Chorar não é fraqueza, desanimar não é desistir.

Chorar não é fraqueza, desanimar não é desistir.

Tem dias em que eu desanimo e você pode me perguntar o porquê, mas eu não saberei te responder. É apenas desânimo. Um dia ruim que a gente não vê a hora de acabar. Espera ansiosamente o amanhecer para ver se as coisas melhoram. Ultimamente, muita coisa mudou na minha vida – e quem disse que mudança é fácil? É difícil. Dói.

Dói ter que tomar algumas decisões, por mais que elas sejam necessárias. Hoje eu vim aqui pra te dizer que tudo bem você desanimar e não estar bem. Não temos a obrigação de sermos felizes 24 horas por dia. Tudo bem você sentir que hoje o dia não está rendendo e que talvez tudo o que você precise é chegar em casa e dormir. Todos nós precisamos de um tempo a sós com os nossos pensamentos, os nossos sonhos e os nossos planos. É saudável querer tirar um tempo para repensar na nossa vida e traçar outros caminhos.

Hoje é só um dia ruim e não se cobre tanto por se sentir assim. É bonito e respeitoso se permitir sentir. Eu espero que esse tempo sirva como reflexo e impulso para novas coisas e novos rumos na sua vida. Que um dia ruim não seja um entrave para o sucesso de um caminho lindo que você tem pela frente. Que seja apenas uma parada para pegar mais fôlego, a fim de continuar essa jornada. Acredite: Dias melhores virão. A tempestade sempre passa e, com ela, vem a calmaria. Pode ser que aquilo que você tanto espera, tanto deseja, ainda não tenha chegado. Pode ser que você esteja desesperado ou aflito com tantos problemas aparentemente sem solução. Talvez seja a hora de dar uma pausa, repensar em tudo o que tem acontecido e resgatar as suas forças. A gente tem a mania de achar que não consegue, que não é capaz, quando de fato somos fortes até demais.

Chorar não é fraqueza, desanimar não é desistir. Pensar em desistir não é ação, é apenas pensamento. Ter medo não significa ausência de coragem e, acredite, você tem feito muito. Você tem lutado e logo a recompensa virá. Sempre vem. A verdade é que, quando menos se espera, a gente se surpreende. Grandes coisas acontecem. Pequenos milagres diários acontecem em nossa vida e deixamos de perceber isso esperando grandes acontecimentos. Por isso, quando o cansaço e o desânimo baterem, respire fundo e tire um tempo para você. Pode ser que grandes coisas já estejam acontecendo, mas você está tão farto de tudo que não consegue ver.

Imagem de capa: Africa Studio/shutterstock

Sete maneiras inteligentes de lidar com pessoas tóxicas

Sete maneiras inteligentes de lidar com pessoas tóxicas

Por MARC CHERNOFF

A convivência com os altos e baixos de uma pessoa e com sua constante flutuação de humor pode ser um desafio e tanto. Mas é importante ter em mente que esta pessoa temperamental e negativa talvez esteja passando por uma fase difícil da vida – que pode envolver uma doença, um estado de ansiedade crônica, ou mesmo a carência de amor e apoio emocional. Tal pessoa precisa de alguém que a ouça, que lhe dê apoio, e que cuide dela (mesmo assim, seja qual for a motivação deste comportamento temperamental e negatividade, haverá momentos em que você terá necessidade de se proteger disso tudo).

Porém, há outro tipo de comportamento temperamental e negativo: o do indivíduo que usa suas oscilações de humor como pretexto para intimidar e manipular os outros. Esta tendência à flutuação de humor acaba perpetuando um clima propício aos abusos e à infelicidade. Observando esta pessoa com atenção, você notará que a atitude dela é completamente autocentrada. A prioridade dos relacionamentos que ela mantêm estará associada ao modo como as pessoas de seu convívio podem servir para atender às suas necessidades egoístas. É neste tipo de relacionamento tóxico que eu gostaria de centrar o foco, neste texto.

Estou convencido de que ninguém tem o direito de impor suas nocivas oscilações de humor (tais como e-mails com “correntes” de mensagens ameaçadoras) a outrem, sob quaisquer circunstâncias. Portanto, como lidar bem com as consequências nocivas do implacável veneno destilado por estas pessoas?

1. Afaste-se desta pessoa.

Se você convive com alguém que sempre tenta criar um clima emocional destrutivo, não tenha dúvidas: esta pessoa é tóxica. Se o comportamento dela lhe causa sofrimento, e a compaixão, a paciência, os conselhos e a atenção que você lhe dedica não parecem surtir efeito – e, além disso, ela não parece dar a mínima –, é o momento de você se perguntar: “Preciso desta pessoa em minha vida?”

Quando você se afasta de uma pessoa tóxica num determinado ambiente, o ar fica muito mais arejado.

Sempre que a situação lhe permitir, ignore-a e siga em frente com sua vida. Tome uma atitude enérgica, e identifique o momento de dar um basta. Afastar-se de uma pessoa tóxica não significa que você a odeia, ou que você lhe deseje algum mal; isso simplesmente quer dizer que você dá valor ao seu próprio bem-estar.
Uma relação saudável envolve reciprocidade; deve haver espaço para dar e receber, sem que uma das partes esteja sempre doando, e a outra sempre recebendo. Se, por um motivo qualquer, você tiver de conviver com uma pessoa tóxica, leve em consideração os aspectos abaixo.

2. Pare de fingir que o comportamento desta pessoa não é nocivo.

Se você descuidar, a pessoa tóxica poderá recorrer a atitudes temperamentais com o objetivo de receber tratamento preferencial, já que… bem… acalmá-la pode parecer mais uma tarefa mais fácil do que ter de ouvir resmungos. Mas não se engane: no longo prazo, quem vai sofrer com isso é você. Uma pessoa tóxica não mudará de comportamento se estiver obtendo recompensas pelo fato de não mudar. Tome a firme decisão de não se deixar influenciar pelo comportamento desta pessoa. Pare de “pisar manso” quando estiver ao lado dela, e deixe de ser condescendente com seu comportamento agressivo.

O esforço de tolerar uma pessoa negativa, e que sempre cria drama diante das situações, nunca é compensador. Se uma pessoa com pelo menos 21 anos de idade não é capaz, de modo geral, de ter o comportamento de um adulto sensato e confiável, é chegada a hora de adotar a recomendação a seguir.

3. Diga a ela o que você pensa, de modo claro e sem rodeios!

Defenda-se. Há pessoas dispostas a qualquer coisa para obter ganhos pessoais às custas dos outros – furar fila, furtar dinheiro ou bens, praticar bullying, menosprezar alguém ou fazê-lo sentir-se culpado etc. Não tolere esse tipo de comportamento. Na maioria dos casos, estas pessoas sabem que estão agindo de modo errado e, se colocadas contra a parede, tendem a recuar em suas atitudes nocivas. Em muitas interações sociais, as pessoas tendem a tolerar os indivíduos tóxicos, até o momento em que alguém toma uma atitude, e diz o que pensa, com clareza. Você pode muito bem assumir este papel!

A pessoa tóxica poderá usar a raiva como uma estratégia para influenciar você, não lhe dar ouvidos quando você está tentando dizer algo, ou mesmo interromper o que você está dizendo, e começar a dizer coisas negativas a respeito de algo a que você dá valor. Se você disser claramente o que pensa, e enfrentar diretamente este comportamento temperamental, ela poderá ficar surpresa, ou mesmo chocada, por você ter invadido o “território” dela. Seja como for, é importante ser claro e direto, sem fazer rodeios.

Se, ao relacionar-se com esta pessoa, você jamais fizer qualquer referência a este comportamento tóxico, corre o risco de enredar-se nas manipulações dela. Por outro lado, se você contesta abertamente estas atitudes, ela poderá eventualmente se dar conta do impacto negativo de tal comportamento. Por exemplo, você pode dizer:
 “Você parece zangado(a). Tem algo te incomodando?”
 “Você parece entediado(a). O que eu estou dizendo soa desnecessário pra você?”
 “Você está me aborrecendo com seu comportamento. Era esta a sua intenção?”

Frases diretas como estas podem desarmar a pessoa, caso ela realmente esteja usando seu comportamento temperamental como um modo de manipulação. Tais comentários podem também servir de porta de entrada para que você possa ajudá-la, caso ela esteja realmente enfrentando um problema sério.

Ainda que a pessoa lhe pergunte: “O que você quer dizer com isso?”, e negue a própria atitude, pelo menos você a alertou que este comportamento já é um problema bem conhecido de todos que a cercam, e que não é somente uma estratégia que ela pode usar para manipular os outros sempre que quiser.

Mas se ela continuar negando, talvez seja o momento de…

4. Ser mais enérgico(a).

A sua dignidade poderá ser ridicularizada e violentamente atacada, mas ninguém poderá tirá-la de você, a menos que você permita. Trata-se, aqui, de encontrar energia para defender os limites do seu território.

Deixe muito clara a sua recusa a insultos ou a atitudes de menosprezo. Para ser sincero, nunca tive bons resultados no enfrentamento com uma pessoa realmente tóxica (o pior tipo de gente que existe), enquanto ela me agredia. A melhor reação que já tive foi a seguinte frase, dita em tom irritadiço: “É uma pena que você tomou meu comentário de modo pessoal”. Uma estratégia muito mais eficaz foi abortar a conversa, num tom de “delicadeza nauseante”, ou de modo simplesmente abrupto. A mensagem será clara: não haverá recompensa para as “alfinetadas” desta pessoa, e você se recusa a participar de um jogo de manipulações.

A pessoa realmente tóxica tende a envenenar todas as pessoas ao redor; se você o permitir, será afetado por este veneno. Se você já recorreu à argumentação, e isso não surtiu efeito, não hesite em afastar-se desta pessoa e ignorá-la, até que ela perceba a necessidade de mudança de atitude.

5. Não tome este comportamento tóxico de maneira pessoal.

O problema é deste indivíduo, não seu. LEMBRE-SE DISSO.

Há grandes chances de que esta pessoa tente insinuar que, de algum modo, você é quem agiu errado. E, já que o sentimento de culpa tende a ser um peso considerável para a maioria das pessoas, a mera insinuação de ter feito algo errado poderá abalar sua autoconfiança e minar sua determinação. Cuide para que isso não aconteça com você.

Lembre-se: se você não toma nada de maneira pessoal, isso lhe dá uma enorme liberdade. A maioria das pessoas tóxicas age de modo negativo não apenas com você, mas com todos ao redor. Mesmo quando a situação parece ser de natureza pessoal – mesmo que você se sinta diretamente insultado(a) –, em geral, isso não tem nada a ver com você. As coisas que esta pessoa diz e faz, e as opiniões dela não passam de um reflexo dela própria.

6. Exercite a compaixão.

Há momentos em que vale a pena demonstrar empatia pela pessoa tóxica que claramente está enfrentando situações difíceis, ou sofrimentos por causa de uma doença. Não resta dúvida de que algumas destas pessoas estão, de fato, angustiadas, deprimidas, ou até mesmo doentes mental ou fisicamente; ainda assim, é preciso distinguir entre problemas legítimos e a maneira como esta pessoa o trata. Se você seguir justificando e relevando atitudes de uma pessoa pelo fato de ela estar angustiada, fisicamente doente, ou mesmo deprimida, isso servirá de estímulo para que ela use a própria circunstância infeliz como um meio para atingir os fins.

Há alguns anos, trabalhei como voluntário num hospital psiquiátrico para crianças. Atuava como orientador para Dennis, um garoto que recebera o diagnóstico de transtorno bipolar. Às vezes, Dennis se revelava um menino difícil, e, no momento em que seus conflitos vinham à tona, xingava a todos, com palavras obscenas.

Ninguém nunca o advertia sobre suas explosões; àquela altura, eu tampouco fazia isto. Afinal, ele é clinicamente “louco”, e não tem controle sobre isso, não é mesmo?

Certo dia, levei Dennis a um parque, e começamos a brincar com uma bola. Uma hora depois, ele teve uma de suas crises, e começou a me xingar. Em vez de ignorar, eu lhe disse: “Pare de me agredir, e de me xingar. Sei que você é um menino legal, e que pode ser bem mais legal do que está sendo agora”. Ele ficou de queixo caído, e tinha uma expressão atônita no rosto. Segundos depois, voltou a si e me disse: “Desculpe por ter sido agressivo, sr. Marc”.

A lição que tirei deste episódio: não é possível “ajudar” uma pessoa por meio do perdão incondicional a tudo que ela faz só porque ela tem problemas. Há muita gente passando por extremas dificuldades, mas que evita envenenar as pessoas com quem convivem. Só é possível agir com verdadeira compaixão quando se consegue impor limites. No longo prazo, uma postura de excessiva tolerância e condescendência não é saudável nem sensata para nenhuma das partes.

7. Reserve um tempo para si mesmo(a).

Caso você tenha de viver ou trabalhar com uma pessoa tóxica, e não lhe restar alternativa, lembre-se sempre da importância de reservar um tempo para si mesmo, para descansar e recarregar as baterias. Viver sempre o papel de um “adulto centrado e sensato” diante de uma pessoa temperamental e tóxica pode ser uma tarefa exaustiva; se você não tomar cuidado, este veneno pode infectá-lo. Lembre-se que mesmo as pessoas que estão enfrentando problemas legítimos e doenças clínicas conseguem compreender que você também tem problemas – o que significa que você também pode “sair de cena”, sempre que for necessário.

Você merece este distanciamento. Para poder refletir em paz, livre de pressões externas e de comportamentos nocivos. Sem ter de resolver quaisquer problemas, lutar pela preservação de seu território, ou agradar a ninguém. Há momentos em que você precisa simplesmente achar um tempo para si mesmo(a), longe do mundo agitado em que vive – mundo em que o tempo individual de cada pessoa não é uma prioridade.

Imagem de capa: Ana Blazic Pavlovic/shutterstock

Do original: 7 Smart Ways to Deal with Toxic People, de MARC CHERNOFF.

TRADUZIDO exclusivamente para CONTI outra pelo tradutor e revisor LUIS GONZAGA FRAGOSO

A arte de incomodar…

A arte de incomodar…

…ou como irritar os outros na atualidade sem fazer esforço. Hoje isto não é nem um pouco difícil. Tenha conteúdo, pense, reflita, saiba o que você quer de sua vida, se dedique a sua carreira com esmero, seja gentil e cordial com as pessoas, tenha caridade e ideologia. Com estes atributos é certo que você vai irritar muitas pessoas especialmente os que são superficiais, os que não sabem o que querem da própria vida, os que se entregaram à preguiça, os acomodados, os que não querem ter educação ou o mínimo de cordialidade.

As ideias de bondade, de tolerância, liderança, de sucesso trouxeram em conjunto com o esoterismo e com a distorção do pensamento do cristianismo a convicção de que é possível agradar a tudo e todos, basta querer. Milhares de livros de autoajuda prometem as chaves para fazer amigos, influenciar pessoas, como ser popular, treinamentos e condicionamentos para que o mundo esteja a seus pés na hora desejada.

Tudo bem que só não funciona, muito embora isto alimente financeiramente e ideologicamente várias seitas, cursos, toda indústria do faz de conta que se pode ser super…

Lembro que incomodei muito meus colegas no ensino médio, quando aos 16 anos comecei a ler Freud. Também lembro do celeuma em família quando decidi pela psicologia. Lembro quanto incomodei colegas de profissão quando fui estudar a fundo saúde mental para tratar pessoas com depressão, e do quanto incomodei quando fui chefiar um serviço de desintoxicação de dependentes químicos dentro de uma penitenciária.

Agir incomoda, pensar diferente irrita, e ter certezas sobre a existência é para muitos inaceitável.

Por vivermos em uma sociedade de pensamento hegemônico, massificada, de educação bancária com o padrão da ruptura da criatividade torna-se natural e necessário ao bom convívio que as pessoas se nivelem por baixo. Para que ser diferente se posso ser um nada coletivo, prestar um concursinho e virar um burocrata?

Muita gente vai ficar irritada ao ler este artigo. Especialmente os que abandonaram na vida seu dom, sua vocação genuína e se entregaram.

Outros vão se sentir aliviados, especialmente os que têm sofrido de certa dose de discriminação por que têm seguido a sério sua vocação. A individuação é um caminho solitário, árido e difícil.

Individuar exige a ruptura com o senso comum, com a alienação, dedicação, persistência, obstinação.

E buscar o sentido de vida, individuar incomoda muito muita gente. A evolução acentua naturalmente as diferenças e isto traz muitas pedradas e o sentimento de exclusão e incômodo.

Faz parte do caminho. Basta ler a biografia dos inventores, das pessoas notáveis ou a dos religiosos que você encontra isto lá. Duas dicas fundamentais: procure ter autoconhecimento, saber exatamente quem você é e o que quer; circule, tente expandir as fronteiras dos relacionamentos, isto ajuda a sobreviver.

Jorge Antônio Monteiro de Lima, analista, pesquisador em saúde mental, psicólogo

Fonte indicada: Diário da Manhã

Imagem de capa: baranq/shutterstock

Publicado na CONTI outra com autorização do autor.

Ela ainda não sabe o que quer, mas tem certeza do que não quer mais

Ela ainda não sabe o que quer, mas tem certeza do que não quer mais

Ela é quieta, contida, talvez seu olhar transmita distância, solidão. Mas ela fervilha por dentro, tem planos, constrói castelos e viagens, prestando atenção a si mesma. Ela já se decepcionou demais com as pessoas e, por isso, hoje ela coloca sua vida no topo de suas metas. Não é egoísmo, é retomada, é volta, é reconstrução.

Ela pode até passar por nós despercebida, parecendo alguém comum, que segue a vida como uma outra pessoa qualquer. Ela é quieta, contida, talvez seu olhar transmita distância, solidão. Mas ela fervilha por dentro, tem planos, constrói castelos e viagens, prestando atenção a si mesma. Ela já se decepcionou demais com as pessoas e, por isso, hoje ela coloca sua vida no topo de suas metas. Não é egoísmo, é retomada, é volta, é reconstrução.

Ela já acreditou em pessoas que não devia; já amou homens que não a queriam; já se calou diante da tirania alheia; já se esgotou, doando-se a quem não repartia. Ela foi fundo, porque sempre foi inteira. Ela amou demais, porque sempre foi verdadeira. Ela se abriu integralmente, porque sempre foi intensa. E, por isso mesmo, já enfrentou dissabores, colheu ingratidão, chorou sozinha, conhecendo o pior lado de um ser humano, ainda que tenha sempre ofertado o seu melhor.

Ela contava com os outros, dependia de algumas pessoas, plantava esperanças em terrenos duvidosos, porque seus sentimentos nunca foram nada além de certezas e seu amor nunca fora menos do que tudo. Não conseguia entender quem não se entregava, quem não se comprometia, quem não vivia verdades. Não podia aceitar que pudessem querer o mal do outro, somente por maldade mesmo. Para ela, cada um recebia o que merecia – mas por que nela doía, sendo que nunca machucava ninguém?

Às duras penas, muitas coisas ela teve que aprender pela dor, sofrendo o retorno ingrato de quem não a valorizava, inclusive batendo de frente com o vazio de quem nunca era capaz de deixar de lado a si mesmo em favor de ninguém, além de si próprio. Muitas lágrimas e noites em claro acumulou, até que começou a jornada ao encontro de si mesma e de seu coração. Passou a escutar o que seus sentimentos diziam, passou a demorar-se nos próprios sonhos, passou a agir sem ter que esperar pela boa vontade alheia.

Hoje, ela ainda carrega muitas dúvidas e incertezas, porém, já tem claro dentro de si tudo aquilo que não quer mais, quem não receberá sua confiança, quem não merecerá o seu melhor, quem não ficará junto. Porque ela sabe o tanto que lutou para chegar até ali, bem como quem caminhou ao seu lado nesse percurso. Ela está tranquila, pois nenhuma dúvida poderá ser maior do que a convicção que ela possui quanto ao que não poderá mais fazer parte dela. E é assim que aqueles olhos imensos carregam uma imensidão de sonhos a ser preenchida com sentimentos sinceros e gente de verdade, mesmo que sem alarde, afinal, hoje ela não precisa mais provar nada para ninguém.

Imagem de capa: Hvoenok/shutterstock

As coisas não mudam por dois motivos: ou é medo ou já é tarde demais

As coisas não mudam por dois motivos: ou é medo ou já é tarde demais

A hesitação em agir muitas vezes acaba culminando no desperdício de oportunidades únicas, que já terão ido embora quando resolvermos abraçá-las. Demorar-se demais nas dúvidas pode nos impedir de avançar na hora certa, de aproveitar o melhor momento, de optar por quem seria verdadeiro.

Mudar algo lá fora e mudar algo dentro de nós são tarefas muitas vezes difíceis e assustadoras. A gente gosta do que é certo, do que já está estabelecido, do que é constante. A gente até força e se ilude com o que supostamente já está ali do lado, com quem permanece faz tempo, com o que somos desde cedo. A zona de conforto é deveras cômoda e muitos não ousam questioná-la, pois isso requer uma coragem absurda.

Fato é que nunca teremos certeza absoluta quanto às tomadas de decisão que assumiremos vida afora, uma vez que a escolha implica, em si, também uma renúncia. Quando optamos por algo, deixamos para trás alguma coisa e assim nos questionaremos quanto à possibilidade de o que preterimos ter sido o que deveríamos ter mantido. Jamais teremos cem por cento de certeza sobre nossas escolhas, sobre o que devemos guardar e o que necessita ser jogado fora.

E dá medo. Medo de desistir de algo ou de alguém que merecia um pouco mais de insistência. Medo de ficar dando chances à mesma pessoa inutilmente, tendo outro alguém esperando somente uma chance nossa. Medo de partir para um emprego mais afim com nossas habilidades, porém incerto quanto à remuneração. Medo de mudar o corte de cabelo ou sua cor, de usar jeans rasgado, de opinar numa reunião. Medo de se arrepender.

E, por mais que nos alertem, por mais que nos sintamos incomodados, bem lá no fundo, por mais que o que não muda não nos anime, chegará um momento em que a dor por não mudar será insuportável. Teremos, então, que tomar uma atitude, caso desejemos sobreviver, seguir em paz, voltar a sorrir com verdade. Ou isso ou vivemos pela metade, sufocados, à margem da totalidade de sonhos que nos aguardam ali pertinho, sonhos nossos, mas que dependem de nossa coragem.

Infelizmente, a hesitação em agir muitas vezes acaba culminando no desperdício de oportunidades únicas, que já terão ido embora quando resolvermos abraçá-las. Demorar-se demais nas dúvidas pode nos impedir de avançar na hora certa, de aproveitar o melhor momento, de optar por quem seria verdadeiro. E então a lamentação será dolorosa, enquanto sentimos o que deveria estar junto se esvaindo por entre nossas mãos. E então será tarde demais. Como dói o tarde demais…

Temer errar não é de todo mal, pois o medo, muitas vezes, protege-nos e alerta-nos aos descaminhos que devemos evitar. Mesmo assim, precisaremos evitar nos acomodarmos junto ao que e a quem nada trazem de bom, nada acrescentam, em nada ajudam. Mais vale um caminho de lutas em busca do que nos faz feliz do que um repouso paralisante junto a incertezas que incomodam. Vamos ser felizes agora, que o depois demora muito.

Imagem de capa: Angelo Cordeschi/shutterstock

É muito barato ser feliz

É muito barato ser feliz

Hoje eu acordei estranha, meio fora de mim, angustiada e sem querer viver o dia de tanta coisa que eu tinha pra fazer. Cheguei no trabalho meio atordoada, sem conseguir me concentrar direito em nada, cada hora começava uma coisa e não terminava.

Vi o stories da minha melhor amiga que está viajando o mundo de bicicleta e comecei a chorar. Às vezes a gente acorda mesmo com uma angústia sem sentido, mas dá pra transformá-la em outra coisa ao longo do dia.

Chorei meio contida, mas chorei. Chorei por prestar atenção na letra da música que eu escutei pra malhar essa semana, pra você ver a profundidade da sensibilidade que eu estou ( a música é Heading Home do Gryffin – vamos ouvir e chorar juntos mentalmente de mãos dadas).

Saí pra almoçar e resolver umas coisas na rua. Coloquei a música no repeat e fui andando. Entrei numa rua que eu nunca tinha passado e me surpreendi com as casinhas coloridas, uma do lado da outra. Botafogo tem dessas surpresas.

E beleza, eu tinha que passar por essa rua hoje pra pegar uma encomenda, mas fiquei me perguntando por que a gente não se arrisca e não se permite se perder de vez em quando pra encontrar alguma coisa nova.

Fui andando e observando tudo em volta e tudo virou poesia de repente. Eu me encantei com todos os ângulos da rua, das pessoas, das cores.

Resolvi almoçar num lugar diferente, pedi uma taça de vinho branco. Por que não? Nada como apreciar nossa própria companhia. O dia tá lindo, ainda tenho meia hora pra voltar pro trabalho (aliás, estou escrevendo este texto no restaurante de esquina e olhando para uma palmeira toda verde lá no fundo em contraste com o céu azul. Meu deus vocês precisam ver isso).

Estou aqui pensando por que a gente não se permite fazer essas coisas de vez em quando. Dar um tempo, almoçar num lugar diferente sozinho, andar por novas ruas ouvindo música. A gente fica muito preso a uma rotina, mas a verdade é que podemos mudar o rumo das coisas todos os dias. E eu nem to falando de uma forma radical, não. Que seja pra tomar um sorvete no meio da tarde, mas é preciso estar totalmente entregue, sentindo cada colherada como se fosse o melhor momento da vida, degustando o presente sem pressa, só vivendo e sentindo um calorzinho no peito e o corpo todo arrepiado. Sabe aquele momento que você sabe que é feliz? Você sente e sabe, de alguma forma, que aquilo é a felicidade, pura e simples. Você sabe que vai lembrar daquele momento com saudade.

Eu geralmente me encanto com tudo e quem ta em volta me acha doida, porque eu olho pra qualquer coisa e me apaixono instantaneamente e choro e pulo e grito. Sei lá, por ver a palmeira em contraste com o céu, por exemplo. E ninguém entende. E deve ser um saco viver sem ter esses vislumbres instantâneos.

É muito barato ser feliz. Mas o que custa caro é a gente não se permitir sentir isso. Sei lá, parece que a gente se sente culpado por ser feliz. Tem tanta merda acontecendo no mundo, as pessoas estão super ansiosas e depressivas, por que eu vou me permitir ser feliz?

Mas sentir isso é a única forma de olhar pra trás e ter certeza de que a vida valeu a pena. A vida sempre vale a pena, aliás. E estar presente é a melhor forma de transformar o mundo, porque você consegue fazer as coisas que acredita sem se importar com o resultado e sim com o processo. Essas são ações mais puras e verdadeiras. São elas que mudam o mundo. Ou as pessoas, o que dá no mesmo.

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10 verdades que não deixam de existir, mesmo que sejam ignoradas.

10 verdades que não deixam de existir, mesmo que sejam ignoradas.

Por mais que tentemos nos enganar, a verdade, dura e certeira, baterá a porta. Nesse momento, o impacto de realidade que receberemos será proporcional ao tanto de verdade que fomos capazes de aceitar ao longo do tempo. A verdade não deixa de existir quando é ignorada.

As frases abaixo,  no mínimo, merecem alguma reflexão.

Tem alguém na porta. Você vai abrir?

1- Ter razão em um argumento não te autoriza a ser um cretino.

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2- Faça o que fizer o seu dia continuará tendo 24 horas. A sua vida, entretanto, será abreviada se você passar cada minuto desse tempo estressado e trabalhando.

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3- Sentir inveja é normal e humano, fazer o mal intencionalmente já é outra coisa.

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4- Você não é o que você tem, mas pode virar escravo disso bem fácil.

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5- 0 sucesso costuma vir depois de vários fracassos e o fracasso também pode voltar depois do sucesso. Seja humilde!

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6- Toda vez que você diz um sim querendo dizer não, acumula “nãos” para si mesmo.

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7- A inveja é um dos sentimentos mais destrutivos que existe. O invejoso prefere ver um “objeto” destruído do que sabe-lo possuído por outra pessoa.

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8- Nem todo mundo é bom. Você sabe disso. Mas você não é tão bom e nem tão esperto quanto pensa que é. Lide com isso.

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9- Pensar e fazer não são a mesma coisa. Uma pessoa ocupada não é necessariamente uma pessoa é produtiva. A vida precisa de um pouco de organização.

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10- Você não consegue controlar o que acontece com você na maioria do tempo, mas pode se esforçar para administrar melhor como lida com isso. Isso se chama inteligência emocional.

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6 características do assédio moral no trabalho- e como reagir

6 características do assédio moral no trabalho- e como reagir

Durante cinco anos da minha vida trabalhei como psicóloga diretamente em um órgão regional chamado Centro de Referência em Saúde do Trabalhador- CEREST. Lá, dentre outras coisas, uma das grandes demandas que recebíamos era a de profissionais que sofriam assédio moral no ambiente de trabalho. O assédio, entretanto, pode ser complexo e cheio de sutilezas. Como ele acontece ao longo do tempo, não é fácil identificá-lo, classificá-lo e, muito menos, provar que ele acontece. Para desmistificá-lo e ajudar as pessoas a identificarem seus sinais, listo abaixo sua definição e uma sequência de características que são frequentes em ambientes onde existe assédio. Em seguida, dou algumas orientações sobre como a pessoa que está passando por isso deve proceder para se fortalecer e reagir:

DEFINIÇÃO

O assédio moral é revelado por atos e comportamentos agressivos que visam a desqualificação, desmoralização e a desestabilização emocional do ofendido, tornando o ambiente desagradável, hostil e pernicioso, não raramente desencadeando na vítima um mal psicológico e físico.-  GUEDES, 2003.

CARACTERÍSTICAS

1- O assédio é realizado por profissionais despreparados para o cargo. Embora não seja regra absoluta, normalmente o assediador é um superior hierárquico. Entretanto, o assédio também pode acontecer entre colegas e de subordinados para a chefia;

2- A principal característica do assédio moral é a HUMILHAÇÃO E/OU PERSEGUIÇÃO DIRETA- ou INDIRETA- sofrida pela pessoa.

3-  É necessário que haja REPETIÇÃO dos atos do assediador, uma vez que situações isoladas não caracterizam assédio.

4- Por HUMILHAÇÃO podemos entender atos que INTENCIONALMENTE:

  • usem de brincadeiras (racistas, sexistas) e outros comentários fora de contexto e que visem denegrir a imagem do colaborador;
  • usem de ironia e descaso como ignorar um trabalho feito, desmerecer a inteligência, a formação, ou mesmo a presença do colaborador no ambiente de trabalho;
  • a não delegação de  trabalho ou delegar funções que estão aquém ou muito além do cargo para gerar constrangimento ou isolamento. Ex: Colocar o colaborador de castigo;
  • desvalorizar sofrimento físico ou emocional, mesmo mediante atestados médicos (dizer que a dor é frescura, que quem tem depressão não dá risada, etc);
  • não permitir que a pessoa fale ou que se defenda em uma argumentação;
  • punições desproporcionais às normas de conduta utilizadas pela empresa;
  • tom de voz alto, agressivo, depreciativo;
  • a alteração de horários do colaborador para isolá-lo dos colegas e impedir que socialize;
  • não permitir folgas, tratar de forma diferente do grupo;
  • pressão por cumprimento de metas com humilhações para quem não as atinge (dancinhas da garrafa, entre outras).

Nota: os tópicos acima não abrangem todas as possibilidades de humilhação e servem como exemplos para que a pessoa identifique alguns tipos de comportamentos que podem ser utilizados para humilhação e/ou perseguição.

5- A constância de situações de humilhação cria um isolamento progressivo do colaborador. Muitas vezes, os outros colegas de trabalho, embora presenciem as cenas, não apresentam posição ativa e de defesa do humilhado, gerando um sentimento ainda maior de injustiça e abandono. (na maioria das vezes o silêncio, tanto do abusado quanto dos cúmplices, está relacionado ao “medo de perder o emprego).

6- Progressivamente acontece uma fragilização emocional da pessoa que sofre o assédio e o aparecimento de quadros ansiosos e depressivos (ou mesmo outros quadros psiquiátricos, caso a pessoa possua propensão). Além dos quadros psicológicos, é comum o aparecimento de doenças psicossomáticas associadas que podem progredir até o afastamento do colaborador.

Nota: quanto mais doente fica a pessoa, mais o ciclo de destruição é alimentado, pois a fragilização é a prova de que os atos perversos estão surtindo todo o efeito desejado.

COMO REAGIR

Pense que você deve procurar ajuda primeiro perto das pessoas mais próximas e, só depois, se não houver opção, procurar outras esferas.

  • Informar-se sobre o tema- é importante que você saiba exatamente o que está acontecendo para poder argumentar e se defender. Às vezes sentimos que há algo errado, mas não sabemos explicar. Procure, pesquise, veja outras pessoas que já passaram por isso e tente entender um pouco mais sobre como elas agiram e quais as suas opções;
  • preste atenção se o alvo do assédio é apenas você, se é o grupo todo ou se é cíclico e, de tempos em tempos, o assediador escolhe uma pessoas para perseguir;
  • se for possível, fale com o seu superior direto: mesmo que o assediador seja o superior, é importante que um acordo de convivência seja buscado. Se isso não for possível, é possível falar com outras pessoas da empresa? O gerente de RH, por exemplo?
  • Procure um responsável do Sindicato de Classe ou do Ministério Público do Trabalho: os profissionais dessas áreas, quando disponíveis para atendimento ao público, podem oferecer informações valiosas e atuar diretamente com intervenções na empresa;
  • Busque apoio em profissionais de saúde mental, serviços de referência em saúde do trabalhador, famílias e amigos: aumentar a rede de apoio é fundamental. Lembre-se que você não tem que resolver nada sozinho e que aceitar ajuda é fundamental;
  • Em caso da necessidade de procurar ajuda jurídica, provavelmente o profissional pedirá provas. Mediante as sutilezas do assédio, é importante que a pessoa pense na possibilidade do depoimento de testemunhas, logo, procure estar sempre perto de outras pessoas no trabalho para que elas presenciem o que acontece com você. Guarde emails que podem indicar tratamento depressiativo, desvio de função, dificultação da escala de folgas, entre outras coisas.
  • Ou seja: INFORME-SE, ACEITE AJUDA- TRATE-SE- REAJA

Para finalizar, gostaria de lembrar que o assédio também é obra de um sistema que se torna perverso. Normalmente existe conivência das pessoas do entorno ou da direção para que aqueles atos continuem acontecendo. Por esse motivo, é fundamental que as pessoa reajam de maneira global. Se diversas pessoas reagem, tiramos uma única pessoa da posição de vítima e colocamos a força em um grupo que reivindica seus direitos de respeito e trabalho. Pensem nisso!

Imagem de capa:  pathdoc/shutterstock

Quando se ama, a fidelidade é um prazer e não um sacrifício

Quando se ama, a fidelidade é um prazer e não um sacrifício

Muito se discute sobre a fidelidade, sobre sua importância ou não, entre outros. A questão é que se trata de algo cuja importância diz respeito a cada casal, pois o que vale para um nem sempre valerá para todos. É assim com tudo na vida. O amor não precisa de contrato, mas sim de que cada parceiro saiba exatamente o que o outro requer, para não agir de modo a quebrar expectativas e promessas.

Se, desde o princípio, a fidelidade for um pré-requisito que tranquilize os sentimentos do parceiro, não haverá outro comportamento aceitável que não o do comprometimento em não sair com mais ninguém. Não existe, aliás, relacionamento em que não seja necessário fazer concessões, pois teremos que abrir mão de certas coisas, para ganharmos outras. Roda assim a manivela do mundo.

Nesse sentido, caso a pessoa não queira conceder em nada, em nenhum aspecto que seja, então terá que se contentar em viver sozinha e, se possível, longe da sociedade, porque a convivência social, por si só, já nos impõe o estabelecimento de limites, para que não se ultrapassem os terrenos alheios. Além disso, a mentira é muito cruel com quem atinge, ainda mais quando há amor verdadeiro envolvido. Dói muito.

Na verdade, não devemos criar expectativas demais, ainda mais quando o outro já nos dá indícios de que não corresponderá ao que tanto idealizamos. Da mesma forma, não conseguiremos encontrar alguém perfeito, ou seja, aceitar os limites do outro será necessário, para que também sejamos aceitos naquilo em que não agradamos. Ainda assim, muitas vezes o outro é que nos enche de ilusões e promessas, sendo as expectativas trazidas por ele mesmo. Daí a pessoa vacila feio e quebra tudo de uma tacada só.

A gente já sofre tanto por amor, porque a vida vai tirando as pessoas, os momentos, os animais de estimação, muitos sonhos, tanta coisa sai sem razão aparente. Não é justo termos que sofrer também por amar alguém que promete o que já sabe que não cumprirá. A gente se engana de propósito, sim, mas há pessoas que enganam deliberadamente, sob falsas aparências. Ninguém teria que passar por decepções amorosas; ninguém.

Temos que aprender algo bem simples: o amor resiste ao tempo, à distância, às doenças, à falta de dinheiro, à falta de conforto, mas jamais sobreviverá à falta da verdade. Como dizem, quando se ama, a fidelidade então será um prazer e nunca um sacrifício.

Imagem de capa: Goran Bogicevic/shutterstock

Morar sozinha é curtir a própria companhia

Morar sozinha  é curtir a própria companhia

Em tempos de solidão, transformo meu tempo em espaço e caminho pela casa de calcinha sem me importar com o que os vizinhos vão achar.

Morar sozinha é transformar vinho em amigo, é fazer da internet janela pro mundo e poder fechá-la quando bem entender pra abrir outra janela, a janela física, e olhar pro céu. É imaginar planetas distantes e amores incompletos. Imaginar ser qualquer coisa e dormir enrolada no cobertor quentinho com a certeza de que tudo é possível.

Morar sozinha é ler um livro inteiro de tarde sem ser interrompida, fazer quantas maratonas de série quiser. É poder descer e comprar um pote de sorvete, é poder fazer sua comida saudável e guardar em potinhos pro resto da semana.

É poder dançar no quarto sem medo de alguém entrar, é poder se perder na própria bagunça e ter o prazer de arrumar tudo depois. É poder deixar tudo impecável, nos mínimos detalhes. É poder fazer jantares, festas e pequenas reuniões de amigos. É poder chegar sozinha e acompanhada com a mesma emoção.

É poder fazer a decoração que quiser, passar a tarde de sábado pintando um pallet que você pegou na feira e vendo utilidade naquele spray dourado que ficou guardado no armário.

É perceber que plantas são a melhor forma de decorar a casa, mas depois entender o sentido que elas fazem por todos os dias crescerem um pouquinho.

Morar sozinha é pagar 300 reais pelo conserto de alguma coisa idiota e depois pensar que deveria aprender a fazer isso sozinha.

Morar sozinha pode ser bom e ruim, como tudo na vida. Dependendo do dia, bate aquela sensação de querer chegar em casa e desandar a falar com outra pessoa.. Falar sobre qualquer coisa,porque é bom saber que tem alguém te ouvindo.

Mas em compensação, em outros dias você só quer chegar em casa e não falar nada. Só quer deitar com o pé pra cima do sofá e ouvir seus próprios pensamentos.

Morar sozinha é poder ficar envolvida com alguma atividade até de madrugada e ficar tão empolgada com o que está fazendo que esquece quanto tempo já passou. Ao mesmo tempo é fazer um esforcinho pra levantar cedo e fazer um super café da manhã pra si mesma, porque sim.

Morar sozinha é conseguir ouvir o corpo, é saber acalmar a mente com a própria mente, é saber cuidar de si mesma. É se mimar de vez em quando, se trazer flores, deixar a luz entrar e mudar a vibe da casa com música.

É sentir-se livre por ser quem é, é saber que você nunca estará sozinha enquanto tiver a própria companhia.

Imagem de capa: Aila Images/shutterstock

Deixa eu te contar o que sei de você e de nós

Deixa eu te contar o que sei de você e de nós

Às minhas companhias de vida,

Afeto existe, não duvido. Minhas conclusões aqui não tratam dessa parte da relação.
Ao contrário, falam mais sobre como essa relação se formou e como é conduzida por nós, como dupla, concorrência ou grupo.

Sem ilusões…

…eu sei de você que me agrada para me manipular. Sei que os elogios nunca chegam sozinhos e sem intenções. E sei da sua extrema confiança nesse plano infalível de dar e tomar. Não protesto porque não quero te envergonhar, te fazer entrar em contato com sua própria e grande tolice.

…eu desconfio de você que me encontra sempre que quer e me perde com a mesma facilidade. Desconfio que essa relação é injusta, mas permaneço nela sem medo, porque aprendi a conviver com esse máximo que você pode me dar, ainda que seja o mínimo que eu mereça.

… eu intuo que você tem várias críticas e senões em relação às minhas ideias e ideais. Provavelmente, devo ter perdido alguns pontos na sua avaliação. E, razão de fora, ainda sinto dúvida se prefiro que me traga a verdade do que não te agrada, ou a delicadeza do silêncio que discorda sem briga.

… eu cogito te dizer algumas das minhas verdades, mas enquanto não sei como fazer sem o risco de magoar, prefiro me esforçar para entender as nossas diferenças e conviver com elas de forma impessoal.

… eu prefiro as cartas na mesa, mas se você escolhe as cartas na manga, então o jogo fica sem sentido e, para mim tanto faz ganhar ou perder.

De todas as relações possíveis, algumas serão sempre mais nevrálgicas do que outras.
Entender os códigos nos liberta de levar para o lado pessoal, de julgar que tudo é de propósito e direcionado para nós. As pessoas são diferentes e lidam de formas diferentes com suas relações.

Enquanto houver compreensão, não haverá mágoa, e, corre-se o risco até de se obter alguns progressos. Água mole em pedra dura…

Imagem de capa:  Syda Productions/shutterstock

“Que vontade de chorar…”, Rubem Alves

“Que vontade de chorar…”, Rubem Alves

Era uma manhã fresca e transparente de primavera. Parei o carro na luz vermelha do semáforo. Olhei para o lado – e lá estava ela, menina, dez anos, não mais. O seu rosto era redondo, corado e sorria para mim. “O senhor compra um pacotinho de balas de goma? Faz tempo que o senhor não compra…” Sorri para ela, dei-lhe uma nota de um real e ela me deu o pacotinho de balas. Ela ficou feliz. Aí a luz ficou verde e eu acelerei o carro, não queria que ela percebesse que meus olhos tinham ficado repentinamente úmidos.

Quando eu era menino, lá na roça, havia uma mata fechada. Os grandes, malvados, para me fazer sofrer, diziam que na mata morava um menino como eu. “Quer ver?”, eles perguntavam. E gritavam: “Ô menino!” E da mata vinha uma voz: “Ô menino!” Eu não sabia que era um eco. E acreditava. Nas noites frias, na cama, eu sofria, pensando no menino, sozinho, na mata escura. Onde estaria dormindo? Teria cobertores? Os seus pais, onde estariam? Será que eles o haviam abandonado? É possível que os pais abandonem os filhos?

Sim, é possível. João e Maria, abandonados sozinhos na floresta. Os seus pais os deixaram lá para serem devorados pelas feras. Diz a estória que eles fizeram isso porque já não tinham mais comida para eles mesmos. Será que os pais, por não terem o que comer, abandonam os filhos? Será por isso que as crianças são vistas freqüentemente na floresta vendendo balas de goma? Será que havia balas de goma na cesta que Chapeuzinho Vermelho levava para a avó? Será que a mãe de Chapeuzinho queria que ela fosse devorada pelo lobo? Essa é a única explicação para o fato de que ela, mãe, enviou a menina sozinha numa floresta onde um lobo estava à espera.

Num dos contos de Andersen uma menininha vendia fósforos de noite na rua (se fosse aqui estaria num semáforo), enquanto a neve caía. Mas ninguém comprava. Ninguém estava precisando de fósforos. Por que uma menininha estaria vendendo fósforos numa noite fria? Não deveria estar em casa, com os pais? Talvez não tivesse pais. Fico a pensar nas razões que teriam levado Andersen a escolher caixas de fósforos como a coisa que a menininha estava a vender, sem que ninguém comprasse. Acho que é porque uma caixa de fósforos simboliza calor. Dentro de uma caixa de fósforos estão, sob a forma de sonhos, um fogão aceso, uma panela de sopa, um quarto aquecido… Ao pedir que lhe comprassem uma caixa de fósforos numa noite fria a menininha estava pedindo que lhe dessem um lar aquecido. Lar é um lugar quente. Pois, se você não sabe, consulte o Aurélio. E ele vai lhe dizer que o primeiro sentido de “lar” é “o lugar da cozinha onde se acende o fogo.” De manhã a menininha estava morta na neve, com a caixa de fósforos na mão. Fria. Não encontrou um lar.

Um supermercado é uma celebração de abundância. No estacionamento as famílias enchem os porta-malas dos seus carros com coisas boas de se comer. “Graças a Deus!”, eles dizem. Do lado de fora, os famintos, que os guardas não deixam entrar. Se entrassem no estacionamento a celebração seria perturbada. “Dona, me dá uns trocados?” O menino estava do lado de fora. Rosto encostado na grade, o braço esticado para dentro do espaço proibido, na direção da mulher. A mulher tirou um real da bolsa e lhe deu. Mas esse gesto não a tranqüilizou. Queria saber um pouco mais sobre o menino. Puxou prosa. “Para que você quer o dinheiro?” perguntou. “Prá voltar prá onde eu durmo.” “E onde é a sua casa?” “Não vou voltar prá casa. Eu não moro em casa. Eu durmo na rua. Fugi da minha casa por causa do meu pai…”

Em muitas estórias o pai é pintado como um gigante horrendo que devora as crianças. Na estória do “João e o pé de feijão” ele é um ogro que mora longe, muito alto, nas nuvens, onde goza sozinho os prazeres da galinha dos ovos de ouro e da harpa encantada. Mãe e filho, lá embaixo, morrem de fome. Por vezes as crianças estão mais abandonadas com os pais que longe deles. Como aconteceu com a Gata Borralheira. Seu lar estava longe da mãe-madrasta e das irmãs: como uma gata, o borralho do fogão era o único lugar onde encontrava calor.

E comecei a pensar nas crianças que, para comer, fazem ponto nos semáforos, vendendo balas de goma, chocolate bis, biju. Ou distribuindo folhetos… Ah! Os inúteis folhetos que ninguém lê e ninguém quer e que serão amassados e jogados fora. O impulso é fechar o vidro e olhar para a criança com olhar indiferente – como se ela não existisse. Mas eu não agüento. Imagino o sofrimento da criança. Abro o vidro, recebo o papel, agradeço e ainda pergunto o nome. Depois, discretamente, amasso o papel e ponho no lixinho…

E há também os adolescentes que querem limpar o pára-brisa do carro por uma moeda. Já sou amigo da “turma” que trabalha no cruzamento da avenida Brasil com a avenida Orozimbo Maia. Um deles, o Pelé, tem inteligência e humor para ser um “relações públicas”…

Lembro-me de um menino que encontrei no aeroporto de Guarapuava. No seu rosto, mistura de timidez e esperança. “O senhor compra um salgadinho para me ajudar?” Ficamos amigos e depois descobrimos que a mulher para quem ele vendia os salgadinhos o enganava na hora do pagamento…

Um outro, no aeroporto de Viracopos, era engraxate. O pai sofrera um acidente e não podia trabalhar. Tinha de ganhar R$ 20.00. Mas só podia trabalhar enquanto o engraxate adulto, de cadeira cativa, não chegava. Tinha, portanto, de trabalhar rápido. Tivemos um longa conversa sobre a vida que me deixou encantado com o seu caráter e inteligência – ao ponto de ele delicadamente me repreender por um juízo descuidado que emiti, pelo que me desculpei.

E me lembrei das meninas e meninos ainda mais abandonados que nada têm para vender e que, à noitinha, nos semáforos (onde serão suas casas?), pedem uma moedinha…

Houve uma autoridade que determinou que as crianças fossem retiradas da rua e devolvidas aos seus lares. Ela não sabia que, se as crianças estão nas ruas, é porque as ruas são o seu lar. Nos semáforos, de vez em quando, elas encontram olhares amigos.

Os especialistas no assunto já me disseram que não se deve ajudar pessoas nos semáforos, pois isso é incentivar a malandragem e a mendicância. Mas me diga: o que vou dizer àquela criança que me olha e pede: “Compre, por favor…”? Vou lhe dizer que já contribuo para uma instituição legalmente credenciada? Me diga: o que é que eu faço com o olhar dela?

Minhas divagações me fizeram voltar ao Irmãos Karamazóvi, de Dostoiévski. Um dos seus trechos mais pungentes é uma descrição que faz Ivan, ateu, a seu irmão Alioscha, monge, da crueldade de um pai e uma mãe para com a sua filhinha. “Espancavam-na, chicoteavam-na, espisoteavam-na, sem mesmo saber por que o faziam. O pobre corpinho vivia coberto de equimoses. Chegaram depois aos requintes supremos: durante um frio glacial, encerraram-na a noite inteira na privada sob o pretexto de que a pequena não pedia para se levantar à noite (como se um criança de cinco anos, dormindo o seu sono de anjo, pudesse sempre pedir a tempo para sair!). Como castigo, maculavam-lhe o rosto com os próprios excrementos e a obrigavam a comê-los. E era a mãe que fazia isso – a mãe! Imagina essa criaturinha, incapaz de compreender o que lhe acontecia, e que no frio, na escuridão e no mau cheiro, bate com os punhos minúsculos no peito, e chora lágrimas de sangue, inocentes e mansas, pedindo a ‘Deus que a acuda’. Todo o universo do conhecimento não vale o pranto dessa criança suplicando a ajuda de Deus.”

Num parágrafo mais tranqüilo o starets Zossima medita “Passas por uma criancinha: passas irritado, com más palavras na boca, a alma cheia de cólera; talvez tu próprio não avistasses aquela criança; mas ela te viu, e quem sabe se tua imagem ímpia e feia não se gravou no seu coração indefeso! Talvez o ignores, mas quem sabe se já disseminaste na sua alminha uma semente má que germinará! Meus amigos: pedi a Deus alegria! Sede alegres com as crianças, como os pássaros do céu.”

Quando essas imagens começaram a aparecer na minha imaginação comecei a ouvir (essas músicas que ficam tocando, tocando, na cabeça…) sem que a tivesse chamado aquela canção “Gente humilde”, letra do Vinícius, música do Chico. “Tem certos dias em que eu penso em minha gente e sinto assim todo o meu peito se apertar…” Pelo meio o Vinícius conta da sua comoção ao ver “as casas simples com cadeiras nas calçadas e na fachada escrito em cima que é um lar”. Termina, então, dizendo: “E aí me dá uma tristeza no meu peito feito um despeito de eu não ter como lutar. E eu que não creio peço a Deus por minha gente. É gente humilde. Que vontade de chorar.”

Se fosse hoje o Vinícius não teria vontade de chorar. Ele riria de felicidade ao ver as cadeiras nas calçadas e as fachadas escrito em cima que é um lar… Vontade de chorar ele teria vendo essa multidão de crianças abandonadas, entregues ou à indiferença ou à maldade dos adultos: “E aí me dá uma tristeza no meu peito feito um despeito de eu não saber como lutar…” Só me restam meu inútil sorriso, minhas inúteis palavras, meu inútil Real por um pacotinho de balas de goma…

Rubem Alves

Imagem de capa: ambrozinio/shutterstock

Conheçam o Instituto Rubem Alves e participem de seus projetos.

A felicidade na vitrine

A felicidade na vitrine

Não sei dizer do que mais gostei no livro “O Arroz de Palma”, de Francisco Azevedo. O livro é delicado e simples; seus personagens são repletos de defeitos e virtudes, com abundância daquilo que existe de mais humano em nós. Tia Palma e Antonio, os personagens centrais, parecem nossos chegados, e tia Palma não peca pelo excesso de palpitações. Um dia, a pitoresca senhorinha vai passear na casa de Antonio. Chegando lá, se depara com o arroz_ que tem uma história linda_ exposto dentro de um pote de cristal no restaurante do sobrinho. Sábia, pega o rapaz pelo braço e aconselha baixinho:

” O arroz é tua felicidade. Não deves fazer alarde dela. A felicidade desperta mais inveja que a riqueza.”

Tia Palma tinha razão. Expôr a felicidade é vaidade. Não basta ser feliz, ter afetos à sua volta, comida à mesa, teto, paz? É preciso expôr para validar?

Com o tempo a gente aprende: A alegria incomoda. E desperta desejos. Sempre haverá alguém querendo experimentar um pouquinho do seu arroz_ esse, que você valoriza tanto.

Não é pecado ser feliz. Não há nada de errado em irradiar alegria. O perigo é usar isso para alimentar o ego. Felicidade e ego não combinam, e é aí que muita gente se dá mal. Felicidade é benção. O arroz é benção. Mas quando você se engana colocando-o num pedestal e se infla por possuí-lo, ele deixa de ser dádiva. Passa a ser instrumento de sua vaidade, e atiça a cobiça.

Não precisamos ser publicitários de nosso bem estar. Não é preciso estardalhaço para mostrar ao mundo nossa vitória_ contra a solidão, contra a baixa estima, contra o tédio. É fácil vestir um personagem e mostrar a perfeição, mas aprendi que quem tem certeza de que é possuidor de riquezas não fica mostrando por aí. Não precisa postar no facebook nem viver de aparências.

Se você não deseja inveja à sua volta, permita-me um conselho: Cuide de seus canteiros com humildade. Exercite o encantamento do agricultor que se maravilha com o desabrochar da roseira mas não tenta esconder os espinhos nem as pragas.

Toquinho, em “À sombra de um Jatobá”, cantou lindamente : “Poucas coisas valem a pena, o importante é ter prazer… longe do amor de quem nos finge amar…”

Preste atenção à sua volta. Você não precisa de bajuladores, de um milhão de amigos que reafirmem quem você é. O importante é ter poucos e bons afetos, aquela turminha que sabe do seu sabor, de suas lutas diárias e vitórias merecidas.

Gosto de gente sem agrotóxico. Que não tem vergonha de sua casca “mais ou menos” e se perdoa pelas pragas. Que não tem medo de expôr suas fragilidades do mesmo modo que se vangloria de suas virtudes.

Gente que não se infla para parecer maior do que é. Gente que se humaniza e se aproxima de mim.

Que não faz alarde de sua felicidade, mas valoriza o que vale a pena _ como a sombra de um Jatobá…

Imagem de capa: freya-photographer/shutterstock

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Conexão emocional: 5 dicas para reforçar o afeto do seu cão.

Conexão emocional: 5 dicas para reforçar o afeto do seu cão.

Outrora, nos tempos em que o cão não passava de um mero enfeite de jardim, vivendo de angu com farofa e acorrentado em seu tédio, poucas eram as interações entre tutor e animal. Com o passar dos anos e o aumento de informações a respeito dessas criações peludas, os cães conseguiram um lugar cativo sob as almofadas e o aconchego de sua “matilha humana”.

Entretanto, apesar do que chamamos de “humanização”, infiltrando os pets feito humanos em nossas vidas, ainda é precária a concepção do que necessitam para harmonizar, no significado animal, instinto e natureza. Humanizar não é nada bom, afinal, cachorro tem que levar vida de cachorro. Sujar-se, correr, lambuzar-se de lama, grama e conservar seu cheiro característico, ou seja, mesmo que o banho faça parte de sua higiene indispensável, remover por total sua essência poderá influir em seu equilíbrio natural.

Saiba, então, através dessas 5 dicas, como proceder para elevar sua conexão emocional e aprofundar o vínculo afetivo com seu melhor amigo.

1- Opte por uma suave massagem
Se habituados, desde filhotes, os cães amam uma massagem. Desça as palmas das mãos e os dedos, levemente cutucando o dorso do seu cãozinho da cabeça até o início da cauda. Entregue-se a esse momento, ouça a respiração do animal, vivencie suas reações, até que ele adormeça em um sono gostoso. Esses animais são puramente sensíveis, recebiam toques de seus irmãos de ninhada e da língua da mamãe, que os aqueciam. Contudo, há uma memória que será ativada com essa massagem super relaxante.

2- Contato visual
Cães possuem linguagens muitas vezes imperceptíveis por nós, humanos. Buscamos orientações por demais vagas a respeito de como interagir ou compreender suas ações e carências. Uma das chaves que permitem adentrar nesse universo canino é a maneira como observamos esses canídeos. Cachorros mantêm contato visual a todo tempo. Quando se alimentam, passeiam, brincam e até mesmo quando descansam. Sempre que possível, olhe nos olhos do seu cãozinho, desafie suas vontades, imponha com um olhar vívido e seguro. Não apenas olhe, veja através da íris e sinta o momento. Você será capaz de descobrir o que seu pet está querendo, somente com essa leitura visual.

3- Conheça o corpo do seu cão através do toque;
Sabe aquele momento em que você descansa ao lado do seu amigo? Aproveite para investigar ainda mais o que existe de melhor naquele serzinho peludo. Com as pontas dos dedos, destrinche as patinhas, apertando os cochins (almofadinhas), massageando, penetrando entre um dedinho e outro, em todas elas. Coloque a cabeça sobre a barriga do animal, ouvindo sua respiração, invada suas orelhas, descubra os brincos, que são aqueles rasgos que eles possuem na parte de trás das orelhas. Mexa nas gengivas, pasmem, cães habituados amam carinho na gengiva. Aprenda a desvendar cada ponto, com toques delicados.

4- Seja um cão para seu pet
Ao invés de tentar humanizar os cachorros, descubra as delícias de se tornar um deles. Frequentemente, os tutores ficam encabulados nessa busca por uma relação mais íntima com seu animal. No que chamo de Adestramento Natural, trazemos, para nós, particularidades dos cães, com a finalidade de compreendermos melhor suas singularidades. Troque a bronca por um rosnado, imite latidos para interagir, deite de frente ao cão, ande de quatro, para que ele olhe para você no mesmo nível, role na terra com ele; ao dar banho, tome banho com ele. Aproveite cada instante de sua breve vida e desfrute dos sinais essenciais que eles proporcionam.

5- Fale com seu cão, mas não abuse das palavras
Cães entendem as palavras e são capazes de memorizá-las, embora não sejam bons com frases longas, deixando-os confusos e ansiosos. Quando for se comunicar através de linguagem vocal com seu cachorro, escolha palavras e frases curtas. Esses espertos animais percebem a intonação, a intenção e são capazes de reconhecer quem gosta ou não deles pela maneira de falar das pessoas. Evite agitar seu pet com frases extensas e agudas, motivo pelo qual regularmente o adestrador é solicitado por problemas de ansiedade.

Um cão poderia viver mais, porém, viverá intensamente entre nós, se abrirmos as portas do nosso “eu” natural e permitirmos que acessem este mesmo “eu” adormecido. Aproveite a viagem.

Imagem de capa: FrancescoCorticchia/shutterstock

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