Há dois tipos de relacionamentos: os que te dão paz e os que te tiram ela

Há dois tipos de relacionamentos: os que te dão paz e os que te tiram ela

Confesso que há coisas que não entendendo e, por mais que eu me esforce, elas parecem ser, cada vez mais, incoerentes. Batata frita com ketchup, sorvete com calda quente e relacionamentos turbulentos são algumas delas.

Parece inacreditável, mas há pessoas que consideram normal o ciclo: namorar – terminar – trair – agredir – voltar a namorar. Pessoas que, por motivos desconhecidos, encaram situações degradantes como rotina e não enxergam que merecem muito mais do que estão acostumadas a aceitar.

Relacionamentos não são fáceis, já que o convívio com personalidades diferentes exige maturidade, equilíbrio e paciência. O grande problema é que, enquanto para alguns o amor é encarado como libertador, para outros são verdadeiras algemas.

Toda vez que esse assunto vem à tona, me recordo de Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas: “Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.

Algumas verdades ensinadas como absolutas deveriam ser extintas da sociedade. “Ciúmes é prova de amor”, “o amor basta para um relacionamento feliz” e “traição é normal” são exemplos disso. Agressões, sejam elas verbais ou físicas, nunca foram normais. Gritos não são demonstrações de afeto e ciúmes não dá o direito de aprisionar quem se ama.

Sob uma análise racional, relacionamentos deveriam trazer paz aos corações e não uma desordem generalizada. A verdade é uma só: quando um relacionamento não te dá paz, ele te tira ela. “Os relacionamentos são como vitamina C: em altas doses, provocam náuseas e podem prejudicar a saúde” (Zygmunt Bauman).

Distância, desentendimentos e diferenças cansam. A gente começa a enxergar mais defeitos que qualidades e a entender que, em alma cansada, amor não faz pouso.

Relacionamentos existem para que possamos crescer em maturidade e princípios. Fechar os olhos para as relações tóxicas, permitir agressões e ser submisso à maldade, é como injetar veneno nas próprias veias e acreditar não ser uma atitude fatal.

Não se engane: amores ruins existem! Porém, é possível identificá-los e não permitir que fortes traumas se alojem na alma. Muitas vezes, inteligência emocional é só uma questão de percepção.

Imagem de capa: fizkes/shutterstock

Os signos dos cães: conheça melhor seu cão através da astrologia canina.

Os signos dos cães: conheça melhor seu cão através da astrologia canina.
Os signos são ainda um enigma, talvez uma descrença para muitos, contudo, céticos ou não, já nascemos com este carimbo junto à nossa certidão de nascimento, e desde que nos entendemos por gente, sabemos responder na ponta da língua quando nos perguntam: Qual seu signo? Mas além desse desenrolar astrológico humano, em meados de 1980, astrólogos propuseram que os cães também sofrem influências dos astros em suas personalidades. Assim como no horóscopo humano, o bom senso é uma regra, e claro, não baseamos escolhas, temperamentos e atitudes, somente em seu detrimento, porém acreditamos em uma essência básica que compõe cada um dos 12 signos do zodíaco.
Assim como para a raça humana, a divisão dos signos é a mesma para os cães. Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. Curioso? Saiba a data de nascimento do seu amigo de quatro patas e divirta-se com suas características mais marcantes.
Cachorro de Áries (21/03 a 20/04).
O cãozinho ariano, desde filhote, é imponente, corajoso, implicante e considera-se o centro das atenções. São cães com alta energia, comumente se metem em encrencas e não levam desaforo. Apesar de tanta impetuosidade, são carinhosos, ciumentos, protetores e amam com muita vivacidade. Geralmente detestam o tédio e não suportam rotinas repetitivas. Se não educados e socializados, tendem a serem brigões e teimosos.
Cachorro de Touro (21/04 a 20/05)
O cãozinho taurino é teimoso, guloso e um tanto nervoso. São afáveis e apegados, levando à serio os ensinamentos e hierarquia da casa, embora muitas vezes se rebelem e não acatem ordens. São animais extremamente fiéis e protetores. Enquanto filhotes podem demonstrar uma certa fragilidade que, na fase adulta, se não for moldada, de transforma em independência exagerada.
Cachorro de gêmeos (21/05 a 20/06).
O cãozinho geminiano é independente, animado e social. Geralmente são festeiros e possuem um instinto de aventura bem apurado. São por vezes temperamentais por conta dessa sede de liberdade, contudo, são leais, carinhosos e amam uma bajulação. São animais muito adaptáveis e encaram mudanças numa boa. Comumente os cães deste signo adoram crianças.
Cachorro de câncer (21/06 a 21/07)
O cãozinho canceriano é extremamente apegado à família, são carinhosos e amam um colo. São sensíveis e dificilmente sabem lidar com a solidão. Animais dessa casa do zodíaco não se adaptam com facilidade a novos donos ou casas, levando algum tempo para aceitarem, pois ficam sentidos. São cães por vezes teimosos e pirracentos, mas possuem um grande coração.
Cachorro de Leão (22/06 a 22/08).
O cãozinho leonino não carrega a fama do seu símbolo felino. Não são tão graciosos quanto barulhentos. Estão entre os mais latidores e protetores. Adoram um chamego e horas de carinho, porém não abrem mão, ops, a pata, para chamar aquela atenção para o que querem.
Cachorro de Virgem (23/08 a 22/09).
O cãozinho virginiano segue à risca a fama de exigente e sistemático. São muito ligados à família mas de uma maneira bem peculiar. Não são animais carentes e grudentos, demonstram carinho sem invadir o espaço do dono. Cães dessa casa do zodíaco são sensíveis com a saúde e bastante asseados, não suportando a sujeira. Muitos exemplares seguram suas necessidades se recusando a pisar na sujeira que ainda não foi limpa.
Cachorro de Libra (23/09 a 22/10).
O cãozinho libriano se envolve rapidamente com seus donos. Possuem uma jeito gostoso de demonstrar carência e podem ser possessivos. São animais que não lidam bem com frustração e devem ser educados desde filhotes. Geralmente são limpos e possuem um senso natural do que é certo ou errado.

 

Cachorro de Escorpião (23/10 a 21/11).
O cãozinho escorpiano carrega a tipicidade do seu signo. Desde filhotes são teimosos, e podem se tornar agressivos se não tiverem uma educação firme. Ciumentos e possessivos, são excelentes guardiões. Elegantes e majestosos, intimidam com facilidade qualquer invasor. Com a família são leais, discretos e muito carinhosos.
Cachorro de Sagitário (22/11 a 21/12).
O cãozinho sagitariano é manhoso e pirracento. São animais independentes e amam grandes espaços. Caso não seja possível, podem ser tornar destrutivos pela alta energia. Um passeio longo e cheio de aventuras suprem bastante a necessidade de desbravar os ambientes. São cães curiosos, cheios de vida, e não menos apegados à sua família, pela qual dedica boa parte do seu carinho.
Cachorro de Capricórnio (22/12 a 20/01).
O cãozinho capricorniano, desde filhote, é perseverante e inquieto quando buscam o que querem. E tem que ser na hora que querem. São animais afetivos, fiéis, e dedicam todo amor aos donos. Podem se tornar pirracentos, ansiosos e rabugentos caso sejam contrariados. São excelentes com crianças, mostrando um lado super paciente.
Cachorro de Aquário (21/01 a 19/02).
O cãozinho aquariano, de todos os signos, talvez seja o que mais precisa de liberdade, espaço e de uma vida com maiores distrações. São animais alegres, gentis, porém, podem despertar um lado menos amistoso quando entediados e contrariados. Desde filhotes devem se exercitar com maior energia, e participar de longos passeios. São cães apegados e carinhosos quando equilibrados e saciados.
Cachorro de Peixes (20/02 a 20/03).
O cãozinho pisciano é sensível, frágil e muito carinhoso. De todos os signos, talvez seja o mais disciplinado e apegado à família. Como todo animal, se encorajado, pode sim demonstrar um lado rebelde, porém não é característica desses peixinhos a insubordinação.
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Filhos perfeitos, crianças tristes: a pressão da exigência

Filhos perfeitos, crianças tristes: a pressão da exigência

Os filhos perfeitos nem sempre sabem sorrir, nem conhecem o som da felicidade: temem cometer erros e nunca alcançam as elevadas expectativas que os seus pais têm. A sua educação não está baseada na liberdade, nem no reconhecimento, e sim na autoridade de uma voz rígida e exigente.

Segundo a APA (American Psychological Association) a depressão nos adolescentes já é um problema muito grave na atualidade, e uma exigência desmedida por parte dos pais pode derivar facilmente na falta de autoestima, ansiedade, e em um elevado mal-estar emocional.

A educação sempre deve ser a base da felicidade, do autoconhecimento, e não uma diretriz baseada unicamente no perfeccionismo onde os direitos da criança são completamente vetados.

É preciso ter em mente que essa exigência na infância deixa a sua marca irreversível no cérebro adulto: a pessoa nunca se acha suficientemente competente, nem perfeita com base naqueles ideais que lhe foram incutidos. É preciso cortar esse vínculo limitante que veta a nossa capacidade de sermos felizes.

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Filhos perfeitos: quando a cultura do esforço é levada ao limite

Frequentemente ouvimos que vivemos em uma cultura que baseia a sua educação na falta de esforço, na permissividade e na pouca resistência à frustração. Contudo, isso não é totalmente verdade: em geral, e mais ainda em tempos de crise, os pais procuram a “excelência” em seus filhos.

Se uma criança tira um 7 em matemática, é pressionado para alcançar um 10. As suas tardes são preenchidas com aulas extracurriculares e seus momentos de ócio são limitados à busca por mais competências, resultando em estresse, esgotamento e vulnerabilidade.

The Price of Privilege” é um livro interessante publicado pela doutora Madeleine Levine, onde ela explica como, na nossa necessidade de pais em educar filhos perfeitos e aptos para o futuro, o que estamos conseguindo é criar filhos “desconectados da felicidade”.

Educar é ser capaz de exercer a autoridade com amor, guiando seus passos com segurança e afeto porque a infância é um fundo de reserva para a vida toda.

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Consequências de exigir demais das crianças

Existe uma coisa que precisamos considerar muito bem. Podemos educar nossos filhos na cultura do esforço, podemos e devemos exigir, sem dúvida, mas tudo tem um limite. Essa barreira, que deveria ser intransponível, é a de acompanhar a exigência a um colchão afetivo incondicional.

Do contrário, nossos filhos perfeitos serão crianças tristes que evidenciarão as seguintes dimensões:

-Dependência e passividade: uma criança acostumada a ser mandada deixa de decidir por conta própria. Assim, sempre procura a aprovação externa e perde a sua espontaneidade, a sua liberdade pessoal.
– Falta de emotividade: os filhos perfeitos inibem suas emoções para se ajustarem ao que “tem que ser feito”, e toda essa repressão emocional traz graves conseqüências a curto e longo prazo.
– Baixa autoestima: uma criança ou um adolescente acostumado à exigência externa não tem autonomia nem capacidade de decisão. Tudo isso cria uma autoestima muito negativa.

-A frustração, o rancor e o mal-estar interior podem se traduzir muito bem em instantes de agressividade.
– A ansiedade é outro fator característico das crianças educadas na exigência: qualquer mudança ou uma nova situação gera insegurança pessoal e uma elevada ansiedade.

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Pais exigentes frente a pais compreensivos

A necessidade de educar “filhos perfeitos” é uma forma sutil e direta de dar ao mundo crianças infelizes. A pressão da exigência irá acompanhá-las sempre, e mais ainda se a sua educação for baseada na ausência de estímulos positivos e de afeto.

Fica claro que como mães, como pais, desejamos que nossos filhos tenham sucesso, mas acima de tudo está a sua felicidade. Ninguém deseja que na adolescência desenvolvam uma depressão ou que sejam tão exigentes com eles mesmos que não saibam o que é se permitir aproveitar, sorrir ou cometer erros.

Características gerais

Neste ponto, é preciso saber diferenciar entre a educação baseada na exigência mais rigorosa e aquela criação baseada na compreensão e na conexão emocional com nossos filhos.

Os pais muito exigentes e críticos costumam apresentar uma personalidade insegura que precisa ter sob controle cada detalhe.

– Os pais compreensivos “impulsionam” seus filhos para a conquista, permitindo explorar coisas, sentir e descobrir. São guias e não colocam fios nos seus filhos para movê-los como marionetes.
– O pai exigente é autoritário e leva um estilo de vida que está sempre seguindo o relógio. Indica regras e decisões para economizar tempo através do “porque eu sei que é melhor para você”, ou “porque eu sou seu pai/mãe”.
Para concluir: educar é exercer a autoridade, mas com bom senso. É usar o afeto como antídoto e a comunicação como estratégia.

Nossos filhos não são “nossos”, são crianças do mundo que deverão ser capazes de escolher por si próprios, com direito de errar e aprender, com a obrigação de chegar à maturidade sendo livres de coração e com seus próprios sonhos para realizar.

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Quem ama cuida, importa-se, procura

Quem ama cuida, importa-se, procura

Quem ama não é ausência, quem ama dá um jeito de ser presença mesmo estando do outro lado do mundo e dá um jeito de fazer o outro sentir que é amor. Que vale a pena.

Quem ama liga de forma despretensiosa, aparece numa segunda-feira, numa noite qualquer, antes de ir para a faculdade, e manda uma mensagem antes de dormir, como quem já está com saudade. Quem ama não tem medo de fazer planos e adora sonhar junto, gosta de ver o seu cabelo desarrumado pela manhã e acha graça na sua voz rouca.

Quem ama nos faz ficar sem precisar pedir.

Quem ama dá um jeito e esquece as desculpas. Faz as pazes e rouba um beijo enquanto você insiste em continuar discutindo sobre coisas banais. Quem ama não oferece dúvidas, pelo contrário, oferece abrigo, firma um compromisso contigo sem medo do que os outros vão pensar. Esquece as ”fases” da vida e quer aproveitar o tempo com você. Quem ama arruma tempo para uma conversa qualquer, dispõe-se a nos ouvir, mesmo cansado do trabalho, e nos faz um cafuné. Chama os amigos para um jantar e não hesita em chamá-lo, diz aos amigos sem gaguejar aquilo que você tanto quis ouvir: “É ela”.

Quem ama demonstra com coisas simples, como pegar na sua mão, abraçar forte, te beija, te quer sem inventar desculpas para não te ver, não olha em volta, não olha para trás. Quem ama fixa os olhos em você como quem tem tudo o que deseja bem à sua frente.

Quem ama não mente, não guarda mágoas, não inventa desculpas. Quem ama não tem vergonha do outro, não ilude, não fica na zona de conforto enquanto o outro sofre, enquanto o outro sente.

Quem ama o procura mesmo você tentando se esconder; quem ama sente sua falta mesmo você se ausentando. Quem quer você por perto dá um jeito, sente saudade, bate o pé e faz de tudo para vê-lo.

Quem ama se preocupa quando você está doente, dá um jeito de ligar na farmácia e pedir um remédio pra aliviar a sua dor, vai até a sua casa depois do trabalho só para vê-lo, como quem precisava se certificar de que você realmente está bem. Quem ama não foge quando você mais precisa, não inventa uma desculpa para sair com os amigos enquanto você pede para ficar.

Quem ama não o deixa de lado e o procura apenas quando você aparece com o seu vestido novo, ou porque postou uma foto bonita. No fundo, a gente sabe quando alguém quer a nossa companhia, sabe quando alguém está fugindo e se justificando com desculpas , mas a gente insiste como quem quer acreditar que deve haver algum engano, quando, na verdade, o engano está em acreditar nisso. Quem ama não tem orgulho e sabe perdoar, gosta do seu sapato de florzinha e não se incomoda com o seu riso; gosta da sua alma bonita e se encanta todas as vezes que conhece um pouquinho mais sobre você. Quem ama faz seu jardim florescer e não deixa espinhos.

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A vida começa quando decidimos parar de tentar agradar a platéia

A vida começa quando decidimos parar de tentar agradar a platéia

Eis um dos segredos do bem viver: não querer agradar a todos, valorizando sobretudo o que somos e quem temos como companheiros certos de jornada. Estender nossos ouvidos para além daquele círculo de pessoas que realmente se importam conosco acabará nos desviando de nossas verdades, de nós mesmos.

Costumamos atrelar a idade aos prazeres da vida que possam ser desfrutados ou não. Raramente conseguimos deixar de imaginar se agir de determinada maneira não parecerá ridículo, tendo em conta a idade que temos, como se a cada fase da vida correspondesse necessariamente um rol de atividades adequadas. E assim muitas vezes nos privamos de prazeres frugais simplesmente porque achamos que não temos mais idade para aquilo.

Embora muitas coisas realmente dependam da fase da vida em que estamos, do grau de maturidade que já alcançamos, jamais poderemos estar errando caso tomemos atitudes que não fujam ao nosso controle, que não nos esgotem física e mentalmente. Querer aguentar, por exemplo, partidas seguidas de futebol quando já não temos mais vinte anos e se não estivermos com a saúde em dia será incoerente. Mas por conta do que possa nos acontecer e não em razão da opinião alheia.

Precisaremos ouvir os conselhos de quem nos rodeia, haja vista que muitos já passaram por experiências que poderão nos ser úteis, porém, teremos que selecionar os palpites que nos chegam, pois muitos deles não terão serventia, ainda mais se enviados por quem mal nos conhece. Claro que aqueles que nos amam de verdade e torcem por nós trarão aconselhamentos de bom grado, no entanto, jamais poderemos nos permitir nos tornarmos surdos aos nossos próprios anseios, às nossas vontades.

Ponderarmos sobre o que sonhamos e a utilidade daquilo tudo em nossas vidas será providencial, para que não nos lancemos a viagens inúteis que nada acrescentarão a nossa jornada. Aquilo a que renunciamos deverá ficar lá atrás, como algo que não era nosso, não nos faria bem, ou carregaremos pesos de remorsos por demais danosos ao nosso bem estar. Teremos que ter a certeza de que nós próprios tomamos a decisão naquele momento, para que não culpemos injustamente os nossos queridos pelas escolhas que foram de fato somente nossas.

Eis um dos segredos do bem viver: não querer agradar a todos, valorizando sobretudo o que somos e quem temos como companheiros certos de jornada. Estender nossos ouvidos para além daquele círculo de pessoas que realmente se importam conosco acabará nos desviando de nossas verdades, de nós mesmos. Matar, a pouco e pouco, a nossa essência, para agradar o mundo lá fora será a pior coisa que poderemos fazer contra nossa felicidade. Se estivermos felizes junto dos poucos que importam, já poderemos nos considerar abençoados, pois é disso que se vale a vida, afinal.

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“Eu te amo” é um jeito bonito de dizer: o mundo é melhor porque você existe.

“Eu te amo” é um jeito bonito de dizer: o mundo é melhor porque você existe.

Tem gente que deixa a vida melhor, ué! Gente que faz a luta valer a pena, justifica as aporrinhações, os desencontros, compensa descaminhos e aborrecimentos. Gente que só de existir já devia ganhar o Nobel da Paz.

Difícil reconhecer, nestes tempos em que falar de sentimento virou sinal de fragilidade, mas o mundo só não afundou de vez porque ainda resistem por aí mais criaturas boas do que canalhas. E de quando em vez elas merecem, ahh… elas bem merecem ouvir um “eu te amo” de jeito, assim, verdadeiro e indefensável!

Em todo canto elas conspiram, articulam, fazem das suas em silêncio. Na intimidade de suas vidas, dão seu jeito de melhorar o dia de quem estiver perto.

Gente que torna o mundo mais bonito não tem medo, não tem pudores nem tem hora. Opera seu ofício na quietude de uma manhã qualquer, depois do café. Muda o dia durante o almoço de uma terça-feira sem graça ou numa noite igual a todas as outras noites, voltando para casa depois do trabalho. Transforma o tempo de repente, à tardinha, quando o sol amansa e um vento tranquilo faz carinho no cabelo das moças, ou de madrugada, depois que um sonho carinhoso nos desperta e o silêncio grita até acordar as saudades que dormem dentro da gente.

Tem gente que merece ouvir “eu te amo” a toda hora. Só pra lembrar. Não sem mais, não da boca para fora, mas da alma para dentro. De verdade, o sentimento ali, transpirando alegria e nobreza. Dizer “eu te amo” é um jeito bonito de assumir: você me faz gostar mais da vida, a minha, a sua e a de todo mundo.

Porque o mundo anda carecido de gente que faz de um tudo para torná-lo melhor. Gente que nos acostuma bem. Que nos faz sentir amor de algum jeito. Que nos lembra do que importa mesmo e nos faz perguntar no espelho: afinal, pra que serve a vida senão para isso, gostar de alguém e ser gostado também?

Elas estão por aí. É tarefa nossa identificá-las e jogar-lhes na cara um bom e gostoso “eu te amo” em nome do mundo, que agradece por ainda existir gente assim. Ao trabalho, então.

O amor não é desculpa para fazer papel de trouxa

O amor não é desculpa para fazer papel de trouxa

Em nome do que julgamos ser amor, muitas vezes passamos a fazer papel de trouxa, pois, então, todo mundo, menos nós mesmos, perceberá o quanto estamos sendo manipulados e reduzidos pelo parceiro. E todo o peso do sentimento não correspondido recairá sobre nossas costas, pois o outro não se importa, não se enxerga, não nos enxerga.

É tão bom amar e ser correspondido, tendo a certeza de que a afetividade vai e volta na mesma medida, com intensidade e transparência. Amor sempre deve ser uma via de mão dupla, pois é exatamente a reciprocidade que reveste a afetividade nele contida mais forte e transformadora. E, caso esse sentimento não esteja encontrando terreno que retorne o que ali chega, sempre haverá alguém sofrendo e agindo para nada. Amor não pode ser à toa, pois amor se esvazia de carga e de sentido sem troca.

Talvez por termos esperança de que o outro mude, de que a nossa verdade possa afetá-lo positivamente, clareando-lhe os passos, muitas vezes acabamos insistindo, amando, doando, fazendo e tentando, e tentando, à espera de um retorno sincero – que não vem, não aparece, não nos chega de volta. E então começamos a extrapolar os limites saudáveis de nosso bem estar, deixando de lado o nosso eu, na vã tentativa de manter o que jamais foi nem nunca será.

Nesse caminho de luta contra o que já morreu ou nem começou, nós nos distanciamos de nós mesmos, anulando-nos, apagando de dentro de nós tudo aquilo com que sempre sonhamos e do que nunca deveríamos largar mão. Desistir do que temos de nosso é desistir de viver, de ser feliz. Com isso, muito provavelmente entraremos no terreno nebuloso da humilhação e da servidão, até nos transformarmos em fantoches nas mãos de quem nos usará como lhe convier.

Em nome do que erroneamente julgamos ser amor, muitas vezes passamos a fazer papel de trouxa, pois, então, todo mundo, menos nós mesmos, perceberá o quanto estamos sendo manipulados e reduzidos pelo parceiro. E todo o peso do sentimento não correspondido recairá sobre nossas costas, pois o outro não se importa, não se enxerga, não nos enxerga, apenas mantém um conveniente relacionamento em que manda e desmanda.

Desistir de alguém que amamos será sempre uma das atitudes mais difíceis que enfrentaremos no decorrer de nossas vidas, visto que isso equivale a tomar consciência de que uma significativa parte de nossos sonhos desmoronou. Por isso a necessidade de nos mantermos inteiros enquanto construímos um relacionamento, pois é assim que poderemos desistir de quem já desistiu de nós, sem que nada nos reste. Caso tenhamos entregue tudo ao outro, sem nos preservar, não teremos nada em que nos apoiar durante o rompimento, pois já quase nada seremos sozinhos.

Amemos com intensidade e inteireza, honestidade e completude, mas não nos esqueçamos de nós mesmos nesse percurso, pois dependeremos sempre do que temos dentro de nós, toda vez que a vida disser não. E ela costuma dizê-lo, quando menos esperamos.

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Aprenda a viver com algumas pessoas e a sobreviver sem outras

Aprenda a viver com algumas pessoas e a sobreviver sem outras

Sabemos que as pessoas que amamos nem sempre estarão ao nosso lado. Por isso também devemos aprender a conviver com as que menos nos agradam.

A vida é como uma viagem de trem. Paramos em muitas estações, pessoas que desconhecemos sobem, e as pessoas que amamos de repente descem do nosso trem. É por isso que precisamos aprender a viver com algumas pessoas e a sobreviver sem outras. Porque alguns vão subir e temos de saber como lidar com elas, outras vão descer e nós devemos aprender a viver sem elas.

Embora pensemos que é difícil, hoje veremos em profundidade, que viver nos ensina a superar tais situações.

Por isso, devemos fazer sempre o nosso melhor para que, longe de sermos infelizes, aprendamos com todas essas experiências que todos nós um dia temos que passar.

Como viver com algumas pessoas

Às vezes é muito difícil viver com algumas pessoas porque elas não compartilham os nossos valores, não têm a mesma opinião que nós sobre a vida ou simplesmente não se encaixam bem conosco.

Apesar disso, às vezes, não temos escolha a não ser “suportarmos”, porque livrar-se delas não é uma opção.

Tais pessoas podem ser tóxicas para nós e se encontram em nossa família ou entre os nossos colegas de trabalho. Nestas situações, não podemos virar as costas e esquecê-las, isso não é possível nem viável.

Por isso, devemos aprender a conviver com tais pessoas de forma saudável, evitando tudo o que podem fazer para influenciar ou afetar nosso equilíbrio emocional.

Pense que não é preciso mudar de lugar toda vez que uma pessoa faz você se sentir desconfortável. Você deve aprender e aceitar as pessoas como elas são, com seus defeitos e virtudes.

Você pode pensar que vai sofrer passivamente, mas isso não é verdade. Aceitar essas pessoas com as quais não temos afinidade fará de nós pessoas muito mais sensatas e equilibradas.

Nem sempre devemos fugir daqueles que nos incomodam. Às vezes é necessário que enfrentemos tais situações com inteligência. Só assim conseguiremos aprender e amadurecer.

Como sobreviver sem outras pessoas

Na vida nem sempre se trata de “aguentar” aquelas pessoas com as quais não nos identificamos, mas há uma parte ainda mais difícil: viver sem aquelas pessoas que tanto nos fazem falta.

Os pais, casais, amigos… sempre descem do nosso trem deixando um vazio com o qual é difícil conviver. No entanto, o importante é que podemos superá-lo.

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O sofrimento que nos aborda quando uma pessoa que é importante para nós desce do trem, às vezes manifesta problemas de dependência emocional ou dificuldades graves para amar nossa solidão.

Embora pareça um pensamento um tanto frívolo, devemos aprender a aceitar que as pessoas subirão e descerão do nosso trem. Só nós permaneceremos nele até que a vida permita.

Mas por que nos custa tanto aceitar essa dolorosa situação? Porque não sabemos quando eles farão isso, porque está além do nosso controle, e às vezes queremos ter o controle de tudo e de todos para o nosso benefício pessoal.

Portanto, é importante aceitar a realidade. É claro que doerá e que você irá sofrer, mas deve aprender a abraçar essa dor para seguir em frente, porque a vida continua!

Pense em todas as boas lembranças e experiências que viveu com eles e continue seu caminho. Porque, afinal de contas, andamos sozinhos, acreditemos ou não.

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O que é o mais difícil para você? Conviver com algumas pessoas ou sobreviver sem outras? A opção escolhida vai determinar no que você deve se concentrar, para aprender a superar qualquer barreira ou medo que não está permitindo que você seja completamente feliz.

Acima de tudo, acredite que qualquer solução consiste em aceitar. Aceitar a vida como ela é, aceitar os outros com suas coisas boas e ruins e, acima de tudo, aceitar que não podemos controlar nada, exceto nossos próprios passos.

Fonte: Melhor Com Saude

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Tentar diminuir o outro não te tornará melhor do que ele

Tentar diminuir o outro não te tornará melhor do que ele

Diga-me quais são suas qualidades, não adianta tentar denegrir o outro. Se alguém vier falar mal de uma pessoa de quem gosto, eu tenderei a defender justamente a pessoa de quem gosto. Porque eu não gosto das pessoas à toa; esse gostar tem uma história que o sustenta.

Lamentável notar que, ultimamente, a forma mais utilizada de argumentação vem a ser a difamação do outro, em vez de se comprovarem as próprias qualidades. É como se, destruindo a imagem alheia, a pessoa fosse conseguir se sobressair, como se, assim, enxergaríamos o que quem critica possui de positivo. Mas não é dessa forma que as coisas ocorrem.

Certos funcionários, por exemplo, não se cansam de falar mal dos colegas de trabalho, apontando falhas e defeitos no serviço deles, tentando, dessa maneira, despontar como os mais capacitados. Para tanto, espalham fofocas e maledicências a quem possa ouvir, em sucessivas tentativas de acabar com a imagem do outro, para que possam vir a serem reconhecidos pelos superiores como os melhores e mais competentes, querendo subir somente pisando quem atravesse seu caminho.

Da mesma forma, há quem tente diminuir as qualidades de alguém que, por ele, é visto como um oponente nas relações amorosas ou de amizade, não perdendo uma única oportunidade de disseminar histórias inverídicas e maldosas sobre essa pessoa, que seus devaneios delirantes classificam como um inimigo. Querem conquistar amizades e amores, geralmente em vista de interesses próprios, afastando as pessoas por meios antiéticos e mentirosos.

O mesmo se dá em relação à política. Muitos partidos nada mais fazem do que levantar atividades escusas dos oponentes, tornando públicas quaisquer notícias que denigram a imagem dos opositores. Raramente se veem propagandas exaltando as conquistas e avanços que o partido promoveu, uma vez que os ataques sistemáticos aos outros demais são recorrentes e ganham importância cada vez maior e mais frequente. Interessa, nesse contexto, destruir o outro e não melhorar a própria imagem.

Seria mais eficaz focar a si mesmo. Diga-me quais são suas qualidades, qual é o seu melhor. Não adianta tentar ficar atacando o outro, porque não é assim que alguém consegue mostrar a que veio. Se alguém vier falar mal de uma pessoa de quem gosto, eu tenderei a defender justamente a pessoa de quem gosto. Porque eu não gosto das pessoas à toa; esse gostar tem uma história que o sustenta. O que Pedro diz sobre Paulo me mostra mais sobre Pedro do que sobre Paulo – acho que Freud disse algo do tipo. Simplesmente melhorem.

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Liberdade caça jeito

Liberdade caça jeito

“Quem anda no trilho é trem de ferro. Sou água que corre entre pedras – LIBERDADE CAÇA JEITO.”
— Manoel de Barros.

Eduardo Galeano diz em um dos seus versos, que o mundo é formado por um mar de foguinhos, em que alguns são bobos e, portanto, não queimam nem iluminam nada; enquanto outros são loucos e incendeiam a vida com tanta vontade, que é impossível olhar para eles sem se espantar e pegar fogo.

A vida constantemente nos faz fogos bobos, pequenos, que não sentem o vento do mundo passar. Não é para menos, é preciso se dar um desconto. Há momentos em que tudo parece que vai desabar e nossa potência de ser diminui tanto, que não passamos, nesses momentos, de meras brasas procurando a todo custo manter a menor chama que seja acesa.

Em uma realidade como a nossa, em que há tanto com o que se preocupar, em que a cada dia surge uma nova coisa que “precisamos” fazer, “precisamos” ter, o tempo nos esmaga e urge sobre nós um peso tão grande das responsabilidades cotidianas, que a existência parece insustentável e nós esquecemos de ser. De ser gente, ser humano, ser nós mesmos. Ser o tempo, o mundo, a natureza e fazer sê-los parte inseparável do nosso ser.

No entanto, por mais que as condições sejam adversas e que, na maior parte do tempo, o mar pareça não estar para peixe, é preciso sentir o vento, convidá-lo para dançar, comer algodão doce de nuvem, nadar nas janelas do céu, mergulhar nos avessos, desamassar as almas. É preciso ser fogo grande, chispado, porque em nós habita o impossível e os nossos olhos têm fome de mundo.

Mesmo que não seja fácil, porque as propagandas dizem o contrário e prometem a felicidade eterna de jardins vigiados – como disse Manuel Bandeira – “Liberdade caça jeito”; embora seja necessário aprender a ser, a conhecer o mundo e se conhecer nele, na imensidão de foguinhos.

Pois só assim, a gente entende que é preciso queimar, para então, ser fogo, ter um deus dançando dentro de si e incendiar o universo com a alegria de almas que compreendem que somos instantes, mas que – quando nos tornamos tão luminosos quanto as estrelas do céu – nos tornamos infinitos.

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Não perca tempo com quem só sabe dar o contra

Não perca tempo com quem só sabe dar o contra

Não adianta, se dissermos que sim, dirão que não; se falarmos que é azul, afirmarão que é verde; se explicarmos que verdura faz bem para a saúde, contestarão cada palavra ouvida.

Vivemos tempos de exposição exagerada e de polêmicas inúteis, haja vista a rapidez com que as informações se propagam via net. Os mais variados assuntos são colocados à nossa frente, principalmente pelas redes sociais, bem como entramos em contato com pontos de vista diversos. E os assuntos veiculados acabam, assim, chegando às rodas de conversa fora da tela do computador.

O problema nem é o excesso de informações, muitas vezes distorcidas, que chegam até as pessoas, mas sim a forma como são analisadas, os tipos de comentários que provocam, as reações muitas vezes violentas que suscitam em alguns leitores. Os valores embaralham-se tanto, que aparece gente justificando violência, disseminando preconceito, defendendo desumanidade. Muitos destes, porém, nem opinam direito, só querem mesmo é dar o contra.

Parece haver uma necessidade de aparecer, entre algumas pessoas, uma necessidade de chamar a atenção dos outros. No entanto, saudável seria destacar-se pelo que de bom, útil e interessante a pessoa tem a oferecer, ao contrário do que muitos fazem: opinam contrariamente a todo e qualquer tema que seja, polemizando assuntos triviais, enxergando o que não existe. Como se diz, querem causar. E acabam causando, sim: ânsia, náuseas e vergonha alheia.

Não adianta, se dissermos que sim, dirão que não; se falarmos que é azul, afirmarão que é verde; se explicarmos que verdura faz bem para a saúde, contestarão cada palavra ouvida. Porque o prazer de algumas pessoas está em contradizer, contrariar, contestar, em refutar a tudo e a todos, indistintamente, muitas vezes com argumentos pífios. Defenderão sempre o oposto de tudo, em casa, no trabalho, na vida, seja sobre qual assunto for.

Sempre será saudável debatermos ideias com quem pensa diferente, afinal, é assim que amadurecemos nossos pontos de vista, mantendo-os ou repensando-os, para que percebamos que nem sempre a razão estará conosco. No entanto, tentar discutir com quem só sabe contestar, sem que consiga reanalisar o próprio pensamento, é perda de tempo, de saúde mental e de saúde física. Esse tipo de gente não merece que nos desgastemos por conta de suas birras. Gastemos energia com quem pelo menos sabe escutar e deixemos os demais gastarem saliva à toa.

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Diante da sua insegurança, experimente dizer a si mesmo(a) o que diria a uma criança assustada.

Diante da sua insegurança, experimente dizer a si mesmo(a) o que diria a uma criança assustada.

Querido(a) leitor(a), esse texto é dedicado aos pequenos desafios que você tem enfrentado para superar aquela limitação ou dificuldade que tanto afeta a sua auto confiança. Eu disse pequenos desafios, no sentido de compará-los ao que talvez as pessoas que te cercam esperam de você, ou mesmo ao quanto você se cobra. Entretanto, são passos de grande magnitude se comparados à grandeza do que isso simboliza em termos de enfrentamento dessa dificuldade. O que quero, na verdade, é que você mude a forma como percebe as suas ações. Por gentileza, não menospreze o seu esforço diante do enfrentamento de uma dificuldade. Não sei ao certo o que você considera como a sua “pedra no sapato”, pode ser o medo de falar em público, ou o pânico de pegar um carro e dirigir mesmo sendo habilitado(a), quem sabe seja a necessidade de emagrecer, etc. Não importa o que seja, importa é que você precisa comemorar qualquer atitude que fizer em prol da superação desse desafio. Sabe, o mundo em que vivemos já é competitivo por demais e a tolerância tem se tornado uma moeda cada vez mais escassa. Diante disso, precisamos trabalhar a nossa paciência diante das nossas próprias dificuldades. Por exemplo, se você é habilitado e tem medo de dirigir, eu gostaria que você festejasse a cada vez que você se dispusesse a enfrentar essa limitação. É simples: se você pegou o seu carro e foi até a esquina, você já está de parabéns, pouco importa se o carro apagou várias vezes, ou se o seu desempenho não foi como você esperava. Importa é que você foi valente o suficiente para dar um passo, passo esse que vai fazer a diferença no seu processo de superação. Ainda que tenha ficado com muito medo, não se sinta fracassado(a), sinta-se um(a) corajoso(a). Entenda que a cada vez que você enfrentar essa situação, você estará se fortalecendo diante dela, é como encher um copo com água, gota a gota. Sabe o que possivelmente pode estar te atrapalhando demais? Essa mania que você tem de se cobrar perfeição, essa mania cruel que você tem de se comparar aos outros. Basta que você entenda uma coisa: o outro possui habilidades que você não tem, mas você também possui habilidades que o outro não tem. Ocorre que você fica sempre focado(a) nas habilidades alheias, enquanto menospreza as suas habilidades e aptidões. Tenha compaixão por suas fraquezas, e acolha-as como você acolheria uma pessoa muito querida ou mesmo uma criança que você ama muito. Se você presenciar uma criança aprendendo a andar de bicicleta e ela cair algumas vezes e vier chorando em sua direção dizendo que vai desistir de aprender a pedalar, que não dá conta e tal, como você se comportaria com essa criança? Provavelmente, você se agacharia até a altura dessa criança, a olharia nos olhos, enxugaria as lágrimas dela e diria frases motivadoras e acolhedoras como: “você vai dar conta, sim.”…”Isso é normal, cada um tem um ritmo para aprender.”…”Vamos tomar um banho,descansar e mais tarde, você tenta novamente”…”Você vai aprender, sim, eu tenho certeza”. Estou certa? Então, por que você não fala essas frases para você mesmo(a) diante de uma dificuldade? Pouco importa se o mundo inteiro está te achando um desastre ou um caso perdido, importa é que você não pensa isso a seu respeito. Seria tão mais fácil se você não ficasse focado(a) na perfeição e conseguisse enxergar a beleza de cada passo que você dá ao enfrentar essa dificuldade. Eu vi essa beleza materializada no dia 10 de setembro de 2017. Minha amiga, Glaciele Gerônimo, que é habilitada e tem muito medo de dirigir, chegou em minha casa dirigindo o carro dela. Aquilo me emocionou muito, pois havíamos combinado de irmos ao parque fazer um caminhada, então imaginei que o marido dela a trouxesse até minha casa, como aconteceram algumas vezes. Daí, no horário combinado, chegou uma mensagem no meu celular: “Amiga, estou aqui embaixo”…desci ao encontro dela e a avistei em frente ao portão do meu prédio na condição de condutora do próprio carro. Meu coração sorriu diante do privilégio de assistir, num fim de tarde de domingo, um espetáculo chamado resiliência.

Imagem de capa: FamVeld/shutterstock

É preciso aprender a respeitar o silêncio do outro

É preciso aprender a respeitar o silêncio do outro

Sempre achei a pergunta “no que é que você está pensando?” uma invasão tremenda de privacidade. Observei a vida toda os distraídos serem pegos de surpresa por esse questionamento tão desnecessário e invasivo em certos momentos.

Os calados incomodam. Incomodam e por isso, são incomodados. Foi o que aprendi a partir do momento em que passei a me reunir com aglomerados de pessoas em reuniões, encontros e festanças. Incomodam por pensarem demasiado e por observarem demais. Ao final da noite, é inevitável. Alguém comenta que você não falou quase nada e todas as cabeças se voltam para sua pessoa. “Você passou a noite só observando, não é? Agora fale alguma coisa!!!”. Eles dizem como se tivéssemos cometido um crime ao não expormos um tanto de nossas opiniões e histórias. A gente se sente assim mesmo. Como se tivesse cometido um crime.

Você que é considerado “expansivo”! Faça o exercício de calar-se um dia para ver. Será bombardeado. “O que tu tens hoje?”, “qual o teu problema?”, “o que foi que aconteceu?”. Se a resposta for “não foi nada” você provavelmente será acusado de estar mentindo. Pelo que vejo vida afora, parece que é inconcebível a ideia de que alguém esteja calado só por estar.

É que o silêncio inquieta. O silêncio constrange. O silêncio é uma interrogação perturbadora que não nos deixa deixar de questionar quem se deixa levar por ele. Tão complicado quanto a oração anterior, é entender que este silêncio, por vezes, precisa ser respeitado.

Tem gente que pede socorro silenciando, por outro lado, tem gente que acha seu conforto no silêncio. Há pessoas só precisam de pequeno empurram para entrar na conversa, outras nem adianta insistir. Alguns são simplesmente tímidos, outros, tímidos e calados. Neste último caso, bom-senso! Pra quê constrangê-los?

Às vezes, sim! Seu entende querido precisa de alguém para trocar algumas palavras, às vezes, está simplesmente viajando em seus próprios pensamentos e ideias e quer ser deixado em paz.

De fato, a paz de não ser o centro das atenções e poder conversar consigo mesmo é tudo que queremos em algumas situações.

Todavia, urge dentro de nós algo que quer a todo custo preencher os silêncios. Preencher nossos silêncios, preencher os silêncios dos outros. Por isso falamos, falamos, falamos. Falamos exaustivamente e invadimos sistematicamente a privacidade alheia para não dar de cara com o silêncio. Por que será?

Talvez seja por isso que a prática do respeito ao silêncio do outro se faz tão urgente em nós. Para descobrirmos o motivo de querermos evita-lo a todo custo. O silêncio do outro diz algo sobre ele sim, mas a dificuldade em respeitar este silêncio diz tanto quanto ou mais… sobre nós mesmos.

Imagem de capa: DmitryBelyaev/shutterstock

A geração que descarta afetos

A geração que descarta afetos

Vivemos em tempos críticos. O amor na era do Tinder. Relacionamentos descartáveis a serem escolhidos como quem escolhe o que beber na mesa de um bar. Oferta e demanda crescente quando tratamos dos nossos sentimentos. No simples toque, escolhemos onde distribuir o nosso carinho. Acontece que, o poder gerado disso, carrega cada vez mais solidão. Poucos sabem ou reconhecem oportunidades para mais afetos. Obviamente ninguém é obrigado a mergulhar em outros braços sem sentir vontade, mas essas disponibilidades momentâneas acarretam muito mais distâncias do que proximidades. Ainda assim, não há nada de errado com o Tinder e outros aplicativos compromissados com encontros. Longe disso. O problema maior reside em nós.

A vida anda corrida. Mal podemos nos dar ao luxo de termos um tempo só para nós, quanto mais para conhecer alguém. E se você conhece alguém na rua, fatalmente perde o senso de direção e iniciativa no curto espaço no qual reflete: inicio ou não uma conversa? O que ela (e) irá pensar? No passado isso poderia significar coragem. Hoje, talvez um passo de medo ou até abuso. Porque no fundo, estamos perdendo a nossa capacidade de interagir no mundo real. Ao menos não da mesma forma em que a geração passada fora acolhida. Isso é preocupante? Sem dúvida. Mas também botar na conta dos meios disponíveis não chega a ser um veredicto justo. Porque somos confusões sentimentais que perambulam nas nuvens e nas ruas. Essa falta de tempo mencionada no início, resulta na falta de autoconhecimento. Muita gente não sabe o que quer, mas acha que sabe o que diz. Daí quando nasce um sentimento para ser distribuído, lambanças e mais lambanças no momento de expressá-lo.

O amor não vive de medo, mas nós vivemos de medo do amor. Os afetos que tanto queremos e soltamos nas linhas e diálogos, assusta-nos. Dosamos meias palavras e recebemos meios sentimentos. Por quê? Relacionamentos tornam-se descartáveis a partir do momento no qual não sabemos proporcionar carícias. De nada adianta fazer prece pelo amor de dois e agir pelas regras do querer de um. Gabriel García Márquez escreveu intensamente em O Amor nos Tempos de Cólera: “Nunca teve pretensões de amar e ser amada, embora sempre nutrisse a esperança de encontrar algo que fosse como o amor, mas sem os problemas do amor”.

Mesmo na possível crítica do autor quando se refere – mas sem os problemas do amor, talvez, sem qualquer disparidade, Márquez estivesse querendo agir sobre os nossos problemas do amor. Na maneira como o enxergamos e o mantemos. Assim, nessa vista turva e grossa de egoísmos e vaidades que já não podem caber em qualquer abraço.

Primeiro você se encontra e, depois, quem sabe, transborde. Não descarte afetos para depois reivindicar carinhos. O amor não precisa viver de aparelhos, mas do nosso conhecimento em querer tê-lo.

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