6 características do sistema de ensino finlandês que fazem toda a diferença

6 características do sistema de ensino finlandês que fazem toda a diferença

Quando falamos em educação de qualidade imediatamente nos lembramos dos países nórdicos. Nos últimos anos, cada vez mais, exemplos de sucesso são listados.

Abaixo, seguem 6 pontos destacados pelo jornalista Paulo Nogueira. Para quem quiser saber mais sobre o assunto, o link para matéria completa consta no final.

1)Todas as crianças têm direito ao mesmo ensino. Não importa se é o filho do premiê ou do porteiro.

2)Todas as escolas são públicas, e oferecem, além do ensino, serviços médicos e dentários, e também comida.

3) Os professores são extraídos dos 10% mais bem colocados entre os graduados.

4) As crianças têm um professor particular disponível para casos em que necessitem de reforço.

5) Nos primeiros anos de aprendizado, as crianças não são submetidas a nenhum teste.

6) Os alunos são instados a falar mais que os professores nas salas de aula. (Nos Estados Unidos, uma pesquisa mostrou que 85% do tempo numa sala é o professor que fala.)

Os tópicos listados acima são parte da matéria: Por que o sistema de educação da Finlândia é tão reverenciado

Imagem de capa:  Michal Knitl/shutterstock

Será que a gente sabe mesmo o que diz, quando diz que quer saber a verdade?

Será que a gente sabe mesmo o que diz, quando diz que quer saber a verdade?

Que a verdade é um conceito relativo, a gente já sabe. Ou, pelo menos, já ouviu falar, certo? Que é quase humanamente impossível passar pela vida inteira sem contar umas mentirinhas, a gente também já sabe. E se não sabe, é bom começar a saber… porque pior que a mentira, só mesmo a sua prima exótica: a hipocrisia.

Hipócrita, segundo o dicionário, é aquele que demonstra uma coisa, quando sente ou pensa outra, que dissimula sua verdadeira personalidade. Aquele que oferece, quase sempre por motivos interesseiros ou por medo de assumir sua verdadeira natureza, qualidades ou sentimentos que não possui; fingido, falso, simulado.

Isso posto, podemos inferir que o hipócrita é um mentiroso com requintes de aperfeiçoamento na arte de enganar. A mentira, por si só, não se sustenta. Depende de muito esforço mental de seu mentor para continuar a ser algo remotamente palatável.

Já a dissimulação é uma artimanha sofisticada que a gente acaba comprando por um preço muito mais alto do que vale. O dissimulado é uma espécie de aranha com cérebro humano, sabe intuitivamente porque tece sua teia; mas, diferente do animalzinho de oito patas, sabe exatamente a quem pretende aprisionar.

Enquanto o ingênuo aracnídeo come qualquer coisa que tenha sido capaz de fisgar, o humano tecelão de ilusões escolhe a dedo suas presas. E, caso fique decepcionado com o sabor oferecido, descarta… sem nenhum constrangimento.

Acontece que a gente cai nas histórias mal contadas, engole as desculpas esfarrapadas e finge que acredita nas odisseias inventadas porque é muito menos trabalhoso iludir-se do que arregaçar as manguinhas de um sonho idealizado e mergulhar nas águas perigosas do mundo, em que as pessoas “juram dizer a verdade, nada mais que a verdade”.

A danadinha da realidade sem filtro é, em inúmeras situações, extremamente difícil de encarar. Ouvir a verdade requer da gente uma coragem imensa para enfrentar a experiência de dar de cara com o outro, despido das incontáveis camadas de idealização com que a gente o foi adornando, a depender do grau de nossa dependência desse personagem criado para ser feliz.

Será que a gente sabe mesmo o que diz, quando diz que quer saber a verdade? Será que a gente, no fundo, no fundo, não prefere umas mentirinhas sinceras? Será que a gente vai saber o que fazer com as revelações que exige do outro, num momento de impulsiva independência e bravata?

O que talvez a gente não saiba, ou finge não saber… é que mentiras ou “meias verdades” são como pedaços de cortiça no fundo de um lago: assim que a gente se distrair e esquecer de segurá-las, elas virão à tona.

Quer você tenha dado à vida um ultimato, quer você ande fazendo ouvidos moucos às insinuações do destino, é bom que você entenda que quanto mais tempo você agasalhar uma ilusão, mais frio vai sentir quando ela finalmente resolver ficar nua bem na sua frente. A escolha, como sempre, é completamente sua… completamente sua.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Foi apenas um sonho”.

3 séries psicológicas encontradas na Netflix e que te farão pensar fora da caixinha.

3 séries psicológicas encontradas na Netflix e que te farão pensar fora da caixinha.

Temas polêmicos e tabus. Situações inusitadas. Perspectivas diferentes sobre assuntos que aparentemente poderiam ser banais, mas não são!

As séries selecionadas abaixo trazem momentos de sensibilidade, mas também de forte impacto.

Segue uma lista para quem não tem medo de pensar fora da caixinha. Mas, ressalvo, a primeira e a segunda dicas também precisam de tolerância a cenas fortes. (Observar indicação etária).

Quer mais dicas? Já abra também: 3 opções Netflix que podem te arrebatar ainda hoje.

Black Mirror

Com capítulos independentes e temáticas variadas, a única certeza dessa série é, no final de cada episódio, em frente a televisão, tornar-se um telespectador embasbacado e mexido por sentimentos que vão de asco, inquietação ou até repúdio. Embora pareça ruim, Black Mirror trabalha com um constante “choque de realidade” e crítica absoluta a sociedade contemporânea e suas irracionalidades.

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13 Reasons why

Uma caixa de sapatos é enviada para Clay por Hannah. O jovem se surpreende ao ver o remetente, pois Hannah acabara de se suicidar. Dentro da caixa, há várias fitas cassete, onde a jovem lista os 13 motivos que a levaram a interromper sua vida – além de instruções para elas serem passadas entre os demais envolvidos. (adoro cinema)

Impactante por tratar da temática do suicídio trazendo a perspectiva das pessoas envolvidas. Mostra como a situação evolui e as consequências do ato.

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Atypical

Sam é um jovem autista de 18 anos que está em busca de sua própria independência. Nesta jornada, repleta de desafios, mas que rende algumas risadas, ele e sua família aprendem a lidar com as dificuldades da vida e descobrem que o significado de “ser um pessoa normal” não é tão óbvio assim. (adoro cinema)

Uma série perfeita para quem reproduz preconceitos sem refletir sobre o funcionamento intelectual e emocional de uma pessoa que, por alguma razão, é diferente de nós.

É uma série mais leve que as duas primeiras, mas apaixonante pela dinâmica familiar, processo de inclusão escolar, apresentação do protagonista na adolescência e crítica aos esteriótipos. (além, claro, de ser muito engraçada).

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A insustentável leveza do ser

A insustentável leveza do ser

A insustentável leveza do ser é umas das obras mais filosóficas da literatura mundial e, sem a menor sombra de dúvida, um clássico. A discussão proposta por Kundera nos deixa sem reação em um primeiro momento, pois essa ambivalência entre a leveza e o peso, talvez, seja a maior incógnita da nossa vida.

Na contemporaneidade, a leveza, ou seja, a ideia de ser livre ganhou destaque. Estar na moda é ser livre, é viver de forma desprendida em relação ao que nos circunda. A liberdade passou a ser vangloriada como uma grande virtude, a virtude daqueles que sabem voar.

Mas será que a leveza é mesmo uma virtude? A felicidade está imbricada à liberdade? O ser leve é aquele que não cria vínculos, não carrega malas, pois os vínculos trazem pesos que o impedem de flutuar pela vida. Para o ser leve não há quem lhe diga o que fazer ou não fazer, o certo ou errado; é livre para expor seus pensamentos, sentimentos e desejos.

O ser leve dança com destreza, ri da vida, afinal, não existe algo que o prenda, que o impeça de falar e de fazer o que lhe apetece. Por isso, a leveza era vista por Parmênides (filósofo grego) como positiva. O ser só é completo, quando possui a liberdade para ser o seu eu sem restrições, sem peso.

Assim, a leveza é vista de forma positiva, como uma espécie de ser lúdico que passeia pela vida. De fato, é preciso ter leveza para sonhar, enxergar o inimaginável, arriscar, experimentar. Pois,

“Pelo fato de a vida ser, relativamente, tão curta e não comportar “reprises”, para emendarmos nossos erros, somos forçados a agir, na maior parte das vezes, por impulsos, em especial nos atos que tendem a determinar nosso futuro.”

Se olhado sob essa perspectiva, o peso é negativo (era assim que Parmênides o via). Entretanto, o que é a vida, senão um caminhar de mãos dadas? O peso vem quando nos relacionamos, mais que isso, quando nos permitimos ser tocados. O peso está em tudo o que nos move, nos liga. O peso é a voz do outro que ecoa dentro de nós.

O peso nos faz terrenos, fracos, impedindo-nos, muitas vezes, de fazer, de dizer. Mas é esse mesmo peso que nos aproxima dos outros, do ser amado, e dá sentido à vida. O peso nos aproxima do chão, permite que olhemos nos olhos do outro e possamos sentir a dor que o aflige.

“Mesmo nossa própria dor não é tão pesada como a dor co-sentida com outro, pelo outro, no lugar do outro, multiplicada pela imaginação, prolongada em centenas de ecos”

O amor, assim, está no campo do peso. Tudo o que amamos nos traz um peso, já que, quando amamos algo, destinamos uma força enorme para segurá-lo. Não somente uma pessoa, mas também uma causa, à qual nós nos dedicamos tanto, que é impossível viver sem a sua existência.

O peso nos dá sentido e nos guia na neblina. Mas, como peso, traz consequências negativas: choro, tristeza, e, por vezes, prende-nos, sufoca-nos, como num beco sem saída. Dessa forma, qual o melhor caminho?

“Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza?”

A leveza, por si só, torna-se insustentável, pois, à medida que nos elevamos, uma responsabilidade nos é colocada (e responsabilidades tiram a leveza). A responsabilidade de ser livre impõe decisões sem nenhum apoio, sem nenhuma ajuda, sem importância aos outros.

O peso, por sua vez, nos faz terrenos, dramáticos, necessários, importantes. Como já dito, é preciso sonhar e arriscar, isto é, ser leve. Mas é preciso ser importante, fazer com que alguém te porte para dentro (importe) e divida a dor que faz parte da vida.

A leveza e o peso são contraditórios e complementares. A vida necessita dos dois. A leveza para voar, sonhar, rir; o peso para amar, importar, chorar. Pois, como diz Machado:

“Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.”

***

Quer saber mais sobre o livro?

A insustentável leveza do ser- Sinopse

Lançado em 1982, este romance foi logo traduzido para mais de trinta línguas e editado em inúmeros países. Hoje, tantos anos depois de sua publicação, ele ocupa um lugar próprio na história das literaturas universais: é um livro em que o desenvolvimento dos enredos erótico-amorosos conjuga-se com extrema felicidade à descrição de um tempo histórico politicamente opressivo e à reflexão sobre a existência humana como um enigma que resiste à decifração o que lhe dá um interesse sempre renovado.

Quatro personagens protagonizam essa história: Tereza e Tomas,Sabina e Franz. Por força de suas escolhas ou por interferência do acaso, cada um deles experimenta, à sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, esse permanente exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la.

Imagem de capa: Reprodução

10 pequenas histórias de amor que te farão pensar, sorrir e chorar (Parte 2)

10 pequenas histórias de amor que te farão pensar, sorrir e chorar (Parte 2)

Link para as 10 primeiras histórias- Parte 1

São histórias que não só fazem pensar, mas que aquecem nossos corações e nos fazem sorrir.

Esperamos que elas façam o mesmo por você.

11. Minha cachorra da raça labrador tem 21 anos. Ela mal consegue ficar em pé, não pode ver, não pode ouvir, e não tem força suficiente para latir. Mas isso não a impede de abanar o rabo enlouquecidamente cada vez que eu entrar na sala. MMT

12. Hoje eu e meu marido completamos 10 anos de casados. Recentemente, por contenção de gastos, nós optamos não comprar presentes. Entretanto, quando acordei essa manhã, encontrei flores selvagens arranjadas por toda a casa. Penso que, no total, eram mais de 400 flores. Todas foram colhidas por ele e sem gastar um centavo. MMT

13. Hoje, meu namorado do ensino médio, que eu pensei que nunca veria outra vez, me mostrou as fotos de nós dois. Ele as manteve em seu capacete do exército enquanto estava no exterior durante nos últimos 8 anos. MMT

14. Tanto minha avó de 88 anos quanto sua gatinha de 17 anos estão cegas. Minha avó possui um cão-guia que a leva onde precisa. Mas, ultimamente, ele passou a guiar a gatinha também. Quando ela começa a miar, o cão-guia encosta na gatinha e ela passa a segui-lo até a sua comida, caixa de areia ou mesmo para o lado da casa onde ela tira uma sesta. MMT

15- Há poucos dias, da janela da minha casa, assisti horrorizada a meu filho de 2 anos cair na parte funda da piscina. Incrivelmente, antes que eu pudesse reagir, nosso labrador, Rex, saltou atrás dele, agarrou-o pelo colarinho da camisa, e o puxou para a parte rasa onde ele conseguia se virar. MMT

16- Hoje, pela 16a. vez, meu irmão doou células de medula óssea para ajudar a tratar o meu câncer.  Há pouco meu médico me informou que o tratamento parece estar funcionando. “As células cancerosas têm sido drasticamente reduzido nos últimos meses.” MMT

17.Outro dia eu estava voltando para casa com o meu avô quando, de repente, ele fez uma súbita inversão de marcha e disse: “Eu esqueci de pegar flores para sua avó. Eu vou parar no florista. Só vai levar um segundo.” O que há de tão especial no dia de hoje, que você tem que comprar suas flores?”, perguntei. “Não há nada de especial especificamente hoje”, meu avô disse. “Cada dia é especial. Sua avó adora flores. Elas colocaram um sorriso em seu rosto.” MMT

18. Hoje, eu reli a carta de suicídio que eu escrevi, na tarde de 02 de setembro de 1996, cerca de dois minutos antes de minha namorada aparecer na minha porta e me dizer: “Eu estou grávida.” De repente, eu senti que tinha uma razão para viver. Hoje ela é minha esposa. Estamos casados desde então, e a minha filha, que já tem quase 15 anos, é a mais velha com 2 irmãos mais novos. Tenho relido a minha carta de suicídio ao longo do tempo como um lembrete para ser grato – Eu sou grato porque tive uma segunda chance na vida e no amor. MMT

19. Após um longo período de internação, voltei a escolha. Tenho cicatrizes e queimaduras no rosto sofridas em um incêndio na minha casa. Hoje, e todos os dias nos últimos dois meses, tenho encontrado uma rosa vermelha junto ao meu armário. Eu não tenho ideia de quem chega mais cedo na escola e a deixa para mim, mas ela sempre está lá. MMT

20. Hoje foi o aniversário de 10 anos do falecimento de meu pai. Quando eu era criança, ele costumava cantarolar uma melodia curta enquanto eu estava indo dormir. Quando eu tinha 18 anos, enquanto ele descansava em sua luta contra o câncer em uma cama de hospital, os papéis foram invertidos e eu cantarolava a melodia para ele. Eu não ouvia essa melodia há anos. Ontem, entretanto, meu noivo  começou a cantarola-la para mim. Segundo ele, sua mãe costumava canta-la para ele quando ele era um garoto. MMT

Imagem de capa:  Maria Okolnichnikova/shutterstock

Via: Marc and Angel Hack life , Traduzido e adaptado por Josie Conti

Do origina: 60 Tiny Love Stories to Make You Smile

Você já quis fugir de tudo?

Você já quis fugir de tudo?

Algo tem me consumido. Uma vontade louca de ir-me ao ermo, lançar-me à rua como quem lança panfletos, como quem grita verdades, ainda que ninguém escute.  De espalhar-me por aí, como que não tivesse pecados e levinho, levinho, seguisse com o vento, bandeando-se para qualquer lado.

Queria dividir-me por aí como quem já não se cabe mais, tem de si a contento. Tornei-me pequeno pra mim mesmo. Queria envolver-me em um papel bonito e enviar-me de presente pra todos os meus amigos. Tornei-me grande demais para caber nos meus sonhos.

E assim fico, batendo a porta da rua e voltando. Esqueci o embrulho, esqueci o lixo, esqueci a lista, esqueci o agasalho e eis, que de esquecimento em esquecimento, fazendo a porta da rua de leque, nunca saio. Há sempre algo minúsculo me prendendo.

Quartas não são dias bons para ir, tardes tarde demais para ir, o mar longe demais pra alcançar, ainda que ele também se estire em minha direção. E assim, algo tem me consumido. O que é mesmo que me prende aqui? Porque não deixo a porta escancarada e saio, deixando para dentro todos os esquecimentos? Porque não lanço-me para cima como uma pilha de cartas sorteadas no programa da TV de domingo?

Paro por um segundo, só decidindo que direção seguir, só me perguntando-me pra onde quero ir. Direita ou esquerda? Já fora do portão. E então me lembro que foi aqui o lugar em que sempre quis estar. Foi para cá que eu fugi. Algo tem me consumido. Não sei o que se faz da vida depois que se é feliz. Como um cão atônito ao ver o carro que perseguia simplesmente parar.

Crônica: Ermo
Diego Engenho Novo
Imagem de capa: frankie’s/shutterstock

O cansaço mental

O cansaço mental

Por

Graças a nossa poderosa mente pensamos, sonhamos, criamos, projetamos, associamos ideias, desenhamos, planejamos, geramos expectativas, imaginamos e recordamos. O pensamento pode ser benéfico ou nocivo, positivo ou negativo, necessário ou inútil, insípido ou criativo, elevado e sublime ou destruidor e desagregador. Muitos pensamentos são desnecessários. Alguns surgem como tempestades que nos açoitam. Se não administramos bem toda a atividade da nossa mente, o cansaço mental se torna nosso companheiro inseparável.

É uma fadiga que provoca dispersão, preguiça, falta de atenção e de clareza; além disso, diminui nossa capacidade resolutiva. Por outro lado, quando inspirada e motivada, a mente nos revitaliza e gera pensamentos criativos que despertam energia e força. Num estado criativo, os pensamentos são práticos, poéticos e manifestam beleza. A mente está aberta e pode ver o extraordinário no que aparentemente é banal.

Infelizmente, esse estado mental não costuma durar muito. Acabamos por afundar numa atividade mental estéril e esgotante. Cada pessoa gera cerca de 50.000 pensamentos por dia, muitos dos quais repetitivos e mecânicos. Outras vezes dá voltas e mais voltas ao redor de coisas que não podem ser mudadas. São pensamentos normalmente referentes ao passado. Não levam a lugar nenhum e esgotam.

Quando se vive em uma linha de pensamentos desnecessários e debilitantes, faz bem levantar algumas questões que ajudem a desativar esse mecanismo repetitivo e levem a uma reflexão mais produtiva e estimulante. Por exemplo, o que motiva a pensar no que se está pensando? O primeiro passo é encontrar o propósito, porque isso permite perceber a inutilidade desse pensamento e mudar de rumo.

Outra prática aconselhável é tentar não usar em demasia os verbos no condicional, tanto no passado quanto no futuro. Por exemplo: “Se estivesse aí naquele momento, essa desgraça não teria acontecido”. “Se tivesse tido a tempo essa informação, teria vencido o caso.” “Quando tiver o diploma serei mais respeitado pelo chefe.” “Quando mudar, ficarei melhor”. Como o passado já foi, e o futuro ainda está por vir, esse tipo de pensamento não é útil, enfraquece e exaure. É tão importante aprender a transformar como a não criar esses pensamentos sobre temas que não podemos mudar ou não dependem de nós para que mudem. Dessa maneira se mantém mais a concentração e se tem mais clareza para tomar as decisões certas.

Não se trata de deixar a mente em branco, mas sim de gerar pensamentos positivos, criativos, inspiradores, benéficos. Dessa forma se consegue um espaço mental fértil. Pensar positivamente não é negar a realidade, mas ser capaz de ver os problemas e ter a criatividade mental para conseguir soluções sem se obcecar nem se ofuscar. As reflexões positivas fortalecem e revitalizam a mente. Costumam ser pensamentos que se baseiam em valores e em apreciar e agradecer pelo que se é e se tem. Uma mente agradecida é uma mente descansada.

Outro aspecto que esgota é nossa extraordinária capacidade de planejar: reuniões, encontros, ações, lugares, horários… Quando as coisas acontecem em sucessão conforme os planos, as pessoas ficam mais tranquilas que quando os imprevistos atrapalham os planos. Quem se aferra a seu plano deixa de perceber os sinais que a hora ou as pessoas dão e quer que a realidade se amolde a suas ideias, em vez do contrário. Ao forçar, ficamos cansados. Às vezes nosso corpo pede por descanso, mas como o plano era outro, forçamo-nos a cumpri-lo.

Em uma sessão de coaching, uma mulher explicava como se obrigava a executar os planos que fizera e os compromissos marcados, forçando-se a cumprir os horários impostos por outras pessoas importantes para ela.Mesmo ciente de que deveria parar, sua mente a fazia prosseguir. Sem parar nem respirar conscientemente nem ouvir. Estava mentalmente esgotada. Às vezes planejamos algo, mas quando chega a hora sentimos que não é o momento, ou não é o nosso momento. É importante parar por alguns minutos para repensar. Esse intervalo cria um espaço mental para abrir um parêntese, enxergar e decidir com mais clareza.

Às vezes o cansaço mental surge das lutas internas entre o que gostaríamos que fosse e o que é, entre falar e se calar, sair ou ficar, entre as decisões tomadas e o que na realidade é feito. Precisamos incorporar práticas para entender de onde surgem tantos pensamentos estéreis, para ouvir e silenciar os ruídos mentais.

Exercitar a mente com pensamentos criativos revitaliza. É como quando se faz exercício físico. Caminhar, correr, nadar ou jogar tênis nos energiza, e se nos cansamos, sentimos que é um cansaço sadio. Por outro lado, se ficamos em pé meia hora sem nos movermos, terminamos mais cansados do que se tivéssemos passado esse tempo caminhando. Acontece algo parecido com a mente: se ela está “parada”, dando voltas num mesmo assunto, ela se esgota mais que quando avança com pensamentos inspiradores, que abrem novos horizontes.

O que se pode fazer para que nosso pensamento seja mais inspirador e revigorante e combater o cansaço mental? Cultivar o pensamento criativo, reflexivo e claro. Como? Por exemplo, fazendo uma viagem a um ambiente natural e observar. Olhar o horizonte que une mar e céu em uma praia; sentir a umidade do solo ou desfrutar das cores das folhas e dos ruídos da natureza em uma montanha. Assim é mais fácil que a mente se acalme.

São situações que ajudam a conter a atividade mental durante alguns minutos e descansar. Trata-se de visualizar um espaço que ajude a renovar o discernimento.

Em um mundo saturado de informações e conversas que provocam ruído mental, emocional e físico, é necessário cultivar espaços internos de silêncio para ficar centrado. Um silêncio criativo, contemplativo e produtivo. Ou seja, que gere positividade e bem-estar, comunicação e sentido e uma quietude na qual o pensamento transformador é gestado. Ainda que estejamos em um entorno ruidoso, podemos criar pensamentos inspiradores assim como quando estamos rodeados de natureza.

Temos a capacidade de criar as reflexões que queremos. Precisamos utilizá-las com mais frequência. Para isso, deve-se controlar a mente, dirigi-la e manter a atenção centrada. Se alguém fica preso em seus próprios pensamentos, não terá poder sobre eles. Quando, observando-os, consegue-se separar-se deles, abre-se espaço, assume-se o controle e pode-se canalizá-los na direção que se quiser.

Para ter poder sobre algo deve-se ver de certa distância. Ao observar um quadro, se colamos o nariz a ele, não vemos mais do que um pedacinho borrado. Se nos distanciamos, podemos abarcá-lo em sua totalidade. Na prática de meditação aconselha-se simplesmente a observar os pensamentos e deixá-los passar. Chega um momento em que a pessoa se dá conta de que são uma criação mental, um filme, que é possível deixar de criar e de acompanhar. Ao conseguir esse domínio, nos conectamos com um estado de calma e clareza que permite criar os discernimentos de qualidade que queremos. Uma boa meditação revitaliza, nos enche de energia, varre a mente de reflexões desnecessárias e abre espaço para a inovação e a renovação mental.

Fonte: El País

Imagem de capa: Jo karen/shutterstock

Dependência Afetiva

Dependência Afetiva

Por Rosana Ribeiro-  Psicóloga Clínica

Uma pessoa é dependente afetivamente quando sua autonomia está prejudicada, quando precisa de algo ou alguém para se sentir segura e tranquila, nas mais diferentes decisões em sua vida, desde as mais simples como que roupa vai usar, ou, até as mais difíceis, como que profissão escolher, se muda de emprego ou não, se continua namorando ou não, se casa ou não, enfim, em diversas situações.

Todos precisamos de uma opinião, em algum momento, a diferença está quando você depende realmente dessa opinião e não consegue seguir o seu objetivo se não for aprovado.

A dependência entra na vida da pessoa como uma muleta, para ser amparada, ocupa um espaço vazio. Ela pode ser de uma pessoa específica, para lhe dizer o que precisa ser feito ou uma droga, um vício, uma atitude de carinho excessiva.

Na verdade, essas pessoas ou objetos têm uma única função para o dependente afetivo: dar a sensação de segurança que precisa para suportar problemas, tensões e dificuldades pessoais ou sociais. A questão é que a segurança não está nas relações que fazemos, não é algo que vem de fora, é algo que existe ou não dentro de nós. Nossa segurança e autoestima são os reguladores de nossa maturidade emocional, no caso do dependente emocional, elas estão prejudicadas.

Nascemos dependentes e ao longo de nosso desenvolvimento humano nos tornamos independentes, o vínculo criado entre os pais, vai dando lugar ao aprendizado e o crescimento emocional, quando isso não acontece, o indivíduo se torna dependente emocional da mãe, cônjuge, amigos ou qualquer pessoa que possa suprir esse vazio. Levy Moreno diz que toda a saúde e doença emocional nasce nas relações, ou seja, são aprendidas durante o desenvolvimento através dos modelos que recebemos, primeiro por nossa família de origem, em segundo, através das demais relações que vivenciamos durante a vida.

Aprendemos a nos relacionar com o mundo pelas regras que recebemos em nossa família. A dependência afetiva, muitas vezes, nasce e é sustentada por problemas no sistema familiar, pelos conflitos pessoais.

Ninguém é dependente sozinho, DEPENDÊNCIA AFETIVA é uma via de mão dupla, se uma criança é dependente afetivamente da mãe, com certeza, a mãe também o é, ambos alimentam essa relação.

A família é quem estimula e acredita em seu potencial, ajudando-a a ter a certeza que conseguirá superar suas dificuldades. Dessa relação, nasce a autoestima e a sensação de segurança pessoal.

Todo o ser humano nasce com uma capacidade de cuidar de si, um potencial que precisa ser estimulado, se não recebe esse estímulo, torna-se dependente. Na prática, acabam por não confiarem em si mesmas e em seu valor pessoal, deixam de oferecer o seu melhor na vida, no trabalho e em seus relacionamentos.

Quando crianças aprendemos com nossos pais a termos responsabilidades e a superar frustrações, isso é realizado através dos limites e das responsabilidades impostas por eles, uma falha nesse processo, podemos modificar nossa condição inata.

Fonte indicada: Psicofaces

Imagem de capa: Dmytro Zinkevych/shutterstock

 

“Otimismo e Pessimismo”, por Flávio Gikovate

“Otimismo e Pessimismo”, por Flávio Gikovate

Não deixa de ser curioso observar as diferentes reações do ser humano frente a certos obstáculos. Ao adoecer, algumas pessoas só pensam na recuperação; outras sentem que jamais voltarão a ter saúde. Diante de uma situação de risco, os otimistas decidem enfrentá-la, pois acham que as chances de sucesso são boas; os pessimistas recuam, antevendo a catástrofe. Para começar um namoro, o otimista se aproxima de alguém que despertou seu interesse; o pessimista evita o primeiro passo, imaginando uma rejeição inevitável.

As diferenças não param aí. Se de um lado, há alegria de viver, generosidade, desprendimento, do outro há certa tendência ao egoísmo e à tristeza, às vezes disfarçada de falsa euforia. O otimista está sempre cheio de planos e projetos, é inovador, contagiando com sua esperança as pessoas que o cercam. O pessimista é mais comedido nos gastos e nos gestos, costuma ser conservador, só se interessa por coisas que já foram testadas e agradam a maioria.

Quais serão os fatores que impulsionam o ser humano na direção de um comportamento positivo ou negativo em relação à vida? Vale a pena levantar algumas hipóteses. Antes de mais nada, acredito que não se trate de um mero condicionamento ou hábito de pensar. Quer dizer, não adianta acordar de manhã com a disposição de mudar e de tomar atitudes positivas. Esse tipo de otimismo será falso, superficial e não levará ao sucesso almejado. Tenho a impressão de que há algo de inato em nosso comportamento. Certas pessoas possuem forte impulso vital. Portadoras de uma energia inesgotável, são movidas por um combustível que falta à maioria dos mortais. Nelas, a alegria de viver é transbordante. Nada as deixa tristes e, em certas situações, parecem levianas porque não dão muito peso a sofrimento algum. Esse fenômeno inato provavelmente está ligado à bioquímica de nossas células cerebrais.

Outro fator que predispõe ao otimismo ou ao pessimismo é a avaliação crítica de nosso passado. Por exemplo, se uma pessoa de 40 anos fizer uma retrospectiva de sua vida e concluir que teve progressos indiscutíveis, haverá bons motivos para o otimismo em relação ao futuro. Se, ao contrário, na hora de somar e subtrair, o saldo for negativo, o pessimismo prevalecerá. Essa autoavaliação não abrange apenas conquistas de ordem material. O que mais interessa é o sucesso enquanto ser humano. Conseguir dominar os impulsos agressivos, ter uma vida sentimental e sexual satisfatórias, ser tolerante para com as diferenças de opinião são condições que conduzem ao otimismo.

Finalmente, há um terceiro fator, sem dúvida o mais importante de todos, que orienta nossa atitude. Esse fator é a coragem. Pessoas que não têm medo de ousar tendem ao otimismo. Elas não temem o sofrimento e o fracasso. Sabem que o forte não é aquele que sempre acerta, mas aquele que corre o risco de errar e sobrevive à mais dura queda. Os seres humanos mais felizes suportam bem a dor e costumam ter uma rotina mais criativa e alegre. Seu otimismo leva ao sucesso, pois consideram eventuais derrotas um aprendizado que os tornará ainda mais fortes. O oposto acontece com o pessimista. Ele fica paralisado, não por convicção, mas por medo. Não tem medo porque é pessimista. É pessimista porque tem medo. E assim vai passando pela vida, cada vez mais inseguro e acomodado e — o que é pior — cada vez mais invejoso.

Para mais informações sobre Flávio Gikovate

Imagem de capa: dreamerve/shutterstock

Fuja das almas mesquinhas. Viver é um exercício de grandeza.

Fuja das almas mesquinhas. Viver é um exercício de grandeza.

Está faltando grandeza na gente. Falta, sim. Em todo canto, falta. Vivemos à míngua de gestos generosos, intenções grandiosas, ações maiores. Como bichos tímidos, acanhados em nossos projetos, reduzimos nossas vidas aos cargos e postos e títulos e relações oficiosas e protocolares que aos poucos nos transformam em meros colecionadores de miniaturas, acumulando milhas de mesquinharias. Nós e nossas vidinhas habitadas por pessoinhas deslumbradas, sorrindo sem graça em jantarezinhos sem afeto, cozinhando pratinhos sem gosto, a partir das receitinhas de homenzinhos dos programinhas de tevê.

Falta grandeza na gente, sim. Insistimos em ser rasos, superficiais, rasteiros, trancafiados em nossas verdades minguadas, metralhando com o dedo quem passar perto. Rareiam amigos de coração aberto e mãos postas, estendidas. Falta quem se disponha a escutar mais e mostrar menos, perguntar mais do que responder, questionar mais que pontificar. Falta gente disposta a pagar a conta por pura e simples gentileza. Ah… como são raras as visitas que surpreendem quando chegam para o churrasco em casa alheia trazendo nos braços algo além do fardo de doze cervejas previamente combinadas. Um bolinho para a dona da casa, um presentinho para as crianças. Qualquer coisa para além de uma presença fria, mirrada, previsível, burocrática.

Pior. Nossa escassez de elevação vem sob a escolta das matilhas de gênios e suas teorias em defesa da mesquinhez. “É a crise!”; “não sobra dinheiro para isso”; “também, com o preço das coisas…”; “no mundo moderno cada um paga a sua, tá reclamando do quê?”; “É cada um por si” e outras desculpas esfarrapadas. Como se a falta de dinheiro fosse o único problema.

Será mesmo? Ou tanta evasiva não passa de nossa obtusa mania de pequeneza crescendo como verruga, aumentando como um buraco? Certo é que nos tornamos sovinas, ridículos, avarentos de emoção e entrega e disposição para nós e para os outros. Isso, minha gente, tem pouquíssimo a ver com dinheiro. Estar “no bico do urubu”, sem um tostão para nada, não faz de alguém um “mão de vaca”. Há muito mendigo por aí dividindo seu pedaço de cobertor, sua porção de comida fria e seu meio cigarro com quem necessita. Porque generosidade é coisa das almas elevadas, com ou sem fundos patrimoniais. E ela está em falta como a água que baixa nas represas e o dinheiro que some dos cofres.

Nosso tempo na vida é tão pequeno e a grandeza anda tão pouca! Quanto será que nos resta? Por quanto mais você e eu estaremos aqui? Quanta vida nos cabe ainda? Trinta anos? Quarenta? Duas horas, um minuto? Pergunto, pergunto e com franqueza me dou conta de que, no fundo, não importa. Não interessa porque no fim do caminho qualquer tempo terá sido pouco. Muito pouco tempo para o perdermos com pequenezas.

Sejamos francos. A vida anda mirrada demais. Reduzida contra vontade, coitada, à pequena experiência pessoal de cada um. Obrigada por nós mesmos a dar as costas à sua vocação essencial. Porque, você sabe, diferente do que querem os mesquinhos, viver é nada senão um tremendo e escandaloso exercício de grandeza. Sejamos francos. Está faltando grandeza na gente.

Imagem de capa: Yeji Yun

Que me perdoem as equilibradas, mas eu prefiro as loucas

Que me perdoem as equilibradas, mas eu prefiro as loucas

Esse negócio de mulher racional, do tipo que marca hora para dizer eu te amo, que escolhe milimetricamente cada palavra, é para homem frouxo, que tem medo de ser amado. Que me perdoem as equilibradas, mas eu prefiro as “loucas”.

Mulher boa é mulher que grita, chora e diz que ama. Aquele tipo de mulher que não perde a oportunidade de fazer um drama. Mas não qualquer um. Um drama daqueles que te prende do começo ao fim, sem direito a intervalos comerciais.

Mulher boa é mulher que pega no pé, que reclama da toalha em cima da cama. Aquele tipo de mulher que não tem medo da reação do outro. Não tem medo de ser cobrada. Ela ama e, portanto, quer se esforçar, quer chamar a atenção, quer que você seja mais do que tem sido, mais do que demonstra, mais do que flores sem cartão.

Mulher boa é mulher que pega a gente no colo, que saboreia cada gesto de amor até lamber os dedos. Aquele tipo de mulher que faz questão de mostrar que é louca por você, que abraça sem medo de se perder, que se joga de cabeça, que reclama da ausência, que declara seu amor nas madrugadas.

Mulher boa é mulher geniosa, que ama, mas faz questão de mostrar que é dona do seu nariz. Aquele tipo de mulher que não vive sem seu chocolate preferido, que faz questão de desafiar, que bate e afaga ao mesmo tempo, que não se preocupa com críticas, que diz que te odeia, mas não vive sem você.

Mulher boa é mulher que nos tira do sério. Aquele tipo de mulher que faz perder o sono, que faz queimar neurônios, que intriga, que instiga, que sorri para acalmar as tempestades do coração.

Mulher boa é mulher temperamental, que não permite abafar o que sente. Aquele tipo de mulher que canta de um jeito irritante, que conta piadas sem graça, que fala sem parar, que deixa qualquer um loucamente apaixonado, porque nada pior para um homem do que o silêncio de uma mulher.

Mulher boa é mulher indecisa, que não sabe que vestido usar. Aquele tipo de mulher que se atrasa, que come biscoito com café, que mistura brigadeiro com beijinho. É forte e frágil. Sabe conjugar risos e soluços como ninguém. Daquelas que fazem da sabedoria masculina uma simples aprendiz. Que, em meio a toda confusão, só tem a certeza de que nos ama.

Mulher boa é mulher passional, do tipo que explode, que não fica de braços cruzados, que vai lá e fala o que sente, de forma espontânea. Aquele tipo de mulher que não se esconde do perigo, que arrisca, que nos bota na parede e nos diz umas verdades. Daquelas que não se entregam pela metade: ou leva o fruto e tem o trabalho de tirar as sementes, ou deixa no pé.

Mulher boa é mulher que usa batom vermelho. Aquele tipo de mulher que te faz trocar as palavras, que te faz mudar de caminho, que te faz ler Shakespeare. Daquelas que te fazem chorar com filmes de romance. Que te fazem mais sensível, que te livram da obrigação de ser “machão” o tempo todo. Que impõem os seus caprichos, mas se dobram quando recebem flores.

Mulher boa é mulher louca. Louca por nós. Aquele tipo de mulher que assume que ama, que faz questão de gritar pelos quatro cantos esse amor. Daquelas que sentimos o cheiro com o vento, que nos fazem comprar algodão doce na rua, que fazem rir. Que, quando choram, fazem reféns sem direito a fuga.

Mulher boa é mulher a que a gente se entrega. Aquele tipo de mulher que precisaríamos de outra vida para demonstrar o quanto sua presença faz da vida um lugar mais divertido. Daquelas que choram? Sim. Daquelas que gritam? Sim. Daquelas que sentem, que nos desarmam e que nos fazem querer ter um amor para se prender.

Se as mulheres mais equilibradas ou, talvez, que me achem machista, discordam do texto, por favor, perdoem-me. São apenas devaneios tolos, escritos em um chão de giz, com marcas de um coração que quer ouvir mais eu- te- amos, sem medo de se prender ou dese decepcionar. Todavia, ainda assim, posso estar errado e, se estiver, mais uma vez, perdoem-me, mas eu prefiro as loucas.

Imagem de capa: Wallenrock/shutterstock

24 frases célebres de Gabriel Garcia Márquez

24 frases célebres de Gabriel Garcia Márquez
MEX22. CIUDAD DE MÉXICO (MÉXICO), 06/03/2014.- El escritor colombiano Gabriel García Márquez saluda sonriente a un grupo de periodistas hoy, jueves, 6 de marzo de 2014, afuera de su residencia en Ciudad de México (México). El Premio Nobel de Literatura de 1982 cumple hoy 87 años. EFE/Mario Guzmán

1- O amor é eterno enquanto dura. (Só vim falar ao telefone).

2- Sempre falei que envelhecemos mais rápido nos retratos do que na vida real. (Boa viagem, senhor presidente).

3- “A ilusão não se come” – disse ela. “Não se come, mas alimenta”, replicou o coronel.

4- É um triunfo da vida que a memória dos velhos se perca para as coisas que não são essenciais. (Memória das minhas tristes putas).

5- Voltarão – disse – A vergonha tem memória ruim. (A hora ruim).

6- … lembrou-se de um velho provérbio espanhol: “que Deus não nos dê o que somos capazes de suportar”. (Notícias de um sequestro).

7 – Sinto que a conheço menos quanto mais a conheço. (Do amor e outros demônios).

8- Cuide do seu coração… você está apodrecendo vivo. (Cem anos de solidão).

9- A pior forma de sentir saudades de alguém é estar sentado ao seu lado e saber que nunca poderá ser seu.

10- O primeiro sintoma da velhice é que começamos a nos parecer com nossos pais. (Memória das minhas tristes putas).

11- A vida não é mais que uma sucessão de oportunidades para sobreviver.

12- Só porque alguém não te ama do jeito que você quer, não significa que não te ame com todo o seu ser.

13- Lembre-se sempre de que o mais importante de um casal não é a felicidade e sim a estabilidade. (O amor em tempos de cólera).

14- O segredo de uma boa velhice não é outra coisa a não ser um pacto honrado com a solidão.

15- Nenhuma pessoa merece as suas lágrimas, e quem as merecer não o fará chorar.

16- Me confunde pensar que Deus existe, e também que não existe.

17- O amor se faz maior e mais nobre na desgraça.

18- Não, não desejo o sucesso para ninguém. Acontece com a gente o que acontece com os alpinistas, que se matam por chegar ao cume e quando chegam, o que fazem? Descer, ou tentar descer discretamente, com a maior dignidade possível.

19- A memória do coração elimina as lembranças ruins e magnifica as boas, e graças a esse artificio, conseguimos suportar o passado.

20- Quando um recém nascido aperta com seu pequeno punho, pela primeira vez, o dedo do seu pai, este fica preso para sempre.

21- A vida não é o que a gente viveu, e sim o que se lembra e como se lembra para contá-lo.

22- Um homem só tem o direito de olhar a outro para baixo quando for para ajudá-lo a se levantar.

23- Nunca deixe de sorrir, nem mesmo quando estiver triste, porque nunca se sabe quem pode se apaixonar pelo seu sorriso.
24- A sabedoria nos alcança quando já não nos serve de nada.

Fonte: A Mente é Maravilhosa

É preciso saber a hora de sair de cena

É preciso saber a hora de sair de cena

Muitas pessoas sentem-se donas do que, na verdade, a vida nos empresta, para que aprendamos que o que é nosso de fato é tão somente o que possuímos dentro de nossos corações, nada mais do que isso. Pessoas e coisas saem de nossas vidas, mas a essência do que foi verdadeiro jamais se despedirá de nossas almas.

O momento certo de se retirar do emprego, de casa, de uma relação, equivale a salvar vidas: a nossa e a de quem se beneficia também. Ter a consciência de que é chegada a hora de partir para outras paragens será um dos maiores bens que poderemos fazer a nós mesmos e a quem amamos de fato. Estender-se além do permitido, além do que já se saturou e deu o que tinha que dar, em nada nos ajudará.

Há pessoas que se recusam a se aposentar, agarrando-se ao serviço como algo sem o qual não se vive. Outros se aposentam, mas continuam na lida. Embora alguns ainda consigam se manter inteiros por anos e anos, muitos acabam por comprometer uma imagem que, até ali, era imaculada. Perdem-se por bobeira, por simplesmente não querer desfrutar de um descanso mais do que merecido. Mal sabem o tanto de vida que existe além dos escritórios.

Da mesma forma, existem os relutantes em aceitar que o relacionamento terminou, que a amizade extinguiu, que nada mais há a ser regado por ali, além de terrenos infecundos. A pouco e pouco, distanciam-se da própria dignidade, na luta vã por continuar namorando, casado, amigo que seja, quando não se encontram mais possibilidades de florescer afetividade naquele lugar.

E há quem não se permite desistir de nada nem de ninguém, como se alguma coisa ou pessoa nesse mundo fosse propriedade de outrem. Sentem-se donos do que, na verdade, a vida nos empresta, para que aprendamos que o que é nosso de fato é tão somente o que possuímos aqui dentro de nossos corações, nada mais do que isso. Pessoas e coisas saem de nossas vidas, mas a essência do que foi verdadeiro jamais se despedirá de nossas almas.

A passagem do tempo carrega consigo muito do que achávamos ser eterno e imutável, obrigando-nos a nos despedir de muito daquilo que relutávamos em deixar para trás. Mas não tem jeito, o que tiver de ser, será; o que tiver que ir, vai-se; o que for para sempre, há de permanecer, mesmo que nas nossas mais doces lembranças. É preciso saber a hora de sair de cena, no palco e na vida. É assim que tudo de bom se eterniza onde existiu verdade e amor.

Imagem de capa: Ermakov Evgeny/shutterstock

Procura-se alma séria para relacionamento divertido

Procura-se alma séria para relacionamento divertido

“Em um relacionamento sério.” Nada contra. Fico alegre por quem assim esteja. Faço votos de felicidade ao casal e, confesso, tenho até uma certa inveja de quem se encontra e se ajeita a ponto de querer contar ao mundo que vive um caso amoroso e que ele é sério.

Não é despeito, não. Juro. Eu admiro e respeito a seriedade do amor de cada um. Mas acho que quem se ajeita “em um relacionamento sério” anda menos para o calor dos romances que para a frieza dos tratos comerciais, a obrigação dos contratos de compra e venda, a burocracia das operações bancárias e a apatia dos casais ranzinzas, circunspectos, fechados para as brincadeiras de um amor sadio em sua graça e sua leveza.

É que eu prefiro as terminologias mais afetuosas, sabe? Estar “em um caso sério de amor insano”, “em estado de graça”, “em caminhada pelas nuvens ao lado de fulana ou sicrano”. Quem sabe “em construção do amor na companhia de…”. A mim faz bem imaginar o amor como o pesado ofício da leveza, o trabalho braçal dos amantes, uma obra inacabada que precisa ser reconstruída e reformada para sempre.

Você há de me explicar o quanto estar “em um relacionamento sério” é tão só e simplesmente um jeito de valorizar aquele ou aquela ao lado de quem se está caminhando. E que, ora bolas, são só palavras! Quem liga para isso?

Eu ligo. Tenho a impressão de que assim classificado o amor vira outra coisa. Carimbado e despachado ao dia a dia como “um relacionamento sério”, ganha a dimensão limitada e triste de um termo de compromisso. E será mesmo que o amor pode se cobrar e registrar de acordo com as nomenclaturas e tabelas cartoriais?

Então vem alguém perfeito e me acusa de não ser sério, de arranjar desculpas para fugir das convenções da vida adulta, me julga, incrimina, desclassifica. E eu só lamento que tudo tenha de ser assim, tão superficialmente classificável.

Será que o amor não é outra coisa, não? Não será um negócio sem forma e categoria que simplesmente é e, assim sendo, acontece e se fortalece em seu tempo a partir de nossas intenções e ações e essas coisas de quem quer o bem do outro tanto quanto o seu próprio? Sem amarras e cercas e advertências, sem pregar uma placa no portão avisando: “Cuidado. Cachorro Bravo!” ou “Afaste-se! Estamos em um relacionamento sério!”

Vai aqui o meu respeito a quem pensa diferente de mim. Mas, de minha parte, melhor seria estar “em um relacionamento divertido”. Seriamente brincalhão. Daqueles construídos de encontros profundos, em que as almas se encantem e se transbordem sinceramente. Que tragam suas coisas de antes e as dividam com franqueza. Suas dores e perdas, seus escuros pavorosos, seus instantes de grandeza. Que tudo isso se apresente em solidária confraternização de amor.

E que de cada encontro resulte uma história divertida, diversa, que gire na direção oposta da maioria dos casais sisudos, amarrados um ao outro em sofrida provação. Que o caminho seja leve e cada um ali esteja em franca entrega. Celebrando a vida porque isso é o mínimo que se espera de quem está vivo: viver como quem recebe uma graça, agradece de joelhos e se levanta para dividi-la com o mundo.

Eu quero tudo isso, sim. Mas também quero rir, sabe? Rir dos meus tropeços e minhas topadas, da minha desgraça, das minhas alegrias breves e minhas mesquinharias, da minha cara feia no espelho. Quero rir e gritar sem culpa “EU TE AMO, VOCÊ AÍ!” Quem sabe isso me acorde e me melhore.

Meu amor há de ser tão simples e bonito quanto o pão feito em casa. Divertido como os animais domésticos que brincam de morder um ao outro. Despretensioso como quem sonha com as viagens espaciais e com um mundo em paz, em que os estúpidos desistam de seu galope rumo à burrice completa, em que nas escolas as crianças aprendam a ver beleza nas operações básicas de somar, subtrair, multiplicar, dividir e respeitar a si mesmas e ao outro, em que os eloquentes aceitem que “liberdade de expressão” também vale para aqueles que expressam opiniões contrárias às suas.

E que tudo isso seja muito divertido. Sempre.

Será preciso coragem. E coragem é atributo das almas sérias, envolvidas por seus propósitos, tomadas de bravura para tocar a vida em frente a despeito de seus medos e imperfeições, plenas de ânimo para aceitar seus defeitos e corrigi-los como se pode. Afinal, amar e respeitar compreendem um estado de coisas que ficam para muito além de estar “em um relacionamento sério”.

Faço fé que por aí há de caminhar uma alma grave à espera da minha risada. Ansiando pela leveza das nossas conversas e a graça do nosso jeito de lidar com as coisas importantes. Juntos, vamos construir uma casa antiga no meio de uma avenida de prédios comerciais modernos e alimentar hábitos simples. Comprar pão de manhã, plantar hortelã e manjericão em vasinhos de barro, cultivar delicadeza em feitios gentis. Seremos nós e os nossos filhos, nossos sonhos e o nosso desvario de ternura. Eu faço fé.

Em nossa estranheza sagrada de amantes honestos, daremos de brincar com a comida, sonhar com o impossível, acordar enquanto o mundo dorme e sair pela cidade à procura de um chafariz onde entraremos de roupa e tudo.

E quando uma alma desavisada e triste nos questionar indignada, o dedo em riste, “vocês estão loucos, vadios imbecis? Tomando banho no chafariz?”, responderemos em coro sem prender o riso:

“Não, senhora. Nós estamos em um relacionamento divertido!”

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