Por que a dor conecta mais do que o amor?

Por que a dor conecta mais do que o amor?

Imagem de capa: Vitaly Titov, Shutterstock

A dor é sentimento que não se compartilha. A solidariedade se aproxima da dor para ficar juntinho, oferecer seu carinho, não deixar a solidão se aproximar muito. Mas a dor é de quem a abriga. Ninguém quer sentir dor, mas ela vem. Ninguém quer a dor do outro, mas quer estar por perto, consolar, aguardar o alívio.

A dor conecta as pessoas mais do que a amor. Talvez porque o amor caia nas teias da desconfiança. Talvez porque o amor se apresente contagioso, divisível, enciumado, egoísta, tirano, inseguro…

O amor tenta ser compartilhado de vários jeitos, mas não encontra tanta e tão rápida adesão quanto a dor. Vê-se um movimento muito mais agregador em torno da dor. A dor amolece os corações. O amor, nem sempre. A dor evoca a generosidade. O amor, nem sempre. A dor cria heróis e mitos. O amor, nem sempre.

Que medo é esse que se tem do amor? Dizem que as pessoas se afastam do amor para evitar a dor. Mas, depois recorrem a ele para aplacar a dor. A dor de outro, mas ainda dor.

A dor que machuca e faz sofrer em um, inspira amor e solidariedade em outro. O amor que anda disponível e faminto por aí não interessa a um nem a outro. É bonito de ver, e só.

O mundo é muito louco mesmo. Quanto mais dor, mais amor. É por ela que ele se conecta.

A pergunta que fica é: Por que a dor conecta mais do que o amor, se o amor é capaz de evitar tanta dor?

Se despedir bem é mais importante do que impressionar ao se apresentar

Se despedir bem é mais importante do que impressionar ao se apresentar

Imagem de capa: Anastasiya Shylina, Shutterstock

As primeiras impressões são fortes, reveladoras, mas não são nem de longe as que ficam. O convívio muda tudo, rearruma, bagunça, junta ou despedaça.

A imagem de um primeiro encontro é, sem dúvida, lembrança de cor mais nítida, mas cabe aos encontros seguintes alimentar ou deixar morrer a primeira impressão.

E, afinal, a gente vê o que está sentindo na ocasião. A gente acessa o que tem disponível no momento. Não é uma postura ou uma palavra que nos darão o juízo de uma apresentação, e sim como estamos receptivos ou não ao novo que está sendo apresentado.

Se apresentar bem é um excelente começo, mas realmente é só o começo, e o caminho é tão longo quanto profunda pretende ser a relação.

Agora, as despedidas… Quase sempre deixam tanto a desejar, tanto a resolver, tanto a perguntar. E ao contrário de uma chegada, a despedida é intenção de um final, um rompimento.

Poucas são as pessoas que incluem despedidas dignas nas suas vidas. Menos ainda são as que fazem desse ultimo contato, um ato cordial.

Por que as catarses, desabafos, verdades contidas, humilhações e revelações são guardadas para as despedidas?

Por que deixar uma impressão tão desapontadora ao sair de uma vida? E, pior, por que não levar em conta um possível arrependimento? Como engolir tantas palavras e agressões depois de ditas e lançadas?

Se despedir bem não é para qualquer um. Implica em olhar nos olhos e prestar justificativas, ainda que desconfortáveis; obriga a encarar mais uma vez quem não se quer ver nunca mais; ordena que as ofensas sejam caladas e faz com que se deseje um futuro melhor a quem não foi um bom presente.

Mas essa é a boa e a verdadeira despedida. Fora disso, somente tentativas infantis de deixar borrões na vida alheia.

2017 – ano que exigiu da gente coragem

2017 – ano que exigiu da gente coragem

Imagem de capa: Katya Bonart, Shutterstock

2017, eu não sei que dança maluca de astros foi essa, mas é fato que 10 de 10 pessoas que eu pergunto como foi o ano respondem algo como: tenso, denso, intenso.

Parece que nesse ano a vida pegou pesado com a gente, exigindo aprendizados e evoluções, pedindo que cumpríssemos lições antigas, que entendêssemos um pouco melhor nossa missão, que fechássemos ciclos e nos reinventássemos.

Aqueles velhos desafios, aquelas provas que a gente deixava pra depois, aquele contato com o nosso profundo que não ousávamos ter, desculpando-nos com a falta de tempo e com o acúmulo das tarefas importantes da vida, neste ano não tivemos como prorrogar de novo. A vida foi incisiva: evolua logo pessoa de Deus! Agora é a sua verdade ou o mundo te atropelando.

Ano que exigiu da gente coragem: os mais humildes tiveram que aprender a impor limites, a falar não, a amar mais a si próprios, a expressar opiniões, a mostrar a voz.

Como nunca, o mundo precisou ouvir os que têm a alma mais serena e andaram se escondendo nas sombras dos grandes egos.

Também exigiu coragem dos mais vaidosos e imodestos: esses tiveram que aprender a ouvir, a flexibilizar suas verdades, a ver que tudo é relativo.

A vida deu tantas chances, muitas vezes nada fáceis, mas as possibilidades de crescimento estavam aí. Muita gente empacou no espaço sem forma entre as mortes de hábitos e personalidades e o renascimento de si mesmo. Mas a vida estava aí disposta a ajudar nessa evolução, pelo amor ou pela dor. Algumas pessoas tiveram coragem de atravessar os próprios desafios.

Ano de tantos lutos este, de fechamento de ciclos. Feliz de quem, apesar das lutas, das dores, das mudanças inevitáveis e difíceis, escolheu sair do casulo e borboletar-se, e experimentar as novas asas. Feliz de quem se descobriu, despiu e libertou. Feliz de quem perdeu um pouco a noção do próprio umbigo e desenvolveu um olhar mais consciente para o íntimo.

2017 nos pediu para sermos rápidos, foi curso intensivo sem férias, foi o agora ou nunca pra tanta coisa.

O universo político deu tantas voltas e reviravoltas, e teve gente que começou a perceber que antes de revolucionar o mundo, precisamos revolucionar a nós mesmos. A micropolítica despontou mais forte, as atuações nos pequenos grupos, como cidadãos, como entidades dividindo este planeta com tantos outros seres, como a importância de olhar para fora da própria bolha de proteção e fazer o que se pode no seu metro quadrado de existência.

Foi o ano do salve-se quem puder, e quem sacou que primeiro deve-se colocar a máscara de oxigênio em si mesmo, pôde ajudar melhor ao próximo, quem aprendeu a autoconectar-se e parou com a corrente elétrica de sugação energética, termina o ano de alma lavada.

Quem parou de buscar no outro e no mundo complementos para o próprio vazio e percebeu que as fontes são internas, evoluiu.

2017 foi um ano de passagem, foi escuro, mas com o vislumbre da luz no fim do túnel, teve gente que preferiu parar no meio do caminho, fechar os olhos e se agarrar nas paredes daquilo que já não são mais. Outros, no entanto, estão colhendo os frutos de suas coragens, acompanhando a dança de um mundo que se transforma por completo.

Ano do desapego, que gerou grandes dores mas também grandes libertações porque nos empurrou mais pra perto da nossa própria verdade essencial.

O que carregamos dentro da gente

O que carregamos dentro da gente

O que carregamos dentre da gente é muito mais. Não cabe em poucas palavras e sentimentos em metades. É algo parecido com a emoção do primeiro passo, da primeira felicidade compartilhada ou do primeiro gozo de amor. Não enfraquece, estagna e, muito menos, desaparece. É suspiro de vida pela manhã. É imersão de intensidade noite adentro. O que carregamos dentro da gente faz de nós seres breves, complexos e autênticos. Não somos sonhadores loucos, mas condutores do “de hoje em diante”.

Se o mundo gira conforme a natureza do universo, o que carregamos dentro da gente é a essência infinita dos astros. Carregamos amor porque escolhemos. De suas mãos acolhedoras, tiramos um todo que nos impulsiona, que nos modifica. Não encontramos um fim sem um começo. Não tiramos o pé sem entregarmos inteiros. Não desperdiçamos declarações sem endereçá-las apropriadamente. O que carregamos dentro da gente faz de nós seres urgentes, ativos e verdadeiros. Não somos amantes inconsequentes, mas transportamos carinhos necessitados de motivos.

Se a vida é um jogo de aparências, o que carregamos dentro da gente é a transparência de quem não nunca teve habilidade para jogar. Carregamos sinceridade porque não sabemos ser diferentes. Benditos os abraços apertados, os beijos molhados e as peripécias entre quatro paredes. Não fingimos prazer para agradar os indispostos. Não dividimos momentos sem estarmos presentes de corpo, alma e poesia. Não deixamos pontas soltas sem uni-las por um propósito. O que carregamos dentro da gente faz de nós seres ímpares, simples e atentos. Não somos impróprios para multidões, mas estamos ligados através de sensações que somam.

O que carregamos dentro da gente não tem nome. Não precisa tê-lo. Definições também passam longe de expressarem, com exatidão, essa força exponencial que levamos em sorrisos, desejos e conhecimentos. O que carregamos dentro da gente é um sinônimo a ser conjugado por gestos, dia após dia, independente daqueles que não enxergam os benefícios desse transbordar sereno, doce e excitante. O que carregamos dentro da gente? Tudo. E ainda assim, tudo é pouco.

Fotografia por Sarah K. Byrne

O que você mudaria em sua vida?

O que você mudaria em sua vida?

Imagem de capa:  Alona Slostina, Shutterstock

Quando ouvi essa pergunta pela primeira vez, estranhei. Achei profunda, obtusa e incisiva demais. Intrusa demais. Nunca quis que nada fosse diferente. Tudo parecia perfeito. Analisei a interrogação por mais (longos) cinco minutos e respondi com uma arrogância contundente: Nada. Calei.

O silencio é, muitas vezes, desafiador. Pode significar consenso, dúvida, discordância, concordância, indiferença, importância, dor, satisfação, surpresa, tolerância, intolerância e pode também não significar nada.

Naquele momento eu só queria me livrar do peso da resposta. Normalmente uso o silêncio quando não quero causar conflito. Naquela noite, em mais um bate-papo de bar, não queria nada profundo. Só mais uma conversa fiada regada a doses de alegria. Nada precisava ser intenso ou íntimo naquela noite. Mas algo deu errado.

Caminhei ate o metrô repetindo a pergunta sem parar. A resposta insistia em calar-se. O cérebro tem o hábito e o fascínio de nos deixar sempre em nossa zona de conforto. Mas naquela noite, não.

O trajeto ate a estação Consolação tornou-se longo demais. Desviei a rota. A vantagem da Avenida Paulista é que ela nos possibilita oportunidades diversas em todas as esquinas, assim como a vida.

Parei em um café. Uma breve pausa como fazemos às vezes de nós mesmos. Foi ai que algo aconteceu. Da janela do café observei um estranho que estava deitado na rua. Tinha os cabelos anelados, barba mal feita e olhos (intensos) e azuis. Vestia uma calça jeans surrada e furada. Não calçava sapatos nem vestia camisas ou camisetas. Ele passava a mão no cabelo de forma calma e olhava para o nada. Fiquei a observá-lo por quase vinte minutos como uma criança encantada com o brinquedo favorito.

O que será que ele pensava? Qual sua história? Qual o som da sua risada ou timbre da sua voz? O que desejaria mudar na sua vida? Perdi-me nesses pensamentos e só retornei a realidade com o toque (inoportuno) no celular. Uma distração e ele foi embora como alguém que executa um trabalho e segue adiante. Voltei à questão inicial.

Paguei a conta e sai na esperança de encontrá-lo ou de achar a resposta para a fatídica pergunta. Nem uma coisa e nem outra. Nunca mais encontrei aquele homem. Confesso que penso nele todas as vezes que atravesso a Paulista. Será que ainda vive? Penso quais seriam seus medos e em que mundo perdeu sua alma quando olhou para o vazio de forma tão suave. O que ele ainda desejaria para sua vida? Alguns questionamentos ficarão sempre sem respostas.

Quanto a mim, pensei por meses sobre a pergunta. Debatíamos em mesas de bar, em conversas intermináveis via Whatsapp quando a insônia insistia em fazer amizade mesmo sendo uma intrusa indesejável.

Por fim, conclui que todos temos algo que gostaríamos de mudar, em determinados momentos. Às vezes um emprego, um relacionamento, a casa onde moramos, a cidade… Sempre haverá algo que nos motive a caminhar e buscar a tão sonhada felicidade. É natural.

Mas acredite, a felicidade sempre estará dentro de nós; por mais que a insistência em buscá-la fora persista, ela sempre estará em nosso coração esperando ser acesa como o interruptor de uma lâmpada que necessita ser acionada. E só assim, perceberemos sua existência em cada detalhe, muito próximo de nós, como um estranho de cabelos anelados, barba mal feita e olhos azuis que afaga os cabelos com ternura e leveza.

Os vilões que nos apontam caminhos. Gratos por eles!

Os vilões que nos apontam caminhos. Gratos por eles!

Imagem de capa:  javi_indy, Shutterstock

Tem gente que sem saber nos faz enorme bem. Sem querer, literalmente. A intenção poderia ser das piores, disfarçada de uma ironia, um toque de covardia… Era para machucar, marcar, carimbar.

Mas, para quem sabe como a banda toca e, ao invés de reclamar do barulho do bumbo, aproveita para dançar, pega a intenção no ar e já a transforma em vantagem para não cair de novo na mesma armadilha.

A ação dos vilões vem sem avisar. De repente, num encontro, o jogo começa e, num lance bem rápido, já está lançada aquela afirmação, a pergunta camuflada de inocência, as reticências que deixam lacunas para a imaginação preencher.

Isso é coisa que pega qualquer um de sobressalto. Os rápidos já reagem e devolvem a jogada; os prudentes analisam; os sensíveis sofrem; os raivosos rebatem.

Mas o que não se pode negar é a experiência conquistada com esse momento tão insuportável. No final das contas, alguém tentando nos fazer perder o rebolado, acaba mostrando caminhos que jamais pensaríamos se estivéssemos nos deleitando na zona de conforto. O momento é sempre ruim, mas o depois é ótimo!

Esses vilões que se nutrem do desconforto alheio, tentam ocultar o seu próprio desconforto de maneira muitas vezes velada, fingida, disfarçada. Noutras, com atitude rude, debochada, irônica.

A tentativa de dar a rasteira vem com tudo, mas, como toda força que,disparada em potência máxima não encontra nenhum obstáculo que a retenha, a tentativa de derrubar também perde força e razão quando não recebe o que esperava de retorno.

Os vilões que apontam caminhos são tão úteis quanto tolos, e, para eles, nossa inteira gratidão pelo tempo dedicado ao nosso aprendizado.

E, se a carapuça serviu, customize do seu jeito e reveja as atitudes! Somar é sempre melhor do que dividir.

Não é charme. É falta de interesse mesmo.

Não é charme. É falta de interesse mesmo.

Imagem de capa: FCSCAFEINE, Shutterstock

Moça, ele não perdeu seu número, o celular dele não caiu do décimo terceiro andar e ele não está com vergonha de ligar. A verdade é que ele não ligou porque não quis. Sei que isso dói. Mas dói muito mais fechar os olhos para a realidade e tentar encontrar justificativas para o desinteresse alheio.

O ser humano tem essa mania de gostar do que não pode ter. É até normal. Mas, há uma grande diferença entre se fazer de difícil e não ter interesse nenhum.

Imagino que o encontro foi fantástico e você contou para todas as amigas da agenda telefônica que encontrou o cara da sua vida. Mas passaram dias e ele não ligou. Na sua cabeça vem todos os conselhos que tentam te convencer de que ele não teve tempo, mas que, em breve, irá ligar.

E, a partir de então, você entra em um ciclo de tortura psicológica. Olha o celular cinco vezes por minuto, leva o telefone para todos os lugares e fica refém de uma ligação que nunca virá.

Como te ensinaram a ser moderna e que não tem problema nenhum mulher correr atrás de homem, você decide enviar uma mensagem. Depois de horas, ele visualiza e não responde. Pronto! Você acabou de ir a nocaute com a realidade.

Moça, não inverta os papeis. Não é sua obrigação correr atrás de ninguém. Não insista. Não se exponha. Não crie situações para vê-lo, nem mande indiretas nas redes sociais. Encare a realidade e não permita que suas carências e suas inseguranças te ceguem. Se ele não ama você, você deve se amar.

A sociedade ensina tanta coisa errada que as pessoas se perdem no bom senso: “se ele te ignora, ele gosta de você”, “se ele não te ligou porque perdeu o número” ou “talvez ele tenha te ligado e você não recebeu o recado”. Moça, desconcretize isso.

Homem não enrola, não faz charminho, não dá voltas. Homem é objetivo e quando, realmente, quer atravessa o Atlântico a nado e insiste mesmo que leve duzentos nãos consecutivos. Então, relaxe e pare de tentar entender o porquê ele não entrou em contato. Algumas atitudes não merecem nem nossa lembrança.

Sei que parece piegas, mas uma das coisas mais incríveis é alguém estar ao seu lado por opção. A sensação é única. Não se iluda e não perca seu tempo com quem não vale a pena. Respeite a decisão do outro e desenvolva seu amor próprio. A sua alegria não pode estar baseada em um telefonema, em um elogio ou em um encontro.

Você merece mais que isso! Às vezes, o telefone não ter tocado é uma baita sorte…

Não confunda minha calma com aceitação

Não confunda minha calma com aceitação

Se nos basearmos apenas no que vemos para tirar conclusões, provavelmente nos equivocaremos em relação às pessoas, uma vez que nem sempre o que a aparência transmite corresponde à intensidade real dos sentimentos, do que acontece dentro de cada um. Como se diz, águas serenas não significam profundidade sem turbulência.

Por esse motivo é que as pessoas mais calmas às vezes são tidas como mais maleáveis, mais passíveis de serem convencidas de algo, como se elas sempre aceitassem tudo com resignação, feito ovelhas. Ledo engano, a tranquilidade no comportamento relaciona-se muito mais à maturidade do que à subserviência, porque uma das características de quem se torna adulto deve ser exatamente a capacidade de não elevar a voz, não ser agressivo, não se desequilibrar em momentos de contrariedade.

A calma significa, nesses casos, que a pessoa tem consciência de que esbravejar e ter chiliques, por meio de ofensas e gritos, são atitudes inúteis e que só depõem contra ela mesma. Ninguém precisa mostrar destempero para que percebam sua não aceitação frente a algo com o qual não concorda. Muito pelo contrário, manter o equilíbrio será vital para podermos encontrar saídas e refletir sobre as causas que contribuíram para que as coisas chegassem àquele ponto.

É perfeitamente possível discordar sem ser agressivo, posicionar-se sem gritaria, incomodar-se sem ficar incomodando todo mundo, ou seja, é possível – inclusive necessário – manter a calma quando somos contrariados, quando tudo sai errado, quando trombamos com o que nos desagrada, em casa, no trabalho, na rua. Isso não quer dizer que estejamos aceitando passivamente o que aconteceu, mas sim que iremos primeiro controlar nossas emoções para, então, agir com propriedade.

Portanto, não se deve confundir calma aparente com aceitação e condescendência, enquanto se rotulam as pessoas que não são explosivas como as mais fáceis de serem manipuladas e convencidas de qualquer coisa que seja, pois isso é uma inverdade. Precisamos entender que ainda existe quem tenha se tornado um adulto de fato, quem seja maduro o suficiente para enfrentar as tempestades sem alarde exagerado, sem perturbar a ordem de qualquer recinto. Em vez de nos aproveitarmos dessas pessoas, temos que aprender – e muito – com elas, pois são extremamente necessárias nos momentos de turbulência que virão.

Imagem de capa:  Alena Ozerova, Shutterstock

Quem não sabe o que quer, não quer – No ritmo da montanha-russa

Quem não sabe o que quer, não quer – No ritmo da montanha-russa

Que me perdoem os indecisos. Ou não. Cansa essa coisa de pedir perdão que não há culpa que o justifique. Mas, observo há algum tempo, que tolerância demais nos ilude e prejudica tanto quanto a ausência dessa virtude tão pouco compreendida. Ser tolerante não é suportar tudo, não é dar crédito à fantasia que idealiza o alheio ignorando seus vícios e enaltecendo suas virtudes, tampouco ignora fatos que se mostram, repetem, esfregam-se na fuça para deixar claro o que não desejamos enxergar. Não, isso não é tolerância, é ingenuidade.

Às vezes desejamos tanto alguma coisa que começamos a criar desculpas para não abandoná-las, para não partir para outra, para não seguir em frente. Muitas dessas vezes, é verdade, nem começou, é só possibilidade. Dá ânsia em desistir tão cedo, em desanimar, em continuar seguindo sem rumo quando parece que um rumo foi encontrado. Mais ainda dessas vezes, não há rumo algum a não ser o imaginário. Seguir sem rumo, consciente da própria errância, pode ser a melhor das opções, diante da falta de opções, seja para criar opções ou, simplesmente, encontrar.

Essa bagunça de viver o imprevisto, sabendo que é imprevisto, aceitando que é imprevisto, porque é assim que as coisas são. Quem vive tentando ter o controle, acaba se descontrolando diante do mínimo inesperado, insustentável, real. Quando vivemos como se estivéssemos indefinidamente em uma montanha-russa, não vale gastar tempo com o mais montanhoso do que as próprias curvas do tempo, com o mais imprevisível do que a reviravolta dos acontecimentos, com o mais violento do que os fenômenos do viver sem saber no que vai dar – a não ser aquele fim misterioso, o fim das contas, que muitos falam sobre, mas ninguém sabe o quê.

E nesse sobe e desce da vida, entre emoções e enjoos, esse ir e vir sem fim, que tanto nos comove por não chegar a nenhum lugar, voltando no princípio para acabar no conhecido, surpreendendo mais pela experiência desgastante de repetir, do que pela novidade do trajeto circular, aos bem resolvidos, não há o que mais possa irritar do que o oposto. Os indecisos. Há quem lhes passe a mão pela cabeça. Há quem lhes adoce com a psicanálise. Há quem os justifique pela grandeza da vida. E há quem, simplesmente, negue possível a qualidade de escolher.

Mas não há nessa vida possibilidade de viver sem fazer escolhas. Desde às atividades mais pífias até os âmbitos mais complexos do existir, escolhas fazem parte. Só o que não escolhemos mesmo é nascer, de resto, até morrer, em certa medida, pode ser escolhido. Opções aos montes quase ninguém tem. Opções vazias custam caro. Opções construídas levam tempo. Opções do acaso, dorso tenso. Não há justiça ou lógica que habite as escolhas. Para alguns existe a cruz ou a espada, para outros um oceano de possibilidades, mares de rosa ou mar espinhento. A ilusão de que há tempo para ponderar em demasia anda de braços dados com alguns, com outros, anda a pressa desesperada de quem não pode se perder mais – tempo. Por aí, um infinito de diferenças incompreensíveis.

Independentemente de haver ou não essa justiça na qual insistimos em acreditar, ou a lógica que nos tentaram ensinar, a vida não funciona sempre dessa forma. Talvez, e apenas talvez, só a natureza seja tão exata quanto a ciência. Uma vez que a desafiamos – essa tal natureza – não estamos mais protegidos pela sua programação. Lidamos com instabilidades constantes, todos nós, sem exceção. Não importa se tenha duas ou dez perspectivas adiante, a escolha faz parte e a escolha afeta muito mais além do que apenas quem precisa apontar uma direção.

E nisso nos embrenhamos tanto, inevitavelmente, nas escolhas dos outros. Se um escroto estiver no poder, suas escolhas te afetarão, desde o aspecto mais superficial da sua vida até o mais íntimo do seu ser. Nesses casos, não há muito o que fazer, a não ser, tentar, aos poucos, com muito caso, influenciar o arredor, porque escolhas não são solitárias, elas provavelmente se relacionam melhor do que nós. Mas, fora desses âmbitos hiperbólicos do optar, há o bater de asas das borboletas.

Essas escolhas pequenas, essas escolhas que parecem pouco significativas, mas que podem significar tudo para uma vida. E o que vale mais que uma vida? Suas entranhas? Suas angústias? Seus desejos? Suas frustrações? Seu orgulho? Suas expectativas? Muito se fala em não ter expectativas. Eu deixo para outro papo render assunto, mas o que há sem expectativas se não uma morte prematura de ser no mundo? Olhares e olhares, eu finalmente venho aos indecisos com uma mensagem breve. Não foi uma enrolação, apenas segui o curso da montanha russa.

Quem não sabe o que quer, é porque não quer. Desejamos negar essa realidade, conquanto queremos tanto que a opção alheia corresponda à nossa opção. Só que não, nem sempre, e pode ser que na maioria das vezes, não. Mas são poucos os que assumem suas opções de cara, quando a maioria delas está seguida de interrogação. Pelo medo de abandonar o certo pelo incerto, não optam logo por não querer perder o que já se dispõe com exclamação, mas desejando que a interrogação do outro se dissolva. Os indecisos são ótimos cozinheiros: de possibilidades e pessoas. Deixam ali, na água morna, até que possam finalmente decidir, quando finalmente percebem que aquilo que realmente desejavam não vai rolar, então vai o outro, que estava em banho maria.

Não vale a pena ser o plano B. Apesar de toda a complexidade que envolve as escolhas, a verdade é que nós sabemos muito bem o que queremos, sempre sabemos. Quem não sabe é porque não quer, é porque está olhando para o outro lado, é porque só não quer ficar de mãos vazias. Os indecisos não merecem trégua, ou sempre farão daqueles que se disporem a ser ingênuos, passando por tolerantes, brinquedos em suas mãos. É melhor deixar os indecisos com as suas indecisões, deixar de ser opção, deixar de ser para o outro e ser para si, para a vida, para o mundo. Pessoas livres encontram pessoas livres, quem se ocupa, mesmo que de um fantasma, pode acabar parecendo muito bem acompanhado e espantando as possibilidades além.

Aos bem resolvidos, é melhor deixar passar o dilema batido, dar boas-vindas aos picos e quedas da montanha-russa da vida, experimentar novas emoções. Aborrecer-se um pouco, mas só um pouco, com mais uma inútil parada. E depois continuar. É melhor do que ficar parando esperando quem não sabe o que quer, porque na verdade não quer, a não ser outra coisa. É melhor do que se servir como ração para egos famintos que não assumem chegada ou partida. É melhor do que perder tempo. E se houver erro nessa interpretação, sem erro, quem quer vai atrás, e só vai atrás, porque não percebeu o valor de quem já esteve ao lado.

Imagem de capa: Tiger and Turtle – Magic Mountain by Heike Mutter and Ulrich Genth

As 10 coisas absolutamente indispensáveis para se levar na mala rumo a 2017!

As 10 coisas absolutamente indispensáveis para se levar na mala rumo a 2017!

Imagem de capa: Vasilyev Alexandr, Shutterstock

Quando der meia noite do primeiro dia do ano novo, não custa nada a gente lembrar que para muitos de nós aqui nessa terra do Hemisfério Sul, chamada Brasil, ainda serão 23 horas do último dia do ano velho.

É… pois é! Na prática, de acordo com o Senhor Relógio, isso significa que, enquanto para uns já será dia 1 de janeiro de 2017, para outros ainda será 31 de dezembro de 2016.

E se levarmos em conta nossos amigos australianos, por exemplo, enquanto estamos aqui a pular ondinhas, a comer sementes de romã e a guardar folhinhas de louro na carteira, eles – os australianos -, já tiveram 12 horas inteirinhas para inaugurar o ano novo.

E sabe o que isso quer dizer?! Nada! Absolutamente nada! É apenas mais um dia que se vai e outro dia que se apresenta. Os ponteiros não têm sentimentos, não lastimam nossas horas perdidas em tristezas, nem comemoram nossas horas coroadas de alegrias. Os ponteiros apenas fazem a sua tarefa, indiferentes aos nossos planos, sonhos ou receios.

A boa notícia sobre o final de um ano e começo do outro é que assim como não podem parar, nem adiantar o tempo, os ponteiros do relógio, esses danadinhos também não têm o poder de nos fazer voltar para trás! Ufa! Isso sim é que é algo que vale a rolha do vinho borbulhante estourada à meia noite. Isso sim vale todo nosso empenho em acreditar que o dia 1 de janeiro tem poderes mágicos.

E a magia está na nossa incrível capacidade de sobreviver aos temporais, às calmarias e aos períodos de seca. A magia está na nossa disposição em oferecer todo nosso esforço na iniciativa e na “acabativa” de fazer dar certo.

Então… façamos um exercício mental, afetivo e filosófico aqui. Supondo que aparecesse agora bem na sua frente um ser com reais poderes e lhe dissesse que toda a sua sorte estará protegida no próximo ano. Mas, lhe apresentasse, em troca desse presente inestimável, uma única condição: para que você ganhe essa aura de proteção, precisa aprender a fazer escolhas.

contioutra.com - As 10 coisas absolutamente indispensáveis para se levar na mala rumo a 2017!
Yuganov Konstantin, Shutterstock

E a lição começaria da seguinte forma: o que você escolheria como as 10 coisas absolutamente indispensáveis para levar consigo na mala para 2017?

Difícil, hein?! Eu que tenho dificuldades para arrumar uma mochila de fim de semana na praia, estaria diante de uma belíssima “sinuca de bico”!

Mas me disponho a tentar. Ainda que seja a título de estabelecer para minha própria pessoa algum parâmetro acerca daquilo que é de fato importante naquilo que eu poderia chamar de “nova vida”!

Vamos lá! Coragem! O que fará parte da minha bagagem serão as coisas que brotarem espontânea e livremente no meu coração.

1. Alegria. Alegria é aquela coisa que mais se parece com a farinha para fazer o pão. Sem farinha, não há pão. Sem alegria, não há motivos para sair da cama. Então, minha primeira escolha para compor a bagagem para 2017 é ser alegre! Ainda que eu passe por alguns perrengues e alguma tristezinha insista em me visitar, hei de me lembrar que esta foi a primeira palavra que em veio à mente quando pensei em fazer planos para o futuro.

2. Disciplina. Disciplina é aquela mãe amorosa que nunca se esquece de nos lembrar sobre quais são as nossas reais prioridades. E tudo bem que, de começo, ela precise me lembrar apenas de que eu não posso nunca, em hipótese alguma, desistir de mim. Que eu tenha a força de vontade necessária e justa para merecer o que pretendo conquistar.

3. Amor. Amor é aquela coisa que é o mais parecido possível com um filtro solar. Amor protege a gente de tudo o que é ruim, no meio daquilo que é bom. Entendeu?! Eu explico… Na hora que a gente se aborrece, a ponto de perder a compostura com alguém querido, por exemplo. Nessa hora é o amor que nos ajuda a respirar fundo, baixar a voz e elevar a bondade. Assim, em vez de gritar com o outro, a gente silencia e dá um tempo para o ”bem querer”, querer voltar.

4. Generosidade. Essa é aquela coisa que faz a gente conseguir oferecer aquilo que será preciso dividir; e, não, aquilo que está sobrando. Generosidade é a disposição em ser feliz com a felicidade alheia. Ahhhh… definitivamente, não posso viver sem isso.

5. Paciência. É a expansão do coração, até que atinja o raciocínio. É ser capaz de fazer parar um caminhão sem freios numa descida escorregadia. É a transformação da precipitação em garoa fina, do vendaval em brisa. É a única forma de ter paz, aqui dentro e lá fora!

6. Serenidade. A maior conquista que se pode ter sobre a tentação de agir por impulso. É o equilíbrio diante do caos. A beleza de não ser manipulado pelas agressões e injustiças alheias. Uma vez experimentada, a serenidade torna-se algo absolutamente indispensável, vital à harmonia, consigo mesmo e com o resto do mundo.

7. Leveza. A libertação sobre o hábito de carregar nas costas, pesos absolutamente dispensáveis; coisas tais como o perfeccionismo, a arrogância e o materialismo. Estas são pedrinhas capazes de nos fazer sofrer e magoar os outros. Hei de deixá-las ir. E ganharei em troca uma alma leve. Leve e livre.

8. Verdade. Essa maravilhosa capacidade de abrir mão de situações ilusórias e pequenas mentiras. Compreender que disfarces e fantasias são jeitos tolos de vivermos enganados. Recolher no peito apenas o que for realmente genuíno, puro e verdadeiro. E, assim, redimensionar a vida em honra aos sonhos possíveis e aos planos que nos façam ser pessoas melhores de fato.

9. Confiança. Poder olhar no espelho e ter orgulho do que se vê além daquilo que constitui apenas o invólucro físico. Ver através dos próprios olhos, uma pessoa com quem se pode contar, a quem se pode confiar a própria vida; não para que se disponha dela, mas para que se possa partilhá-la.

10. Flexibilidade. Puxa vida, que força tem essa palavra. Simplesmente porque sem ela, não há como fazer escolhas. Não há como acolher o outro que pensa diferente de nós. Não há como oferecer espaço às benditas e necessárias transformações, sejam elas grandes ou singelas.

Olho agora com imenso amor para minha pequena mala, cuja bagagem não representa nem uma única peça que possa ser pesada ou medida. Levo comigo apenas o imensurável e recebo o ano novo com o coração tranquilo e o peito repleto de coragem; porque sem coragem os sonhos são apenas sementes jogadas ao vento.

É sempre amor, mesmo que acabe

É sempre amor, mesmo que acabe

Ela amou inteira. Ele não conseguiu amar metade. E despediram-se em vários tons. Nem todos felizes e esperançosos. Há quem diga que não era pra ser. Outros não entenderam o que aconteceu. Uma coisa é certa, mesmo em doses desmedidas, é sempre o amor que prevalece. O tipo de amor que precisa vir primeiro antes de ser distribuído para outra pessoa. Ainda que seja encerrado com um adeus.

Distraídos, não podemos dar vazão para nenhum sentimento vivido por dois. A ideia do término de um relacionamento quase sempre está atrelada a uma suposta carência do amar. Julgamos imaturos quem veio e não quis ficar. Insistimos numa busca sucessiva por alguém que nos complete e nos queira como merecemos. Não estamos errados. Não nos permitimos estar. Talvez esse seja o problema.

Quando temos a sorte do encontro, somos seduzidos pelas expectativas. Afinal, a paixão desencadeada é certeira, quente e insaciável. Daí por diante é querer acima de qualquer razão. E é exatamente nesse ponto em desequilíbrio que chocamos com a realidade. Ninguém, em amor algum, precisa demonstrar. Porque carinhos não devem ter comandos, sorrisos não precisam ter piadas prontas e gentilezas não ocorrem através de roteiros comprados.

Nada de atirarmos sofrimentos para depois recolhermos mudanças. Devemos aceitar diferentes escolhas. Alguns amores partem e alguns permanecem. De qualquer forma, é sempre amor, mesmo que acabe. Quem sabe, por disposição ou liberdade, você resolva amar.

Fotografia por Phil Chester e Sara K. Byrne

O que adianta rezar o terço e sair falando mal de todo mundo?

O que adianta rezar o terço e sair falando mal de todo mundo?

 

Não raro, vemos falsos moralistas, que condenam o comportamento dos outros, enquanto não respeitam a própria família. Pregadores que discursam sobre ética e princípios aos quais fogem pelas sombras de suas atividades escusas. Beatos que pregam os ensinamentos cristãos, ao seu próprio modo, condenando todos aqueles que não se adequam ao que impõem, ao mesmo tempo em que nem eles próprios se comportam segundo suas regras religiosas.

A exposição mais explícita da própria vida, por meio das redes sociais, acaba forçando muitos a seguirem o discurso politicamente correto, postando o que se afina ao que as normas anacrônicas regem, mesmo que nada daquilo tenha sentido em suas convicções. Veem-se obrigados a expor ideias e opiniões que sejam mais condizentes com o que a maioria espera, com o que a sociedade julga como aceitável, com o que muitos líderes religiosos ditam como a interpretação correta e única das escrituras.

Nesse contexto, muitas pessoas acabam fatalmente se dissociando de si mesmas, mantendo uma vida dupla, uma dicotomia dentro de si, uma vez que sentem a verdade exatamente do lado oposto daquilo que falam, daquilo que fingem viver de forma transparente. Daí ser comum vermos muitos orando e decorando versículos, enquanto fofocam, maldizem, invejam, fazem mal aos outros; vermos quem condena os gays, enquanto trai a esposa todas as noites. E por aí vai.

Uma coisa é certa: o que vale mesmo é a forma como vivemos as nossas vidas, diariamente, a maneira ética e respeitosa como nos relacionamos com todos, tanto com quem temos proximidade, como com aqueles de quem não precisamos, de quem não receberemos nada em troca. E fazer isso com fé, com orações verdadeiras, é perfeito. O que dizemos, no fim das contas, é apenas o que dizemos, nada mais do que isso.

***

Imagem de capa:  Stephanie Zieber, Shutterstock

Sobre afeto e encontros

Sobre afeto e encontros

Imagem de capa:  Yuganov Konstantin, Shutterstock

Vivemos a todo tempo afetando e sendo afetados, e enquanto algumas pessoas entram em nossas vidas despertando e estimulando o que em nós há de mais positivo, por outro lado, há aquelas que parecem minar qualquer possibilidade de sermos e exercitarmos o nosso melhor.

Esses bons e maus encontros com os seres e coisas, nos diz Espinoza, definem a potência com a qual agimos no mundo, nos fazendo mover pela alegria rumo à expansão e ao crescimento ou nos recolher pela tristeza no retrocesso ou estagnação.

Para Espinoza, o afeto é ao mesmo tempo uma afecção do corpo, algo sentido como uma sensação ou experiência, e uma afecção da alma, uma ideia, que aumenta ou diminui, ajuda ou contraria a potência de agir do ser. A origem dessas afecções, segundo ele, está no encontro com outros seres, que são exteriores, e com os quais se estabelece relações de conflito, união, etc.

Espinoza afirma que é da natureza de todos os corpos, incluindo o humano, afetar e ser afetado por outros corpos. Assim, no encontro temos o efeito de um corpo sobre o outro; um corpo agindo sobre o outro e acarretando modificações na potência de agir de cada um dos envolvidos.

Quando falamos de potência falamos de relações energéticas, de forças que agem uma sobre a outra. A vida é uma dança constante de encontros a partir dessas relações. Se nessa dança, os corpos combinam, se movem como uma unidade, as forças se somam e acontece um aumento de sua potência, gerando alegria, que se traduz em ação.

Para o filósofo, esse é o bom encontro. Porém, se na dança os corpos não acertam o ritmo, se desencontram, uma força impede a ação da outra e, consequentemente, a deteriora, o que leva ao enfraquecimento e diminuição de potência. Esse enfraquecimento gera tristeza, que se manifesta como falta de ação, passividade. Daí resulta o mau encontro.

Não raramente, mantemos relações que nos trazem mais frustrações do que contentamento, que mais sugam do que nos alimentam de energia, e não cessam em criar obstáculos ao nosso potencial de ser e realizar no mundo. Também não raramente, custamos a conhecer ou reconhecer isso como verdade, e nos mantemos na vida dançando ao ritmo desses maus encontros.

Afirma Espinoza, a saída está na lucidez, na capacidade da mente de analisar seus afetos, e usar a razão para não se perder nesse encadeamento das paixões tristes. Conhecer a fundo nossa relação com o mundo é ter a chance de escolher melhor nossos encontros, ser ativo na geração dos afetos, e alimentar nossa potência em ato para ser e agir.

Ser ativo na geração dos afetos é dizer fim aquele relacionamento falido, dizer não para aquele convite que é a entrada para futuras frustrações, é dar aquele “unfollow” necessário… É o autoconhecimento e o reconhecimento de nosso valor e a escolha pela união com aqueles que poderão nos acompanhar em nosso caminho de evolução e realização.

E aí, você acredita?!

E aí, você acredita?!

Imagem de capa: B.Kristina, Shutterstock

Você realmente acredita, do fundo do seu coração, que não existe impossível, que milagres acontecem, que a magia é real? Já parou para olhar ao redor?!

Sabe aquele sonho que os outros consideram impossível de se realizar?
Sabe aquele desejo por algo mais, por algo maior, que habita os recônditos mais profundos do seu ser?

Sabe aquela vontade, imensa, de que as coisas se acertem e tudo, finalmente, comece a fluir tal como previsto no seu íntimo script?
Sabe aquela ânsia para que comece a dar certo para todos, que o planeta mude completamente a rota e o universo conspire a favor da prosperidade e da abundância geral?

E aí, você acredita que possa dar certo?!
Você, de fato, já se fez essa pergunta?
Sim, porque não adianta ter tudo isso guardado dentro de si se não investir, periodicamente, uma esperança, uma energia, um amor para que possa se materializar.

E se quem comanda essa coisa toda está esperando você tomar uma posição firme para te recompensar?
Você se acha merecedor? Se sim, porque acredita que possa haver alguma coisa impossível? E é impossível para quem? Para aqueles sem rumo, sem fé, sem perspectiva nenhuma na vida? E o que você tem a ver com eles?!

Os milagres estão aí, todos os dias temos algum para contemplar, é só olhar ao redor!
E sabe por que eles aconteceram para aquelas pessoas? Porque elas acreditaram! Elas fecharam os ouvidos para qualquer coisa que não fosse positiva! Elas fizeram por merecer!

E, então, você é uma pessoa de fé? Daquelas que não titubeia, que a coisa pode parecer piorar, que tudo pode aparentar ir para trás, mas não esmorece, pois sabe que vai chegar a hora em que tudo vai DAR CERTO!

Se ainda não aconteceu, tem um motivo! Acalme-se!
E se aconteceu diferente do que você esperava, vai fazer sentido, não tenha dúvida! Agora ou logo ali na frente…
Sabemos tão pouco das coisas, fazemos parte de um plano muito maior, temos que confiar!

A MAGIA está aí, corre solta pelos nossos dias atarefados, nossos trabalhos atrasados, nossas dores de cabeça, nossos pesares com o passado e ansiedades com o futuro… Nós apenas não prestamos atenção!

Se pararmos um minuto que seja, diariamente, para olhar ao redor, para olhar para o céu, para olhar para si, veremos que tudo é mágico, que tudo é divino, que TUDO É POSSÍVEL!
A vida, por si só, é algo misteriosamente fascinante e inexplicável!

E por que você, tendo essa oportunidade, vai questionar a possibilidade do que quer que seja?!
Apenas pare, respire, enxergue. E sinta.
Definitivamente, creia!

Sem angústias, sem questionamentos, sem necessidade de explicações, de lógicas, de probabilidades, de ansiedade…
Está na cara, é fato, é POSSÍVEL!
Eu acredito! E você?!

INDICADOS