As mãos da minha mãe

As mãos da minha mãe

O tempo insiste em ser verdadeiro no dorso das mãos. O rosto despista, atenua os anos corridos com corretivos simples e semblante suave, mas as pregas das mãos denunciam o tempo dos ganhos e das perdas, dos dias vividos e irremediavelmente vencidos.

O tecido que recobre suas mãos conta os anos de magistério com o giz em punho, a sensação de sentir-se segura no entrelaçamento de dedos com meu pai, o tempo de gerar e criar, o sol diário na despreocupação com o protetor solar, o carinho ao cair da noite, a firmeza ao volante, os gestos exagerados durante as costumeiras piadas, os movimentos contidos na desavença, o calor na menopausa, o frio na tristeza, o suor na espera, a suavidade resignada na prece e recomeço.

Sabe mãe, carrego alguma nostalgia da época em que suas mãos eram lisas e uniformes. Mas é no hoje, porém, que aprendi a respeitar o significado do desenho das veias que saltam através do tecido fino, e das manchas salpicadas como gotas de tinta decorando a fina estampa de sua superfície. Trazem mais história que ambição, exemplo de uma vida de coragem e superação.

Observo seu rosto mas a sinto em suas mãos. Sei que carregam o tempo e a vivência, o que deixou pra trás e o que tem guardado dentro de si. E admiro os sulcos que traduzem o amadurecimento e o olhar reciclado perante a vida; a sabedoria de entender-se completa, ainda que lhe faltem pedaços.

Talvez os sulcos sejam mais que deficiências cutâneas provocadas pelos raios de sol. Talvez sejam faltas que lhe acompanham e hoje fazem parte daquilo que se tomou.

Sinais de uma vida repleta de presença e ausência, orfandade e resiliência, alturas e tombos. Sei de seus voos, mãe, mas também acompanhei sua perda de altitude. Você, que sempre esteve no comando, teve que aprender a ser conduzida também. E isso lhe tornou uma pessoa melhor. Com mais marcas, mas melhor.

É por isso que admiro tanto suas mãos, mãe. Porque me mostram que você não é de ferro. Você é de verdade, assim como eu e meus irmãos. E descobri-la mais humana tem me ajudado a entender a vida também. Porque assim é mais fácil compreender que todos nós _ até você_ carregamos dúvidas, incertezas, desilusões. Mas tudo isso é superável também. Apesar dos cabelos brancos e das pintinhas coloridas, estamos diariamente tentando resistir. E você é dura na queda, mãe. Você é porreta. De uma fé e certeza tão grandes que a gente duvida se é feita do mesmo tecido. Mas então eu tenho as suas mãos. E elas dizem que sim, que você também enfrenta desafios, você também sente na carne cada uma de suas dores. A diferença é que aprendeu a lidar bem com elas, e não está nem aí se lhe causaram algum dano _ visível ou invisível. Você só quer saber do que virá depois.

Agora recordo uma história que aconteceu há aproximados dois anos. Fomos visitar minha amiga que tinha perdido a mãe no dia anterior. Eu perdi o apetite porque sentia a perda da mãe dela dentro de mim, como se fosse você que não estivesse mais ali. Mas você estava. E ao ser confrontada pela sobrinha da minha amiga, que não entendia o porquê do sofrimento e morte da avó, disse-lhe mais ou menos isso: Você ainda não entende porque tem muito chão pela frente. Quando tiver a minha idade, vai aprender e conseguir aceitar também”. Acho que naquele momento, as mãos da menina começavam a rachar também, só que de um jeito imperceptível. Mas você soube apaziguar um pouco a dor. Do alto de seus sessenta e poucos, soube colocar aquelas mãos tão jovens entre as suas e doar uma ponta de serenidade…

Minhas mãos começam a mudar também. Estão mais finas, e o esverdeado das veias faz contraste com o caramelo de minha pele. Meu filho chama atenção para elas. Diz que estão mais magras e entendo que o colágeno vai indo embora enquanto se aproximam outras noções acerca do meu tempo e espaço.

Aos poucos sigo seu caminho e desejo assemelhar-me a você. Nos gestos, nas andanças, na vontade de responder ao mundo como você tem respondido.

Mostrando ao Bemardo que, ainda que não haja remédio para a perda de gordura e saliência dos tendões, há delicadeza e poesia no tempo que chega de mansinho, de um jeito ou de outro, irremediavelmente.

Obrigada mãe, por não tentar esconder o traçado de suas mãos. Por não querer disfarçar os sinais de um tempo que se desenrolou cheio de promessas e desfechos nem sempre fiéis ao que se esperava deles. Por me mostrar que a vida nos aproximou como meninas crescidas, e hoje posso me preocupar com você tanto quanto você se preocupa comigo. Obrigada por me ensinar a não censurar o que o tempo traz sem o nosso consentimento, perdoando as marcas que não podemos controlar, reagindo com alegria aos dias que nem sempre são só bons.

Acima de tudo, por me dar a mão e mostrar que nossos sinais são resquícios de uma vida que se viveu _ intensa e plenamente.

Amo você.

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Você sabe quem anda ao seu lado?

Você sabe quem anda ao seu lado?

Quando você esvazia a carteira, retira os acessórios, cala as frases de efeito, apaga os sorrisos diplomáticos, quem está ao seu lado? O que sobra para você? Quem afinal é você?

Isso não é uma provocação, nem sequer uma afirmação de que sem o verniz social não sobra nada. É sobre justamente o oposto. Quem somos quando não precisamos provar nada a ninguém?

Uma pergunta daquelas que só se responde a si mesmo, a mais ninguém.

Mas necessária. Vital. Precisamos saber com quem andamos fazendo tratos na vida, precisamos avaliar de quem realmente precisamos por perto, quem faz nosso coração bater mais rápido mesmo sem celebrações ou conquistas, apenas por puro afeto.

Quando retiramos a maquiagem, vemos as imperfeições que tentamos esconder, reconhecemos nosso rosto original, aceitamos que ao natural somos a pessoa que vemos no espelho e nenhuma outra mais. Assim é a nossa vida, que inúmeras vezes retira a nossa pintura, nos deixa tão descoloridos, quase nada…

E quando nossa alma está nua, quando passamos pelas mais difíceis fases da vida, quando o sol não entra na nossa janela, quem somos para nós mesmos e para quem cultivamos uma vida de relações? Quem estaria ao nosso lado, quem nos ofereceria um abraço para abrigar, o ombro para chorar, o tempo, os recursos, a alegria para dividir?

É importante fazer uma análise antes de proferir acusações e lástimas, pois, sejam quem forem os nossos afetos e as expectativas que colocamos neles, lembremos sempre que nós os escolhemos e nos ligamos a eles pelo que achamos importante no momento. E se o importante hoje não for o bastante, é porque eles não conseguem reconhecer quem somos quando não somos nada, quando estamos sem maquiagem.

Imagem de capa: Africa Studio/shutterstock

As vantagens de ser diferente

As vantagens de ser diferente

Todos os dias acordamos na companhia de um estranho. Pouco interessa se você é branco, colorido, ou mesmo, invisível. Tanto faz se você anda apaixonado por sua própria ou por outra pessoa. Não interessa se você é meio perdido, totalmente resolvido ou louco para se perder de vez. O estranho estará ali, com você; enquanto você dorme; assim que você desperta; ao longo das mais doidas aventuras ou enlouquecedoras situações entediantes de sua vida; o estranho estará sempre ali.

Quantas vezes não tivemos a estranha sensação de estar vestindo um corpo que veio no modelo errado. O nariz bem poderia ser mais delicado; um sorriso mais amplo e iluminado cairia tão bem; braços de uma bailarina de flamenco seriam um sonho; a postura e tranquilidade de um mestre budista seriam extremamente bem-vindas; cabelos mais obedientes, quem sabe (!?); que os sinais no rosto fossem apenas lembranças dos momentos em que não conseguimos segurar o riso; que a imagem que temos de nós mesmos fosse menos, bem menos importante.

Passamos uma eternidade da vida perdidos em horas de preocupação para exibirmos uma figura mais interessante. Vivemos ansiando pela notoriedade, seja ela passageira, breve ou meteórica. O sucesso funciona em nossas veias qual uma droga poderosa de prazer; o coração tremelica, a pele arrepia; e por alguns instantes, ainda que tão ligeiros, parecemos ser tão adequados, tão merecedores da atenção do outro. O outro. Ahhhhh essa pessoa que tem a sorte de viver fora de nós; de olhar por outro ângulo; de tecer sobre o que somos as mais criativas versões de nós mesmos. O outro nos interessa tanto, mas tanto, que somos capazes de vender, rifar, ou simplesmente doar a nossa alma para qualquer gênio da lâmpada que nos garanta o seu afeto.

Criaturas estranhas que somos. Cortamos e colorimos os pelos da cabeça em diferentes formatos e cores; pintamos as unhas das mãos e dos pés nas mais bizarras tonalidades; brincamos de pintar os olhos, a boca, as bochechas, e até os cílios, numa busca sem fim por uma imagem mais possível de ser amada, ou cobiçada, ou desejada. E, tudo bem se for apenas uma vaidade humana. Porque também é da nossa natureza, adornar o corpo para receber os inúmeros rituais de passagem tão necessários no transcorrer da vida.

Cuidemos apenas de não ficar demais confortáveis em um espaço-tempo no qual a coisa mais importante seja igualar-se a bonecas perfeitas e adoráveis. Buscar virar uma cópia de modelos universalmente eleitas como belas. E acabar virando outras de nós mesmas, prontas para a exposição no mundo; nunca prontas para entender que a vaidade física não passa de uma armadilha, dispendiosa e sufocante que rouba de nós a liberdade de sair à rua com os cabelos molhados e o rosto original.

O mais irônico em toda essa história é que o que mais nos iguala é exatamente esse medo de ser diferente. E, todos os artifícios que usamos para nos destacar, acaba nos uniformizando. Ficamos inseguros porque temos pavor que o outro descubra nossos pontos de fraqueza. Secretamente julgamos o outro, sua aparência, comportamento ou conduta, imbuídos de um desejo inconfesso de que nossas falhas passem desapercebidas.

Bem que podíamos parar de correr atrás do nosso próprio rabo, feito filhotinhos perdidos e começar a tirar as cascas de soberba, que tão habilmente utilizamos para disfarçar nossa ridícula falta de jeito para nos aceitar. Que maravilha seria, andar por aí livre do peso do incômodo de se achar inadequado, fora da curva ou do padrão. Guardar na memória afetiva imagens de nós que nenhuma câmera fotográfica é capaz de captar. Sorrir por nada; olhar-se sem pudor; mostrar-se sem reserva; parar de medir os gestos e as poses; e, finalmente descobrir que é uma delícia ver a beleza indiscutível que mora nas nossas adoráveis e inegáveis diferenças.

Cresci com déficit de atenção e hiperatividade! E agora?!

Cresci com déficit de atenção e hiperatividade! E agora?!

Viver às voltas com esquecimentos, distrações, falta de foco e tarefas que quase nunca são terminadas, são apenas alguns dos obstáculos diários enfrentados por aqueles que já chegaram à fase adulta e, ou não foram diagnosticados e tratados, ou tiveram diagnóstico, mas não receberam a oportunidade de ter o apoio necessário para desenvolver estratégias eficientes para lidar com as inúmeras peculiaridades daqueles que sofrem de Transtorno de Déficit de atenção, com, ou sem Hiperatividade.

Ao contrário do que se pensa comumente, TDAH não é exclusividade infantil. A descoberta de marcadores diagnósticos desse transtorno tem muito pouco tempo de vida. Até mais ou menos 15 ou 20 anos atrás, os profissionais envolvidos com esses estudos, acreditavam que com a maturidade, as crianças disfuncionais em atenção, ou controle da impulsividade e agitação física e mental, teriam uma melhora nos sintomas e, por consequência, no comportamento.

Hoje, sabe-se que todos os adultos com TDAH trazem esse transtorno da infância e, assim como os pequenos, sofrem com um esmagador sentimento de inadequação, incompreensão e incompetência. Entretanto, sabe-se também que 50% das crianças diagnosticadas e tratadas assertivamente, chegam à vida adulta contando com recursos para identificar e administrar comportamentos advindos desse transtorno.

O fato é que, seja você adulto ou criança, a descoberta de que tem um nome para sua falta de concentração, tendência a adiar decisões e tarefas, incapacidade de tolerar atividades prolongadas ou monótonas, impaciência a ponto de não conseguir ler um livro inteiro, ficar na mesa batendo papo depois de finda a refeição de família, ou ver um filme até o fim, trazem uma bem-vinda sensação de alívio.

O diagnóstico feito com critério, revela que todas essas dificuldades têm explicação científica, caracterizam uma doença tão palpável quanto uma enxaqueca, por exemplo. E, assim como a enxaqueca, o TDAH vai acompanhar o indivíduo por toda uma vida, só que com um bom prognóstico de controle e capacidade de ter uma vida plena e integrada, como qualquer outra pessoa, desde que sejam feitas as adaptações necessárias.

Se um paciente portador de enxaqueca precisa tomar certos cuidados com a alimentação, a postura, a tensão psicológica ou muscular; o paciente de TDAH terá de encontrar também sua própria maneira de conviver com o transtorno, tais como: planejar tarefas por escrito e criar o hábito de checar as anotações, evitar fazer mais de uma atividade ao mesmo tempo, estabelecer pequenas pausas ao longo do dia, fixar metas a serem cumpridas a cada período do dia, reservar momentos para praticar alguma atividade física que lhe traga prazer, gasto energético e relaxamento, dormir bem e por tempo suficiente.

A descoberta e nomeação do transtorno colocam o paciente num outro patamar, em uma posição mais favorável, a partir da qual ele pode perceber que todos os percalços que vem enfrentando e que desorganizam sua vida afetiva, profissional, acadêmica e social, têm solução. Com a ajuda profissional adequada; o apoio e compreensão das pessoas mais próximas – principalmente os familiares e amigos -, em alguns casos, o uso de medicamentos, comprometimento pessoal e postura positiva, aquele que sofre de TDAH encontrará estratégias próprias para ir ao encontro de uma vivência e convivência amplamente satisfatórias.

É importante ter em mente que por trás de um adulto com TDAH, há uma criança e um adolescente que chegaram à maturidade com uma história de menos valia, cuja origem vem tanto da própria autoimagem distorcida, quanto das etiquetas que foram sendo colocadas na testa de sua personalidade em desenvolvimento.

A grande maioria dos adultos portadores de TDAH cresceu com fama de preguiçoso, briguento, folgado, sem caráter e tantas outras pechas atribuídas por aqueles que olharam, mas não foram capazes de enxergar ali alguém que sofria, porque simplesmente não conseguia funcionar de outro jeito. E uma vez incorporadas essas crenças, fica muito mais difícil ressignificar comportamentos e lutar contra a tendência iminente de jogar a toalha e se encaixar num padrão de pensamentos que martelam ideias auto impostas e limitantes: “Eu sou burro!”; “Eu não tenho conserto!”; “Nunca terei sucesso em nada!”; “Sou desinteressante!”.

E esse cocktail formado por comportamentos típicos do transtorno, mais o sentimento cristalizado de incompetência, mais a desvalorização vinda das pessoas no entorno, podem produzir outras comorbidades, como: transtorno de ansiedade, compulsões e depressão. A falta de motivação, causada pelo acúmulo de insucessos e tentativas frustradas para tirar a cabeça para fora do caos, produz indivíduos exaustos e prostrados diante dos desafios da vida.

Em verdade, aquele que sofre de TDAH e já é adulto, quase sempre não tem condições de buscar ajuda por conta própria, posto que um dos traços mais marcantes do transtorno na maturidade é a procrastinação, ou o adiamento crônico. A pessoa vai sempre deixar para amanhã, para a semana que vem, o mês que vem. Enquanto isso, continua sendo tragada pelo mar de tarefas inacabadas, obrigações esquecidas, oportunidades perdidas, relacionamentos negligenciados e falta de amor próprio.

É um enorme nó para ser desfeito, verdade seja dita. Mas é indispensável olhar-se e ser capaz de vislumbrar caminhos mais acertados para lidar com as demandas de uma vida adulta, cheia de desafios e recheada de vivências prazerosas com o outro e com a felicidade de conseguir chegar a termo em seus projetos.

Se você chegou até aqui nesse texto e se identificou com as ideias expostas, ou identificou alguém do seu convívio, talvez você esteja diante do momento exato para recolher medos ou reservas, enfrentar a verdade e buscar ajuda, ou oferecê-la, conforme o caso. Nada é melhor e mais eficiente para nos alçar a uma vida mais plena, do que a posse de nossas reais necessidades.

Pense nisso! Mas não fique só pensando, não… aja. E aja com a mente e o coração abertos. Assim, amanhã, daqui uma semana, ou daqui um mês terá uma história inteiramente nova para contar.

Imagem de capa meramente ilustrativa: Tigrão

Taxa de sinceridade

Taxa de sinceridade

“Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi no espelho, já tinha envelhecido.” Essa crua constatação está no poema Tabacaria, do intenso Fernando Pessoa (1888-1935).

Pensando melhor, nem se trata de uma única máscara. Bem mais, de um conjunto. Já que usamos várias. Pregamos na cara, máscaras que vão se alternando conforme os cenários.

O uso de máscaras é estimulado desde a infância. Uma máscara de boa menina para a menina rebelde. Uma máscara de menino machinho para o menino gentil. A escola, em geral, é uma fábrica de disfarces.

Na vida adulta, o mascaramento continua no mundo do trabalho. Nele, somos encorajados a disfarçar maneiras autênticas de ser. Somos engessados em modos de vestir, sorrir, conversar. As pessoas chamam isso de cultura da empresa.

Mas no fundo sabemos que é a cultura da uniformização, do pensamento único e do modo hierárquico das tomadas de decisões. E todos desfilam mascarados pelos corredores e pelo cafezinho. O alto executivo, a chefe do RH, o motoboy.

Quem mais perde com tudo isso é a sinceridade. A expressão do que cada um é sem filtros ou véus. Aqui também vale citar o poeta Paulo Leminski (1944-1989): “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é, ainda vai nos levar além.”

Fato! A sinceridade nos leva além do que temos. Ela desafia o coro dos fingidos. Põe verdades na mesa das convenções. Demonstra que ocultar o que somos é um mau negócio. Nos torna infelizes.

Faz algum tempo que resolvi escrever com sinceridade. Não mais tentando ser Clarice Lispector ou Lygia Fagundes Telles. Muito menos ser aquela que experimentará máscaras para dar certo. Descobri que a gente só dá certo assumindo a cara limpa.

É claro que a sinceridade nos coloca em risco real. Haverá aqueles que se decepcionarão, pois esperavam algo maior de nós. Paciência! Pois também haverá os que se identificarão com nosso jeito de ser e fazer. Nada mais bonito do que um rosto sem máscara.

Imagem de capa: Alex Valent/shutterstock

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Há pessoas que são possibilidades, outras aprendizagens

Há pessoas que são possibilidades, outras aprendizagens

“Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem”. Tão verdadeira quanto sarcástica, a frase de Millôr Fernandes revela um fato sobre o comportamento humano: a convivência une ou separa, definitivamente, as pessoas.

Não fomos criados a partir de uma linha de produção, com gostos, inteligências, personalidades e crenças iguais. Portanto, além de sermos diferentes fisicamente, nossas diferenças intelectuais nos permitem crescer como sociedade, permitindo que a ciência e a tecnologia acompanhem esse crescimento.

Conviver é uma necessidade e um exercício diário de respeito e compreensão. Ninguém vive isolado em uma ilha, conversando com uma bola, como no filme Náufrago.

Precisamos da convivência, das conversas jogadas foras, da mesa do bar, do happy hour depois do trabalho, de risadas despretensiosas. Precisamos de pessoas de verdade, que chegam sem avisar e mudam os rumos das nossas vidas. Pessoas que sejam possibilidades de recomeços, de novas chances, de finais felizes.

A vida tenta nos ensinar coisas que, somente vivenciando-as, somos capazes de aprender. Como em um curso de graduação, onde a graduação é representada pela vida e o estágio pelas pessoas, boas ou más, que nos ensinam, na prática, que o convívio social e os interesses particulares, influenciam nossa vida mais do que podemos imaginar.

Lembro de Saramago quando afirmava que o convívio social é o responsável pela formação do caráter humano já que é, através dele, que a vida acontece e não, apenas, nos anseios individuais: “a vida, que parece uma linha reta, não o é. Construímos a nossa vida só nuns cinco por cento, o resto é feito pelos outros, porque vivemos com os outros e, às vezes, contra os outros.” (La Vanguardia, 1997)

É através da convivência que entendemos que as relações são trocas mútuas de sentimentos e que, selecionar as pessoas que entram em nossas vidas, é um respeito à própria vida e um cuidado à própria alma. Começamos a perceber que agressão verbal não é demonstração de afeto, que ciúmes não é amor e que respeito não é atitude facultativa.

Jorge Luis Borges levava isso tão a sério que dizia que “cada pessoa que passa pela nossa vida é única. Sempre “deixa um pouco de si e leva um pouco de nós”. Há os que levaram muito, mas há os que não deixaram nada. Esta é a prova evidente de que duas almas não se encontram por casualidade” (Argentina,1899-1986).

A verdade é que ninguém passa por nossa vida em vão. A diferença é que algumas pessoas são possibilidades de felicidade, outras de lições.

Imagem de capa: Rawpixel.com/shutterstock

Somos o recorte de tudo o que vivemos

Somos o recorte de tudo o que vivemos

 

“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

– Antoine de Saint-Exupéry.

Nós somos o recorte de tudo o que vivemos. Somos a síntese de todas as nossas escolhas, de todas as nossas contradições, de todos os caminhos que percorremos e também dos que evitamos. Pablo Neruda já dizia que somos livres para fazer as nossas escolhas, mas que, na mesma medida, somos prisioneiros das consequências. Dessa forma, não há como fugir do que somos, daquilo que decidimos, tampouco há como apagar as nossas histórias, já que são elas que nos formam, em seus ritmos contínuos de construção.

É a partir do contato com o mundo, com o outro, com as decisões que invariavelmente temos que tomar, que nós nos tornamos o que somos. E, por mais que isso pareça óbvio, nem sempre o é, já que, tantas vezes, tentamos voltar no tempo para mudar as coisas, tomar rumos diferentes, cruzar outros sorrisos e percorrer outros olhares. Entretanto, isso apenas nos levaria por outros lugares, que também possuiriam imperfeições e coisas a serem melhoradas. Porque somos seres contraditórios e finitos, tentando imprimir sentido e completude ao caos e ao infinito.

Somos, como fala Galeano, “fodidos, mas sagrados”. E é dessa síntese entre o profano e o sagrado, o real e o misterioso, o humano e o divino, que nos constituímos. Constituição que se dá, sobretudo, por todas as pessoas que cortam a nossa alma. Pois é por elas, com elas, e a partir delas, que nós decidimos ir ou permanecer, virar à esquerda ou à direita, caminhar ou correr, continuar ou voltar. É no encontro com o mundo, mas de sobremaneira, com o que há de humano, demasiado humano nele, que a nossa identidade é formada e que nós respondemos por nosso nome e não por qualquer outro.

Sendo assim, não há como apagar nenhuma das pessoas que passam pela nossa vida, tampouco há necessidade. Todas elas, as melhores e as piores, as que trouxeram alegrias e as que trouxeram tristezas, as sorridentes e as melancólicas, as que produziram orgulho e as que produziram mágoas, as que repentinamente chegaram e vagarosamente se foram, as que vagarosamente se instalaram e de modo repentino foram embora. Elas, todas elas, foram e são importantes para que possamos nos olhar no espelho e nos reconhecer.

Ninguém é inútil na nossa existência. Tudo que sentimos ou deixamos de sentir por alguém, todas as portas que abrimos e que fechamos, ensinam-nos algo ou, pelo menos, possui algo a nos dizer, se estivermos interessados em ouvir. Como disse Exupéry: “Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.

Há de se aprender, portanto, que, na vida, até o definitivo é transitório, de modo a estarmos em constante transformação e aprendizado por meio das pessoas que nos cruzam, dos caminhos que fazemos, das escolhas que tomamos e das mudanças que nos formam.

Imagem de capa: Myvisuals/shutterstock

Nem sempre quem se sente ofendido está com a razão

Nem sempre quem se sente ofendido está com a razão

Geralmente, quem se ofende demais, com tudo e com todos, é a pessoa que pensa ser o centro do universo, ser a causa e a consequência das ações de quem quer que seja, como se todo mundo agisse pensando nela.

Durante os nossos dias, passaremos por situações várias, que nos agradarão ou nos deixarão irritados, magoados, ou mesmo ofendidos. Primeiramente, ninguém tem a obrigação de agradar a ninguém, a não ser que esteja prestando algum tipo de serviço, ou num relacionamento afetivo, por exemplo. Temos obrigação de ser cordiais sem ultrapassar a dignidade alheia, no entanto, ninguém precisa gostar ou concordar, basta manter o respeito entre as partes.

Ainda assim, existem pessoas que parecem necessitar de paparicos por parte de todos, como se qualquer um tivesse a obrigação de medir as palavras, o tom da voz, a linguagem que seja, ao se comunicar com elas. E, assim, temos que pisar em ovos ao falarmos com elas sobre qualquer assunto, uma vez que tudo o que não as contenta soa a ofensa pessoal, a grosseria, a perseguição.

Geralmente, quem se ofende demais, com tudo e com todos, é aquele tipo de pessoa que pensa ser o centro do universo, ser a causa e a consequência das ações de quem quer que seja, como se todo mundo agisse pensando nela. Esses indivíduos enxergam indiretas até mesmo em um simples “bom dia”, pois, na sua mente egoísta, o que acontece no universo conspira contra eles. Que bom se pudessem se conscientizar do seguinte: na verdade, ninguém liga!

Porque poucos se lembrarão de nós ou se importarão de verdade conosco, e quase ninguém ficará do nosso lado quando não tivermos nada a oferecer, quando precisaremos receber. O dia a dia caótico e acelerado nos impede de ficar agindo de acordo com o que fulano ou ciclano pensarão a respeito, de articularmos nossas atitudes a fim de atingirmos os outros. A grande maioria das pessoas age conforme aquilo que possui dentro de si e pretendendo atingir algum fim que em nada tem a ver com os outros.

Embora existam aqueles que terão prazer em provocar qualquer um que lhes atravessar o caminho, são poucos, em comparação com a maioria de nós, que segue a vida cumprindo com as obrigações e buscando a felicidade. Sentir-se ofendido quando se é diretamente atingido pela maldade alheia é saudável e útil para se defender, porém, sentir-se ofendido com qualquer palavra que disserem, mesmo por parte de quem nem sabe que a gente existe, é descabido e incoerente. Uma pena que quem age dessa forma dificilmente reverá seus conceitos. Uma pena mesmo.

Imagem de capa: Syda Productions/shutterstock

20 ilustrações sobre quem sabe viver feliz consigo mesmo(a)

20 ilustrações sobre quem sabe viver feliz consigo mesmo(a)

Sentir-se bem consigo mesmo é uma das maiores dádivas que alguém pode conquistar.

Nas imagens abaixo, a ilustradora yaoyaomva define com delicadeza o prazer encontrado nos momentos individuais, naquelas “horinhas de descuido” que não compartilhamos com mais ninguém.

Confiram e deliciem-se com as imagens.

Reconhecer, seguir em frente e permitir novos inteiros: nada de possíveis mais ou menos

Reconhecer, seguir em frente e permitir novos inteiros: nada de possíveis mais ou menos

Cansei das ausências, das pessoas não recíprocas e dos caminhos que não contribuem para o meu crescimento. Mereço companhias melhores e experiências maiores. Nada de possíveis mais ou menos. O que quero é seguir em frente. É ter inteiros acolhidos por quem realmente se importa, por quem encontra ternura na minha parceria.

De uns tempos pra cá, aprendi a reconhecer os abraços nos quais não sou bem-vindo. Já entendi que o melhor a ser feito, nesses casos, é poupar o meu tempo e o da outra pessoa. Não escondo desinteresses. Não impeço entregas. A diferença entre eles é que enquanto um fala sobre o desapego de quem nunca foi presença, o outro discursa sobre não ter medo de demonstrar gratidão para quem sempre esteve perto. Reconhecimento é entender das próprias descobertas, sabendo distinguir quem veio para somar e quem veio para diminuir.

Também aprendi sobre seguir em frente. A não pesar o coração com arrependimentos em relação a situações e julgamentos de terceiros. Entendi que nem tudo está sob o meu controle. Que não é covardia mudar de trajeto, de desistir de algo ou alguém e, ainda, de não acordar preocupado com atender expectativas alheias. Cada um carrega a sua própria realidade e querer empurrar verdades goela abaixo, não é liberdade. Muito menos algo semelhante ao amor. Em outras palavras, seguir em frente significa direito de escolha em todos os sentimentos.

Por último e tão imprescindível quanto os aprendizados anteriores, receptividade para novos inteiros. É permissão diária e um constante movimento de renovação e consciência do amor próprio. Nunca comodismo e distanciamento para a plenitude de um instante. O mais ou menos fere. O mais ou menos não comporta felicidades. Permitir novos inteiros quer dizer amor num copo cheio, transbordando o que houver de melhor dentro de si.

Cansei dos possíveis encontros. Quero o agora a cada despedida. Eu mereço.

Imagem de capa: Pierrot le Fou (1965) – Dir. Jean-Luc Godard

Eu te amo muito, mas eu me amo ainda mais

Eu te amo muito, mas eu me amo ainda mais

Por mais que amemos o nosso parceiro, o nosso amor-próprio sempre deverá prevalecer. Ou isso, ou seremos facilmente enredados pelo vazio de quem não sabe o que é amor, tampouco merece ser amado.

Hoje, a maioria dos relacionamentos dura muito pouco, como se ninguém mais tivesse paciência para tentar se adequar às concessões que toda e qualquer vida a dois requer. Basta uma primeira e nem tão grande contrariedade, para se descartar o parceiro de uma vez por todas, sem volta, sem segunda chance. E, assim, as pessoas se afastam umas das outras, mesmo quando ainda há amor, simplesmente porque não se luta por ele.

Por outro lado, no outro extremo dessa história, existem aquelas pessoas que tentam exageradamente manter um relacionamento que, muitas vezes, já terminou há tempos, ou nem mesmo teve início de fato. Forças exauridas, mentes exaustas e, mesmo assim, alguns indivíduos se esquecem de si mesmos, enquanto priorizam tão somente o outro, vivendo do que pode vir a ser, de esperanças nas mudanças sobre as quais o parceiro sequer reflete.

Na verdade, é muito difícil ter consciência quanto ao momento exato em que a dignidade já se foi, levando, junto com ela, quaisquer traços de autoestima e de amor-próprio, porque muitos de nós insistimos e lutamos pela manutenção de um relacionamento em que acreditamos, desejando que sejamos vistos e amados pelo outro, assim como lhe devotamos o nosso melhor. Como aceitar que algo tão belo tenha se evaporado, ali, bem diante de nossos olhos?

Por isso, teremos que lutar, primeiramente pelo fortalecimento de nossas verdades e de nossa dignidade, para então nos bastarmos o suficiente e lutarmos pelo outro também, mas sem nos perder de nós mesmos nesse caminho. Quanto mais deixarmos de lado a nossa essência, menos chances teremos, inclusive, de nos tornarmos alguém por quem o outro quererá lutar. Porque ele, então, não nos verá como alguém que exista de fato e mereça amor de volta.

Lutar e tentar de novo é necessário, porém, essa batalha jamais poderá nos enfraquecer, enquanto o outro se fortalece, pois ninguém gosta de permanecer onde a fraqueza reina. O amor se alimenta de verdade, de reciprocidade e repousa na força que cada um de nós possui aqui dentro. Por mais que amemos o nosso parceiro, o nosso amor-próprio sempre deverá prevalecer. Ou isso, ou seremos facilmente enredados pelo vazio de quem não sabe o que é amor, tampouco merece ser amado.

Imagem de capa: Rawpixel.com/shutterstock

É que viver sem sentimento não tem o menor sentido.

É que viver sem sentimento não tem o menor sentido.

É certo que eu vou me estrepar. Logo, logo tropeço nesse terreno impreciso e ganho o chão. Vai doer. Não importa. O único jeito de seguir em frente é pisar firme e aceitar o caminho como ele é. Nem sempre se pode dar a volta. Ou se vai adiante ou se aceita ficar parado. E eu não aceito. Então eu sigo como devo. Com o coração na frente.

Confesso. Eu sofro de esperanças. Padeço de uma vaga impressão de que tudo vai dar certo e ficar bem, que a felicidade é questão de tempo, aquela que eu espero no caminho há de me dar a mão ali, logo ali… na frente, e nosso amor será verdadeiro e bonito como um prato quente que sussurra para o céu um aroma antigo de tempero de avó, aquecendo o coração de toda gente como uma lembrança de coisas boas e simples.

Minha esperança é assim, ingênua, impertinente, irresponsável, inocente. E até que tudo se concretize, é ela que vale.

Sim, eu também sinto medo. Mas viver sem sentir não tem o menor sentido. E o medo é sentimento irmão do amor. Invejo quem tem certeza de que um é o contrário do outro. Eu não consigo. Quanto mais amor eu sinto, mais eu tenho medo.

Enquanto escrevo o que me vai na cabeça, tento honestamente suspeitar o que acontece em meu aqui dentro. E é tanto sentimento bonito junto, tanto afeto, tanto apreço reunidos como os convidados de uma festa de aniversário a que ninguém decidiu faltar, que eu sinto um frio na nuca, um gelo no estômago e já nem sei o que passa.

Sei, por enquanto, que estou debaixo da chuva e ela há de me molhar. Sei que aquilo que não mata, engorda. E que o sentido mais fundo da vida é sentir, sentir com honestidade tudo o que for. Ainda que seja minha própria cara no chão. É tudo o que eu sei e é o que basta por enquanto. Por enquanto.

Imagem de capa: Yuganov Konstantin/shutterstock

Os cães nunca deixam de amar: ele tinha câncer… ela também…

Os cães nunca deixam de amar: ele tinha câncer… ela também…

Os Cães Nunca Deixam de Amar é um livro baseado em uma história real e cheia de nuances sobre escolhas, amor, vida e morte.

Quando a advogada Tereza Rhyne perdeu seus dois cães da raça Beagle e se divorciou pela segunda vez, viu que era o momento de fazer uma viagem reflexiva pela Irlanda e respirar novos ares.

De volta ao lar, conheceu Chris, seu atual companheiro, citado em boa parte de seu livro. Certo dia, uma amiga de Tereza telefonou, oferecendo-lhe uma Beagle prestes a sofrer uma eutanásia se não arrumasse uma nova família. A advogada não pestanejou; já havia tido dois Beagles e conhecia a raça, logo, Seamus foi adotado por ela.

Não demorou muitos dias e Tereza descobriu que Seamus estava com um tumor maligno. A notícia do diagnóstico foi doloroso para ela, que nunca havia enfrentado tal situação. O veterinário lhe daria um ano de vida e as crises que o cãozinho sofria eram devastadoras. Uma dessas crises o levou à emergência, onde sua vida ficou por um fio de esperança. Seamus sobreviveu e deu continuidade ao tratamento.

No decorrer do tratamento, para salvar a vida do Beagle, Tereza sofreu mais um susto aterrorizante: ela foi diagnosticada com câncer de mama. A advogada não esmoreceu, fortaleceu-se no amor e na confiança do seu amigo canino que atravessava pelo mesmo problema. O mais difícil, para ela, foi receber a notícia, afinal, câncer é uma palavra que atribuímos à desesperança, porém, a vivacidade de Seamus era contagiante. Ele enfrentava as dores e o tratamento com disposição e isso impulsionava Tereza.

Cães não têm a mesma percepção de dor que nós, humanos, temos. Eles suportam feridas e continuam abanando suas caudas incansavelmente para nos alegrar e dar força. Houve momentos difíceis, queda de cabelo, dores, insônia, problemas digestivos e suores noturnos, até que, em uma noite, Tereza se levantou durante a madrugada e se viu como um monstro no espelho. Ela não tinha mais forças e esperanças de que um dia tudo poderia voltar a ser como antes, até que Seamus foi até o banheiro e começou a uivar para ela.

O Beagle a salvava de todas as maneiras, substituindo o foco negativo por uma força positiva e imbatível. Um cuidava do outro. O cãozinho passava por sua jornada driblando o destino e mostrando, para sua dona, que a vida continuava, não importassem as circunstâncias. Eles brincavam juntos, ela precisava leva-lo para suas atividades e isso preenchia todo seu tempo e coração.

Mas essa não é uma história com final triste. Seamus mostrou que ainda tinha muito o que viver, respondeu milagrosamente ao tratamento e se curou do câncer, assim como Tereza. Cerca de um ano depois da superação, a advogada escreveu o livro e apoia a utilização de animais junto a tratamentos de doenças. Mascotes são seres iluminados, que nos fazem levantar todos os dias com a certeza de que o amor incondicional existe.

Imagem de capa: Soloviova Liudmyla/shutterstock

Que delícia quando o tempo confirma que nossa decisão foi a correta

Que delícia quando o tempo confirma que nossa decisão foi a correta

“Gostoso mesmo é quando o tempo confirma que tomamos a decisão correta.” (Felipe Rocha)

A vida, todos sabem, é feita de escolhas. Escolhemos o tempo todo, desde que acordamos até o momento em que deitamos para dormir. As decisões que tomamos influenciarão o resto de nossas vidas, pois as consequências baterão à nossa porta, mais dia, menos dia. Daí ser tão difícil sabermos que atitude tomarmos diante de algumas situações, uma vez que tais ações implicam aspectos vitais de nossa jornada.

Perdoamos mais um vacilo do parceiro ou não? Acreditamos nas desculpas do amigo ou não? Partimos ou não a outros caminhos? Vale a pena a oferta de emprego recebida? Inúmeros são os exemplos de questionamentos que inundarão os nossos dias, deixando-nos com muitas dúvidas quanto à melhor decisão a ser tomada. Fácil é escolher qual lanche pedir, difícil é ter clareza quanto à manutenção de certas pessoas e situações em nossas vidas.

As dúvidas que mais nos assolarão estarão relacionadas a aspectos que envolvem a carga afetiva que carregamos dentro do peito. Porque a gente se apega às pessoas e não é fácil afastar-se de alguém a quem nos ligamos sentimentalmente. E a gente acha que não vai conseguir seguir sem algumas pessoas, como se nossa felicidade dependesse da manutenção delas em nossas vidas. E, pior, a gente se prende até mesmo ao que nem é tão bom assim, a quem nem soma quase nada, a quem, na verdade, nem faria falta.

Bom mesmo é quando a gente toma coragem e rompe com algo que queríamos junto, mas nos fazia sofrer. Quando não mais suportamos as lágrimas que teimam em inundar os nossos olhos e, ainda que tremendo por dentro, damos um basta. Quando conseguimos, com a voz fraca que seja, dizer não a quem só quer se aproveitar, a quem nos enxerga somente quando precisa de favores. Quando nos amamos o suficiente para perceber que o que estão nos oferecendo é porcaria.

Não será fácil, atravessaremos noites densas e escuras, choraremos muito e doerá fundo na alma, porém, libertarmo-nos dos pesos inúteis, com o tempo, trará paz e leveza aos nossos jardins. Simplesmente porque constataremos que tomamos a atitude correta, a única atitude que poderia nos salvar de nós mesmos. E sorrirmos ao nos lembrar disso tudo será uma das melhores sensações de nossas vidas.

Imagem de capa: g-stockstudio/shutterstock

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