Escrito e dirigido por você

Escrito e dirigido por você

Você pode até achar que não, mas a vida não é muito diferente de um roteiro feito em Hollywood. Mas ao contrário das narrativas de grandes produções, a sua história talvez esteja mais para uma produção independente e de baixo orçamento. Ainda assim, não é motivo de desespero para interromper o que já foi escrito até aqui. Existe sempre a possibilidade de reescrevermos o nosso filme e a nossa felicidade. Para isso, escolhas.

Dizem que um bom script precisa mostrar a que veio nos quinze primeiros minutos. Claro que na bagagem real, não funciona assim. Coloquemos aí, um tempo em relação aos quinze primeiros anos da sua vida. A infância é inocente, cheia de belezas e cores que podem destrinchar sob inúmeros caminhos. É tudo um sonho abstrato. Já na puberdade, as primeiras tramas. Romances, intrigas, responsabilidades e mais uma penca de subtramas que levam o espectador a roer unhas. Para muitos, uma fase difícil. Um intervalo que intercala sobriedade com momentos de loucura. Eu sei, é quase um cinema anos 80. Você tem razão de pensar nisso.

O instante divisor é quando chegamos no recheio, no conteúdo da história. A partir daí, a idade deixa de ser uma experiência tão confusa e toma o lugar para novas direções, novos voos. Assim como na película, você conhece os questionamentos reais que devem conduzir o restante da sua vida. Trabalho, amor, religião, família e trivialidades. Tudo é possível no tempo concedido. Para onde você vai? Com quem você vai ficar? O que você pretende fazer para ser independente? Qual o sorvete que você mais gosta?

Das perguntas mais complexas até as mais bobas, um mar infinito de respostas e tantos outros pontos de interrogação. Mas a vida é isso, um roteiro de início, meio e fim. Todavia, só passamos pelo início e, no presente, estamos no meio. O final não foi fechado ou imposto. Nenhum executivo engravatado decidiu qual será o desfecho do seu filme. Apenas você, em qualquer dia e qualquer hora, sabe e pode almejar o próprio futuro. Novamente, escolhas.

O “the end” depende das virtudes que você carrega no coração. Depende das cores que você enxerga nas adversidades que a vida coloca e que taxamos de vilanesca. Depende dos sentimentos que você deposita, a cada instante, nos gestos e nas outras personagens que lhe cercam. Depende, principalmente, da sua disposição para abraçar o novo. Depende de você reconhecer que, não importam os cenários, trilhas e tempos situados, o filme da sua vida é nada mais nada menos que escrito e dirigido por você. Sempre.

Compreensivo mesmo é quem compreende o outro e aceita se não for compreendido.

Compreensivo mesmo é quem compreende o outro e aceita se não for compreendido.

Imagem de capa: BlueRingMedia/shutterstock

Outro dia ouvi alguém dizer assim: “eu compreendo você e exijo que você me compreenda também”, o dedo em riste, a jugular saltada, um olhar de fogo fulminando seu interlocutor.

Era uma dessas discussões improdutivas, sem pé nem cabeça, sem começo nem fim, provocadas por um sujeito aparentemente sem mais o que fazer. Deu vontade de entrar na briga e argumentar: “moço, não seja bobo! Toque sua vida em frente e deixe o outro compreender o que quiser”!

Mas eu tenho a impressão de que ele não ia entender nada.

Compreendi então que era melhor ficar quieto e pensar no assunto. E me dei conta do quanto a compreensão é um negócio difícil.

Fosse o ser humano mais simples, a gente não complicava tanto e chegava logo à conclusão mais evidente do mundo: compreender o outro é aceitar que talvez ele nunca nos compreenda. Não há mais o que fazer a respeito. Compreender é uma opção de cada um. Ser compreendido é uma eventualidade. Mas não. Somos uma espécie complexa e delicada, incapaz de aceitar o óbvio.

Sejamos razoáveis. Você e eu não somos donos da compreensão de ninguém. Logo, só nos cabe compreender que nem sempre seremos compreendidos, aceitar que nem sempre seremos aceitos, tolerar que há sempre alguém disposto a não nos tolerar por perto.

Não se manda na compreensão do outro, não. Ele compreende o que quiser e o que puder, se quiser e se puder.

O máximo que nos resta é tentar fazer com que o outro nos ouça, nos escute. É nos fazer entender. Agora, se ele vai nos compreender ou não, já não é de nossa alçada.

Gente compreensiva de verdade não bate o pé exigindo reciprocidade. Isso não é ser compreensivo. É ser birrento e infantilóide.

Se não somos aceitos no lugar onde estamos, mudemos de lugar. Não é fácil. Mas é ofício de todo ser racional assimilar quando nosso canto no mundo não é aquele, quando nossa turma é outra e quando seguir adiante é questão de sobrevivência.

Tanta gente por aí cobrando a compreensão alheia me dá vontade de entrar na briga e replicar: “hellow-ow!”. Quem tanto cobra a compreensão do vizinho esquece de tornar compreensivo a si mesmo. Compreender é uma escolha e uma postura de cada um! Eu tento compreender o outro e não exijo que a recíproca seja verdadeira. Se cada um fizer a sua parte, quem sabe um dia sejamos capazes de compreender uns aos outros.

Mas eu tenho a impressão de que eles não iam entender nada.

Esta construção enganará seus olhos e fará você repensar suas percepções

Esta construção enganará seus olhos e fará você repensar suas percepções

Gijs Van Vaerenbergh é o nome da empresa de arquitetura responsável pela construção do projeto ‘Lendo nas Entrelinhas’:  uma igreja localizada em Borgloon, Bélgica.

O objetivo do projeto é surpreender as percepções de quem olha a igreja por diferentes ângulos e perspectivas.

A obra, construída em 2011, utilizou 30 toneladas de aço divididos em 100 camadas de empilhamento minuciosamente estudado para promover o efeito ilusório e transparente almejado

Confiram os resultados:

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Fotografia Filip Dujardin
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A vida só cresce se você abrir espaço

A vida só cresce se você abrir espaço

Imagem: Nadiia Kalameiets/Shutterstock

Quantas vezes achamos a vida chata, tediosa, arrastada, atrasada… E provavelmente, é assim mesmo que a vida está.

Não é tarefa fácil oxigenar a vida. A gente tende a observar mais do que agitar, e, às vezes, sequer reparar.

A vida precisa de espaço, de terreno livre, de boa luz e grandes planos! Ela só cresce se você retirar as barreiras, mover os entraves, afastar as sombras e limpar a bagunça.

Uma vida em expansão clareia as ideias, traz consigo muitas inspirações, organiza o tempo para haver tempo para tudo. A vida em crescimento fica leve, flutua, inspira mudanças e novos objetivos.

Mas, sem espaço, ela murcha, encolhe, entristece e até morre.
A vida sem vida é depressão. A depressão é a vida consciente de que foi vida, mas que não sabe voltar a ser.

Luta-se para conquistar muitas coisas. Antigamente, territórios. Nos dias de hoje, bens e sonhos de consumo. Mas, sem espaço para vida, terão seus valores reduzidos até o ponto de nada valerem se a vida estiver sem graça.

E quantas vezes a vida se manisfesta, sábia, de graça! Naquele momento em que ela encontra um espaço, no meio do caos diário, respire fundo e cresce!

A vida é semente, terra, fertilizante e regador. De nós, ela só pede o vaso, a jardineira, um cantinho ou o jardim. O que vai determinar o seu crescimento é o que vamos oferecer de espaço.

Escolher entre ter para somente si ou ceder para a vida multiplicar. E ainda ter vida para enfeitar o jardim de quem não consegue enxergar além das pedras.

Jamais concorde somente para agradar!

Jamais concorde somente para agradar!

Imagem Ollyy/Shutterstock

Não vale a pena, não compensa, nem recompensa.
Nem mesmo para impressionar, garantir um lugar, um placar, uma esperança.

Concordar para agradar é perder todo e qualquer poder de decisão, é entregar-se ao que favorece ao outro, evitar a contrariedade alheia, ainda que passando por cima de si mesmo.

Quem merece afinal essa concordância absolutas? Companheiros, filhos, amigos, chefes, ídolos, mitos, deuses e forças sobrenaturais?

A quem se dedica a morte de uma escolha própria?
De quem se cobra o preço de uma obediência cega?
Concordar é consentir. Consentimento carrega enorme responsabilidade.

Se alguém te chantageia para obter concordância, saiba que, ao concordar pela primeira vez, se iniciará um processo sem fim, dominador, tirano.

Se alguém te suplica concordância e sinaliza que talvez o afeto diminua em caso de negativa, esteja ciente de que a moeda de troca já está há muito desvalorizada.

Se alguém faz manha e manobras para arrancar a sua concordância, enxergue nessa atitude todo o egoísmo que ela carrega, e não espere um retorno na mesma medida, porque não acontecerá. Eduque, se possível, discordando.

Quem não aceita uma opinião contrária, uma negativa legítima e argumentada, um outro ponto de vista, jamais libertará quem, um dia, concordou somente para não decepcionar.

Pratique o posicionamento natural, o enquadramento de suas preferências em qualquer contexto que seja. Desde a negativa necessária à criança pequena que faz birra para conseguir o que quer, até mesmo às relações de amizade e intimidade.

Citando a velha e verdadeira frase: Um negócio só é bom quando é para ambas as partes. Esse é o caso em que todos concordam e todos ganham. Fora disso, só resta a tirania e a covardia.

A verdade tem muita força, ela vaza por todas as frestas

A verdade tem muita força, ela vaza por todas as frestas

Quem conta uma mentira raramente se dá conta do pesado fardo que toma sobre si. Para manter uma mentira, muitas vezes é preciso inventar outras vinte.

Mentir requer uma concentração absurda. A história precisa convencer o outro, precisa fazer algum sentido, ainda que minimamente. E, para que o enredo não fique sem pé nem cabeça, aquele que mentiu vai colecionando argumentos.

O problema desses argumentos é que eles carecem de solidez. Uma vez que foram criados para alicerçar tardiamente, uma inverdade que se disse por impulso ou premeditação, são frágeis e artificiais.

A mentira pode vir a se tornar um hábito. Há pessoas que as usam como acessórios; enfeitam fatos ou vivências reais com alegorias falsas, na tentativa de dar às suas histórias ou memórias pessoais uma aparência mais interessante.

E de tanto “florear” a realidade, a vida da pessoa vai sendo transformada num jardim de flores de plástico. As experiências reais, relegadas a pano de fundo, perdem o viço e a importância.

Aos poucos, a pessoa que “aumenta”, mesmo sem perceber, vai deixando de investir em vivências ricas de significados, porque se habitou a enriquecê-las depois, com detalhes que variam de acordo com a intenção ou necessidade.

Há ainda aqueles que mentem com tanta convicção que as memórias acabam virando uma mistura caótica de coisas que realmente aconteceram, outras que aconteceram, mas não exatamente daquela forma e outras, que são uma completa ficção.

A perda do contato com as experiências reais produz indivíduos rasos e pouco confiáveis. O comportamento daqueles que se habituam a inventar, sai facilmente dos trilhos e acaba descambando para a falta de noção. E há poucas coisas tão constrangedoras quanto ficar desacreditado.

Todo mundo mente? Ahhhh.. sim. Circunstancialmente todo mundo vai acabar contando uma mentirinha aqui, outra ali. Até porque, tem verdades que é melhor a gente guardar numa gavetinha secreta qualquer. Aquelas gavetinhas da mente sem comunicação com a língua, sabe?!

A verdade a verdade mesmo. Não a minha verdade, a sua verdade, a do padre, do terapeuta, ou de qualquer outro tipo de guru autoproclamado. A verdade, que existe a despeito do quanto a gente acredita ou questiona; essa daí tem muita força. É um curso d’água em queda livre. Invade tudo e acaba vazando por todas as frestas. E as mentiras que se preparem junto com seus idealizadores; mais dia, menos dia, acabarão afogadas ou carregadas para bem longe das maravilhosas realidades que foram impedidas de brotar.

Imagem de capa -meramente ilustrativa- personagens da série “Pretty little liars”

“Estamos todos numa multidão e numa solidão ao mesmo tempo”

“Estamos todos numa multidão e numa solidão ao mesmo tempo”

Imagem de capa: Rob Z/Shutterstock

“Estamos todos numa multidão e numa solidão ao mesmo tempo”, disse Zygmunt Bauman. Uma frase aparentemente contraditória que elucida os relacionamentos modernos.

Em um mundo cada vez mais conectado, é de se estranhar a tamanha solidão que nos forma. Desse paradoxo, Bauman tirou a sua emblemática frase, uma vez que estava atento para a relação entre esses dois fatores.

É indiscutível os grandes avanços que o desenvolvimento tecnológico permitiu, principalmente, no que tange às tecnologias da informação. Entretanto, é preciso, como fez o sociólogo polonês, estar atento às problemáticas trazidas e/ou potencializadas a partir do desenvolvimento tecnológico.

Para ele, o grande atrativo dos relacionamentos desenvolvidos no meio virtual, as “amizades Facebook”, está na facilidade em desconectar que estas possuem, dispensando todo o desgaste que uma relação concreta exige. De fato, a internet permite que amizades sejam construídas e desconstruídas em um clique, todavia, isso não é um fato que se resume à internet, podendo ser tranquilamente aplicado às relações “concretas”. Dessa maneira, o Facebook e toda a parafernalha tecnológica desenvolvida “apenas” potencializaram a dificuldade existente em nós de criar laços.

Apesar de não ser a causa propriamente dita, as tecnologias da informação não perdem o seu caráter problemático e contraditório percebido por Bauman, já que sendo aportes criados para promover a conexão, é contraditório como as suas próprias estruturas estimulam a desconectabilidade entre as pessoas. Mas, novamente, isso só acontece em função da nossa formação enquanto indivíduos, sendo, portanto, o maior (ou real) problema o homem e não a máquina.

Sendo assim, o problema deve ser encarado como um via de mão dupla, uma vez que o mundo virtual e o mundo real estão interligados, e a peça de ligação é o homem, de modo que se há condições para uma maior aproximação entre as pessoas, seja entre pessoas que se conhecem no mundo real (pois muitos dos nossos contatos no mundo “online” também existem no mundo “off-line”), seja entre pessoas que se relacionam “apenas” virtualmente, e isso, verdadeiramente, não ocorre, o epicentro do problema não está nos meios de comunicação, mas em quem sustenta, ou tenta sustentar, esses meios, inclusive, o olho no olho.

A questão é que não estamos dispostos a nos esforçar por qualquer relação, não queremos esperar o tempo de preparo, não queremos semear, e, dessa forma, nos adaptamos rapidamente aos “relacionamentos Facebook”, como também, passamos a “compartilhar” a nossa experiência virtual no âmbito físico. Isso ocorre porque ao não estarmos dispostos a nos empenhar em uma relação, acabamos por não conseguir nos conectar verdadeiramente a alguém e, consequentemente, dividir emoções, sentimentos, alegrias, sofrimentos, que é o que permite que uma relação verdadeira seja criada.

Pouco importa, assim, se a relação existe no mundo concreto, ela é tão líquida quanto a amizade que acabou de ser feita com alguém que mal se sabe quem é em uma rede social. O problema, portanto, não está no meio em que a relação foi desenvolvida, e sim, no meio em que ela se sustenta, se existe troca de afeto, de palavras, se há abertura para que qualquer coisa seja dita, para que confissões sejam feitas.

Isso é o que define uma relação, o modo como as pessoas que se relacionam se portam diante dela, em como elas fazem para que ela seja nutrida. Entretanto, não agimos dessa maneira e, por conseguinte, possuímos relações tão frágeis, que não possuem qualquer capacidade de retirar-nos da solidão, embora as redes sociais aparentem a grande conectividade que possuímos.

Nesse ponto reside outro elemento de destaque e de interesse dos relacionamentos virtuais, a maquiagem que ela promove na nossa solidão, demonstrando, aparentemente, uma ideia falsa de rede. Contudo, como toda maquiagem, ela sai com agua… ou com lágrimas, deixando vir à tona a solidão que em momento algum deixou de existir.

Posto isso, a solidão não deixou de existir porque temos milhares de amigos no Facebook ou porque conseguimos falar com um número gigante de pessoas por meio do WhatsApp. A solidão não deixou de existir porque ainda somos (e, parece-me, que estamos “evoluindo” nisso) “incapazes” de nos ligar à outra pessoa e, então, experimentar a beleza da pluralidade.

Ao contrário da solidão, as multidões aumentam, com a sua “capacidade” ludibriadora, fantasiando relacionamentos frágeis com máscaras de conectividade. Apesar de problemático, há pouco incômodo, porque as multidões, como disse, só fazem crescer.

Multidões online cheias de solidões off-line, corpos próximos com almas distantes, mundo cheio de paradoxos, de distâncias próximas, de homens que mesmo estando na multidão, sentem-se sozinhos. Só mesmo uma resposta aparentemente contraditória para esclarecer uma mentira com aparência de verdade.

La La Land: o encanto é mais intenso

La La Land: o encanto é mais intenso

Apesar de Hollywood ter uma predileção por musicais, historicamente, não foram todos que puderam ser chamados de inesquecíveis. Porque é um gênero difícil, onde o público precisa estar em sintonia com a narrativa apresentada e, mais do que isso, ter a sorte de estar no lugar certo, no tempo certo. Felizmente, assim é La La Land.

Damien Chazelle faz parte de uma safra exclusiva. Não há, em ascensão hoje, alguém que mescle habilidades técnicas com um sentir tão honesto e nostálgico nos seus roteiros. O que pode soar clichê para muitos, na verdade move todo o trabalho do jovem cineasta de 31 anos (32 no próximo dia 19 de janeiro). Premiado pelo cultuado Whiplash, Chazelle teve que esperar o sucesso do longa para ouvir um “sim” ao universo de La La Land. O importante é que ele chegou e trouxe uma experiência das mais puras e românticas de todos os tempos da sétima arte.

Logo de cara, cantorias e coreografias alegres. O plano aberto, as cores, o sincronismo, nada entrega ou mesmo prepara o espectador para o que está por vir. Somos apresentados para Emma Stone e Ryan Gosling, respectivamente, Mia e Sebastian. Ela, uma atriz aspirante. Ele, um músico de jazz sem lar. Do encontro banal, o início de outros encontros urgentes e sentimentais. Através das estações do ano, La La Land culmina em atos diversos. Ora para falar de amor, ora para falar de música. Noutras, cinema. O ponto em comum entre tantos assuntos? Sonhos.

Nas atuações poéticas de Gosling e Stone, particularmente, ela memorável e de fazer transpirar o coração. Talvez, desde Ingrid Bergman, beleza, carisma e uma chama artística não estivessem tão recorrentes como estão na ruiva de olhos expressivos. Um Gosling seguro, inspirado e remontando o jazz na sua essência e paixão. Cenários estonteantes, uma fotografia saída dos versos mais preciosos, uma direção avidamente semelhante aos grandes do passado, mas embutida de uma sutileza rara, única.

La La Land é sobre tudo. É gratidão, completude, essência, homenagem, referência, urgência, vida e um amor declarado. Exposto e sem medo algum de possíveis descaracterizações, Chazelle criou o ambiente propício dos apaixonados, dos que não desistem de serem arrebatados, dia após dia, por essa explosão eufórica, inocente e resiliente de amor.

Boas notícias: SUS passa a oferecer práticas como meditação, reiki e musicoterapia

Boas notícias: SUS passa a oferecer práticas como meditação, reiki e musicoterapia

Imagem de capa: fizkes/ Shutterstock

A Portaria do Ministério da Saúde , no. 145 de 12 de janeiro de 2017, traz boas notícias para os amantes de práticas preventivas, meditativas e tratamentos com enfoques alternativos à medicalização através da ampliação de sete novos procedimentos no SUS: Arteterapia, meditação, musicoterapia, tratamento naturopático, tratamento osteopático, tratamento quiroprático e Reiki

Desde 03 de maio de2006, pela Portaria nº 971/GM/MS, havia a aprovação de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde.

Segundo o Departamento de Atenção Básica (DAB), em 11 anos da implantação das Práticas Integrativas e Complementares (PICs), pode-se destacar o interesse crescente da população por uma forma de atenção humanizada e de cuidado singular, iniciando o desenho de uma nova cultura de saúde e a ampliação da oferta destas práticas na rede de saúde pública.

Isso faz com que, gradativamente, cada vez mais cidades optem pela capacitação e contratação de profissionais da área.

Os cidadãos devem buscar informações sobre os serviços disponíveis em suas cidades junto aos órgãos de saúde pública local.

Abaixo, ainda com dados do DAB, segue lista e breve descrição das práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS).

Fitoterapia
A fitoterapia é um tratamento terapêutico caracterizado pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. A fitoterapia constitui uma forma de terapia que vem crescendo notadamente neste começo do século XXI.

Acupuntura
A acupuntura é uma prática que compõe a Medicina Tradicional Chinesa. Criada há mais de dois milênios, é um dos tratamentos mais antigos do mundo. Diferentes abordagens para o diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças são realizadas, entretanto o procedimento mais adotado no mundo atualmente é o estímulo da pele por agulhas metálicas muito finas e sólidas, manipuladas manualmente ou por meio de estímulos elétricos.

Homeopatia
Homeopatia é um sistema terapêutico que envolve o tratamento do indivíduo com substâncias altamente diluídas, principalmente na forma de comprimidos, com o objectivo de desencadear o sistema natural do corpo de cura. Com base em seus sintomas específicos, um homeopata irá coincidir com o medicamento mais adequado para cada paciente.

Medicina antroposófica
A Medicina antroposófica é um sistema terapêutico baseado na antroposofia que integra as teorias e práticas da medicina moderna com conceitos específicos antroposóficos. Utiliza, terapias físicas, arteterapia e aconselhamento, além de medicamentos antroposóficos e homeopáticos. A abordagem terapêutica tem o seu fundamento em um entendimento espiritual-científico do ser humano que considera bem-estar e doença como eventos ligados ao corpo humano, mente e espírito do indivíduo, realizando a abordagem holística (“salutogenesis”) que enfoca os fatores que sustentam a saúde humana através do reforço da fisiologia do paciente e da individualidade, ao invés de apenas tratar os fatores que causam a doença. A autodeterminação, autonomia e dignidade dos doentes é um tema central; terapias são acreditadas para aumentar as capacidades de um paciente para curar.

Termalismo/crenoterapia
O termalismo é um método natural de tratamento que recorre às águas minerais e/ou termais para fazer as curas. A variedade de componentes químicos e propriedades físicas da água e o seu equilíbrio permite obter propriedades que ajudam a recuperação da saúde. O termalismo engloba também todo um conjunto de tratamentos à base de produtos naturais retirados da nascente, como vapores, gases e lamas.O recurso à água como agente terapêutico foi iniciado pelos povos que habitavam nas cavernas, depois de observarem o que faziam os animais feridos.

Arteterapia
Uma atividade milenar, a arteterapia é um procedimento terapêutico que funciona como um recurso que busca interligar os universos interno e externo de um indivíduo, por meio da sua simbologia. É uma arte livre, conectada a um processo terapêutico, transformando-se numa técnica especial, não meramente artística. É uma forma de usar a arte como uma forma de comunicação entre o profissional e um paciente, assim como um processo terapêutico individual ou de grupo  buscando uma produção artística a favor da saúde.

Meditação
A meditação é uma prática milenar descrita por diferentes culturas tradicionais. Tem como finalidade facilitar o processo de autoconhecimento, autocuidado e autotransformação e aprimorar as interrelações – pessoal, social, ambiental – incorporando à sua eficiência a promoção da saúde. Amplia a capacidade de observação, atenção, concentração e a regulação do corpo-mente-emoções.

Musicoterapia
Prática integrativa que utiliza a música e/ou seus elementos – som, ritmo, melodia e harmonia – num processo facilitador e promotor da comunicação, da relação, da aprendizagem, da mobilização, da expressão, da organização, entre outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de atender necessidades físicas, emocionais, mentais, espirituais, sociais e cognitivas do indivíduo ou do grupo.

Tratamento naturopático
A Naturopatia é um sistema terapêutico que utiliza métodos e recursos naturais, para apoio e estímulo à capacidade intrínseca do corpo de recuperação da saúde.

Tratamento osteopático
A osteopatia é método diagnóstico e uma forma de tratamento manual das disfunções articulares e teciduais, muito utilizado em condições dolorosas da coluna cervical e dos membros superiores. Através de técnicas de manipulação, stretching, mobilização, tratamentos para a ATM, e mobilidade para vísceras, aos poucos vai melhorando a mecânica dessas articulações, órgãos e tecidos, fazendo com que os sintomas venham regredindo a medida do tempo.

Tratamento quiroprático
A Quiropraxia é uma prática que se dedica ao diagnóstico, tratamento e prevenção das disfunções mecânicas no sistema neuromusculoesquelético e os efeitos dessas disfunções na função normal do sistema nervoso e na saúde geral. O tratamento de quiropraxia é dividido basicamente em três etapas. A primeira visa eliminar ou reduzir os sintomas da subluxação (desalinhamento da coluna), a segunda a estabilização e por último a manutenção que progredir com o bem estar.

Reiki
O Reiki é a canalização da frequência energética por meio do toque ou aproximação das mãos e pelo olhar de um terapeuta habilitado no método, sobre o corpo do sujeito receptor. A terapêutica objetiva fortalecer os locais onde se encontram bloqueios – “nós energéticos” – eliminando as toxinas, equilibrando o pleno funcionamento celular, de forma a restabelecer o fluxo de energia vital – Ki. A prática do Reiki responde perfeitamente aos novos paradigmas de atenção em saúde, que incluem dimensões da consciência, do corpo e das emoções.

Terapia Comunitária
A Terapia Comunitária atua em espaço aberto à comunidade para construção de laços sociais, apoio emocional, troca de experiências e prevenção ao adoecimento. Ao produzir a diminuição do isolamento social e ao produzir uma matriz móvel permite um espaço de troca e apoio social o qual funciona como alicerce para a produção de redes sociais e a transformação microrregional. A técnica se divide em cinco passos semi-estruturados – acolhimento, escolha do tema, contextualização, problematização, rituais de agregação e conotação positiva – fáceis de aprender e de se difundir como instrumento de promoção da saúde e autonomia do cidadão.

Dança Circular/Biodança
Biodança é um sistema de integração e desenvolvimento humano, um sistema baseado em experiências do crescimento pessoal induzido pela música, movimento e emoção. Esta terapia utiliza exercícios e músicas organizados, a fim de aumentar a resistência ao estresse, promover a renovação orgânica e melhorar a comunicação. Sua metodologia é induzir experiências de integração por meio da música, do canto, do movimento criando situações que facilitam a reunião em nível de relacionamento interpessoal.

Dança Circular é uma prática de dança em roda, tradicional e contemporânea, originária de diferentes culturas que favorece a aprendizagem e a interconexão harmoniosa entre os participantes. As pessoas dançam juntas, em círculos e aos poucos começam a internalizar os movimentos, liberar a mente, o coração, o corpo e o espírito. Por meio do ritmo, da melodia e dos movimentos delicados e profundos os integrantes da roda são estimulados a respeitar, aceitar e honrar as diversidades.

Yoga
Trabalha o praticante em seus aspectos físico, mental, emocional, energético e espiritual visando à unificação do ser humano em Si e por si mesmo. Constitui-se de vários níveis, sendo o Hatha Yoga um ramo do Yoga que fortalece o corpo e a mente através de posturas psicofísicas (ásanas), técnicas de respiração (pranayamas), concentração e de relaxamento. Entre os principais benefícios podemos citar a redução do estresse, a regulação do sistema nervoso e respiratório, o equilíbrio do sono, o aumento da vitalidade psicofísica, o equilíbrio da produção hormonal, o fortalecimento do sistema imunológico, o aumento da capacidade de concentração e de criatividade e a promoção da reeducação mental com consequente melhoria dos quadros de humor, o que reverbera na qualidade de vida dos praticantes.

Oficina de Massagem/Automassagem
Diversas culturas utilizam as massagens no cuidado em saúde, a automassagem tem a finalidade de manter ou restabelecer a saúde, por meio da promoção do equilíbrio da circulação de sangue e de energia por todas as partes do corpo. É realizada pelo próprio sujeito, por meio de massagens de áreas e/ou pontos de acupuntura no seu corpo.

Auriculoterapia
A auriculoterapia é uma terapia que consiste na estimulação com agulhas, sementes de mostarda, objetos metálicos ou magnéticos em pontos específicos da orelha para aliviar dores ou tratar diversos problemas físicos ou psicológicos, como ansiedade, enxaqueca, obesidade ou contraturas. A auriculoterapia chinesa faz parte de um conjunto de técnicas terapêuticas, que tem como base os preceitos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Acredita-se que tenha sido desenvolvida juntamente com a acupuntura sistêmica (corpo), que é, atualmente, uma das terapias orientais mais populares em diversos países e tem sido amplamente utilizada na assistência à saúde.

Massoterapia
A massoterapia é um termo que engloba diversas técnicas terapêuticas, cujo objetivo é melhorar a saúde e prevenir alguns desequilíbrios corporais. Por meio do ato de tocar regiões do corpo de uma pessoa, realizando movimentos fortes ou sutis, é possível trabalhar os aspectos físicos e mentais de cada um. A prática, baseada em técnicas de massagens relaxantes, estéticas ou terapêuticas inspiradas no oriente e no ocidente, é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Pessoas boas costumam se ferrar, mas sempre estão felizes

Pessoas boas costumam se ferrar, mas sempre estão felizes

Mesmo que soe a clichê, a filosofia de botequim, não dá para fugirmos à constatação de que a bondade é a porta de entrada de incontáveis decepções. Porque o mundo atual vale-se da distorcida esperteza como válvula de sucesso, ou seja, muitos usam dessa esperteza com má fé, justamente em relação àqueles que confiam neles, àqueles que ingenuamente julgam o coração de todo mundo de acordo com o próprio.

E, por pessoa boa, não se relaciona, aqui, a alguém bonzinho, mas a uma pessoa com olhos limpos e generosos, com mãos que se estendem, com ouvidos atentos e coração leve. Trata-se daquele tipo de pessoa que não se nega a ajudar, que compartilha conhecimento, que divide riquezas da alma, sem apego emocional. Desapegam-se de si mesmas, porque somente se sentem humanas quando são parte de um todo.

São aqueles amigos que nunca demonstram desinteresse por nós, os colegas de trabalho que não são capazes de guardar para si algum tipo de conhecimento, os familiares que se lembram de nós mesmo do outro lado do mundo. Pessoas boas, gratas, sensíveis, com empatia suficiente para saírem de seus mundos e abraçarem o mundo de qualquer pessoa que precise de algo.

Infelizmente, quem possui uma essência por demais bondosa inevitavelmente será vítima do mau uso de suas ofertas por parte daqueles que só pensam em se aproveitar, em maldizer, em puxar tapetes, passando por muitas situações difíceis em que terá que confrontar o bem que possui com o mal que rodeia sua vida, a nossa vida, a vida de quem quer que seja. Triste, mas inevitável, a doçura da amabilidade sempre encontrará a contrariedade ferrenha do ódio amargo dos infelizes.

Pessoas bondosas costumam acreditar no melhor de cada um, pintando a vida com as cores leves da humildade e do acolhimento, desejando a felicidade alheia, pois querem que todos sejam tão felizes quanto elas próprias se sentem. E, ao longo do percurso, irão se deparar com o pior do ser humano, com a mentira, com a inveja, com a mesquinhez, com o mau-humor e a maldade daqueles que jamais serão capazes de sorrir com gratidão.

Mesmo assim, continuarão a sorrir, a caminhar tranquilamente, a acordar com o propósito de ser e de fazer gente feliz, porque é assim que sua alma se torna cada vez mais rica e agraciada com as bênçãos que só quem é alegre com verdade está pronto para receber. Todos os dias.

Imagem de capa: nelen, Shutterstock

Que gato preto? Eu tenho medo é das mulas no meio do caminho!

Que gato preto? Eu tenho medo é das mulas no meio do caminho!

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Com todo respeito à superstição alheia, esse negócio de discriminar os gatos pretos já deu, né? Enquanto evitamos cruzar o caminho dos felinos de pelagem negra, uma multidão de mulas, antas e outros animais de péssimo caráter atenta contra a nossa sorte todos os dias e nós fingimos nem perceber.

No trânsito, animais de teta se habituaram a romper o sinal vermelho, ignorar os limites de velocidade, ultrapassar outros veículos em trechos proibidos. E se acontece uma desgraça, um crime é tratado como acidente, imprevisto, falta de sorte, essas coisas que acontecem quando o motorista cruza com um gato preto no caminho.

Uma moça de minissaia é estuprada numa festa e uma manada de imbecis concorda que a culpa do crime é dela própria. Quem mandou usar a roupa errada no lugar errado? Então o rebanho baba de aprovação, os números da violência galopam montanha acima e os jumentos rebusnam que isso tudo é porque a bruxa está solta.

Roubaram seu carro e ele não tinha seguro? Escolheram outra pessoa para o emprego que você queria porque o seu inglês é fraco? A pessoa amada cansou da sua companhia e foi embora? Liga não. É só uma fase de má sorte.

A mesma de muitas moças que, pressionadas pela sociedade, as convenções, o “relógio-biológico” e, quase sempre, por suas próprias famílias, casam-se com o primeiro “bom moço”, um príncipe encantado que depois se transforma num sapo enorme e violento com mania de agredi-las na privacidade de suas casas. Má sorte. Não há o que fazer senão fugir dos gatos pretos que enchem as ruas por aí.

Mas eu aposto em qualquer jogo de azar e ganho: neste instante, em algum celeiro com ar-condicionado e piso de mármore, um asno com cargo público, eleito por nós mesmos, está tramando com seus pares um jeito “legal” de aumentar o próprio salário, ainda que tire o dinheiro da saúde, da educação, da segurança e, claro, torne pior a vida de milhões de cidadãos comuns a quem só falta um pouquinho de sorte.

Acredite. As bestas quadradas e as mulas ignorantes, os asnos homofóbicos, as amebas machistas e os políticos cachorros dão muito mais azar do que toda a população de gatos pretos do mundo. Deixemos os bichinhos em paz!

Não basta conquistar, é preciso manter.

Não basta conquistar, é preciso manter.

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Não são raros os amores que começam fervorosos e acabam mais gelados que um iceberg e o motivo, acredite, não é nada surpreendente: as pessoas esquecem de manter o relacionamento que conquistaram.

Conquistar não exige muito esforço. Um pouco de paixão (acompanhada de corações acelerados, ligações diárias e saudades excessivas), de charme e romantismo conseguem isso. Mas, para manter um relacionamento as pessoas precisam de doses cavalares de paixão, amor incondicional, respeito, vontade e o mais importante: disposição para fazer dar certo.

Para começo de conversa, é necessário entender que um relacionamento possui duas vertentes: o amor e a paixão. E sim, são dois sentimentos diferentes e paralelos e, por isso, tantas pessoas os confundem. Enquanto o amor é definido pelo companheirismo, pela parceria e pela cumplicidade, a paixão á formada pelo contato da pele, pelo olhar e pela admiração. E, não, um não supre o outro.

Quando amamos temos medo de perder. Protegemos. Cuidamos. Como diz Carpinejar: “porque amor é justamente isso, é ficar inseguro, é ter aquele medo de perder a pessoa todo dia, é ter medo de se perder todo dia. É você se ver mergulhado, enredado, em algo que você não tem mais controle.”

O amor é o mais perfeito antídoto contra o egoísmo que existe. Quando amamos, de verdade, aprendemos a dividir um espaço na cama, a chave do carro, o controle da TV… a vida! E a paixão faz você ter prazer em fazer tudo isso! A paixão nos faz sentir vivos, alegres, completos. Gabriel García Marquez tinha um dos mais sensatos pensamentos sobre a paixão: “como provar aos homens o quanto estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem, justamente, quando deixam de se apaixonar?!”

O problema está em manter o que foi conquistado. Existe uma grande ilusão, criada pela sociedade, de que tudo o que foi conquistado é nosso por direito. Grande erro! Passou no concurso? Não precisa mais estudar! Casou? Não precisa mais se preocupar com a aparência. Comprou uma casa? Não precisa mais economizar. Que ilusão!

A grande verdade é que, grande parte das mulheres nunca sabem o que querem e, dos homens, é que nunca valorizam o que já possuem. Amor exige extremo cuidado e atenção diária. Não dá para, depois de uma briga, dormir em camas separadas, nem ficar sem conversar por dias, tão pouco provocar ciúmes achando que isso irá apimentar a relação.

É preciso cuidar do que nos é sagrado! Amor é coisa para gente grande. Grande de idade, alma e espírito. Drummond em toda a sua sabedoria dizia que não podíamos permitir que a rotina nos cegasse a ponto de não enxergarmos o essencial: “por isso, preste atenção nos sinais – não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.”

As pessoas se perderam um pouco nesse conceito de independência. Conquistamos o nosso espaço no mundo, atuamos em carreiras profissionais diversas, somos livres para decidir se queremos ou não casar, mas ainda continuamos carentes de amor. Não sabemos dar e receber afeto. Não sabemos amar sem ter ciúmes, não sabemos casar sem ter um papel que indique posse. Simplesmente, não sabemos!

Amor vai além de tudo isso. Amor é quando, mesmo sem precisar de ninguém para pagar seus boletos, nem opinar sobre sua vida, você deseja estar ao lado de alguém especial. Alguém disposto a fazer dar certo, sem neuras, sem traumas e sem cobranças. Resumindo: um companheiro de vida. De vida toda!

São esses os sentimentos que nos fazem começar uma história. E são eles que nos deveriam motivar a continuar. Então, pense bem…o amor pode sim acabar, mas isso, meu caro, quem decide é você.

Quando os filhos fazem as malas

Quando os filhos fazem as malas

Quanto mais tentamos controlar as pessoas, mais elas nos fogem por entre os dedos. Cada um de nós tem a necessidade de procurar nosso lugar no mundo, de acordo com o que somos e pensamos – é a nossa verdade, que pulsa por afirmação e ar puro. Nada nem ninguém conseguem nos prender, nesse sentido, por muito tempo, pois nascemos para sermos únicos, para sermos nós mesmos.

Quando se trata de filhos, porém, torna-se muito difícil, principalmente às mães, acompanhar de longe, na torcida somente, o autodescobrimento e a formação de identidade daquelas que são as pessoas mais importantes e amadas em suas vidas. Instintivamente, as mães necessitam proteger os seus filhos de qualquer ferida, pois sempre parecem doer muito mais nelas mesmas os machucados dos seus rebentos.

Com isso, fugindo à sua função de orientar, aconselhar e apoiar, acabam muitas vezes impondo aos filhos aquilo que elas esperam que eles sejam, sintam, falem e façam, até mesmo a quem devem se entregar, numa via de mão única, em que o diálogo não encontra espaço. Obviamente – e felizmente -, os filhos, mesmo que demore, irão se tornar aquilo que eles tinham de ser; irão agir da forma como eles quiserem, obedecendo aos desejos que são só deles; irão sentir de acordo com que eles possuem dentro de si; irão namorar a pessoa por quem eles se apaixonarem, a despeito da aprovação ou desaprovação dos pais.

Nesses momentos, cabe aos responsáveis o aconselhamento, o diálogo e a exposição saudável de pontos de vista, sem agressividade ou cobranças de quaisquer tipos – quanto mais baixo falamos, mais o outro nos escuta; simples assim. Os pais precisam aprender a assistir aos filhos na caminhada que lhes é destinada, deixando-os sofrer, cair, decepcionar-se, machucar-se, por mais que isso seja dolorido, pois somente assim eles aprenderão as lições de vida e serão levados a repensar, a recomeçar, valorizando e utilizando tudo o que lhes foi ensinado, desde pequeninos.

Nos momentos de dor, principalmente, e na hora certa, os filhos encontrarão apoio nos valores que adquiriram no seio de suas famílias e isso os ajudará a reerguerem o ânimo em meio às tragédias pessoais a que estão sujeitos.

Por essa razão, precisamos preencher as nossas vidas urgentemente, caso estejamos por demais incomodados com a vida do outro, pois ninguém tem o direito de impedir o caminhar e o existir alheios, nem dos filhos nem de ninguém. Excepcionalmente, quando eles estiverem adentrando por caminhos tortuosos e destruidores – como o das drogas, da violência, do crime -, a intervenção direta dos pais e responsáveis será, sim, necessária e bem vinda; caso contrário, os filhos precisam apaixonar-se pela pessoa errada, escolher o caminho mais difícil, gastar dinheiro inutilmente, enforcar aula, decepcionar-se com as pessoas, para que venham a colher amargamente as consequências e com isso aprender a ser gente melhor.

Temos que, muitas vezes, deixar a vida ensiná-los, pois ela é mais dura e incisiva do que qualquer um de nós, e todos precisamos dos tombos abruptos para nos tornarmos cada vez melhores e mais fortes.

Ter essa consciência de que os filhos devem viver à revelia dos nossos desejos e sonhos é primordial inclusive para que enfrentemos com menos pesar a síndrome do ninho vazio, como a chamam os psicólogos, quando os filhos partem com suas malas, sonhos e ilusões rumo à faculdade, ao intercâmbio, ao casamento, à vida longe dos pais. Por mais aflitivo que seja, distanciar-se e deixá-los confortáveis nessa nova etapa de vida é o melhor a se fazer.

Eles crescem, sabia? Crescem e devem aprender, por seus próprios meios – pois já carregam dentro de si, nesse momento, tudo o que achamos que eles não ouviram de nós -, a economizar para não faltar, a se dedicar aos estudos para não bombar, a respeitar para ser respeitado, a conquistar bens e dignidade no casamento, a ser solidário e humano. Interferir sem ser chamado é tolher do filho o potencial de vida e a construção de destinos que são só dele.

Assim como plantamos as sementes e observamos o fruto crescer e florescer, com podas ocasionais e água para aliviar-lhes o sufoco, devemos nos deslumbrar e nos orgulhar enquanto assistimos ao desabrochar de nossos filhos, aliviando-lhes a lida e estendendo-lhes as mãos, quando e se precisarem. Aprisionar as plantas não as fará desistir de procurar pela luz do sol; da mesma forma, controlar e sufocar os filhos não os fará desistir de lutarem por suas verdades, pela realização dos seus sonhos e concretização de seus desejos – deles e não dos pais.

Afinal, eles precisam aprender a discernir o que lhes faz bem e o que não, enquanto experimentam as coisas, as pessoas, o mundo, pois é essa vivência prática que dignifica e amadurece as pessoas, e nenhum sermão substitui isso. No mais, caso a vida se torne dura, triste e insuportavelmente pesada, será sempre um alento saber que existe um pai, uma mãe e um lar para onde podemos regressar, mesmo que somente em nossas lembranças, um lugar a que pertencemos, onde encontraremos conforto consolador, bem como força para recomeçar, sempre e incansavelmente.

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A falsidade, a inveja e outras drogas

A falsidade, a inveja e outras drogas

Caso você nunca tenha levado uma esculhambação de graça, não se preocupe. Certamente vai chegar sua vez! E a explicação para este fenômeno é muito simples: o que não falta nesse mundo é gente que curte achar defeito no outro, julgar o que o outro faz e dar opinião na vida de algum pobre desavisado só para dar uma “lustradinha” no próprio ego. O que essa gente parece não saber é que opinião é coisa preciosa; e, como tal, deve ser oferecida a quem a solicitar. Caso contrário, é mais fino e delicado guardá-la para si e ir cuidar da própria vida.

Cuidar da vida alheia é uma tola estratégia usada para tirar o foco das próprias questões. Afinal, é muito mais fácil enxergar, apontar e tornar públicos os problemas de outrem do que sair da superfície da própria história, e tentar entrar em contato com suas profundezas e com tudo aquilo que apenas aparenta estar perfeito aos olhos do mundo. O culto às aparências costuma ser o álibi preferido daqueles que morrem de medo de visitar a real estrutura de sua trajetória.

Como são perigosas essas pessoas que batem no peito e fazem exibição explícita de suas almas imaculadas, fingindo ser ícones de virtude, franqueza e autenticidade! Verdadeiros buracos negros em forma de gente! Essa espécie é capaz de fazer você acreditar que não tem valor, que suas capacidades são insuficientes, que você não é digno de alcançar sucesso ou paz.

Gente que precisa diminuir o outro e alimentar-se de sua energia para aplacar os monstros de despeito que habitam suas carcaças. Gente que nunca fica satisfeita com o que possui; sempre vai querer mais e, de preferência, o que for seu. Gente embrulhada numa gentileza falsa para esconder sua verdadeira cara azeda, disfarçada em doces gestos artificiais. Gente que sorri com uma boca dura de arrogância, enquanto os olhos sagazes perscrutam cada mínimo movimento seu para, mais tarde, usar fragmentos da sua vida em comentários vazios e, não raras vezes, enfeitados com detalhes mentirosos, maldosos e cheios de malícia.

No entanto, verdade seja dita, pensada, vivida e posta em prática: Não há carrasco que sobreviva muito tempo se não houver vítimas disponíveis. Assim, não tente dourar a pílula do veneno que lhe oferecem tão gentilmente. Não caia na armadilha de acreditar que nada do que você faz é admirável, que seus erros (só os seus!), não têm perdão e que você não é digno de possuir cada mínima coisinha que conquistou ou tudo aquilo que a sorte lhe ofereceu.

Abra os olhos, ao mesmo tempo em que, ingenuamente alarga os braços à toda gente. Há quem não mereça o seu desarmado jeito de amar. Há quem não faça jus à sua confiança. Há maldade nesse mundo, pode acreditar. Há pessoas que, caso você não estabeleça limites, invadirão a sua vida, quebrarão a sua integridade emocional e contaminarão a sua mente e o seu espírito com um bichinho traiçoeiro que acabará devorando sua coragem e alegria.

Respire! Inspire! E, principalmente, expire toda e qualquer crença que tenha vindo encaixotada com uma etiqueta explícita de destruição. Jamais ofereça ao outro o direito de julgar suas condutas, a menos que esse outro conheça, respeite e tente compreender suas limitações, dificuldades e dores. Não desista de amar. Porque o amor ainda é o mais poderoso escudo contra a maldade alheia. Continue irradiando tranquilidade, generosidade e indiferença às ofensas. Mas, em último caso, se o seu silêncio não for suficiente para calar a acidez de quem se alimenta da sua tristeza; bote seu melhor sorriso no rosto, encha o coração da mais pura determinação de não se deixar contaminar e dê um BASTA nessa falta de noção. Depois disso, fique em paz e esteja certo de que, um dia, até o mais venenoso e ardiloso dos escorpiões acaba provando do próprio veneno.

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