Na escuridão sempre há PESSOAS ILUMINADAS que nos guiam

Na escuridão sempre há PESSOAS ILUMINADAS que nos guiam

Em épocas de escuridão, sempre há pessoas iluminadas que nos guiam. São como a luz do sol entrando por uma janela de vidro para nos inspirar, para nos dar esperança nesses momentos em que perdemos o rumo, o ânimo, e o norte das nossas bússolas vitais. São remédio para o coração nos momentos de adversidade.

Temos que admitir: todos nós precisamos de alguém que se preocupe conosco. Podemos amar a nossa independência, a nossa orgulhosa autossuficiência e pensar até mesmo que nós mesmos levamos o sol dentro de nós. No entanto, quando há uma tempestade lá fora, mais cedo ou mais tarde surgem as goteiras da tristeza, as infiltrações do medo, a insônia e esse desconcerto vital que somente o apoio afetivo, a empatia e o carinho podem aliviar.

“Às vezes a nossa luz se apaga e volta a acender através da luz de outra pessoa.”
-Albert Schweitzer-

Mas aqui está um fato curioso: o ponto de vista da psicologia social nos revela que oferecer apoio emocional é uma arte que nem todos dominam. Por mais estranho que pareça, às vezes quem mais nos ama pode nos dar um tipo de atenção desproporcional capaz de gerar em nós um sentimento de dependência, de ineficiência ou fraqueza.

O tipo de apoio mais eficaz é aquele que está sempre presente, mas de uma forma sutil, envolvente e autêntica. Falamos também deste tipo de ajuda em que nenhum dos membros sentirá que está em dívida um com o outro, porque não há “doadores” e “receptores” de afeto, o que há é um vínculo onde existe uma reciprocidade fluida, sutil e maravilhosa.

Propomos que você reflita sobre este tema tão interessante e, ao mesmo tempo, dotado de diversas nuances.

Pessoas que corroem e pessoas iluminadas

Todos sabemos o que é a empatia e qual é o seu impacto em nossas relações do dia a dia. Mas temos certeza de que em mais de uma ocasião, quando você lida com alguém incapaz de se conectar com os outros, alguém com certas nuances agressivas, hostis e até mesmo destrutivas, você costuma dizer que “essa pessoa não tem empatia“.

Simon Baron-Cohen, professor da Universidade de Cambridge e especialista no desenvolvimento da psicopatologia, define estes traços psicológicos usando um termo que vale a pena recordar: “empatia corrosiva”. Segundo ele, este comportamento surge quando alguém não deixa apenas de se “conectar” com o próximo, como também vai corroendo, minando e fragmentando com persistente lentidão quem está por perto. São perfis dotados, efetivamente, de uma certa escuridão.

No polo oposto estão sem dúvida as pessoas iluminadas. Mais do que vê-las como personalidades de grande nobreza e bondade, podemos defini-las como homens e mulheres que “sabem ser e deixam ser”, como facilitadores de harmonia interna, como fiandeiros emocionais que reúnem nossos pedaços rasgados para nos recordar, mais uma vez, o quanto podemos ser belos e importantes.

Características psicológicas das pessoas iluminadas

Assinalamos no início que dar apoio é, na realidade, um tipo de arte que nem todo mundo sabe praticar. Por exemplo, algo que vale a pena recordar é que no momento em que se diferencia claramente o doador do receptor, às vezes podem surgir certos incômodos. O receptor pode se sentir como “devedor” ou se transformar em dependente de um doador que desfruta do seu papel de cuidador.

– As pessoas iluminadas, por outro lado, não assumem em nenhum instante um papel de cuidador: elas são facilitadoras.
– Elas sabem estar sem controlar, sem julgar e sem exercer em nenhum momento uma atenção constante onde a outra pessoa acabe desenvolvendo certa dependência. São especialistas em gerar um verdadeiro crescimento pessoal.
– Elas respeitam espaços, sabem estar presente quando é necessário e proteger a intimidade do outro quando ele precisa.
– Elas são presenças presentes, mas sempre sutis, com a capacidade única para nos lembrar quem somos. Elas se preocupam, trazem positividade, encorajamentos e esperanças para nos sintonizarmos mais uma vez ao burburinho da vida, do otimismo.

Como aprender a dar luz, como oferecer um apoio emocional autêntico

As pessoas iluminadas nos guiam em tempos de dificuldade, nos acompanham em momentos de bem-estar e nos inspiram na cotidianidade do dia a dia. Isso é algo que todos nós sabemos. Mas… será que seríamos capazes de lhes oferecer um apoio com uma qualidade e autenticidade semelhante?

“Se você acender uma luz para alguém, também irá iluminar o seu próprio caminho.”
-Buda-

Acredite ou não, oferecer apoio emocional não é fácil. Fazer isso exige um autoconhecimento muito profundo, uma boa gestão das próprias emoções e uma descentralização desse “eu” para sentirmos empatia em todos os sentidos.

Chaves para desenvolver um apoio real

Há quem consiga empatizar afetivamente com a outra pessoa, mas não chega nunca a desenvolver uma empatia cognitiva. Não se trata, portanto, apenas de “sentir” o que a pessoa que está diante de mim está vivendo, eu devo compreender isso.

– Por sua vez, é necessário desenvolver uma precisão empática. Falamos a capacidade de inferir corretamente o estado mental em que a outra pessoa se encontra. Para isso, é preciso saber fazer as perguntas corretas, não fazer julgamentos em voz alta e escutar com atenção.
– Evitar aumentar a ansiedade da outra pessoa com as clássicas expressões de “isso não é nada” ou “poderia ser pior“.
– Além disso, também temos que ter em mente que quem está realmente mal não quer ouvir as típicas frases de “estou aqui para o que você precisar” ou “pode contar comigo“. Mais do que palavras, essas pessoas precisam de fatos reais, tangíveis e visíveis.

As pessoas iluminadas são de poucas palavras, mas de grandes atos. Elas estarão ao seu lado antes de você pedir e serão capazes de ler os seus pesares e as suas tristezas no seu olhar. Para concluir, o que às vezes entendemos como apoio, na verdade não é tanto. O bom apoio não se baseia somente em dizer o que é correto, mas também em fazer o que é apropriado através de pequenos atos de bondade e de um interesse sincero.

Imagem de capa: Volodya Senkiv, Shutterstock. Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa.

Por um amor que nos transborde.

Por um amor que nos transborde.

“Não procure alguém que te complete. Complete a si mesmo e procure alguém que te transborde.” (Clarice Lispector)

Todos dizem que morreriam por amor, mas quantos são capazes de viver por amor? Sim, porque morrer é uma projeção abstrata de um futuro distante do que se tem agora, do viver hoje. Temos necessidades urgentes – dentre elas, a de amar e ser amado – e que precisam ser supridas desde ontem, ainda hoje e para sempre, sem esse papo de deixar para mais tarde, para depois ou para amanhã. Fácil ficarmos planejando e idealizando um futuro hipotético, enquanto deixamos de enfrentar o que existe ao nosso redor nesse instante.

A pressa insana a que nos entregamos, em meio a jornadas de trabalho estendidas e extenuantes, visando a aquisições materiais, a um consumismo que nos preencha os vazios de felicidade, acaba por nos tornar menos calorosos, absurdamente distantes do contato e da interação com o outro. Preenchemos nossas vidas com objetos de valor e conforto material, ao passo que negligenciamos nossas carências mais íntimas, relegando nossos sentimentos a um segundo plano.

Rodeados de bugigangas tecnológicas e de objetos suntuosos, vivemos vidas vazias, frias e solitárias, uma vez que nos rodeamos de pessoas que foram atraídas tão somente pelas aparências, sob interesses superficiais, arquitetados, isentos de afetividade e de admiração sincera. E, então, lá vamos nós inutilmente suprir essa carência sentimental insaciável com encontros descompromissados, alucinógenos, ansiolíticos, conversas virtuais – mas temos fome é de amor de verdade!

É preciso ouvir essa voz que clama lá do fundo de nossos corações, pulsando desejos, acendendo paixões, acelerando nossos sentidos, pedindo amor verdadeiro, entrega intensa e contato entre corpos suados. Não podemos nos lançar integralmente àquilo que nos rodeará apenas externamente, confortando não mais do que nossa visão e nosso cansaço físico, pois nossa essência alimenta-se de trocas verdadeiras de sentimentos e de emoções. Nossa necessidade de amor é diária, intermitente, urgente.

É necessário gastar considerável quantidade de tempo nos conhecendo, ouvindo tudo o que temos dentro de nós, para que estejamos seguros daquilo que somos e de quem queremos em nossas vidas – e como queremos. Somente assim estaremos prontos a ultrapassar os limites da materialidade fria do mundo ao redor, preenchendo nossa essência enquanto nos encontramos na inteireza de um outro que nos venha acrescentar, enriquecer, transbordar. Não negligenciemos nossos sentidos, nossa carência afetiva, porque amor finca raízes no que é intensamente real e verdadeiro. Porque amor não tolera disparate, exclusão, miudeza.

Enfim, não esperemos que outro traga o que nos falta, mas sim que torne ainda mais especial o que já possuímos dentro de nós. Amor não preenche, extrapola. Amar é para ontem!

Imagem de capa: Ladanivskyy Oleksandr/shutterstock

“É como querer engaiolar um pássaro depois de termos nos apaixonado pelo que nele era voo.”

“É como querer engaiolar um pássaro depois de termos nos apaixonado pelo que nele era voo.”

Tenho pensado em sentimentos e liberdades.
Tenho percebido que a maior liberdade que podemos atingir não vem de uma ação, vem de uma transformação interna de deixar-se ser e sentir.
Deixar os sentimentos fluírem em nós sem medos, sem orgulhos, sem limites.

E sentimento é diferente de emoção.

Emoção é impulso, pede ação. Emoção é reação instintiva, irracional, é fogo de palha, queima rápido, alto, forte e logo apaga.

Sentimento é leveza, é amor, é sopro de vida.
É fogo azul, forte, antigo, constante. Aquece corações e perdura no tempo.

Emoção muitas vezes é ácida.
Sentimento tem PH neutro.

Tenho percebido que liberdade é deixar os sentimentos acontecerem.
E eles têm uma dança própria, um ritmo diferente dos moldes do pensamento. A cabeça quer organizar, explicar, definir, julgar, limitar. O sentimento quer fluir.
Sentimentos não obedecem às regras do mundo.

A gente finge que sim, mas sentimentos não conhecem fronteiras. Eles não escolhem seguir os caminhos mais seguros e conveniente.
O ego quer torna-los concretos, mas sentimentos são pura abstração.

Pensamos que ao definir um sentimento poderemos controlá-lo. E queremos controlar os sentimentos pois temos medo que eles deflagrem as nossas fraquezas e vulnerabilidades e sejam maiores que nós.

É como capturar um pássaro para possui-lo depois de termos nos apaixonado pelo que nele era voo.

Mas e se ao invés de nomearmos, definirmos e limitarmos os sentimentos, nós aprendêssemos a deixa-los transbordar por nossos poros?
E se ao invés de segurarmos um pássaro com as mãos, aceitarmos que ele é belo e bom justamente porque voa?
E se percebermos que o único jeito verdadeiro de amar é deixando o amor existir, simplesmente?

Acho que ao abrirmos as gaiolas da alma, vamos perceber que um amor não termina quando o outro começa, que um sentimento não morre quando a pessoa não está mais fisicamente presente, que um sentimento não nasce só quando o terreno é favorável para isso.

Sentimentos são de dentro para fora, se expandem e povoam diferentes lugares ao mesmo tempo. Independentemente de haver espaço, contato ou permissão. Sentimentos têm raízes em si mesmos.

E que perigo há nisso de se deixar amar e sentir?
Talvez uma lágrima caia em público, um sorriso surja do nada, uma vontade de juntar as mãos do que o mundo definiu como antagonismos. Mas é isso. A coragem é essa.

Nomear e reprimir o que dentro de nós grita é colocar barreiras num rio. Rio que só queria ser doce, que só queria ser ele mesmo, e que de tanto ter sido contido, extravasou todos os limites.

Imagem de capa: Kasetskiy/shutterstock

Gente vazia só enche o saco.

Gente vazia só enche o saco.

Tem palavra que é como cachorro de rua: vem com pulgas. Hoje apareceu uma por aqui abanando o rabo, a língua de fora, o olhar pedinte, e eu deixei entrar. Na verdade é uma expressão japonesa, dessas com significado grandioso, definitivo. “Ikigai”. Alguma coisa como ‘a razão de ser’ de cada um, motivo pelo qual você e eu nos levantamos todos os dias. Boa frase. Esses japoneses têm cada uma!

Já as pulgas que vieram junto são daqui mesmo, adestradas, veteranas dos circos da vida. Saltaram certeiras para trás da minha orelha e agora estão coçando. Estão coçando muito.

É que eu andava distraído, sabe? E como em geral acontece quando a gente se distrai, eu topei de cara com o óbvio doloroso. Seguia esquecido dos meus reais motivos para acordar de manhã. Quando isso se dá, a gente liga o piloto automático. E o piloto automático é burro que só ele. Segue direto para o fim e o fim não é outro senão a bocarra da morte, sem as tantas escalas aqui e ali que alguém há de chamar de vida.

Certo é que todos seguimos sem volta para a morte e por isso viver é só o que nos resta. Mas viver sem saber para quê é perder as escalas, praticar o crime hediondo da estupidez.

Quem esquece ou não sabe por que se levanta todos os dias se torna aos poucos uma odiosa besta. Uma barata bêbada, criatura ridícula, vazia e perdida falando pelos cotovelos, agredindo quem passa perto, batendo em todas as portas à procura de só Deus sabe o quê.

Como todos aqueles que não têm, que abandonam ou desconhecem suas motivações essenciais, quem existe neste mundo sem saber o que faz aqui sobrevive sem desconfiar por quê. Passa a vida nadando em praias que não são suas, engolindo humilhações, maus tratos, grosserias, preconceitos, pontapés, julgamentos descabidos, deselegâncias, tomando toda sorte de água suja. E a ironia é: mesmo ingerindo tanta coisa, pessoas assim continuam vazias.

Faça um teste. Olhe ao redor. Ouça as reclamações em curso. Já viu quanta gente se queixando sem fim? Reclamar é “clamar de novo”. Pedir repetida e infinitamente. Vê quanta gente pedindo de tudo outra vez? Pedem um novo trabalho, novos amigos, amores, estados de espírito. Vivem de eternas súplicas. É claro que podem e devem! A insatisfação é um impulso humano, um direito conquistado. Rogar, requerer, reivindicar. A nós é permitido clamar e reclamar à vontade. Mas não será um problema sério implorarmos a vida inteira por algo que nós mesmos não sabemos o que é?

É certo que há os insatisfeitos produtivos, aqueles que sabem o que querem e não se contentam até encontrarem. Miram o horizonte e vão buscá-lo. Vivem em movimento. Realizam. Palmas para eles! Mas há também os insatisfeitos frustrados, inférteis, infecundos, entrevados em queixas umbilicais. Esses enchem o saco.

Quem reclama sem saber o que quer há de fazê-lo para sempre, até morrer sentado num buraco que só afunda. Em situação bem pior que a do cachorro perseguindo o próprio rabo, porque ao menos o cachorro sabe o que está buscando. Ele quer morder o rabo e ponto. Porque a vida é dele e o rabo coça como as pulgas perversas que me mordem atrás da orelha.

Estar na vida sem saber por que pular da cama de manhã tem outro prejuízo assombroso: faz de nós presas fáceis dos terríveis zumbis sentimentaloides, essas mulas que saem por aí às cegas farejando amor nas sombras, nas sobras e nos restos. “Amooor… amoorrr… eu quero um amooooor, quero um amoooor assim e assado… quero porque quero…” feito tontos completos. Sem opinião, sem a menor ideia do que anseiam da vida, sem critérios, sem saber o que podem dar e o que desejam receber, correndo em busca tão somente de não estar sós. Exigindo tudo sem nada oferecer em troca. Arrastando-se na caçada de corações a devorar na praça de alimentação de um shopping, mortos por dentro, desprovidos de amor próprio, consumidos na busca de migalhas do afeto alheio.

Ignorar nossos propósitos essenciais ou, pior, não tê-los nos torna ridículos produtos manufaturados de uma vida pasteurizada. Figurantes mal pagos de uma cena em que todos têm respostas prontas para tudo. Assim seguimos anestesiados, distraídos, afastados do dever sublime de fazer perguntas e do direito universal de questionar e descobrir por empenho pessoal e sincero. Afinal, para quê perguntar tanto, né? Há inúmeras respostas pré-fabricadas por aí. Mais fácil comprar uma delas no cartão em doze vezes e fingir felicidade na hora da foto.

Abandonar nosso direito a questionar também é viver sem saber por quê. E quem não sabe o que está fazendo aqui perde o melhor da festa: a consciência plena de seus sentidos, o gosto incrível de saber que estamos oferecendo o melhor e recebendo o melhor em troca ou, no mínimo, estamos nos preparando com honestidade para o inesperado que está por vir.

Quem sabe o que quer pode seguir por onde bem entender porque há de sempre retornar à sua intenção sagrada. A quem compreende a potência da vida e o que fazer dela, andar por aí sem esperar nada além do privilégio de acordar no dia seguinte não traz nenhum prejuízo e ainda lhe dá uma vantagem imbatível: receber de bom grado o que vier para lhe fazer bem e descartar todo o lixo que lhe tentarem impor. Porque quem encontra e cultiva uma intenção sagrada se liberta da mendicância emocional. Aprende a valorizar o que tem e a dizer “não, obrigado, isso não me serve”.

Não por nada, não porque possui um poder sobre-humano, mas só porque reconhece aquilo e aqueles pelos quais se levanta todos os dias e dessa intenção se alimenta e por ela trabalha, vai à luta ora com medo, ora tomado de valentias, mas sempre repleto de uma íntima coragem de seguir vivendo, ímpeto valioso construído de gratidão e amor. “Ikigai”.

Benditos japoneses, malditas pulgas. Como coçam, as danadas.

Imagem de capa:  Kues/shutterstock

Tudo tem um limite, até mesmo a bondade

Tudo tem um limite, até mesmo a bondade

Não tome para si o trabalho do outro. Evite insistir além da conta em aconselhar quem não escuta ninguém além de si mesmo. Tenha em mente que o amor também possui limites, requer não, requer concessões, requer reciprocidade.

Infelizmente, os limites que não devem ser ultrapassados, em qualquer situação, são ignorados por muitas pessoas, pois existem indivíduos que não parecem possuir um mínimo de bom senso. Pensando somente em si mesmos e em mais ninguém, eles vão agindo da maneira que bem entenderem, falando sem refletir, julgando sem analisar, machucando sem culpa alguma, delegando a outrem tarefas que são deles. Limites devem ser respeitados, ou sempre haverá alguém sendo feito de trouxa.

Não tome para si o trabalho do outro. É comum, em ambientes de trabalho, ter alguém que costuma folgar e deixar suas responsabilidades para o colega de trabalho. Escondida sob desculpas várias, a pessoa pede ajuda o tempo todo, não para aprender, mas para se livrar de suas obrigações, enquanto o colega faz o serviço para ela. Se não soubermos dizer não, acumularemos tarefas que não são nossas e nos prejudicaremos, enquanto o outro permanece lindo, leve e solto.

Evite insistir além da conta em aconselhar quem não escuta ninguém além de si mesmo. Tentar esclarecer as coisas com quem precisa de ajuda é algo que deveremos fazer, porém, repetir e repetir e tornar a aconselhar, sem que o outro mude uma vírgula de seu comportamento, acabará por nos esgotar e nos desequilibrar. A ajuda é inútil quando o outro não quer recebê-la, ou seja, insistirmos no que não tem futuro fará com que nós mesmos então precisemos de ajuda.

O amor também tem limites, requer não, requer concessões, requer reciprocidade. Quando amar se torna peso, ida sem volta, insistência, vazio e dúvida, é porque os limites da dignidade que o sustenta já se perderam. Amor pelo outro e amor-próprio não se dissociam, mas se complementam e se fortalecem juntos, sem que um se sobreponha ao outro. Ultrapassar os limites do parceiro é desrespeito, desatenção, é desamor.

Teremos é que estar conscientes de que, por mais que já tenhamos ajudado alguém, assim que impusermos algum limite, seremos alvo da sua ingratidão e tudo o que fizemos será esquecido. Porém, se assim não agirmos, estaremos fadados à infelicidade diária, pois esgotaremos todas as nossas forças, esquecendo-nos de nós mesmos nesse percurso. Precisamos, também, ajudar a nós mesmos, ou então sequer conseguiremos ajudar a quem realmente precisa de nosso amor.

Imagem de capa: Hanna Kuprevich/shutterstock

Que o vento leve o que não for leve

Que o vento leve o que não for leve

Às vezes, nas nossas relações humanas, a gente tem que ser mais vista grossa do que acolhida, mais silêncio do que escuta, mais distância do que se deixar invadir por dores que não são nossas.

Temos o costume de achar que ser assim é ser desumano, indiferente, frio. Achamos que se a gente não escuta, não acolhe, não participa da dor do outro, dos problemas de alguém, da carência, estamos sendo egoístas. Mas a verdade é que se fechar e se preservar pode ser uma atitude bastante altruísta.

Ignorar falas carregadas, sair de perto de provocações baratas, criar silêncio onde havia uma inundação de dores e palavras é uma forma de quebrar círculos viciosos, romper uma energia que não está se transformando, mas apenas se propagando.

Porque, às vezes uma pessoa se abre, fala, desabafa para receber ajuda, para se observar de fora, para aprender e mudar de energia. Mas, tantas outras vezes, os desabafos não têm esse tom de mudança, eles são apenas apegos na dor, na vitimização, buscando um ouvido, um coração para fazer ninho e validar ainda mais essa verdade, esse apego.

Se a gente ouve e entra na dança, se absorvemos as lágrimas, se nos amargamos com as reclamações desenfreadas, se nos irritamos com provocações baratas, a gente contribui para que a doença se propague e cresça. Ela ganha força, ganha credibilidade, a maré avança.

Às vezes, as pessoas querem se nutrir dessa forma de atenção, às vezes esse peso que trazem é a forma que elas encontraram para se sentir importantes. Mas esta é uma nutrição fraca, sem vitaminas, não alcança os níveis profundos da alma.

Estes são alimentos junk food pra alma. Saciam por algumas horas, ocupam os buracos das dores, os vazios existenciais, mas não trazem transformação e uma paz mais profunda.

É mais fácil comer um cachorro quente na esquina, é mais fácil não questionar os próprios hábitos e vícios. É mais fácil continuar encontrando um ouvido junk food para alimentar a nossa sina.

A escolha de transformar a forma de ver e de ser no mundo, para ser mais leve, independente emocionalmente e com uma boa reserva de amor próprio, requer aprendizado, consciência, vontade, empenho e atenção constantes.

Nem todos estamos dispostos a empreender esse caminhar. Mas se a gente está, se a gente já sabe se autoconectar e sanar as próprias dores, com ajuda sim, mas sem dependência completa, acho que a gente tem também que impor limites, tem que escolher não se doar sempre, tem que lavar as mãos e fechar os olhos para o que não é nosso. Se a gente vê que escutar não está ajudando, que a troca está sendo desequilibrada, que o que está chegando até nós é apenas lixo existencial sem intenção de ser reciclado, é melhor a gente sair do barco, porque ele está furado.

Algumas vezes a gente não consegue contribuir para que as coisas se renovem e boas energias floresçam. Então que a gente abandone, mesmo que por um tempo, que a gente siga em frente, que a gente deixe o vento levar.

Que o vento leve o que não for leve, e se não houver vento, então que a gente mesmo faça ventar.

Imagem de capa: Yudina_Elena/shutterstock

Do que você tem medo: do amor ou de vivê-lo?

Do que você tem medo: do amor ou de vivê-lo?

Somos seres intensos. Consideramos nossas dores maiores que as tragédias shakespearianas, nossos medos mais assustadores que um filme de terror e nossos amores mais bonitos que os romances de Nicholas Sparks. E, tudo isso, para camuflar uma única verdade: temos medo de amar.

Sim, temos medo de amar. Somos, na verdade, medrosos em potencial de tudo aquilo que envolve o coração. Temos medo de entregar à alma a quem não quer recebê-la. Medo de arrumar a vida, para quem não tem a intenção de ficar. Medo de usar “nós” para quem só sabe usar “eu”.

A verdade é uma só: amor é um ato de coragem. Tem que ser muito corajoso para deixar alguém entrar na sua vida e virar ela de pernas para o ar. Tem que ter muito “peito” para enfrentar o mundo por alguém que não tem o seu sangue. Tem que ser muito decidido para fazer as escolhas certas, já que a cada escolha feita, uma renúncia será aplicada.

Caio Fernando Abreu dizia que “tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém, que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida.”

Não existe uma vacina contra o amor. Estamos, todos os dias, correndo o risco de nos apaixonarmos por pessoas diferentes, em situações inusitadas e nos mais diferentes lugares. Porém, para sermos merecedores da felicidade, precisamos ter coragem de amar. Precisamos parar de nos torturarmos com perguntas escravistas no estilo: “E se eu for traída?”, “E se ele sumir?”, “E se a ex voltar?”

Entenda: o medo sempre irá existir, mas não é capaz de escrever sua história. São nos atos de coragem que fazemos as melhores escolhas. Note: o medo do mar, não te proíbe de ir à praia. O medo de altura, não te impede de viajar de avião. O medo de engordar, não te impede de comer chocolate. Então, por que o medo da rejeição te impede de amar? “As coisas têm que passar, os dias têm que mudar, os ares têm de ser novos e a vida continua, com ou sem qualquer um.” (Caio Fernando Abreu)

Não escute seus medos, não perca tempo imaginando como poderia ter sido, nem tenha medo de ser feliz. Amor exige coragem e, é melhor arriscar a viver um grande amor, do que perder a vida inteira em relações que te mantém na zona de conforto da superficialidade.

Imagem de capa: vectorfusionart/shutterstock

Humanização canina: Eu mimo demais o meu cachorro e ele retribui com malcriação. Entenda o assunto.

Humanização canina: Eu mimo demais o meu cachorro e ele retribui com malcriação. Entenda o assunto.

Atualmente vem sendo comum entrar em alguns restaurantes, hotéis e até Shoppings e dar de cara com cachorros. Os estabelecimentos entendem que os pets estão cada vez mais fazendo parte da vida dos clientes, ou seja, se aceitamos cães, diminuímos a concorrência e a clientela dispara. Embora essa inclusão seja importante para a correlação entre homem e animal, já parou para analisar se exageramos em alguns pontos?

“Seu direito termina onde começa o do outro”, diz o velho ditado. Enquanto os amantes fervorosos dos animais decidem levantar a bandeira da democracia pet, quem não agrada de pelos, babas e rabinhos abanando, tem criticado a decisão pela maneira deliberada que a exercem. Em épocas bem remotas, o homem e o cão tiveram seus primeiros contatos em uma espécie de mutualismo, onde ambos saíam beneficiados. Enquanto os humanos se aqueciam com seu pelos, utilizavam a força e velocidade nas trações, o pastoreio dos rebanhos e proteção, os animais tinham abrigo e comida. Gratificante poder incluir nossos pets em cada momento que vivemos ao lado deles, mas devemos avaliar até que ponto não estamos exacerbando nesse convívio. Atentamos sempre que, ao se sentirem pressionados, invadidos ou acuados, os cães desenvolvem ansiedade, agressividade, possessão e vícios de comportamento.

Sabemos que cães possuem uma capacidade incrível de aprendizado e são animais sociais que necessitam de interação e de hierarquia para se manterem em harmonia, contudo, extrapolar na convivência e atividades fúteis, podem desencadear problemas comportamentais sérios. Entendemos que festas de aniversários caninas servem para estreitar os contatos entre os pets e seus donos, porém, os cães não compartilham de felicidade e entendimento sobre o que está acontecendo em um ambiente de velas acesas, bater de palmas, música alta e falação. Lembrando que a audição desses animais é superior à nossa, sendo assim, há uma contradição entre os proteger dos fogos de artifício mas submetê-los à festas de aniversários regadas a muito barulho.

Acessórios de Pet Shop são sempre bem vindos até a segunda ordem. Lacinhos e gravatinhas, roupinhas confortáveis e quentinhas durante o inverno e penduricalhos fazem parte do closet desses mascotes, entretanto, o bom senso é amigo no momento em que essa chuva de informações para eles prejudicam suas funções naturais. Sapatinhos, por exemplo, só deveriam ser colocados para tirar fotos ou como via de proteção em casos extremos, pois as patinhas exercem uma grande função de equilíbrio para esses animais. Terminações nervosas que lhes causam prazer ao pisar, sensibilidades em relação a cada passo, como também a serventia que poucos sabem: Cães transpiram pela pata também… Sendo assim, lhes embutir um sapato, estarão privando funcionalidades essenciais de “respiro” nos coxins e bem estar no geral.

Sobre carrinhos de bebês e também para cães. Já devem ter visto por aí uma cabecinha peluda entreolhando as ruas pelo alto de um carrinho, não é mesmo? Luxo, capricho, proteção, até onde vai o critério humano no momento em que passam a tolher as carências orgânicas desses cães?! Animais que só passeiam empurrados sobre rodas desconhecem socialização, perdem a noção de espaço, odores, sem contar que não correm, brincam, descobrem as delícias de colocar as patinhas no chão desfrutando das maravilhas que o mundo oferece a eles. Humanizar não é sinônimo de amor aos animais, humanizar é querer introduzir necessidades e percepções humanas em animais que não precisam e não aproveitam desse universo como nós. Carinho, amor e mimos são bem vindos quando dosados corretamente. Mais que isso, estaremos arrumando um problema que futuramente poderá acarretar em maus tratos ou abandono.

Imagem de capa: Phurinee Chinakathum/shutterstock

Diga-me como você reage quando é contrariado e eu te direi o seu grau de maturidade.

Diga-me como você reage quando é contrariado e eu te direi o seu grau de maturidade.

A capacidade de administrar contrariedades com equilíbrio (e o mínimo de cordialidade) é um dos principais indicativos de maturidade emocional.

Mesmo que a pessoa tenha razão em um argumento, isso não a autoriza a ser grosseira, falar em voz alta ou usar de arrogância. A maturidade emocional está diretamente relacionada a como a pessoa reage à frustração.

Se ela pensa, analisa, pondera e ouve as partes, ela está sendo sensata. Por outro lado, se ela ataca, ou mesmo recua bruscamente, mostra claramente seu medo e insegurança. 

Pessoas emocionalmente imaturas explodem com facilidade, não conversam, não permitem que a outra parte se justifique, agem de maneira a prejudicar quem elas “pensam que as prejudicou” e sofrem de uma poderosa cegueira situacional que as impede de enxergar oportunidades no meio de situações ruins, ou mesmo a partir delas.

A imaturidade emocional pode ser relacionada a uma baixa segurança pessoal, que a pessoa tenta encobrir agindo como um trator que atropela a tudo e a todos, num sistema de “ataque e destrua antes que o outro tenha chance de descobrir minhas fraquezas e meu medo”. Assim como a criança que perde o brinquedo, sua defesa é berrar, espernear e , se puder, até morder, numa cena de total explosão e descontrole.

Outra preferência de pessoas emocionalmente frágeis é o ataque pelas costas, que é a arma mais utilizada por quem tem medo de assumir a responsabilidade até com relação a seus próprios descontentamentos.  É um ato comum em invejosos que preferem destruir o que o outro tem, ao invés de construir algo semelhante para si mesmo.

O invejoso não quer o que o outro tem. Ele não admite que o outro tenha.

Quando somado a características narcísicas e manipulatórias, o imaturo será aquele que reagirá com aparente frieza, mas ardilosa conduta, por meio de emboscadas e discursos conduzidos por meias verdades, provando que, se a defesa pode vir pelo ataque, ela também pode vir através de uma conduta de falsa candura e compreensão.

A maturidade é construída e testada o tempo todo. Somos maduros em algumas situações e imaturos em outras. Entretanto, a tentativa de equilíbrio e busca pela evolução é um fio condutor que costuma trazer bem menos dores de cabeças a quem costuma se perder no poço sem fundo das próprias inseguranças, medos, ciúmes e inveja.

Na próxima vez que você estiver prestes a explodir (não que o outro lado não mereça), pare, pense e reavalie. A maturidade emocional será alcançada quando você permitir que seu cérebro, seus sentimentos e reações emocionais se reequilibrem, numa visão global  da situação e dos prós e contras de uma atitude precipitada.

Enquanto os  imaturos criam inimigos, abrem feridas e passam os dias lambendo o próprio sangue, quem busca uma maior maturidade vai ao encontro de saídas mais sábias- mesmo que elas sejam a total evitação de quem lhes faz mal.

Imagem de capa: Tiko Aramyan/shutterstock

 

 

 

 

A estranha geração dos adultos mimados- Ruth Manus

A estranha geração dos adultos mimados- Ruth Manus

O fato de termos sido criados com cuidado e afeto pelos nossos pais, começou a confundir-se com uma espécie de sensação de que todos devem nos tratar como eles nos trataram.

Tudo começou com uma colega minha de estágio, há mais de 10 anos, que pediu demissão por acreditar que “não foi criada para ficar carregando papel”. Sim, carregar papel fazia parte das nossas tarefas, enquanto ajudávamos o juiz e os demais servidores públicos com os processos do Tribunal. Acompanhávamos audiências, ajudávamos com os despachos e, sim, carregávamos papéis entre o segundo e o quarto andar do edifício.

Os pais da menina convenceram-na de que ela era boa demais para aquilo. Não importava que nós fôssemos meninas de 19 anos, no segundo ano da faculdade, sem qualquer experiência, buscando aprender alguma coisa e ganhar uns poucos reais para comer hamburguer nos finais de semana. Ela, que tinha a certeza de ser uma joia rara, foi embora, deixando sua vaga vazia no meio do semestre e sobrecarregando todos os demais, inclusive eu, sem nem se constranger com isso.

O tempo passou e, quando eu já era advogada, tive um estagiário de vinte e poucos anos que, três meses depois de ser contratado, solicitou dois meses de férias. Eu nem sequer entendi o pedido. Perguntei se ele estava doente ou se havia algum outro problema grave. Ele me respondeu que não, que simplesmente tinha decidido ir para a Califórnia passar dezembro e janeiro, pois a irmã estava morando lá e ele tinha casa de graça. Eu mal podia acreditar no que estava ouvindo. Deixei ele ir e pedi que não voltasse mais.

Alguns anos depois, ouvi um grande amigo me dizer que iria divorciar-se. Ele havia casado fazia menos de um ano, com direito a uma imensa festa, custeada pelos pais dos noivos. Mais uma vez perguntei se algo de grave tinha ocorrido. Ele me respondeu que “não estava dando certo”, discorrendo sobre problemas como “brigamos por causa da louça na pia”, “não tenho mais tempo para sair com meus amigos” e “acho que ainda tenho muito para curtir”. Me segurei para não dar um safanão na cabeça dele. Aos 34 anos ele falava como um garoto mimado de 16. Tentava explicar isso para ele, mas era como conversar com a parede.

Agora foi a vez de uma amiga minha, com seus quase 30 anos, que me disse que iria pedir demissão pois fora muito desrespeitada no trabalho. Como sou advogada trabalhista, logo me assustei, imaginando uma situação de assédio moral ou sexual. Foi quando ela explicou: meu chefe fez um comentário extremamente grosseiro no meu facebook. Suspirei e perguntei o que era, exatamente. Ela disse que postou uma foto na praia, num fim de tarde de quarta-feira, depois do expediente, e o chefe comentou “Espero que não esqueça que tem um prazo para me entregar amanhã cedo”. E isso foi suficiente para ela se sentir mal a ponto de querer pedir demissão de um bom emprego.

Eu não sei bem o que acontece com a minha geração. O fato de termos sido criados com cuidado e afeto pelos nossos pais, começou a confundir-se com uma espécie de sensação de que todos devem nos tratar como eles nos trataram. O chefe, o colega, o marido, a mulher, os amigos, ninguém pode nos tratar de igual para igual e muito menos numa hierarquia descendente. Se não for tratado a pão de ló, este jovem adulto surta, se julga injustiçado e vai embora.

Acho que o mundo evoluiu e as situações nas quais se tratava alguém com desrespeito são cada vez menos toleráveis, o que é ótimo. Também é ótimo o fato de sermos uma geração que busca felicidade e não apenas estabilidade financeira. É bom termos a coragem de mudar de carreira, de recomeçar, de priorizar as viagens e não a casa própria.

Mas nada disso justifica que a minha geração tenha comportamentos tão egoístas, agindo como verdadeiras crianças mimadas. E o grande perigo é que essas crianças mimadas têm belos diplomas e começam a ocupar cargos importantes nas empresas e no setor público. Vamos nos tornar um perigoso jardim de infância, no qual quem manda não pode ser contrariado e quem obedece também não. Isso não será uma tarefa fácil.

Imagem de capa: Ollyy/shutterstock

Se causa mais dor do que amor, não serve para você.

Se causa mais dor do que amor, não serve para você.

Às vezes, precisamos tomar algumas decisões, por mais difíceis que sejam, por mais que a gente ame demais aquilo que estamos deixando partir. Às vezes, deixar ir é melhor do que deixar que algo permaneça em nossa vida. Recentemente precisei tomar algumas decisões dolorosas, mas necessárias.

Eu sou o tipo de pessoa que ama fazer muitas coisas, gosto da minha rotina cheia de atividades e compromissos. Então, sempre me envolvi com muitos projetos na faculdade e sempre gostei demais de cada um deles. Mas, com todas as obrigações, vieram o cansaço, as dores de cabeça, as dores nas costas, a exaustão, a vontade exacerbada de dormir – era meu corpo pedindo um descanso. Então, por questão de saúde, resolvi deixar alguns projetos que eu amava. Confesso, foi muito difícil. Eu pensei e repensei um milhão de vezes. Algumas vezes, eu pensava: “eu vou aguentar”, mas logo o meu corpo pedia: não permaneça nisso.

Relembrando isso, eu pensei sobre algo que vejo constantemente: relacionamentos esgotados. Amores frustrados e corações partidos. Pode ser que você não aguente mais, que o seu coração esteja gritando pedindo socorro: ”por favor, não permaneça nisso.” Se você mais chora do que sorri, se a indiferença é constante no relacionamento e o diálogo não existe, algo de errado tem, por mais que você se recuse a ver. Você tem certeza de que ama esse alguém, mas, ao mesmo tempo, sabe: isso te faz mal.

Nem sempre o amor é suficiente. Nem sempre amar é o que mantém um relacionamento. É preciso muito mais para que isso nos faça bem. É preciso respeito, cuidado e diálogo, muito diálogo. E, acredite, conversar não é brigar. Pode ser que você, assim como eu relatei na história acima, tenha repensado muito, muito  mesmo e chegue a doer o coração pensar em deixar isso para trás, mas, no fundo, você sabe: é preciso. Às vezes, deixar algo que amamos, mas que nos faz mal, é um ato de amor próprio. É uma forma bonita de nos amarmos e abrirmos caminho para coisas lindas cruzarem a nossa vida.

Amor não combina com dor. Não essa dor que só machuca, fere e gera incertezas. Amor combina com perdão, com mudança e não com comodidade. Por mais que doa, deixe ir, isso não significa que você não irá sentir a dor da partida, mas certamente você verá que fez a escolha certa. Eu sempre esperei estar pronta, sempre prorroguei as minhas decisões. Sempre achava que daria conta, até viajar e ficar 20 dias longe de tudo isso. Nesse tempo, pude repensar o que realmente importava e o que realmente me fazia falta. Então, eu percebi que estava deixando de fazer coisas que eu amava simplesmente porque estava permitindo que outras coisas ocupassem espaço na minha vida. Eu posso gostar de muita coisa, mas estava deixando de viver aquilo que eu sempre quis para minha vida porque achava que, sei lá, era isso que me bastava.

Pense bem, precisamos saber exatamente quem queremos ao nosso lado. Às vezes o tempo e o comodismo nos deixam cegos e achamos ser dependentes de alguém. Confundimos apego com amor e caímos na cilada de aceitar aquilo que nos fere. Quando tomamos algumas decisões, percebemos que deixar algumas coisas para trás é uma forma de abrirmos as mãos para recebermos algo melhor.

Imagem de capa: Iryna Ratskevich/shutterstock

Fique com alguém que viva o amor no presente

Fique com alguém que viva o amor no presente

Não basta ser amor em dias e tempos diferentes. O bom é quando o amor invade duas pessoas na mesma sintonia. É vivê-lo da melhor e mais honesta composição. O amor inteiro vive no presente sem adiá-lo para o amanhã.

Fique com alguém que arranque sorrisos em instantes inesperados. Alguém que saiba despertar felicidades por vocação. Alguém que não deixe de insistir em oportunidades de crescimento para ambos. Porque se o amor é cumplicidade, sentir muito nunca será um desperdício.

Fique com alguém que te reconheça. Alguém que entenda da sua urgência em viver o agora. Alguém que traga intensidades mesmo quando o mundo todo fizer questão de colocar medidas. Porque se o amor é entrega, pressa alguma será um desconforto.

Fique com alguém que transborde energia e confiança. Alguém que não se preocupe com os desamores passados e nas marcas que eles deixaram. Porque se o amor é seguir em frente, começar de novo não será um crime.

Fique com alguém para dividir mais de você e para somar mais do outro. Alguém que entenda a via de mão dupla na qual o amor precisa estar conectado. Porque se o amor é reciprocidade, a troca de sentimentos nunca será um sacrifício.

Não basta ser amor em carinhos e beijos diferentes. A graça do amor é quando ele chega com jeitinho, entrelaçando mãos e respirando poesia. É ter a sorte, o destino e o acaso encaixando no mesmo abraço. O amor inteiro fica no hoje porque não tem medo do amanhã.

Imagem de capa: Oleksandr Medvedenko, Shutterstock

Chorar não é fraqueza, desanimar não é desistir.

Chorar não é fraqueza, desanimar não é desistir.

Tem dias em que eu desanimo e você pode me perguntar o porquê, mas eu não saberei te responder. É apenas desânimo. Um dia ruim que a gente não vê a hora de acabar. Espera ansiosamente o amanhecer para ver se as coisas melhoram. Ultimamente, muita coisa mudou na minha vida – e quem disse que mudança é fácil? É difícil. Dói.

Dói ter que tomar algumas decisões, por mais que elas sejam necessárias. Hoje eu vim aqui pra te dizer que tudo bem você desanimar e não estar bem. Não temos a obrigação de sermos felizes 24 horas por dia. Tudo bem você sentir que hoje o dia não está rendendo e que talvez tudo o que você precise é chegar em casa e dormir. Todos nós precisamos de um tempo a sós com os nossos pensamentos, os nossos sonhos e os nossos planos. É saudável querer tirar um tempo para repensar na nossa vida e traçar outros caminhos.

Hoje é só um dia ruim e não se cobre tanto por se sentir assim. É bonito e respeitoso se permitir sentir. Eu espero que esse tempo sirva como reflexo e impulso para novas coisas e novos rumos na sua vida. Que um dia ruim não seja um entrave para o sucesso de um caminho lindo que você tem pela frente. Que seja apenas uma parada para pegar mais fôlego, a fim de continuar essa jornada. Acredite: Dias melhores virão. A tempestade sempre passa e, com ela, vem a calmaria. Pode ser que aquilo que você tanto espera, tanto deseja, ainda não tenha chegado. Pode ser que você esteja desesperado ou aflito com tantos problemas aparentemente sem solução. Talvez seja a hora de dar uma pausa, repensar em tudo o que tem acontecido e resgatar as suas forças. A gente tem a mania de achar que não consegue, que não é capaz, quando de fato somos fortes até demais.

Chorar não é fraqueza, desanimar não é desistir. Pensar em desistir não é ação, é apenas pensamento. Ter medo não significa ausência de coragem e, acredite, você tem feito muito. Você tem lutado e logo a recompensa virá. Sempre vem. A verdade é que, quando menos se espera, a gente se surpreende. Grandes coisas acontecem. Pequenos milagres diários acontecem em nossa vida e deixamos de perceber isso esperando grandes acontecimentos. Por isso, quando o cansaço e o desânimo baterem, respire fundo e tire um tempo para você. Pode ser que grandes coisas já estejam acontecendo, mas você está tão farto de tudo que não consegue ver.

Imagem de capa: Africa Studio/shutterstock

Sete maneiras inteligentes de lidar com pessoas tóxicas

Sete maneiras inteligentes de lidar com pessoas tóxicas

Por MARC CHERNOFF

A convivência com os altos e baixos de uma pessoa e com sua constante flutuação de humor pode ser um desafio e tanto. Mas é importante ter em mente que esta pessoa temperamental e negativa talvez esteja passando por uma fase difícil da vida – que pode envolver uma doença, um estado de ansiedade crônica, ou mesmo a carência de amor e apoio emocional. Tal pessoa precisa de alguém que a ouça, que lhe dê apoio, e que cuide dela (mesmo assim, seja qual for a motivação deste comportamento temperamental e negatividade, haverá momentos em que você terá necessidade de se proteger disso tudo).

Porém, há outro tipo de comportamento temperamental e negativo: o do indivíduo que usa suas oscilações de humor como pretexto para intimidar e manipular os outros. Esta tendência à flutuação de humor acaba perpetuando um clima propício aos abusos e à infelicidade. Observando esta pessoa com atenção, você notará que a atitude dela é completamente autocentrada. A prioridade dos relacionamentos que ela mantêm estará associada ao modo como as pessoas de seu convívio podem servir para atender às suas necessidades egoístas. É neste tipo de relacionamento tóxico que eu gostaria de centrar o foco, neste texto.

Estou convencido de que ninguém tem o direito de impor suas nocivas oscilações de humor (tais como e-mails com “correntes” de mensagens ameaçadoras) a outrem, sob quaisquer circunstâncias. Portanto, como lidar bem com as consequências nocivas do implacável veneno destilado por estas pessoas?

1. Afaste-se desta pessoa.

Se você convive com alguém que sempre tenta criar um clima emocional destrutivo, não tenha dúvidas: esta pessoa é tóxica. Se o comportamento dela lhe causa sofrimento, e a compaixão, a paciência, os conselhos e a atenção que você lhe dedica não parecem surtir efeito – e, além disso, ela não parece dar a mínima –, é o momento de você se perguntar: “Preciso desta pessoa em minha vida?”

Quando você se afasta de uma pessoa tóxica num determinado ambiente, o ar fica muito mais arejado.

Sempre que a situação lhe permitir, ignore-a e siga em frente com sua vida. Tome uma atitude enérgica, e identifique o momento de dar um basta. Afastar-se de uma pessoa tóxica não significa que você a odeia, ou que você lhe deseje algum mal; isso simplesmente quer dizer que você dá valor ao seu próprio bem-estar.
Uma relação saudável envolve reciprocidade; deve haver espaço para dar e receber, sem que uma das partes esteja sempre doando, e a outra sempre recebendo. Se, por um motivo qualquer, você tiver de conviver com uma pessoa tóxica, leve em consideração os aspectos abaixo.

2. Pare de fingir que o comportamento desta pessoa não é nocivo.

Se você descuidar, a pessoa tóxica poderá recorrer a atitudes temperamentais com o objetivo de receber tratamento preferencial, já que… bem… acalmá-la pode parecer mais uma tarefa mais fácil do que ter de ouvir resmungos. Mas não se engane: no longo prazo, quem vai sofrer com isso é você. Uma pessoa tóxica não mudará de comportamento se estiver obtendo recompensas pelo fato de não mudar. Tome a firme decisão de não se deixar influenciar pelo comportamento desta pessoa. Pare de “pisar manso” quando estiver ao lado dela, e deixe de ser condescendente com seu comportamento agressivo.

O esforço de tolerar uma pessoa negativa, e que sempre cria drama diante das situações, nunca é compensador. Se uma pessoa com pelo menos 21 anos de idade não é capaz, de modo geral, de ter o comportamento de um adulto sensato e confiável, é chegada a hora de adotar a recomendação a seguir.

3. Diga a ela o que você pensa, de modo claro e sem rodeios!

Defenda-se. Há pessoas dispostas a qualquer coisa para obter ganhos pessoais às custas dos outros – furar fila, furtar dinheiro ou bens, praticar bullying, menosprezar alguém ou fazê-lo sentir-se culpado etc. Não tolere esse tipo de comportamento. Na maioria dos casos, estas pessoas sabem que estão agindo de modo errado e, se colocadas contra a parede, tendem a recuar em suas atitudes nocivas. Em muitas interações sociais, as pessoas tendem a tolerar os indivíduos tóxicos, até o momento em que alguém toma uma atitude, e diz o que pensa, com clareza. Você pode muito bem assumir este papel!

A pessoa tóxica poderá usar a raiva como uma estratégia para influenciar você, não lhe dar ouvidos quando você está tentando dizer algo, ou mesmo interromper o que você está dizendo, e começar a dizer coisas negativas a respeito de algo a que você dá valor. Se você disser claramente o que pensa, e enfrentar diretamente este comportamento temperamental, ela poderá ficar surpresa, ou mesmo chocada, por você ter invadido o “território” dela. Seja como for, é importante ser claro e direto, sem fazer rodeios.

Se, ao relacionar-se com esta pessoa, você jamais fizer qualquer referência a este comportamento tóxico, corre o risco de enredar-se nas manipulações dela. Por outro lado, se você contesta abertamente estas atitudes, ela poderá eventualmente se dar conta do impacto negativo de tal comportamento. Por exemplo, você pode dizer:
 “Você parece zangado(a). Tem algo te incomodando?”
 “Você parece entediado(a). O que eu estou dizendo soa desnecessário pra você?”
 “Você está me aborrecendo com seu comportamento. Era esta a sua intenção?”

Frases diretas como estas podem desarmar a pessoa, caso ela realmente esteja usando seu comportamento temperamental como um modo de manipulação. Tais comentários podem também servir de porta de entrada para que você possa ajudá-la, caso ela esteja realmente enfrentando um problema sério.

Ainda que a pessoa lhe pergunte: “O que você quer dizer com isso?”, e negue a própria atitude, pelo menos você a alertou que este comportamento já é um problema bem conhecido de todos que a cercam, e que não é somente uma estratégia que ela pode usar para manipular os outros sempre que quiser.

Mas se ela continuar negando, talvez seja o momento de…

4. Ser mais enérgico(a).

A sua dignidade poderá ser ridicularizada e violentamente atacada, mas ninguém poderá tirá-la de você, a menos que você permita. Trata-se, aqui, de encontrar energia para defender os limites do seu território.

Deixe muito clara a sua recusa a insultos ou a atitudes de menosprezo. Para ser sincero, nunca tive bons resultados no enfrentamento com uma pessoa realmente tóxica (o pior tipo de gente que existe), enquanto ela me agredia. A melhor reação que já tive foi a seguinte frase, dita em tom irritadiço: “É uma pena que você tomou meu comentário de modo pessoal”. Uma estratégia muito mais eficaz foi abortar a conversa, num tom de “delicadeza nauseante”, ou de modo simplesmente abrupto. A mensagem será clara: não haverá recompensa para as “alfinetadas” desta pessoa, e você se recusa a participar de um jogo de manipulações.

A pessoa realmente tóxica tende a envenenar todas as pessoas ao redor; se você o permitir, será afetado por este veneno. Se você já recorreu à argumentação, e isso não surtiu efeito, não hesite em afastar-se desta pessoa e ignorá-la, até que ela perceba a necessidade de mudança de atitude.

5. Não tome este comportamento tóxico de maneira pessoal.

O problema é deste indivíduo, não seu. LEMBRE-SE DISSO.

Há grandes chances de que esta pessoa tente insinuar que, de algum modo, você é quem agiu errado. E, já que o sentimento de culpa tende a ser um peso considerável para a maioria das pessoas, a mera insinuação de ter feito algo errado poderá abalar sua autoconfiança e minar sua determinação. Cuide para que isso não aconteça com você.

Lembre-se: se você não toma nada de maneira pessoal, isso lhe dá uma enorme liberdade. A maioria das pessoas tóxicas age de modo negativo não apenas com você, mas com todos ao redor. Mesmo quando a situação parece ser de natureza pessoal – mesmo que você se sinta diretamente insultado(a) –, em geral, isso não tem nada a ver com você. As coisas que esta pessoa diz e faz, e as opiniões dela não passam de um reflexo dela própria.

6. Exercite a compaixão.

Há momentos em que vale a pena demonstrar empatia pela pessoa tóxica que claramente está enfrentando situações difíceis, ou sofrimentos por causa de uma doença. Não resta dúvida de que algumas destas pessoas estão, de fato, angustiadas, deprimidas, ou até mesmo doentes mental ou fisicamente; ainda assim, é preciso distinguir entre problemas legítimos e a maneira como esta pessoa o trata. Se você seguir justificando e relevando atitudes de uma pessoa pelo fato de ela estar angustiada, fisicamente doente, ou mesmo deprimida, isso servirá de estímulo para que ela use a própria circunstância infeliz como um meio para atingir os fins.

Há alguns anos, trabalhei como voluntário num hospital psiquiátrico para crianças. Atuava como orientador para Dennis, um garoto que recebera o diagnóstico de transtorno bipolar. Às vezes, Dennis se revelava um menino difícil, e, no momento em que seus conflitos vinham à tona, xingava a todos, com palavras obscenas.

Ninguém nunca o advertia sobre suas explosões; àquela altura, eu tampouco fazia isto. Afinal, ele é clinicamente “louco”, e não tem controle sobre isso, não é mesmo?

Certo dia, levei Dennis a um parque, e começamos a brincar com uma bola. Uma hora depois, ele teve uma de suas crises, e começou a me xingar. Em vez de ignorar, eu lhe disse: “Pare de me agredir, e de me xingar. Sei que você é um menino legal, e que pode ser bem mais legal do que está sendo agora”. Ele ficou de queixo caído, e tinha uma expressão atônita no rosto. Segundos depois, voltou a si e me disse: “Desculpe por ter sido agressivo, sr. Marc”.

A lição que tirei deste episódio: não é possível “ajudar” uma pessoa por meio do perdão incondicional a tudo que ela faz só porque ela tem problemas. Há muita gente passando por extremas dificuldades, mas que evita envenenar as pessoas com quem convivem. Só é possível agir com verdadeira compaixão quando se consegue impor limites. No longo prazo, uma postura de excessiva tolerância e condescendência não é saudável nem sensata para nenhuma das partes.

7. Reserve um tempo para si mesmo(a).

Caso você tenha de viver ou trabalhar com uma pessoa tóxica, e não lhe restar alternativa, lembre-se sempre da importância de reservar um tempo para si mesmo, para descansar e recarregar as baterias. Viver sempre o papel de um “adulto centrado e sensato” diante de uma pessoa temperamental e tóxica pode ser uma tarefa exaustiva; se você não tomar cuidado, este veneno pode infectá-lo. Lembre-se que mesmo as pessoas que estão enfrentando problemas legítimos e doenças clínicas conseguem compreender que você também tem problemas – o que significa que você também pode “sair de cena”, sempre que for necessário.

Você merece este distanciamento. Para poder refletir em paz, livre de pressões externas e de comportamentos nocivos. Sem ter de resolver quaisquer problemas, lutar pela preservação de seu território, ou agradar a ninguém. Há momentos em que você precisa simplesmente achar um tempo para si mesmo(a), longe do mundo agitado em que vive – mundo em que o tempo individual de cada pessoa não é uma prioridade.

Imagem de capa: Ana Blazic Pavlovic/shutterstock

Do original: 7 Smart Ways to Deal with Toxic People, de MARC CHERNOFF.

TRADUZIDO exclusivamente para CONTI outra pelo tradutor e revisor LUIS GONZAGA FRAGOSO

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