com mais tranquilidade as decepções que pontuarão os encontros e desencontros de nossa jornada.

Na verdade, a transparência sempre será bem vinda, onde e com quem estivermos, ou seja, sabermos com quem estamos lidando nos ajudará a estabelecer os limites entre o que temos de melhor e a falsidade alheia. Ninguém é obrigado a gostar de nós, porém, todos temos o dever de não fingir aquilo que não sentimos, porque o respeito deverá ser mantido, ainda que diante de pessoas com quem não temos a mínima afinidade.

Poderemos discordar do outro, não nos sentir muito bem perto dele, não querer que ele seja amigo, mas certas situações nos colocarão junto dele, inevitavelmente, seja no emprego, na roda de amigos em comum, onde for, o que importa é mantermos nossa relação com ele estritamente no nível necessário. Difamar alguém, tratá-lo mal, colocá-lo em situações vexatórias, ou mesmo exagerar no sorriso junto dele, tudo isso nos tornará ainda piores do que achamos que ele seja.

Da mesma forma, não poderemos aceitar as falsas demonstrações de estima de quem sabemos não gostar de nós, de quem adora puxar tapetes, de quem não deixa de falar mal de quem não estiver presente. Essas pessoas devem ter a certeza de que as conhecemos de fato e temos certeza de que a estima delas não procede. Levar adiante o que não é verdadeiro não trará nada de bom a ninguém e, pior, provavelmente a verdade se revelará de maneira desagradável.

A verdade sempre será a nossa melhor defesa contra as armadilhas de gente que tenta derrubar qualquer um que atrapalhe sua percepção doentia de mundo. Não gostar de alguém é normal, mas ser antiético, maldoso e desleal com quem não gostamos nos torna desprezíveis. O melhor a se fazer é não ir além do que a vida pede junto a essas pessoas, enquanto mergulhamos nos relacionamentos que alimentam o nosso coração, abraçando e acolhendo gente querida, gente que transpira amor recíproco.

Não existe “a pessoa certa”. Certas ou erradas são as nossas escolhas.

Não existe “a pessoa certa”. Certas ou erradas são as nossas escolhas.

Ahh… essa mania de esperar o ser humano perfeito! Essa ilusão de que existe alguém irreprovável e incorrigível a quem chamar de “a pessoa certa”, uma alma sobre-humana, pronta, criada sob medida para as nossas mais profundas expectativas. Quem nos dera!

Esse delírio de que merecemos alguém que nunca falha, e de que somos a companhia à prova de enganos para alguém que, em algum canto, também sonha a nossa perfeição só pode machucar a nós mesmos e ao outro.

Acontece que a gente erra, sim. Sem querer, a gente erra muito. Erra o tempo inteiro. Todo mundo erra consigo mesmo e com o outro. Erra pequenos, médios e grandes equívocos, como achar que “a pessoa certa” é alguém que não erra nunca. Impossível. Só acerta quem aprendeu errando. O acerto só se reconhece em comparação com o engano. Se chegamos até aqui, foi porque acertamos tanto quanto cometemos erros.

Não estou justificando a falha, não. Isto não é uma defesa do erro deliberado, proposital. Tem gente que erra de sacanagem, sem escrúpulos, erra porque quer. Aí é outra coisa. Mas entre as pessoas boas, bem intencionadas, errar é inevitável. Somos imperfeitos, sempre seremos assim. E não é humano achar que “a pessoa certa” não erra jamais.

Erra, sim. E se acerta, é porque aprendeu com os erros de antes. Aliás, será que a vida não é isso mesmo? Essa luta para sobreviver aos nossos enganos?

Posso estar enganado, mas eu acho que não há “a pessoa certa” nem “a pessoa errada”. Certas ou erradas são as nossas escolhas. Certos ou errados somos nós ao dizer “sim”, “não”, “talvez”. Acertamos ou erramos ao entrar numa história de amor, ao abandoná-la ou ao permanecer nela quando não sentimos mais nada. É assim que é.

Errar, todos erramos. E é de aceitar ou rejeitar os erros e aprender com eles que se fazem os encontros de amor, respeito e cumplicidade. Se existe mesmo “a pessoa certa”, é alguém que também deve errar o tempo inteiro.

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