Quando grita, você demonstra sua fraqueza, não sua força!

Quando grita, você demonstra sua fraqueza, não sua força!

Imagem: Kamil Macniak/shutterstock

Alterar a voz é uma tentativa desesperada de se fazer ouvir. Ninguém sai por aí gritando à toa. Grita-se em situações de medo, descontrole e falta de outros recursos. Às vezes, grita-se para ser capaz de ouvir a si próprio.

Há pessoas normalmente serenas que gritam com estranhos no trânsito, porque foram provocadas ou tiveram sua segurança ameaçada. Há chefes que gritam com seus subordinados, baseados na equivocada premissa de que o outro, quando acuado, produzirá mais e melhor. Há casais que gritam um com o outro, porque perderam a dignidade e a amorosidade na relação.

Há pais que gritam com seus filhos, porque acreditam que autoridade é algo que se estabelece assim, no grito. Gritam ainda, porque sentem-se esgotados e perdidos diante de inúmeras tarefas e desafios cotidianos, dentre elas, educar crianças que não vêm com manuais de instrução.

Crianças podem ser extremamente desafiadoras em relação ao papel de autoridade. São muito agitadas, pedem atenção ou companhia em tempo integral, demonstram dificuldades em entender e seguir regras.

Ocorre que, quanto mais “difícil” for a criança, maior autocontrole precisará ter cada um dos adultos que lidam com ela. Educar é aquele tipo de trabalho que só pode ser assumido por quem tenha absoluta certeza do tamanho da encrenca em que está se metendo.

Não há como negar que criança dá trabalho. Ainda que tenham sido geradas com uma dose imensa de amor, combinada com outra dose igualmente gigantesca de responsabilidade, há que se ter consciência de que a chegada de uma criança à vida de um casal, promoverá uma revolução completa na rotina e na transformação de papéis de todos os envolvidos em seu sustento, acolhimento, instrução e educação.

Crianças vêm equipadas com uma potente antena para captar comportamentos ao seu redor. Quanto mais hostil, inseguro e intempestivo for o ambiente em que a criança estiver inserida, mais complicado e desafiador será o seu comportamento.

A criança reage aos estímulos que recebe. Se for tratada com autoridade amorosa, tranquilidade, respeito e alegria, as chances de desenvolver comportamentos opositores, retraídos ou violentos, diminui consideravelmente.

Quando o adulto grita com a criança, a primeira reação que ela manifesta – mesmo que não demonstre -, é preparar-se para enfrentar uma ameaça. Tanto ela pode encolher-se dentro dessa sensação, como pode desenvolver atitudes reativas de enfrentamento.

Em seguida, a criança passa a perceber que há coisas que ela faz que desestabilizam os adultos por ela responsáveis. E isso é bastante perigoso. No caso de essa criança estar vivendo com menos atenção afetiva do que necessita, ela vai repetir ações parecidas para conseguir audiência. Afinal, se é o grito a atenção que ela recebe, que seja; melhor isso do que nada.

Outro padrão de comportamento que pode se estabelecer, nasce da curiosidade da criança em relação aos limites que pode testar. Muitas vezes, os pais repetem a forma de agir diante da desobediência ou agitação dos filhos. É como se fosse um “script” a ser seguido pelo “elenco” da família. A criança descobre que aquela gritaria é o ápice; e assim, acaba por provocar a situação.

O ideal é que se entenda o quanto essa falta de controle emocional é prejudicial ao desenvolvimento infantil, antes de envolver crianças em um relacionamento. No entanto, errar faz parte de qualquer processo. O que importa, neste caso, é reconhecer que elevar o tom de voz, não só impede a solução do problema, como termina por agravá-lo.

Romper o ciclo de um comportamento instalado não é fácil; mas não é impossível. Vão aqui algumas reflexões que podem ser bastante úteis para que se estabeleça com as crianças uma relação mais harmoniosa, disciplinada e saudável.

1. Estabeleça uma parceria de diálogo e troca entre todos os envolvidos na educação das crianças. É fundamental que todos possam se colocar a respeito de como se sentem e que se firme, entre os adultos, um acordo de conduta, assim a criança se sentirá mais segura e protegida.

2. Procure localizar quais são as circunstâncias que acabam por desgastar a tranquilidade e exaurir a paciência. Faça um registro. A ideia é analisar a situação de fora do momento de explosão.

3. Uma vez localizadas as situações de conflito, procure por outras alternativas de conduta que respeitem aqueles acordos feitos anteriormente. Faça novamente um registro com as novas possibilidades de atitudes a serem tomadas.

4. Encontre uma maneira de fazer com que a criança tenha acesso e possa compreender, com clareza, o que é permitido, o que é vedado, o que é negociável, o que é inegociável.

5. Seja coerente! Jamais haja em desacordo com o que prega! Jamais dê permissão para algo em um momento e proíba em outra circunstância; a criança fica confusa e tentada a insistir, afinal “vai que cola, né?”.

6. Caso a criança descumpra um combinado, ou porte-se de maneira inadequada, procure repreendê-la de forma simples (nada de sermões intermináveis!); com autoridade; gentileza; firmeza e justiça.

7. Fale baixo; e nunca chame a atenção dos pequenos em público. Assim como nós, os adultos, a criança se sente constrangida e humilhada, quando exposta.

8. Procure garantir que a criança tenha sua atenção em algum momento do dia. E nesse momento, esteja por inteiro nesse encontro. Não vale dizer que é hora de brincar com seu filho e ficar grudado na televisão ou no celular!

9. Partilhe suas experiências, converse, conte coisas interessantes, ouça o que os pequenos têm a dizer ou a perguntar. Demonstre interesse genuíno.

10. E, o mais importante de tudo: encontre o SEU JEITO ESPECIAL de incluir a criança no grupo familiar. É na convivência das pequenas coisas de todos os dias, que se estabelecem os mais bonitos e verdadeiros laços de confiança e respeito; isso é o que se chama VÍNCULO AFETIVO. Educar ainda é o maior ato de amor! Isso não mudou e nunca vai mudar!

Os 10 conselhos que recebemos antes de nascer

Os 10 conselhos que recebemos antes de nascer

Cada pessoa carrega consigo crenças que aprende e desenvolve ao longo da vida. Não existe certo ou errado e a liberdade faz morada nas escolhas que acalmem seu coração e tenham significados particulares.

Independente de crença religiosa, os 10 conselhos que estão listados abaixo trazem em si sabedoria e possibilidade de reflexão. Por isso, e por nenhum motivo além desse, os reproduzimos para o público CONTI outra.

1. Você receberá um corpo. Poderá amá-lo ou odiá-lo, mas ele será seu todo o tempo.

2. Você aprenderá lições. Você está matriculado numa escola informal de tempo integral chamada Vida. A cada dia, terá oportunidade de aprender lições. Você poderá amá-las ou considerá-las idiotas e irrelevantes.

3. Não há erros, apenas lições. O crescimento é um processo de ensaio e erro, de experimentação. Os experimentos ‘mal sucedidos’ são parte do processo, assim como experimentos que, em última análise, funcionam.

4. Cada lição é repetida até ser aprendida. Ela será apresentada a você sob várias formas. Quando você a tiver aprendido, passará para a próxima.

5. Aprender lições é uma tarefa sem fim. Não há nenhuma parte da vida que não contenha lições. Se você está vivo, há lições a serem aprendidas e ensinadas.

6. ‘Lá’ só será melhor que ‘aqui’ quando o seu ‘lá’ se tornar um ‘aqui’. Você simplesmente terá um outro ‘lá’ que novamente parecerá melhor que ‘aqui’.

7. Os outros são apenas espelhos de você. Você não pode amar ou odiar alguma coisa em outra pessoa, a menos que ela reflita algo que você ame ou deteste em você mesmo.

8. O que você faz da sua vida é problema seu. Você tem todas as ferramentas e recursos de que precisa. O que você faz com eles não é da conta de ninguém. A escolha é sua.

9. As respostas para as questões da vida estão dentro de você. Você só precisa olhar, ouvir e confiar.

10. Você se esquecerá de tudo isso.. e ainda assim, você se lembrará.

Autor desconhecido

18 coisas para fazer enquanto não está pronto para se apaixonar novamente

18 coisas para fazer enquanto não está pronto para se apaixonar novamente

Imagem: Iriska_Ira/shutterstock

A vida oferece diariamente um universo de possibilidades. Todas as vezes em que mudamos o foco de nossas vidas, percebemos como anteriormente estávamos estagnados em vícios comportamentais ou em uma rotina que, nem sempre, era a melhor para nós.

O artigo abaixo foi inspirado (não é uma tradução) em 30 Things To Do Instead Of Falling Back In Love e traz ideias interessantes para nos ajudar a pensar em possibilidades e nos distrair, caso ainda não estejamos prontos para nos apaixonar novamente. Também é um guia criativo para pessoas que vivem bem sozinhas e optam por não manter relações amorosas.

Confira 18 dos tópicos que a CONTI outra escolheu e adaptou para você.

1 Sempre é tempo para aprender um idioma novo. Além de dar um gás no seu cérebro, isso pode te abrir muitas portas tanto na vida pessoal quanto no trabalho.

2- Viaje! Visite novamente as cidades vizinhas, aventure-se por um outro país, conheça novas culturas e pessoas, aprenda a se virar com menos dinheiro. Ah, e se gostar muito, nem volte mais.

3. Faça algo realmente novo. Pode ser tirar carteira de motorista para motos, andar de patins ou skate, andar de bicicleta. Atividades ao ar livre te lembrarão de como é sentir o vento do rosto e praticar a liberdade em um mundo em constante movimento.

4. Cuide do seu corpo e da sua saúde. Estar saudável melhora o humor e nos enche de sonhos e energia para viver. Faça ioga, medite, vá para ginástica, aprenda a dançar, faça caminhadas…qualquer coisa que te faça sentir a vida pulsando, que aumente sua intimidade com seu corpo.

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Iriska_Ira

5. Pegue a sua malinha e vá visitar um amigo que você adora, mas que nunca mais viu.

6. Faça coisas sem esperar nada em troca. Ajude pessoas na rua, seja gentil, faça algum voluntariado. Aprender que dar algo de si engrandece a alma e exercita a humildade.

7. Ganhe seu próprio dinheiro e seja independente. Muitas vidas permanecem amarradas por estarem atreladas à dependência de alguém. Quem “se banca” tem uma estima mais alta e muito, muito mais liberdade.

8. Exercite seu pensamento fazendo cursos, rememore sua vida e escreva um livro. Lembre-se, entretanto, que aprendizagem é mudança de comportamento e não adianta acumular conhecimentos: é preciso vivenciá-los.

9. Coloque um pijama confortável e cultive seus momentos de descanso. Se precisar, durma mais e não sinta culpa por isso. Depois, volte para vida renovado!

10. Planeje seu futuro sem barreiras e depois faça uma lista das etapas que precisa cumprir para seguir em sua direção.

11. Converse com pessoas com quem não costuma conversar, vá à lugares que não costuma ir. Vivencie experiências sem tanto medo de errar. O erro faz parte da jornada.

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Yuriy Bartenev/shutterstock

12. Saia com os amigos e, se o coração mandar, só volte quando o sol raiar.

13. Faça amigos que gostem das mesmas coisas que você. Muitas vezes, para se cultivar uma nova amizade, basta que um primeiro passo seja dado.

14. Receba intercambistas. Se você não tem condições de viajar, tenha essa experiência de receber parte do mundo em sua casa.

15. Pinte sua casa, chame amigos para ajudar. Divirta-se com a bagunça que as mudanças promovem.

16. Aprenda a cozinhar três refeições de maneira diferenciada. Impressione os amigos, e a si mesmo,  com esses três pratos para o resto de sua vida.

17. Tente fazer algo que sempre te deu muito medo.

18. Pense em características que deseja em um parceiro e cultive-as em si mesmo. Você é a pessoa com quem seus dias são vividos: seja seu melhor companheiro!

Tenho ciúmes dos nossos momentos

Tenho ciúmes dos nossos momentos

Eu sei, eu sei, pode parecer bobo e infantil o que vou dizer. Acho bonito você aí vivendo, exercendo sua liberdade, sorrindo, se abrindo para sua espontaneidade.

Respeito o seu jeito de ser, os seus olhos que veem beleza, a sua abertura para conversar com todos e compartilhar amor e sentimentos.

Mas, eu aqui no meu canto, te admirando, guardo no espaço mais especial da minha memória os nossos encontros. Eu acesso essas pequenas grandes lembranças quase que diariamente para sentir um gosto doce na boca e fazer meus dias valerem a pena.

Então, meu amor, sou bobo sim, mas tenho que te dizer que tenho ciúmes dos nossos momentos. Tenho medo de eles se tornarem menos especiais por ver você por aí repetindo tudo igual, apesar que acho que suas ações são espontâneas e não são jogos inventados para serem repetidos. Cada momento é único de toda forma, eu sei.

Mas, eu ouso aqui te pedir, por favor, para que você não suba por aí escadas rolantes pelo lado errado com qualquer amigo que em vez de aproveitar a graça, vai julgar seu ato.

Peço que você não colha as acerolas daquela árvore da rua e distribua para qualquer pessoa que não vai notar a beleza da sua intenção e gesto. Vai apenas achar tudo uma bobeira, ver a cena e passar reto.

Peço que você não arranque as flores, as lágrimas de cristo do vizinho, e dê de presente para qualquer amigo que não vai ter a delicadeza de colocá-las num copo e trocar a água todos os dias para que sobrevivam mais tempo perto da vista.

Quero te pedir que você não distribua por aí aquelas piadas bobas que você me conta enquanto a gente fica esperando chegar nossa comida no restaurante da esquina. Porque pode ser que ninguém sorria para elas e para você como eu gosto de fazer, e mesmo sua piada não tendo graça nenhuma, é um grande divertimento assistir seus trejeitos enquanto elabora uma história.

Eu sei, meu bem, você não é minha, sua vida não é minha, suas estradas seguem, suas horas se dividem entre afazeres, pessoas, momentos… Mas é que eu aqui gosto de pensar que algumas coisas entre nós são únicas e especiais, eu coloco moldura dourada nas nossas cenas simples e sei que muita gente por aí não enxerga o valor da obra de arte que pode ser passar umas horas com você.

Eu que enxergo a beleza dessas nossas singelezas, não quero saber como outros tratam o encantamento dos seus olhos. Prefiro pensar que é nosso espaço, que é nossa química, que são nossas almas que sabem voar juntas e que isso nos conecta pela poesia, pela verdade nesse mundo veloz, devorador de pessoas e sentimentos e que se liga demais em aparências.

Eu espero que a sua linda alma não encontre barreiras nos olhares anestesiados. E eu estarei aqui esperando os nossos próximos encontros que dentro do meu coração fazem do mundo um lugar lindo de se viver.

Como adquirir a verdadeira Sabedoria

Como adquirir a verdadeira Sabedoria

Era uma vez um jovem que visitou um grande sábio para lhe perguntar como se deveria viver para adquirir a sabedoria.

O ancião, ao invés de responder, propôs um desafio:
– Encha uma colher de azeite e percorra todos os cantos deste lugar, mas não deixe derramar uma gota sequer.

Após ter concordado, o jovem saiu com a colher na mão, andando a passos pequenos, olhando fixamente para ela e segurando-a com muita firmeza. Ao voltar, orgulhoso por ter conseguido cumprir a tarefa, mostrou a colher ao ancião, que perguntou:
– Você viu as belíssimas árvores que havia no caminho? Sentiu o aroma das maravilhosas flores do jardim? Escutou o canto dos pássaros?

Sem entender muito o porquê disso tudo, o jovem respondeu que não e o ancião disse:
– Assim você nunca encontrará sabedoria na vida; vivendo apenas para cumprir suas obrigações sem usufruir das maravilhas do mundo. Assim nunca será sábio.

Em seguida, pediu para o jovem repetir a tarefa, mas desta vez observando tudo pelo caminho. E lá foi o rapaz com a colher na mão, olhando e se encantando com tudo. Esqueceu da colher e passou a observar as árvores, cheirar as flores e ouvir os pássaros. Ao voltar, o ancião perguntou se ele viu tudo e o jovem extasiado disse que sim. O velho sábio pediu para ver a colher e o jovem percebeu que tinha derramado todo o conteúdo pelo caminho.

Disse-lhe o ancião:
– Assim você nunca encontrará sabedoria na vida; vivendo para as alegrias do mundo sem cumprir suas obrigações. Assim nunca será sábio.

Para alcançar a sabedoria terá que cumprir suas obrigações sem perder a alegria de viver.

Somente assim conhecerá a verdadeira sabedoria.

Autor desconhecido

Enquanto o sábio agradece, o pobre de espírito reclama

Enquanto o sábio agradece, o pobre de espírito reclama

Por
Imagem: reprodução

Para ser feliz, você não precisa de grandes conquistas materiais. Já tem o pôr-do-sol, as estrelas, os pássaros, o sorriso dos amigos, seus irmãos.

Agradeça a Deus, pois você tem sua vida, o dia que está começando, sua força e determinação.

Com todos esses presentes da vida, o resto você constrói…
O sábio agradece às pessoas que acreditaram nele porque o ajudaram a se sentir abençoado, mas agradece também àqueles que o desqualificaram, pois foram eles que o ensinaram a ser um guerreiro.

Numa equipe integrada, as pessoas agradecem aos companheiros.
Agradecem não só individualmente mas também — e principalmente — na frente dos demais.

A gratidão gera um clima em que todos se sentem importantes para o resultado do grupo.

Agradeça: uma ajuda, um toque, uma orientação oportuna, uma crítica pertinente.

Agradeça: o esforço de varar a noite para entregar um projeto, o de chegar mais cedo numa emergência, o de ficar uma semana sem almoço para substituir um colega doente.

Agradeça: uma boa idéia, uma presença positiva e cooperativa.

O agradecimento faz o outro se sentir importante e cria a consciência de pertencer a um grupo.

Excerto do livro: Os Donos do Futuro

Pensar em alguém que se ama é uma forma de orar por ela

Pensar em alguém que se ama é uma forma de orar por ela

Fechando ciclos, encerrando histórias e permitindo que o tempo faça o trabalho dele, seguimos para mais um ano. Olhando para trás, percebemos que a música nem sempre foi constante, mas aprendemos a dançar conforme o ritmo, acelerando um pouco mais durante os acordes complexos e fluindo suavemente quando a música permitia.

Nem todo movimento foi perfeito. Alguns tons graves também fizeram parte da melodia, e a gente correu o risco de chorar um pouquinho enquanto a música fluía.

Este ano, o marido de uma grande amiga ficou doente. Ela estava triste, desanimada, sem forças. Em certo momento me disse: “não estou conseguindo rezar por ele”. Não era falta de vontade, e sim falta de esperança. Então me deparei com uma frase atribuída à Santa Terezinha: “Pensar em alguém que se ama é uma forma de orar por ela”. E disse isso à minha amiga. Que ela pensasse nele com amor. Que ela carregasse ele em seu pensamento. E assim estaria orando por ele.

Junto me veio à lembrança outra frase, do filme “Comer, rezar, amar”. Em certo momento, um dos personagens diz à Liz: “Mande luz e amor toda vez que pensar nele. Depois esqueça”. A frase me fez lembrar as pessoas que amamos e por alguma razão não estão mais ao nosso lado. Talvez seja hora de orarmos por elas. Talvez seja hora de mandarmos luz e amor a cada pensamento que tivermos acerca delas.

Nem sempre é fácil assimilar o fim de uma relação. Ficamos dependentes, com saudade, com muita vontade de ligar, encontrar, mandar uma mensagem. Temos que lidar com a impossibilidade e com a imperfeição. Talvez seja hora de transformar nosso pensamento e vontade em oração. Hora de mandar energias positivas a essa pessoa e enfim colocarmos a cabeça no travesseiro e dormir.

Seu coração pode ter sido despedaçado, mas uma das formas de você se reerguer é desejando o bem da pessoa que se foi.

Por mais que doa, transforme o pensamento em luz. Por mais que sinta falta, transforme a saudade em oração. Por mais que tenha descosturado as coisas dentro de você, transforme a dor em amor.

O fim do ano nos permite reavaliar a rota e nossos passos com clareza. Permite que ao encerrarmos um calendário e começarmos outro, encerremos também muitas coisas dentro de nós.

Que possamos deixar para trás o que torna nossa bagagem mais pesada: as mágoas, decepções, saudades vazias e dores de um tempo que se extinguiu. Que toda dúvida seja dissipada e toda angústia seja transformada.

Não espere chegar o dia de ferir quem te feriu, de magoar quem te magoou, de estar por cima enquanto alguém se afunda. Em vez disso, transforme seu pensamento em prece. Envie luz e amor toda vez que pensar nessa pessoa e depois esqueça.

Deixemos morrer o frio da indiferença, o silêncio da ausência, o vazio da descrença. Que o telhado de nossas alegrias nos dê abrigo e nos proteja do que não traz conforto e paz. E que, virando a última folha do nosso calendário, possamos pensar no tempo não só como um período de recompensas, mas também de ajustes, perdão, oração e reconciliação _ com quem fomos e com quem queremos ser…

Para adquirir o livro “A Soma de Todos os Afetos”, de Fabíola Simões, clique aqui: “Livro A Soma de todos os Afetos”

7 sinais de que seu amor pode ter se tornado patológico

7 sinais de que seu amor pode ter se tornado patológico

Por Maris V. Botari-Psicóloga Clínica

Imagem: bruniewska/shutterstock

Teoricamente, o amor é algo positivo, saudável que visa agregar qualidade de vida às pessoas, colaborando para o aumento do bem estar e da saúde física e mental.

É por meio deste sentimento que muitas coisas boas são construídas.

Infelizmente, em nome deste sentimento, muita destruição e tragédia ocorreram ao longo da história. Podemos citar como exemplo a Guerra de Tróia, que começou em função do fatídico amor de Paris pela bela Helena.

É necessário esclarecer, primeiramente o que se entende por amor doente (ou neurótico). Para Fromm (1973) O amor neurótico é caracterizado pelas “falsas concepções do amor” que levam os indivíduos a desenvolver comportamentos compulsivos e pensamentos obsessivos, bem como relações de dependência.

Este amor neurótico começa quando um indivíduo coloca “a vida nas mãos de alguém”, passando a se comportar em função do outro. Isto pode levar a um comprometimento da própria vida social, uma vez que em muitos casos, o indivíduo que “ama demais” tende a colocar a relação afetiva no centro de sua existência, como se nada mais existisse – lovecentrismo.

Para evitar esta armadilha é importante lembrar sempre que um relacionamento envolve mais de um indivíduo, com semelhanças e diferenças que devem ser respeitadas, portanto não é adequado deixar de viver de acordo com seus princípios para abraçar os princípios alheios. Isto não é amor, é dependência!

Esta dependência tem como desdobramentos: a ansiedade, o pensamento obsessivo e o ciúme patológico, que pode ser definido como manifestações desmedidas de controle sobre o outro.

É caracterizada por alguns pensamentos distorcidos e comportamentos obsessivos característicos:

Pensamentos:

  1. De controle ” Onde ele (ela) estará?”
  2. Leitura Mental: “Será que está pensando em mim”?;
  3. Insegurança: “Será que ele (ela) me ama de verdade?”;
  4. Onipotência: ” Tenho que fazer tudo o que posso para agradar”;
  5. Leitura mental: “ele (ela) deve estar sentindo minha falta”; “não ligou porque eu fiz algo errado”
  6. Catastrófico: ” eu morreria sem ele (ela)”;
  7. Generalização: “ele (ela) é tudo pra mim”, nunca mais vou amar ninguém assim”, “sem ele (ela) nada mais tem sentido”.
    etc.

Comportamentos:

  1. Vigiar o parceiro, aberta ou secretamente; seja fisicamente ou por meio das redes sociais;
  2. Exigir que o parceiro mantenha contato, mesmo quando isto é impossível;
  3. Mandar muitas mensagens via celular, mesmo sabendo que o outro não quer, ou não pode responder;
  4. Perder a capacidade de tomar iniciativas, delegando ao outro a tomada de decisões sobre sua própria vida;
  5. Mesmo quando a capacidade de tomada de decisões está preservada, estas são tomadas visando a proximidade e/ou o bem estar do outro;
  6. Abrir mão de seus interesses particulares para “viver somente para o outro”;
  7. Distorcer o que o parceiro (a parceira) fala e faz;

Se você, ou alguém que você conhece vive este tipo de relação, é o momento de buscar ajuda psicológica, para aprender a amar com mais segurança, em busca de uma relação mais saudável, que possa ser vivenciada com mais alegria e segurança.

Referências

FROMM, Erich. A arte de amar. São Paulo. Martins Fontes. 1971

De morno só aceite banho. Amor tem que ser quente e inteiro, sim!

De morno só aceite banho. Amor tem que ser quente e inteiro, sim!

Relacionamentos não são fáceis. Mantê-los com a paixão em alta, então, parece tarefa para gigantes, pois além de envolverem pessoas diferentes, a rotina torna tudo mais calmo e comum. Mas, acredite, é possível fazer da rotina uma aliada do romance e aumentar a cumplicidade do casal no convívio diário.

O amor permite que convivamos diariamente com uma pessoa educada diferente dos nossos costumes. Aprendemos a entender (e a respeitar) todas as diferenças. Desde sentarmos à mesa, à forma de escovarmos os dentes. Começamos a entender que o amor é feito de detalhes e que, mesmo que não dê para fazer um jantar à luz de velas todos os dias, nem mandar rosas todas as noites, dá para ser gentil nos detalhes. E isso é o que importa!

A rotina, diferente do que muitos pensam, nunca foi um problema para o relacionamento. Aliás, é somente através dela que os laços do amor se criam e se fortalecem. O convívio diário permite a construção de uma relação forte, segura e com planos em comum. O problema é que alguns confundem rotina com comodismo, frieza com estilo de vida e descaso com normalidade.

A gente tem dessas mesmo de se acomodar. De não tomar iniciativa em terminar. De aguentar humilhação com medo da solidão. E a pergunta é: para quê? A vida é uma só! E passa tão rápido! Tanta gente bacana disposta a entrar na nossa vida para nos fazer feliz e a gente preenchendo espaços com gente vazia. Amor não é isso. Amor é entrega. É oito ou oitenta. É tudo ou nada!

Não dá para viver um amor meio termo. Na verdade, nada “meio termo” serve: gente que vive em cima do muro irrita, água morna não serve nem para fazer chá e amores rasos só servem para gente carente. Amor foi feito para pessoas inteiras!

Compartilho da mesma ideia de Martha Medeiros ao escrever que as coisas mornas são perda de tempo: “Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos. Um filme mais ou menos, um livro mais ou menos. Tudo perda de tempo. (…) O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.”

Amor não é servido em fatias, em metades. Amor é plenitude. Chega uma hora em que é preciso ultrapassar as mensagens de whatsapp, os textões do Facebook e as fotos do Instagram e provar por A+B que amor é rotina sim! Amor de verdade dá frio na barriga, mas também da vontade de acordar juntos todos os dias. Dá borboletas no estômago, mas dá vontade de planejar a casa nova. Dá alvoroço nos pensamentos, mas dá vontade de buscar os filhos na escola.

Isso é amor inteiro. A partir do momento em que você começa a não ver o seu relacionamento dessa forma, é hora de repensar se ele já não acabou, há muito tempo, e você nem percebeu. Para Proust: “Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças?”

Amor morno é a maior crueldade a qual podemos nos submeter. Quando não há mais saudade, quando a presença não é mais motivo para romance, quando as desculpas para não se encontrar são as mais esfarrapadas possíveis, não há porque insistir.

Metades aceitamos de um pedaço de bolo, de uma melancia, de um queijo. Não de um amor. Como dizia Clarice Lispector: “Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre”.

Não dá para aceitar um sentimento raso por comodismo ou pelo fato de você ter cansado do ciclo: conhecer alguém- trocar mensagens- conquistar- namorar. Se não está disposto a amar com tudo, nem entre em um relacionamento. Amar é coisa de gente forte mesmo!

De gelada deixa a cerveja, de metade deixa a conta do bar e de morno deixa o banho. O restante tem que ser quente e intenso, sim!

Imagem: solominviktor/shutterstock

Gênio Indomável: A cura por meio da empatia

Gênio Indomável: A cura por meio da empatia

A vida nesta terra é dura. Somos expostos ao sofrimento, a dor, a feridas e a angústias. Alguns sofrem mais, outro menos, mas todos sofrem.

Como lidar com algo que nos machucou e nos fez sofrer? Qual a importância de ter alguém disposto a nos ajudar? Alguém que se preocupe de fato conosco e queira nos entender? Alguém disposto a decifrar um Gênio Indomável?

Essas questões são apresentadas no filme “Good Will Hunting” (Gênio Indomável) escrito pelos amigos Matt Damon e Ben Affleck, com direção de Gus Van Sant. Na trama, Will (Damon) é um garoto problemático, que facilmente se envolve em confusão e com problemas comportamentais.

Além disso, Will tem dificuldade em criar vínculos, na verdade não os cria. Antes que possa estar ligado a alguém, desfaz a relação, a fim de evitar frustrar-se com o abandono e, consequentemente, com o fim da relação.

Will tem esse comportamento em função de traumas ocorridos na infância, quando sofrera maus tratos e fora abandonado por aqueles que deveriam tratá-lo com carinho e ter estado ao seu lado. No entanto, apesar da infância traumática e conturbada, além dos problemas de comportamento, Will é um gênio e, assim, acaba chamando a atenção do renomado professor Gerald Lambeau (StellanSkarsgård) que passa a acompanhá-lo, após o jovem se envolver em mais uma confusão. Nesse acompanhamento, Will deverá ter aulas de matemática, fazer terapia e arrumar um emprego no campo matemático, obviamente.

A partir de então se inicia o cerne da história, a saber, a análise psicológica de Will, um jovem extremamente genioso, mas genial, sob duas perspectivas diferentes. A primeira é a do professor Lambeau que vê Will apenas como um gênio da matemática, o qual deve aproveitar esse talento para trabalhar em uma grande empresa e se tornar conhecido pela sua genialidade.

Lambeau não consegue enxergar o jovem como uma pessoa totalmente frágil que precisa de ajuda. Ele enxerga tão somente um gênio da matemática e para ele não há outra possibilidade para Will a não ser torna-se esse gênio.

Com uma perspectiva totalmente diferente aparece Sean (Robin Williams), um terapeuta que está acompanhando Will. Sean enxerga o jovem como um humano, assim como outro qualquer. Reconhece a sua genialidade, mas também vê as suas fraquezas. Aliás, percebe que por trás de um sujeito autossuficiente e arrogante, esconde-se um garoto frágil e com medo, que precisa desesperadamente de ajuda. E ele é essa ajuda.

Sean é sensível para perceber que o gênio forte do garoto é uma autodefesa, já que quando criança Will sofrera muito e isso causou traumas psicológicos, como a sua violência e, acima de tudo, a sua incapacidade de se ligar a alguém, pois na sua cabeça o abandono é algo iminente, visto que todos aqueles que deveriam cuidar dele na infância o abandonaram.

Ao assistirmos ao filme podemos achar que qualquer um seria capaz de perceber a complexidade da vida de Will, mas, a bem da verdade, isso não é tão simples, uma vez que diante da sua genialidade, poderíamos como fez o professor Lambeau, desconsiderar o que ele sofrera. Contudo, Sean tinha a sensibilidade necessária para ir além do gênio, duplamente, e chegar ao homem.

Através da empatia, Sean consegue se colocar no lugar de Will e busca sentir a sua dor para que possa compreender o que leva o garoto a agir daquele modo tão agressivo e defensivo. Sean não se esconde atrás de uma capa, mostra quem é de fato, o que gosta, suas feridas, suas dores, suas realizações e com isso, pouco a pouco vai conseguindo ganhar a confiança do jovem, bem como, conectar-se a ele.

Essa conexão só é possível por Sean se abrir com Will, por não forçar a barra querendo ser simpático o tempo todo ou ficar puxando o seu saco pelo fato do jovem ter um intelecto fantástico.

Tampouco, levou fórmulas prontas, teve paciência para esperar o momento certo em que Will se sentisse confortável para falar, ou seja, o viu como um indivíduo autônomo e único que precisava ser olhado dessa forma e não somente com um futuro Nobel da matemática.

Infelizmente, tanto na vida quanto no filme, faltam pessoas capazes de se desprender de si para ouvir e olhar o outro, pessoas corajosas para ficarem vulneráveis com as outras, permitindo ser tocadas, confiando que o outro corresponderá, ainda que não corresponda. Talvez por isso o personagem de Williams seja tão cativante e emocionante, pois ao nos depararmos com aquele indivíduo, percebemos que somos e/ou estamos muito mais parecidos com o professor Lambeau que com ele.

A relação desenvolvida entre Will e Sean demonstra o quão importante é ter uma relação de verdade, com alguém que se preocupe conosco, que esteja disposto a nos ouvir, nos entender e nos ajudar. É demonstrada também a importância dos sentimentos e de não ser sempre tão racional, de se deixar levar pelo que faz o coração terno, pois só assim são construídas experiências de verdade, que podem ser guardadas com carinho na memória.

Como Sean vê Will como um ser humano, também não pressiona o garoto para que ele aceite os inúmeros empregos em maravilhosas empresas que lhes são oferecidos. Sean não quer determinar o que o Will deve ser, ele não tem esse poder, nem quer ter. Ele quer conhecer o garoto e ajudá-lo a descobrir o que de fato quer fazer. Reconhece o valor por Will não querer ser um babaca, mas não desconsidera a sua genialidade e a sua capacidade de poder fazer coisas grandiosas, no entanto, quer que o próprio Will decida o que quer fazer.

Sean sabe o real valor das coisas e quer passar para Will. E passa. Um coração aberto a Will para que ele se sinta protegido; uma mão que quer ajudá-lo a sair do quarto escuro onde se esconde; e ouvidos para que quando fale, saiba que não está sozinho e que por mais dores que sinta e feridas que sofrera, pode confiar nele e nos outros, mais que isso, precisa confiar se quiser conhecer alguém de verdade e ter alguma conexão com alguém além de si mesmo.

A beleza do filme não é transmitida por uma grande fotografia ou um belo cenário, e sim pela forma como ele deixa claro que não há nada que substitua sentimentos verdadeiros sendo trocados entre duas pessoas, conectadas, em que uma interfere na vida da outra. Não há ninguém perfeito e não há problema, pois a maior beleza de uma relação é a vontade de duas pessoas que querem ser perfeitas uma para outra.

Para isso é preciso estar disposto a ter trabalho, a ouvir, a se colocar no lugar do outro e ficar vulnerável, assim como Sean fez com Will, ajudando-o a fazer algo com o que os outros fizeram dele, como disse Sartre. Se não estivermos dispostos a fazer isso, deixo com que Sean, através do saudoso e irretocável Williams, vos diga que isso é uma superfilosofia, em que você poderá viver a vida inteira sem conhecer ninguém profundamente.

A mãe quer um médico, o pai um juiz, e o filho só quer ser feliz

A mãe quer um médico, o pai um juiz, e o filho só quer ser feliz

Imagem: altanaka/Shutterstock

Filho é um ser em construção, não nasce pronto de jeito nenhum, o que significa que desde a embalagem até o conteúdo, tudo se processa lentamente e só adquire a forma mais próxima da definitiva quando atinge a maturidade. E olha lá! Mesmo assim não há definitivos e nem irrevogáveis que condicionem os nossos pensamentos e as nossas decisões em embalagem fechada, à prova de mudanças.

No transcurso da vida, tudo muda. Mas é na adolescência que ocorre o pico de mudanças máximas, e é também nessa fase que a criança –oh tragédia das tragédias- precisa decidir o que será quando crescer. Porque ainda não cresceu, mas já precisa se decidir.

Temos aqui um caso hipotético muito comum, que pode ser encontrado em qualquer família brasileira: a mãe quer um filho médico. Assim, sem nenhum motivo especial, porque afinal toda mãe quer um filho médico. Ou quase todas.

O pai quer um filho juiz, por um bom motivo: é advogado. E já que ser só advogado não basta, ele deseja para o filho uma toga de juiz.

E o filho, esse protótipo de médico misturado com juiz, vivendo a idade mais oscilante em termos de “o que eu quero ser na vida” não quer nada.

Na dúvida, ele só quer ser feliz.

Os três elementos sofrem o encaixe e o atrito dos sonhos divergentes, mas compartilhados. Conversam amigavelmente sobre o assunto, ou se estranham, caso a conversa seja mais demorada.

No final de semana, por exemplo. Bem na hora do almoço.

Depois de uns minutinhos de bate-boca percebem o insólito da discussão destituída de poder, e encerram a conversa sem futuro recorrendo ao único que conhece, e tem poder sobre o futuro: “Seja feita a vontade de Deus.”

E eu acrescento: “Já que a sua não tem poder de decisão.”

Nesse processo de espera, os pais observam que para quem irá enfrentar um vestibular de medicina – claro, o pai é voto vencido, e Direito será a segunda opção no formulário de inscrição -, o menino (ou a menina) está muito folgado, muito ausente, sem foco, sem método, sem disciplina para estudar, e o mais grave: dependente psicológico da tecnologia e dos games eletrônicos.

Acontece nas melhores famílias. O garoto diz sem muita convicção: “vou prestar vestibular para medicina, e se não entrar, vou para o Direito.”

 

Ele nem menciona a magistratura, já que depois de entrar para a Faculdade de Direito terá que passar na OAB, e enfrentar concurso para ser o juiz dos sonhos do pai, corrigindo todas as injustiças que o pai pensa ter sofrido como advogado.

O garoto até que é razoável na avaliação da realidade, mas há um problema nesse raciocínio: quem quer ser médico não pode querer outra coisa, além de ser médico. Porque a medicina exige não apenas muito conhecimento para vencer a concorrência perversa dos vestibulares, como também o desejo irresistível de ser médico.

A pessoa pode ser qualquer coisa sem querer ser, e claro, terá prejuízos de ordem emocional a vida toda, mas ainda assim conseguirá dar conta da profissão na qual se graduou.

Menos na medicina. Não dá para ser mais ou menos na medicina. Mais ou menos mata. Mais ou menos aleija. Mais ou menos paralisa. Mais ou menos corta de mais, ou corta de menos.

Tenho visto, nessa vida comprida, muitos jovens casais equivocados e bem intencionados, prospectando sonhos para os filhos de maneira fantasiosa e irreal.

Você acha mesmo que o seu filho tem condições para enfrentar um vestibular de medicina! Para ser médico? Não estou nem falando de QI, mas de disciplina, de afinco, de dedicação, de muitas horas debruçadas sobre livros, de renúncias a filmes, passeios, jogos, paqueras, festas e vídeo games, estou falando de evidências maduras acerca da intenção que não acaba quando ele recebe o canudo, mas começa a partir daí.

Você tem certeza de que é isso o que ele quer ser na vida, ou às vezes, lhe parece estar viajando na maionese, antes mesmo de colher a batata?

Se você não vê tais intenções, e não tem certeza dessa vocação, é bem provável que o seu filho não consiga passar no vestibular mais concorrido nas estatísticas brasileiras. E o mais grave: é bem possível que o menino perca um tempo considerável em cursinhos preparatórios que não o levarão a lugar algum, por um único motivo: inconscientemente, ele não deseja ser médico.

Tenho alguma experiência nesse assunto: com um marido médico, nenhum dos meus três filhos fez Medicina.

Eu era a mãe que queria a medicina para as crianças. Mas o pai das crianças só queria o que elas queriam, e me fez compreender, pela vida ralada que leva, que a verdadeira medicina é um sacerdócio e não a profissão glamourosa que todo mundo imagina.

Meus filhos cresceram vendo a vida difícil de um médico social do interior, que ama o que faz, e que recebe o reconhecimento de seu trabalho não apenas através do vil metal, mas também de formas alternativas. Ontem, recebemos mandioca e limão. Antes de ontem, um queijo. E na semana passada, um frango caipira mortinho da silva.

Dias desses, assistimos juntos a um documentário realizado pela TV Globo que contou a vida do Dr. Eugênio Sacannavino, um médico que na década de 80, recém formado, oriundo de família de classe média paulistana, decidiu gastar a vida entre os ribeirinhos do Amazonas. Vive lá até hoje, deve viver para sempre.

Esse é o modelo de profissional que nasceu para ser médico, no Amazonas, na Avenida Paulista, ou em qualquer outro lugar do Planeta: o médico que se fez médico porque tinha como meta ajudar as pessoas em suas necessidades físicas, mentais, e emocionais, e para elas se disponibilizou.

Ele foi onde a sua presença era mais necessária. Onde havia mortes de crianças por verminose, e falta de saneamento básico. Ele interveio na saúde através da cultura. Ele sepultou ideias de enriquecimento, de conforto, de acúmulo de patrimônio e de bem estar pessoal. Que figura admirável! Se você não o conhece, procure no Google.

Se eu pudesse arrematar esse artigo de maneira agradável, de forma a não causar rupturas entre o seu sonho e a sua realidade, eu o faria. Temo não poder.

Mas posso terminar usando uma frase de Confúcio que provavelmente amenizará algum inevitável e momentâneo desencanto que o meu artigo possa lhe causar:

“A melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros.”

Seja feliz contribuindo para a felicidade do seu filho.

Seu filho quer ser feliz? Ele está certo. Ajude-o a descobrir onde habita a felicidade, e dê-lhe uma passagem com bilhete de ida.

Garanto que ele não lhe pedirá o bilhete de volta.

Quando a gente cansa de doer sozinho é hora de ir embora

Quando a gente cansa de doer sozinho é hora de ir embora

Imagem: Maria Mikhailenko/Shutterstock

Um dia, a gente, finalmente, se despede. Descobre que ir embora não é mais difícil do que ficar onde não é bem-vindo. A gente se veste de coragem, cata os verbos soltos pelo chão, as juras de amor e as promessas de ocasião.

Um dia, a gente compreende que, estar por estar onde quer que seja, não leva a lugar nenhum. É como ser qualquer coisa num cenário abandonado. E ser qualquer coisa em qualquer lugar não é ser nada.

Um dia, a gente descobre que se despedir é olhar de relance para tudo o que fica, para todas as coisas nascidas da comunhão de um instante que já foi eterno. Mesmo com essa lembrança, a gente não quer ficar porque não se sente mais em casa. O coração está adormecido e não se emociona com a risada do outro que antes era sol e abrigo.

Um dia, a gente, simplesmente, cansa de tentar arrumar a casa, ajeitar a mobília quebrada. A gente cansa de doer sozinho e sofrer por tantas ausências premeditadas. No fundo, a gente quer que tenha reciprocidade, a gente quer ser lar em beira de estrada, mas também quer ser luz acesa no coração do outro.

A gente não quer ser só passagem, travessia e meio pelo qual alguém faz alguma coisa. A gente quer ser o desfecho daquela história bonita, sonhada com laços e arranjos de fita. Mas, a gente se dá conta que era só rascunho e sombra no caminho do outro. A gente percebe que era só um nome avulso numa folha qualquer, um ancoradouro para abrigar alguns cansaços. Um estepe. Um talvez.

A gente se despede quando percebe que não faz mais sentido ficar se o coração do outro só se ressente, não perdoa e não ama mais. A gente se resgata indo embora sem olhar para trás, sem tentar lembrar que partir pode ser um erro imperdoável, mas que ficar não pode ser mais nada.

Viver com pena de si mesmo só serve para torná-lo fraco e afastar as pessoas

Viver com pena de si mesmo só serve para torná-lo fraco e afastar as pessoas

Uma coisa é reconhecermos que não somos nenhum super herói ou super heroína; entender que há coisas que escapam do nosso controle ou que temporariamente não têm solução.

Outra coisa é viver choramingando, penalizado da própria condição ou dificuldade e não procurar sair da posição de vítima.

Ninguém aguenta conviver por muito tempo com um eterno coitadinho, ou coitadinha. Porque há pessoas que são refratárias a qualquer tentativa de ajuda ou sugestão que dependam do seu esforço ou iniciativa para sair da situação em que se encontra.

Vivem esperando por alguém que as salve de sua própria falta de coragem para assumir riscos, compromissos ou situações de evolução. Acreditam que foram escolhidas por Deus, ou sabe-se lá por quem mais, para padecerem isoladas e sozinhas nesta vida tão difícil.

Muitas vezes são pessoas que tiveram pouca atenção dos pais na infância, cresceram com aquele buraco afetivo, um real estrago de abandono familiar. É fato, isso existe. E se essas pessoa não tiverem oportunidade de tratar essas questões emocionais, de forma terapêutica, podem arrastar-se ao longo da vida, aprisionadas num padrão de comportamento que as impedirá de estabelecerem laços com outras pessoas.

Também é fato que não há acesso à terapia para todos. Mas, também é certo que quando a pessoa quer mesmo dar um outro rumo para sua vida, ela acaba arranjando um jeito: procura um serviço público, alguma entidade que organize atendimentos por preços simbólicos, um grupo de apoio, ou, até mesmo, um aconselhamento religioso.

E é bom que se esclareça: esse texto não trata de questões relativas a indivíduos acometidos por doenças psíquicas e transtornos afetivos; neste caso, não há intencionalidade no comportamento, não há vontade de chamar a atenção. Este texto trata daqueles que usam o lugar de vítima para manipular o afeto alheio.

E essa postura de pobre coitado não atinge preferencialmente os desafortunados. Muito ao contrário; há indivíduos que, apesar das inúmeras dificuldades emocionais, acabam se desenvolvendo nas outras áreas da vida e sendo bem-sucedidas. São pessoas que receberam educação formal, algumas até em níveis superiores; estabeleceram-se profissionalmente; alcançaram meios de se sustentar. E, mesmo assim, vivem estacionadas, escondem-se por trás de desculpas padronizadas como “não ter sorte com amizades e amores” ou “não ser atraente”, ou “não ter nenhuma habilidade social”.

Aquele que se acomoda de forma obstinada ao papel de vítima, pode desenvolver uma espécie de relacionamento sério com esse padrão de comportamento. Não raras vezes até começam relações amorosas ou de amizade, mas não as conseguem manter.

A ansiedade por sentir-se amado e aceito, faz com que essas pessoas de auto estima rebaixada, reajam a qualquer aproximação qual uma esponja. Esgotam os parceiros afetivos com lamúrias de menos valia e intermináveis queixas de falta de atenção.

É preciso estar disposto a afetos que libertam para que se estabeleça um processo de cura para essa carência afetiva que, em última análise, ninguém dará conta de suprir. Viver com pena de si mesmo só vai torná-lo fraco e afastar as pessoas.

Se você se reconheceu neste texto, pode acreditar, nem tudo está perdido! Em verdade, tudo pode ser encontrado, inclusive um lugar iluminado para você nesse mundo. O primeiro passo você até já deu, mesmo que não tenha percebido.

Faça algo de extraordinário por você mesmo: redescubra o que há de bonito aí dentro e compartilhe com alguém, ou “alguéns”… Quem sabe onde é que se encontra a felicidade, não é mesmo? Mas… Para que a felicidade seja encontrada, antes de tudo, a gente precisa querer procurar por ela.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Encontros e Desencontros”

Gosto de ficar em casa no sábado à noite e não vejo problema nisso

Gosto de ficar em casa no sábado à noite e não vejo problema nisso

Imagem: maradon 333/Shutterstock

Cada um é que decide se ficar sozinho em casa em um sábado à noite é solidão ou liberdade, porque ninguém tem nada a ver com as escolhas do outro. Não se intrometa quando não tiver sido convidado para isso.

As redes virtuais estão abarrotadas de pessoas viajando, comendo fora, partindo para baladas, para o exterior, para o barzinho da esquina. Ao mesmo tempo, poucas postagens dizem respeito a um livro que se está lendo, a um programa televisivo que se está vendo, ou a um nada para fazer, principalmente se estivermos no fim de semana.

A muitos, parece que a falta de opções de lazer na sexta ou no sábado é algo do que se envergonhar, ou assunto para memes e tuitadas que focam o assunto com ironia. É mais ou menos assim: “não tenho dinheiro para sair de casa”; “ninguém me convidou para nada”; “só um ‘loser’ para ficar em casa num sábado à noite”, e por aí vai. É como se não querer sair no fim de semana equivalesse a fazer papel de trouxa, a ser um derrotado, um ponto fora da curva.

Sim, existem aqueles que preferem o recolhimento acompanhado ou solitário nos dias de folga, feriados, e atualizam seu status com fotos de livros, seriados, filmes, músicas, sem nunca fazer um “check-in” em bares, restaurantes ou em aeroportos internacionais. Mas, em proporção aos baladeiros e viajados, sua quantidade é bem inferior. Trata-se, ao que parece, de uma tribo bastante diminuta e praticamente prestes a entrar em extinção.

Na verdade, cada um que viva à sua própria maneira, de acordo com o que lhe faça feliz, pois é isso o que importa. Infelizmente, porém, muitos passam a condenar e a ridicularizar quem adota estilos de vida que não condizem com o que consideram normal e desejável. Quando a gente quer ficar em casa, quando a gente não quer viajar, quando a gente prefere ficar sozinho, tem que ficar dando explicações por sermos cobrados por pessoas enxeridas.

Cada um é que decide se ficar sozinho em casa em um sábado à noite é solidão ou liberdade, porque ninguém tem nada a ver com as escolhas do outro. Que atitude irritante de certas pessoas que se incomodam com os outros, com quem está feliz do seu jeito, com quem não pediu opinião alguma, com quem está feliz no seu canto. Não se intrometa quando não tiver sido convidado para isso.

Tudo seria tão mais simples, seria tão mais fácil viver, caso respeitássemos as escolhas que não são nossas, caso não nos incomodássemos com o que não é nosso, caso vivêssemos a nossa vida e deixássemos de cuidar da vida de quem não precisa de nossa opinião. Sair, madrugar e pular de balada em balada pode ser uma delícia. Ficar em casa ouvindo música, bebendo sozinho ou acompanhado, não importa, também é uma delícia. É cada um com seu cada qual, como diziam nossos avós.

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