Somos finos como papel

Somos finos como papel

Somos finos como papel, exclamou algum dia o velho safado. E de fato, a nossa existência é extremamente frágil, fugaz, transitória. E mais fato ainda é que sabemos disso, de tal maneira que se torna até clichê. Entretanto, alguns clichês precisam ser repetidos, porque parece que em verdade não os compreendemos.

Não controlamos quase nada na vida e estamos todos na maior parte do tempo flutuando na brisa, lembrando Forrest Gump. Todavia, há uma parte da vida em que somos diretamente responsáveis, uma parcela menor, é bom que se diga, mas ela existe e sendo, portanto, tão rara, devíamos valorizá-la e fazer o melhor que poderíamos com ela, de modo a tornar as nossas vidas e a vida dos que dividem conosco este espaço melhor. Infelizmente, sabemos que não é bem isso que acontece.

Se a maior parte não nos cabe, a que nos cabe administramos muito mal, tão mal que chego a pensar quão pior seria se controlássemos tudo. Somos egoístas, individualistas, mesquinhos, estúpidos, insensíveis… Determinamos, rotulamos, excluímos, desarticulamos.

Será que acreditamos que esse mal que fazemos torna o mundo um lugar melhor? Como se não bastasse, vivemos em um mundo de aparências, em que o sucesso baseia-se tão somente no ter e as relações funcionam exatamente como operações na bolsa de valores.

Mundo de pessoas tristes, multidões vazias, vidas marcadas pelo desespero, likes no Facebook e lágrimas no banheiro.

E, assim, justifico o motivo de falar de um clichê, pois mesmo sabendo de todas as limitações, agimos de maneira desprezível na parte que nos é competente. Digo mais, não adianta apenas pensar nisso quando uma tragédia acontece, pois lembrando Shakespeare –“Devemos chorar os homens quando nascem, não quando morrem”.

Ou seja, somente durante a vida, a cada nova aurora, podemos tornar a vida um lugar melhor, buscando saboreá-la nas suas reais belezas, ajudando quem tem sede e sabendo que nas pequenas flechas de luz que se abrem, sempre devemos fazer o nosso melhor, para nós, para o outro e para a vida, pois lembrando outra vez o velho Bukowski: “A vida pode ser boa em certos momentos, mas, às vezes, isso depende de nós”.

Quando a nossa fragilidade vem à tona é muito mais fácil refletirmos sobre tudo que nos cerca e o modo estúpido como temos vivido, mas, ainda assim, é extremamente difícil arregaçarmos as mangas e fazermos o diferente, porque isso dá trabalho e somos uns animaizinhos preguiçosos e acomodados, de modo que mais do que finos como papel, somos tristes como papel em branco, porque toda vez que temos o papel em nossas mãos não nos esforçamos nem um pingo para deixá-lo colorido.

“Eu te amo” está mais rodado que nota de 2 reais

“Eu te amo” está mais rodado que nota de 2 reais

O que cabe dentro do‘eu te amo’?

Quantas vezes dizemos essas três palavrinhas querendo significar tanta coisa menos carinho, amor, gratidão?

‘Eu te amo’ virou ‘bom dia’, ‘boa noite’, ‘tchau’…

‘Eu te amo’ virou pedido de desculpa esfarrapada, naquelas situações que a pessoa pisou feio na bola pela 15ª vez e vem com aquelas frases do tipo: ‘apesar de tudo o que fiz, eu te amo’. ‘Eu te machuquei, mas eu te amo’. ‘Não te dou mais atenção, mas eu te amo tanto’.

‘Eu te amo’ também é tantas vezes usado para assegurar propriedade. Você mal conhece a pessoa, se encontraram poucas vezes, e ela vem dizendo ‘eu te amo’, aí sem perceber você assinou um contrato invisível de posse. Agora, de certa forma, você pertence à ela. Afinal, a pessoa disse até ‘eu te amo’, agora você tem que cuidar do sentimento dela, você selou um contrato de responsabilidade.

‘Eu te amo’ pode ser jogo de poder, pode ser chantagem emocional, naqueles momento em que vem cheia de lágrimas nos olhos, diz um ‘eu te amo’ e amolece mais uma vez seu coração cansado.

‘Eu te amo’ tapa buracos, fica no lugar dos momentos não vividos, soluciona a falta de tempo com o parceiro, com a família, com os filhos. ‘Eu te amo’ preenche os espaços da nossa falta de criatividade, naqueles cartãozinho de aniversário, naquela mensagem morna que chega à tarde.

‘Eu te amo’ virou ‘tudo bem’, mesmo naqueles dias que estamos péssimos e alguém pergunta ‘como vai você?’, e respondemos ‘tá tudo bem’ por educação e para evitar contar nosso conflito.‘Eu te amo’ também serve pra isso, para mascarar um ‘não ta tudo bem e eu não te amo mais’.

‘Eu te amo’ está mais rodado que nota de 2 reais.

Gastou o ‘eu te amo’! Ele inflacionou, ele anda por todas as bocas, mas poucos olhares encaram um ‘eu te amo’ de frente, entregue, firme, verdadeiro. Ele sai assim sem empolgação, pela metade, meio sujinho. Ele sai com tantas emoções – choro, desespero, descaso – e poucas vezes com a emoção verdadeira do amor.

O ‘eu te amo’ está banalizado. Faz tempo que a gente já nem toma cuidado, já nem se dá conta. Vamos dizendo ‘eu te amo’ politicamente por aí, vamos usando como arma para tantas coisas. Vamos criando laços de afeto quando não estamos preparados, e rompendo conflitos que deveríamos deixar surtir efeitos em nós para colhermos os aprendizados.

Os ‘eu te amo’ falsos atrasam o florescer do nosso amor próprio, e também do amor verdadeiramente partilhado. Aquele que tem momentos de puro ‘eu te amo’ e outros de silêncio, contenção e ‘não, agora não te amo’, dessa forma, desse jeito, neste momento.

Amor maduro: quando o primeiro amor não vem na ordem certa

Amor maduro: quando o primeiro amor não vem na ordem certa

Por Valéria Amado

Às vezes o primeiro amor não vem na ordem certa. Existem relacionamentos que acontecem na idade madura, nos possibilitando descobrir pessoas mágicas e inesperadas em cujos braços gostamos de nos refugiar, porque têm cheiro de lar e seus beijos sabor de açúcar e fogo ao mesmo tempo. Porque o amor maduro não compreende idade, é digno, vital e energizante.

Um fato comum em muitos destes casos nos quais se consolidam relacionamentos tão significativos na idade madura é que um dos membros tinha a total certeza de que no seu caso, as portas do amor tinham se fechado para sempre. Às vezes armazenamos fracassos sentimentais tão desoladores que temos a sensação de que nosso próprio coração, transformado já em pedra, caiu no fundo de um poço.

Os amores maduros são encontrados no meio da tarde da vida. São pessoas livres, tranquilas de coração e ricas de pensamento, porque nos seus rostos dançam os sorrisos e a vontade de continuar amando. Porque às vezes o primeiro grande amor não vem na ordem certa.

Também é preciso apontar uma coisa importante. Nem todas as pessoas, só porque chegaram aos 50 ou 60 anos, são capazes de construir um amor maduro, consciente e feliz. Existem muitos corações amargos que não purgaram penas, que não foram capazes de fazer essa viagem interior para poder perdoar, e fazer das vivências passadas caminhos renovados para transitar com esperança.

Porque a maturidade pessoal não é trazida pelos anos, nem pelos danos. Mas sim pela atitude e sabedoria das emoções onde nem todos adquiriram seu doutorado, seu mestrado. Convidamos você a refletir sobre isto.

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O amor maduro, construindo presentes perfeitos

Quando a gente chega nessa idade em que as décadas já traçaram em nós mais histórias do que poderíamos contar, às vezes nos vemos como essas frutas maduras ligeiramente machucadas nos cantos. Agora, é preciso lembrar que as frutas maduras têm um sabor muito mais doce e prazeroso do que essas outras muito verdes, firmes e ligeiramente amargas.

Nossas experiências não são um lastro. Ao contrário, ninguém deveria ser o resultado das suas decepções, dos seus fracassos, ou menos ainda das feridas que outros causaram. Somos nossa atitude diante de tudo que foi vivido, nunca um mero resultado. Por isso, o amor maduro agrega ao sentimento uma dose de sabedoria para poder construir aquilo que importa de verdade: um presente feliz, um presente digno e apaixonado no qual se descobrir um ao outro.

Nenhum dos dois membros renuncia a seu passado, simplesmente são aceitos, como se aceitam as peles nuas habitadas por algumas cicatrizes, alguma ruga feita pelo tempo nesses rostos e nesses corpos perfeitamente imperfeitos onde, obviamente, também não importam as décadas nem as decepções. Somente o prazer do aqui e agora.

Sábios artesãos do amor

Francesco Alberoni é um conhecido sociólogo especialista em relacionamentos amorosos que nos deu livros interessantes como “Paixão e amor”. Segundo ele, o ser humano ainda não compreendeu quais são os mecanismos do amor autêntico e duradouro. Muitos nos deixamos levar por esse naufrágio químico que é a paixão, a necessidade de um pelo outro, mas poucos conseguem entender que acima de tudo, amar é saber construir.

O amor não tem idade, porque o coração não tem rugas, porque o amor, se é intenso e puro, sempre é jovem.

Os amores na idade madura já conhecem de sobra o que é estar apaixonado, por isso, o que anseiam nesta etapa da vida é uma coisa muito mais profunda e ao mesmo tempo delicada. Desejam intimidade, a cumplicidade de dois olhares que se entendem sem palavras, desfrutar de espaços em comum mas ao mesmo tempo respeitando a individualidade de cada um. Anseiam por um vínculo forte e nobre no qual trabalhar e investir todo dia por esse pacto implícito mas presente: o amor.

Erich Fromm dizia que amar é uma arte. Não é apenas uma relação prazerosa, essa que nos traz sem sombra de dúvida a própria paixão, ali onde praticamente não é preciso fazer nada, apenas sentir, deixar-se levar, respirar, sonhar e deixar-se cair nos recôncavos profundos do desejo.

Amar é uma arte porque requer esforço, é como dar forma a uma escultura ou a uma tela onde cada pincelada é fundamental para dar perspectiva, corpo e beleza a essa obra. O amor maduro, esse que acontece quando já deixamos a juventude, é muito capaz de traçar cada movimento com sutil perfeição porque é um bom artesão das emoções. Porque já não precisa demonstrar nada e sabe muito bem o que quer.

Porque as pessoas autênticas constroem amores autênticos, plenos e realizadores. Não importa então que o primeiro amor não tenha chegado na ordem certa. A vida, no fim das contas, tem um toque maravilhosamente caótico, e não temos mais remédio que nos deixar levar enquanto avançamos com sonhos e com o coração sempre acesso, sempre jovem.

O tempo do perdão

O tempo do perdão

Decidir perdoar não é sinônimo de esquecer ou de ser indiferente àquela dor que nos foi causada. Às vezes, a gente quer sim a paz, a gente quer sim não mais lembrar, mas a mágoa ainda está ali e é questão de tempo que ela se vá.

E esse tempo não é o tempo do relógio, não é o tempo dos dias que se sucedem às noites, ou das estações que se revezam transformando as paisagens. O tempo necessário para curar uma ferida não é determinado, não tem prazos ou sinais de aviso. É um tempo imprevisível, que pode se arrastar por semanas, meses. Mas que às vezes, em uma bela manhã, a gente acorda e olha só, a mágoa não está mais ali!

Entendo que o tempo do perdão também depende de nós. Depende de que sigamos os nossos caminhos, cuidemos de nós mesmos e façamos novos planos. Precisamos aprender a ser protagonistas da nossa própria vida. Ressalto ainda, o tempo do perdão não ocorre de uma hora para a outra. Somos humanos, temos os nossos limites.

Eu decidi te perdoar por ter quebrado minhas expectativas, eu decidir me perdoar por tê-las criado, eu decidi esquecer o que nós dois poderíamos ter sido e não fomos. Eu decidi esquecer os planos que eu havia planejado, os sonhos que eu havia sonhado. Eu decidi que não vou mais lembrar das minhas verdades ou da sua mentira. Mas entenda que não é uma questão de decisão eu estar magoada ou não. A partir do momento em que você mentiu e não fez a mínima questão de se explicar, a sua indiferença me deu o direito de imaginar qualquer coisa a respeito do fato. E hoje eu penso absurdos e me apego às piores hipóteses porque eu preciso disso para não imaginar até onde nós dois teríamos ido se a verdade tivesse sido um princípio seu.

Enquanto o perdão não vem, eu me dou o direito de ser fria e alheia. Mas quando o perdão chegar, eu me darei o direito de acreditar em um outro alguém, em um novo amor. E eu vou fazer tudo certo de novo poque a minha índole não depende da sua e o meu comportamento correto não será afetado pelas suas atitudes tão incoerentes e egoístas. Eu sei que, nos momentos de dor, o Universo está me preparando para algo melhor.

Reunião da Tupperware

Reunião da Tupperware

Lembro-me da cena como se fosse hoje: eu, às gargalhadas, debochando do programa para o qual minha mãe fora convidada. Também, pudera! Reunião da Tupperware não era lá a coisa mais divertida a se fazer. Fiquei imaginando o tamanho do desperdício, já que aquilo duraria a tarde inteirinha do sábado.

E não seria um único evento. Era feito uma vez por mês.
Tal ritual consistia em agrupar o maior número de mulheres possível na casa de alguém para que a vendedora viesse apresentar um sem número de potes, bacias, garrafas e outros utensílios plásticos. A mesma vendedora faria uma receita para degustação e demonstração da utilidade de alguns itens.

Ao final do evento, as convidadas poderiam comprar e encomendar o que quisessem. A anfitriã (que oferecia seu espaço para o evento) ganharia um mimo de acordo com o valor das vendas, mas (e é aí que mora o perigo), três de suas amigas deveriam ceder suas casas para as próximas reuniões. Só assim o mimo seria, de fato, dela.

Lembro-me da cena como se fosse hoje: eu, rindo de mim mesma, recebendo de uma amiga querida o convite para o grande evento: a reunião de Tupperware. Patrícia e eu tínhamos crescido juntas, brincando na rua até tarde (quando isso ainda era possível), andando de bicicleta e roller e fazendo de um pequeno muro, um mercado de faz-de-conta. Não havia como inventar uma desculpa e negar o convite. Aquela criatura tinha dividido a infância comigo! No dia combinado, lá estava eu acompanhando minha mãe e entrando naquela bola de neve. No que fui me meter!

Participei do primeiro evento em uma linda tarde de sábado. Embora, vez ou outra, eu pensasse no desperdício de estar presa àquela situação enquanto o sol me convidava para a rua, confesso que foi bom encontrar com uma porção de vizinhas e conversar com elas. Com algumas eu não falava desde a adolescência. Recordo que eu estava grávida e este foi o principal assunto, depois dos potes, claro. Também este foi o motivo da minha primeira compra: uma garrafinha com lancheira para meu filho. Ao final da tarde, Patrícia ganhou seu mimo. E eu o meu. Só que ainda não tinha me dado conta…

Meu mimo foi poder continuar participando daqueles encontros que, bem ou mal, aproximavam pessoas queridas em torno de um mesmo objetivo. Não sei mais qual era o objetivo. Os potes? O chimarrão? A receita? O bom papo entre vizinhas? O que sei é que a gente dava um jeito de ir para ajudar a outra pessoa a ganhar seu presente da vendedora. Só que, ao mesmo tempo, todas nós ganhávamos o mais belo dos presentes: uma tarde de sábado juntas. Talvez, se o encontro fosse informal, nem todas iriam.

Mas, encarando convite como um compromisso a ser cumprido, a grande maioria sempre estava lá. E eu, incrivelmente, passei a gostar de estar lá.

Essa oportunidade me deu a chance de agradar a Patrícia. Essa oportunidade, também, deu-me a chance me aproximar de sua mãe, Gladis, que há pouco nos deixou. Pena que a bola de neve teve fim… Pena que as reuniões não acontecem mais… Pena que Gladis nos deixou!

Tenho saudade das reuniões de Tupperware. Tenho muito mais saudade da Gladis… De tudo isso, tiro três conclusões: os produtos da Tupperware são caros, mas duram uma vida; a vida, às vezes, dura menos que Tupperware; a amizade é gratuita e dura uma eternidade.

O melhor presente que podemos dar e receber: a beleza psicológica

O melhor presente que podemos dar e receber: a beleza psicológica

A beleza física não é tudo. Na verdade, o peso que a beleza física desempenha em nossas emoções tem um objetivo claro e fugaz: a paixão. Já a beleza psicológica é algo que vai além das aparências: através dela nos apaixonamos e apenas através dela nos despimos.

Porque a nudez emocional só pode ser alcançada quando falamos a linguagem da afetividade. Nosso coração se abre e os medos são afastados quando estamos cercados de pessoas bonitas que promovem a verdade, a sinceridade e o carinho íntimo da relação.

Mas, além das necessidades que se fundem com o egoísmo, uma beleza psicológica convida a se despir, às carícias da alma com a alma, ao mimo, ao sonho, à harmonia das aspirações, à proteção da autoestima, ao ser no mundo permeado de carinho.

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Arte: Choi Mi Kyung

Os presentes que recebemos através da beleza psicológica consolidam um apego sincero, saudável e eloquente. Porque o bonito não é o que agrada aos olhos, mas o que alimenta as nossas emoções e os nossos sentidos.

Nesse mesmo contexto, Virginia Satir pronunciou estas palavras lindas e adequadas:

“Acredito que o melhor presente que posso receber de alguém é que me veja, que me escute, que me entenda e que me toque. O melhor presente que posso dar é ver, escutar, entender e tocar a outra pessoa. Quando isso foi feito, sinto que houve uma conexão”.

Portanto, trabalhar na beleza psicológica dos nossos relacionamentos e fazer dela a nossa realidade exige escutar, conectar e conhecer nossa bagagem emocional. É imprescindível ajudar o outro a desvendar os seus medos, a superar suas inseguranças e atingir seus sucessos.

Chaves que nos conduzem a um relacionamento saudável

Não é nenhum mistério: somos mais felizes quando estamos ao redor das pessoas que gostam de nós. O que acontece às vezes é que nos esquecemos disso e ficamos imersos em relacionamentos abusivos que intoxicam nossa vida.

Por isso é importante termos muito presentes as chaves que nos conduzem a um relacionamento belo:

  • Segurança e confiança em si mesmo e nos outros: a intimidade verdadeira só é alcançada através da cumplicidade e da boa comunicação. Se derrubarmos muros e obstáculos, nos sentiremos melhor com nós mesmo e com o nosso entorno.*
  • Evitar preconceitos, viver longe dos jogos, das ironias e da hipocrisia. A beleza psicológica conhece apenas a humildade e o respeito.
  • Tirar o nosso tempo para construir emoções: elas são a base da nossa casa e, portanto, de nós mesmos.

 

Uma pessoa psicologicamente bonita é:

  • Uma pessoa que envolve, que não julga, que não castiga, que não procura fazer mal.
  •  Uma pessoa que está por perto daquelas que precisam dela, que procura a intimidade cúmplice.
  • Uma pessoa que reformula os pensamentos que machucam, que reconceitualiza o negativo, que aprende com os outros, que busca o melhor, que administra uma linguagem interior sincera.
  • Uma pessoa que se despe, que se abre, que revela, que cuida da estrutura de seus relacionamentos, que alimenta o afeto verdadeiro.
    Uma pessoa psicologicamente bonita não apenas é um ideal que buscamos ter ao nosso lado, mas também é a imagem de nós mesmos que todos desejamos. Por isso, sem dúvida, a beleza psicológica deve ser a prioridade diante do espelho, porque só podemos ler nossos olhos com a linguagem do coração. Porque apenas assim criaremos relacionamentos significativos, sinceros e duradouros que nos manterão vinculados à felicidade.

Título original: A beleza psicológica apaixona nossos sentidos

Autoria: Raquel Brito

Imagemd e capa: Aykut Aydoğdu

Fonte: A mente é Maravilhosa

Para alguém com o coração partido

Para alguém com o coração partido

Quando você esperou todos saírem e então conseguiu permitir que as lágrimas descessem fartas, naquele momento você descobriu que a dor também faz parte do amor.

Sabe, a existência é cheia de contradições, e com o afeto não poderia ser diferente. Talvez seu espanto venha do fato de descobrir que o amor não nos salva completamente. Ele nos salva de algumas coisas, mas não nos protege de não sermos correspondidos como gostaríamos ou como mereceríamos.

Talvez você esteja descobrindo que essa história de se apaixonar não é uma equação. Não obedece regras ou tópicos, e ter qualidades como ser bonito, bondoso, caridoso e paciente não é garantia de que o outro sentirá o mesmo que você.

Mas agora preste atenção. Seu coração pode ter sido partido, mas você não. Você continua, você permanece, você terá que ficar de pé e seguir em frente de que jeito for. E sim, é verdade, nunca mais será o mesmo depois disso, mas isso é bonito também. Pois você foi capaz de amar, de não ter medo, de se expor e ficar vulnerável como só quem ama de verdade é capaz de ficar. E você conseguiu. Talvez não tenha durado tanto quanto você gostaria, mas você sabe (e eu sei que você sabe) que houve bons momentos para você se orgulhar e entender que fez tudo o que podia.

Nunca, em hipótese alguma, se culpe por aquilo que não dependia só de você. Na vida temos que conviver com decepções e frustrações o tempo todo, e talvez essa seja a maior delas. Mas não procure culpados, isso não alivia o que você está sentindo nem ajuda a se curar.

Tenha, antes, paciência com seu tempo de recuperação. Chore, fique com raiva, jure que nunca mais vai se apaixonar. Escreva suas dores num caderno e faça um diário de sua convalescência. Tome sorvete direto do pote, delete fotos do seu instagram, corte o cabelo, faça uma viagem curta ou longa dependendo do seu tempo e orçamento. Ore, fique em silêncio, aproveite sua solidão.

Mas depois experimente um olhar novo para sua própria vida. Experimente amar-se de um jeito que nunca amou antes, experimente cuidar-se com afinco, experimente ser tolerante e amável com a pele que habita.

Eu sei que não é fácil, e as lembranças assombram de tempos em tempos. Mas chegará um dia, em que ao se preparar para dormir, você reparará que passou o dia inteiro sem uma lembrança sequer. Esse dia pode chegar logo ou demorar muito tempo, mas ele certamente vai acontecer. E você vai olhar para trás com doçura e perceber que superou. Que soube se reerguer sozinho ou com uma nova companhia. Que soube confiar em Deus e aceitar seu tempo de esperas. Que aprendeu a seguir de cabeça erguida mesmo quando o plano era nunca se separar. Que soube fazer castelos com o punhado de areia que restou, e que soube principalmente encontrar paz no meio do seu interior.

Não queira viver “consertando” histórias para você caber dentro delas. Quem lhe quer, coloca você dentro da própria história com vontade, sem que você precise implorar por isso. Quem lhe quer, transforma o próprio enredo, para você ser a parte mais bonita. Quem lhe quer, deseja fazer parte da sua história, do seu mundo, dos seus castelos.

Enfim, não permaneça onde seu coração não se sente em casa. Desate os nós que lhe prendem ao que não tem mais razão de existir e faça laços com novas histórias, construídas a partir de seu amor próprio. Ame suas conquistas e siga em frente valorizando quem permanece ao seu lado. Dê uma chance ao desconhecido, e subtraia o medo do olhar. E acima de tudo, só convide para entrar quem você tem a certeza de que deseja ficar…

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Auto sabotagem e o processo de individuação

Auto sabotagem e o processo de individuação

Na Mitologia, encontram-se os famosos mitos de criação. Neles vemos narrada a criação do mundo e da humanidade. Um dos aspectos principais quando um mundo novo vai ser criado, é sempre necessário um sacrifício. Alguém morre, ou um deus, ou gigante, ou uma criatura humanóide.

A vítima sacrificial representa uma condição anterior que deve morrer para que um novo mundo, ou uma nova condição consciente, nasça.

Cada passo adiante, visando à construção de mais consciência, destrói o equilíbrio vivo em vigor até o momento presente. Nesse instante entra uma questão bastante delicada: o quão difícil e doloroso é para o ego se separar de uma situação anterior, mesmo que essa não nos sirva mais.

É aí que entram nossos mecanismos de defesa, que causam auto sabotagem em nós mesmos.

O ego humano possui uma característica que é se apegar ao que é conhecido. É como se a situação nova fosse uma morte para ele. Temos a tendência de não abrir mão de crenças, ideias e emoções, pois sem elas é como se o ego não existisse.

Por isso a Psicologia Analítica propõe o processo de individuação, onde o ego deixa de ser o centro da psique (pelo menos é o que o ego acha), para se relacionar com um centro transcendente e que abarca a totalidade do inconsciente e consciente, que Jung denominou Self.

Nesse processo o ego precisa abrir mão do controle e deixar que algo maior que ele o direcione, e assim aprender com esse processo, dialogar com ele também.

De certa forma, o ego está certo ao pressentir uma morte. Aspectos que não estão em harmonia com a totalidade psíquica precisam morrer. Para ser mais exata, o que morre é a identificação do ego com conceitos e ideias que não lhe são mais saudáveis para seu desenvolvimento psíquico.

Durante o processo de análise, é comum o terapeuta cair na tentação de tentar nomear o conflito, como por exemplo: “complexo de édipo”, “complexo materno”, possessão pela anima”, etc. O próprio analisando que conhece a teoria também pode sucumbir a isso.

Conhecer a teoria não é errado, porém, nomear a neurose pode ser um grande perigo, porque ela ganha um significado tremendo. Às vezes, isso pode reforçar um mecanismo de defesa – principalmente nos tipos mais racionais – e fazer com que o analisando se apegue aquilo e se identifique, não conseguindo abrir mão do controle de “saber as coisas”.

Não que o terapeuta não deva conhecer a teoria, mas é como Jung mesmo disse devemos conhecer todas as teorias, dominar todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, ser apenas outra alma humana.

Para finalizar, o que é de extrema importância saber sobre isso, é que nenhuma vida nova pode surgir sem que ocorra um declínio e o sacrifício da que havia anteriormente.

Por essa razão é importante atentarmos ao medo que esse processo causa, mas também lembrarmos que o medo é um importante regulador, mas que não pode nos paralisar no fluxo contínuo da vida.

O processo de individuação traz consigo o aprendizado do ciclo morte e vida. A vida é composta de construção e destruição, e nesse fluxo, construímos e destruímos nossas auto imagens o tempo todo, para que tenhamos novos aprendizados e novas experiências de vida, alargando nosso horizonte e perspectiva de vida.

Ansiedade tóxica: dicas para reconhecê-la

Ansiedade tóxica: dicas para reconhecê-la

Por: Raquel Brito

Sentir-se ansioso não é necessariamente algo ruim, mas quando este sentimento se transforma em uma ansiedade tóxica, crônica e dolorosa, pode prejudicar muito o nosso dia a dia.

O que queremos destacar é que a princípio a ansiedade é normal e saudável, pois nos ajuda a manter uma certa ativação para nos proteger de perigos iminentes ou para desempenhar algumas tarefas.

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Contudo, apesar da sua natureza protetora, ela aparece pelo simples fato de termos medo de que a angústia, a preocupação, o nervosismo, as palpitações, os pensamentos intensos, o suor, etc, se perpetuem.

Então, permitimos a criação de um tipo de círculo vicioso por meio do qual sentimos ansiedade quando antecipamos a mesma. Ou seja, o mesmo temor que a emoção em si mesma nos provoca possibilita as mesmas sensações e a mesma realidade que tanto nos causa medo.

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Ansiedade tóxica e os monstros da adrenalina e do cortisol

Este estado que denominamos “círculo vicioso da ansiedade” vem acompanhado da atividade de dois hormônios principais: a adrenalina e o cortisol. Para entender como funcionam podemos pensar em como respondemos quando tropeçamos em uma escada. Automaticamente o coração dispara e costumamos procurar o corrimão para proteger a nossa própria integridade física.

Este conjunto de sensações, as quais correspondem à ansiedade saudável, nos dão energia e força para nos proteger. São momentos de intensa e desagradável excitação nos quais o corpo admite, por necessidade, a liberação de uma boa quantidade de adrenalina e de cortisol.

Também poderíamos pensar em um passeio de montanha-russa no qual as sensações o tornam desagradável e violento, ao contrário de divertido. Acontece que quando estamos a ponto de cair da escada ou quando subimos na montanha-russa, sabemos que as sensações são passageiras e que assim como vêm, também vão.

Contudo, quando os perigos respondem a expectativas ou pensamentos que procuram antecipar perigos futuros, não permitimos que o simpático monstro da adrenalina adormeça. Como não deixamos que ele adormeça, o monstro se alimenta de nossas preocupações em forma de adrenalina, o que nos prende cada vez mais nessas sensações de angústia sem que exista nada que o justifique.

Significa dizer que a adrenalina e o cortisol ficam sem nada, nem ninguém para salvar do dragão. Estão ali presentes porque nós os alimentamos com pensamentos de futuro que antecipam más experiências.

Tudo isso fica preso em nosso próprio interior, apesar de procurar sair e se libertar. Por isso acontecem os ataques, por isso a insônia persiste, os pensamentos negativos e as sensações de bloqueio não vão embora.

Algumas máscaras que a ansiedade tóxica usa para se manifestar

Preocupação crônica

A ansiedade pode se revelar através de uma preocupação incessante sobre a família, a saúde, as metas acadêmicas ou profissionais, a situação financeira, etc. É provável que diante destas preocupações sintamos que o estômago está em plena centrifugação e que exista a sensação de que alguma coisa ruim acontecerá mesmo desconhecendo o que e por quê.

Medos e fobias

Um medo excessivo e irracional de agulhas, do sangue, dos procedimentos médicos, de altura, de elevadores, do dentista, da água, de bichos como aranhas ou répteis, dos cães, das tempestades, dos lugares fechados, etc. Este tipo de máscara é outra dura imagem que a ansiedade escolhe para se mostrar.

Ansiedade quanto à atitude
Às vezes a ansiedade faz com que fiquemos paralisados diante de uma prova acadêmica, uma atuação, uma competição esportiva ou qualquer outra situação que demande o bom desempenho na execução de uma tarefa.

Ansiedade de falar em público

O medo desproporcional de falar em público é outra das “formas favoritas” que a ansiedade tem de se mostrar. Sentimos que o mundo dá voltas, trememos, ficamos nervosos e achamos que a nossa própria mente ficará em branco na hora em que qualquer deslize evidente ocorrer.

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Fobia social

Sentir-se nervoso, tenso e incapaz de articular uma palavra nas reuniões sociais é outra máscara que a ansiedade usa para nos cumprimentar. Pela nossa mente passam coisas como “não tenho nada interessante a dizer”, “não consigo falar com ninguém”, “vão pensar que sou uma pessoa esquisita e fracassada”, “não vale a pena porque ninguém se interessa por mim”, etc.

Ataques de pânico

Suor, tontura, bloqueio, rigidez, fortes palpitações, medo intenso… Você já sentiu isto alguma vez de forma repentina e achou que iria morrer? Se é o caso, nessa ocasião a ansiedade se vestiu com uma fantasia cruel: o ataque de pânico.

Agorafobia

Você tem medo de estar fora de casa? Você tem a clara convicção de uma coisa horrível pode acontecer com você na rua, na fila do supermercado ou no ônibus? Você, por exemplo, sente que vai sofrer um ataque de pânico e que ninguém poderá ajudá-lo? A ansiedade se vestiu de agorafobia ou, o que é a mesma coisa, de um medo intenso de estar em espaços públicos.

Obsessões e compulsões

Existem pensamentos que atormentam você de forma incessante e que você não consegue tirar da cabeça. Ao mesmo tempo, alguma coisa no seu íntimo obriga você a realizar constantes rituais supersticiosos com o objetivo de controlar seus medos.

Por exemplo, você pode sentir a necessidade de lavar constantemente as mãos, de checar várias vezes se fechou a porta com chave ou de rezar 10 pais nossos para proteger a sua família. A ansiedade se disfarçou de obsessões e compulsões, um dos seus trajes mais obscuros.

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Transtorno de estresse pós-traumático

Você já viveu um evento traumático (abuso sexual, maus-tratos, presenciar um assassinato, etc.) faz meses ou anos e as imagens dessa situação horrível voltam repetidamente na sua cabeça? Você não dorme bem e não se sente seguro diante disto? Consulte um especialista em saúde mental porque talvez a ansiedade esteja se manifestando como transtorno do estresse pós-traumático.

Preocupação com a aparência física (transtorno dismórfico corporal)

A sua aparência física lhe parece tremendamente anormal, mas só você enxerga o que você sente. O resto das pessoas que o rodeiam dizem que “não é para tanto”, que o seu nariz, seu corpo ou seu cabelo são normais.

É provável que você sinta necessidade de passar por uma cirurgia plástica e que constantemente se olhe no espelho com a intenção de corrigir o seu defeito. Talvez a ansiedade se manifeste na forma de transtorno dismórfico corporal. Considere isto e procure um especialista em saúde mental para consultá-lo.

Preocupação com a saúde (hipocondria)

Dores, fadiga, tonturas, desconforto… Você tem certeza de que existe alguma doença que coloca em risco a sua saúde, mas o médico não enxerga nada nos exames que realiza. Pode até ser que as explicações que ele oferece não tranquilizem mais a sua mente.

É possível que você esteja sendo vítima da ansiedade em forma de hipocondria, e para você curar a sua saúde precisa procurar um bom profissional de psicologia que avalie as suas crenças e o seu jeito de pensar sobre a saúde.

Nota para o leitor

De forma alguma o conteúdo deste artigo deve ser encarado como um diagnóstico. A ideia é aproximar do leitor a possibilidade de que a ansiedade esteja presente na sua mente sem que tenha percebido. É fundamental que diante de qualquer suspeita a pessoa em contato com um profissional de saúde que faça uma avaliação e defina um tratamento (caso necessário).

Fonte: A Menté é Maravilhosa

Quem te motiva a ser melhor é alguém que vale a pena ter por perto

Quem te motiva a ser melhor é alguém que vale a pena ter por perto

Passaremos por vários encontros ao longo de nossa jornada e conheceremos o mais variado tipo de pessoas. Algumas delas nos enriquecerão, outras nos diminuirão, bem como haverá tantas delas que passarão em branco. Saber quais companhias serão imprescindíveis ao nosso caminhar com ares tranquilos e quais pessoas deverão sair de nossas vidas o quanto antes nos poupará de consideráveis tempestades inúteis.

Mantenha por perto que tem sempre uma palavra de força e de motivação, quem não duvida de seus potenciais, quem acredita em você, no que você pode, em tudo de que você seja capaz. Escute as pessoas que realmente o amam, que realmente querem o seu bem, que sorriem com verdade, sem forçar nada, sem ser chamado, aquelas que nunca se sentem obrigadas a estar junto da gente.

Afaste-se de quem sempre parece duvidar de que algo bom possa vir a acontecer com você, quem pinta o seu futuro com cores tortas, quem lota de nuvens os seus sonhos de vida. Não dê ouvidos a desmotivações e negatividades de quem só chega perto para dar rasteiras, para desacreditar de qualquer coisa em você que implique ser feliz. Não deixe que seu sorriso se desmanche por conta de palavras vindas de gente chata e pessimista.

Aproxime-se das pessoas que brilham sem ofuscar ninguém, que alcançam sonhos sem precisar destruir o outro, sem falsidade, sem derrubar quem lhe atravesse o caminho. Ouça quem divide luz, compartilha sabedoria, multiplica conhecimento, espalha amor. Quem subiu por conta própria, pelos próprios méritos, quem nunca deixa de ser quem de fato é onde quer que esteja, seja com quem estiver.

Fique longe dos indivíduos que não conseguem obter nada sem derrubar o outro, sem maldizer quem faz sucesso, sem invejar quem possui competência e felicidade de sobra. Mas fique bem longe de quem só sabe falar mal de quem não está presente, de quem só critica, só se sente injustiçado, só sabe querer o que não tem. Esse tipo de gente não pensa duas vezes antes de passar por cima de quem sua mente doentia achar que é melhor, que é mais feliz, que não merecia tudo o que tem.

Inevitavelmente, iremos amargar muitas decepções com pessoas em quem depositávamos afeição sincera, seremos alvo da maldade de quem nem nos conhece direito, seremos desencorajados de nossos sonhos por quem não acredita na força do amor, porque nem todo mundo terá a decência de se colocar no nosso lugar ou de se calar quando o momento assim o pedir. No entanto, darmos as mãos aos verdadeiros amigos, às pessoas que realmente nos amam e acreditam em nós é o que nos manterá firmes no caminho que traçaremos rumo à felicidade de que somos merecedores. Porque todos somos merecedores.

Ser solteiro é opção e não falta dela

Ser solteiro é opção e não falta dela

A questão cultural sobre relacionamentos é muito séria. Enquanto para alguns a solteirice é uma opção de vida, para outros é uma tortura psicológica que quase leva à loucura. Estar solteiro, atualmente, parece ser tão constrangedor quanto dar gargalhadas em um velório. Por inconformidade da felicidade individual, as pessoas tentam pares para os solteiros como forma de serem completos (como se já não fossem). Sem entenderem que “estar” solteiro é diferente de “ser” solteiro e que, ambos, correspondem a uma opção. Só isso! (Opção aliás que todos deveriam passar. Intensamente inclusive).

Concordo com Tom ao escrever “fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho”. Amar é tão bom! Mas, é sempre bom lembrar que existem vários tipos de amores: família, amigos, trabalho,animais…amamos tanta coisa e tão intensamente que seria egoísmo limitar o sentimento apenas aos relacionamentos amorosos. Amamos nossa própria compainha, amamos telefonar na quinta a noite e combinar a saída do fim de semana, amamos conhecer gente nova, amamos não ter que dar satisfação, amamos ter nossa liberdade com bandeira branca… então, não estamos sozinhos, nem deixamos de amar. Só fizemos nossas escolhas, que podem ser mudadas assim que encontrarmos alguém legal. É só isso!

Não é uma questão de “antes só do que mal acompanhado” ou de “você é o grande amor da sua vida”. Estar solteiro é ser leve, não encontrar problemas em jantar ou ir ao cinema sozinho. É estar bem consigo e melhor se aparecer alguém. A diferença é que se acontecer, ótimo. Se não, tudo bem.

Esse negócio de cobrança sentimental é um saco. Sim, um saco! Acredito que não sejam poucas as vezes em que você ouviu “e os namoradinhos?”, acompanhado de uma cara de misericórdia e de mil conselhos de “como encontrar alguém”, quando respondeu que estava solteiro. E sabe por quê? Porque são raras as pessoas que usam a liberdade a favor dos próprios sonhos. As pessoas parecem não se conformarem com o estado de felicidade dos solteiros e procuram, de toda forma, juntar pares para serem “completos”.

As pessoas parecem não entender que estar solteiro não é não casar ou não ter um companheiro. É simplesmente curtir seu momento e aprender com ele. Estar solteiro não é ir pra balada e festar até amanhecer (é também, claro!), nem sair com todo mundo. É viajar, conhecer pessoas, permitir-se fazer coisas que, talvez, não faria se estivesse casado. Estar solteiro é como viver com o inesperado todos os dias e ter controle sobre a própria vida. É decidir se quer ou não alguém e não suportar um relacionamento tumultuado. “Os solteiros ricos deviam pagar o dobro de impostos. Não é justo que alguns homens sejam mais felizes do que os outros.” (Oscar Wilde)

A solteirice é uma fase necessária para acreditarmos mais em nós mesmos, desenvolver uma autocrítica e melhorar como pessoas. De dentro para fora. Então, respeite nossa solteirice, nosso tempo e nossa forma de ver o mundo. Ser solteiro é apenas uma opção e não falta dela.

Ahh… como é fácil apontar nos outros os defeitos que também são nossos.

Ahh… como é fácil apontar nos outros os defeitos que também são nossos.

Dia desses inventei de dizer por aí que conheço quem se orgulha de ter visto o mundo inteiro mas nunca olhou na cara de seu vizinho. Pronto. Os gênios afeitos a paus e pedras saíram em defesa de seu direito à antipatia pura e simples.

Basicamente, suprimidos aqui os palavrões e as ofensas a mim e ao site que publicou o texto, os argumentos brilhantes diziam o seguinte:

“Prefiro mesmo conhecer o mundo do que olhar na cara do meu vizinho! E daí?”

Daí que eu acho feio ter orgulho da falta de empatia que nos assola e piora a vida cada vez mais, feito um rolo compressor movido a burrice e ignorância que vai macetando tudo que há, incluindo velhinhas, crianças, bichos, plantas e tudo quanto tenha um único problema: estar no caminho de quem acha mesmo ter a única opinião que merece crédito no mundo.

Uma senhora muito certa do quanto é especial me disse alguma coisa assim: “vizinho é um castigo. Se eu pudesse escolher eu escolheria não ter nenhum.”

Pois é. Mas a tal senhora só esqueceu um detalhe óbvio: ela também é “o vizinho”. Ela, eu, você e todo mundo somos a vizinhança de alguém. Logo, alguém por aí também deve lamentar a nossa existência por um motivo que, em geral, desconhecemos ou fingimos não existir.

Verdade é que as mesmas queixas que temos dos outros quase sempre se aplicam a nós mesmos. Mas a nossa incapacidade de se colocar no lugar do outro é tão grande que preferimos acreditar na fantasia de que somos os únicos habitantes do prédio, do bairro, da cidade, do planeta. Os únicos corretos, bem intencionadas, sensatos e merecedores de respeito que resistem na face da Terra. E o resto podia simplesmente desaparecer.

Em tempos tão carentes de empatia, tão precisados de gente que se empenhe e se coloque no lugar do outro, que acredite na gentileza e trabalhe para amenizar a grosseria que nos transforma em javalis, uma multidão se orgulha de ser justamente o contrário: antipática, individualista e burra, descaradamente estúpida.

Assim, implacáveis em suas grosserias, apontam, julgam e condenam nos outros os defeitos que também são seus, enquanto apertam o passo em sua barulhenta caminhada para trás, arrastando em marcha a ré quem estiver na frente. Cuidado com eles.

Depressão infantil: quando não é só uma tristeza passageira

Depressão infantil: quando não é só uma tristeza passageira

A infância anda cada vez mais abreviada. Movidos pela crença de que o melhor que podem dar aos filhos é um futuro de sucesso, muitos pais acabam errando na dose, em relação aos compromissos que assumem em nome dos pequenos.

Escolas “fortes” que oferecem conteúdos excessivamente “puxados”; cursos de língua para crianças com menos de 7 anos; atividades esportivas muito competitivas e pouco lúdicas; vida social intensa, inclusive nos dias de semana; nenhum tempo para simplesmente brincar, criar, inventar; uso de Internet sem acompanhamento e supervisão de um adulto; horas de envolvimento em joguinhos eletrônicos; outras tantas de exposição a todo tipo de lixo midiático na TV ou no computador.

Esse encurtamento da etapa de vida que deveria representar o tempo de formar alicerces psicológicos, orgânicos e cognitivos para poder dar conta do processo de desenvolvimento, pode gerar nas crianças comportamentos de ansiedade, hiperatividade, irritação e depressão.

Criança pensa como criança e sente como gente grande. Em suas vivências relacionais ocorrem os mais diversos contatos com o universo das emoções. O fato é que os pequenos têm antenas apuradíssimas para captar as modulações afetivas ao seu redor; captam, mas não conseguem decifrar, compreender significar.

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É por isso que as crianças são tão interessadas e interessantes. Diferentes de nós, os adultos, elas expressam suas ideias, opiniões e sentimentos sem a utilização de filtros requintados de adequação. São mais espontâneas, receptivas e, por isso mesmo mais indefesas. Criança precisa da assistência amorosa de um adulto para poder transitar pelas experiências de ganho, perda e amadurecimento.

Por trás dos olhos dos meninos e meninas, existem lentes de microscópios interessadas no mundo minúsculo das coisas, existem imagens telescópicas curiosas sobre os mistérios além das estrelas, existem interesses genuínos sobre todas as coisas. É da natureza infantil a inquietude, a curiosidade, a transformação, a experimentação. E negar-lhes tempo para exercer esse espírito científico nato, é tirar-lhes a oportunidade de encontrarem prazer na aprendizagem.

Ao mesmo tempo em que são atraídas para o novo, o diferente e o inusitado, as crianças carecem de subsídios para lidar com as alterações em suas rotinas. Tanto as mudanças felizes, como ganhar um animalzinho de estimação, quanto as mudanças tristes, como a separação dos pais, exercem impactos em suas ainda frágeis estruturas para interagir no mundo e conviver com as complexas relações interpessoais.

O que se vê, tanto no ambiente familiar, quanto nas escolas, é um despreparo dos adultos para ajudar a criança a entender onde é que ela se encaixa, quais são suas atribuições justas e a que ela tem direito, afinal. Os comportamentos precoces são estimulados e comemorados por muitos pais e educadores. Isso é um absurdo!

Com alarmante frequência, a criança fica excessivamente exposta aos dramas familiares, sob o pretexto de que a família está adotando uma prática de inclusão desse ser em formação na dinâmica familiar, como se isso fosse democrático. Não é. É injusto e invasivo. A criança fica tensa, acreditando que pode resolver problemas que estão absolutamente fora da sua capacidade de ação.

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Não é raro ver crianças sofrendo o impacto de ter de tomar partido em disputas de poder entre o pai e mãe. Menos raro ainda, infelizmente, é ver crianças que chegam a passar mais de um dia sem ver o pai ou mãe, sem que tenha havido uma separação; “moram todos na mesma casa”, só que não se encontram.

Essa falta de cuidado com a constituição de um repertório afetivo é a principal causa para a manifestação de processos depressivos em crianças de 5 a 10 anos. Essa criança fica com as emoções à flor da pele, justamente por não ter tido a assistência necessária para lidar com o que sente, observa, pensa e vive.

Uma família negligente pode deixar passar sinais importantíssimos de que algo não vai bem. Não se trata daquela irritação momentânea, não é uma birra, não é “o jeito dela”, não é mau-humor de família. Mudanças de comportamento sempre encerram algum significado, por isso precisam ser observadas pelos adultos e analisadas com atenção e serenidade.

Padrões persistentes nas alterações de humor, começam com manifestações aparentemente simples: perda ou aumento significativos nas necessidades de sono ou apetite; choro fácil; medo de ficar sozinho; desinteresse pelas atividades de aprendizagem; falta de ânimo para brincar ou estar com outras crianças e manifestações agressivas ou excessivamente apáticas. Esses sinais, combinados ou não, podem indicar algum transtorno emocional, que pode ser facilmente confundido com “gênio forte”, preguiça ou rebeldia. Há ainda a questão da predisposição genética, crianças com pais ou avós diagnosticados com transtornos afetivos, têm naturalmente maior propensão para desenvolvê-los.

Da mesma forma que há elementos que podem contribuir para o aparecimento da depressão na infância, há formas de se criar ambientes protetores do desenvolvimento psicológico, social e afetivo. A família, os professores e todas as pessoas envolvidas na educação dos pequenos, precisam assumir seu papel fundamental que é o de oferecer bons modelos.

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Um ambiente respeitoso, que favorece a manifestação de afeto e de ideias, cerca a criança de referências positivas, a partir das quais ela irá constituir suas formas de se relacionar com as mais diversas situações. É preciso saber dosar o nível das informações que se entrega a essas crianças; há assuntos que são apenas de responsabilidade dos adultos, não tem por que envolvê-las. Equilíbrio é a palavra-chave, como sempre.

O melhor que se pode fazer, quando se detecta algum aspecto destoante no comportamento dos pequenos é, primeiro não criar um drama em torno da questão.

Dramatizar o problema é a forma mais eficiente de não o resolver. Olhar com atenção para o tipo de vida que se está oferecendo a essa pequena pessoa. Às vezes é preciso dar um, ou alguns passos atrás para se corrigir a rota. Indispensável buscar aconselhamento psicológico, a fim de reconfigurar as relações e a rotina da criança, reformular conceitos com o objetivo de oferecer condições para que a criança recupere o equilíbrio emocional. Só não vale fazer de conta que não está acontecendo nada. A depressão infantil é problema de gente grande e precisa ser acolhido e tratado com atitude de gente grande, ou seja, com maturidade, amorosidade e respeito.

Eu pedi sua opinião? Então não enche.

Eu pedi sua opinião? Então não enche.

Por que será que sempre existe alguém para nos dizer que devíamos tentar isso ou aquilo para resolvermos um problema?

Eu, pelo menos, costumo saber exatamente o que tenho que fazer para resolver os meus problemas e quando não sei – e de fato quero resolver! – busco ajuda.

Ninguém precisa me dizer “você devia exercitar mais a sua disciplina” quando estou procrastinando. Ora, se estou procrastinando é porque tenho motivos (talvez esteja com medo, por exemplo) e não porque me falte disciplina – sou super disciplinada quando quero!

“Você devia se exercitar mais”, “você devia parar de fumar”, “você devia comer menos besteiras”,  “você devia se separar”, “você devia falar menos”, “você devia ser mais discreto”, “você devia arranjar um emprego”, etc, etc, etc.

Quando foi que o verbo “dever”, conjugado no pretérito imperfeito, se tornou regra e/ou sinônimo de perfeição e adequação?

Que estranha mania esta de quererem nos ajudar quando não pedimos ajuda. Que chatice essa a de todo mundo ter uma opinião sobre como deveria ser a nossa vida.

Sempre que isso acontece comigo, pergunto-me: essa pessoa deseja ajudar por que gosta de mim e quer o meu melhor ou simplesmente não consegue lidar com minha fraqueza, minha imperfeição?

Seu intuito é ajudar ou afastar a possibilidade de se ver refletida num espelho de imperfeição? Sim, porque os meus possíveis deslizes podem acordar os dela, não?

E mais: querer ajudar é sinônimo de amor ou necessidade de controle?

Infelizmente todos nós, por este ou por aquele motivo, somos vítimas da necessidade de ajudar. Quando amamos muito uma pessoa e percebemos, por exemplo, que ela está se autossabotando, cavando buracos com as próprias mãos,  tendemos a sugerir “isso” ou “aquilo” imaginando que estamos incentivando-a a melhorar.

Mas a vida tem me ensinado, dia após dia, que a melhor ajuda que podemos oferecer a alguém é deixar com que este alguém seja ele mesmo – ou seguir o conselho atribuído a Goethe:

“Trate as pessoas como se elas fossem o que poderiam ser e você as ajudará a se tornarem aquilo que são capazes de ser”.

No fundo, no fundo, as únicas ajudas de que todos nós necessitamos se chamam aceitação, respeito, acolhimento e amor.

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