Perdoar da boca para fora é muito fácil. Difícil é perdoar do peito para dentro

Perdoar da boca para fora é muito fácil. Difícil é perdoar do peito para dentro

Não há como escapar. Em determinado momento da vida, alguém vai dizer coisas que você não queria/deveria ouvir ou fazer algo que você jamais esperava. Palavras duras, pesadas, que magoarão e farão sangrar. Atitudes marcantes, que atormentarão o sono e desencadearão noites de insônia. Mais do que isso. Essas palavras serão ditas por pessoas queridas por você e das quais você jamais imaginava. Sendo assim, como proceder?

Falando a verdade, a maioria de nós sente enorme dificuldade em lidar com situações desse tipo. Guardamos mágoa, ficamos ressentidos, deixamos o coração penar. Perdoar da boca para fora é muito fácil. Difícil é perdoar do peito para dentro. Entretanto, que tipo de benefício guardar rancor traz?

Ficamos pesados, tristes, perturbados com um pesadelo que sempre se repete. Escutando, sempre que o silêncio se instala, o eco do sofrimento percorrendo a mente e o coração. Passamos a alimentar um monstro dentro de nós, o qual nos sufoca, porque se nutre do ódio que carregamos. Um fardo incômodo que nos impede de seguir em frente.

Dessa forma, o ódio acaba se tornando uma espécie de grilhão que nos prende ao passado, retirando de nós a capacidade de viver o presente e perceber o que acontece de positivo na nossa vida. Há, inclusive, a criação de uma visão totalmente negativa do ser humano, em que se realçam tão somente os aspectos negativos presentes nas pessoas, impedindo, por conseguinte, a capacidade de ver as belezas que também permeiam estas.

Em outras palavras, o ódio nos torna cegos e, ainda que este tenha se desencadeado por um mal causado por outrem, não devemos alimentá-lo, porque, no fim das contas, nós nos tornamos os principais prejudicados, já que ele rouba completamente a nossa energia e como é dito no filme “A Outra História Americana” – “A vida é muito curta para se estar o tempo todo com raiva”.

Sei que muitas coisas que nos acontecem são difíceis de serem perdoadas, porque a verdade é que toda vez que confiamos em alguém, nunca esperamos que aquela pessoa quebre o sentimento que depositamos nela. Não importa se você nunca quebrou a cara ou já se arrebentou mil vezes. Toda relação que se cria, toda conexão que se estabelece, é uma nova comunicação de almas, bem como, é a renovação da humanidade que havíamos desacreditado.

Por isso, dói tanto quando uma pessoa nos machuca, porque esperávamos que dessa vez fosse diferente. Entretanto, isso sempre vai acontecer. Seja com pessoas novas em nossas vidas, seja, como disse, com as pessoas que mais amamos, de maneira que o ódio sempre estará à espreita, pronto para retornar, como a seca que atormenta o sertanejo.

No entanto, guardar mágoa, rancor, ódio, nunca será a melhor opção, uma vez que depois que o alimentamos, torna-se difícil fugir das suas amarras e, assim, tudo se torna inferno e nós queremos apenas que ele queime e queime, sem expurgar a nossa dor, uma autoflagelação ininterrupta, a qual renova o sangue das marcas deixadas.

Eu acho que por mais que as pessoas nos machuquem, se soubermos olhar, sempre haverá alguém nos abraçando, procurando curar cada ferida no nosso corpo. Às vezes, as coisas dependem de um olhar em perspectiva, para que possamos perceber que o perdão não é uma forma de ser trouxa ou de livrar a barra de quem nos fez mal, e sim, de que perdoar é dizer que mesmo estando machucado, ainda somos capazes de ser luz no meio da escuridão e que não vamos desperdiçar a nossa energia com ódio, até porque de ódio o mundo já está cheio, o que ele anda precisando mesmo é de amor.

Não tenho medo de ficar sozinho

Não tenho medo de ficar sozinho

Não tenho medo de ficar sozinho. Não me vejo mais acompanhado simplesmente para ter uma mudança no status de relacionamento, para ir naquela reunião dos amigos, fazer viagens em famílias e expor fotos românticas em lugares paradisíacos. Não, isso não me interessa. Porque quando as portas se fecham, muitos amores acabam resumidos em desafetos, egos e solidões.

Normalmente, quando você conhece alguém é natural que, dadas algumas afinidades, do desejo transformar-se em euforia. A pessoa certa que chegou, o amor que estava à espera. O coração bate acelerado, os planos vão tomando forma e, mais adiante, juntam-se escovas de dente, pernas debaixo das cobertas e todo um aparato necessário para que nos sintamos naquilo conhecido como um relacionamento sério. Mas existe toda uma legitimidade esquecida ou ignorada por muitos. No caso, o diálogo. Deixar de adentrar no universo do outro, conhecendo suas nuances, qualidades e defeitos, implica, meses depois, naquelas inúmeras discussões e cobranças sem sentido. Você não era assim no início – você diz no primeiro ruído. É o começo do fim. Do respeito, carinho e qualquer outro sentimento complacente.

Infelizmente, esses resultados pertencem aos corações preguiçosos. Daqueles que preferem nublar a própria personalidade na esperança da conquista. Os motivos podem ser variados, indo da carência até alguma necessidade manipuladora. Mas em comum, praticamente o mesmo destino; o medo da solidão. Então estar com alguém sempre significa vislumbrar a possibilidade de escapar desse abismo solitário? Não. Acredite, nem todos os amantes caminham através de um querer tão simplório. Alguns definitivamente ocorrem pela soma, bom senso e por uma admiração mútua da companhia. Talvez, a escolha mais urgente, seja a de reconhecer que nem sempre estar acompanhado é garantia de êxito no amor. Você pode passar uma vida inteira sem adentrar nos abraços cálidos de um amar e, ainda assim, permitir-se nada menos que o seu próprio cuidado.

Não tenho medo de ficar sozinho, sinceramente. A solidão não me incomoda. O que entristece são os que escolhem uma companhia para permanecerem solitários. Reféns de si, algemam o outro. Recordemos por um segundo que, amar, é ir de encontro ao avesso.

Quando olhamos para ele(a) e pensamos: como é que eu pude?

Quando olhamos para ele(a) e pensamos: como é que eu pude?

“Como é que eu pude?” Eis a pergunta que nos fazemos toda vez que o encanto de uma paixão se desfaz e acordamos de um sono profundo, sono este que pode durar mais tempo do que a sesta da Cinderela.

Existe o “tempo da delicadeza”, cantado por Chico Buarque, e, existe o tempo do “como é que eu pude?” – para alcançar o primeiro é necessário sentir o segundo.

O tempo do “como é que eu pude?” só acontece quando decidimos enxergar o objeto de nossa paixão exatamente como ele é, quando paramos de atribuir-lhe qualidades que nunca existiram.

Só se desilude quem se iludiu. Quem se enganou. Quem criou uma realidade que não existe. Quem se relacionou com um personagem – que teimou em não seguir o roteiro – e não com a pessoa real.

Quando nos perguntamos “como Fulano(a) pôde fazer isso comigo?”, no fundo estamos falando do nosso personagem, não do fulano(a) em si, pois se observarmos com cuidado e atenção, sem julgamento de valor, perceberemos que a atitude de Fulano(a) é extremamente compatível com o que ele(a) é de fato.

“Fulano(a) foi cruel, frio(a), indiferente, desumano(a), perverso(a)”. Estes são os adjetivos que costumamos usar quando nossos sonhos de um relacionamento perfeito vão por água abaixo e/ou quando nos sentimos abandonados.

Mas será mesmo que Fulano(a) foi  frio(a), indiferente, perverso(a), desumano(a), ou fomos nós que não quisemos enxergar que ele(a) provavelmente age dessa forma com ele(a) mesmo(a) e com todos que o(a) cercam? Que no fundo ele(a) nunca foi aquela pessoa sensível, delicada, doce, acolhedora e romântica que pintamos?!

Geralmente demoramos para chegar no tempo do “como é que eu pude?” porque não suportamos a ideia do vazio e do engano. Preferimos seguir entoando o hino brega de Peninha, “saudade até que é bom / é melhor que caminhar vazio” do que admitir para nós mesmos que nosso roteiro particular foi fracasso de bilheteria.

É claro que sem um bocado de imaginação, projeção e idealização não existiria a paixão. Porém, quando as coisas não vão bem e a personagem da nossa trama secreta abandona o set de filmagens (ou é demitida por mau comportamento) precisamos deixar de idealizá-la. Precisamos tirá-la do pedestal de estrela com direito a cem toalhas brancas num camarim privativo. Precisamos aceitar que Fulano(a) não era compatível com o papel e… abrir novos testes.

Toda vez em que deixamos Fulano(a) ser exatamente o que ele(a) é – e não o que imaginamos- acabamos chegando à pergunta: como é que eu pude? É batata! – como diria o saudoso Nelson Rodrigues. E é tão libertador! Experimente!

“Não agrade os ingratos, nem sirva aos folgados”

“Não agrade os ingratos, nem sirva aos folgados”

Passamos muito tempo fazendo a coisa certa para as pessoas erradas, sofrendo as consequências das péssimas escolhas pelo caminho, sofrendo à toa por coisas inúteis e gente sem conteúdo, alimentando vãs esperanças em relação ao que não tem a menor chance de vir a acontecer. Perdemos muito tempo investindo no vazio, esperando retorno do que não volta, aguardando sorrisos de quem nem nos olha direito. É preciso focar no que é real, pois, mesmo que não haja muito de verdadeiro nesses terrenos, esse pouco bastará.

Precisamos parar de tentar agradar aos ingratos, às pessoas descontentes e incapazes de receber algo de fora. Existem indivíduos que se encontram por demais fechados ao acolhimento do que não se encontra dentro deles, do que não faz parte daquele mundinho em que eles se fecham, presos a crenças e sentimentos que não mudam, não são repensados, não saem do lugar. Tentar alcançá-los é inútil.

É necessário evitar a servidão aos folgados, aos aproveitadores, a quem não sai do lugar por si só, a quem foge a qualquer tipo de responsabilidade, pois sabe que alguém sempre fará por ele. Temos que ter clareza quanto ao que realmente devemos e poderemos tomar para nós, ou acumularemos cargas de bagagens que não são, nem de longe, relacionadas às nossas vidas. Muita gente precisa de ajuda, sim, mas muitos precisam é de vergonha na cara.

Não podemos nutrir amizades duvidosas, com pessoas que não expressam a menor necessidade de nós, como se tanto nossa presença quanto nossa ausência fossem a mesma coisa, algo sem importância, invisível, dispensável. Nem todos de quem gostamos irão gostar de nós, o retorno da estima e da afeição nunca é uma certeza, portanto, há necessidade de que adentremos exclusivamente os encontros verdadeiros.

Não é fácil nem tranquilo conseguirmos acertar quanto ao que poderemos regar com a certeza de retorno e reciprocidade, uma vez que as pessoas, os acontecimentos, a vida, tudo é imprevisível. Embora muito do que acontecerá em nossas vidas não possa ser controlado, mantermos sob controle nossas verdades e a certeza de que merecemos ser felizes nos tornará mais fortes diante dos tombos, sem que desistamos de nossos sonhos.

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Texto também acessível pela página do Prof Marcel Camargo

Os filhos do quarto!- Cassiana Tardivo

Os filhos do quarto!- Cassiana Tardivo

Estou para escrever desde o dia que me peguei chorando por aquele garoto de 13 anos em São Vicente que por uma brincadeira, veio a falecer.

Não sejamos exageradas para dizer que só agora com advento da WWW temos perdido filhos. Eles faleciam também antes disso.

Mas antes perdíamos filhos nos rios, nos matos, nos mares, hoje temos perdido eles dentro do quarto!
Quando brincavam nos quintais ouvíamos suas vozes, escutávamos suas fantasias e ao ouvi-los, mesmo a distância, sabíamos o que se passava em suas mentes. Quando entravam em casa não existia uma TV em cada quarto, nem dispositivos eletrônicos em suas mãos. Quero deixar bem claro que não sou contra e nem capetizo tudo isso. Mas queridos, precisamos ser sinceros: temos perdido o equilíbrio.

Hoje não escutamos suas vozes, não ouvimos seus pensamentos e fantasias, as crianças estão ali, dentro de seus quartos, e por isso pensamos estarem em segurança. Quanta imaturidade a nossa.

Agora ficam com seus fones de ouvido, trancados em seus mundos, construindo seus saberes sem que saibamos o que é…
Alguns, como o garoto de São Vicente, perdem literalmente a vida, mas tantos outros aí, ainda vivos em corpos, mas mortos em seus relacionamentos com seus pais, fechados num mundo global de tanta informação e estímulos, de ídolos de youtube, de modismos passageiros, que em nada contribuem para formação de crianças seguras e fortes para tomarem decisões moralmente corretas e de acordo com seus valores familiares. Dentro de seus quartos perdemos os filhos pois não sabem nem mais quem são ou o que pensam suas famílias, já estão mortos de sua identidade familiar… Se tornam uma mistura de tudo aquilo pelo qual eles tem sido influenciados e país nem sempre já sabem o que seus filhos são.

Você hoje pode ler esse texto, amar, marcar os amigos. Pode enxergar nele verdades e refletir. Tudo isso será excelente. Mas como Psicopedagoga tenho visto tantas famílias doentes com filhos mortos dentro do quarto, então faço você um convite e, por favor aceite ! Convido você a tirar seu filho do quarto, do tablet, do fone de ouvido, convido você a comprar jogos de mesa, tabuleiros e ter filhos na sala, ao seu lado por no mínimo 2 dias estabelecidos na sua semana a noite (além do sábado e domingo). E jogue, divirta-se com eles, escute as vozes, as falas, os pensamentos e tenha a grande oportunidades de tê-los vivos, “dando trabalho” e que eles aprendem a viver em família e se sintam pertencentes no lar para que não precisem se aventurar nessas brincadeiras malucas para se sentirem alguém ou terem um pouco de adrenalina que antes tinham com as brincadeiras no quintal !

Cassiana Tardivo

Por trás de todo grande amor existe uma grande história

Por trás de todo grande amor existe uma grande história

Nada vem fácil, nada se consegue parado, tudo o que se conquista requer suor, dor, entrega e muita luta. É assim com coisas, é assim com pessoas e não poderia deixar de ser assim com o amor. A gente se apaixona, a gente acelera o coração e se joga e mergulha fundo. Daí vem o tempo – ah o tempo -, varrendo as ilusões e nos colocando frente a frente com a verdade do que ainda é e do que não mais é.

Todos os relacionamentos atravessam grandes tormentas, escuridões e dissabores, antes de se fortalecerem e se firmarem como verdadeiros. Não existem certezas absolutas, pois não existe o que não possa ser atravessado pela dúvida, pelo incerto, por questionamentos e por novas perspectivas. O dia-a-dia tende a tornar a convivência menos surpreendente, esfriando o calor que motiva os encontros que abrem sorrisos e roubam arrepios.

É preciso, pois, reinventar-se, adquirir novos olhares sobre o que já pensamos conhecer, mas sempre poderá nos trazer novas surpresas. As pessoas são múltiplas, têm muito dentro de si a doar e é isso que nos salvará da monotonia afetiva. Por essa razão é que não existe amor tranquilo que não seja entremeado por vendavais, reviravoltas, contendas, ou então não se renova.

O amor é fogo que varre, vento que leva e traz de volta, chuva que limpa e clareia, desanuvia, brilho que esclarece. Por essa razão é que os casais constroem as suas histórias por meio de momentos únicos e especiais, que incluem rompimentos demorados, desconfianças descabidas, distância forçada, noites em claro, insegurança, medo, lágrimas pesadas. E por essa razão é que os reencontros se tornam ainda mais grandiosos, pois a aventura amorosa tece a história de cada um de nós, que fica cada vez mais forte e verdadeira.

Mais do que sentir o amor, é preciso viver, respirar e trabalhar o amor, levando-o conosco aqui dentro, aonde formos, com quem estivermos, aceitando-o em todas as dores e alegrias de que se constituem as jornada afetivas que construirão nossas histórias de vida. Sempre será prazeroso podermos reviver tudo o que passamos junto a quem compartilhamos o nosso melhor e o nosso pior, pois é essa memória afetiva que nos sustentará quando estivermos terminando nossa jornada.

Nosso legado mais precioso ao mundo sempre será o que fomos enquanto amávamos com transparência e verdade. Nossos queridos merecem herdar e a eternidade merece receber o nosso amor. Amemos, enfim.

100 ótimos filmes para quem adora psicologia

100 ótimos filmes para quem adora psicologia

Não é preciso gostar de psicologia para se interessar por esses 100 filmes, mas aqueles que gostam certamente nutrem uma potente curiosidade pelos tópicos abordados no cinema sobre a psique humana, mesmo que os desconheçam.

Grande parte desses filmes psicológicos é formada por thrillers. O restante – a minoria – agrega um misto de ficção, não-ficção, suspense, terror, sci-fi, aventura, ação ou comédia com abordagem mais pacifista. Como é de se esperar, todos eles provocam múltiplos estímulos sensoriais, agradáveis ou não.

Muitas dessas obras foram criações meritosas do diretor e de sua equipe de produção, sem precedentes excepcionais, além da imaginação, criatividade e uma boa dose de inventividade. Mas pelo menos metade dos longas-metragens citados foi inspirado na literatura. Se não fosse pela indústria de livros, muitos filmes espetaculares não teriam sido lançados, nem suas histórias seriam conhecidas.

Centenas de outros ótimos filmes psicológicos não foram incluídos na lista, por questões de tempo, falhas de memória, critérios eliminatórios e também devido à limitação da amostra.

Listas são sempre polêmicas e controversas. Quanto menores forem, então, mais injustas parecerão aos olhos do público, pois há julgamentos contraditórios e subjetivos quando o tema é arte, o que provoca críticas variáveis e extremistas para o bem ou para o mal.

Mais de 80% da lista é constituída de filmes lançados a partir de 1990. Mas os cinéfilos que preferem a escola de cinema mais antiga  não se decepcionarão com os cerca de 20 filmes selecionados do período entre 1950 e 1989, salvo algumas exceções. Aqueles que curtem filmes cults de antes de 1950 talvez fiquem desapontados.

O diretor com mais filmes presentes nessa lista é o americano David Fincher (4), seguido de perto por Alfred Hitchcock, Lars von Trier, Martin Scorsese e Darren Aronofsky, com três cada um.

Os atores que mais aparecem aqui são Leonardo DiCaprio, Robin Williams, Jack Nicholson, Morgan Freeman, Anthony Hopkins, Charlotte Gainsbourg, Tom Hanks, Matt Damon, Jake Gyllenhaal, Natalie Portman e Edward Norton.

Há apenas dois filmes brasileiros listados entre os 100, e somente dois desenhos, o que não sugere nada tendencioso.

Algumas dessas obras se tornaram massivamente consagradas pelo público, bem como elogiadas pela crítica especializada, enquanto outras provêm do cenário underground e só são conhecidas por uma pequena fatia da população com acesso a esse tipo de cultura.

Profissionais, estudantes e adeptos de psicologia deveriam considerar a ideia de assistir, senão todos esses 100 filmes, uma porção deles, à seu bel prazer. Isso fará com que novas observações, reflexões e entendimentos sejam formados.

Como se trata de arte, não há unanimidade sobre qual desses filmes é melhor do que outro, por mais que haja uns mais populares do que outros.

É bom deixar claro que todos foram listados aleatoriamente, sem qualquer ordem qualitativa ou de preferência. São os seguintes:

100. Escritores da Liberdade (Freedom Writers, 2007) | Direção: Richard LaGravenese

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99. Tratamento de Choque (Anger Management, 2003) | Direção: Peter Segal

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98. As Duas Faces de um Crime (Primal Fear, 1996) | Direção: Gregory Hoblit

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97. O Nome da Rosa (Der Name Der Rose, 1986) | Direção: Jean-Jacques Annaud

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96. A Praia (The Beach, 2000) | Direção: Danny Boyle

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95. Garota, Interrompida (Girl, Interrupted, 1999) | Direção: James Mangold

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94. A Onda (Die Welle, 2008) | Direção: Dennis Gansel

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93. O Sétimo Selo (Det sjunde inseglet, 1957) | Direção: Ingmar Bergman

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92. As Virgens Suicidas (The Virgin Suicides, 1999) | Direção: Sofia Coppola

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91. Bicho de Sete Cabeças (Bicho de Sete Cabeças, 2000) | Direção: Laís Bodanzky

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90. Sybil (Sybil, 2007) | Direção: Joseph Sargent

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89. Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood, 2014) | Direção: Richard Linklater

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88. O Lenhador (The Woodsman, 2004) | Direção: Nicole Kassell

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87. Terapia de Risco (Side Effects, 2013) | Direção: Steven Soderbergh

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86. Um Método Perigoso (A Dangerous Method, 2011) | Direção: David Cronenberg

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85. Tempo de Despertar (Awakenings, 1990) | Direção: Penny Marshall

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84. A.I. – Inteligência Artificial (Artificial Intelligence: AI, 2001) | Direção: Steven Spielberg

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83. Copycat – A Vida Imita a Morte (Copycat, 1995) | Direção: Jon Amiel

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82. Wall Street: Poder e Cobiça (Wall Street, 1987) | Direção: Oliver Stone

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81. Rocky: Um Lutador (Rocky, 1976) | Direção: John G. Avildsen

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80. Geração Prozac (Prozac Nation, 2001) | Direção: Erik Skjoldjærg 

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79. A Experiência (Das Experiment, 2001) | Direção: Oliver Hirschbiegel

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78. Elefante (Elephant, 2003) | Direção: Gus van Sant

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77. O Pescador de Ilusões (The Fisher King, 1991) | Direção: Terry Gilliam

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76. Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (The Girl With The Dragon Tattoo, 2011) | Direção: David Fincher

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75. O Operário (The Machinist, 2004) | Direção Brad Anderson

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74. Edward Mãos de Tesoura (Edward Scissorhands, 1990) | Direção: Tim Burton

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73. Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994) | Direção: Frank Darabont

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72. O Corcunda de Notre Dame (The Hunchback Of Notre Dame, 1996) | Direção: Gary Trousdale e Kirk Wise

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71. O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006) | Direção: David Frankel

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70. A Outra História Americana (American History X, 1998) | Direção: Tony Kaye

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69. O Experimento de Aprisionamento de Stanford (The Stanford Prison Experiment, 2015) | Direção: Kyle Patrick Alvarez

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68. Viagens Alucinantes (Altered States, 1980) | Direção: Ken Russell

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67. O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972) | Direção: Francis Ford Coppola

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66. Oliver Twist (Oliver Twist, 2005) | Direção: Roman Polanski

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65. O Enigma de Kaspar Hauser (Jeder für sich und Gott gegen alle, 1974) | Direção: Werner Herzog

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64. Instinto (Instinct, 1999) | Direção: Jon Turteltaub

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63. O Segundo Rosto (Seconds, 1966) | Direção: John Frankenheimer

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62. Freud, Além da Alma (Freud, 1962) | Direção: John Huston

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61. Patch Adams: O Amor é Contagioso (Patch Adams, 1998) | Direção: Tom Shadyac

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60. À Espera de um Milagre (The Green Mile, 1999) | Direção: Frank Darabont

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59. Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country For Old Men, 2007) | Direção: Ethan Coen e Joel Coen

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58. Quando Nietzsche Chorou (When Niezsche Wept, 2007) | Direção: Pinchas Perry

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57. Gênio Indomável (Good Will Hunting, 1997) | Direção: Gus van Sant

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56. Jogos Mortais (Saw, 2004) | Direção: James Wan

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55. O Retrato de Dorian Gray (Dorian Gray, 2009) | Direção: Oliver Parker

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54. Ela (Her, 2013) | Direção: Spike Jonze

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53. Zodíaco (Zodiac, 2007) | Direção: David Fincher

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52. Divertida Mente (Inside Out, 2015) | Direção: Pete Docter e Ronnie Del Carmen

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51. O Aviador (The Aviator, 2004) | Direção: Martin Scorsese

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50. Janela Indiscreta (Rear Window, 1954) | Direção: Alfred Hitchcock

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49. O Talentoso Ripley (The Talented Mr. Ripley, 1999) | Direção: Anthony Minghella

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48. A Órfã (Orphan, 2009) | Direção: Jaume Collet-Serra

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47. Os Irmãos Karamazov (The Brothers Karamazov, 1958) | Direção: Richard Brooks

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46. Melhor é Impossível (As Good As It Gets, 1997) | Direção: James L. Brooks

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45. Anticristo (Antichrist, 2009) | Direção: Lars von Trier

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44. O Grande Gatsby (The Great Gatsby, 2013) | Direção: Baz Luhrmann

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43. Tubarão (Jaws, 1975) | Direção: Steven Spielberg

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42. Um Corpo Que Cai (Vertigo, 1958) | Direção: Alfred Hitchcock

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41. Cidade dos Sonhos (Mulholland Dr., 2001) | Direção: David Lynch

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40. Tempestade de Gelo (The Ice Storm, 1997) | Direção: Ang Lee

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39. O Senhor das Moscas (Lord Of The Flies, 1990) | Direção: Harry Hook

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38. O Mestre (The Master, 2012) | Direção: Paul Thomas Anderson

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37. Dragão Vermelho (Red Dragon, 2002) | Direção: Brett Ratner

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36. Louca Obsessão (Misery, 1990) | Direção: Rob Reiner

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35. Beleza Americana (American Beauty, 1999) | Direção: Sam Mendes

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34. Forrest Gump: O Contador de Histórias (Forrest Gump, 1994) | Direção: Robert Zemeckis

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33. Dogville (Dogville, 2003) | Direção: Lars von Trier

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32. Precisamos Falar Sobre Kevin (We Need To Talk About Kevin, 2011) | Direção: Lynne Ramsay

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31. Cisne Negro (Black Swan, 2010) | Direção: Darren Aronofsky

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30. Pulp Fiction: Tempo de Violência (Pulp Fiction, 1994) | Direção: Quentin Tarantino

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29. Réquiem Para um Sonho (Requiem For a Dream, 2000) | Direção: Darren Aronofsky

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28. O Labirinto do Fauno (El laberinto del fauno, 2006) | Direção: Guillermo del Toro

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27. Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind, 2001) | Direção: Ron Howard

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26. Cidade de Deus (Cidade de Deus, 2002) | Direção: Fernando Meirelles e Kátia Lund

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25. A Origem (Inception, 2010) | Direção: Christopher Nolan

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24. Carrie, A Estranha (Carrie, 2013) | Direção: Kimberly Peirce

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23. V de Vingança (V For Vendetta, 2005) | Direção: James McTeigue

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22. Psicose (Psycho, 1960) | Direção: Alfred Hitchcock

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21. Amnésia (Memento, 2000) | Direção: Christopher Nolan

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20. Ilha do Medo (Shutter Island, 2010) | Direção: Martin Scorsese

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19. Efeito Borboleta (The Butterfly Effect, 2004) | Direção: Eric Bress e J. Mackye Gruber

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18. A Pele Que Habito (La piel que habito, 2011) | Direção: Pedro Almodóvar

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17. O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999) | Direção: M. Night Shyamalan

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16. Platoon (Platoon, 1986) | Direção: Oliver Stone

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15. Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine Of The Spotless Mind, 2004) | Direção: Michel Gondry

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14. O Iluminado (The Shining, 1980) | Direção: Stanley Kubrick

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13. Ninfomaníaca (Nymphomaniac, Vol. I e II, 2013) | Direção: Lars von Trier

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12. Taxi Driver (Taxi Driver, 1976) | Direção: Martin Scorsese

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11. Pi (Pi, 1998) | Direção: Darren Aronofsky

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10. O Silêncio dos Inocentes (The Silence Of The Lambs, 1991) | Direção: Jonathan Demme

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9. Seven: Os Sete Crimes Capitais (Se7en, 1995) | Direção: David Fincher

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8. Um Estranho no Ninho (One Flew Over The Cuckoo’s Nest, 1975) | Direção: Milos Forman

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7. Show de Truman (The Truman Show, 1998) | Direção: Peter Weir

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6. Trainspotting: Sem Limites (Trainspotting, 1996) | Direção: Danny Boyle

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5. Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, 1989) | Direção: Peter Weir

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4. Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971) | Direção: Stanley Kubrick

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3. Clube da Luta (Fight Club, 1999) | Direção: David Fincher

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2. Donnie Darko (Donnie Darko, 2001) | Direção: Richard Kelly

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1. Matrix (The Matrix, 1999) | Direção: Lana Wachowski e Lilly Wachowski

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Sobre fantasmas, túneis e curvas

Sobre fantasmas, túneis e curvas

“Leva-se tempo para ser jovem”, disse Picasso.

Bem antes de ler essa frase, por volta dos vintes anos, eu já sentia a proximidade do fantasma. Era uma presença melancólica. Não sei quando se juntou a mim, mas penso ter sido ainda muito cedo, assim que tomei consciência da natureza perecível das coisas, talvez.

Bem menina, ainda, conheci a falta precoce daquilo que lá na frente deixaria de existir. Eu não sabia o que fazer com a impermanência. A cada final de tarde, pensava, a vida seria cheia de crepúsculos tristes, a evocar com pontualidade ausências e perdas.

Foi demorado o trânsito por esse corredor da vida. Ele era escuro, labiríntico, cheio de charadas. Mas foi a lanterna da experiência iluminar a passagem, e o fantasma mostrou a face, disse seu nome.

Era o medo.

Medo do desconhecido, do erro, do fracasso, do arrependimento, dos arrastões do tempo – o tempo… Eu sabia o que ele costumava subtrair, mas não o que ofereceria em troca.

Medo, enfim, do ponto invisível, pouco depois do dobrar da curva.

A maternidade bloqueou especulações sobre o destino. A vida se tornou real, imediata, urgente. E mais luminosa, também. Era o fim do túnel, mas ainda sentia a presença do fantasma.

Finalmente, a curva.

Olhei para trás, vi a estrada. Enxerguei as inúmeras vezes em que eu própria havia me acomodado às mais inesperadas mutilações, sobrevivido às mudanças mais bruscas, encontrado consolo e desafio em realidades inóspitas, colhido ternura em solos hostis.

Vi o passar dos anos mitigando a beleza, enfraquecendo o corpo. Não me abalei muito, porque o vi também atenuando apegos, redimindo vaidades, ensinando o milagre da resiliência, que fortalece o espírito. Sofre, sim, quem envelhece sem amadurecer. O pôr do sol ficou mais alegre quando entendi que o ser humano se reinventa e recompõe.

Pouco a pouco, vou incorporando ao dia-a-dia, um gesto que tentarei reproduzir para sempre. É o descarte de itens supérfluos, objetos imateriais acumulados ao longo do trajeto. Diariamente líbero espaços na alma ao me desfazer de remorsos, culpas, expectativas, problemas imaginários.

Continuar a viagem! Com o percurso mais leve, claro e cheio de sentido.

O mundo que ressurge depois da curva é tão cheio de ofertas! Que surpresa perceber que nada me traiu ou abandonou: vida, chão, montanha, espuma do mar, gente, paisagem, céu… E sentimento. Está tudo lá, eu vejo e sinto. “Obrigado, coisas fiéis!”. Obrigada, Drummond!

Estou na metade do caminho. Nunca mais pressenti o fantasma. E tenho o coração em festa de quem acolhe nos braços um recém- nascido.

Bem-vinda, juventude!.

Sempre inclua em seus planos quem te faz sorrir

Sempre inclua em seus planos quem te faz sorrir

Não dá para entender por que muitos de nós insistimos em manter por perto pessoas cuja presença não traz nada – ou quase nada – de bom. Nosso propósito maior deveria ser a busca incansável da felicidade, onde e com quem estivermos, porém, muitas vezes teimamos em afastar de nossas vidas quem nos traria paz e serenidade, enquanto cultivamos relacionamentos tóxicos, sejam amizades, sejam namoros, ou o que quer que seja.

Logicamente, teremos que conviver com gente desagradável, por força de um trabalho, de um lar, de ambientes em que estaremos frequentando, ainda que momentaneamente. As regras da boa convivência, afinal, tendem a nos obrigar a praticar o exercício da tolerância com aqueles que não sabem ser menos do que desagradáveis e com os quais necessitamos manter um mínimo de educação, a fim de que não coloquemos a perder alguns setores de nossas vidas, como a família, ou o emprego.

Felizmente, temos várias oportunidades de manter por perto aquelas pessoas que nos tornam mais felizes, que trazem luz às nossas escuridões, que sabem ouvir e falar na medida exata de nossas necessidades pessoais. Nem é preciso muita intimidade, para que os seres iluminados consigam nos levantar os ânimos, aconchegando nossas tristezas em colo acalentador e reconfortante. Essas pessoas valem ouro.

Mesmo que tenhamos que aturar a permanência de gente desagradável em certos ambientes, por determinadas horas, ainda nos restarão outros ambientes e outros momentos que poderemos desfrutar junto a quem de fato nos acrescenta dignidade e alegria. Sempre poderemos selecionar quem sairá conosco a uma balada, com quem trocaremos mensagens, quem virá nos visitar, quem dividirá o que temos de mais precioso sem fazer mau uso de nada daquilo que compartilharmos.

Eu não sou perfeita, mas te ofereço a minha melhor versão

Eu não sou perfeita, mas te ofereço a minha melhor versão

Eu sei que pareço complicada, mas é só um reflexo da minha insegurança. Isso não tem nada a ver com complicar a sua vida e fazer uma bagunça interior. Então, perdoa meu jeito desastrado de ser, vivo quebrando as coisas eu sei, mas jamais quebraria o seu coração.

Eu sou indecisa, eu sei, e sempre fico na dúvida quando preciso escolher. É que eu ainda não sei se escolho sorvete de creme ou de morango e se peço pizza salgada ou doce. Então, mesmo se eu não gostar de comida japonesa, odiar cebola na comida e dispensar muito tempero, você promete ficar? Eu sei que não sou boa com expressões e, sempre que você me presenteia, eu não sei reagir muito bem, mas acredite, meu coração dispara e sou invadida por sentimentos bons, só não consigo agir na mesma proporção do que sinto, talvez porque eu sinta demais.

Então, eu lhe dou um abraço e esboço um sorriso como quem sorri com o coração e com a alma. Você me perdoa se eu pareço não gostar das coisas que você me faz? É que, na verdade, eu gosto até demais. As suas ligações só para me dar um “oi” são suficientes para deixar o meu dia mais bonito. Eu fico com a alma leve, como quem quer sorrir o tempo todo.

Talvez você não saiba, mas, quando você deixa um bilhete dizendo que me ama ou quando fala que quer passar o resto da sua vida comigo, eu me desmonto e fico alegre feito criança que acabou de ganhar um brinquedo que tanto queria. Eu sou insegura às vezes, eu sei, é que esse tal do amor nos deixa com aquele medo bobo de perder. Por isso lhe cuido em oração.

Eu sei, somos todos imperfeitos, buscando alguém que aceite as nossas imperfeições. Então, perdoa meu jeito esquecido, é que não sou muito boa com lembranças e recordações, mas não me esqueço de você um dia sequer.

O seu beijo na testa, enquanto a gente espera o elevador, traz paz e, quando você me pede para ficar mais um pouco ou diz que está com saudade, eu me sinto abraçada e transbordo de tanto amor. Eu sei que não sou perfeita e não pretendo ser, afinal, ninguém é. Mas, com você, eu sou mais, sou inteira e não metade. Então, eu posso não gostar das mesmas comidas que você, curtir as mesmas coisas, gostar dos mesmos filmes, mas eu gosto de você, gosto mesmo. Como quem não quer deixar partir.

Eu gosto do seu jeito organizado de ser, mesmo eu sendo uma bagunça. Eu gosto do seu jeito exagerado de ser, mesmo eu sendo calmaria, e do teu apreço pelas coisas, mesmo eu sendo desligada. É que, nesse somatório, somos equilíbrio, somos encaixe. E eu gosto disso.

Não sou perfeita, eu bem sei, mas sei que amo você com toda a minha imperfeição e eu acho isso bonito, essa coisa de querer ser a melhor versão de si para o outro. Então, saiba que eu o amo sempre que assisto àquele filme com você, mesmo não entendendo uma vírgula, e fazendo aquele esforço enorme para não dormir.

Eu o amo quando faço perguntas sobre as coisas da sua faculdade, porque gosto de ouvir você falar com tanto amor. Eu o amo quando faço aquele lanche ou sobremesa de que você tanto gosta, mesmo depois de um dia extremamente cansativo, ou quando vou ao mercado e me lembro de que você gosta disso ou daquilo. Eu o amo quando dou abraço forte e peço para você ficar, quando ligo como quem quer arrumar um assunto, mas na verdade só quer ouvir a sua voz.

Com você, eu não preciso fingir ser o que não sou e meu desarrumado combina com o seu jeito organizado de ser. O meu sorriso escancarado combina com o seu sorriso tímido, que vai sendo desenhado aos poucos em seu rosto. Com você, eu não preciso de máscaras, dispenso essa coisa de precisar parecer aquilo que não somos só para agradar.

É que, com você, ser imperfeito não é defeito e, nessa história de imperfeições, nós queremos apenas ser a melhor versão de si para o outro. E eu acho isso mesmo bonito, querer melhorar em prol de si, em prol do outro e em prol do amor.

Sobre o amor: primeiro o próprio, segundo o recíproco…

Sobre o amor: primeiro o próprio, segundo o recíproco…

Já parou para pensar como a palavra amor é um conceito com foco sempre ao próximo e não a nós mesmos? Parece que ao nascer trazemos um manual de sobrevivência para esse mundo: nascemos para amar (os outros), a busca pela outra metade deve ser eterna e casar é o principal objetivo da vida.

Com o passar dos anos, você descobre que tudo isso são inverdades que a sociedade criou e, ao romper com esse manual, você é considerado “anormal” e “estranho”.

Algumas pessoas seguem roteiros de vida prontos: cursam a faculdade escolhida pela família; desenvolvem opiniões políticas prontas (ora é de “esquerda”, ora de “direita”, o importante é dar comentários nas redes sociais) e vivem de aparências o tempo todo. Só esquecem que roteiros foram feitos para o teatro e não para a vida real.

Há uma máxima na vida que ensina que só seremos completamente felizes se encontrarmos um companheiro de vida. Nesse pensamento, objetivamos os relacionamentos como prioridade, mesmo que eles não sejam tão bons assim. Vivemos à espera de que os outros nos amem, nos respeitem, nos considerem e esquecemos que esses valores somos nós que nos damos, indiferente da opinião alheia.

Há, até (acreditem) quem coloque seus sentimentos à disposição de quem quiser, jogando sua autoestima pela janela e submetendo-se a viver de migalhas sentimentais. Clarice Lispector tem uma frase que resume bem isso: “O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo!”

Provavelmente essas mesmas pessoas não sabem o valor da palavra: reciprocidade. Logo, desconhecem o amor. Ao desenvolver o amor próprio e entender que o “recíproco” precisa existir, você aprende a ser fiel por vontade e não por obrigação. Aprende a pesar as palavras , a dar valor aos detalhes e a sorrir sem motivos.

Começa a não ter medo de enviar mensagens e parecer um idiota. Aprende a não gerar as expectativas de um conto de fadas e entender que a amor não é (somente) poesia. É rotina. É vida. E, por isso mesmo, é amor. A reciprocidade elimina o medo de amar e causa o efeito mais bonito que eu conheço: o respeito mútuo.

Então, pare. Pare de se importar com quem não se preocupa com você. Pare de tentar se adequar aos padrões impostos por quem nem te conhece e entenda que a premissa de “amar é ser amado” deve ser respeitada. Não insista em ficar onde não é bem quisto. Não divida seu vinho com quem não bebe na sua taça. Encontre dentro de si o amor que procura lá fora.

E quer saber? Antes de buscar um amor correspondido, corresponda ao seu próprio.

Gente é um bicho complicado

Gente é um bicho complicado

Deveras se vê que o viver da gente não é tão cerzidinho assim?
João Guimarães Rosa

“Gente é um bicho complicado”, dizia meu Avô! Vive confuso e arretado…

Às vezes, sorri quando quer chorar e chora em momentos de alegria. Sente-se medroso por pouco, e em situações difíceis, enfrenta um leão com o peito aberto.

Não sabe se vai ou se fica; se guarda o dinheiro ou se gasta com a viagem de seus sonhos. Quando sai quer voltar, se fica quer ir.

Meu Avô sempre repetia: “Eta bicho complicado que é o homem”!
Canta emocionado cantigas de amor, porém pouco oferece desse amor a quem, de fato, diz amar.

Não deseja ir àquela festa, no entanto, fica arrasado por não ter sido convidado. Quer nadar, mas não quer molhar o cabelo, que comer e não engordar, quer brincar na chuva e não se resfriar.

Assovia, canta no chuveiro, põe seu gato no colo e o coça sem parar. Come sem ter fome, compra o que não precisa, faz promessas e não cumpre, liga a T.V. para dormir.

Sente-se cansado quando trabalha, deprime-se quando fica à toa.
Gente é um bicho estranho!

Arrota, boceja, transpira, ronca, tem pedras no rim e coração mole!
Dança, inventa, faz sexo, reza e grita no trânsito…

Ah! Meu querido Avô, gente é um grande paradoxo, isso sim!
É um ser finito sonhando com o infinito…
Tem suas superstições e suas devoções …
Tem corpo e alma…
É besta e santo…
Afeta e é afetado…

Ser gente é ser inacabado, e em travessia!
Isso não explica um pouco nossas incoerências, Vovô?

Sobre guarda-chuvas e seres humanos

Sobre guarda-chuvas e seres humanos

Olhei para baixo e um misto de vertigem e encanto me tomou.
Apesar da chuva forte, a cidade continuava a se movimentar. Ao invés de cabeças, lá de cima, do prédio onde eu estava, a paisagem era tomada por uma gama de guarda-chuvas dos mais diversos, cada qual com estampas e detalhes diferenciados.

Alguns com cores mais fortes, outros não tão chamativos. Uns grandes, outros menores. Alguns já velhinhos e outros novos em folha. Naquele momento fingi que cada guarda-chuvas daqueles era único.

Congele a cena e façamos agora uma simples analogia.

Não seria esse o retrato da humanidade? Por mais que nos percamos em meio a multidão, cada um de nós é único. Isso não é uma tentativa de abastecer nosso egocentrismo, é um fato. Cada sujeito que nesse mundo é jogado tem um conjunto de características genéticas, fenotípicas e subjetivas que o faz único. Somos únicos em nossas estampas, em nossas cores, em nosso tempo.

Não seria esta nossa maior beleza? Lá de cima aquilo me pareceu tão óbvio.

A poesia daquele momento me fascinou, mas logo, logo, com a estiagem da chuva, a concretude da realidade me atingiu em cheio e observei os guarda-chuvas, aos poucos, serem fechados, escondidos e extintos da paisagem.

Imagem de capa: Farah-Gasimzade

Se seu parceiro espia seu celular, termine a relação

Se seu parceiro espia seu celular, termine a relação

Por Patrícia Peyró Jiménez

Bisbilhotar o que seu parceiro faz com outras pessoas nunca foi tão fácil graças às novas tecnologias. A tentação está na forma de um apito do WhatsApp ou numa solicitação de amizade do Facebook; no entanto, cruzar a linha da privacidade é, de fato, ilegal: no ano passado, um juiz na Espanha condenou um homem a dois anos e meio de prisão por bisbilhotar o telefone celular da esposa. Se o respeito pela privacidade do parceiro e a lei não forem suficientes, há outras razões que desaconselham essa prática.

“A curiosidade de conhecer os segredos do parceiro é algo humano e compreensível”, diz Alicia Canabal, do Centro de Pesquisa de Psicologia Aplicada e Psicoterapia (CIPAP) (Madri). Mas, como em tantas áreas da vida, a curiosidade deve ser controlada. “Caso contrário, estaremos falando da falta de confiança em nosso parceiro”, diz. Segundo a psicóloga, quando a espionagem ocorre, é porque “faltam os pilares de uma relação saudável e equilibrada”.

As redes sociais e os mal-entendidos

As redes sociais são um exemplo disso, acrescenta Canabal: “São uma faca de dois gumes, onde podemos começar a fazer suposições de relacionamentos passados que geram maior insegurança, em vez de tranquilizar, que é o suposto objetivo de quem bisbilhota o espaço privado do outro às escondidas”. Também porque poderíamos encontrar mensagens ambíguas que, longe de apaziguar a ansiedade sobre a possível infidelidade do outro, aumentarão nossas incertezas. Em caso de qualquer dúvida, segundo a doutora em psicologia Emma Ribas, “o mais saudável é perguntar diretamente. Se for um parceiro comprometido, tentará esclarecer as dúvidas reforçando a cumplicidade e nutrindo a relação com a confiança”.

Com o Facebook, em particular, é preciso ter muito cuidado, uma vez que se mostrou estar no olho do furacão quando se trata de ciúmes. Um estudo realizado pela Universidade de Roanoke, na Virgínia (EUA), mostrou como a rede social afeta as relações causando ciúmes, especialmente nas mulheres. A pesquisa também observou algumas diferenças entre homens e mulheres na hora de desconfiadamente interpretar sinais como os emoticons presentes nas respostas, que parecem despertar ciúmes principalmente em homens.

“O mais saudável é perguntar diretamente. Se for um parceiro comprometido, tentará esclarecer as dúvidas reforçando a cumplicidade e nutrindo a relação com a confiança” (Ester Ribas, doutora em psicologia)

No caso do celular, homens e mulheres interpretam as mensagens de texto de maneiras muito diferentes. Outra pesquisa realizada por cientistas da Universidade Metropolitana de Cardiff (País de Gales, Reino Unido) apresentou a um grupo de estudantes algumas mensagens imaginárias de dois tipos, de caráter sexual e emocional, para ver como respondiam. Depois de medir de que forma sustentavam os olhares e analisar seus movimentos oculares, concluíram que as mulheres passavam mais tempo olhando mensagens de conteúdo emocional do que as sexuais, justamente o contrário dos estudantes do sexo masculino. Portanto, não estranhe que, diante de uma mesma mensagem, você e seu parceiro tenham uma interpretação diferente que dê origem a um mal-entendido.

De acordo com Ribas, a pessoa que espia nem sempre corresponde ao perfil típico de um ciumento patológico, que é aquele que “busca sinais e persegue ou controla o outro obsessivamente, confundindo amor com posse”. Muitas vezes, responderá a uma realidade. Em seu trabalho diário, observa casos em que “a pessoa está realmente sendo enganada e se vê sem outros recursos para descobrir o que já intui, porque nota de forma objetiva que o parceiro mudou seus hábitos, se esconde para responder mensagens ou mente”.

E o que fazer se recebermos uma mensagem comprometedora, por exemplo, de um colega de trabalho? Não é necessário mostrá-la ao parceiro para provar nossa inocência. “É natural compartilhar nossa intimidade com o parceiro, mas a partir da vontade e espontaneidade”, diz Ribas. “Trata-se de reforçar a cumplicidade, não de alimentar o controle e obsessão que o outro possa ter.”

TEXTO ORIGINAL DE EL PAÍS

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