Você não é o que pensa

Você não é o que pensa

Imagem de capa: Ditty_about_summer/shutterstock

As fatias do tempo, as semanas, os meses, os anos, sugerem que sempre é tempo de encerrar um ciclo e recomeçar o outro. Contudo, nem sempre ganhamos a consciência do novo, porque fazemos tudo igual ao ciclo anterior.

Ninguém pode pretender trocar de casa, de trabalho, de carro, de rotina, a cada semana. Somos prisioneiros de uma toada repetitiva, e seguimos em frente, ao ritmo do que a vida nos impôs.

Então o que fazer com o novo, se o velho nos aprisiona em obrigações e contratos? Em primeiro lugar, podemos ganhar a visão da eternidade que nos permeia.

Sentimos que somos matéria, pensamo-nos quase fixos na massa, porque ocupamos o mesmo lugar em nosso circuito de obrigações, mas o éter, esse imenso espaço vazio carregado pela energia que vive dentro e fora de nós, está em permanente conexão com o Universo.

Ele viaja o tempo todo e faz constantes interações com a Mente Universal. Se tivéssemos consciência disso, não haveria dois dias iguais. E por que não temos? Porque vivemos extremamente situados no nível consciente.

A nível consciente só a inteligência funciona e ela nos diz onde estamos, e o lugar que ocupamos no mundo da matéria. Mas o inconsciente, não. O inconsciente acompanha a evolução do corpo etérico, cuja interação se faz através do espírito.

Porque o mundo ignora a existência do espírito, os seres humanos vivem mais ou menos como o cachorro, que sabe a hora certa que o dono o levará para passear, e espera por ela, sem a mínima possibilidade de mudar o horário, o percurso, e o itinerário.

Quantos mundos nos rodeiam? Milhões deles. Não apenas no universo físico mas também no campo etérico. Cada pessoa é um mundo. Cada vida é única, mas é também Universal.

Enquanto vivermos isolados nas nossas caixinhas regidas pelo cérebro, pensando que somos o que pensamos, deixamos de viver o que realmente podemos ser, se tão somente ampliássemos a percepção inconsciente.

E de que jeito faremos isso? Treinando a observação.

Podemos começar por esta: não somos o nosso pensamento. O pensamento é apenas uma das funções que aprendemos a executar. A mais fácil delas. A mais simples. A mais “macaca” porque pula de galho em galho e não se fixa em nada.

Somos o observador.

Observe o seu pensamento. Veja como ele te trai e te leva a pensar banalidades e fofocas que nada têm a ver com a sua vida. Ou te cerceia fornecendo crenças limitantes que não te deixam ampliar os horizontes.

Treine o pensamento para ficar debaixo da sua observação. Desenvolva um senso crítico anterior ao processo de pensar. Ordene ao pensamento que se cale e você verá o quanto ele se rebela e exibe o comportamento do macaco.

Só isso já será um excelente começo para situar os equívocos que a nossa mente nos prega, fazendo-nos pensar que somos a mente, quando na verdade, somos muito mais do que ela.

O treino começa com aquecimento.

Aqueça o seu coração sabendo que você não é a sua mente, e portanto, você não é o que pensa, diz, e faz. Você não é nem mesmo a emoção que sente. Se você fosse, não se arrependeria nunca dos seus pensamentos, palavras, obras e sentimentos.

Você é muito maior do que o seu pensamento que é a sede do intelecto, onde se processam as suas emoções. Apenas não sabe disso porque o seu Universo fica reduzido ao tamanho da sua Consciência. Que por sua vez, só está consciente dessa vida automática que as circunstâncias criaram.

Comece a expandir a sua Consciência observando o seu pensamento.

Afaste-se dois passos e assuma o lugar do observador. Permita-se duvidar do seu pensamento. Ouse discordar do que ele diz. Realize uma crítica interna e depois, deixe-o ir. Não discuta com ele. Não perca a serenidade. Apenas o observe.

Só isso já fará uma grande diferença.

O observador em você fará o seu pensamento ficar “sem jeito” como um menino envergonhado. E a partir dai, o campo energético terá espaço para introduzir o novo em sua vida.

Não me pensem esotérica. Sou e não sou. Leio bastante, penso ter aprendido o que li, mas muitas vezes não consigo praticar o que compreendi com o meu intelecto.

Todo conhecimento que SÓ chega na mente não produz transformação. Para haver transformação é preciso substantificar o conhecimento e transforma-lo em experiência.

No meu esoterismo ainda pouco substantificado vive uma alma que acredita em Deus como um Espírito Universal maior do que todas as religiões e maior do que toda a teologia que tenta explica-lo.

Creio em Deus. Mas também creio naquele que não crê. Porque acredito que aquele que não crê, também contém em si a divina semente que, no seu devido tempo e mundo, irá florescer.

Somos peregrinos em jornada. Compete-nos aprender, não apenas com o exercício intelectual consciente, mas também com as surpresas que o Universo nos oferece a cada dia.

A maioria de nós só aprende com a mente. Só equaciona com a mente. Só resolve com a mente. Isso não nos transforma. O grande desafio é aprender com a observação e a substantificação que realmente transformam.

Fracassos vitoriosos

Fracassos vitoriosos

Imagem de capa: JrCasas/shutterstock

Todo fracasso é doloroso. Fracassar põe em marcha o motor da baixa autoestima. Provoca a constatação: “Não fui capaz de alcançar meu objetivo. Errei em algum momento do processo, comprometendo o resultado esperado por mim. Ou pelos outros”.

A gente entende que fracassar é verbo forte e incômodo de conjugar – apesar de gramaticalmente ser um verbo regular. No melhor dos mundos, mereceríamos a vitória como recompensa aos nossos esforços e dedicação.

Mas na vida real os fracassos fazem parte do currículo profissional e pessoal, mesmo que a gente os esconda na gaveta, no esquecimento, ou debaixo de uma pedra pesada em um terreno distante e baldio. Afinal, a narrativa de insucessos não encoraja ninguém.

À medida que amadurecemos – delicioso eufemismo para substituir à medida que envelhecemos – os fracassos vão formando uma lista, ou pilha indisfarçável a reclamar alguma reflexão. E é nessa fase de vida, que eles vão se contextualizando, ou seja, se tornam relativos.

Ao pôr as coisas em perspectiva, os fracassos revisados perdem o peso de eventos absolutos. Muitas vezes, o que na época pareceu perda total, hoje vemos como investimento involuntário para ganhos melhores. Batemos com o nariz naquela porta, mas ao darmos marcha a ré encontramos outra entrada mais interessante.

Lembro que ao fracassar como romancista, leia-se autora de sinfonias literárias, acabei me encontrando com a crônica – o mais curto e descontraído dos gêneros. Longe das grandes expectativas, minhas e dos outros, pude florescer uma voz narrativa própria.

Ter me tornado uma cronista trouxe e traz alegrias para o meu cotidiano. Adoro escrever sem hierarquia de assuntos, sem engessamentos de formas. Amo ser livre em frente ao retângulo branco do computador, lugarzinho querido para eu deixar meu recado.

Recado como o da crônica de hoje, em que tento dizer que fracassos não são tão poderosos e determinantes quanto cremos, ou quanto nos tentam fazer crer. Eles podem ser pistas para inesperadas decolagens. Pois, frustrado um desejo, malograda uma vontade, algo importante e surpreendente pode surgir. Ninguém nasce condenado a um único voo.

Repara nela

Repara nela

Ela ainda está do teu lado. É a mesma que te encantou com uma risada estupidamente sedutora. Veja bem. Ainda é ela, por trás das tarefas da vida.

Repara nela. Assim como a primeira vez. Teus braços ainda são abrigo, mas você se esqueceu disso. O tempo levou os anseios e endureceu as horas. As brincadeiras deixaram de caber no tempo de vocês.

Ei, repara em como ela respira enquanto dorme. Em como os cachos dos cabelos caem delicados sobre o rosto. Veja bem, você não viu, mas já existem no rosto delicado dela algumas rugas e alguns fios brancos já se escondem em meio a sua bonita cabeleira.

A ingenuidade foi guardada em alguma gaveta e lá ficou, bem dobrada para uma outra vida, mas você nem percebeu.

Repara nela. Seus ouvidos ainda anseiam as tuas palavras. Aquelas roucas e doces, capazes de animá-la mesmo diante das grandes dificuldades. As tuas palavras ainda cabem no ouvido dela, perfeitamente, mas você deixou-se calar.

Você esqueceu de tirá-la para dançar no dia do aniversário dela. Deixou de lado as datas bonitas que eram só de vocês. Resolveu balançar a cabeça enquanto ela te contava coisas que, para você, eram bobas. Você ignorou todas as palavras dela e assim, entre vocês, passou a reinar um silêncio tristonho e desconcertante.

Olha, ainda há tempo. Ela procura sempre novas razões para te amar. Ela quer de volta o homem pelo qual se apaixonou. Repara. Todo dia ela levanta determinada a te trazer pra perto. Todo dia ela busca te chamar de volta, mas você não lembra mais daquela sua melhor versão.

Veja bem. Ela te ama, mas tem amado por dois. Tem sonhado acordada com quem um dia você foi. Olha bem. Escuta com carinho as canções que ela ouve no rádio.

Repara nos lábios dela enquanto ela canta as músicas que marcaram a história de vocês. Ela te recita verdades como quem deixa pequenos pedaços de pão pelo caminho.

Ela, por vezes, sonha alto e deseja voltar no tempo para te lembrar bonito, assim como antes, mas você não escuta, você não fala, você não vê.

Olha bem, o amor não se faz sozinho e toda relação precisa de carinho. Enxerga com o coração e nota que ela nunca se sentiu tão só.

É hora. Volta agora. O tempo ainda não acabou.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain

Declaração de escolha do caminho do amor

Declaração de escolha do caminho do amor

Imagem de capa: soft_light/shutterstock

Eu DECLARO, através do presente, estar consciente de que a minha missão maior – assim como a de todos os seres humanos nesse planeta – é reconhecer minha DIVINDADE, reconhecer o AMOR latente no meu ser, me lembrar que faço parte do TODO.

E, uma vez consciente disso, DECLARO escolher o caminho do AMOR – e não o da DOR – para ser trilhado na busca deste propósito.

Declaro estar disposta, com todo o meu coração, a vivenciar a completa RENDIÇÃO, a entregar-me aos planos divinos e a aprender tudo o que for necessário.

Declaro, com toda a força do meu ser, que não precisarei passar pela dor para compreender a minha NATUREZA DIVINA e reconhecer que sou PURA LUZ.

Declaro não desejar mais criar ESCURIDÃO na minha vida, ao negar ser DEUS.

Declaro estar verdadeiramente disposta a abandonar o caminho da NEGAÇÃO e do SOFRIMENTO, pois sei que DEUS é LUZ, e ser luz faz parte da minha natureza.

Declaro abrir mão, nesse instante, de toda e qualquer RESISTÊNCIA que ainda possa haver no meu ser, sendo o meu desejo maior SOLTAR, parar de lutar contra e ACEITAR a realidade de ser LUZ DIVINA.

Declaro, com amor, o firme propósito de me libertar de todos os NÃOS que existam na minha concepção de mundo e me abrir para todos os SINS necessários ao meu retorno do estado de UNIFICAÇÃO com Deus.

Declaro o desejo sincero de viver de uma forma mais SIMPLES, mais HARMONIOSA, mais ALEGRE e mais LEVE. Declaro que procurarei colocar AMOR em cada pensamento e em cada ato do meu dia.

Declaro aceitar a CURA de tudo o que não está alinhado com a PURA LUZ, para que nela imediatamente se transforme. Declaro ter plena e irrestrita CONFIANÇA em Vossos desígnios para mim e para o mundo.

Declaro me PERDOAR e perdoar a todos por tudo o que possa ter acontecido até o presente momento, nos LIBERTANDO de quaisquer amarras.

Enfim, declaro-me completamente AUTORESPONSÁVEL, a partir deste momento, pelo trilhar do caminho do aprendizado pelo AMOR, que inclui AUTOCONHECIMENTO para o reconhecimento das minhas NEGAÇÕES, compreensão acerca da CO-CRIAÇÃO da minha realidade e a necessidade de ter muito AMOR e COMPAIXÃO comigo mesma para poder, finalmente, vivenciar a minha DIVINDADE, a minha LUZ e a minha integração ao TODO.
Assim seja.

Eu não sei você, mas hoje sou mais leve. Da minha vida, amo eu.

Eu não sei você, mas hoje sou mais leve. Da minha vida, amo eu.

Imagem de capa: MakanaCreative, Shutterstock

Vou te contar, não virei zen e nem aprendi técnicas de relaxamento para a alma, ainda que sejam importantes. Também não passei a não me importar com as pessoas e com assuntos gerais. Nada disso. Simplesmente, deixei de me maltratar para encontrar paz. Mudei o meu comportamento, a minha rotina e os meus sentimentos. Eu não sei você, mas hoje sou mais leve. Da minha vida, amo eu. Sinto muito.

De uns tempos pra cá, aprendi muito a meu respeito. Uma delas foi a ter autoconhecimento. Foi reconhecer que, certos caminhos, não posso controlar. Mas mesmo nos dias pesados e nas reações imprevisíveis que a vida traz, tive força para manter a calma. Para seguir em frente, para não permitir que os males cotidianos impedissem o meu crescimento. Porque, bem lá no fundo, é isso o que importa. Se tudo é passageiro, então por que encarar de cabeça baixa os momentos que não tenho como perpetuar? Prefiro dedicar o que tenho de melhor para evoluir e aproveitar instantes e pessoas dispostas de generosidade e afetos sinceros. Quando entendi isso, tudo se tornou mais leve, palpável.

Não me irrito mais com facilidade. Tampouco cruzo os braços e espero, quem quer que seja, vir e fazer dos meus sorrisos motivos para invejas. Afastei-me de corações pequenos e de discursos prepotentes e injuriados. Finalmente, com muita sinceridade, cada parte do meu ser agora respira tranquilidade e liberdade. Faço aquilo que gosto, me relaciono com quem admiro e escolho presenças positivas. E nada disso é sorte, muito pelo contrário, é resiliência.

Vou te confessar, não estou dispensando sentimentos e nem fechando portas para o novo. A diferença é que hoje sei contemplar somas e desviar de solidões. Continuo sendo quem eu era, mas não do mesmo jeito. Aprendi sobre silêncios, brevidades e leveza. Sou mais amor do que ontem e não paro por aí. Da minha vida, quero mais. Pouco não me serve, desculpa.

Por um mundo onde não precisemos desbancar os outros para sermos melhores

Por um mundo onde não precisemos desbancar os outros para sermos melhores

Imagem de capa: Fred Ho/shutterstock

Já há algum tempo, esse nosso costume contemporâneo de competirmos por tudo tem me incomodado e me feito refletir.

Status e expressões como “campeão”, “ser o melhor”, “estar em primeiro” (e, consequentemente, fazer do outro perdedor), parecem estar em seu auge. Competir, porém, já não me é algo tão atrativo quanto antigamente.

A verdade é que, quanto mais entendemos os motivos (que se resumem facilmente ao capital),pelos quais valores como os da competição, do sucesso, da produtividade são tão aclamados na sociedade atual, mais ficamos com um pé atrás no que diz respeito a todo esse embate.

Mas, afinal, quais as consequências da internalização tão forte desses valores em nossa subjetividade? Individualismo e narcisismo exacerbados, confrontos de ego constantes.

Não sabemos nos relacionar, não sabemos trabalhar em grupo. Por outro lado, a insegurança reina. Baixa autoestima e sentimento de inferioridade se fazem presentes, principalmente entre aqueles que estão sempre entre os “perdedores”. Triste, não é?

Uma ideia antiga, porém muito válida: não há nada mais saudável que competir consigo mesmo. Não há nada mais motivador que a meta de superar um limite próprio. Não há nada mais prazeroso que superar a si. Não precisamos vencer ninguém para melhorarmos, para evoluirmos.

Buda, complementando tal pensamento, disse-nos que nosso maior inimigo é nossa própria mente. E não é ela mesma (a mente) que devemos moldar para evoluirmos (nos vencermos talvez), tanto em nível de corpo quanto em nível de pensamento?

Agora, alie essa ideia a valores como os do trabalho em grupo e respeito às individualidades de cada sujeito. O cenário a ser visualizado melhora significativamente, não é?

Eu sei, eu sei. Existem competições e competições. Saudáveis e não saudáveis. Mas a que critico aqui é a que o capitalismo nos impõe: desleal e prejudicial.

Desleal, por impor metas que nos são, muitas vezes, inatingíveis e prejudiciais, principalmente à nossa saúde mental, por nos fazer pensar que não somos bons o suficiente: na escola, no vestibular, no trabalho e em tantas outras esferas de nossas vidas.

O que nos resta é lutar para, aos poucos, mudar isso. “Ah, mas essa é uma característica imutável dentro de nossa sociedade.”

Ah, meu amigo, o que posso lhe dizer, por hora, é que nada é imutável e uma revolução pode se dar tranquilamente a partir da mudança de atitude de alguns poucos. É assim que algo se espalha.

Desculpe, aqui não trabalhamos com o “felizes para sempre”

Desculpe, aqui não trabalhamos com o “felizes para sempre”

Por favor, esqueça essa história de felizes para sempre. Amores que apelam para isso, não duram. Não existe jeitinho, gambiarra ou recortes que façam um amor durar tanto tempo. Porque para sempre é uma janela inexistente. É querer concentrar esforços para alimentar expectativas irreais e distorcidas do amor saudável. O melhor a se fazer é o seguinte, mergulhe no carinho diário e faça planos, mas ame como se fosse a primeira vez. Não faça contas do quanto esse sentimento pode ser estendido.

O que prejudica a maioria das relações é essa insistência em imaginar um futuro que pode não acontecer. É quando você aprisiona algo que deve ser vivido no hoje em vez do amanhã. A gente tira a beleza do amor romântico e o transforma num conto de fadas pra lá de dramático. “Eu quero você para sempre”, “eu vou te amar por toda a minha vida”, “nós nunca ficaremos separados” e outras declarações que, mais cedo ou mais tarde, encontram uma simples sentença, a realidade. Não é desacreditar que duas pessoas não possam ficar juntas, que não possam construir algo duradouro e digno de um final feliz. Mas acredite, é bem diferente concretizar uma felicidade de mantê-la por um tempo indeterminado.

É só perceber, no primeiro desfecho pós a fala felizes para sempre, o coração vai para beira do abismo emocional. E para quê? Por quê? Para quem? Difícil entender a necessidade urgente de alguns em categorizar suas relações amorosas em lados – deu certo e quebrei a cara. Não é assim. Não é o fim que te faz decepcionar-se com o amor, mas o pensamento criado de que ele nunca acabará.

O amor é legítimo no início, meio e fim. Logo, nada mais justo do que apreciá-lo e sê-lo nas horas, dias, semanas ou anos que lhe couberem. Amor é cuidar dos próprios afetos antes de solicitar permanências. É seguir adiante sem esperar que uma âncora esteja atrelada a quem você quer que fique.

Desculpe, aqui não trabalhamos com o “felizes para sempre”. Preferimos o “felizes de hoje em diante”. Ou, até quando formos felizes juntos.

Imagem de capa: Em Paris (2006) – Dir. Christophe Honoré

Você ainda se reconhece?25

Você ainda se reconhece?25

Imagem de capa: Matva/shutterstock

Quando você se olha no espelho ou nas fotos, ainda se reconhece?

Você ainda vê nos seus olhos aquele brilho que possuía na infância ou na juventude, aquela certeza de que algo muito bom estava por vir, aquela confiança de que iria ser tudo o que desejasse e aquela esperança de um mundo melhor?

Você ainda enxerga no seu semblante aquela inocência de quem ainda não se corrompeu por um mundo fora do prumo, aquela confiança de quem crê em uma força superior e divina, aquela serenidade que apenas as pessoas de fé possuem?

Você consegue perceber no seu sorriso aquela malícia gostosa de quem tem tesão pela vida, de quem está cheio de planos, de quem se empolga com os acontecimentos?

Você consegue sentir naquela sua imagem refletida uma paixão por si mesmo, um senso de autovalorização e autodefesa, um sentimento de quem pode construir todas as oportunidades que quiser, um amor por estar vivo?

Ou você se olha vê uma pessoa que mais parece um estranho, com um semblante cansando, um ar de desilusão, uma falta de energia vital ou um sentimento de indiferença por tudo?

Se você não se reconhece, precisa parar para pensar. O quanto antes. Precisa analisar em que esquina da vida começou a deixar pedaços de si pelo caminho. Por qual razão parou de acreditar, veementemente, na sua verdade, e a defendê-la com unhas e dentes.

Necessita verificar que pessoas, eventualmente, você permitiu que lhe demovessem da ideia de ser você mesmo, de investir tempo e energia para ser tudo o que sempre sonhou.

Carece observar com que fundamento passou a acreditar que é necessário bastante dinheiro para viver bem, que estabilidade é essencial, que precisa responder ao que “a sociedade” espera de você.

Aonde foi que viu que “agora é tarde demais”, que há um tempo certo para as decisões na vida, que precisa se importar com o que os outros vão pensar.

Se você não se identifica bem com a pessoa que é hoje, é preciso parar. Logo. Enquanto é tempo. Enquanto há vida. Reavaliar a sua caminhada. Rever as rotas. Ajustar o prumo. Tentar novas opções. Arriscar-se, enfim.

Porque, no fim das contas, o que vai ter valido a pena é o que fez o seu coração vibrar.

A falta de atenção muda as pessoas. O excesso dela também.

A falta de atenção muda as pessoas. O excesso dela também.

IMagem de capa: BlueSkyImage/shutterstock

Todo excesso é ruim, essa é a máxima da vida. Ninguém gosta de gente boazinha demais, nem romântica de menos. Admira-se o bom senso, o autocontrole, o amor medido. Não a disponibilidade incondicional, a bondade extrema e a carência exposta.

Ser solícito demais assusta, insistência em excesso não gera interesse e carinho demais irrita. Essas atitudes, além de demonstrarem o quão carente a pessoa está, deixam os relacionamentos abalados e frios, já que levam os envolvidos a se distanciarem por medo ou desvalorização do sentimento.

Algo que não aprendemos a diferenciar, no comportamento humano, é o que é considerado razoável (aceitável) e o que é diagnosticado como patológico, visto que muitas síndromes estão disfarçadas de qualidades e bons comportamentos.

O que diferencia um comportamento razoável de um patológico é a intensidade, a repetição em que é cometido e o prejuízo psicológico que isso acarretou no outro. No caso dos bonzinhos existem duas vertentes: o chamado “Transtorno de Personalidade Dependente”, que são pessoas boas que dizem “sim” para tudo, possuem um comportamento passivo e, por medo, são submissas a seus parceiros. Nesse caso, quem sofre é, exclusivamente, o próprio portador da Síndrome, já que seu medo o paralisa de ser independente emocionalmente. E há os “bonzinhos demais” que são pessoas más que, utilizando-se da máscara da bondade, fazem de tudo para conseguirem o que querem. E, claro, um caso é o oposto do outro.

Diferente do que a sociedade prega, entenda: uma pessoa “boazinha demais” não é uma boa pessoa. Sem escolher sexo, pessoas boazinhas demais demonstram desvio de personalidade e, com elas, todo cuidado é pouco.

Há uma frase de Louis Bourdaloue, que diz que “o amigo de todos não é amigo de ninguém” e, convenhamos, é uma das maiores verdades comprovadas. Se profissionalmente, o bonzinho demais é capaz de puxar saco, tapete e o que mais for preciso para atingir seus objetivos, que dirá na vida pessoal.

Sempre românticos, ciumentos e com medo de perder quem dizem amar, consideram-se donos dos parceiros e criam situações que os afastam do convívio familiar, social e profissional. Por não terem os próprios amigos, acreditam que o parceiro também não precisa ter.

Geralmente, pessoas com esse tipo de comportamento são extremamente carentes e possuem pânico da solidão. Fogem de dias nublados, chuvosos e domingos à noite sozinhos como um cachorro foge do banho.

A pessoa “boazinha demais” é emocionalmente instável e procura no outro a validação por seus atos. Com uma compulsão notável em agradar, não medem esforços para ajudar e para solucionarem os problemas alheios. Doam-se intensamente ao relacionamento e, quando não recebem isso de volta, se iram de forma surreal.

Note: todo homem gentil demais, geralmente é um conquistador em potencial e, ao contrário do que aparenta, trata de forma bem agressiva as pessoas com quem convive. Já no caso das mulheres, a bondade excessiva esconde um poder de persuasão assustador.

Lidar com pessoas transparentes, verdadeiras, honestas é uma dádiva. Pessoas verdadeiras possuem um comportamento estável, reto e equilibrado em qualquer situação. Diferente dos impostores que, disfarçados de cordeiros, enganam, trapaceiam e prejudicam quem ousa entrar em seus caminhos.

A verdade é que todos nós estamos à mercê desses “bondosos” de plantão. Até, porque, não vivemos com um colete à prova de pessoas. Mas, saber diferenciar pessoas boas das pessoas “boazinhas demais” já é um grande começo.

Não permita que a ansiedade te cegue para os sinais. Conviver com pessoas assim é tão perigoso quanto devastador e, como em filmes de suspense, você só perceberá o estrago no final. François La Rochefoucauld dizia que : “há pessoas más que seriam menos perigosas se não tivessem nenhuma bondade”.

Seja inteligente. Aproxime-se dos bons e afaste-se dos que aparentam apenas ser. Como dizia Rubem Alves: “Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto (…) elas nos surpreendem e nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando de penhascos. Outras, ao contrário, nos fazem pesados e graves. Pés fincados no chão, sem leveza, incapazes de passos de dança. Quanto mais a gente convive com elas mais pesados ficamos”.

A decepção é inerente ao ser humano e, provavelmente, nos decepcionaremos muito nessa vida. Mas, acredite, é melhor ser decepcionado com a verdade revelada, do que abraçado com um punhal nas costas.

Viva as perguntas

Viva as perguntas

Imagem de capa: ESB Professional/shutterstock

“Quero lhe implorar para que seja paciente com tudo o que não está resolvido em seu coração e tente amar as perguntas como quartos trancados e como livros escritos em língua estrangeira. Não procure respostas que não podem ser dadas porque não seria capaz de vivê-las. E a questão é viver tudo. Viva as perguntas agora. Talvez assim, gradualmente, você sem perceber, viverá a resposta num dia distante.”
Rainer Maria Rilke

A Gestalt-terapia é uma abordagem da Psicologia pouco conhecida, porém fascinante. Não somente por ser atual, mas muito por sua simplicidade. Fritz Perls, um de seus pensadores, criticava os processos de racionalização e intelectualização, nos quais tentamos (em vão) explicar eventos psicológicos. Para ele, a grande maioria das nossas vivências mais marcantes não carece de uma explicação lógica, ela apenas precisa ser sentida.

A Gestalt-terapia é conhecida, também, como a terapia do aqui agora e sofre muitas críticas, por simplificar uma área da academia que, com os anos, tornou-se extremamente teorizada e elitizada. Para Fritz, o processo terapêutico deve ser acessível, simples e objetivo. Principalmente, ele deve devolver autonomia ao cliente, para que ele possa desenvolver autoapoio e autorresponsabilização ao fazer escolhas, para que ele aprenda a utilizar seus próprios recursos no momento, dependendo cada vez menos da validação do meio ou de um profissional.

“O intelecto é a prostituta da inteligência”, dizia Perls, que condenava a Academia atuando na formação de psicoterapeutas e as áreas de estudo que buscam incessantemente sentido e entendimento racional de tudo. O intelecto se vende fácil ao que faz sentido lógico, mas nem sempre isso combina com nosso entendimento emocional dos eventos. Constantemente, tentamos racionalizar e entender nossas frustrações através da razão e explicá-las, a fim de encontrar paz e conforto e, na maioria das vezes, essas tentativas geram mais conflitos emocionais do que resoluções.

A grande “sacada” de Fritz envolve a validação de nossas emoções. Ele entendeu que os eventos psicológicos não podem (nem devem) ser compreendidos racionalmente. Entender que a morte é uma certeza de quem vive, conhecer as religiões e crenças, acreditar em um plano espiritual além da vida, não fazem a perda de alguém que amamos menos sofrida, tampouco tornam a possibilidade da morte menos assustadora. Mais do que explicar racionalmente, é preciso sentir, lamentar e chorar a dor da perda.

Tudo isso parece muito simples, se não vivêssemos em uma sociedade cartesiana, altamente intelectualizada, onde se busca fazer sentido lógico de tudo, onde é tão difícil falar de sentimentos, medos, frustrações, perdas, fracassos, dores. Para evitar a inconveniência da verdade, maquiamos as partes duras de nossa história, na tentativa de deixá-las “emocionalmente suportáveis”.

É mais fácil dizer que gasto muito do que admitir que sustento meu marido. É mais fácil falar que ele anda muito ocupado e não consegue me responder a admitir que estou sendo rejeitada. É mais fácil apontar culpados para o que vivo de disfuncional do que admitir que sou tão responsável pelas minhas vitórias quanto sou pelos meus fracassos. Esses são exemplos bem simplificados de como construímos as histórias fantasiosas que nos contamos. Geralmente nos contamos mentiras, “enfeitamos” os fatos, porque é muito doloroso encarar a verdade. Ironicamente, é só quando validamos nossas verdades mais duras que encontramos consolo e paz.

Fritz falava de um outro tipo de inteligência, que nada tem a ver com o intelecto. A inteligência que ele reconhecia era uma inteligência criativa e emocional. Ele reforçava que saúde emocional tem a ver com desenvolver uma maneira de viver a vida com autonomia, autoresponsabilização, responsability, ou seja, habilidade de resposta adequada para cada novo conflito que se apresenta (na língua inglesa: responsibility = response+ability).

O propósito do Gestalt-terapeuta é auxiliar o cliente a descobrir suas verdades por si só e frustrar todas as tentativas de racionalização e fuga. É comum que a pessoa chegue ao consultório com a história já ensaiada, racionalizada, tentando fazer sentido de todos os fatos. “A verdade só pode ser tolerada quando descoberta por conta própria”. O Gestalt-terapeuta deve agir como facilitador, nunca como mensageiro da “verdade”.

A Gestalt-terapia me ensina todos os dias que as respostas que buscamos encontram-se em um caminho tão mais acessível que não ousamos percorrer pelo prazer que temos em complicar o que é simples. Mas, para aqueles que se arriscam, o convite é o mesmo feito por Rilke, em seu livro “Cartas a um jovem poeta”: pare de procurar as respostas e comece a viver as perguntas.

Identifique-se, mulher!

Identifique-se, mulher!

Imagem de capa: lassedesignen/shutterstock

Com nós, mulheres, que entramos num relacionamento e/ou que temos um filho, pode acontecer algo que dificilmente se vê acontecer com os homens: a perda da identidade.

Num envolvimento amoroso, quando mergulhamos de cabeça ou estamos profundamente apaixonadas, não é difícil que, com o passar do tempo, acabemos por nos ver apenas em par, somente como casal, e não mais como aquele ser único e cheio de peculiaridades que éramos antes.

E isso é um perigo tremendo, pois ao assim agir, perdemos nossa identidade e podemos deixar ir, aos poucos e sem perceber, nossa autoestima, nossos sonhos, nossos amigos e, até mesmo, aquilo que nos tornava interessante tanto a nós mesmas, quanto aos demais.

Não podemos esquecer que, antes de a esposa do(a) fulano(a), a namorada do(a) sicrano(a), somos nós mesmas, que existimos de forma independente, que somos aquela pessoa cheia de trejeitos, manias e peculiaridades desde pequena, um ser completo e singular, com suas próprias ambições e visão de mundo.

Todavia, quando nasce um filho, a coisa é muito mais intensa. A perda da identidade é um perigo ainda mais concreto. O nosso corpo já está mudado por causa da gestação e, depois, da amamentação. O tempo para dedicação a nós mesmas, logo após o parto, é quase nulo (depois dá uma melhorada, mas nem se compara com o tempo que possuíamos antes do rebento!). Aquele ser divino e encantador que nasceu nos deixa meio que enfeitiçadas, tudo gira em torno e em função dele. Ele é uma parte de nós, não adianta. É um momento mágico, de fato.

Porém, temos que tomar o cuidado para não nos abandonarmos como pessoa, na nossa perfeita singularidade. O tempo passa, os filhos vão se desenvolvendo e conquistando a sua independência, e não podemos ficar na sua margem, à sua sombra.

É claro que logo que um filho nasce a vida dá uma guinada tremenda e levamos um tempo para nos situarmos. Faz parte. O que não pode acontecer é permanecermos com a nossa identidade confusa depois de a poeira abaixar.

Precisamos lembrar que temos amigos, que possivelmente temos uma carreira profissional, que temos (ou podemos vir a ter) um(a) parceiro(a), que temos aspirações das mais diversas ordens, e muitas destas coisas não incluem, diretamente, os nossos filhos.

E está tudo bem. Continuar existindo como pessoa – e não apenas como a companheira e/ou a mãe – não é nenhum crime! Pelo contrário, é importante, é necessário, é vital!

Se não o fizermos, invariavelmente uma hora a vida vai nos cobrar. Vai chegar um dia em que nos olharemos no espelho e talvez não mais nos reconheçamos. Não veremos refletido o mesmo brilho no olhar de outrora. Nos perceberemos confusas, perdidas.

De qualquer forma, sempre é tempo de voltar a se encontrar. Não importa o que aconteceu ou quanto tempo passou. É possível percorrer o caminho de volta para dentro. É possível redescobrir-se.

Porque, não tenhamos dúvidas: faremos nossos(as) parceiros(as) e nossos filhos mais felizes, quando estivermos bem e felizes conosco mesmas!

“O passado é uma roupa que não nos serve mais!”

“O passado é uma roupa que não nos serve mais!”

Um fenômeno interessante que a modernidade trouxe consigo: a idealização do passado.

Pois bem, tentemos exemplificar com um filme: Meia-Noite em Paris. Gil (interpretado por Owen Wilson) é um roteirista americano de passagem por Paris, que acaba viajando no tempo e visitando a Paris em sua “Época de Ouro”, nos anos 20. O protagonista que, de fato, tem uma predileção pelo passado, acaba conhecendo figuras importantes, como o pintor Salvador Dali e o escritor T.S. Eliot.

Sem mais spoilers, o filme de Woody Allen parece ter a intenção de tocar exatamente nessa nostalgia característica do ser humano, nessa tendência que temos a supervalorizar o passado, em detrimento do presente.

Quem nunca ouviu alguém lhe dizer que nasceu na época errada ou que os anos 60, 70 ou 80 eram muito melhores? Essas são falas recorrentes mesmo entre os mais jovens. E este sentimento se aplica também a nossas vidas. Queremos voltar ao nosso tempo de faculdade, ao nosso ensino médio, temos um desejo de reviver a nossa infância e de revisitar nossa juventude. Afinal, o que há de tão especial no passado?

“Nostalgia é negação. Negação do presente doloroso” diz Paul, personagem do filme, em uma das cenas. Seria, então, esse sentimento nostálgico do ser humano uma tentativa de fuga de um presente não satisfatório? Fica a questão.

Parece-me que estamos transformando o passado – que deveria ser uma bagagem histórica e cultural nossa – em um refúgio fantástico, onde nossos sonhos podem se tornar realidade, estratégia esta que nos faz ignorar o presente. Talvez, pior, deixar de construir um futuro.

E não para por aí. O culto ao passado também nos priva da criatividade, da inovação, da mudança. Priva-nos da capacidade de aceitação do novo, do moderno, do diferente e do estranho. Nesta perspectiva, a valorização de antigos hábitos, costumes, paradigmas e valores, por vezes nos estagna e limita nossa capacidade de fazer novas descobertas, de olhar o mundo de uma outra (nova) perspectiva.

Pois é, o novo sempre vem! Apesar de se mostrar um importante professor e indispensável biblioteca de memórias nossas, o passado tem nuances e armadilhas. Fique de olho, pois, como já dizia o queridíssimo Belchior: “precisamos todos rejuvenescer”; e esse tal de “passado é uma roupa que já não nos serve mais”.

Imagem de capa: cena do filme “Meia Noite em Paris”

Para a pessoa errada você não terá valor algum, mas, para a “pessoa certa”, você será tudo.

Para a pessoa errada você não terá valor algum, mas, para a “pessoa certa”, você será tudo.

Imagem de capa: Nestor Rizhniak/shutterstock

Quem nunca levou um pé na bunda e, depois disso, se achou o problema? Quem nunca, depois de uma decepção amorosa, buscou ver onde falhou? Aquela sensação de rejeição dói e faz com que a gente se ache o tal problema muitas vezes, quando o erro nem sempre está em nós, mas na importância e expectativa que depositamos no outro?

Talvez, para aquela pessoa com a qual você se envolveu, a sua roupa não era legal, o seu corte de cabelo era brega e você tentava se encaixar, a todo custo, nos padrões do outro. A sua risada era escandalosa demais; o seu perfume, doce demais, e o seu jeito de ver a vida era viajado demais. Cobranças e mais cobranças, reclamações e mais reclamações. A verdade é que você – literalmente- é demais, para quem era de menos.

Então, pode ser que, depois do fim de uma história, você se veja com raiva, com o coração apertado e sentindo que fez tudo errado. Pode ser que você já tenha passado noites em claro, buscando respostas para as suas falhas e tentando compreender no que falhou. Mas preste atenção no meu recado: você pode trocar o guarda roupa e mudar o seu estilo, rir baixinho e tentar, a todo custo, ser mais razão e menos emoção. Você pode até tentar esconder o quanto você se importa com as pessoas e fazer de tudo para ser o que o outro espera de você, mas uma coisa é certa: sempre haverá algo a melhorar para esse alguém e você pertencerá mais ao outro do que a você mesmo.

Para ilustrar o que quero dizer, pense comigo: alguém que trabalha como garimpeiro irá saber reconhecer quando encontrar uma pedra preciosa, certo? Pode ser que nós, sem ter esse conhecimento, jamais saberíamos reconhecer uma pedra que vale muito, mas que precisa ser lapidada e cuidada. Certamente, em muitos relacionamentos, eu vejo isso: pessoas incríveis que, aos olhos do outro, não possuem tanto valor. Olhos que não conseguem enxergar o que possuem do lado, porque simplesmente não sabem reconhecer uma grandeza. Por isso, para a pessoa errada, você não terá valor algum; os seus princípios, valores e propósitos de vida serão uma bobagem e seus sonhos nunca serão levados a sério.

Para esse alguém, o seu jeito reservado, bagunçado ou complicado de ser, será sempre um impasse para assumir compromisso e, não importa o quanto você se cuide, da sua alma e das suas emoções: isso nunca será suficiente. Mas, para a pessoa “certa”, você será tudo; esse alguém irá saber corrigi-lo com sabedoria, sempre que você falhar; para esse alguém, o seu abraço será abrigo, no final cansado do dia, e os seus sonhos não serão bobagens.

Eu insisto: encontre alguém que o valorize, que goste de você do jeito que você é, mas que, ao mesmo tempo, incentive-o a sempre melhorar. Alguém que não implique com coisas banais, como a aparência, e que saiba olhar para os seus medos. Como é bom encontrar alguém que veja a nossa coragem incrível.

Então, para a pessoa certa, aquela que olha nos seus olhos e que ama até essa sua vírgula na bochecha, vulgo covinha, você será tudo. Mas, para a pessoa errada, você não terá valor algum e, não importa o quanto os outros digam ou o quanto você tente provar isso, esse alguém não irá vê-lo dessa forma bonita.

Só você sabe o tempo que lhe cabe e a felicidade que te completa

Só você sabe o tempo que lhe cabe e a felicidade que te completa

Imagem de capa: g-stockstudio, Shutterstock

A verdade é que, ao longo da vida, muitas pessoas cruzarão o seu caminho e tentarão lhe dizer quais as decisões você deve tomar. Algumas não farão por mal, mas por pura preocupação. Outras, talvez digam o que lhes parecer mais adequado e fácil. E ainda existirão aquelas que dirão “verdades” camufladas em invejas. Você sabe disso, não chega a ser nenhum segredo. Mas, acima de tudo, só você sabe o tempo que lhe cabe e a felicidade que te completa. Não abra mão disso, por nada e nem por ninguém.

Acreditar e correr atrás daquilo que você sempre quis, infelizmente, para alguns desavisados, é uma aposta de alto risco. É um salto para os dispostos e você sabe que não existem mais tantos deles, hoje em dia. Porque é difícil, para quem está de fora, manter o foco e a vontade de mudar. De transformar cada obstáculo e falas invejosas em algo mais. Não há nada de incomum naquelas pessoas que desistem, desacreditam e dizem que você não pode. Me diz, em quantos futuros você já se viu e alguém falou ser perda de tempo? Relacionamentos, trabalho, projetos, sonhos, o que for. Parece haver uma cumplicidade para dividir em vez de somar.

É bem diferente quando, sem nenhum propósito ou mesmo uma encenação, alguém aparece e diz, estou com você. Pode parecer pouco, mas é um tipo de reconhecimento gratuito e nobre. Se fôssemos mais receptivos e crentes nessa postura, de repente seguir em frente não soasse tão complicado, algumas vezes. Mas a realidade não funciona assim. Você luta, quebra a cara, ressurge e evolui a partir das próprias escolhas.

Quem chega na sua vida, precisa entender de respeito. Precisa compreender que empatia é um sentimento a ser conquistado com generosidade e confiança. Sonhar acordado é dar com os pés e mãos no coração de alguém. O tempo que lhe cabe é o tempo que tudo pode e valoriza. E a felicidade que te completa é daquele jeito que o seu amor se sustenta, seja por você e por quem estiver em sintonia.

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