Quem é o filho do meio?

Quem é o filho do meio?

Por Marina Pilar Reichenberger e Marcela Alice Bianco

Em uma família cada criança que nasce recebe um tratamento diferenciado devido ao momento de seu nascimento na ordem cronológica e afetiva do seu sistema familiar. Cada filho recebe dos pais uma projeção, expectativas e sonhos diferentes, os quais repercutirão em toda sua história como indivíduo e como parte integrante do grupo. Os filhos mais velhos, recebem toda a atenção dos pais que acabaram de realizar o grande sonho de se tornarem pai e mãe pela primeira vez. Já os caçulas, por serem os últimos, geralmente recebem uma atenção redobrada por serem os mais novos, menos experientes e às vezes, considerados os mais frágeis da família. O que acontece com aqueles indivíduos que não tiveram nem o privilégio de serem os primeiros, e nem a atenção especial recebida por serem os mais novos?

Os filhos do meio nascem depois da experiência mística vivenciada pelos pais de se tornarem genitores pela primeira vez, sem poder usufruir da atenção e expectativa da mesma forma, podendo viver nas sombras dos filhos mais velhos.

Os filhos do meio muitas vezes são considerados os mais negligenciados, costumam ter sentimentos de não-pertencimento na família, e algumas vezes, no mundo. Em um estudo feito na Universidade de Stanford nos Estados Unidos, os filhos do meio foram considerados os mais invejosos, os menos ousados e os mais quietos da família. Nascendo depois do tão esperado primeiro filho/a primogênito (a), e antes do caçula que recebe todos os mimos, o filho/a do meio costuma ser colocado de lado pelos pais na esfera subjetiva.

Mesmo sem intenção consciente, os filhos do meio recebem de seus pais projeções e cargas afetivas diferentes dos demais filhos. A ansiedade, a insegurança e a expectativa da primeira experiência já passaram, e os pais, além de estarem mais seguros, podem também estar mais flexíveis, relaxados e até mesmo cansados quando o segundo filho chega no berço da família.

Eles herdam berços, carrinhos de bebê, roupinhas, brinquedos, etc. do (a) irmão (a) mais velho (a) e com isso os filhos do meio, podem (as vezes erroneamente), crescer com uma sensação de que não foram tão privilegiados quanto o primogênito. Quando chega o caçula, os pais se preenchem com um novo sentimento e então o filho do meio, presenciando o afeto com o novo bebê pode se sentir confuso e enciumado, achando que somente com ele não foi bem assim.

Além desses sentimentos, existe uma expectativa dos pais, de que esses filhos “se virem sozinhos” no mundo. Há uma demanda maior do filho do meio se tornar mais independente que os outros filhos, como se houvesse um sentimento inconsciente vindo dos pais, que estes filhos que nasceram no meio dos outros, já sabem tudo que o primeiro aprendeu, sem a fragilidade de ser o último. Por terem que se virar sozinhos, algumas vezes acabam se deparando com sentimentos de solidão, e isto pode torná-los realmente mais independentes.

Essa independência os leva também a experimentar coisas novas, as vezes não experimentadas pelo resto da família. Nesse ser “deixado de lado” também nasce um pensamento muitas vezes mais inovador do que ocorre com os outros irmãos. Essa sensação de serem invisíveis, isolados e o com um sentimento de não-pertencimento na família os leva a tomar riscos maiores e desperta pensamentos criativos não atingidos pelos outros membros da família. Assim, os vácuos de solidão, acabam despertando em si mesmos a criatividade fora do quadrado familiar e global.

Em contrapartida, por serem ou por se sentirem menos reconhecidos em casa e dentro da cultura familiar, a autoestima desses filhos tem uma tendência a ser baixa.

Cabe salientar que, apesar das similaridades encontradas nas pesquisas sobre o filho do meio, cada família é única, sendo essencial perceber as particularidades de cada relacionamento desenvolvido.

Mas podemos pensar: Como faz o filho do meio para sair desse drama familiar instalado devido à ordem dos nascimentos? Como ele pode tirar proveito da situação?

O primeiro ponto é poder se conscientizar da sua real condição e papel dentro da família. Diferenciar aquilo que é realmente uma realidade dentro da vida familiar, de um sentimento ilusório de menos valia construído com base nas suas percepções infantis ainda frágeis e em construção. Esse trabalho possibilita uma nova significação da vida e pode libertar potenciais criativos bloqueados em função da baixa autoestima e das carências afetivas existentes.

Algo que precisamos considerar é que nossos vínculos são sempre construídos por ambos os lados da relação. Assim, o filho do meio, com base nas suas próprias interpretações da realidade em que viveu, pode ter se afastado defensivamente dos seus pais e até mesmo dos seus irmãos, preferindo a independência ou o isolamento. Restaurar os laços afetivos, quebrando possíveis barreiras construídas, pode ser outro fator de regaste de si mesmo para o filho do meio. Reconciliando-se com sua história e com sua família, pode também reaver os tesouros guardados de sua personalidade.

Por fim, é preciso considerar que todos os papéis representados em uma família, possuem seus pontos positivos e negativos e podem contribuir ou dificultar o processo de individuação, ou seja, a realização do nosso potencial humano.

Se por um lado o filho mais velho é o mais esperado e desejado, ele é também o maior alvo das expectativas dos pais, podendo sofrer o peso de retribuir com seu sucesso, para manter admiração e os sonhos nele depositados. Por esta mesma via, pode fracassar e se tornar justamente uma espécie de anti-herói, sendo aquele que irá “dar mais trabalho” para os pais ou que manterá um maior nível de dependência por toda a vida. Já para o caçula, o excesso de proteção pode acarretar numa maior dependência e dificuldade em seguir seus próprios passos com segurança e autonomia. Podem viver à sombra de relacionamentos, para manter a segurança afetiva antes conquistada. Assim, para cada filho há um desafio a ser enfrentado e superado na jornada heroica a qual todos nós somos convidados a realizar dentro da nossa humanidade.

Aos filhos do meio, resta a tarefa de reconciliarem-se com o próprio lugar que ocuparam dentro de suas famílias, desmistificarem seus fantasmas de desamor e negligência, para então resgatarem seu senso de amor-próprio e de segurança no mundo, bem como os vínculos afetivos com seus pais e irmãos. E desfrutarem da criatividade e resiliência permitidas justamente por estarem neste papel de “filhos do meio” de maneira promissora para o seu desenvolvimento pessoal.

Afinal, como diz a canção, cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz”.

Autoras:

contioutra.com - Quem é o filho do meio?Marcela Alice Bianco – Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Junguiana formada pela UFSCar. Especialista em Psicoterapia de Abordagem Junguiana associada à Técnicas de Trabalho Corporal pelo Sedes Sapientiae. CRP: 06/77338

 

contioutra.com - Quem é o filho do meio?Marina Pilar Reichenberger – Psicóloga e Psicoterapeuta graduada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pós-graduada em Aconselhamento em Saúde Mental com especialidade em Terapia Expressiva pela Lesley University nos EUA. CRP: 06/ 119769

Imagem de capa: Amir Bajrich/shutterstock

“Nostalgia é quando a saudade, ao invés de bater, abraça.”

“Nostalgia é quando a saudade, ao invés de bater, abraça.”

Dia desses, trocava uma ideia com uma colega, quando o assunto se direcionou à família, mais especificamente à sua avó que já havia falecido.

Ela me falou com ternura da proximidade com sua vozinha, o quanto conversavam sobre seus problemas, amores, abobrinhas e de todo amor que tinha por ela. A fala da colega terminou com um “ela era uma linda, uma lindona. A saudade que tenho dela, não é nem de dor, é por ela ser linda mesmo.”

Fiquei encantada com o testemunho da moça, não vou mentir. O episódio me trouxe à memória uma frase de uma moça chamada Mariane W. Murase, que vira pela internet anos antes: “Nostalgia é quando a saudade, ao invés de bater, abraça!”

Tem saudade mais bonita e gostosa do que a nostalgia? Baseando-me nessa definição, penso que não.

A verdade é que somos acostumados a sofrer por tudo o que já gostamos e, por algum motivo, teve de ir. Gostamos de lamentar por nossas perdas, pelo tempo que não volta e pelos lugares que ficaram reservados única e exclusivamente na nossa memória.

Supervalorizamos essa tal saudade que nos bate, aquela que nos dói o coração. Penso que essa lamentação contínua fala muito sobre nós. Claro que o luto é um processo importante e necessário para todos, mas não precisa ser infindável.

Um elemento do qual frequentemente nos esquecemos, por causa desse luto todo, é a gratidão. Para além de chorar pelo que se foi, é preciso ser grato pelo que se teve e se viveu, pelo que foi aprendido e aproveitado.

Precisamos aprender a olhar com ternura e gratidão para o passado, olhar com olhos de nostalgia e agradecer por ter tido a oportunidade de ter conhecido o ente querido, por ter passado por aquela época gostosa, por ter aprendido e evoluído com aquela viagem, e assim por diante.

Ao final da fala da moça com quem eu conversava, comentei o quanto foi bonito ouvi-la falar. Ela me disse, por fim, que era o amor por sua avó que fazia sua fala ficar daquele jeito, bonita. O amor tem dessas. Ele nos dá o dom de transformar saudade dolorida em nostalgia que abraça. Treinemos essa conversão e sejamos mais gratos por sermos capazes disso.

Imagem de capa: Hrecheniuk Oleksii/shutterstock

Carta aberta ao amor que mereço

Carta aberta ao amor que mereço

Não mereço um amor pela metade. Um amor que finge permanência, que não se entrega de verdade e que não reproduz o respeito e o carinho acordados. Já tive amores demais para perder tempo com sentimentos de menos.

É tudo bem simples e não precisa muito esforço para entender. Se você quer nós dois, demonstre. Faça valer a soma dos interessados. Cuide da nossa morada, construa pontes para o nosso encontro. Se não houver reciprocidade, por mais que eu te ame, levarei os meus inteiros para outros abraços. Não preciso de caridade amorosa.

Sou livre há muito tempo. Aprendi através das maiores despedidas que o amor que fica não solicita convite. Ele apenas fica, mesmo com a distância, com o tempo desalinhado e com outros desvios no caminho. Ele reside na companhia de quem realmente quer fazer parte da vida do outro. Ele não nega emoções. Saber onde pisa é a maior responsabilidade do amor.

O amor que mereço não é eterno e nem precisa sê-lo. Mas ele é sincero, não é covarde. Talvez ele tenha passado e não percebi. Talvez ele ainda vá chegar e não estarei por perto. Não posso responder sobre alguém hipotético, mas posso continuar falando sobre alguém que é realidade. No caso, eu. E o amor que julgo merecer não é uma ideia passageira, pelo contrário, é um aconchego que sempre esteve comigo. Dentro dos meus espaços, o amor é uma constante evolução.

Não sei se essa carta chegará até você ou se a lerá com o sentir que a escrevi. De qualquer forma, nada muda. O amor que mereço é sintonia, um pouco de sorte e mais um bocado de vontades prévias. O amor que mereço é uma escolha nossa. A cada desencontro, a cada recomeço.

Imagem de capa: Estate Violenta (1959) – Dir. Valerio Zurlini

Banalidades eternas

Banalidades eternas

Por Fabrício Carpinejar

Você esqueceu o tamanho de sua vida? Largue o Facebook e sua linha cronológica. Apague o celular e o laptop, desligue-se da virtualidade e das imagens editadas e com filtro.

Precisa do brilho da poeira voando, da companhia dos ácaros e das traças. A alergia é prova do retorno ao passado. O espirro é o nosso túnel do tempo.

Vá até a garagem ou o quartinho ou o alto de um armário ou debaixo de sua cama, onde esconde as tralhas de seu passado físico. O passado de papel e de objetos, o passado de fotos, canetas coloridas e medalhas de latão. Tem que enfrentar o trabalho de abrir caixas fechadas, romper a fita adesiva com estilete e lamentar o elástico das pastas estourando.

Mexa nos cadernos da escola, acompanhe a mudança de sua letra, o quanto era caprichada no Ensino Fundamental e ganha contornos de euforia, rebeldia e pressa. Começa emendada e submissa, em seguida vira separada e caixa alta, sem respeitar mais nada, nem pai, nem mãe, muito menos vírgula. Duvido que não se emocione. Soltará uma gargalhada de saudade ao reencontrar o rabisco de algum colega no forro da capa dura. Como existia valor naqueles recados de amizade eterna vencendo o nosso tédio nos dois períodos de matemática na segunda-feira de manhã! Ninguém merecia despertar fazendo cálculos. Lembrará que já foi muito amado. Lembrará as provas difíceis que enfrentou afixando fórmulas pelas paredes do quarto. Achará guardanapos de bares, figurinhas avulsas de álbuns, letras de canções em inglês traduzidas grosseiramente e sinopses de filmes. Observará o mundo em miniatura com atenção extrema, respirando devagar, buscando reconstituir o tempo de suas escolhas e o ineditismo de suas descobertas. Vários rostos dedilhados serão novamente atuais. Concluirá, estranhamente, que nenhuma lembrança morre na data que aconteceu. Emocionado, quase chorando, não se contém de vergonha e se repreende em voz alta: – Era o que faltava, virar poeta depois de velho.

Do fundo das caixinhas de CDs e fitas cassetes, puxará um envelope perfumado com uma carta de amor. Escrita por namorada da escola, no instante em que ela rompe o namoro de dois anos.

– Por que você conservou esta tristeza?, – pergunta a si mesmo. E logo responde: – Para rir dos próprios dramas, só pode ser.

Você jurava que morreria, que se mataria, que nunca amaria de novo naquela época. E sobreviveu e recuperou o coração e amou tantas e tantas outras vezes.

É bom testemunhar as suas promessas sendo quebradas, as suas opiniões mudando, os gostos se transformando radicalmente, que nada é definitivo e tudo é eterno.

Não perceberá que está há mais de quatro horas sentado no chão e revirando coisas antigas.

Não viu o tempo passar. A gente nunca vê o tempo passar. Mas é ele que nos olha e nos guarda.

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 4, 21/07/2015
Porto Alegre (RS), Edição N°18233

Imagem de capa:  Photographee.eu/shutterstock

Você acha que tem dedo podre? Não, apenas se orienta por critérios errados

Você acha que tem dedo podre? Não, apenas se orienta por critérios errados

Por Flávio Gikovate

Aqueles que escolhem sempre o mesmo tipo equivocado de parceiro amoroso não têm o “dedo podre”: estão se orientando por um critério errado.

Se uma pessoa escolhe sempre o mesmo tipo de parceiro que depois se mostra incompatível, convém apontar o dedo para si e fazer autocrítica.

O encantamento amoroso depende de vários parâmetros, inclusive do juízo que cada um tem de si; quem está bem consigo busca parceiros afins.

Quem não gosta do seu jeito de ser e busca alguém que seja seu oposto está cometendo um erro que tende a se repetir; leva sempre à separação.

Quem não gosta do seu jeito de ser tem que, antes de tudo, tratar de se modificar e se transformar em alguém que convive bem consigo mesmo.

As escolhas equivocadas podem se basear em critérios equivocados; por exemplo: o encantamento erótico não costuma ser bom conselheiro amoroso.

O melhor critério de escolha amorosa é aquele que se assemelha ao das grandes amizades: afinidades de caráter, gosto, interesses, projetos…

As pessoas relutam em escolher suas parcerias pela via racional; a meu ver, estão erradas, pois é papel da razão tomar as grandes decisões.

Imagem de capa: Halfpoint/shutterstock

Para os dias de cansaço…

Para os dias de cansaço…

Talvez, nos dias de cansaço, a gente se demore nos lugares onde nos esperam, hoje não há tempo, as contas nos esperam e os relógios residem em todos os cômodos de nossas almas, precisamos acelerar em viagens rotineiras pra lugar nenhum.

Nesses dias vazios a gente vai se perdendo, correndo o risco de não perceber onde fizemos nossos pousos, diante de risos amarelos agradecemos o pouco concedido, reverenciamos a rua estreita, tratando becos como avenidas arborizadas.

No cansaço, a possibilidade de despertar ao som de pardais e de um café onde não caiba o mais ou menos mas, somente, a segurança de sermos quem somos, saborear o que fica quando o resto dá errado, simplesmente porque somos amados.

Para os dias de cansaço, também, os espaços que mereciam existir hoje, as horas destinadas para o amor, o abraço demorado e as juras eternas. Feito roupas no varal, sedentas de brisa e sol, estendemos o que nos dá sentido no varal do depois. Seguimos, nos contentando com o meio do caminho, parados em estações sem significados.

Amanhã, talvez, a possibilidade de sermos inteiros em nossos pedaços, o cheiro de flor na alma, as roupas macias no corpo preparado, as falas silenciadas pelos olhos que enxergam, o sono tranquilo, a comida com sabor, as mãos que afagam, as horas que seguem, delicadas, porque descobriram a vida na rotina de existir sem estar morto.

Amanhã, a possibilidade de um mundo povoado por pessoas que, além de se preocuparem, se ocupam dos nossos dias.

Imagem de capa: gpointstudio/shutterstock

7 fatos que provam que você e o cosmos estão intimamente conectados

7 fatos que provam que você e o cosmos estão intimamente conectados

O que antes pertencia ao domínio da religião e do mito está, cada vez mais, tornando-se consenso na ciência: todas as coisas do Universo estão profundamente relacionadas umas com as outras.

Acredite: conforme os cientistas vão escavando os mistérios da realidade, fica cada vez mais evidente que parece haver uma profunda interdependência entre as coisas. Esta convicção, que já foi muitas vezes trazida à tona pela intuição humana, tem ganhado cada vez mais espaço na comunidade científica.

Existem certos fatos, já familiares à ciência, que podem dar origem a uma espécie de espiritualidade, similar àquela proporcionada pela religião. São descobertas grandiosas que nos recordam que fazemos parte de um grande todo, do qual somos inseparáveis. Elas reforçam a ideia de que a velha distinção homem versus natureza não faz sentido algum.

Separamos sete destes fatos, que têm grande impacto filosófico e podem te fazer olhar de outra forma para a realidade ao seu redor. Confira:

1 – Somos todos poeira das estrelas

A frase, tornada famosa pelo astrônomo Carl Sagan, significa basicamente que todos os elementos que formam os seres humanos, os vegetais, as rochas e tudo o mais que existe no planeta foram formados há bilhões de anos, durante a explosão de estrelas a anos luz de distância daqui. É isso mesmo: elementos pesados como o ferro que corre no nosso sangue, ou o ouro que compõe as nossas jóias, só podem ser sintetizados na natureza em condições extremas de temperatura e pressão – ou seja, quando uma estrela morre e explode violentamente, virando uma supernova. O material formado, então, se espalha pelo espaço interestelar, podendo dar origem a novas estrelas e planetas.

2 – Os átomos do seu corpo já pertenceram a outros seres vivos

A Terra é praticamente um sistema fechado – a matéria que existe aqui não escapa naturalmente para o espaço sideral. Logo, podemos concluir que todos os átomos existentes no planeta estiveram aqui desde o início, e circularam ao longo das eras por incontáveis ciclos químicos e biológicos. Isto quer dizer que os elementos que hoje compõem nossos corpos podem, perfeitamente, ter feito parte de um tiranossauro rex no passado, ou de uma árvore, uma pedra, ou até mesmo de outros seres humanos.

3 – Toda a vida na Terra tem um grau de parentesco

Quando olhamos para a exuberante biosfera que existe em nosso planeta, é difícil acreditar que, nos primórdios da vida, o único ser se resumia a um organismo unicelular. Ao longo de bilhões de anos de evolução, as espécies foram se diferenciando e se adaptando a diferentes ambientes. Mas, por mais distintas que pareçam, todas têm um grau de parentesco umas com as outras, sem exceção. Todas tiveram um ancestral comum em algum momento.


4 – Quimicamente, animais e plantas se complementam

As árvores são nossas “primas”, e podem ser compreendidas como complexas fábricas naturais que sintetizam o gás carbônico, eliminando o oxigênio. No nosso caso, o processo é reverso – nós respiramos o oxigênio e expelimos gás carbônico. Podemos dizer então que os vegetais e os animais são, evolutivamente falando, perfeitos uns para os outros, e mantém uma relação de interdependência.

5 – Seu corpo é perfeitamente adaptado para viver na Terra

Não apenas o corpo humano, mas todos os seres vivos do planeta, são minuciosamente moldados para sobreviver no ambiente terráqueo. Se vivêssemos em um lugar com maior gravidade, por exemplo, nossos músculos e estrutura óssea teriam de ser bem mais resistentes para aguentar a pressão. O implacável processo de seleção natural se encarrega de escolher as espécies mais aptas à sobrevivência. De certa forma, toda a vida que conhecemos tem a cara da Terra, porque é perfeita para ela.

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Lia Koltyrina/shutterstock

6 – No nível quântico, não existem objetos sólidos

Quando tocamos em qualquer objeto, sentimos claramente que se trata de algo sólido, palpável. No entanto, a sensação não passa de um engano de nossos sentidos: são apenas as nuvens de elétrons dos átomos de nossa pele interagindo com as nuvens eletrônicas do objeto. O que se pode chamar de sólido é o núcleo dos átomos, mas eles jamais se tocam. Os átomos são compostos quase que inteiramente de vazio.

7 – Partículas subatômicas podem estar conectadas mesmo a milhões de anos luz uma da outra

Não importa que uma das partículas esteja na Via Láctea e a outra na vizinha Andrômeda – se houver entre elas o chamado entrelaçamento quântico, uma é parte indissociável da outra. Elas se influenciam instantaneamente, superando até mesmo a velocidade da luz. Isto é possível pois o princípio sugere que a matéria universal esteja interligada por uma rede de “forças”, sobre a qual pouco conhecemos, que transcende até mesmo nossa concepção de tempo e espaço.

Esta matéria foi originalmente publicada na Revista Galileu, uma das mais sérias e respeitadas deste país.

Imagem de capa: Sergey Nivens/shutterstock

Crianças expostas sem critérios aos eletrônicos têm atraso em seu desenvolvimento

Crianças expostas sem critérios aos eletrônicos têm atraso em seu desenvolvimento

Meninos e meninas de todas as idades vêm apresentando problemas em seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social simplesmente porque os adultos responsáveis por elas parecem desconhecer as reais necessidades de um ser em processo de formação, e encontram no uso dos eletrônicos um recurso para ajudá-los a administrar o excesso de energia dos menores.

Brincar, brincar e brincar mais um pouco! Criança precisa brincar, explorar o espaço ao seu redor, imaginar, fantasiar, criar, inventar. E nada disso acontece de forma integral diante de uma tela de smartphone, tablet ou aparelho de TV.

E não adianta argumentar que o jogo x ou y, apresenta representações tridimensionais, que estimulam o raciocínio e a capacidade de concentração. Nada, absolutamente nada, substitui as experiências no mundo real. Crianças que fazem uso de eletrônicos diariamente são privadas de oportunidades riquíssimas que só as brincadeiras ao vivo podem proporcionar.

Meninos e meninas de todas as idades vêm apresentando problemas em seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social simplesmente porque os adultos responsáveis por elas parecem desconhecer as reais necessidades de um ser em processo de formação, e encontram no uso dos eletrônicos um recurso para ajudá-los a administrar o excesso de energia dos menores.

Crianças muito pequenas – bebês mesmo, com menos de dois anos – são colocadas diante de aparelhos de TV, tablets ou celulares para assistir “desenhos educativos”, com a justificativa de que há outras tarefas e atividades que requerem a atenção de seus pais. Alguns adultos chegam a afirmar que a criança adora esses programas.

No entanto, um estudo realizado pela Associação Americana de Pediatria, esclarece que a distração via eletrônicos não é indicada para menores de dois anos, em nenhuma hipótese, posto que é nessa fase que a criança desenvolve habilidades sociais, motoras, de raciocínio e linguagem que só acontecem na interação com estímulos do ambiente e na convivência com outros seres humanos.

Os Pediatras norte-americanos afirmam que 30% das crianças entre zero e dois anos assistem TV, ou vídeos pela internet antes dos dois anos, e que essa prática é realizada muitas vezes sem a presença dos pais. Esses estudiosos alertam para o fato de que a qualidade das relações familiares é severamente prejudicada pelo uso constante dos eletrônicos e chamam a atenção, ainda, para o fato de que mesmo quando estão no mesmo espaço da casa, as pessoas se comunicam menos se a TV estiver ligada. Isso sem mencionar o hábito dos adultos de usar com frequência seus aparelhos celulares para checar mensagens ou postagens nas redes sociais.

Uma outra prática muito comum – mas não menos danosa – é o uso de aparelhos de DVD no carro para “entreter” os pequenos. O fato é que quanto menos os adultos conversarem e interagirem com as crianças, menor será o desenvolvimento da fala, dos recursos de raciocínio lógico, das habilidades sociais, da criatividade e da empatia.

Os pais devem abrir mão do uso frequente dos eletrônicos em nome do estabelecimento de vínculos com seus filhos em todas as oportunidades de convivência, e uma dessas situações pode ser o caminho entre a casa e a escola, um passeio ou viagem. Conversar com a criança sobre o entorno do trajeto, cantar, fazer brincadeiras propondo que encontrem elementos na paisagem, providenciar uma caixa de papelão com objetos lúdicos simples, contar uma história. É claro que tudo isso envolve um planejamento, maior envolvimento e mais trabalho. Mas o resultado compensa, sem nenhuma sombra de dúvida.

A Sociedade Brasileira de Pediatria estruturou uma cartilha de orientação a pais, pediatras, educadores, crianças e adolescentes, contendo cinquenta regras práticas para o uso da internet. O documento indica, por exemplo, que crianças de 2 a 5 anos não devem ultrapassar o tempo de uma hora diária no uso de eletrônicos; e que crianças até 10 anos não devem utilizar computadores ou similares em seus quartos ou sem a supervisão de um adulto responsável.

Educadores, psicólogos infantis, pediatras e hebiatras do mundo todo têm se mobilizado para levantar questões reflexivas acerca do contato de crianças e adolescentes com o mundo virtual. E como tudo que envolve a educação dos menores, esse é um assunto de grande relevância e que merece nossa atenção e busca por informação para que possamos oferecer a eles as melhores condições de desenvolvimento.

Uma boa observação pode revelar, por exemplo, que os excessos de recursos tecnológicos provocam nas crianças dores musculares, alterações posturais, dores de cabeça, alterações no sono, irritabilidade, sintomas de ansiedade, agressividade e tendência ao isolamento.
É importante salientar que, se o estabelecimento de limites de tempo para o uso dos eletrônicos por crianças e adolescentes é indispensável, também é fundamental que se cuide da qualidade dos conteúdos acessados. Há muito lixo virtual! Há uma enxurrada de youtubers que fazem sucesso entre os pequenos e jovens, com vídeos absolutamente vazios de valores e cheios de palavrões. Há uma infinidade de ídolos mirins que fazem sucesso em canais virtuais, por meio de vídeos gravados por seus próprios pais, expondo a rotina de seus filhos.

O fato é que uma vez estabelecido um hábito, fica muito mais difícil reverter a situação e estabelecer regras. Os adultos precisam assumir sua responsabilidade em relação ao seu papel de autoridade afetiva na regulação dos comportamentos dos menores. Mais que tudo, os adultos são exemplos vivos de atitudes. De nada adianta estabelecer regras para organizar e mediar a utilização das mídias, se os próprios pais vivem abduzidos por uma tela virtual. Como sempre, a regra de ouro é: coerência e bom senso!

Imagem de capa meramente ilustrativa: personagem Agnes de “Meu Malvado Favorito”

 

15 verdades que você precisa saber se ama (ou é) uma pessoa sensitiva

15 verdades que você precisa saber se ama (ou é) uma pessoa sensitiva

Como amar um sensitivo? Deixe-me dizer as maneiras: feroz, honesta e complemente.

Nós não vemos o amor parcialmente e se optarmos por abrir a nossa alma a você, prepare-se: você será surpreendido. É intenso, poderoso, caótico e algumas vezes difícil lidar conosco, mas somos verdadeiros. Sensitivos não sabem amar de outra maneira.

Um sensitivo é alguém que capta de modo intenso os humores e as energias: emoções de pessoas, situações e seu ambiente a ponto de, muitas vezes, deixar que essas emoções se confundam com as dele próprio. Ele também tem algumas habilidades psíquicas que lhe conferem conhecimentos “sem prova” aparente. Suas emoções são profundas, e saiba que o que se encontra abaixo da superfície é um mundo todo próprio.

Quando você está olhando para os olhos de um sensitivo que tenha aberto o seu coração para você, verá vulnerabilidade, honestidade, dano, dor, sonhos, felicidade, amor. Com emoções voando, pensamentos acelerados e ideias fluindo ininterruptamente: nem todo mundo está apto para amar alguém assim. Pode ser difícil, mas, para tornar as coisas um pouco mais fáceis, eu listei 15 (sim, 15!) maneiras para ajudar aqueles que nos amam.

1. Nós não podemos mudar, portanto, não espere por isso.

Nada fará com que um sensitivo se afaste mais do que uma tentativa de mudar a sua sensibilidade e habilidades empáticas. Sim, nós somos diferentes da maioria das pessoas que você conhece, mas e daí? Nós somos sensíveis. Somos intuitivos. Choramos. Vemos a beleza em tudo. Nós sentimos a dor dos outros. Não tente mudar-nos. Não vai funcionar e vamos nos fechar a você imediatamente.

2. O enjaulamento nos causará danos.

Somos como pássaros; temos de ser capazes de voar livremente para onde quer que as nossas emoções nos levem. Haverá voos altos e baixos, além dos intermediários. Encarcerar-nos é como cortar nossas asas. Caso permitamos que nos controlem, perdemos a luz que guia nosso caminho. Se isso acontecer, vamos nos desligar da pessoa amada e o amor que temos para dar ficará escondido no local mais profundo dentro de nós.

3. Tempo sozinho é inegociável.

Sensitivos precisam re-energizar-se em um espaço que lhes seja próprio. Eles precisam de tempo para ficar sozinhos. Pode ser cansativo sempre sentir a energia das pessoas que nos cercam. Por favor, não fique bravo ou aborrecido quando precisamos nos reabastecer. Isso não significa que não amamos. Isso significa que precisamos aquietar a mente e mudar a nossa energia. Voltaremos mais felizes do que antes, eu prometo.

4. Escute com seriedade o que dissermos.

Sensitivos são pessoas extremamente criativas. Há sempre uma próxima ideia que está surgindo em sua cabeça, ouça-os. É preciso levar essa ideia a sério. Acreditar nelas, mesmo que soem como loucura. Sensitivos, sem dúvida mais do que ninguém, têm a capacidade de mudar verdadeiramente o mundo. É preciso ouvi-los quando eles abrem as suas almas. Ali, no meio do seu entusiamo, onde as suas palavras ficam meio confusas, algo surpreendente está pronto para ser criado.

5. A solidariedade faz com que estejamos sempre abertos.

Nós sabemos que somos diferentes, isso não é novo para nós. Sabemos que a nossa forma de ver a vida não faz sentido para um monte de pessoas não-empáticas. Sabemos também que há um mundo inteiro de pessoas lá fora, tentando nos mudar. Se você quiser nos amar, apoie-nos. Acredite em nós. Isso realmente nos ajuda a nos sentirmos seguros o suficiente para ser um pouco mais abertos do que somos.

6. Nossa intuição é geralmente local.

Ao contrário da crença popular, nós realmente sabemos do que estamos falando. Somos sensitivos, lembra? Sentimo-nos em tudo. Então, quando temos um bom sentimento sobre algo, confie em nós. Quando temos um mau pressentimento sobre algo, confie em nós. Quando decidirmos correr atrás de um sonho, porque ele fala aos nossos corações, confie em nós. Quando dissermos que alguém está mentindo, confie em nós. Para uma pessoa não-sensitiva eu entendo que isso possa parecer que se está “colocando um monte de fé cega em alguém”, mas confie em mim, é impossível estabelecer uma relação com um sensitivo sem confiar minimamente em sua intuição.

7. Seja honesto; desonestidade nos destrói.

A maioria das pessoas acha que, para relacionar-se com um sensitivo, revestir tudo com açúcar é o melhor caminho a percorrer. Vou dizer-lhe com 100% de certeza: ser honesto é a única maneira de relacionar-se com um sensitivo. A intensidade com que sentimos a dor da traição após abrirmos as nossas almas para esse alguém é algo que vai levar muito tempo para amenizar-se. Não ser sincero pode, e muito provavelmente irá arruinar seu relacionamento.

8. Não competir com o amor que destinamos aos nossos animais.

A maioria, não todos, mas a maioria dos sensitivos se sente incrivelmente conectado a animais e tem um ou dois (ou sete) amigos peludos e muito amados. Quando eu digo conectado o que eu realmente quero dizer é que eles fariam qualquer coisa por eles. Alguns dias você vai sentir como se estivesse em segundo lugar. O amor que sentem por seus animais de estimação é diferente do amor que sentem por você, não tente competir… Não tente.

9. Nós precisamos de você para nos fazer rir.

Alguns dias nós precisamos de alguém para nos tirar de nossas mentes que giram sem parar e nos lembrar o que é parar e rir até a barriga doer, como as crianças o fazem. Para viver o momento e não ser tão sério o tempo todo. Precisamos de alguém para empurrar o botão de pausa por um momento e deixar-nos saber que está tudo bem, vamos apenas nos divertir.

10. Nunca desistiremos de algumas coisas.

Há coisas neste mundo que falam de forma tão clara e diretamente aos nossos corações que sentimos como se fosse uma extensão de nós mesmos. Isso pode parecer dramático, mas é quase como se nós não existíssemos sem aquilo. Pode ser a música, a pintura, a fotografia, o trabalho para uma organização sem fins lucrativos, alimentando os desabrigados. É amor e paixão. Algumas das pessoas mais apaixonadas do mundo são sensitivas. Se perdermos a nossa paixão, nós nos perdemos. Por favor, não peça que desistamos de algo que faz o nosso coração melhor.

11. Nossos corações se partem diariamente.

É impressionante ser um empata. Nossos corações se quebram facilmente. Uma notícia, uma imagem tem sobre nós um poder devastador. Nessa hora, vamos chorar. Não queremos perguntas ou conselhos, apenas que aceitem que os nossos corações estão sentido o peso do mundo e que precisamos gritar para que esta dor seja colocada para fora.

12. Entenda que amamos com grande intensidade.

Não é nenhuma surpresa que, quando você se sente profundamente ligado a quase tudo, você ama com grande intensidade. Nós vivemos realmente em unidade com o nosso meio! Então, quando amamos alguém, nós nos sentimos um com essa pessoa e o nosso amor é intenso. É poderoso.

13. Aceite as nossas capacidades de sentir o mundo que nos rodeia.

Zombar da nossa sensibilidade é algo sério. Julgar, ridicularizar e menosprezar quem verdadeiramente somos é um mal gravíssimo. Agir como se a sensitividade fosse algo a ser superado é um beijo da morte quando você se relaciona com um empata.Temos uma capacidade única de ver e sentir o mundo de forma diferente. Não nos julgue, por favor.

14. Não lance sua insegurança sobre nós.

É preciso ser uma pessoa muito segura para realmente amar um sensitivo. Sentir-se como os outros se sentem não é uma escolha. Ela até pode permitir que você corte temporariamente as suas asas, mas você perderá a parte mais bonita da viagem-relacionamento. A beleza mais surpreendente de um sensitivo acontece quando as suas asas estão em movimento.

15. Se for demais, por favor, deixe graciosamente.

Talvez você tenha se encontrado com um sensitivo no momento errado. Talvez não fosse para ser para sempre ou isso seja demais para você agora. Se é dessa maneira, amar é deixá-lo graciosamente. Não tente engaiola-lo ou colocá-lo para baixo para fazê-lo se sentir inseguro sobre quem ele é. Amá-lo também é despedir-se com respeito e honestidade. O sensitivo vai agradecer, com carinho, a gentileza.

Se você tem a chance de amar um sensitivo, você tem sorte. Não vai ser sempre fácil, mas definitivamente vai valer a pena.

Traduzido e adaptado do original 15 Things To Remember If You Love An Empath exclusivamente para o CONTI outra.

Imagem de capa: Satyrenko/shutterstock

“Prioridades”, uma crônica de Lya Luft

“Prioridades”, uma crônica de Lya Luft

Muito do que gastamos (e nos desgastamos) nesse consumismo feroz podia ser negociado com a gente mesmo: uma hora de alegria em troca daquele sapato. Uma tarde de amor em troca da prestação do carro do ano; um fim de semana em família em lugar daquele trabalho extra que está me matando e ainda por cima detesto.

Não sei se sou otimista demais, ou fora da realidade. Mas, à medida que fui gostando mais do meu jeans, camiseta e mocassins, me agitando menos, querendo ter menos, fui ficando mais tranqüila e mais divertida. Sapato e roupa simbolizam bem mais do que isso que são: representam uma escolha de vida, uma postura interior.

Nunca fui modelo de nada, graças a Deus. Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armários da alma e na bolsa também. Resistir a certas tentações é burrice; mas fugir de outras pode ser crescimento, e muito mais alegria.

Cada um que examine o baú de suas prioridades, e faça a arrumação que quiser ou puder.

Que seja para aliviar a vida, o coração e o pensamento – não para inventar de acumular ali mais alguns compromissos estéreis e mortais.”

Lya Luft no livro Pensar é Transgredir

O que cabe no ombro amigo

O que cabe no ombro amigo

O ombro amigo é o lugar onde podemos relaxar a alma do existir diário, onde podemos despir as armaduras, liberar as lágrimas e as gargalhadas descomedidas. É onde podemos ser rosto com olheiras, roupa velha de usar em casa, onde podemos ser nós mesmos- daquele jeito que às vezes não conseguimos ser nem quando estamos sozinhos.

O ombro amigo é como uma praia de nudismo para a alma.

O ombro amigo é o lugar onde tudo é de graça, nada é ensaiado, nada é cobrado. No ombro amigo, não se troca palavras sábias por sorrisos, um favor por outro, uma ajuda por compromissos. No ombro amigo às vezes as trocas não são justas, não existe balança tentando equalizar o que foi dado e que o que foi recebido. O ombro amigo é uma feira de trocas livre, às vezes trocamos uma camiseta velha por um vaso de porcelana chinês. No ombro amigo a gente dá o que pode e recebe o que o outro pode dar. Injusto assim, mas se os dois lados saem felizes e satisfeitos é isso que importa.

O ombro amigo não tem sempre mãos estendidas, olhares piedosos, sorrisos doces, mãos na cabeça, palavras de consolo. O ombro amigo às vezes nos deixa cair, nos vê ali no chão, feridos, pequenos, indefesos e apenas nos dá espaço e liberdade para que nós mesmos limpemos o sangue dos próprios joelhos, as lágrimas do rosto e levantemos sozinhos, com o coração cheio de novas brincadeiras.

O ombro amigo não nos fortalece, ele nos ensina a ser forte.

O ombro amigo não é muleta, é espaço para voos e quedas.

O ombro amigo é onde podemos compartilhar nossas fraquezas, vergonhas, medos, não esperando receber conselhos sábios, mas rindo juntos do que nos faz feios e pequenos. O ombro amigo pode ser enorme e pode ser pequenininho, assim como nós. O ombro amigo não quer nos ensinar nada, não fala muito de verdades do mundo, é mais ouvido do que língua. É mais troca de experiências do que palpites e juízos. É mais coração do que cérebro.

O ombro amigo não compete, não exige, não cria obrigações, não espera formalidades, não espera fidelidade ou prioridade. O ombro amigo deixa ser. O ombro amigo nem sempre está por perto, às vezes não tem tempo, às vezes mora longe, às vezes precisa abrigar-se em outros ombros amigos, mas isso não importa, porque quando está presente ele sempre é aquele velho ombro amigo de sempre. Familiar, confortável e bom.

O ombro amigo é onde podemos descalçar os sapatos e enfim respirar aliviando o peito de tudo que temos que ser no mundo, mas não somos por dentro.

Imagem de capa: oneinchpunch/shutterstock

A ciência comprova: poesia é mais eficaz que autoajuda

A ciência comprova: poesia é mais eficaz que autoajuda

Ler poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo da Universidade de Liverpool.

Especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos de Henry Vaughan,John Donne, Elizabeth Barrett Browning e Philip Larkin e depois essas mesmas passagens traduzidas para a “linguagem coloquial”.

Os resultados da pesquisa mostraram que a atividade do cérebro “acelera” quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano.

Os especialistas descobriram que a poesia é mais útil que os livros de autoajuda porque afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva.

Os especialistas buscam agora compreender como afetaram a atividade cerebral as contínuas revisões de alguns clássicos da literatura para adaptá-los à linguagem atual, caso das obras de Charles Dickens.

Fonte: Universia Brasil

Imagem de capa: Zwiebackesser/shutterstock

O amor acontece quando o outro escolhe ficar

O amor acontece quando o outro escolhe ficar

Gosto muito de assistir ao programa Chegadas e Partidas, do GNT, onde a incrível Astrid Fontanelle vai ao Aeroporto Internacional de São Paulo colher histórias. Ele nos presenteia com a emoção de mães que reencontram seus filhos depois de 10 anos de dura distância; com a angústia mesclada à sede de mundo de adolescentes que se despedem de sua família pela primeira vez e partem rumo à realização do sonho do intercâmbio; com a expectativa que grita nos corpos daqueles que estão ali à espera do abraço de quem se ama.

Dentre diversas histórias que me proporcionaram diferentes tipos de lágrimas, uma delas me tocou de maneira especial: um casal de mulheres com seus, no máximo, 30 anos, estava à espera do avião que as levaria para outro país em busca da realização de uma das etapas do tratamento do câncer que acometia uma delas há algum tempo. Enquanto a que a estava acompanhando a olhava – com aqueles olhos de quem venera, de quem carrega um amor que dá sentido a tudo – e dizia que estaria sempre ao seu lado, a moça que estava doente dizia algo assim: “Sabe como a gente tem certeza de que o outro realmente gosta da gente? Quando ele escolhe permanecer ao nosso lado e nos amar ainda que estejamos inúteis.”

É fácil amar o outro quando ele está forte, independente; quando – ainda que precise, em alguns momentos, que você o pegue no colo – não há algo que comprometa radicalmente sua autonomia física ou emocional. Difícil é entregar-se totalmente a ponto de zelar pela vida outro; de assumir o controle pois ele já não pode mais ser mais dividido; de carregar um sentimento que, ainda que diante não da inutilidade – pois aquele que amamos jamais será inútil aos nossos olhos – , mas da fraqueza e dependência alheia, nos faz prontamente “úteis” e certos de que devemos segurar aquela mão que tanto precisa da nossa.

Ainda quando eu era criança, meu pai já apresentava problemas de saúde. Mas foram nos últimos anos de sua vida – os quais eu pude não só acompanhar, mas entender perfeitamente o que acontecia – que eles se acentuaram bastante. Lembro que acordava, à noite, com o barulho do choro dele, com o som da sua respiração que denunciava que seus pulmões já não funcionavam direito, com seus passos desorientados movidos por um cérebro que já não sabia mais, em alguns momentos, nem onde ficava sua própria casa. E minha mãe sempre estava lá, passando a mão em sua cabeça e dizendo palavras doces numa tentativa de afastar a dor; sendo a orientação através de seus braços magros a o segurarem e a presença constante nos leitos (e corredores) de hospitais.

Sorte da moça do aeroporto, sorte do meu pai, que encontraram alguém que escolheu ficar, não pelo medo da culpa de partir, mas por amarem tanto que não cogitaram estar em qualquer outro lugar do mundo.

Imagem de capa: Ottochka/shutterstock

As 4 Leis da Espiritualidade ensinadas na Índia

As 4 Leis da Espiritualidade ensinadas na Índia

A primeira lei diz: “A pessoa que vem é a pessoa certa“.

Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, têm algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação.

A segunda diz: “Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido“.

Nada, absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa…” ou “aconteceu que um outro…”. Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.

A terceira diz: “Toda vez que você iniciar é o momento certo“.

Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecem.

E a quarta e última afirma: “Quando algo termina, ele termina“.

Estamos nessa vida para viver inúmeras experiências, e se continuarmos sempre voltando as mesmas páginas deixaremos de ler outros livros maravilhosos que só estão aguardando por uma chance para entrar em nossas vidas. Por isso vire a última página sem dor no coração e pegue o próximo livro.

Surpresas maravilhosas estarão te esperando, basta você abrir o livro e começar a ler esse novo capitulo da sua vida.

Autor desconhecido

Imagem de capa: Ruslan Kalnitsky/shutterstock

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