Nelson Rodrigues de uma forma que você nunca viu

Nelson Rodrigues de uma forma que você nunca viu

Ao falarmos em Nelson Rodrigues as primeiras descrições que vem à mente é “pornográfico, tarado e indecente”, e essa fama se deve à forma como suas obras foram apresentadas e como sua figura foi exposta à sociedade na década de 50.

Não que ele não fosse um tanto quanto audacioso em suas crônicas, mas limitá-lo a um tarado literário é, no mínimo, limitá-lo ignorância de quem não o conhece.

Perguntando pelo repórter J. J. Ribeiro como definiria a própria personalidade, Nelson Rodrigues, surpreendentemente, respondeu: “o sujeito mais romântico que alguém já viu. Desde garotinho sonho com o amor eterno. Na minha infância profunda os casais não se separavam. Havia brigas, agressões de parte a parte, insultos pesadíssimos, mas o casal não se separava. Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico”.

Intelectual, jornalista e cronista esportivo, Nelson ganhou espaço na imprensa na época do militarismo no Brasil- governo Vargas, enfrentou a Segundo Guerra, passou pelas revoluções culturais de 60 e 70, pelo feminismo e, novamente, por outro governo militar. Portanto, tinha conteúdo, inteligência e conhecimento empírico para escrever sobre o que quisesse.

Nelson não era um escritor do acaso. Era um escritor de História. Escrevia sobre a vida como ela é (textos, aliás, que levaram seu nome ao teatro e, posteriormente, à fama). As histórias saíam de casos que lhe contavam, da sua própria observação dos subúrbios cariocas e das assustadoras paixões que lhe contavam quando ainda era criança. Mas, saíam, principalmente da sua opinião sobre o casamento, o amor e o desejo (E que, cá entre nós, muitos compartilham da mesma opinião e não tem coragem de compartilhar).

O ódio e o preconceito enfrentado na pele por Nelson, e que ele demonstrava não se importar, já que dizia que “toda unanimidade é burra”, tinha dois motivos específicos, além de jogar no ventilador assuntos polêmicos, Nelson não poupava ninguém. Políticos, líderes religiosos, chefes de famílias, homens, mulheres…ninguém! Com reflexões profundas e os mais diversos temas sociais, seu sarcasmo velado eram expostos em forma de literatura.

Um exemplo de seus temas polêmicos refere-se à beleza feminina. Enquanto Tom Jobim e Vinícius escreviam Garota de Ipanema, na década de 60, Nelson escrevia que: “na ‘mulher interessante’, a beleza é secundária, irrelevante e, mesmo, indesejável. A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual. Era preciso que alguém fosse, de mulher em mulher, anunciando: – Ser bonita não interessa. Seja interessante”!

Nelson não um escritor de encantos ou desencantos. Não era sutil, tão pouco carregava o lirismo que a época literária exigia, mas, era autêntico e sabia que verdades deveriam sempre ser ditas, a todo e qualquer custo.

6 motivos pelos quais pessoas que ficam solteiras por longos períodos podem ser mais felizes

6 motivos pelos quais pessoas que ficam solteiras por longos períodos podem ser mais felizes

O site Thought Catalog trouxe um texto intitulado “Girls Who Stay Single For Large Gaps Of Time Actually End Up The Happiest” (“Garotas que ficam sozinhas por longos períodos de tempoa ficam mais felizes no final”- tradução livre).

O texto trata das vantagens do autoconhecimento como degrau inicial de escolhas posteriores.

Achamos que diversos argumentos são bastante pertinentes para os amantes da solidão e da introspecção e, baseados na ideia do texto, separamos 6 motivos pelos quais a solidão pode ser a chave para uma vida mais plena e feliz.

Confiram!

1- Pessoas que ficam sozinhas por longos períodos de tempo ficam mais consigo mesmas e se conhecem melhor.

Não existe atalho para o autoconhecimento e permitir-se o tempo da solidão e reflexão é um grande passo para compreender melhor os próprios gostos, escolhas assim como identificar os desejos que nortearão a vida. Quem fica mais tempo sozinho aprende a se amar mais, reconhece melhor os sinais e limites do seu corpo, reconhece melhor os próprios sentimentos e sabe que, para alguns momentos, nada substitui a própria companhia.

2- Pessoas que ficam sozinhas consigo mesmas por longos períodos de tempo mantém contato mais próximo com amigos e familiares.

Quanto mais tempo temos, maior a possibilidade de diversificarmos nossos contatos e nos dedicarmos a grupos diferentes. Normalmente, quem não está em um relacionamento, mantém-se mais próximo dos amigos e visita mais os familiares. O afeto que não é investido em uma relação amorosa existe, mas pode estar sendo canalisado de diferentes maneiras e para diferentes pessoas. No final das contas, a diversidade amplia as possibilidades de uma rede de apoio mais ampla e cultivada. Uma pessoas pode ajudar e ser ajuda por amigos e por sua família. É ilusória a ideia de que é preciso um parceiro ou parceira para “cuidar da gente” nos momentos de dificuldade. Isso, aliás, aparenta mais uma faceta utilitarista e carente da relação, do que algo construído para uma partilha saudável.

3- Pessoas que ficam sozinhas por longos períodos de tempo mantém mais o foco em seus próprios sonhos

Quando não existe uma relação, há uma maior liberdade para ir e ousar. Muitos sonhos pessoais são abafados pelo sonho do parceiro ou da parceira, pela vinda dos filhos e pelas responsabilidades compartilhadas. Quando a pessoa está em um período assim ela não precisa fazer esse tipo de concessão e pode ir além e até aventurar-se um pouco mais, se isso fizer parte de sua natureza.

4- Pessoas que ficam sozinhas por longos períodos de tempo tornam-se mais independentes e fortes

A liberdade exige força e muita adaptação. Quem está só pode fazer muito, mas também arca com as suas escolhas. Toda essa adaptação necessária faz com que essas pessoas tornem-se mais resistentes à mudança e a eventuais surpresas da vida. No fim das contas elas sabem que é consigo mesmas que devem contar.

5- Pessoas que ficam sozinhas por longos períodos de tempo possuem sonhos mais amplos e livres.

O que impede de sonhar alguém que possui laços mais frouxos e flexíveis? Como não estão vinculadas a seus parceiros e parceiras, pessoas sozinhas podem sonhar mais alto e correr atrás de seus sonhos sem tantas variáveis que as poderiam impedir.

6-  Pessoas que ficam sozinhas por longos períodos de tempo podem viajar mais e gastar mais consigo mesmas- sentindo menos culpa por isso.

Não ter alguém imediatamente julgando nossas escolhas pode dar uma liberdade muito diferenciada. Se alguém sozinho resolve presentear-se com algo, não há ninguém tão próximo para julgá-la (além de sua própria consciência). É possível mudar de emprego e de cidade com mais facilidade. Como o que e quando quiser.

Tudo isso, e muito mais, faz com que a pessoa se conheça melhor porque, na maior parte do tempo, ela reage em relação a si mesma e arca com suas escolhas.

No fim das contas, todo esse conhecimento nem precisa ser atestado de solidão eterna. Estar só, conhecer-se, e vivenciar toda essa liberdade fará com que, se uma hora existir a possibilidade de mudança, essa escolha seja para somar e não uma fuga da solidão.

Aí, então, serão mais fortes e realmente felizes!

Fica a dica!

Lembramos, porém, que cada pessoa trilha o seu caminho e que a felicidade de um não é sinónimo de felicidade para outro. A lista acima ressalta pontos que podem ser positivos em quem segue uma vida “solo”, mas não querem dizer que quem escolheu uma vida de parceria está errado. Afinal, não existe certo e nem errado e sim escolhas que trazem consigo prós e contras 😉

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11 frases tóxicas que nunca deveriam aparecer em nosso diálogo interno

11 frases tóxicas que nunca deveriam aparecer em nosso diálogo interno

Manter um diálogo interno saudável será a única forma de poder estar em paz, tanto conosco mesmos como com o mundo que nos rodeia.

É provável que alguma vez você tenha se encontrado nesta realidade curiosa. E nunca deixamos de manter um diálogo interno, através do qual examinamos nosso mundo interior e exterior.

Esse diálogo interno é o que nos permite integrar e dar sentido aos fatos que acontecem a nosso redor, portanto, você pode imaginar a importância que ele tem e o quanto é determinante em nosso estado afetivo e mental.

Assim, ainda que possa nos dar a sensação de que esses pensamentos vêm e vão, o certo é que acontece uma constante interação entre eles e como agimos, como sentimos e como nosso entorno reage.

Então, como diria Epiteto, “não nos afeta o que acontece, mas o que nos dizemos sobre o que acontece”.

Um diálogo interno saudável, uma vida saudável

Nós controlamos nosso próprio destino, sentindo e atuando conforme nossos valores e crenças.

As consequências emocionais que se ativam a partir dessas crenças ou pensamentos que surgem em nosso diálogo interno nos doutrinam de tal modo que podem chegar a distorcer nossa realidade, fortemente.

Algumas das crenças e pensamentos que contaminam a forma que temos de falar são: a necessidade da aprovação dos outros a todo custo, o terrível que é que as coisas não aconteçam como queremos ou a crença de que a felicidade pode ser obtida por inércia ou falta de ação.

Assim, é frequente que, em nosso diálogo interno, pronunciemos algumas das frases que nunca deveríamos nos dizer:

“Não se esqueça de ler: Pessoas diferentes tornam a vida mais divertida.”

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1. “Devo ter sucesso em tudo que me propuser a fazer”

Nesta vida, não existem apenas vencedores ou perdedores. O pensamento polarizado de tudo ou nada não é positivo nem saudável para nós. Na verdade, o fracasso é a base do êxito.

Lembremo-nos, além disso, que descobertas importantes, como as radiografias ou a penicilina, foram resultado de uma série de equívocos.

2. “Se eu falar nisto é porque sou um incapaz”

Voltamos ao mesmo: errar e falhar são ações que compõem o sucesso. Não tem sentido pensar “Se eu errar, fracassarei”. Você tem que se dar a oportunidade e o direito de fazê-lo, pois é o que lhe permitirá conseguir seus objetivos.

3. “Se não obtenho a aceitação e aprovação dos demais, não poderei ser feliz”

Esse tipo de crença é uma das mais comuns. É importante não nos sentirmos rejeitados, mas nem é necessário nem possível que todos nos aceitem. É uma realidade com a qual temos que viver e que nos ajudará a nos aceitar a nós mesmos.

4. “Não posso viver sem você. Preciso de você para ser feliz”

Este tipo de pensamento tem sua origem em um conceito errôneo do amor e da entrega. O amor deve ser plural, diverso e desinteressado, e para isso deve se desligar das necessidades.

Se amor e dependência coexistem, se destroem.

5. “Não concorda comigo porque não gosta de mim”

“Os outros não me valorizam porque não valho para nada”. “Meu valor pessoal depende do que os outros pensem de mim”. Para a maioria de nós, a crítica é sinônimo de rejeição.”

Talvez isso se explique porque não somos bons em construir críticas que aportem crescimento e aspectos positivos. Por isso, as críticas infundadas devem ser questionadas desde um ponto de vista racional.

Como Emerson disse: “Não me deixe cair no erro comum de pensar que sou perseguido toda vez que alguém me contradiz”.

6. “Não aguento que os outros me digam o que tenho que fazer”

Obviamente, somos nós que temos que assumir a responsabilidade de nossas tarefas, mas não por isso temos de nos cegar na hora de contemplar os conselhos ou valores que vêm de outras pessoas.

Cooperar e colaborar não nos impede de validar e favorecer nossa identidade, mas nos ajuda a sermos melhores graças ao nosso entorno.

7. “Não sou bom o suficiente”

“Não posso, não vale a pena tentar, não conseguirei”. Não se esqueça de uma premissa muito importante em sua vida: tanto se você acreditar que pode como se acreditar que não pode, você terá razão.

Ou seja, que querer é poder e que o primeiro passo para conseguir é tentar, uma vez e mais outra.

O que você acredita o obriga a se comportar de tal forma que acaba se confirmando o que tanto tememos, porque nós mesmos o provocamos. Isso se chama profecia auto-cumprida.

8. “Não devo confiar em ninguém, tenho que me manter sempre em guarda”

Desconfiamos porque sabemos que o ser humano erra, porque nós erramos, porque queremos nos proteger de nossos erros.

Provavelmente, a desconfiança específica tenha seu sentido em determinado momento, mas é preciso deixá-la para trás quando já não é necessária e só nos prejudica. Se não temos isso em conta e nos fechamos aos demais, veremos nosso crescimento prejudicado.

9. “Sou melhor do que os outros”

Ninguém é melhor do que ninguém. Na verdade, a humildade constrói a base da decência e da honorabilidade. Sentirmo-nos superiores aos outros nos levará a manter uma atitude prepotente e nada desejável.

Sócrates é conhecido como um dos homens mais sábios da história, e a ele se atribui a frase “só sei que nada sei”. Contraditório? Talvez, nem tanto. Convém pensar sobre isso.

10. “Sou um inútil”

A inutilidade não existe. Além do mais, pensando assim ou que “não valemos para nada”, conseguiremos apenas nos desmotivar e deixar de lado nossos sonhos e interesses.

11. “Já não me quer, eu mereço isso”

Aqui, o correto seria pensar que somos merecedores do melhor.

Sofrer quando alguém se afasta de nós é inevitável mas, voltando ao raciocínio de antes, o adequado é que o verdadeiro amor está dentro de nós.

Isso será a única coisa que nos ajudará a deixar de lado as necessidades afetivas insanas que se misturam com o mágico sentimento do amor.

Definitivamente, todas aquelas frases que têm uma conotação desse tipo ou que poderíamos traduzir começando por “Deveria fazer”, “deveria ser” ou “tenho que ser” são negativas para nós.

Por isso, podemos procurar evitar esses pensamentos desta maneira:

  • Aceitando apenas como realidade aqueles fatos que podem ser observados e comprovados. Que um dia não saia bem não quer dizer que sejamos inúteis. Além do mais, fazemos centenas de coisas em nossa vida que provam que não o somos.
  • Aceitando como válidas apenas aquelas proposições que se derivem de forma lógica, sem contradições. Se nos permitimos contradições, frustraremos o valor que damos ao nosso eu interno.
  • Sendo flexíveis e estando dispostos a mudar as próprias ideias e teorias em função da nova informação. As pessoas devem adotar um tipo de pensamento flexível e tolerante, que nos ajude a nos sentirmos melhor, sem nos boicotar.
  • Não é adequado condenar ou premiar algo em termos absolutos. Quando fazemos afirmações categóricas de “tudo ou nada”, estamos restringindo totalmente a diversidade de nosso mundo; ou seja, faltando à nossa realidade.Por isso, é aconselhável evitar o uso de palavras como tudo ou nada, ninguém ou todos, sempre ou nunca.
  • Não é saudável julgar em termos de essência, mas em temos de comportamento. O adequado é dizer “você está distraído”, ao invés de “você é distraído”.
  • É importante contemplar nossos pensamentos e atribuições desde uma perspectiva de probabilidade e não com certeza cega. “É provável que me custe consegui-lo, mas vou tentar” é, sem dúvida, diferente de “não conseguirei, nunca poderei fazer isso”.

Você pode se dar conta de que está distorcendo, mas, no entanto, ser capaz de não abandonar seu sonho.

Tente determinar quais fatores influem no que lhe acontece, busque sempre interpretações alternativas, até quando estiver muito seguro do que pensa, busque soluções, questione a evidência e contraste suas previsões com a realidade.

Se você sente que seus pensamentos lhe afetam demais e você não pode controlá-los, recorra sem hesitar a um psicólogo para que lhe ofereça os recursos de que você necessita.

Bibliografia para consulta:

Ellis, A. (2003). Manual de Terapia Racional Emotiva. Editorial Desclee.

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As pessoas que você atrai são o reflexo do que você é.

As pessoas que você atrai são o reflexo do que você é.

As pessoas que você atrai não são mais do que seu próprio reflexo. Mesmo que seja difícil admitir, você convidou gente tóxica para se aproximar e fazer parte da sua vida. Não foi uma petição que você tenha verbalizado, tampouco algo que tenha buscado. No entanto, a energia que você emite irá aproximá-lo daqueles que não deseja, mas que, sem querer, atrai.

É possível acabar com isso?

Aprenda com o seu reflexo e as pessoas que ele atrai

Você sabe que seus erros lhe permitem aprender? Cada queda não é um fracasso, e sim uma oportunidade de perceber o que não estava fazendo bem. Com as pessoas acontece o mesmo. Aprenda com tudo que acontece ao seu redor, abra os olhos! Todos aqueles que o rodeiam são seu próprio reflexo.

Você se lamenta constantemente porque aqueles com quem você inicia relacionamentos te machucam. No entanto, não lhe parece estranho que sempre se repete a mesma história? Não culpe seu parceiro, não se acomode nem busque este tão atrativo papel de vítima.

É importante pensar que, talvez, o erro tenha sido seu. Algo que você deve estar fazendo de errado para sempre terminar com o mesmo tipo de pessoa. É possível que você não diga o que pensa desde o começo, que se submeta, que deixe que seja seu parceiro que tome as rédeas da relação, quem te dirija.

Se você age assim, é impossível que esteja ao lado de alguém diferente. Você tem nas mãos o poder de acabar com isso. Basta focar no jeito como você age. Se, por exemplo, você está em um relacionamento por alguns meses e deixa de gostar da pessoa, e isso sempre é uma constante, talvez o problema resida no fato de que desde o começo você a idealize.

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Aceitamos o amor que acreditamos merecer

Você se respeita? Acredita que é amado? Você se valoriza? São perguntas fáceis, mas não as responda muito rapidamente. Às vezes acreditamos que é um “sim”, quando na verdade não é assim. Se as pessoas que você atrai não o respeitam, talvez você deva começar a pensar se você respeita a si mesmo. A verdade é que, em mais de uma ocasião, deixamos esta responsabilidade nas mãos dos demais.

Por que dizem que te amam quando não é verdade? Talvez porque você não é capaz de amar a si mesmo, porque você busca que os outros te amem para assim se sentir realizado e não vazio. Busca nas relações fugir do que tem tanto medo: a solidão. Mesmo que conscientemente você busque encontrar pessoas que cumpram um padrão contrário, em seu inconsciente o amor que acredita merecer é muito pobre. 

Porque se você não se valoriza, é impossível que as pessoas que você atrai o façam. Como você pode buscar o que você mesmo não é capaz de se dar? Você acredita que não merece tanto amor, que não é bom o suficiente para ninguém, que não vale nada, que é menos atraente que os demais… Chega!

Deixe de se comparar e de se autodestruir. Você é autêntico, único e merece tudo de bom. Pensar no contrário não fará com que você seja feliz nem que atraia pessoas que trariam algo para a sua vida.

Aceite-se e descubra quem é

Pelo simples fato de estar em seu corpo, isso não significa que você se conheça. Se você se sente identificado com tudo o que foi dito anteriormente, ainda tem um longo caminho a percorrer.

Você deve se apaixonar pela pessoa que vê toda manhã no espelho. Apesar de suas imperfeições, de todos os seus defeitos, você é autêntico, é natural, é belo, é você! Não busque no barulho ignorar seus próprios pensamentos que gritam para que você escute, para que você mergulhe em seu interior para saber quem realmente é e o que quer.

Averigue o que te faz feliz e limpe sua vida de tudo aquilo que não te traz nada, inclusive as atitudes que te levam vez após vez pelo mesmo caminho. As pessoas que você atrai não te machucam de forma gratuita; você as chamou para participar de sua vida. Deixe de gastar energia em tentar mudá-las ou pare já de se lamentar pela má sorte que tem ao encontrá-las.

É o momento de agir e se concentrar em si mesmo. Você não deve procurar o que não tem nos demais, porque não vai encontrar. Agindo assim somente se sentirá vazio. As pessoas chegam na nossa vida e muitas não ficam para sempre. Você sempre poderá contar consigo mesmo. Por isso, ame-se e cuide-se: você merece!

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TEXTO ORIGINAL DE MELHOR COM SAÚDE

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Nota da página: esse texto se refere apenas a relações consensuais e NÃO REPRESENTA casos onde houve violência, abusos ou qualquer outro crime.

Imagem de capa: Shutterstock/Pressmaster

Aprende-se a ser pai e mãe, sendo pai e mãe! (artigo+12 dicas para ajudar).

Aprende-se a ser pai e mãe, sendo pai e mãe! (artigo+12 dicas para ajudar).

Uma conversa sobre a difícil tarefa de educar.

Quando pais recém-nascidos me perguntam a partir de qual idade devem começar a educar seus filhos, sou obrigada a revelar-lhes que estão pelo menos com nove meses de atraso. A educação de uma criança que está prestes a chegar ao mundo, começa ainda no ventre materno, desde a sua concepção para ser mais exata.

Essa é uma aprendizagem fundamental, e se olharmos com um pouquinho de interesse e generosidade, veremos que é até bem simples: ninguém nasce sabendo ser pai e mãe, não há escolas que nos preparem para as variadas fases da vida de um filho, incluindo todas os desafios e implicações.

Sendo assim, eu costumo dizer que o tempo de gestação deve funcionar como um período preparatório para todos os envolvidos. E, é claro que toda informação – desde que venha de uma fonte confiável -, é bem-vinda. Ler a respeito das fases do desenvolvimento infantil, procurar informar-se sobre a reviravolta hormonal que vai ocorrer de forma inexorável no corpo da mãe, tentar entender o quanto a relação de um casal será modificada a partir do nascimento de um bebê. Tudo isso, e mais uma variedade de coisas bacanas, como cursos de gestante para o casal, palestras educativas e muito, muito diálogo para ir acomodando as expectativas, incertezas e maravilhas dessa incrível aventura que é ser pai e mãe, pode agregar conhecimento e preparo.

Acontece que, por mais bem preparados que estejamos para dar conta das infinitas tarefas que envolvem um recém-nascido: fraldas, amamentação, cor do cocô, tempo de sono, cólicas, brotoejas na bochecha, assaduras no bum-bum e acrescente-se aqui uma listinha considerável de variáveis, há ainda a parte mais delicada e humana: a educação e orientação do processo de desenvolvimento, incluindo a formação da personalidade e o comportamento. Sim, porque esse pacotinho rechonchudo e rosado vai crescer.

Educar uma criança é um dos maiores desafios da humanidade. E é verdade mesmo que elas não vêm com manuais de instruções ou legendas. Uma boa parte do sucesso vai depender do quanto os pais, ou aqueles que tenham assumido essa responsabilidade, estejam em sintonia, disponíveis para assumir que não sabem muita coisa a respeito e que sempre terão o que aprender.

A disposição para construir um código de autoridade amorosa e coerente, é tão ou mais importante do que acertar o intervalo das mamadas, descobrir a origem do choro intermitente, ou escolher a melhor pessoa para dividir a tarefa de cuidar dessa criança, caso os envolvidos nessa nova vida tenham uma atividade profissional que envolve horas fora de casa.

E verdade seja dita: ninguém acha graça nenhuma em crianças que gritam a plenos pulmões no apartamento vizinho, sapateiam na loja de brinquedos dando um show de berros estridentes ou se jogam ao chão todas as vezes que têm os seus desejos negados ou são contrariados.

O fato é que é da natureza humana encontrar atalhos para conseguir o que quer; e as crianças são seres dotados de uma potente antena parabólica, capaz de captar brechas emocionais na força de vontade de seus responsáveis. Se a birra der certo uma única vez, prepare-se, meu amigo, porque caso nada seja feito para mudar essa percepção infantil rapidamente, você acaba de se tornar cúmplice na criação de um pequeno tirano. E reverter esse processo é infinitamente mais difícil do que impedir a sua instalação.

A boa notícia é que tem jeito. E vão aqui algumas ponderações que podem ajudar um tiquinho àqueles que querem fazer dessa missão desafiadora que é ser pai e mãe, a possibilidade de incluir no mundo pessoas de caráter e bom coração. São singelas reflexões apenas, mas trazem em sua significância nuclear, a base de uma educação amorosa e com autoridade.

1. Converse. Converse com o bebê ainda na barriga. Converse com o recém-nascido enquanto cuida dele. Converse com o bebê já maiorzinho. Converse com o pequeno desbravador que põe tudo na boca, parece querer conhecer o mundo a pé e experimentar tudo à sua volta. A voz dos pais é reconhecida pelos pequenos, isso é comprovado cientificamente: leia, conte histórias, cante, ensine o que é certo, desde a gestação.

2. Não grite! Nunca! A criança reage negativamente a sons abruptos e falas agressivas. Mantenha o tom de voz calmo, fale devagar, abaixe-se à altura da criança, gaste um tempo nisso: olhos nos olhos. E procure encurtar a bronca quando for necessária – sempre em voz baixa, até as broncas, ou elas, principalmente; sermões intermináveis são inúteis, depois de dois minutos a criança já estará divagando em outros pensamentos, muito mais interessantes.

3. Nunca prometa o que não for capaz de cumprir. Ensina-se a ser honrado, sendo honrado. E, em hipótese alguma, use ameaças ou pequenos subornos, como premiar atitudes corretas. Crianças aprendem com muita facilidade a utilizar moedas de troca. E a gente odeia esses políticos corruptos, não é mesmo?!

4. Entenda que sua vida social precisará de ajustes, a partir da chegada de um bebê. Shoppings lotados, restaurantes badalados, bares ruidosos, ruas de comércio com multidões de gente, não são lugares para se levar um bebê. Os bebês ficam irritados com o excesso de estímulos visuais e sonoros. Depois, não reclame das noites insones e dos choros “sem motivo”.

5. Não vicie a criança apenas na companhia dos pais. É importante ir introduzindo aos poucos a convivência com pessoas próximas: avós, tios, madrinha, padrinho, pessoas da confiança dos responsáveis e que podem cuidar tão bem quanto eles, pessoas em cuja companhia a criança se sinta confortável e segura. Assim, até vai dar para dar aquela escapadinha de vez em quando para os tais bares, shoppings e restaurantes que não são adequados aos pequenos.

6. Quando estiver cuidando da criança, esteja cem por cento presente. Evite ficar com a TV sempre ligada, ou mexer no celular enquanto amamenta ou alimenta seu filho. Essa atitude é, analisando de forma realista, um baita descaso.

7. Organize uma rotina para incluir a criança no dia a dia da casa e das pessoas que nela vivem. Estabeleça horários para amamentar, dar banho, dar comida, tomar um solzinho, brincar, ler para seus pequenos, cantar com eles e, dormir. Essa previsibilidade acalma a criança.

8. Evite com todas as suas forças levar seu bebê para sua cama. No começo é muito difícil mesmo. Pode ser que o pequeno tenha o sono mais agitado, durma em pequenos intervalos e solicite atenção demais à noite. Mas, acredite: essa peregrinação noturna vale à pena. Se há um casal envolvido, ou mais de uma pessoa, o certo é que essa tarefa de levantar à noite seja repartida. E se tiver sido um dia difícil demais, todos estiverem cansados demais, ainda assim, resista à facilidade de colocar o pequeno para dormir com os grandes. O hábito de dormir com os pais tira da criança importantes oportunidades de amadurecimento emocional. E, de jeito nenhum, estou falando para deixar o bebê chorando até dormir, essa prática é igualmente danosa. O segredo é: paciência, persistência e força de vontade. Uns demoram mais, outros menos, mas uma hora o bebê vai sentir prazer em dormir na sua própria cama e você vai agradecer por não ter caído em tentação.

9. Outra prática de consequências futuras indesejadas é essa história de dar palmadinhas no bumbum, ou tapinhas de leve na mãozinha da criança, como forma de ensinar o que não se pode fazer. Sinto muito, mas esse tipo de atitude, ensina a criança que usar a força para se conseguir o que se quer é um meio lícito. Contenha a criança, com firmeza e doçura, olhe nos olhos e corrija, sem gritar, sem se descabelar. Calma! As atitudes coerentes e firmes educam muito mais do que a gritaria e as tais “palmadinhas do bem”. Não existe palmadinha do bem!

10. Ensine seu filho a cuidar de suas coisinhas. Arrume o quarto com estratégias possíveis de organização para a criança: caixas plásticas, sacos de tecido, caixas de papelão encapadas, vale a imaginação. Guarde os brinquedos de forma setorizada: bonecos num lugar, carrinhos em outro, peças de encaixe em outro. Uma ideia bem divertida é usar aquelas sapateiras antigas de plástico – aquelas bem simples mesmo, que têm bolsinhos, sabe? -, em cada bolsinho um boneco, por exemplo. Acabou de brincar, ensine a guardar.

11. Tão logo seja possível, inclua a criança nas tarefas da casa: dobrar as toalhas que são recolhidas do varal, ajudar a colocar a mesa, guardar as compras do supermercado, ajeitar o quarto na hora de acordar e dormir, colocar sua louça usada na pia. Quando sente que faz parte do grupo familiar, a criança se sente segura e necessária.

12. Seja coerente a respeito do que é permitido, proibido ou negociável. Se a criança sentir que você não tem firmeza sobre o que determina, vai desenvolver técnicas de manipulação e terá sérios problemas em seguir regras e acatar autoridade no futuro.

E para dar cor, sabor e significado a essas pequenas ideias, vai aqui o meu mais sincero e amoroso conselho como mãe e profissional que vem dedicando toda uma vida a estudar os aspectos que envolvem as diversas áreas do desenvolvimento infantil: Divirta-se sendo pai e mãe! Aproveite essa época de tantas aprendizagens, para fazer emergir daí de dentro um ser humano mais ético, consistente e comprometido com o destino da humanidade!

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Juntos pelo acaso”

Saudade é sem tempo certo. Sinto falta do que foi com os anos e de quem continua perto.

Saudade é sem tempo certo. Sinto falta do que foi com os anos e de quem continua perto.

Hoje eu senti saudade dela. Deve ser esse frio, essa chuva. Gente antiga tem umas coisas. Quando vira o tempo as cicatrizes coçam, o coração aperta. Agorinha mesmo ela estava aqui. Minha casa ainda respira a sua presença e minha pele já sente a sua falta.

Vivemos no mesmo tempo, habitamos a mesma cidade, passamos pelas mesmas ruas, estamos próximos no mapa e no resto. Somos almas vizinhas. E eu tenho tanta saudade dela quanto do instante mais bonito da infância. Eu acho que sei por quê. É que eu volto a esse lugar e a esse tempo quando ela está perto de mim.

Volto para minha casa quando estou com ela. É ela o meu lugar preferido no mundo. E quando ela se vai, eu penso em quando vou encontrá-la a próxima vez. Em quando estarei em casa de novo.

É por isso que eu tenho saudade. Sinto a falta dela como quem não visita os próprios pais há muito tempo, como quem sonha rever amigos distantes, reencontrar os avós que se foram, voltar no tempo e viver de novo a formatura da oitava série do ginásio. Tudo isso um instante depois de encontrá-la um segundo ou uma tarde inteira. Não importa. Eu tenho saudade dela.

Então espero, espero o tempo que for. Espero caminhando, seguindo em frente. Uma hora eu chego até onde ela estiver e fico ao seu lado para sempre.

Desse dia em diante, a falta que eu sinto agora, esse buraco no peito, essa ferida invisível, essa premência física, como se uma glândula abusada produzisse em meu corpo um desejo urgente de estar junto ao dela, tudo isso há de ser quase uma lembrança triste, quase um sentimento estranho. Quase uma outra saudade.

Imagem de capa: Rawpixel.com/shutterstock

7 dicas de filmes que provam que “o que acontece na infância, nem sempre fica na infância” (o melhor da Netflix)

7 dicas de filmes que provam que “o que acontece na infância, nem sempre fica na infância” (o melhor da Netflix)

Somos o fruto de nossa história. Sabemos, também, que o que acontece na infância, nem sempre fica na infância*, pois existem algumas faltas que carregamos por toda a nossa existência.

As dicas de filmes e séries abaixo trazem exemplos de histórias de pessoas que passaram por grandes perdas ou foram criadas com lacunas afetivas que podem aparecer, na idade adulta, através de carências e outras dificuldades emocionais e de relacionamento.

Quando um dos responsáveis pelo afeto falta, existe também a possibilidade de substituições. Algumas das dicas também exemplificam possibilidades de rearranjos emocionais para suprir grandes faltas.

No fim das contas, somos o que fizeram conosco e o que fizemos do que fizeram conosco.

1- A história de um garoto com fome (Toast)

Nigel(Oscar Kennedy e Freddie Highmore) sempre teve fascínio pela culinária, mas sua mãe (Victoria Hamilton) não era nada prendada na cozinha. Após sua doença e morte, o pai de Nigel(Ken Stott) contrata uma faxineira, vivida por Helena Boham Carter, que disputará com Nigel a atenção do pai e os dotes culinários.

A história fala sobre as carências, perdas e descobertas de um menino que, mesmo com poucos referênciais, consegue encontrar o seu caminho.

contioutra.com - 7 dicas de filmes que provam que "o que acontece na infância, nem sempre fica na infância" (o melhor da Netflix)

2- Moonlight

Três momentos da vida de Chiron, um jovem negro morador de uma comunidade pobre de Miami. Do bullying na infância, passando pela crise de identidade da adolescência e a tentação do universo do crime e das drogas, este é um poético estudo de personagem.

O filme mostra que a pessoa que pode ser a referência de amor e coerência pode ser justamente aquela que menos esperamos.

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3- Despertar de um homem (This Boy’s Life)

No final dos anos 50 Caroline Wolff (Ellen Barkin), uma mãe solteira nômade, só deseja se estabelecer em um lugar, achar um sujeito decente e conseguir uma casa melhor para seu único filho, Tobias “Jack” Wolff (Leonardo DiCaprio). Quando ela se muda de Seattle e conhece o respeitável Dwight Hansen (Robert De Niro), um mecânico de automóveis, ela crê que alcançou seu objetivo. Mas Jack se sente diferente após passar alguns meses com Dwight e os filhos dele e longe de Caroline. O padrasto do jovem parece querer fazer de Jack uma pessoa melhor, mas ao tentar fazer isto ele abusa emocionalmente e fisicamente do garoto, além de tratá-lo verbalmente de forma grosseira. Com pouco tempo de casada, Caroline vê que Dwight precisa dominar todos que estão ao seu redor, mas sentindo-se insegura para buscar outra relação passa a acreditar que isto é a melhor coisa para seu filho. Durante este tempo Jack se torna amigo de outro desajustado, Arthur Gayle (Jonah Blechman), um jovem com tendências homossexuais bem claras, enquanto continua sofrendo sob o jugo repressivo do seu padrasto. Jack só sonha com uma coisa: conseguir uma bolsa de estudos para poder partir para sempre.

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4- Usagi drop

Também conhecido como “Usagi Drop” é um drama baseado no mangá de mesmo nome no Japão.

Daikichi, um homem de 30 anos, tinha uma vida relaxada de solteiro até que um dia recebe a notícia de que seu avô morreu.

Durante o velório, Daikichi conhece Rin, uma garota de 6 anos que era filha escondida do avô e que agora irá para orfanato por não ser desejada pela família.

Ao saber disso, Daikichi reage contra essa decisão e acaba preferindo adotar a menina. Assim, começa a nova vida do homem desorganizado com a menina bem educada.

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5- Lion: uma jornada para casa

Quando tinha apenas cinco anos, o indiano Saroo (Dev Patel) se perdeu do irmão numa estação de trem de Calcutá e enfretou grandes desafios para sobreviver sozinho até de ser adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25 anos ele decide buscar uma forma de reencontrar sua família biológica.

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6- Os filhos da meia noite (Midnight’s Children)

Em 15 de agosto de 1947, a Índia conquistou a sua independência. Neste exato momento, à meia-noite, nasceram duas crianças em uma maternidade. No entanto, uma enfermeira decidiu trocá-los: Saleem, filho indesejado de uma mãe pobre, foi criado no lugar de Shiva, o filho biológico de um casal rico. A história dos dois garotos será para sempre ligada ao destino político do país, principalmente quando a Índia entra em guerra, e eles se encontram em lados opostos na batalha.

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Elefante Branco

O padre Julián (Ricardo Darín) e o padre Nicolás (Jérémie Renier) trabalham ajudando os menos favorecidos na favela de Villa Virgen, periferia de Buenos Aires. O local é um antro de violência e miséria. A polícia corrupta e os próprios sacerdotes da Igreja nada fazem para mudar essa realidade e os dois clérigos terão de por suas próprias vidas em risco para continuar do lado dos mais pobres.

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7- Anne with an E

Depois de treze anos sofrendo no sistema de assistência social, a orfã Anne é mandada para morar com uma solteirona e seu irmão. Munida de sua imaginação e de seu intelecto, a pequena Anne vai transformar a vida de sua família adotiva e da cidade que lhe abrigou, lutando pela sua aceitação e pelo seu lugar no mundo.

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9- Lavander

Quando Jane, uma fotógrafa, sofre de perda de memória depois um traumático acidente de carro, estranhas pistas expostas em suas fotas sugerem que ela pode ser a responsável pela morte da família que ela nunca soube que teve.

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Imagens divulgação. Com sinopses adaptadas de Adoro Cinema. 

* Título do texto inspirado no original de Carolina Vila Nova.

5 sinais de que seu relacionamento corre sério riscos de acabar

5 sinais de que seu relacionamento corre sério riscos de acabar

Ah, o amor! Esse sentimento tão lindo e romantizado, sinônimo de felicidade e romance também pode nos trazer sofrimento, pois ele não é o único responsável pelo sucesso do relacionamento. Além dele, a relação depende também da admiração que temos pelo outro, pelo caráter e qualidades e também pela forma como me sinto amado e completo.

Os problemas começam quando essa admiração deixa de existir e quando percebo que o outro já não me completa mais. É o sentir-se só e incompreendido mesmo acompanhado, a conhecida solidão a dois. Seria esse o motivo de muitos relacionamentos terminarem mesmo ainda existindo amor.

Os momentos de crise sempre vão existir e são superados porque apesar dos problemas, ainda existe admiração, respeito e completude de ambas as partes. Nesses casos a relação tem mais chance de ser resgatada, pois os problemas podem ser conversados e ajustados para que tudo volte a ser como antes.

Mas então como saber se é um momento de crise ou se o relacionamento chegou ao fim? Confira 5 sinais que podem te ajudar a identificar o fim de um relacionamento.

1. Pouca sintonia

Com o passar do tempo e da convivência, percebemos que já não caminhamos mais lado a lado, falta sintonia com o parceiro e a sensação é a de caminhar em direções opostas.

2. Falta de planos em comum

Ter objetivos e metas em comum são um ponto forte para a união do casal. Quando os planos não se encaixam mais e cada um começa a pensar de forma individual, vale a pena rever a relação.

3. Dificuldade de diálogo

Uma dificuldade comum de muitos casais é conseguir conversar sobre qualquer assunto. Nos momentos de crise existe não só a dificuldade, mas também o interesse em tentar conversar. Quando a relação chegou ao final, não existe mais a vontade de tentar e nem o interesse em querer escutar o outro.

4. Visão negativa do parceiro

Quando uma relação acaba, fica difícil enxergar coisas positivas na outra pessoa ou elogia-las. Por isso, temos a tendência de criticar e nos irritarmos com tudo o que o outro faz.

5. Falta de admiração e de reconhecimento

Esses são os pontos mais importantes que indicam o fim, já que em uma relação buscamos acolhimento, compressão, importância e reconhecimento reciproco. Queremos admirar e sermos admirados, é essa reciprocidade que alimenta os relacionamentos.

O que fazer quando isso acontece?

O relacionamento acabou, e agora? Como sair de um relacionamento que acabou? Confira o passo a passo para terminar o relacionamento e se reequilibrar emocionalmente após o término:

Reconhecer o problema: A fase anterior a qualquer separação é sempre muito delicada, pois sempre temos uma resistência em enxergar que as coisas não estão bem e que talvez não seja só uma crise. O primeiro passo é reconhecer que existe um problema a ser enfrentado.

Aceitar que chegou ao fim: A aceitação é uma fase de reflexão e tristeza, pois é marcada pela análise de toda a história, sensações de “podia dar certo”, “poderia ter feito” e muitos momentos de culpa. Mas se uma relação chegou ao fim, cabe aos dois aceitar o passado e olhar o futuro para seguirem suas vidas. Quando você ainda ama e admira o parceiro, mas não é recíproco, pode ser mais difícil de aceitar, mas pense que você merece alguém que também te ama e te faça feliz.

Superar os medos: olhar para o futuro pode ser angustiante porque geralmente ele vem acompanhado de incertezas e pensamentos negativos. Todos os nossos traumas, inseguranças e sentimentos de solidão e de abandono que há tempos estavam esquecidos voltam a nos assombrar como fantasmas, fazendo-nos ter medo de recomeçar.

Resgatar a autoestima: Nunca é tarde para sermos felizes, a vida dos dá todas as oportunidades de seguir em frente em busca do que queremos e temos capacidade e recursos para tal. Tendo isso em mente, pense que uma experiência negativa não anula tudo de bom que você tem e faz.

Pensar positivo: Mesmo que seja muito complicado o processo de separação, talvez este seja o passo principal para que ambos possam voltar a ser felizes. Fomos feitos para sermos realizados, e é para isso que devemos viver, buscando o melhor para a nossa vida, sempre.

Manter a harmonia com outro: Quando o casal tem filhos, é muito importante manter o respeito, para que a relação seja cordial e educada. É muito estressante para uma criança viver em um ambiente conflituoso e com regras diferentes. Por isso, não coloquem os filhos no meio do conflito e conversem respeitosamente entre si sobre as regras e os limites para que eles sejam iguais.

Projetar o futuro: Ter projetos de vida e objetivos a serem alcançados ajudam a superar momentos de tristeza, vazio e tendência a depressão. Nada melhor que projetar o futuro para se desprender do passado.

Sair de uma relação pode ser tão difícil porque despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.

Imagem de capa: Shutterstock/ Africa Studio

TEXTO ORIGINAL DE MINHA VIDA

O presente é um presente

O presente é um presente

Você já viu aquelas pessoas que falam sozinhas na rua, gesticulando enquanto caminham, como se estivessem fazendo um discurso para uma platéia que só elas conseguem ver?

Já né? De vez em quando a gente encontra um exemplar confuso e amalucado no caminho.

E seu eu te disser que a diferença entre eles e nós, é apenas que eles dizem em alto e bom som o que nós pensamos em silêncio?

Pode reparar. Essas pessoas via de regra não falam nenhuma incongruência, apenas emendam uma coisa em outra coisa, sem uma sequência lógica.

Elas “pensam” em voz alta e manifestam a livre associação. O que as torna “malucas” não é a livre associação, é a exposição em alta voz da livre associação.

Os malucos extravasam o pensamento desconexo, os “normais” o guardam dentro da cabeça.

Nos “normais” o potencial para a maluquice se manifesta e é reprimido, mas, em compensação, é possível amalucar o tempo todo quando se deixa o pensamento correr frouxo e sem fronteiras.

Esse é o padrão de consciência coletiva que herdamos dos nossos antepassados, e que escraviza a humanidade.

É um padrão que foge do “agora”. É como se o momento atual não tivesse nada de interessante para ser vivido, e precisássemos buscar refúgio na fuga do pensamento que invariavelmente nos leva para longe do lugar onde estamos agora.

Muitas pessoas vivem desse jeito, mas ninguém conta. E se bobear, ainda nega.

É possível que só se deem uma trégua quando durmam, e é possível que vivam sem terem consciência do fato, crendo que esse é o padrão normal de pensamentos.

Segundo pesquisas científicas, obter plena consciência do padrão saudável de pensamentos é uma necessidade ignorada pela maior parte da humanidade.

Quando se tem consciência, metade do problema já foi resolvido. A outra metade depende de treino. Analise o que você pensa, e a sequência em que pensa, o que pensa.

Se de céu você emenda com pássaro, e de pássaro com nuvem, e de nuvem com tempestade, e de tempestade com janela, e de janela com a diarista que não limpou a janela, e segue nessa toada sem lógica até perceber, duas horas depois, que voltou a olhar para o céu porque nada na terra te levou a lugar algum, então você não é muito diferente do maluco da esquina, embora ninguém mais saiba disso.

O pensamento não pode ser um macaco que macaqueia de um galho para o outro, de forma a te consumir sem que você assuma a consciência e a direção do seu pensar.

Pare! Adote a respiração consciente e pratique a presença. Esteja presente com seus pensamentos no lugar onde você se encontra agora.
Se o pensamento “fugir” faça a recaptura. Tente isso, sempre que se lembrar.

Estar presente é estar concentrado naquilo que vc faz, não necessariamente como uma tarefa, para atingir um determinado fim, mas para absorver o momento.

Você pode lavar a louça, por exemplo, não apenas para que a louça fique limpa, mas para sentir a água, a espuma, o seu corpo em pé ao lado da pia, a textura da esponja, e todos os estímulos que essa tarefa lhe proporciona.

Enquanto se concentra no “agora” o seu pensamento “não voa”. E se voar, que seja para saborear o voo com toda a força da sua consciência. Voe, mas voe no controle do seu avião.

Não entregue para o “macaco”, para a mente inconsciente, a tarefa de viver por você. Treinar a prática é uma semente para a iluminação interior. Quanto mais prática, mais presença.

Se este texto despertou a sua atenção, procure bons autores que possam lhe esclarecer ainda mais sobre a prática da presença. Não é um caminho fácil e sem tropeços, mas é o único caminho que pode nos levar ao descanso de uma vida plena.

Imagem de capa: Microgen/shutterstock

Uma estranha rebeldia de não querer mais sonhar.

Uma estranha rebeldia de não querer mais sonhar.

Passamos por tantos furacões nessa vida que, depois de um certo tempo, começamos a pensar que o chão nunca mais vai parar de ceder. Que nunca mais vamos encontrar a segurança da terra firme.

Quando parece não haver mais nada que nos sustente de pé, nos resta apenas a companhia enfadonha das nossas incertezas.

Não vemos atalhos nem rotas interessantes. Não queremos sair do nosso lugar comum, da redoma habitual, de onde assistimos ao desmoronamento dos nossos sonhos.

O conformismo chega e não vem só. Desânimo. Tristeza. Apatia. Uma estranha rebeldia de não querer mais sonhar. Um certo desdém pelas coisas bonitas, que agora não são mais tão atraentes assim porque nossos olhos estão nublados.

O desânimo cega, a comodidade nos leva a imaginar que onde estamos é o nosso lugar. Que só acontece o que tem de acontecer.

Então, começamos a desembrulhar o leque de frases feitas e sem sentido algum. Cessaram aquelas lágrimas alegres diante de uma flor. Aquele deslumbramento depois de observarmos as cores esvoaçantes de uma borboleta foi pro ralo. O riso farto foi fatalmente atingido pela bala perdida da incredulidade. O furacão veio com tudo e enterrou aquela mania de alegria. Aquele olhar de descoberta, que despia e desembrulhava cada cantinho da vida desapareceu.

Agora, andamos pela casa “camisolentos”, com uma quietude no olhar. Uma deselegância nos gestos. Uma mania de colocar rótulo em tudo e antecipar o que o outro vai dizer. Não sabemos mais conversar, abrimos a boca só pra dizer não. Recusamos convites, afrouxamos os abraços e seguimos cambaleantes, boiando numa realidade desbotada, quase trágica.

Cada vez mais quietos, colecionamos uma pilha de ressentimentos e acolhemos o silêncio como guia. Dizemos adeus pro que antes enchia o peito. Deixamos de regar as sementes vistosas da esperança. Arquivamos os sonhos nas gavetas mais fundas pra não correr o risco de encontrá-los em cima da mesa.

É o tempo que não sobra. O amor que não vem. O cansaço que massacra as pálpebras. As contas pra pagar. As prioridades que até hoje não sabemos o motivo de considerá-las assim, já que não fazemos parte delas.

E então, só depois da passagem do furacão é que refletimos sobre essa coisa movente e finita que é a vida. Do tempo que escorre depressa demais.

Percebemos que o furacão passou, mas a desordem ainda vigora. O telhado ainda molha e as infiltrações ameaçam o pouco que restou intacto.

Então, despertamos do sono temporário e iniciamos a limpeza de dentro pra fora, investimos pesado na ornamentação interna, nos laços de fita e aromas sutis. Reconstruímos o cenário, com a certeza de que, não controlamos nada. De vez em quando, tudo desaba e cabe a nós esse recolhimento necessário, que serve para nos empurrar mais fortes para os braços da vida.

Imagem de capa: Stokkete/shutterstock

Naquela esquina

Naquela esquina

Andava distraidamente naquele dia como andava em todos os demais dias. Sem necessidade de pensar muito no que fazia. Afinal, eu era apenas uma pessoa comum, em um lugar comum, fazendo uma atividade que à mim era comum. Em dado momento me aproximei de uma esquina. Aquela esquina. Parei. Precisava olhar para os lados antes de atravessá-la. Foi quando olhei para a esquina de cima. O sinal de lá acabara de fechar. E você, era o primeiro da fila a esperar com seu veículo. Percebi que era você porque no momento em que olhei, você se assustou e virou o rosto, na vã tentativa de me mostrar que não me vira. Sua tentativa de disfarce acabou por te denunciar.

O sinal fechar no momento em que você seguia com seu veículo. Eu atravessar a rua no momento em que seu sinal fechara. Nossos olhos se cruzarem no momento em que eu, distraída, me preparava para passar por aquela esquina. O relógio marcando o mesmo tempo. A geografia marcando o mesmo lugar. Fiquei a pensar em quantos acasos foram necessários para que aquele acaso ocorresse. Talvez muitos. Ou nenhum. Talvez aquilo não significasse muito, afinal.

Por um momento, após te olhar por uma fração de segundos, estive titubeante sobre qual atitude tomar. Mas logo percebi que seguir em frente não era só a melhor como era também a única alternativa plausível. E então atravessei a rua sem olhar pra trás, deixando ali um passado recente que se tornava cada vez mais distante.

Naquela esquina, nossas vidas, agora tão indiferentes uma à outra, se cruzaram mais uma vez. Mas elas não se tocaram e algo me disse que nunca mais se tocariam.

Imagem de capa: Izabela Magier/Shutterstock

Esquecendo pessoas e livros

Esquecendo pessoas e livros

– Moço, você esqueceu seu livro – veio correndo a senhora com um monte de sacolas, esbaforida, até a porta do metrô. Eu agradeci e disse que não tinha esquecido, mas que tinha soltado o livro. Ela ficou ali embasbacada sem saber o que fazer com aquilo, aquilo que eu tinha esquecido de propósito para que outra pessoa encontrasse e fizesse melhor proveito.

Ela me olhava como se eu fosse um marciano enquanto o metrô se afastava da estação Pinheiros. Eu a entendo. A gente não foi mesmo educado pra libertar, coisas e pessoas. Se há amor, há de ser pra sempre nosso. Se há apego, há de estar pra sempre com a gente. E assim vamos colecionando pessoas e livros que não nos servem de nada, que não nos emocionam mais, para quem não damos tempo, atenção. Pessoas por quem passamos os olhos diariamente, mas não lemos.

Assim como o livro, você jura diariamente que amanhã terá um tempo pra ela, jura que vai mergulhar nela, mas sua promessa rasa não carrega nada além de apego e culpa. Culpa danada. A organizadora oriental Marie Kondo costuma dizer que se você não leu um livro de cabo à rabo quando o comprou, provavelmente não o lerá nunca mais. De igual modo, pessoas também vão ficando empoeiradas, também perdem o sentido, também são acumuladas na rotina diária. Triste, triste.

A gente guarda mesmo, pessoas e livros que não têm nada a ver com a gente porque aprendemos que tudo que cruza nosso caminho precisa ser nosso. Mesmo que não faça nenhum sentido, como colecionar pedras ou engaiolar pássaros. Você ama mesmo essa pessoa que amanhece contigo todos os dias ou só está com ela porque se acostumou? Você a ama ou só teme que alguém seja mais feliz com ela? Você a ama ou promete todos os dias que vai amá-la direito amanhã? Poeira que é lágrima em pó, acúmulo de tristeza.

E assim, ambos vão ocupando um espaço danado onde poderia habitar justamente a felicidade do outro. Olhe à sua volta, para as pessoas e livros, se elas não fazem mais sentido, se não há mais amor, talvez seja a hora de soltá-las, de esquecê-las carinhosamente para que outra pessoa as possa encontrar pelo caminho.

Imagem de capa: Viktoriya Heart/shutterstock

Quem concorda com tudo não tem escuta. Tem medo de dizer o que pensa.

Quem concorda com tudo não tem escuta. Tem medo de dizer o que pensa.

Não, você não precisa concordar com tudo o tempo todo só para não se indispor com seja lá quem for. Também não precisa gostar do que todo mundo gosta só para não estar só. Nada disso. Entre outras coisas, liberdade serve para isso mesmo. Para discordarmos de quem quisermos, quando desejarmos. Discordemos, pois!

Acredite. Concordar com tudo não faz de você alguém que tem “escuta”. Faz de você um capacho. Tem gente por aí tentando provar o contrário, mas você e eu ainda somos livres para ter opinião. E quem abre mão de seu direito à opinião neste mundo tem a mesma relevância de um repolho. Um repolho cortado ao meio. Um vegetal no último estágio de sua existência. Vegetando à espera da bocarra alheia ou do latão do lixo.

É raro, mas ainda que você tenha um milhão de amigos, mesmo que encontre um número imenso de pessoas pela vida, mil, dez mil, cem milhões, ainda que conte com um batalhão de afetos, admiradores, discípulos, funcionários e afins, acredite: você não precisa agradar a todos eles a toda hora. Não pode concordar com eles sempre, de qualquer jeito, e nem deve, da mesma forma, roubar-lhes a liberdade de discordar de você quando quiserem. Então, por caridade, fuja da obrigação de contentar a qualquer custo quem estiver perto.

Nunca faltarão espíritos de porco anunciando aos quatro cantos que você são sabe ouvir, “não tem escuta”, que é isso ou aquilo só porque ousou recusar o que lhe tentaram empurrar goela abaixo. Mas alto lá! Diferente do que desejam alguns, “saber escutar” é diferente de concordar com tudo o que lhe dizem. Você pode muito bem ter um bom ouvido e manter intacta a sua liberdade de acreditar ou não, concordar ou discordar. Mas é bom se preparar para a cara feia, o desafeto e a gritaria de quem não suporta ser contrariado. Que seja. Deixe estar. Limpe a sola na grama e siga em frente.

Aliás, será mesmo que “amigo” é aquele a quem não se pode desagradar jamais? Será de fato que os nossos melhores amigos são aqueles de quem nós nunca discordamos? Se lhe resta alguma esperança mínima de acreditar que sim, desista. Não vai dar. Quem acha possível encantar de qualquer jeito a Deus e ao mundo perde tempo, dinheiro, amor próprio, respeito, saúde. E há de se frustrar para sempre. Discordar é preciso de quando em vez.

Você sabe. Os impecáveis de plantão adoram pontificar sobre a verdade das coisas e a fórmula da perfeição. Estão sempre aí, feito emas pescoçudas, escondidas na moita, à espreita, esperando para disparar suas normas de conduta. São os de sempre, bradando velhas regras caquéticas copiadas de outro alguém: “ah, o amor de verdade não acaba”, “quem ama não tem medo de nada”, “leite com manga dá congestão” e outras piadas. Tudo assim, determinado por decreto. Verdades absolutas.

Montados em certezas de quatro patas, eles vêm com a profundidade de um pires e a sabedoria das capivaras disparando convicções. Olhe ao redor. Tem sempre uma moita balançando por perto. Você respira mais alto e pronto. Um monstro pavoroso lhe salta à frente e lhe cospe na cara uma certeza pegajosa. É aí que começa o trabalho pesado. Você vai ter de decidir entre concordar e discordar. Se consentir, abana a cabeça em silêncio para evitar a discussão e se junta à manada. Agora, se resolver discordar, prepare-se. Você vai assumir a forma de um bicho odioso, um ser “do contra”, um “antipático”, “metido a besta” e outros elogios.

Que seja. A escolha é sua. A vida é sua. Você é livre para concordar ou discordar de quem quiser, não precisa gostar do que todo mundo gosta e nem odiar o que todos odeiam. Vá para onde você deseja estar. Porque o lugar-comum para onde todos seguem, lá onde vivem os que concordam com tudo, anda entupido de gente chata e cruel jogando lixo no chão, falando alto em fila de cinema, maltratando empregado, socando a esposa em casa e alegando com cara de santo que “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”.

Para quem está disposto a pagar o preço de divergir, dizer o que pensa e sobreviver ao ataque, a vitória é doce. É o gosto bom de discordar ou concordar quando quiser e seguir adiante, enquanto observa de longe a matilha dos gênios a postos, uniformizados, paralisados no tempo e no espaço à espera de novos alvos, como velhas chaves penduradas num prego, esquecidas pelo mundo, fiscalizando a vida que amanhece e anoitece seu dia vai, dia vem. Bem ali, logo acima do latão de lixo carcomido, onde jazem meios repolhos jogados fora.

Imagem de capa: pathdoc/Shutterstock

O leite só ferve quando você sai de perto

O leite só ferve quando você sai de perto

Em meados dos anos 80, lá em Minas, o costume era comprar leite na porta de casa, trazido pela carroça do leiteiro, que vinha gritando “Ó o lêeeeeite!!!”.

Minha mãe corria porta afora e o leite _ fresquinho, gorduroso e integral_ era despejado na leiteira para nosso consumo. Porém, era um leite impuro, não pasteurizado, e necessitava ser fervido antes de consumir.

No início, minha mãe tinha um ritual no mínimo interessante para esse evento: Colocava o leite na fervura e saía de perto. Literalmente esquecia. Simplesmente I.g.n.o.r.a.v.a.

É claro que o leite fervia, subia canecão acima e despencava fogão abaixo. Eu era criança, e quando via a conclusão do projeto, gritava: “Mãe!!! O leite ferveu!!! Tá secaaaannndo…” e ela vinha correndo, apavorada, soltando frases do tipo “Seja tudo pelo amor de Deus…” e desandava a limpar o fogão, o canecão, e ver o que sobrou do leite_ pra tudo se repetir no dia seguinte, tradicionalmente.

Até hoje não entendo o porquê desta técnica. Parecia combinado, tamanha precisão com que ocorria. Mais tarde, ela mudou de estratégia. Eu já era maiorzinha e podia ficar perto do fogo. Assim, ficava ao lado do fogão, de olho no leite esquentando_ pra desligar assim que a espuma subisse, impedindo que transbordasse. Foi assim que aprendi uma grande lição:

O leite só ferve quando você sai de perto.

Não adianta ficar sentada ao lado do fogão, fingir que não está ligando; até pegar um livro pra se distrair. É batata: ele não ferve. Parece existir um radar sinalizador capaz de dotar o leite de perspicácia e estratégia. Porque também não basta se afastar fingindo que não está nem aí. O leite percebe que é só uma estratégia. E só vai ferver ( e transbordar) se você esquecer DE FATO.

A vida gosta de surpresas e obedece à “lei do leite que transborda”: Aquilo que você espera acontecer não vai acontecer enquanto você continuar esperando.

Antigamente o sofrimento era ficar em casa aguardando o telefone tocar. Não tocava. Então, pra disfarçar, a gente saía, fingia que não estava nem aí (no fundo estava), até deixava alguém de plantão. Também não tocava. Porém, quando realmente nos desligávamos, a coisa fluía, o leite fervia, a vida caminhava.

Hoje, ninguém fica em casa por um telefonema, mas piorou. Tem email, msn, facebook, whatsApp, e por aí vai. O celular sempre à mão, a neurose andando com você pra todo canto. E o leite não ferve…

Acontece também de você se esmerar na aparência com esperança de esbarrar no grande amor, na fulana que te desprezou, no canalha que te quer como amiga. Então ajeita o cabelo, dá um jeito pra maquiagem parecer linda e casual, capricha no perfume… e com isso faz as chances de encontrá-lo(a) na esquina despencarem. Esqueça baby. O grande amor, a fulaninha ou o canalha estão predestinados a cruzarem seu caminho nos dias de cabelo ruim, roupa esquisita e vegetal no cantinho do sorriso.

Do mesmo modo, se quiser engravidar, pare de desejar. Não contabilize seu período fértil e desista de armar estratégias pro destino. Continue praticando esportes radicais, indo à balada, correndo maratonas. Na hora que ignorar de verdade, dará positivo.

A vida _como o leite_ não está nem aí pra sua pressa, pro seu momento, pra sua decisão. Por isso você tem que aprender a confiar. A relaxar. A tolerar as demoras. A não criar expectativas. A fazer como minha mãe: I.g.n.o.r.a.r…

E lembre-se: Tem gente que prefere ser lagarta a borboleta. Sem paciência com os ciclos, destrói seu casulo antes do tempo e não aprende a voar…

Imagem de capa: ViChizh/shutterstock

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