Por onde andam as pessoas sinceras de coração?

Por onde andam as pessoas sinceras de coração?

Já cruzei o caminho de muita gente interessante, mas não posso dizer que todas foram genuinamente sinceras. E quando digo sinceras, não falo sobre transparência nos pensamentos. O meu desgaste está muito mais relacionado sobre a falta de pessoas sinceras de coração. Daquelas que não se importam em expressar o que estão sentindo, livres das obrigações e joguetes emocionais. Essas, pergunto, por onde andam?

Ultimamente, parece que qualquer pessoa disposta e corajosa a entregar logo de cara aquilo o que sente, é vista como trouxa, fraca e incerta. Os pessimistas logo tratam de afirmar, “vai sofrer muito se ficar enxergando a vida dessa forma”. É nesse exato momento em que trato logo de discordar. Não concordo com o maltrato feito contra gente honesta, que nada mais quer além de encontrar alguém que carregue tamanha afinidade afetiva. Você me entende? É afinidade, sim. É sintonia ter a sorte de esbarrar com quem se entrega, pelo sim ou pelo não, no que diz respeito aos próprios laços. Porque é muito fácil fazer julgamentos, apontar mentirosos e encaixar um discurso a favor dos inteiros quando, no dia a dia, quem se apresenta é a personificação das tantas metades parafraseadas por aí.

Confesso, é cada vez mais cansativo manter a paciência para argumentar, insistir e até acreditar em alguém que não esteja com o coração sublocado por tantos medos. Porque, bem lá no fundo, isso tudo parece medo. Medo de ser feliz, contemplar e acompanhar outras histórias. Parece preguiça da parte delas e talvez seja. Mas também tenho o direito de cruzar os braços, olhar numa outra direção e, na mais desenfreada das atitudes, seguir o meu rumo em busca de novos começos. Claro que depois de um certo tempo, meio que as coisas entram num looping. Você não conhece a sinceridade, decepciona-se e então, parte. Daí o coração fica como? É o processo de esfriamento da aorta.

Não sei exatamente o tanto que leva para sentir novamente. Varia de pessoa para pessoa. Enquanto isso, o mundo continua girando. Pessoas entraram e saíram de relacionamentos. Mas e os vínculos forjados pela liberdade e confiança de assumir em gestos e palavras o que está sendo verdadeiramente sentido? Poucos sabem. Poucos provaram. O gosto existe. Está aí, em algum lugar, dentro da fala de alguém, esperando reconhecimento e admiração.

De repente, um processo seletivo se faça necessário. Não para dividir em categorias ou atributos jocosos. Quem sabe, simplesmente para adentrar um pouco de leveza, percebendo e permitindo a chegada de gente interessada nos instantes sinceros, sem rodeios ou medidas prévias. Gente que aproveita oportunidades para entrelaçar sinceridades e corações de forma clara, objetiva e sadia.

Enfim, permaneço firme e ciente dessa jornada peculiar. Continuo cruzando caminhos aleatórios e recortando novos pedaços da minha própria companhia. Às vezes, o dia termina bem e coleciono um par de boas memórias e sensações. Noutras vezes, nada sobra. Mas é assim mesmo. Para saber por onde andam as pessoas sinceras de coração, saltos precisam ser dados. De dentro para fora. Sempre de dentro para fora. O resto, vai saber, pode terminar em amor.

Imagem de capa: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001) – Dir. Jean-Pierre Jeunet

Ah, moça, quando seus pés saem do chão

Ah, moça, quando seus pés saem do chão

Tanto se diz sobre a realidade e o sonho. Dizem que um é terra e que o outro é céu. Que sonho e realidade não caminham juntos. Mas e se você levantar os pés, moça?

Quando seus pés saem do chão tocam outros mundos. O sair do chão guarda um deslumbre mágico, como se nós, seres de carne e osso, pudéssemos ser tocados pelo que é fantasticamente bom. Na ponta dos pés enxergamos mais longe e mergulhamos desnudos em nós.

Há quem diga que os sapatos de salto devem ser queimados. Que os saltos são a marca da opressão no que há de mais feminino em nós. Há quem nunca tenha notado que um sapato de salto é só mais uma tentativa humana de trazer para a realidade o êxtase do amor.

A posição dos pés, quando içados e suspensos, remete ao ápice do prazer feminino. Pés, pernas, quadris e mente, confluem para lembrar a epifania de uma noite de amor.

Apaguem os gemidos, as peripécias, as expressões típicas do prazer e restarão pés femininos, silenciosos e suspensos, como se estivessem andando não no chão, mas nas nuvens.

Que exista todo o resto, mas não dois pés içados pelo gozo sincero, então não haverá um gozo, mas apenas uma tentativa de tocar o mágico com os pés no chão.

Hoje é fácil encontrar um mundo de textos sobre o poder que alguns calçados detêm sobre o imaginário masculino. Sobre o que uma mulher, na ponta dos dedos ou do salto, desperta nos homens, mas bem pouco é falado sobre essa mulher que declama silenciosa que descobriu o caminho das pedras. Que sabe quantos passos deve dar para alcançar o prazer.

Ninguém conta que tirar os pés do chão, apesar de ter uma plateia notória de admiradores, não vem da vontade de agradar, mas sim da vontade de prolongar o mais profundo dos gemidos.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain

A vida não é somente um filme de terror. É também uma história de amor!

A vida não é somente um filme de terror. É também uma história de amor!

Acho que não precisamos mais de filmes de terror. O telejornal basta.

É só ligar a televisão para ser confrontado com guerras, catástrofes, atentados terroristas, marchas neonazistas, políticos corruptos e populistas e tudo quanto é coisa ruim.

Você liga a TV para se informar e escuta e vê 15 minutos ou meia-hora de carga pesada. É uma boa dose de medo direto na veia.

Depois do telejornal, eles ainda mostram algum programa especial sobre um tema macabro atual (um atentado terrorista, por exemplo). Lógico, já que se quer espremer até a última gota do que não presta.

Às vezes, ainda ficam transmitindo ao vivo, diretamente do local, não raramente só para dizer que ainda nada se sabe – o lado tragicômico das mídias!

Você fica ali, paralisado, chocado, mas o choque dura pouco, pois, antes de digerir o que viu, você é distraído e enrolado com um pouco de trivialidade numa reportagem sobre o aniversário da Rainha da Inglaterra, em futebol e na previsão do tempo.

Você então respira fundo, agradece ao Universo por ainda estar vivo e em segurança e muda de canal para ver a novela.

Quem disse que acabou?

Na novela, a coisa prossegue: mentiras, fofocas, intrigas e traições…

Quando você pensa que vai poder descansar um pouco a mente, recebendo uma dose de propagandas coloridas, aí eles mostram um filme publicitário de uma campanha contra a fome, com aquelas crianças africanas subnutridas, magras e barrigudas e com um olhar que parte qualquer coração, já que sabemos, bem lá no fundo de nós, que aquela imagem não é uma montagem, que ela é verdadeira e que isso, crianças passando fome, realmente existe.

No jornal do dia seguinte, a mesma coisa: violência, assassinatos, acidentes e fim do mundo.

Notícia ruim se vende melhor

Notícia ruim se vende melhor, sem dúvida. E, quem vende, vende para um público, que consome tudo isso. Parece que muita gente gosta. Confesso que não sei direito se essa tendência de querer mostrar o sombrio existe porque muita gente gosta ou se muita gente gosta porque ela existe. Talvez os dois. Não sei.

Fato é que somos bombardeados com notícias ruins. Há uma forte tendência nas mídias de focar no negativo, na morte, em conflitos e destruições fenomenais, quanto mais apocalítico o cenário, melhor. As mídias se ocupam pouco com a vida, com o que constrói e une.

É assim na internet, é assim na TV, é assim nos filmes de Hollywood e Netflix: tem muito sangue, tem muitos tiros, muita gente morrendo, coisas explodindo, tiroteios e perseguições, guerras terrestres e intergalácticas, escândalos, falcatruas e muita destruição.

Na vida, o negativo muitas vezes é real…

É claro que por trás de muitas notícias ruins estão acontecimentos ruins reais, essas coisas realmente andam acontecendo e precisamos falar sobre elas. Mas precisamos falar também do que anda acontecendo de bom.

… mas o positivo também é real

Sim, o mundo anda conturbado, há muita coisa negativa, porém, e as positivas? Elas também acontecem! As coisas boas também merecem nossa atenção, até bem mais que as ruins.

Se a coisa anda feia, não seria melhor focar na vida ao invés da morte, na esperança ao invés do medo e no que constrói ao invés do que destrói?

Sejamos simplesmente realistas

Ser realista é ver as coisas como são. E eu vejo que há coisas feias, mas também muita coisa bonita. Vejo que há sofrimento, mas também muitos motivos de alegria. Vejo que há exemplos que desanimam e nos puxam para baixo, mas também muitos outros exemplos que incentivam e nos impulsionam para a frente. Só precisamos falar disso também. É certo falar da escuridão, mas precisamos falar também da luz.

Tem muita gente egocêntrica e mesquinha neste mundo, com certeza, mas tem muita gente boa também: voluntários que ajudam a apagar incêndio na mata em Portugal ou a cuidar de refugiados na Alemanha, pessoas que pegam animais doentes na rua e os levam para casa para cuidar, gastando tempo e dinheiro com eles, gente que visita crianças solitárias em orfanatos ou idosos igualmente solitários em asilos, gente que planta ao invés de desmatar, gente do bem que faz o bem.

Não alimente o negativo

Quando fechamos os olhos para o belo e só vemos o horroroso, quando ressaltamos a perversidade e ignoramos a bondade, enfim, quando focamos no negativo e menosprezamos o positivo, terminamos só piorando tudo, pois é assim que o lado escuro da vida fica mais forte, ganha terreno e se espalha. Quanto mais nos envolvemos com o que não presta, menos presta nosso envolvimento.

Sabemos que „violência gera violência“ e que „gentileza gera gentileza“. Pois bem, é por aí: concentre-se no que é negativo e sua vida se tornará mais negativa, idolatre o medo e você perderá a coragem, deixe-se prender pela escuridão e você não conseguirá mais ver a luz.

A base de uma vida saudável é sempre o equilíbrio. Portanto, precisamos equilibrar o negativo e o positivo. É claro que precisamos falar das coisas ruins que andam acontecendo, mas um equilíbrio não é possível se só falamos delas.

A solução do negativo está no positivo. O que resolve a escuridão não é mais escuridão, mas sim a luz!

Espero muito que um dia eu possa ligar a televisão para ver o telejornal e saber também das coisas boas que andam acontecendo por aí, que eu possa me conectar com a internet e não ser mais confrontado com tantas desgraças, catástrofes, protestos, teorias conspirativas e outras coisas tenebrosas e espero ver mais coisas boas, iluminadas e inspiradoras.

Sim, espero. Pois a vida não é somente um filme de terror. Ela é também uma história de amor.

Imagem de capa: Kichigin/shutterstock

Quando o inverno chegar, alguém há de me trazer calor.

Quando o inverno chegar, alguém há de me trazer calor.

Bem-vinda, pessoa amada. Entra que o inverno chegou agorinha num convite carinhoso. Veio ventando seu hálito de gelo que nos faz respirar mais perto um do outro, agasalhados de nós mesmos, trocando calor e lembranças e sonhos simples nas baixas temperaturas, enquanto a noite vai alta lá fora.

Vem pela porta da frente com todas as honras, como alguém que retorna intocado de uma viagem espacial, uma guerra, uma temporada na prisão por um crime que não cometeu.

Pode chegar, entra que aqui faz frio e há tanta saudade cortante esperando o calor dos abraços de longa duração. Vem que a temperatura caiu e a previsão do tempo diz que amanhã vai fazer amor. Vem.

Caminha por estes cômodos com liberdade, como as canções de alegria que tornam a vida mais leve. Povoa de riso e de choro esse canto do mundo carecido de beleza e de sentido. Vem com a força da vida que arrebenta o asfalto frio sob a forma de plantas se esticando para o céu.

Vem que a vida é tão breve e nós já passamos da idade de perder tempo acolhendo opiniões alheias investidas de fúria e sanha de posse e destruição, feito cupins que nos corroem e enfraquecem por dentro. Vem que é tempo de sermos fortes para o caminho que nos espera. Essa estrada que nos convida a seguir adiante. Juntos até onde Deus nos permita e o amor nos acompanhe.

Bem-vinda a esta casa e a esta vida. Bem-vinda, pessoa amada. Bem-vinda.

Imagem de capa:  Wedding photograph/shutterstock

“Conhece-te a ti mesmo”

“Conhece-te a ti mesmo”

“Nunca é alto o preço a se pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo.”
– Friedrich Nietzsche.

“Conhece-te a ti mesmo”, a máxima socrática encontrada no Oráculo de Delfos, preconiza a importância de se buscar aquilo que se é, não do lado de fora, mas do lado de dentro. Após milhares de anos, a frase continua a mexer conosco, e não por outro motivo que não seja a angústia que ela produz, haja vista a nossa ainda enorme distância nessa busca fundamental ao desenvolvimento do ser enquanto sujeito.

Conhecer a si mesmo implica um mergulho íntimo nas profundezas que nos forma. Algo extremamente aterrorizador, afinal, não sabemos o que vamos encontrar. Talvez, sequer tenhamos coragem ou vontade para encontrar, reviver certas coisas, confrontar nossas obscuridades. Entretanto, ao não fazer essa busca autoanalítica, é impossível viver com autonomia, gozar à liberdade e, por conseguinte, ser feliz.

Sendo assim, aqueles que insistem em fugir de si mesmos, acabam por ficar à margem do que são, “vivendo” tão somente representações daquilo que poderiam ser, ou mais profundamente, sendo reprodutores de um conjunto de comportamentos estabelecidos, como se estivessem em um grande teatro de marionetes.

Isto é, a falta de autoconhecimento impede que o indivíduo possua autonomia e autoria sobre a sua própria vida, uma vez que, sem conhecer-se, ele sequer sabe quem de fato é e de que maneira deseja conduzir a sua vida. A consequência direta dessa ausência de identidade é o condicionamento e adequação ante preceitos e situações que são impostos, bem como, uma perda na dimensão da liberdade, posto que não se pode deliberar sobre algo sem saber o que se é.

Deixando-se de se ter essa dimensão do “eu”, existe paulatinamente uma dificuldade ou impossibilidade de ser feliz, pois a felicidade, como algo subjetivo, depende da perspectiva de quem olha, de tal maneira que não há como ela ser algo padronizado e imposto à totalidade das pessoas como se todos fossem exatamente iguais.

Todavia, a condição para o exercício dessa subjetividade reside na capacidade de ser sujeito presente no indivíduo. Em outras palavras, isso quer dizer que é preciso ser livre para que se possa olhar para algo com os próprios olhos e não com os olhos de outrem.

Dessa forma, se o indivíduo não se conhece, inexiste a possibilidade de que ele possa exercer a sua condição de liberdade e, consequentemente, analisar o mundo a sua volta, fazer escolhas e tomar atitudes que estejam em consonância com o que se é. No máximo será um simulacro de si mesmo, frágil e imperfeito, como toda simulação. Obviamente, enxergar essa simulação não é algo tão comum, o que nos permite dizer que nem todos compreendem a sua existência, tampouco, despertam para o que são. E, assim, vivem à margem de si mesmos porque se recusam a encontrar aquilo que forma o que somos, a fazer a travessia que liga o “eu” e o “mim”, que transforma o simulacro em algo real.

Apesar de sabermos quão difícil é adentrar pelas veredas que formam o humano, não há outro modo de encontrar a nossa plenitude e usufruir à vida em sua totalidade, senão fazendo essa travessia, afinal, como disse Guimarães Rosa: “Quem elegeu a busca não pode recusar a travessia”. Porque não há sentido em sermos brasa quando podemos ser fogo, ainda que sendo fogo estejamos distantes da serenidade servil e próximos do calor inebriante da liberdade.

Em tempos em que a liberdade é enaltecida como o grande valor humano, é necessário questionar até que ponto de fato a possuímos e em que medida a sociedade que nos cerca possibilita o seu uso. E, sobretudo, é necessário indagar se é possível ser livre repetindo gostos, comportamentos e ações, como se fôssemos autômatos sem acesso à nossa subjetividade, ou forasteiros em um mundo sem lembranças.

Fazer essas perguntas, como disse, não são fáceis, já que elas nos levam a lugares mais profundos. Mas não as fazer nos leva para lugares mais distantes. Assim, ao eleger a busca, a dor e o sofrimento serão tão presentes quanto o gozo e a felicidade, pois é por meio da travessia que deixamos de ser simulacros ou marionetes e nos tornamos humanos, demasiadamente humanos. Sendo que é apenas na liberdade que o homem se realiza, logo: “Nunca é alto o preço a se pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo”.

Imagem de capa: Matva/shutterstock

Nada como perdoar e esquecer: perdoar a pessoa e esquecer que ela existe!

Nada como perdoar e esquecer: perdoar a pessoa e esquecer que ela existe!

Mesmo que consigamos perdoar, fato é que, muitas vezes, não teremos mais como continuar mantendo certas pessoas em nossas vidas, porque elas mesmas se encarregarão de nos afastar cada vez mais, com sua relutância em mudar.

Ninguém tem convicção certeira sobre o limite do perdão, porque nunca poderemos saber o que se passa realmente no coração do outro, ou seja, é impossível deduzir se quem recebe o perdão percebe tudo o que ali está envolvido. Isso porque muitas pessoas são perdoadas e, mesmo assim, não movem uma palha para mudar aquilo que machuca o outro. Tem gente que não sabe ser perdoada.

Ultimamente, somos constantemente aconselhados acerca da necessidade de perdoarmos as pessoas, para que limpemos as tralhas que os outros deixam em nossos caminhos. Sim, perdoar realmente faz bem, pois é assim que conseguimos nos livrar de muita carga que atrapalha o nosso respirar e é assim que a gente prossegue. Mesmo assim, teremos que nos conscientizar de que muitos não sabem receber o perdão de ninguém.

Muitas pessoas não conseguem compreender que ser perdoado requer querer sê-lo. E quem quer receber perdão deve estar disposto a refletir sobre si mesmo, mudando os comportamentos que machucam os outros, forçando-se a tomar atitudes outras, porque é assim que a gente demonstra estar grato pelo perdão recebido. De que adianta, afinal, que nos perdoem, caso isso não nos leve a reflexão alguma sobre a forma como estamos vivendo as nossas vidas?

Se não precisássemos mudar, não teríamos que estar necessitando de que alguém nos perdoe por algo que fizemos ou deixamos de fazer. Aliás, existirão aqueles que nem mesmo conseguirão aceitar que precisam ser perdoados, pois, em seu mundinho, nunca fizeram nada de errado, nunca machucaram ninguém – imagina, tudo intriga da oposição, tudo melindres de gente mimada. Trata-se de gente que não muda, nunca, por nada nem por ninguém. Gente de quem afastar-se é questão de sobrevivência.

Mesmo que consigamos perdoar, fato é que, muitas vezes, não teremos mais como continuar mantendo certas pessoas em nossas vidas, porque elas mesmas se encarregarão de nos afastar cada vez mais, com sua relutância em mudar, presas que se encontrarão em meio ao próprio ego. O importante é que estaremos livres e distantes de quem só machuca, para que possamos repousar nossas almas junto a quem erra, mas tem a capacidade de dizer “desculpa”, do fundo de seu coração.

Imagem de capa: Viktor Gladkov/shutterstock

Esse é o nosso último adeus: vou seguir em frente sem você

Esse é o nosso último adeus: vou seguir em frente sem você

Imagem de capa: MJTH, Shutterstock

Te guardei em mim o máximo de tempo que pude. Tentei não esquecer daquilo que vivemos e sonhamos enquanto éramos um par. Mas não dá mais. Esse é o nosso último adeus. Devo seguir em frente, mesmo sabendo que isso significa nunca voltar a abraçar qualquer lembrança de nós.

Não sei acumular saudades. Acho que se fosse parar ser, ainda teríamos algo por dizer e fazer. Não deu. É hora de aceitar e conviver, diariamente, em amores futuros, que você não foi quem ficou. Houve tentativas, houve entregas e todos os indícios de um presente feliz, é verdade. Mas fazer o quê? O amor entre nós desandou. Largou os pontos, cansado, na primeira chance de esticar as pernas. Acontece, vai. Nem diria ter sido precipitado. Talvez esteja mais para seletivo. Não no sentido de escolher somente o bom e o prazeroso, nada disso. Concordo mais sobre a linha do até quando posso ir, até quando posso mudar.

Apesar de sentir um carinho enorme por você, esse mesmo sentimento não sobrecarrega o meu desejo de continuar. Despedidas não são covardes. Fingir permanecer, sim. Não quero isso para você, para gente. Sei que não é fácil de entender mas, acima de tudo, prometemos sinceridade, lembra? Então, a dor de agora é apenas o reflexo da faca de dois gumes que ambos empunhamos, lá atrás, no início.

Por favor, não diga que não foi amor. Você sabe que não é assim tão simples. Se fosse uma questão de atribuir expectativas, teria colocado todas sobre os nossos nomes. Enfim, vou seguir em frente sem você. Preciso. Viveremos novamente, cada qual do seu próprio jeito.

Para terminar, deixo o meu último adeus. Você aqui esteve e aqui amou. Pena que o nosso par encontrou motivos para deixar de somar.

A beleza de perder-se nos olhos de um outro alguém

A beleza de perder-se nos olhos de um outro alguém

Há quem acredite que estamos todos perdidos, sempre em busca de alguém que nos encontre e nos reconecte a algo de genuíno e amoroso que ficou guardado em algum cantinho da vida, quando éramos ligados ao amor primordial.

Há quem afirme de forma categórica que somos metades perfeitas de outras metades que andam por aí à nossa procura, porque também são metades perfeitas, faltando um pedaço. É… dizendo assim dessa forma meio descritiva parece não fazer nenhum sentido, não é mesmo?

Algumas pessoas afirmam ter encontrado na solteirice a oportunidade ideal para melhor conhecer-se, descobrir seus reais sonhos e anseios, estar em paz… finalmente em paz.
Outros, ainda, depois de muitas cabeçadas em paredes de vidro, muito murro em ponta de faca e muita água mole em pedra dura, acabam por assumir que não levam muito jeito para esse tal de amor eterno e que, por isso mesmo, resolveram aderir a muitos amores passageiros.

Tem gente que vai amar para sempre de um jeito meio adolescente, e vai viver na dependência de situações conflituosas para manter acesa a chama e vivo o interesse; vai viver na corda bamba de uma relação de morde e assopra, acreditando que é assim que tem que ser, que amor precisa doer e mais um tanto de outras crenças que se multiplicam em histórias tórridas e intempestivas.

E tem, aqueles que amam ser amados, mas não levam muito jeito para amar; gostam de ser paparicados, esperam a idolatria dos parceiros como uma forma de perpetuar aquele amor incondicional que lhes foi ofertado num processo de amamentação infinito, que se estendeu além do que seria compreensível e saudável.

Por fim, há aquela gente maravilhosa que vaza amor pelos braços, e pernas, e abraços. Aquela gente iluminada que nasceu com o coração tomando conta de tudo ao seu redor. Amam com a facilidade de quem nasceu sabendo amar, é uma delícia tê-las por perto, é delicioso amá-las.

Todo mundo, no entanto, deveria – por direito e por presente -, ter a sorte de um amor que é alegria em sua essência. Não é resgate. Não é complemento. Não é libertação. Não é redemoinho. Não é tempestade. Não é lastro. É a beleza de perder-se nos olhos de um outro alguém, porque é ali que se pode ler toda uma história… uma história com muitos começos e recomeços, com meios temperados pelo sal do suor e das lágrimas, e equilibrada pelo doce da partilha fácil e espontânea. Uma história que há de continuar sendo escrita enquanto estiver viva a semente que a fez nascer.

Imagem de capa meramente ilustrativa: Jonathan Rhys Meyers para “O som do coração”

Não me provoque, utilize melhor o seu tempo

Não me provoque, utilize melhor o seu tempo

Você que gosta de uma boa briga, de uma discussão sem fim, de um motivo para sacudir a paz, já aviso logo que sou presa difícil, escorregadia, ágil.

Não caio fácil nas armadilhas da provocação, não tenho menor interesse em demonstrar força ou razão, não me desgasto fácil nem alimento egos famintos.

Você que, entre sorrisos e palavras espinhosas, tenta, a todo custo instalar uma crise, faz revelações alheias e, depois, displicentemente fala que foi sem querer, sinto muito te avisar que não vai rolar. Eu não pago nada por essa briga.

Não me provoque. Utilize melhor o seu tempo, sua criatividade, seu desejo de ser o centro das atenções. Eu gosto é de sintonia, de identificação, de colaboração, de dar risada junto.

Provocação é uma das maneiras mais infantis de chamar a atenção. Uma sucessão de cutucadas inconvenientes e de mau gosto, que acabam por provocar uma reação bruta… ou não. Eu, particularmente, ofereço o silêncio como resposta.

Não me rendo à provocação, não me vendo à vaidade de desbancar um provocador. O desgaste é sem sentido e, afinal, vencer um embate baseado na provocação, é como finalizar um jogo que não se aceitou jogar.

Você que perde o amigo mas não perde a piada, se for de bom gosto, conte comigo para rir junto e ainda pedir para repetir. Mas, se sua intenção for provocar para então diminuir ou humilhar, então prepare-se para receber uma silenciosa e gelada indiferença.

Não perca seu tempo, não busque motivos nos outros para deixar a sua vida mais emocionante ou vitoriosa.

Aprenda a provocar-se de forma mais inteligente. Proponha-se deixar de lado a malicia de provocações sem propósito e, ao menos tente, participar de trocas e convivências mais generosas, onde a razão está com todos, e ninguém precisa competir por ela.

Imagem de capa: oneinchpunch/shutterstock.com

Troque o “não foi isso que eu disse” pelo “entenda como quiser” e seja mais feliz

Troque o “não foi isso que eu disse” pelo “entenda como quiser” e seja mais feliz

Quanto mais amadurecemos, menos nos importamos com algumas coisas que percebemos serem perda de tempo e com algumas pessoas que simplesmente não mudam por nada nem por ninguém. A maturidade traz essa calma e essa aceitação que nos tornam menos afoitos, menos nervosos, porque vamos aprendendo a dar tempo ao tempo, sem a pressa característica dos jovens que querem tudo para ontem.

Amadurecer é se importar com o que realmente importa, com quem não se nega a rever o que disse ou o que fez, enfim, com o que tem chances de trazer algum resultado. A gente se cansa de bater em tecla furada, de insistir no que não vislumbra futuro algum, de dar importância a opiniões desnecessárias de quem é especialista em perturbar ambiente e em azucrinar a paciência alheia.

Isso porque passamos a entender que cada pessoa irá conceber as coisas à sua maneira, devolvendo na medida exata do que possui dentro de si, nada mais, nada menos do que isso. De nada adianta esperar das pessoas algo além do que elas serão capazes de ofertar e, quanto mais o tempo passa, mais aptos estaremos para discernir o que cada um pode e não pode, aceitando as limitações do que nos rodeiam.

Nem todo mundo está preparado para ouvir o que temos a dizer e a receber o que temos a ofertar. Por essa razão, com o tempo passamos a direcionar nossas energias em direção a terrenos férteis, ignorando a aridez afetiva de gente egoísta, que não consegue enxergar além de suas parcas limitações. Perdemos o medo de mudar, de ousar, de deixar coisas e pessoas para trás, porque não tememos mais o erro. Errar pode ser bom, fazer bem.

Quando amadurecemos, conseguimos perceber que nem sempre estaremos certos, que nem todo mundo irá gostar de nós, que o mundo não gira ao redor de nossas cabeças. Entendemos que somos ínfimos perto da grandeza do universo, mas que nossas ações podem alcançar um número incontável de pessoas, seja quando acertamos, seja quando erramos. E isso nos habilita a exercer a empatia com mais frequência.

Uma das atitudes mais inúteis que existem é varrer as folhas enquanto ainda venta e, da mesma forma, não adianta tentar argumentar com quem não ouve, nem tentar agradar a todos, porque ninguém consegue ser unanimidade. Enfim, buscar estar bem consigo mesmo é o melhor a se fazer, visto que é assim que estaremos prontos a receber o melhor e o pior de cada um, guardando o que for útil e jogando fora o que for imprestável.

Imagem de capa: Rawpixel.com/shutterstock

Fortes, independentes e empoderadas: 10 filmes com mulheres protagonistas

Fortes, independentes e empoderadas: 10 filmes com mulheres protagonistas

Mulherada em cena! Cansada dos filmes em que a mulher – que está sempre em segundo plano – é o sexo frágil, mãe recatada, moça do lar, contida e dependente?

“Pois bem, segue uma listinha de filmes que fizemos em parceria com a Claro que está cheia de mulheres criativas, sonhadoras, resilientes e independentes – mulheres maravilha da vida real, representadas no cinema.”

Nise: O coração da loucura

Década de 50. Nise, vivida por Glória Pires, é uma psiquiatra brasileira idealista e dedicada que é encarregada de cuidar do setor de Terapia Ocupacional de um hospital Psiquiátrico do Rio de Janeiro. Isolada pelos profissionais da instituição, por ter pensamentos contrários aos tratamentos convencionais, a médica tenta dar andamento ao seu trabalho com ajuda da arte.

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Que horas ela volta?

Val (Regina Casé) é uma pernambucana que mora e trabalha “tranquilamente”, como empregada, em uma casa em São Paulo, para dar melhores condições de vida à sua filha, que mora em seu estado de origem. Essa “tranquilidade” é perturbada quando a tal filha (Jéssica, interpretada por Camila Márdila) resolve passar uns dias em São Paulo para prestar vestibular.

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As sufragistas

Baseado em fatos reais, As Sufragistas conta (com um elenco de peso) a história do início da luta do movimento feminista e mostra um pouco do cenário – desigual e opressor – enfrentado pela mulher no início do século XX, na Inglaterra.

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Estrelas além do Tempo

A história – também baseada em fatos reais – aqui é a de Katherine Johnson (Taraji Henson), uma brilhante matemática afroamericana que trabalha junto com suas amigas, Dorothy e Mary, colaborando para uma das maiores operações dos USA: o lançamento do astronauta John Glenn para a órbita da Terra. Apesar de brilhantes e talentosas, as moças têm de ralar muito para alcançarem seus objetivos, afinal, são todas mulheres negras em um cenário majoritariamente branco, masculino e preconceituoso.

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Para sempre Alice

Alice (Julianne Moore) é uma competente e renomada professora que vive uma vida confortável com seu marido, até o momento em que é diagnosticada com um raro tipo de Alzheimer. Diante da doença, Alice terá que modificar toda a sua rotina e se adaptar de todas as maneiras possíveis para não atrapalhar seus entes queridos, nem se esquecer de quem é.

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Carol

Carol (Cate Blanchett) é uma mulher rica e elegante cujo casamento está com os dias contados. Ao sair para comprar um presente para sua filha, Carol conhece Therese (Rooney Mara) e as duas iniciam um romance que trará repercussões tanto na vida de Carol como mãe, quanto na vida de Therese, que terá que enfrentar a todos para poder viver tal romance em plena década de 50.

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Frances Ha

Frances é a chamada anti-heroína. Sonhadora, idealista e sempre de bom-humor, a jovem almeja viver da dança. A vida, porém, mostra-lhe que não é bem assim. A juventude independente tem suas pedras no caminho e Frances é obrigada a confrontar todas elas enquanto assiste seus amigos crescerem na vida.

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Frida

O filme conta um pouco da história da famigerada Frida Kahlo (Salma Hayek), renomada pintora e inspiração para o movimento feminista. Frida que, em sua juventude, sofreu um acidente que lhe rendeu dores e dificuldades físicas até o fim da vida, enfrentou também o machismo em seu ramo e a montanha russa que era o seu romance com o pintor Diego Rivera.

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Aquarius

Clara (Sônia Braga), de 65 anos, é uma escritora e crítica de música que mora sozinha em um apartamento em Boa Viagem, em um edifício chamado Aquarius. Seu cotidiano é perturbado quando uma construtora resolve comprar todos os apartamentos do prédio para colocar em prática um novo projeto. Muito apegada à história e aos afetos que seu apartamento carrega, Clara entra numa guerra fria contra a construtora e seus sócios.

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Terra Fria

Após seu divórcio, Josey Aimes (Charlize Theron) volta à sua cidade natal em busca de um emprego e de uma vida mais estável. Mãe solteira, Josey se vê obrigada a trabalhar nas minas de ferro, maior fonte de renda da cidade e ramo que oferece também os cargos mais bem pagos. O trabalho exige força e determinação, mas o que começa de fato a lhe incomodar é o assédio constante dos homens com quem trabalha.

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Sejamos práticos, se você não é amor próprio, como esperar amor de alguém?

Sejamos práticos, se você não é amor próprio, como esperar amor de alguém?

Imagem de capa: Dundanim, Shutterstock

Porque tem gente que deposita tudo de si em alguém e se esquece de ser um pouco mais de cuidado e carinho consigo. Não adianta nada você cobrar amor de outra pessoa e estar em completa falta de amor próprio. Convenhamos, não faz o menor sentido seguir assim.

Presta atenção, você não é servidão. Não assinou nenhum contrato que diz que deva submissão e obediência para alguém, quanto mais para o amor. Porque se fosse algo parecido com isso, não te machucaria ou impediria de olhar mais para dentro de você. Saudável é o sentimento que brota de dentro para fora. Do contrário, é só mais um relacionamento abusivo.

Quando menos esperar, nem perceberá ou notará a diferença entre estar bem e estar de prontidão para quem quer que seja. E seu corpo estará cansado, seu coração com cicatrizes expostas e nenhuma previsão de alta. Para que deixar chegar nesse ponto? Por quê?

Logo, antes que seja tarde demais, repare-se. Dê valor e tempo para encontrar e transbordar amor de você. Aproveite, viva, prevaleça. Por você, somente por você.

Porque andam ensinando há anos que o amor faz a gente ceder e acompanhar outra pessoa. Mas sejamos práticos, ainda é amor quando você abandona a si para alguém?

Então, não cobre. Ame-se primeiro para depois expandir-se ao lado de alguém.

Estudo descobre o que faz as pessoas serem mais “diurnas” ou “noturnas”

Estudo descobre o que faz as pessoas serem mais “diurnas” ou “noturnas”

POR LUCAS ALENCAR, com supervisão de Cláudia Fusco

Algumas pessoas se sentem mais produtivas acordando ao nascer do sol e indo dormir assim que a noite cai. Outras, preferem permanecer despertas ao longo da madrugada e acordar quando a tarde já está começando. Mas o que define se você é uma pessoa matutina ou noturna? De acordo com um estudo publicado na última edição da revista Nature Communications, são os genes.

A pesquisa, encomendada pela companhia 23andMe, que fabrica produtos para análise genética, analisou o DNA de 89 mil pessoas e as respostas delas a duas perguntas sobre hábitos e horários. Baseado nisso, os pesquisadores chegaram a algumas conclusões sobre as características das pessoas matutinas:

– 48% das mulheres produzem mais se dormem cedo e acordam cedo. Entre os homens, a porcentagem é de 40%

Somente 24% das pessoas abaixo dos 30 anos prefere acordar cedo. Entre os mais velhos, acima de 60 anos, os madrugadores representam 63%.

– Aqueles que dormem cedo e acordam cedo têm menos chances de sofrer de insônia.

– Pessoas que estão nos extremos do IMC – o índice que calcula a massa corporal –, acima do peso ou abaixo do peso, geralmente têm hábitos noturnos.

Os autores do estudo, porém, alertam que tudo não deve ser levado ao pé da letra, já que todas as pessoas analisadas eram de etnias europeias e responderam apenas duas perguntas sobre seus hábitos. O importante, eles concluem, é que a pesquisa identificou diferentes localizações no genoma que podem ser úteis em estudos mais aprofundados sobre os hábitos e horários das pessoas.

Então, você que costuma dormir e acordar tarde, agora tem um ótimo pretexto: “Desculpa, está nos meus genes…”.

Imagem de capa: Realstock/shutterstock

 

Atenção por cortesia. Quanto vale?

Atenção por cortesia. Quanto vale?

Sabe aquela pessoa que está sempre com a torneirinha aberta, despejando tudo o que lhe vem à cabeça, sem sequer perguntar se quem lhe ouve, o faz por vontade ou obrigação?

E sabe aquela outra pessoa, que, por generosidade ou inabilidade, passa horas de sua vida ouvindo casos e histórias que não são seus e nem sequer faz parte, mas não consegue se desvencilhar?

A primeira, sabe que está obtendo atenção por cortesia. E não lhe importa isso. Ela quer falar.

A segunda, ouve igualmente por cortesia. Pode até se incomodar, mas aguenta firme. Ela entende que a primeira quer falar.

São conversas mediadas pela educação, pela delicadeza de não frustrar quem crê que precisa muito se comunicar, se esvaziar, desabafar.

Mas, quanto vale uma atenção por cortesia? Que nível de envolvimento é possível?

Tão frustrante quanto não ter quem nos ouça confissões e relatos, é também quem nos ouve com distância, distraído, só por cortesia.
Aquela conversa entrecortada, sem continuidade, onde chegamos a inventar detalhes mais emocionantes do que os reais, somente para prender nosso ouvinte escolhido.

Quanto vale uma conversa vazia? Quanto vale alguém te olhando fixamente, sem em nada prestar atenção, apenas aguardando a sua vez de falar?

A gente costuma dizer que é conversa de maluco. Um divagando sobre a origem da vida e o outro, montado em sua bicicleta imaginária, percorrendo campos bem longe dali.

E, ao final, aquele tempo passado juntos, mais os afastou do que qualquer outra coisa.

Atenção é coisa séria e uma prova delicada de amor. Se formos capazes de atender integralmente às necessidades de alguém que tem algo a nos dizer, ainda que o assunto não nos interesse; se soubermos nos colocar no lugar do outro diante da urgência de um desabafo; Então, a mera cortesia dará lugar à empatia, e, sem julgamentos nem cansaço, estaremos aptos a dar a atenção que tanto gostamos de receber e não hesitamos em cobrar dos outros.

A cortesia pode ser guardada para outras ocasiões.

Imagem de capa: Diego Schtutman/shutterstock

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