Atenção por cortesia. Quanto vale?

Atenção por cortesia. Quanto vale?

Sabe aquela pessoa que está sempre com a torneirinha aberta, despejando tudo o que lhe vem à cabeça, sem sequer perguntar se quem lhe ouve, o faz por vontade ou obrigação?

E sabe aquela outra pessoa, que, por generosidade ou inabilidade, passa horas de sua vida ouvindo casos e histórias que não são seus e nem sequer faz parte, mas não consegue se desvencilhar?

A primeira, sabe que está obtendo atenção por cortesia. E não lhe importa isso. Ela quer falar.

A segunda, ouve igualmente por cortesia. Pode até se incomodar, mas aguenta firme. Ela entende que a primeira quer falar.

São conversas mediadas pela educação, pela delicadeza de não frustrar quem crê que precisa muito se comunicar, se esvaziar, desabafar.

Mas, quanto vale uma atenção por cortesia? Que nível de envolvimento é possível?

Tão frustrante quanto não ter quem nos ouça confissões e relatos, é também quem nos ouve com distância, distraído, só por cortesia.
Aquela conversa entrecortada, sem continuidade, onde chegamos a inventar detalhes mais emocionantes do que os reais, somente para prender nosso ouvinte escolhido.

Quanto vale uma conversa vazia? Quanto vale alguém te olhando fixamente, sem em nada prestar atenção, apenas aguardando a sua vez de falar?

A gente costuma dizer que é conversa de maluco. Um divagando sobre a origem da vida e o outro, montado em sua bicicleta imaginária, percorrendo campos bem longe dali.

E, ao final, aquele tempo passado juntos, mais os afastou do que qualquer outra coisa.

Atenção é coisa séria e uma prova delicada de amor. Se formos capazes de atender integralmente às necessidades de alguém que tem algo a nos dizer, ainda que o assunto não nos interesse; se soubermos nos colocar no lugar do outro diante da urgência de um desabafo; Então, a mera cortesia dará lugar à empatia, e, sem julgamentos nem cansaço, estaremos aptos a dar a atenção que tanto gostamos de receber e não hesitamos em cobrar dos outros.

A cortesia pode ser guardada para outras ocasiões.

Imagem de capa: Diego Schtutman/shutterstock

Não mendigue o amor de ninguém, nem desperdice o seu

Não mendigue o amor de ninguém, nem desperdice o seu

Imagem de capa:Jose AS Reyes

Amor é ato espontâneo. Mal percebemos quando começa, não exercemos qualquer controle, nem tampouco definimos a intensidade.

Há alarmes falsos, certamente. O que se pensava ser amor, era somente um foguinho que logo apagou. Ou, uma fantasia tão perfeita, que ousou o lugar do personagem real. Mas, isso não conta como amor.

Amor é encontro, encaixe, despertamento de atitudes recíprocas, de cuidado e carinho.

Quem só quer receber amor, não está muito interessado em amar.
Quem implora a alguém que aceite o seu, um dia cobrará a devolução.

Não existe amor negociado, nem combinado. Alguns fatores contribuem – a admiração, o respeito, o carinho, a amizade- mas eles já são a expressão do amor nascendo.

O amor encontra caminho em qualquer passagem, encontra alimento em qualquer ambiente, mas só fica e cresce onde é recíproco.

Quem ama e não é amado, acaba por desistir do amor.
Quem leiloa seu amor, o vende por um lucro que nunca receberá.

Amor suplicado é um caldo amargo de piedade, que envenena quem o recebe. Amor inflacionado é produto falsificado, que ilude quem o arremata.

Não se deve implorar o amor de ninguém. Não se pode utilizar como moeda de troca. A indiferença é, talvez, a maior expressão do amor que se retirou. Diante dela, viramos mendigos de um amor que jamais será espontâneo. E, ao mesmo tempo, sucateamos o nosso amor, desesperadamente, em troca de nada.

A dor de um amor não correspondido, a gente supera. É da vida, acontece. Mas, transformação do amor-próprio em mendigo e escravo de outro amor, mata pouco a pouco a capacidade de amar novamente.

Antes que isso aconteça, o melhor é aceitar, desejar boa sorte e se despedir. Não desperdiçar uma gota do amor que a gente tem, e sim, oferecê-lo nas boas trocas que a vida sempre propõe.

A verdade é uma só: se causa mais dor do que amor, não serve para você.

A verdade é uma só: se causa mais dor do que amor, não serve para você.

Não deveria ser normal nos acostumarmos com a maldade. Ofensas diárias, agressões constantes e traições corriqueiras não são atitudes normais e não deveriam ser tratadas como tais.

A verdade é uma só: se causa mais dor do que amor, não serve para você.

Essa mania, que algumas pessoas possuem, de se acomodarem nos relacionamentos e de encararem as ofensas como parte da personalidade do outro é, no mínimo, doentia.

Acomodar-se com a dor é como assinar a própria sentença de infelicidade. É fechar os olhos para o amor próprio e deixar morrer o sonho de ser feliz. Drummond dizia que “a conquista da liberdade é algo que faz tanta poeira, que por medo da bagunça, preferimos, normalmente, optar pela arrumação.”

Pessoas cômodas preferem viver o mal que estão acostumadas ao correr o risco de ficarem sozinhas. Não conseguem enxergar que o sofrimento quando vira rotina desorganiza a trajetória de vida, faz adormecer os planos feitos e acaba com o autocontrole dos envolvidos.

Para ser feliz, é preciso desenvolver amor próprio a ponto de não aceitar o que vier. Não é fácil, nunca foi e nunca será, mas é possível. Aceitar que as coisas não estão bem é o primeiro passo para que sua vida volte a ficar bem novamente.

Olhe para vocês, para o relacionamento e para onde está indo o respeito. Avalie a possibilidade de continuar e a possibilidade de partir. Tenha medo de sofrer, porque o medo é o começo da cura.

O medo da queda, não permite que você ande em lugares perigosos. O medo do afogamento, não permite que você nade em lugares que não conhece e o medo de amar, permite que você use o cérebro antes do coração.

A dor nos engrandece quando é utilizada como aprendizagem e enlouquece quando feita de rotina. Cabe a você escolher qual dessas funções quer para a sua vida.

Não se iluda. O universo só conspira a favor de quem transpira.

Não se iluda. O universo só conspira a favor de quem transpira.

Imagem de capa: yuttana Contributor Studio/shutterstock

Cá entre nós, o universo não conspira a favor coisa nenhuma. Ele está lá, dando curso ao movimento natural dos dias, mantendo os planetas em sua órbita, ordenando os ciclos lunares. Lotado de trabalho. Infinitamente indiferente aos seus problemas terrenos, sejam eles quais forem. Então, deixemos o universo em paz, porque ele tem mais o que fazer, e façamos a nossa parte que, quando bem feita, também dá uma trabalheira danada.

Esse negócio de que o universo conspira a favor do que você deseja é uma mentira ridícula e medonha, receita pronta para vender livros e palestras. Obra de canalhas e cafajestes interessados em nada senão enriquecer às custas das esperanças de gente desavisada.

Não, o universo não conspira a favor de quem realmente acredita que acreditar basta. Conspira é contra aqueles que não se mexem. Isso sim. Deixe-se cair de um arranha-céu e a força da gravidade vai conspirar direitinho, conduzindo seu corpo direto ao solo duro e frio como o movimento inevitável de um dia depois do outro. Sente-se sob o sol e a chuva à espera de uma graça que caia do céu sem nada fazer para que isso aconteça. Você vai adoecer até a morte. É o universo conspirando, fazendo a parte dele enquanto você não fez a sua.

Deixemos de coisa. Chega dessa ilusão infantil. O universo só conspira a favor de quem transpira. De quem trabalha, quem se esforça, pensa, planeja, tenta, treina, cai, levanta, faz e acontece. Quem só espera e ainda reclama comete um desrespeito monstruoso com a graça da vida. Porque o grande milagre é você e eu ainda estarmos aqui, vivos. O resto é por nossa conta. Aproveitemos o privilégio. Basta de tanta conjectura. Façamos o que se deve fazer. Transpiremos.

Troque gente falsa por paçoquinha!

Troque gente falsa por paçoquinha!

Às vezes a gente precisa fazer uma bela faxina no conteúdo humano à nossa volta; sacudir a poeira, levar à luz, esfregar um bom sabão para extinguir aquelas pessoas que gravitam em nosso entorno com o único objetivo de sugar a nossa energia.

Gente falsa é igual àquela florzinha “Maria-Sem- Vergonha”! Dá em todo lugar! A florzinha, em todo caso, tadinha… é bem bonitinha. E eu não entendo nada de botânica, mas suponho que ela também nem seja uma parasita, ou coisa que o valha. Já gente falsa… Virgimaria! Eita povo para se aproveitar, enganar e subtrair bens alheios. Chamá-los de parasita seria até um elogio!

O que dificulta um bocado as coisas é que a falsidade requer daqueles que a praticam um grau aquilatado de habilidades sociais. São aqueles espécimes que chegam devagarzinho, como quem não quer nada. Tratam de ser sedutores, solícitos, estão sempre disponíveis para oferecer conselhos e sugestões. Tudo enganação!

Essa gente quer mesmo é juntar conhecimento acerca da nossa vida e provas acerca das nossas falhas. Aí… no momento oportuno, na horinha certa, nem cedo, nem tarde… dão o bote! E a gente acaba com aquela cara de “Oi?!”… sem entender da onde foi que veio o tsunami que levou nossas coisas e pessoas mais preciosas embora.

Ninguém está livre de praticar uma “falsidadezinha” aqui, outra ali… Sejamos sinceros, não é mesmo? Quem é que nunca elogiou uma comida esquisita por educação? Quem é que nunca sorriu para o chefe, por precaução? Quem é que nunca fingiu que não escutou um desaforo para encurtar a conversa? Enfim… faz parte da natureza humana esse joguinho social de boa vizinhança. Mas, é preciso muito cuidado! Porque esse negócio de fingir o que sente pode acabar virando um hábito. E ninguém – ninguém mesmo! -, está imune ao perigo de virar um modelo de primeira linha no quesito falsidade.

Agora… Que tem gente que curte o lance de sacanear os outros… Ahhhhh… isso tem! Seria ótimo se essas pessoas viessem com uma tarja sinalizando o risco que oferecem; algo como aquelas mensagens que vêm escritas no maço de cigarro, com fotos ilustrativas das consequências desastrosas e tudo mais! Mas, qual nada! É dificílimo detectar a essência de uma criatura falsa. Essa é justamente a especialidade delas!

No entanto, veja bem… Tem aquela pessoa que você já sacou que é tipo “made in China”, já te derrubou, já te deu rasteira, já te fez de trouxa e você fica aí fazendo de conta que não viu, que não ouviu e que não sabe de nada.

Quer saber… Aproveite a época de quermesses juninas e troque essa gente falsa por uma boa paçoquinha. Mande a criatura ir dançar em outra quadrilha, se enfiar em outro anzol de pescaria. Ofereça esse traste de gente como prêmio no Bingo. Se alguém quiser levar, que faça bom proveito. Se ninguém quiser, mande para a reciclagem! Quem sabe a cara de pau da criatura não vira algo mais útil como um pauzinho de picolé, por exemplo… vai saber, né?

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Mr. Robot”

Forçar um amor é inútil, mas forçar um rompimento pode nos salvar

Forçar um amor é inútil, mas forçar um rompimento pode nos salvar

Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock

Não conseguiremos obrigar ninguém a nos amar, mas poderemos nos obrigar a deixar de amar alguém, para que não tenhamos que deixar de amar a nós mesmos.

Infelizmente, ninguém consegue mandar no coração, pois ele é rebelde e, muitas vezes, teima em desobedecer aos comandos de nossa razão. Difícil conseguirmos fazer com que nossos sentimentos andem o tempo todo de mãos dadas com nossos pensamentos, uma vez que parecem ser o coração e o cérebro órgãos incomunicáveis entre si. E é assim que a gente sofre e não consegue sair daquilo que faz mal.

Talvez tomar a decisão de tirar alguém de nossas vidas seja uma das atitudes mais difíceis de serem tomadas, seja um amigo, um colega, um familiar, seja um amor. A gente se acostuma com o que já está junto de nós e, pior, a gente se acostuma também com o que faz mal, com o que nem falta faria. Eis uma das situações em que parecemos não raciocinar direito, em que a carga afetiva embaralha nossa capacidade de discernimento.

A vida está tão corrida, que mal temos tempo de olhar a nós mesmos, de escutarmos aquilo que nossa essência tem a nos dizer, ou seja, prestamos atenção em tudo o que está fora de nós, relegando-nos ao papel de meros coadjuvantes da vida que é nossa. E, então, vamos arrastando o que já está conosco, mesmo que isso tudo pese demais, deixando para depois o que pede o agora, o que é essencial e urgente, preocupados que estamos com as satisfações a serem dadas aos outros e com as contas acumuladas.

Por isso é que a gente se preocupa tanto com o que não temos e com quem não chega junto, enquanto mantemos em nossas vidas coisas inúteis, momentos esquecíveis e pessoas que nem caminham mais ao lado. Por isso é que sofremos tanto por quem não merece, choramos tanto pelo que não tem mais volta, lamentamos tanto o que não faz falta alguma, simplesmente porque ficamos olhando o que está longe, sem prestar atenção no que mais importa, que é o que já faz parte de nós.

Nossa sobrevivência independe, na verdade, daquilo que não possuímos, mas sim da qualidade de tudo o que mantemos junto, dia após dia. Manter o que machuca, o que emperra, o que nada faz, nada volta, nada soma, faz muito mal. É preciso mandar para longe os lixos emocionais, para além da dor e do sofrimento que isso possa causar. Não conseguiremos obrigar ninguém a nos amar, mas poderemos nos obrigar a deixar de amar alguém, para que não tenhamos que deixar de amar a nós mesmos. É assim que se respira.

Verdadeiras amizades vêm inteiras, recíprocas e ausentes de egoísmos

Verdadeiras amizades vêm inteiras, recíprocas e ausentes de egoísmos

Imagem de capa: Jacob Lund, Shutterstock

Verdadeiras amizades passam de tudo um pouco. Ultrapassam obstáculos, desavenças de terceiros e desvios propostos pelo destino. Por quê? Porque amizade é um móbile. Atravessa tempestades sem coletar cobranças, sobrevive grandes distâncias sem dar um ultimato de desamor e permanece forte sem o peso da obrigação de ficar.

Temos que cessar esse comportamento de medir amizades em função dos benefícios que elas proporcionam. Amizades apenas são. Nos ombros que choramos, nos sorrisos que dividimos, nas incontáveis histórias que compartilhamos. Experiências legítimas que aquecem, retribuem e prontificam corações dispostos. É só recordarmos de quantas vezes elas estiveram, presentes fisicamente ou não, para os nossos desencontros, quedas e instantes de pausas. Podem não ser tantos amigos, tantos irmãos e irmãos a contar, mas sabemos, os poucos definem o muito.

E uma das coisas mais bonitas que uma verdadeira amizade pode oferecer, é não oferecer nada em troca. Ela simplesmente dá o que pode, como pode. Para ver a outra pessoa feliz, leve e atingindo o seu melhor. Não existem dívidas tardias ou um acobertar dos sentimentos. Quem nós realmente consideramos, sabe dos espaços para franquezas serem expostas e para liberdades serem abraçadas. Qualquer amizade, acima de tudo, é também sintonia.

Qualquer outra junção que julguemos distante desse ritmo de afeto, talvez não seja quem queiramos por perto. Porque supostas amizades surgem embelezadas, prometendo o mundo de possibilidades e, quando acionadas no botão de urgência, desaparecem, fingem não se conhecerem.

Verdadeiras amizades vêm completas, ainda que imperfeitas. Mas elas tentam, continuam e não desistem. Porque são inteiras nas intenções e isso é raridade. Também seguem recíprocas, entendendo sempre que os dias mudam, as pessoas mudam. Quanto aos egoísmos, amizades verdadeiras não reconhecem discursos nos quais só um prevalece.

Você só é capaz de aceitar o que não é amor até conhecer o amor de verdade

Você só é capaz de aceitar o que não é amor até conhecer o amor de verdade

Um quase amor é uma coisa estranha. Ele quase é o que poderia ser, mas acaba não sendo nada. Se você quase se ama, você realmente não tem cuidado bem de você. Se você quase é amado, certamente desconhece a alegria de ser verdadeiramente amado.

O quase amor nosso ou do outro pode até mesmo ser aceitável, mas não realiza ou traz contentamento. Eu diria que uma vida de quase amores segue em frente até que encontramos no meio do caminho não uma pedra, mas um amor de verdade.

Assistindo ao delicado filme “A Garçonete” da diretora Adrienne Shelly ficou claro para mim, entre uma cena e outra, que apenas o amor pode indicar novos caminhos para uma vida recheada de lastimosas possibilidades.

No filme Jenna é uma garçonete que ama fazer tortas e cria uma torta para cada acontecimento de sua vida. No fundo Jenna sonha poder se dedicar apenas ao preparo das tortas, mas precisa trabalhar como garçonete para sustentar o marido possessivo e controlador. Secretamente Jenna guarda parte das gorjetas que ganha para poder fugir do casamento infeliz e participar de um famoso concurso de tortas. No entanto, ela engravida e vê seus planos irem pelo ralo.

Jenna só é capaz de aceitar a situação sufocante na qual se encontra por quase se amar, por quase acreditar que pode sair daquilo e por quase gostar da ideia de estar grávida.

Sua vida é recheada de “quases” até o momento em que ela olha para o rosto de seu bebê pela primeira vez. Então, sem demora, ela resolve dar a volta por cima.

O amor encontra um jeito diferente de tocar cada pessoa e naquele instante foi assim que ele chegou até Jenna. Ela aceitou para si coisas inaceitáveis, mas não poderia aceitar o mesmo para seu bebê.

Muita gente aceita na vida o que um dia disse que nunca aceitaria. Vê o tempo passando e vai acreditando que as coisas são como são. Vai se conformando em quase ser o que poderia ser. Em quase realizar o que poderia realizar. Em quase arriscar o que poderia arriscar.

E quando tudo parece caminhar irreparavelmente para o conformismo, eis que, geralmente em lugares e momentos improváveis, o amor verdadeiro surge. E ninguém fica indiferente ao ser tocado por ele.

Como um feixe de luz, o amor ilumina tudo que toca. O amor acorda almas adormecidas e fortalece corações destroçados. O amor aponta novas possibilidades, aflora e valida as qualidades esquecidas. O amor aproxima, transforma e cura com carinho.

O amor é uma borboleta bonita e gentil que um dia pousa em nossos sonhos e diz que podemos fazê-los reais e, depois dele, fica impossível se contentar com o que antes julgávamos ser um tipo estranho de amor, ou melhor dizendo, um quase amor.

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Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain

Desfrute do caminho. A chegada é mera ilusão.

Desfrute do caminho. A chegada é mera ilusão.

Imagem de capa: Joe Besure/shutterstock

A jornada pode ser dura, mas é o caminho que mais nos torna experientes e nos ensina a vida. Não importa de onde se sai.

Basta um passo para não estar mais no mesmo lugar. O caminho vai se mostrando, aos poucos, aliado ao ritmo do tempo. A chegada é objetivo, mas nem sempre é tudo o que foi esperado.

Enquanto isso, o caminho segue nos preparando surpresas, sustos, encontros e despedidas. Se houver janela para apreciar a paisagem, bom. Se não, ainda assim temos a imaginação, a criatividade que a tudo pode dar vida.

Durante o caminho, aprendemos muito. A conviver com a ansiedade; a compartilhar o tempo com desconhecidos, que, dependendo do tempo passado juntos, tornam-se gratos conhecidos; a deixar para trás o que não vale carregar; a considerar que a chegada pode frustrar expectativas.

O caminho é sábio. Nos distrai com o novo, nos concentra para os perigos, nos junta por afinidades, nos separa por diferenças. Na chegada, sem movimento, tudo pode embolar novamente.

Quando a gente imagina uma viagem, certamente na chegada não chove, o sapato não arrebenta, as pessoas que nos recebem são fofas, a comida é excelente, a hospedagem, fantástica. Quem já fez pelo menos algumas viagens na vida, sabe que expectativa e realidade são times opostos no campo. Desejamos o melhor, tanto que nos frustramos.

E, no caminho, temos a chance de ajustar os níveis, de aceitar o que de fato podemos encontrar, ou, sem nenhum demérito, dar meia volta e retornar.

O caminho das relações humanas ensina da mesma forma. Queremos chegar ao cume, ao ápice de uma parceria, à excelência. E, para isso, tentamos cortar caminho. Então, perdemos a chance de aprender, interpretar, ajustar a velocidade para não nos machucar.
Na chegada, desilusão.

A vida é o caminho em círculos, que nos chacoalha nas curvas. Não há uma chegada única, não há um ponto em que acaba o caminho. A cada conquista, uma chegada, já indicando por onde continua a nosso caminho.

Um sabonete com asas.

Um sabonete com asas.

Imagem de capa: CHOATphotographer/shutterstock

Talvez o seu não tenha, mas o meu tem.
Ele me lembra a narrativa que ouvi, há muitos anos, de um seminarista que vivia as agruras da pobreza, quando estudante num seminário.

Um dia, acabou o sabonete. Nada de dinheiro para comprar, nada de amigos ou família para o presentear, e todo dia, na hora do banho, ele se lamentava com a água correndo pelo corpo, lavando o suor, e algumas vezes, as lágrimas.

O cheiro do sabonete dos colegas do quarto compartilhado, lhe era extremamente penoso de sentir. Todos cheiravam a lavanda e alfazema, e ele cheirava a nada.

Até que, um dia, cansado dessa situação, o seminarista enviou uma mensagem ao Deus do céu, nestes termos:
– “Deus eu não tenho sabonete, e não tenho mais esperança de que alguém, nesta terra, perceba que preciso de um sabonete.
Portanto, se o Senhor me vê, se importa, e me quer seminarista, mande-me um sabonete para que eu saiba que este é o meu lugar.
Caso contrário, sairei daqui e procurarei um trabalho onde eu mesmo possa ganhar e providenciar a compra do meu sabonete.”

Naquela tarde, o seminarista recebeu a visita de um amigo – tão pobre quanto ele – que estava em trânsito pela cidade, e lhe trouxe, de presente, um sabonete.

-Olha, é uma coisa doida, mas Deus me mandou vir para lhe dar um abraço, e lhe trazer um sabonete.
O sabonete saiu do bolso do amigo com asas -anjo alado na terra- e pousou diretamente no bolso do seminarista que caiu de joelhos.

E dessa forma, tanto ele quanto o amigo tiveram o espírito renovado pela certeza de que Deus ouve e opera, em resposta ao clamor do seu povo.

Mas e o sabonete? O que dizer do sabonete?
Pode um sabonete tornar-se um objeto quase ungido, fruto de um milagre de fé?
Pode, claro que pode.

Eu tenho certeza que aquele sabonete não chegou a ser consumido até o osso. Um restinho sobrou como memorial para celebração.
Um sabonete no altar?
Deus contido num sabonete?
Os átomos do sabonete vivificados por uma experiência de fé?
Não se trata disso!
O sabonete continuou sendo apenas um sabonete.

Mas tudo aquilo que é bafejado pela fé, fica irremediavelmente vinculado ao sobrenatural de Deus, para aquele que por ele clamou.
Eu não vivi essa história, apenas a ouvi. E mesmo assim, todas as vezes que desembrulho um sabonete,eu me lembro, e às vezes, dependendo do nível de espiritualidade daquele dia, eu me pergunto:

Onde haverá alguém orando por um sabonete?
Onde haverá a necessidade de um sabonete para uma epifania cósmica?
Onde haverá a necessidade de um cobertor?
Onde haverá a necessidade de um abraço?

Onde Deus tornou-se dependente de pequenas e de ínfimas coisas, e de mínimas, pobres, e sensíveis pessoas, para revelar-se na terra?
Nada neste mundo tem muito significado a não ser que você lhe empreste algum significado.

É preciso zerar o olhar, e inaugura-lo a cada manhã, para substantificar a porção divina que, talvez, possa existir num sabonete, num cobertor, num livro, num abraço, dependendo da necessidade do outro, e da sua sensibilidade para capta-la.

Nesse sentido – e só nesse – para os sensitivos tudo é divino, tudo é milagre, tudo é celebração, tudo é majestosamente grande, e digno de reverente contemplação.
Até um sabonete.
O contrário também é verdadeiro.

Para os distraídos nada é divino, nada é epifania, nada é celebração, tudo é infinitamente pequeno, normal, corriqueiro e destituído de realidade.
Até um grande milagre.
Em algum momento da vida, os que crêem perceberão em que lugar estão: no lugar da fé que só precisa de um sabonete,
ou no lugar da fé que precisa de um grande milagre.

Algumas pessoas chegam para nos mostrar que nunca havíamos amado antes

Algumas pessoas chegam para nos mostrar que nunca havíamos amado antes

Imagem de capa: HTeam/shutterstock

Há pessoas que entram em nossas vidas para que aprendamos a discernir o amor do interesse, a amizade do descompromisso, a verdade do fingimento. Pessoas que enxergam o outro, que se lembram de regar os jardins alheios, pois não pensam somente em si mesmas.

Muitos de nós acabamos aceitando o mínimo, muito menos do que poderia – ou deveria – ser ofertado pelas pessoas ao nosso redor, mesmo quando sempre nos doamos por inteiro, intensamente, por completo. E tudo fica mais pesado aqui dentro, uma vez que somos obrigados a carregar o que deveria ser compartilhado, mas não é. É assim que acabamos nos conformando com o que poderia ser bem melhor, aceitando o que deveria ser mais abundante, desvalorizando o tanto que somos e podemos ser.

No entanto, daquelas surpresas mágicas com que a vida nos presenteia, de repente a gente se vê realmente junto, efetivamente próximo a alguém. Tem gente que aparece para ser amigo de fato, trazendo conforto e motivação na medida certa. E tem gente que nos ama com muito, doando-se com intensidade desmedida, sem senões, sem hesitar, trazendo amor além da cama, além do sol, dando as mãos também nas escuridões de nossos medos.

Quando isso acontece, entendemos finalmente que o que nos davam, até ali, era muito menos do que precisávamos, era muito diferente de amor verdadeiro. Há pessoas que entram em nossas vidas para que aprendamos a discernir o amor do interesse, a amizade do descompromisso, a verdade do fingimento. Pessoas que enxergam o outro, que se lembram de regar os jardins alheios, pois não pensam somente em si mesmas. Pessoas que nos mostram que nunca havíamos amado ou sido amados antes com verdade.

Amor não se reveste de pendências, de espaços vazios de esperas demoradas, de lágrimas sem fim. Amor não sobrevive de promessas, de unilateralidade, de um lado só. Amor não se alimenta de expectativas vãs, de palavras ao vento, de solidão acompanhada. E, quando nos damos conta disso, transformamos o tempo perdido em lição de vida, em um passado distante que não mais nos alcançará, porque então estaremos fortalecidos pela certeza do que e de quem realmente devem ser mantidos ao nosso lado.

Aquele lugar comum que nos aconselha a ficarmos sós, caso estejamos mal acompanhados, nunca cairá em desuso, pois, ultimamente, há muitos indivíduos que não conseguem abrir mão de nada, uma vez que poucos estão dispostos a olhar menos para o próprio umbigo, para poder receber alguém em suas vidas de maneira compartilhada e compromissada. Ou estamos certos do quanto merecemos, ou aceitaremos qualquer coisa em nossas vidas. Mas isso ninguém deveria merecer.

Dos detalhes vistos por alguém além da gente

Dos detalhes vistos por alguém além da gente

Imagem de capa: Ekaterina Garyuk/shutterstock

Quando eu era menor, tinha uma questão existencial que sempre me visitava, à noite, antes de cair no sono. Eu pensava sobre determinado assunto e, de repente, eu me perguntava se alguém ou quantas pessoas no mundo estavam pensando naquilo ou passando por uma situação igual à minha naquele exato momento.

Se eu estivesse contando ovelhinhas pulando a cerca, por exemplo, perguntava-me se havia alguém, naquele mesmo instante, contando suas ovelhinhas também. Se eu estivesse sem conseguir dormir, perguntava-me quantas crianças, no mundo todo, estariam deitadas em suas camas, na tentativa de pegar no sono.

O curioso é que esse pensamento não me vinha quando eu estava ouvindo o jogo do Campinense (meu time de coração), na rádio, no domingo à tarde, ou assistindo ao Bom Dia e Companhia pela manhã. Só à noite, quando eu estava fazendo algo que me parecia estatisticamente improvável que alguém reproduzisse igualmente, na mesma hora.

O improvável é um componente importante nessa história.

A ideia de ter alguém compartilhando do mesmo – improvável – sentimento, talvez por perto, talvez do outro lado do mundo, encantava-me, impressionava-me. Ainda me impressiona, admito.

Ontem, parei em um horário para olhar o céu e coloquei em prática meu costume de fotografá-lo. Detalhe: um avião, daqueles que deixam um rastro de fumaça pelo caminho que fazem, tinha atravessado o céu momentos antes. O resultado que obtive foi uma paisagem repleta de nuvens, cortada por uma linha reta branca e mais densa (a fumaça deixada pelo avião).

Agora é chegada a hora em que a modernidade líquida concretiza questões existenciais de minha infância.

Horas depois, dei uma olhada no Stories do Instagram e presenciei uma, duas, três fotos de pessoas aleatórias, semelhantes à minha, com o tal risco mais denso no céu. Automaticamente vieram à memória meus questionamentos infantis.

A Mísia de hoje não se perguntou se havia alguém que, como ela, estava pensando ou presenciando o céu da cidade naquele mesmo horário, porém recebeu uma resposta, mesmo que não requisitada. Talvez os dados coletados não sejam exatamente confiáveis, mas são um sinal, não é? Às vezes, a aprovação científica não é tão necessária assim.

Hoje, eu poderia responder, sem maiores delongas, à Mísia menor: é, sim, possível – mesmo que a probabilidade não esteja inclinada a seu favor – que alguém esteja fazendo ou pensando em algo igual a você neste mesmo instante. É inclusive reconfortante, não é? Talvez por isso gostasse da ideia. Faz parecer que, de alguma forma, estamos conectados uns aos outros, que não somos assim tão sós, que a modernidade não é lá tão líquida assim.

Qual a nossa responsabilidade no uso das redes sociais?

Qual a nossa responsabilidade no uso das redes sociais?

Imagem de capa: livertoon/shutterstock

A internet é utilizada diariamente por 3,2 bilhões de pessoas no mundo, mas será que sabemos utilizá-la com responsabilidade e ética?

Infelizmente, tornou-se “comum” ouvir, nos noticiários, que jovens se suicidaram por não aguentarem a pressão das redes sociais e aplicativos virtuais, assim como às vezes ouvimos que pessoas foram consideradas culpadas por algo que nem cometeram.

É difícil imaginar a dimensão que fotos, vídeos e palavras podem alcançar, quando circuladas em redes sociais, tal como aquela famosa corrente que vai sendo passada de um para o outro e, de repente, já “viralizou”, alcançando milhares de pessoas.

A grande maioria dos suicídios relacionados à internet é de adolescentes mulheres que foram vítimas de pessoas com que se relacionavam. Geralmente, quem coloca fotos ou vídeos nas redes e aplicativos são homens e têm participação nestes. Adolescentes e adultos jovens têm poucos recursos mentais para lidar com a pressão e o bullying que a internet pode trazer, pois a adolescência é uma fase em que precisamos ser aceitos e reconhecidos pelo grupo a que pertencemos.

Para ajudar na reflexão e orientação dos adolescentes no uso ético e responsável da internet, seguem 8 tópicos:

  1. Coloque-se no lugar do outro. Exerça a empatia: Se eu recebesse essa mensagem que eu encaminhei para o “outro”, como eu me sentiria?
  2. A notícia que eu recebo e quero compartilhar é verdadeira? Sabemos que há sites especializados em espalhar notícias falsas e que ganham muito dinheiro com isso. Por que não investigar sobre a veracidade da informação que quero transmitir?
  3. Qual a real intenção de compartilhar fotos e vídeos de acidentes? Infelizmente, é muito comum recebermos esse tipo de vídeo, mas não devemos compartilhá-los; além de não acrescentar em nada, lembremos que há famílias vivendo uma perda. Precisam de acolhimento, ao invés de exposição;
  4. Ter conta em sites de relacionamento não me faz especialista em todos os assuntos. Não somos capazes de opinar sobre todos os assuntos, entretanto, muitas vezes, falamos sobre política, artes, gastronomia, história, cinema etc. Talvez se opinássemos sobre o que realmente sabemos, nossas opiniões não seriam tão vazias e fariam mais sentido para muitas pessoas as que lêem;
  5. Espalhar boatos na internet causando pânico na população é crime. O ato de não verificar se as informações que queremos repassar são verdadeiras pode causar medo e, na maioria das vezes, são notícias falsas;
  6. A liberdade de expressão é muito diferente do falar de forma irresponsável. Não podemos falar tudo o que pensamos sobre o outro ou uma situação somente de um ponto de vista, sem contextualizar a situação;
  7. Lembre-se de que as palavras podem ferir e ajudar a espalhar determinados conteúdos inverossímeis e inverídicos na internet;
  8. Nunca se esqueça de que devemos ter ética e responsabilidade sobre todos os conteúdos que compartilhamos.

 

Enfim, trata-se de um assunto de grande importância, ou seja, precisamos refletir sobre o modo que estamos usando diariamente a internet. Todos nós.

“A responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”

“A responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”

Em 1995, a literatura ganhava um dos maiores presentes para o intelecto humano: o livro “Ensaio sobre a Cegueira” de José Saramago.

Longe, muito longe mesmo, de se tratar da cegueira física, Saramago usava suas personagens para relatar um assunto polêmico e, infelizmente, atual: a cegueira moral.

Denominada de “cegueira branca’ pelo próprio autor, “Ensaio sobre a Cegueira” discorre sobre assuntos polêmicos e delicados, já que trata da “patologia”, como uma das piores doenças humanas.

Saramago utiliza-se do termo “cegueira branca” para representar o egoísmo, a imparcialidade, o medo, a covardia, a raiva e outros sentimentos que cegam o ser humano e o levam à perdição. O livro é tão forte e tão direcionado aos aspectos morais da sociedade que as personagens não possuem nomes, características físicas nem comportamentais.

Logo com a primeira personagem do livro, que ficou cega após um acidente de automóvel, Saramago dá um tapa na cara dos leitores apáticos: “de repente a realidade tornou-se indiferenciada à sua volta”. No decorrer do livro, a situação piora. Com pitadas de sarcasmo e explícita indignação diante do comportamento passivo do ser humano, o autor lança fortes comentários que levam o leitor a refletir sobre as próprias ações: “O medo cega (…) são palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegamos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos”(…) “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”.

Saramago joga com a diferença entre as palavras “ver” e “olhar” e isso é proposital. O “olhar” é visto como o ato de enxergar o que está explícito (A luta pela comida, a violência imposta pelo mais forte, a ausência de pudor justificada pela nulidade do sentido visual, a tirania do governo) e o ato de “ver” e “reparar” refere-se a se posicionar diante dos fatos e fazer algo para mudar o quadro triste e degradante da sociedade. “Se não formos capazes de viver como pessoas, ao menos façamos tudo para não viver inteiramente como animais.”

Saramago entende a cegueira como alienação do homem em relação a ele mesmo. No livro, quando a cegueira branca se torna uma epidemia, os problemas da sociedade ficam expostos e aumentam notavelmente, já que ninguém “enxerga” para mudar. Acontece assim: as regras da civilização são quebradas e o instinto de sobrevivência toma conta do homem, constatando o velho ditado, “quem pode mais chora menos”.

Agora, sejamos sinceros: em relação a cegueira moral da sociedade atual, o que mudou de 1995 para cá? Aceita-se, passivamente, a violência psicológica e abusiva, dentro de relacionamentos amorosos, profissionais e familiares, só para “não criarem atritos”. Aceita-se a violência social, desde que ela não nos atinja. Finge-se não ver os abusos que as crianças sofrem, para que “famílias” não sejam destruídas”. Será que, nós também, não fomos infectados pela cegueira moral e fingimos não perceber?

O livro leva o leitor a uma autocrítica e a uma reflexão sobre até que ponto estamos cegos ou somos maldosos. “-É desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade.” Até que ponto aguentaremos a violência, os roubos, a tirania como situações normais? Até quando seremos passivos diante da fome alheia? Até quando nossos braços ficarão cruzados sabendo que nossas crianças estão sendo abusadas e maltratadas? Até quando aguentaremos relacionamentos abusivos dentro da própria casa? “Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira”.

“Por que cegamos, não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, diz, Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que vêem, cegos que vendo, não vêem” (José Saramago).

Imagem de capa: cena do filme “Ensaio sobre a Cegueira”

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