“Viver é um rasgar-se e remendar-se”

“Viver é um rasgar-se e remendar-se”

Meus joelhos trazem marcas de uma infância bem vivida. Há o tombo da bicicleta na ladeira da igreja, o escorregão no barranco atrás da casa da vó, a queda brusca na travessia da rua de paralelepípedos do trabalho do pai.

Olho para minhas cicatrizes e me lembro da dor que ficou lá atrás, junto com as histórias que desconstruí e voltei a escrever com uma caligrafia mais amadurecida.

Tenho descoberto que, assim como Guimarães Rosa poetizou, “Viver é um rasgar-se e remendar-se”. Talvez ele já soubesse que a vida é feita de desconstruções e reconstruções, e que, ainda que nossas bainhas desfeitas nos causem tanta dor, outros arranjos serão possíveis no seu tempo, mostrando que jamais seremos os mesmos, mas isso também significa crescer.

Estar “remendado” pela vida não nos torna mais tristes ou piores. Ao contrário, estar remendado quer dizer que evoluímos, que conseguimos lidar com nossos abismos e nos reerguemos, que ralamos a alma no chão de nossas aflições e nos tornamos mais fortes e corajosos.

Algumas cicatrizes são imperceptíveis aos olhos, mas nem por isso doem menos. Porém, também trazem o tempo do amadurecimento, tempo em que a inconstância e a agitação da imaturidade dão lugar ao silêncio e à serenidade da calmaria.

Viver é dar novo sentido ao que vamos nos tornando com o passar do tempo. Pois o que somos hoje não é o mesmo que ontem, e nem será o mesmo que amanhã. Nos descosturamos e remendamos incessantemente, fazendo novas escolhas, renunciando ao que não serve mais, viajando para um lugar diferente, assistindo a algum filme ou documentário interessante, lendo algum texto num livro antigo ou na internet, batendo papo com aquele amigo inteligente, experimentando um novo sabor, ouvindo uma boa música.

Crescemos, nos despedimos, nos vestimos e nos despimos. É preciso ser feliz com aquilo que nos pertence, com a colcha de retalhos que nos tornamos, com as pontas descosturadas e as novas emendas que compõem nosso tecido.

A gente muda e nosso mundo se transforma. É preciso reaprender a lidar com o que nos tornamos depois que somos descosturados. É preciso encontrar sentido nas novas realidades que agora fazem parte do nosso mundo e de nós mesmos. Aprender a conviver com a falta, com o silêncio, mas também com a chegada de novas alegrias e surpresas.

Ainda me lembro dos tombos memoráveis da minha infância. Foram eles que me ensinaram a me resguardar do perigo e andar mais cuidadosa pela vida. Me rasgaram a pele, sangraram e causaram dor. Hoje são só sinais de um tempo bom que não existe mais. Cresci, acumulei conhecimento e alguma serenidade, e hoje tento passar ao meu filho um vestígio da minha experiência. Porém, sei que antes ele precisará rasgar-se e descosturar-se para então reconhecer seu espaço e seu caminho.

Ninguém pode nos poupar do que está reservado para nós. As pedras, desafios e alegrias de nosso caminho são só nossos, e os remendos adquiridos no decorrer do tempo, também…

Imagem de capa: Viktor Gladkov/Shutterstock

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Não é possível ser feliz todo o dia

Não é possível ser feliz todo o dia

Se a boca fala do que o coração anda cheio, isso explica eu estar tão calada. Absorta em meus pensamentos, meus sentimentos fugiram e a única coisa que eu sinto é vazio. Um vazio que me preenche por completo e me deixa alheia de tudo. Absorta em meus pensamentos, eu corro e eu fujo, fujo daquilo tudo que um dia me poderá fazer sentir de novo. Absorta, em meus pensamentos, eu ignoro todos os chamados e crio justificativas para o meu isolamento.

Tá tudo tão igual, tá tudo tão normal que até as palavras me faltam. Eu só sei escrever quando eu voo para longe. E eu ando pelos velhos lugares e me sinto um caso à parte. Falta um encaixe, o que sobra sou eu. Falta um motivo, o que sobram são erros. Ou medos.

Os caminhos se parecem mais longos mas eles ainda são os mesmos. E eu ando sem saber onde quero chegar. E eu ando pelos lados desertos, mesmo sabendo quem eu quero encontrar. Eu sei o que devo fazer mas o fato é que eu vou pelo caminho contrário.

As verdades se tornaram metades que eu deixei pelo caminho enquanto procurava abrigo. Os sonhos se tornaram ilusões que se aliaram aos meus medos, se tornando realidade.
O ar se tornou tão pesado, intragável. Os sonhos se tornaram tão distantes, perigo. As lágrimas se tornaram tão comuns, companhia. Os sentimentos se tornaram tão gelados, anestesia. E eu que pensava em ser salva, nem penso mais. Todo dia.

Mas amanhã é um outro dia.

Imagem de capa: everst/shutterstock

Só permaneça onde existe reciprocidade

Só permaneça onde existe reciprocidade

Em tempos de amores líquidos, reciprocidade é fundamental.

É ela quem diz que estamos no caminho certo ao enviar um “bom dia” carinhoso àquela menina pelo WhatsApp, ou um áudio com uma coletânea bacana pelo Spotify. É ela que autoriza o comentário entusiasmado na foto do crush interessante ou a curtida frequente nos posts da gata fitness.

Mesmo não sendo adepta de estratégias e joguinhos de poder no campo amoroso, acredito no significado da reciprocidade. De só permanecer em relações onde não é preciso insistir para receber uma resposta ou implorar para ser valorizado como deveria.

Muitas vezes é preferível abrir mão de uma relação que julgamos importante do que continuar insistindo sem correspondência alguma.

O que vejo por aí é que tem faltado discernimento para entender onde não se deve insistir. Onde não vale a pena investir tempo, pensamento, vontade e intensidade na vã tentativa de se sentir acolhido por alguém que simplesmente não está nem aí.

Muita coisa é simples, a gente é que complica. Se alguém visualizou sua mensagem e não respondeu em dois dias, é porque não quis. Não faltou tempo, faltou interesse.

A gente sempre arruma tempo para o que está interessado. Para responder um bom dia, comentar uma foto original, curtir uma música, agradecer uma lembrança, desafogar uma saudade. Porém, nem sempre há interesse ou correspondência do outro lado. Nem sempre há vontade ou prioridade. E, mesmo tentados a entender e justificar, deveríamos apenas recuar. Dar dois passos para trás, silenciar, desapegar, desacelerar.

Porque são tempos líquidos. A fila anda muito depressa, formamos laços frágeis uns com os outros, vivemos incertos a respeito do que pensam e dizem sobre nós. Os aplicativos são atualizados constantemente e nos perguntamos em qual versão nos enquadramos. Diante de tudo isso, só estamos seguros onde existe reciprocidade. Onde nosso afeto não é descartado e sim valorizado. Onde nossa expressão de afetividade e afinidade encontra abrigo e não sucumbe à necessidade de ser “atualizada”.

Encontrar reciprocidade num mundo que gira tão rápido é entender que alguém ainda nos dá a mão no meio de tanto turbilhão. É saber que diante do tempo que acelera tanto, ainda há o que se esperar dos vínculos que construímos e dos laços que firmamos.

Por isso não há o que se esperar dos laços que se afrouxam. Por mais que a gente se empenhe em manter certas amarrações, elas não se firmam. Nesse caso, o melhor é se desligar. Entender o fim de um tempo, a desistência de alguns planos, a frustração de certas expectativas. Não alimentar desejos em cima de terrenos frágeis, nem atribuir sentimentos a quem simplesmente não está do nosso lado.

Exercite o amor próprio e valorize os vínculos que construiu. Não permita que o tempo dissolva relações importantes, e preserve com carinho os novos laços que querem surgir. Porém, só permaneça onde existe reciprocidade. Não insista, não implore, não alimente relações unilaterais. Antes de tudo, seja amoroso com você. A vida é recíproca com quem se trata bem.

Imagem de capa: FCSCAFEINE/Shutterstock

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Cantar baixinho é sinal de amor soando alto ali na alma.

Cantar baixinho é sinal de amor soando alto ali na alma.

Tem gente que toca a nossa alma feito uma canção de amor. Chega e dedilha nossas cordas tensas de medos e angústias. Passeia amorosa sobre nossas teclas puídas pelo uso. Martela com algodão os tambores de nossas dores engolidas, desencantos suportados, naufrágios esquecidos.

Tem gente que nos transforma como um concerto inesquecível, que conserta nossas dores feito um remédio tiro e queda de gosto quente e bom. Gente atenta e amorosa, certa de que tudo o que não mata, engorda.

Ahh… essa gente que sussurra mansa em nosso espírito um recado simples de Deus. Gente com quem bem se pode virar a noite falando da vida devagar, enquanto o tempo voa sobre nós e os assuntos nos aguardam em fila indiana, esperando sua vez de entrar dançando suaves em nosso círculo mágico de lembrança e festa.

Tem gente que nos acorda cedo para um dia lindo, que nos conta em segredo que viver é um infinito retorno para casa, e que um dia a gente chega lá. Gente que completa nossa banda, põe letra em nossa música, reúne em nosso aqui dentro as turmas de escola perdidas, refaz as tardes de terça-feira, as aulas de desenho geométrico, as noitinhas antigas de sono pouco e solidão imensa.

Tem gente que faz falta. Quando não dá o ar da graça, dá saudade. Gente que nasceu assim e vai ser sempre assim. Eu quero andar com ela. Quero sua canção de alegria no meu coração dançarino. Quero um amor bonito me soando firme, leve e fundo ali, bem ali na alma.

Imagem de capa: Focus and Blur/shutterstock

Pode parecer clichê, mas “amor” mal resolvido não é amor

Pode parecer clichê, mas “amor” mal resolvido não é amor

Relações amorosas são complexas. Na verdade, somos complexos em todas as relações sociais. Teimamos em querer amar quem não nos ama, impomos nossas verdades como absolutas e, para piorar, achamos o máximo, carregar na vida pessoal, o rótulo de “relacionamento complicado”.

Amores (e histórias) mal resolvidas servem de roteiros para Hollywood, enchem as mesas de bares e são inspirações para músicas românticas, mas aceitar viver esse tipo de história na vida real, é desvalorizar a própria alma. Entenda: amores complicados foram feitos para pessoas complicadas! Pessoas simples gostam da objetividade, da sinceridade e de situações estáveis.

Imagino que, a essa altura, você esteja perguntando: “mas, se amores mal resolvidos são tão ruins, por que as pessoas se submetem a ele?” A resposta é simples (e assustadora): porque há pessoas que querem, a todo custo, um amor para chamar de seu. Para elas não importa a condição, o nível de stress e o nervosismo que o relacionamento possa oferecer, o que importa é terem migalhas de atenção de quem finge se importar.

A idealização do parceiro, a criação de um lirismo romântico inexistente e o medo da solidão, faz pessoas maravilhosas enxergarem acasos, mentiras e desculpas como normais. Tão assustadores quanto comuns, os relacionamentos “mal resolvidos” aparecem de forma bem sutil, mascarando-se de “destino” para enganar os apaixonados de plantão.

Um exemplo disso são as famosas situações de egoísmo sentimental. Acontece quase sempre assim: o relacionamento caminha para algo sério. Tudo corre bem, mas do nada, um dos dois, diz que não “está pronto para algo sério”. Até aí tudo bem. O problema começa quando, ao perceber que o outro começou uma nova história, ele ressurge do nada, como um ilusionista (e, claro desparece da mesma forma).

Sem contar aqueles romances em que, os dois brigam mais que lutadores de UFC, mas insistem em ficarem juntos, porque acreditam que “o amor tudo suporta”. A verdade é uma só: amores mal resolvidos não são amores. São sentimentos unilaterais, não correspondidos e fantasiados por quem os sente. Apenas isso!

É preciso entender que uma situação só pode ser considerada resolvida ou não, se você tomar uma postura diante dela. “Amor mal resolvido” é o nome bonito que encontraram para “amo alguém que não me ama e, para suprir minha carência, me contento com encontros casuais e raros”.

Temos o direito do erro, da indecisão, do medo, mas são sentimentos que devem ser encarados como provisórios e passageiros. Não dá para esperar pelo resto da vida, por alguém que só aparece nos finais de ano. Nem fazer planos, com quem some no dia seguinte. Tenha claro que, da mesma forma que o amor exige química, desejo e admiração, ele te obrigada a ser realista, a ser presente e ter bom senso.

Por hoje, resolva-se. Resolva seus medos, suas inseguranças, suas expectativas e depois encontre o amor. Não tenha pressa. Não aceite qualquer coisa. De coisas mal resolvidas o mundo está cheio, mas, como sua mãe diz, você não é todo mundo.

Imagem de capa: Bernd Leitner Fotodesign/shutterstock

Outro dia desses eu me divorciei

Outro dia desses eu me divorciei

Outro dia desses eu me divorciei. Saí da casa, da vida, da rotina.

O luto foi longo sim, luto de separação é sempre complexo. Vem a culpa, vêm os medos, as questões morais, a solidão, a loucura, a saudade, os apegos e os desapegos, os heróis e vilões, as roupas sujas expostas na sala de visitas.

Outro dia eu me divorciei. E tanta gente me perguntou o porquê.

Me disseram que relacionamentos são complexos, difíceis mesmo. Que a gente tem que enfrentar os desafios diariamente. Que a gente tem que passar por cima de tanta coisa, fazer vista grossa, tem que reconstruir, perdoar, recomeçar inúmeras vezes.

Mas ninguém diz como é mais difícil ainda ser outro dentro de um ciclo vicioso, ninguém conta como é quase impossível mudar as células viciadas em padrões, quebrar os comodismos culturais dentro de um acordo pré-estabelecido. Ninguém diz que normalmente o equilíbrio pende mais para um lado, que os corpos se ajustam às injustiças dos espaços mal divididos, que as mentes se aquietam para poderem ter energia para concretizar o desafio de pagar as contas no fim do mês.

Ninguém diz que esse passar por cima de tudo é na verdade tantas vezes um passar por baixo, é esconder atrás dos cômodos e das almas as dores e as alegrias. É passar por baixo de si mesmo. É voltar, é continuar, é engolir melhor os sapos que vão denunciar os coachados dois meses (ou semanas) depois dos elos reatados e dos perigos amenizados.

É tudo muito sério para deixar de lado. Dói, é verdade. Mas, mesmo assim, outro dia desses eu me divorciei. Porque depois de ser adulta por tantos anos, eu quis voltar a ser espontânea.
Quais os motivos? Me pergunta alguém.

Eu não sei bem… mas sabe quando a gente é criança e a brincadeira está tão boa que a gente se esquece de sentir fome, de olhar as horas, de trocar de carro, e pensar na pós-graduação do filho mais novo?

Sabe quando a gente é criança e encontra um amigo do peito bom de brincar e a gente nem pensa em saber qual é o passado dele, a profissão, as visões de futuro, o dia de amanhã… A gente nem lembra de notar a cor dos olhos dele, eles apenas brilham, a gente não repara nas diferenças, a gente apenas se perde na alegria, no momento.

A gente entra na terra úmida, sobe na árvore, joga a bola alto.
Se o amigo for bom de brincadeira, a gente sem querer querendo fica perto. Mas, se o amigo é chato, cheio de regras, de competições e conversas, chorão, reclamão, a gente anda, voa, desencana daquela energia. Uma hora a água da vida bate na bunda e a gente desatina.
A gente se divorcia.

Dia desses eu me divorciei e até o mito de abrir o vidro de azeitonas e a garrafa de vinho se desfez, deve ser porque até meus músculos estão mais despertos.

E não levanto a solidão como bandeira não. Apenas celebro a coragem, a vida, a possibilidade de ser dona de mim. E os amores mais genuínos que virão.

Imagem de capa: Oleksandr Kolesnyk/shutterstock

12 reais explicações para a falta de tempo das pessoas

12 reais explicações para a falta de tempo das pessoas

Por Jana Rookard

Muitas pessoas constantemente se queixam de que não têm tempo suficiente. Elas permanecem sempre tão ocupadas que não conseguem dividir seus horários entre família, trabalho, filhos ou mesmo para conversar um pouco com os amigos. Ao mesmo tempo, há muitas pessoas que têm o mesmo número de responsabilidades ou até mais, mas que conseguem fazer tudo em tempo e ainda encontrar um par de horas para relaxar e fazer o que gostam. Será que a falta de tempo é realmente culpa só do ritmo de vida da atualidade? Mas se você quer ganhar dinheiro acesse bet winner .

Abaixo listo 12 itens comumente encontrados em pessoas que reclamam de falta de tempo.

1. Elas não dormem direito

Dormir é uma das coisas mais importantes para uma vida saudável e bem sucedida. Se suas horas de sono são caóticas e irregulares, você provavelmente não encontrará tempo suficiente para tudo o que precisa fazer durante o dia. Organizar melhor seus horários para dormir pode ser a solução perfeita aqui. Tente ir para a cama e acordar na mesma hora todos os dias e você perceberá a diferença em breve. Alguns poucos minutos separados com antecedência para organização podem fazer grande diferença na rotina.

2. Elas não dizem “não”

As pessoas que concordam em ajudar a todos geralmente não têm muito tempo para si mesmas. Se alguém lhe pedir um favor, pense se você realmente tem tempo para ajudar, se quer fazer e se aquilo é bom para você também. Eu não estou dizendo que você deve passar a dizer não a todos. No entanto, seus objetivos pessoais, planos e desejos devem ser uma prioridade, pelo menos na maioria das vezes.

3. Elas se sentem lentificadas

Está provado que atividades físicas tornam o nosso cérebro mais rápido e eficaz. Assim, após um bom treino, você poderá ser capaz de terminar suas tarefas muito mais rápido e talvez até melhor. Além disso, você estará em boa forma.

4. Elas não fazem listas

Planejamento é a chave para o sucesso. Se os seus dias não forem organizados, você perderá muito tempo para decidir o que fará em seguida, escolher qual tarefa deve ser priorizada e terá muito mais chances de procrastinar, etc. Se você planejar o seu dia e dividir as tarefas em horas e/ou períodos poderá ver mudanças incríveis nos resultados.

5. Elas não comem direito

Uma alimentação saudável pode realmente ajudá-lo com a falta de tempo. Se você comer no horário e priorizar alimentos saudáveis ​​e nutritivos com certeza você se sentirá mais fortalecido e produtivo.

6. Falta-lhes otimismo

Toneladas de pesquisas têm demonstrado que as pessoas mais otimistas executam melhor seus trabalhos, testes, concursos, etc. Se você não conseguir se manter em um estado de espírito mais equilibrado, você vai procrastinar mais e fazer menos com o seu tempo. Tente começar o seu dia de trabalho concentrado nas tarefas mais importantes. Você pode tentar manter hábitos matinais agradáveis ​​para melhorar o seu estado de espírito, tais como beber seu café favorito ou a ouvir música positiva.

7. Elas não eliminam as distrações

Você já reparou quanto tempo você gasta em redes sociais, lendo notícias aleatórias, em bate-papo com os colegas, atendendo chamadas telefônicas? Se você estivesse sentado em uma sala fechada e focado em sua tarefa você provavelmente lidaria com ela muito rapidamente, de maneira muito mais eficiente e deixaria muito menos erros. Sei que não conseguimos nos isolar assim na maior parte do tempo, mas escolha pelo menos duas horas por dia para realizar suas obrigações sem ser incomodado, sem dividir a atenção. Desligue o telefone, feche todos os sites de entretenimento, coloque seus fones de ouvido e peça a seus colegas para não perturbá-lo. Você fará mais nestas duas horas do que você faz em um dia com todas essas distrações. O mito do profissional multitarefa só encobre uma pessoa sobrecarregada, muitas vezes estressada, distraída e que deixa buracos na execução da maioria de seus trabalhos.

8. Elas não têm objetivos específicos

Se você não sabe onde está indo é muito mais fácil perder-se em desvios e paradas desnecessárias. Ter um objetivo claro em sua cabeça pode ajudá-lo a se mover mais rápido em direção a ela. O importante não é ter um objetivo muito abstrato. Em vez de ter como meta única “tornar-se rico”, tenha uma meta de terminar o seu grande projeto até o final do ano. As metas devem ser gradativas e, de preferência, realizaveis em prazos estipuláveis.  Uma boa ideia é ter objetivos menores juntamente com aqueles maiores. Não deixe de sonhar alto, mas entenda que existe um caminho para a realização dos sonhos.

9. Elas assumem tarefas demais

Se você tem muitas tarefas e quer fazer todas elas direito, não tente fazê-las todas de uma vez. Você vai perder alguma coisa, você vai cometer erros graves, e você não vai fazer o melhor que pode e, como resultado, você terá que corrigir os erros e refazer algumas coisas. Isso vai levar muito mais tempo do que se você mantivesse sua atenção fazendo as coisas da maneira correta desde a primeira tentativa. Faça 1-2 tarefas de cada vez e dê o seu melhor. Pare de se enganar.

10. Elas verificam seus e-mails mais vezes do que o necessário

Se você está esperando por uma carta muito importante e verifica o seu e-mail a cada hora é uma coisa. No entanto, tornar-se escravo dos sons da caixa de e-mail, das mensagens do celular e do whatsapp fará de você um rato de laboratório. Essas coisas desviam toda a atenção dos seus planos, objetivos e intenções. Não verifique seus e-mails pessoais mais do que três vezes por dia.

11. Elas não são organizadas

Embora isso tenha sido dito de outras formas nos tópicos acima, é importante ressaltar sempre a questão da “organização”, pois preparações e planejamento são a chave para a economia de tempo. Algumas pessoas gastam muito tempo na parte da manhã se preparando, preparando o café da manhã, ajeitando as suas coisas. No entanto, você pode fazer metade dessas coisas à noite e salvar um monte de tempo da sua manhã. Você pode decidir o que você vai vestir e passar algumas roupas; pode deixar a mesa pronta, separar as coisas, o lanche das crianças, etc

12. Elas não usam seu tempo livre produtivamente

Todos nós temos algumas coisas que gostamos de fazer independente de sua utilidade prática. Este tempo pode ser ainda utilizado com algum benefício pessoal. Se você não pode deixar de assistir a um programa de TV, à noite, faça algum exercício enquanto o vê, por exemplo. Tente combinar algumas coisas, desde que ainda sejam prazeirosas para você,  e ganhe um pouco mais de tempo.

Mas, reforço, se estiver tudo organizado, nada mais merecido do que uma boa hora de entretenimento sem culpa e de pernas para o ar no final do dia!

Do original:  12 Real Reasons Some People Never Seem to Have Enough Time

Traduzido e ADAPTADO por Josie Conti exclusivamente para o CONTI outra.

Imagem de capa: lassedesignen/shutterstock

A infelicidade consentida

A infelicidade consentida

Um defeito que nos acompanha pela vida é essa necessidade de mensuração das vivências. Usamos fita métrica até pra estipular quanto vai durar um sentimento.

Não sabemos mais sentir, temos receio do que dura. Quando nos deparamos com uma situação difícil, apertamos a alavanca do passado pra dizer que era melhor. Mais isso, mais aquilo.

Vivemos nessa ponte de lamúrias, onde o passado só reflete o quanto estamos paralisados. Usamos o hábito da fuga retrô pra apontar o quanto éramos felizes, o quanto éramos dispostos, o quanto éramos festivos, e o contraponto com o presente só deixa claro o quanto definhamos e perdemos a essência.

Vivemos somente pro tanto de emoção que conseguimos lembrar. O que passar disso é cálculo errado. Exagero.

Não recebemos o que transborda porque nos acostumamos com esse prato raso de boas ações calculadas e sentimentos travestidos de amor. Às vezes, um amor se vai porque não sabemos reconhecê-lo. Não foi a abordagem que mudou, nós é que passamos a usar tapumes no lugar dos olhos pra evitar a simplicidade do que é profundo.

Não temos armas, mas temos dedos apontados, que é a mesma coisa. Ferimos o outro enquanto ele balbucia pra iniciar uma carícia verbal. Nos distanciamos pra evitar o toque. Em nome da nossa estabilidade emocional, preferimos não perder tempo com “sentimentalismos”. No fundo, não queremos fazer nada que não esteja na pauta diária da normalidade. Nada que nos faça vibrar por dentro. Preferimos a comodidade do “eu era feliz e não sabia”, pra continuarmos infelizes sabendo.

Pra continuarmos mergulhados na inércia do passado, na pseudoalegria que não contamina o presente. Nas lágrimas saudosistas de um sentimento que só depois de muitos anos foi promovido ao rol dos alegrinhos, pois o tempo tem mania de retirar o peso dos acontecimentos e enfeitá-los.

Logo esse “presente” terá/será passado, e certamente, você irá procurar os adjetivos mais interessantes, os melhores adornos pra torná-lo atraente. E vai fazer a mesma coisa, repetir “que era feliz sem saber”, quando jamais resvalou em alegria alguma. Apenas transferiu a ilusão de uma época pra outra sem jamais perder a mania de se enganar.

Imagem de capa: Juta/.shutterstock

Empreste seus sonhos aos que estão cansados

Empreste seus sonhos aos que estão cansados

A vida se faz no presente, mas os sonhos moram no futuro. Então a gente tece a vida de forma a seguir os caminhos ditados por aquilo que faz nosso coração bater mais forte.

Seguimos quase sempre descalços por nossa expectativa até que um dia alguma coisa nos fere a sola dos pés. Então a gente se ressente do sonho escolhido. A gente deixa de sonhar o sonho passado e procura um novo, um que seja bom, viável e que nos guie através de caminhos mais amistosos.

Esse hiato entre uma caminhada e outra pode ser deveras sofrido para todos nós, mas ele é passageiro. No entanto, há quem sente em cima de uma pedra, esperando a ferida fechar, e esqueça de sonhar de novo.

Felizmente, nada é imutável. Todos nós podemos, em determinado ponto, diminuir a marcha e emprestar nossos sonhos aos que pararam e esqueceram de sonhar.

E faz um bem danado sonhar junto. Achar luz na escuridão dos outros. Ver possibilidades escondidas em antigas gavetas. Acender sorrisos apagados com a chama da nossa esperança.

Às vezes, a gente tem um sonho e um outro acrescenta um pouco do sonho dele ao nosso e de repente temos um sonho novo, muito mais gostoso que aquele que nasceu sozinho na gente.

Se hoje temos a chance de segurar a mão de alguém e dizer que tudo pode ser melhor, amanhã serão as nossas mãos que serão seguradas por outros. Assim é a vida. Ela não para. Ela não pode e nem deve parar.

A gente às vezes tem tanto sonho guardado e não divide com medo de que o sonho acabe como se fosse algum tipo de doce de padaria. Mas sonhar junto é muito melhor que sonhar sozinho. Sonhar junto é ampliar os horizontes dos nossos anseios. É dar ânimo aos que desanimaram. É fazer grande um sonho pequeno.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain

 

La La Land e nossa busca pelos sonhos

La La Land e nossa busca pelos sonhos

Deslumbrada. Assim saí do cinema na última quinta feira (19/01) após assistir ao nostálgico “La La Land: Cantando Estações”.

O filme é delicado e delicioso, e embora seja um musical (gênero que muita gente torce o nariz), tem um enredo leve e poético, que fala de amor, encontros e desencontros, escolhas e desistências e, principalmente, sobre a busca pelos sonhos.

No longa, os caminhos de Mia (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling) se cruzam numa fase de vida muito especial para ambos. Os dois correm atrás de seus sonhos, e se sacrificam nessa busca através de testes, audições, turnês e muita expectativa. Enquanto Mia trabalha numa cafeteria dentro de um grande estúdio e sonha em ser atriz, Sebastian é um saudosista, sonhando perpetuar o Jazz, gênero que está “morrendo”, e trabalha como pianista.

Foi quase impossível não assistir ao filme recordando minhas escolhas, meus sonhos, minhas conquistas e as concessões feitas durante a vida para concretizar esses sonhos.

Porém, saí do cinema com a sensação de que nem todos os planos cabem numa única vida, e que a realização de alguns sonhos impõe a desistência de outros sonhos.

Somos vários. Abrigamos diversos caminhos e finalizações em nossa alma, e muitas vezes um caminho não suporta a existência de outro, e o negócio é aprender a conviver com os sonhos que não resistiram como realidade.

Talvez o que o longa queira traduzir é isso: a gente sempre vai ter um pouco de saudade daquilo que não viveu, das escolhas que não fez, de tudo o que poderia ter sido e não foi. É esse o golpe final do filme, numa cena de encher os olhos de lágrimas.

Mas antes disso também descobrimos que estar onde estamos, cercados das pessoas que amamos e fazendo aquilo que sonhamos é nossa maior recompensa, ainda que alguns sonhos tenham sido deixados ao longo do caminho. Reconhecer nossos presentes e conviver bem com as consequências de nossas escolhas é a chave para acolher com alegria tudo o que coube em nossa vida.

Em certo momento, Mia diz a Sebastian: “Eu sempre vou amar você”. E a gente entende que nesse momento ela sela um pacto com o sentimento presente. E mesmo que mudem-se as estações, é esse pacto que a manterá sempre feliz. E, junto a Mia, recordamos os diversos pactos que fizemos durante a vida e que igualmente nos mantêm de pé: pactos de não deixar morrer o amor, de prosseguir se divertindo, de nunca agir como aquele fulano que a gente abomina, de ter uma família, de ser um pai presente, de aprender a cantar ou escrever um livro.

La La Land é um filme sobre sonhos, mas também sobre amadurecimento. Sobre crescer sem deixar de lado a poesia e a delicadeza. Sobre confiar nos caminhos consolidados mesmo que isso signifique tomar um rumo diferente daquele que a gente supôs. Sobre ir em frente deixando um pouco do que éramos pelo caminho. E, principalmente, sobre a capacidade de sonhar mesmo quando a vida endurece em nossas esquinas.

Imagem de capa: Dale Robinette/ Divulgação

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Despedida

Despedida

Começou ontem a nossa despedida… enquanto eu levava o cachorro a passear a última volta no quarteirão, você fez as malas e embarcou sem deixar bilhete, somente aquele perfume fervendo no ar igual quando panela sai vapor no fogo, mas não tinha fogo, pois estava em você a chama de acender nós dois.

Enquanto eu dava a última volta no quarteirão, o cão insistia em voltar pra que você não partisse e eu não entendia linguagem dele nem faro nem nada, se não teria voltado pra tentar compreender se cabia fuga nos seus olhos ou se era mesmo coisa antiga, de tempos atrás, coisa que não se esclareceu e ficou no meio da gente como um acidente no meio da rua.

Caíram ontem à noite, a ficha e a lágrima no chão porque de manhã eu não varri e não tive tempo pra chorar antes de compreender por que alguém se muda assim do outro sem sair do endereço, e fica esse muito de você em tudo que eu olho, e as coisas me olhando têm a sua cara e o seu jeito de olhar, é como se você resolvesse ficar me contemplando de fora pra dentro muito tempo depois de ter partido e ficasse ainda vivendo, morando nas coisas e em mim com o intuito de me matar aos poucos.

Acabei não sabendo a maneira como você foi embora de mim porque eu nunca experimentei ir embora de alguém que eu amasse e jamais tive interesse em saber se ir embora de quem se ama causa essa deterioração, esse fuzilamento, esse inferno que é ser um endereço vazio pra onde o amor não volta. Não se engana um cachorro como desculpa pra abandonar um amor, fique sabendo.

Comecei hoje a varrer o chão e encontrei uma lágrima quente ainda, que só pode ser sua quando saiu com pressa enquanto eu e o cão éramos ludibriados enquanto você esquecia a camisa e nos abandonava — acho até que foi proposital deixar algo que vivia tão encostado a sua pele, na cadeira onde costumo descansar enquanto olho ao redor procurando um isqueiro pra queimar esse tecido ridículo que eu amava só porque guardava você dentro, mas dou voltas no quarteirão pra decidir se queimo ou não, enquanto os olhos do cachorro me perguntam se vou mesmo fazer isso. Saiba; não se abandona um amor como desculpa pra enganar um cachorro.

Decido que não queimo e dou a roupa ao cão pra que cheire e mate a saudade antes de mim, pra que ponha em você toda raiva e rasgue e esmiúce o tecido e transforme em fragmentos toda esta memória sinestésica, mas o cão é amoroso: cheira o pano e dá voltas no quarteirão e procura o dono com os olhos tristes e vazios como quem pergunta se ele volta ou não para usar a camisa que ficou estendida na cadeira que costumo descansar e pensar que já é hora de me entregar ao sono antes de dar inúmeras voltas dentro de mim pra acordar e percorrer o quarteirão sem procurar ninguém.

Imagem de capa: Cultura Motion/shutterstock

O que fazer quando a vida “enrosca” e não sai do lugar?

O que fazer quando a vida “enrosca” e não sai do lugar?

Muitas vezes nos encontramos em uma situação da qual não conseguimos sair. Os dias parecem todos iguais e, mesmo desejando que as coisas melhorem, assistimos nossa vida presa a um infinito reprise a cada despertar.

Todos viveremos tempos como os descritos acima – e, se tudo correr bem, sairemos deles mais fortes e sábios do que entramos. A grande questão, no entanto, é: como superar tais momentos sem que precisemos depender unicamente do acaso?

Algumas pessoas poderiam sugerir a famosa frase (erroneamente) atribuída ao Einstein, que diz: “insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Confesso que faz bastante sentido e é muito adequada – já devo tê-la compartilhado em alguma de minhas redes sociais, inclusive. O problema, no entanto, refere-se ao fato de que, apesar de ser uma bela sugestão, faz-se bastante difícil observar significativas mudanças nos comportamentos do indivíduo apenas em decorrência de tal leitura (afinal, apesar de bela e inteligente, a citação não faz nenhuma mágica). Com isso dito, me concentrarei em, de forma breve e didática, ofertar orientações acerca do como reerguer-se após ver-se em tal situação.

O que realmente quer fazer e quais mudanças espera?

Muitas vezes não chegamos a lugar algum justamente por não termos planos claros de para onde ir. Estabeleça metas concretas e factíveis e as fracione em partes tão pequenas quanto possível (que passos são necessários para que eu chegue lá?). Acredite, a forma como as metas são projetadas interfere de forma intensa sobre a probabilidade futura de êxito ou fracasso!

Por que fracionar nossas metas em pequenas partes é tão importante? Sabe-se há algum tempo que o comportamento só existe enquanto funciona. As tarefas precisam ser pequenas, concretas e simples para que a probabilidade de êxito seja elevada. Somente tendo êxito nos primeiros passos teremos ânimo para dar continuidade à caminhada. Muitas vezes fazemos planos mal fracionados e, ao fracassar logo no começo, voltar para a infelicidade torna-se o caminho mais provável!

Somos péssimos em avaliar o tempo ou frequência em que nos empenhamos em determinada tarefa.

As metas bem delimitadas e fracionadas ainda não são o suficiente para que você se movimente com êxito na direção desejada. Planejar tudo com bastante cuidado e manter tudo isso em mente pode ainda assim mantê-lo no atoleiro!

O que é que está faltando então? Anotações! Acredite se puder, escrever em uma agenda o que você deve fazer no dia seguinte aumenta drasticamente a probabilidade de que você o faça (faz-se necessário ler a agenda a cada despertar, algo que se tornará uma rotina com o passar dos primeiros dias)!

Compre um calendário com números grandes com a paginação dividida mês a mês: é muito importante que ele fique sempre ao alcance dos olhos e que você faça um X em cada dia que realizou as atividades propostas (isso fornecerá a você consciência acerca da sua real adesão aos planos, além, é claro, de ser um combustível para que continue na direção desejada)!

Observações: Atividades acadêmicas devem ser sempre realizadas com um relógio por perto. Definir claramente que você irá, por exemplo, ler durante 25 minutos e descansar por cinco (durante uma hora e meia) aumentará a atenção à leitura. Nosso corpo responde de forma mais satisfatória a comportamentos custosos quando há garantias de que, em breve, o devido descanso lhe será concedido!

Lembrete

O texto acima não substitui a visita a um psicólogo e/ou psiquiatra. Muitas vezes as coisas se tornam difíceis devido à presença de um quadro depressivo, fato que fará necessário o acompanhamento de um profissional especializado.

Imagem de capa: ravipat/shutterstock

Várias de mim

Várias de mim

Imponho-me uma dura dança, um combate diário entre a força que acho que tenho e o quanto realmente posso suportar. “Sou forte”, ouço o eco da minha voz, enquanto mais uma lágrima descama a fortaleza. Das forças que tenho em mim, só conheço a medida certa que se aplica aos momentos cruciais, de crise, onde a Fênix voa mais alto e zomba da minha cara assustada no espelho. Sou várias. Há aquela que fica com as mãos no colo e espreme os olhos pra não ver enquanto a outra abre a janela e beija o sol sem protetor solar. Há uma outra que passeia em mim pelas manhãs, sempre com a mesma disposição e um farto sorriso. Pousa os olhos nas minhas retinas e toca o meu ombro com cuidado, estica as minhas asas e apara os meus medos massageando a minha alma com palavras inventadas. Deve haver nessa imensidão de mim, as outras que não conheço, que serão sempre parentes distantes do meu presente, mas que de alguma forma ajudam as outras que estão em exercício a se mostrarem em suas máximas potências e assim permaneço: (alterável); grávida do que fui e à espera do que ainda vou me tornar.

Imagem de capa: Alena Stalmashonak/shutterstock

Uma dose de amor para curar uma dor

Uma dose de amor para curar uma dor

E no meio do turbilhão, a vida me envia um pouco de paz. Quando perdi meu chão, você apareceu me oferecendo o céu. Você se lembra de todos os detalhes. Eu não me lembro de detalhe nenhum. Eu estava aérea… Mas me lembro de todas sensações. A sensação de estar segura. A sensação de estar com uma alma afim.

Você apareceu durante um vendaval em minha vida: quando eu descobri a verdade sobre alguém de quem muito gostei. E essa verdade me feriu fatalmente. Devido a fatos que prefiro me abster de citar, foi traumático pra mim. Era um momento que tinha tudo pra me fazer desacreditar do amor, mas você me abraçou de uma forma em que eu me senti protegida. Mesmo sem te conhecer tanto, estar ali naquele momento, ao seu lado, era o melhor lugar.

Você me chamou de Esfinge, pelo meu modo de te olhar, disse que leu Misto Quente de Bukowski e eu novamente fui ao céu. Não é todo dia que a gente encontra um cara de barba perfeita, que lê Bukowski e ainda cite páginas de poesia. Talvez você não tenha percebido, mas naquele momento eu tive certeza do que eu queria. O que eu queria estava bem diante dos meus olhos e eu me perguntei porque demorou tanto pra esse momento acontecer.

Falamos sobre Game of Thrones. Eu te dando spoiler sobre Brienne e Tormund e você dizendo que queria que ela ficasse com o Jaime. E ali você me ganhou de novo. Um homem sem medo de demonstrar sentimento. Se teve uma coisa que eu aprendi nesses últimos meses foi que homem que não demonstra sentimento é porque não gosta o suficiente ou porque não gosta o suficiente. E isso causa dor. E pra curar uma dor, só uma dose de amor.

Só que você foi muito mais do que uma dose. Porque uma dose acaba e você ficou. Quando dias depois te contei sobre o episódio traumático da minha vida, você disse: “Mulher, não tenha medo. Levante a cabeça e lute. Eu vou cuidar de você.” E aí que eu fui entender, você não estava comigo pelas metades, você estava comigo por inteiro.

O problema é a gente que, às vezes, se acostuma com pouco achando que é muito, mas quando cai em si percebe que na verdade não era nada do que imaginou. E enquanto nos apegamos àquele amor mais ou menos, que nos leva de forma mais ou menos, a gente acaba minando as chances de encontrar o amor pleno, aquele que a gente realmente merece. O que tem defeitos, sim, mas que também nos faz querer ser melhor, lado a lado, constantemente, diariamente.

Sobre aquele dia, em que a gente se abraçou pela primeira vez, eu aprendi que a gente nunca sabe sobre as barras que vai enfrentar nas próximas horas, mas também que a gente nunca sabe sobre a luz que vai aparecer no meio do caminho e iluminar tudo. Meu Sol. Sou sua Esfinge. Talvez só até a próxima semana. Mas quem sabe, quiçá, até a próxima Vida. Te quero beber em mil doses de amor.

Imagem de capa:  lissa93/Shutterstock

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