Obrigada Clarice Lispector, você me ensinou muito sobre o amor

Obrigada Clarice Lispector, você me ensinou muito sobre o amor

Clarice, tuas palavras entorpecem. Para ti não há uma classificação. Não se diz escritora, mas o é de forma tão visceral que chega a causar vertigens. Não vou negar aqui que cheguei até você porque disseram-me que havia algo de Clarice em mim, mas ao te ler percebi que há algo de Clarice em todos nós.

Clarice, você viveu para buscar. Buscava sempre algo nos vazios e silêncios. Naquilo que ainda não era, mas que poderia ser. Tuas palavras são buscas, são caminhos, são veios de rios que nem sempre chegam ao mar, mas que beijam as margens com uma ferocidade brutal, muitas vezes arrastando-as para si.

Clarice, quem não busca, já morreu. A vida está nessa inquietação mansa que faz a água seguir seu curso e transformar. Quem larga mão daquilo que ainda não é, mas que pode vir a ser, deixa-se enganar pela razão e morre para as boas coisas da vida. E gente com excesso de razão é chata demais.

Gente cheia de razão não entende que você, no meio do caminho, entre uma coisa e outra, pode decidir mudar de calçada, mudar de rua, mudar de humor. Gente cheia de razão não entende que existem vários jeitos de ir. Essa gente nem desconfia que o segredo está no caminho e nos olhos que o percorrem com um interesse estrangeiro.

Então, Clarice, certo dia, eis que soube, pela vida, que você era despudoradamente amada por um homem de olhos mansos e falar macio. Então eu te vi ressurgir em festa, esplendorosa, sublime, viva, declarando, em outras línguas, com seu ar enigmático: amo e sou loucamente amada!

Esse homem, Benjamin*, tirou a poeira de ti. Fez brilhar teus olhos. Traduziu teu sotaque. Pegou tuas mãos e te devolveu o mundo. Libertou-a do exílio que era essa nossa terra. Só quem ama pode dar o mundo, Clarice. Só quem ama sabe ler as verdades por trás de parágrafos que resumem, tão friamente, uma grandiosa vida.

Você, Clarice, sem saber, ao encontrar o amor, nesse hiato tão particular que te cabe, nos ensinou muito sobre ele. Você veio com essa de ser amada depois da vida e calou a voz daqueles que vivem dizendo que, em certo ponto, é tarde demais para o amor. A vida não te coube, Clarice, você é maior que ela! E o interessante é que a vida, de certa forma, não precisa nos caber também.

Aprendi com você que é preciso deixar o amor vir até nós, ingênuo e distraído. Que é preciso deixar o amor ser quando tiver que ser.

Obrigada, Clarice, por mais essa esplendorosa lição.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain.

*Benjamin Moser: biógrafo apaixonado por Clarice, escreveu a Biografia “Clarice,” e Lançou a primeira coletânea completa de contos da escritora intitulada “Todos os Contos”.

Ela decidiu parar de pedir desculpas pela vida que sempre quis

Ela decidiu parar de pedir desculpas pela vida que sempre quis

Ela cansou de verdade. Não é que ela não se importe mais com algumas pessoas e com certas coisas. Ela simplesmente mudou depois de muitas quedas e decepções. Tudo o que ela quer é poder correr atrás das próprias felicidades sem ter a obrigação de pedir desculpas, seja para a vida ou para quem estiver junto dela.

Ela acha um absurdo dar satisfações por causa dos seus sonhos. Ela passou por tanto até construí-los que não cabe ficar justificando como eles são importantes. Quem chega, quem quer mesmo ficar deve, com respeito e parceria, compartilhar dessa busca. Ela nunca fez questão de uma vida exagerada, mas também não pretende abrir mão de uma trajetória confortável, onde cada gosto tenha liberdade e oportunidade de transbordar. Ela quer ser inteira no sentido mais literal possível.

Se no passado ela abaixou a cabeça e travou o coração por conta de medos aleatórios, hoje ela é capaz de lançar um largo sorriso para sentimentos sinceros. Ela aprecia amores fora da curva, amores fogos de artifício. Daqueles resistentes e entregues no agora. O depois é muito sem graça para ela. Um dos maiores motivos dela ter mudado ao longo do tempo foi essa fome de viver os instantes presentes. É a forma que ela encontrou de cuidar e entender dos próprios passos e interferências. Ela quer um lugar tranquilo, uma viagem inesquecível, um abraço bem dado.

Ela decidiu parar de pedir desculpas pela vida que sempre quis e, com isso, de aceitar menos do que merece. Ela não chora as pitangas porque o destino fez outros planos para a sua vida. Ela tem a confiança e a sintonia de começar o que quiser, quando quiser. Ela transforma todos os porquês em mensagens claras e objetivas ao próprio jeito de seguir em frente. Pelos seus sonhos, nem a vida se atreve a dar uma opinião.

Imagem de capa: O Vale das Bonecas (1967) – Dir. Mark Robson

Penso, logo não odeio quem pensa diferente de mim.

Penso, logo não odeio quem pensa diferente de mim.

Não, eu não vou odiar você porque as nossas opiniões divergem. Não vou enfiar o seu nome na boca do sapo porque, primeiro, eu nada tenho a ver com a sua vida e, depois, o coitado do sapo nada tem a ver com isso.

É claro que eu não vou odiar você por defender e incentivar essa onda de violência dos que se entrincheiram à esquerda ou à direita, atacando uns aos outros nas ruas como inimigos de morte. E como se hoje fizesse alguma diferença ser “de esquerda” ou “de direita”.

Não vou riscar o seu nome do meu caderno por você não perceber que nós estamos todos no meio da confusão, no alvo, na linha de tiro. E que o nosso bizarro, tacanho e antiquado sistema político-partidário foi criado mesmo para favorecer a corrupção e o enriquecimento de meia dúzia de “escolhidos”. Enquanto nos engalfinhamos, os políticos de TODOS os partidos, únicos beneficiados por essa máquina medonha, estão achando ótima a nossa desunião. Mas eu não vou repelir você por não ter se dado conta disso.

Você vai me desculpar, mas se enganou feito uma besta ao imaginar que eu ia perder um só segundo maldizendo a pobre da sua mãe em resposta à sua mensagem covarde, escondida sob um nome falso, ofendendo a minha.

Olha, eu não vou pedir a Deus que fulmine a sua cabeça com um raio daqueles só porque você se acha a única alma prejudicada pela crise, a corrupção, a roubalheira na política e essas coisas.

Não vou abominar a sua figura, nem quando apela para abobrinhas do gênero “a culpa da violência do povo é do governo”, “fulano que defende sicrano tem mais é que apanhar” ou “só quem sente na pele os efeitos da crise sabe que é preciso lutar por um país mais justo e blá blá blá”, como se “lutar” fosse igual a enfiar a porrada em quem pensa diferente de você. Não vou fazer campanha contra a sua pessoa por isso, não. No máximo, confesso, vou rir um pouquinho aqui comigo da sua ingenuidade, da sua ignorância e da sua burrice. Mas odiar, não. Ninguém precisa odiar quem tem opiniões diferentes das suas.

Acredite. Eu não vou arder de raiva de você por compartilhar uma certa lista com nomes de artistas, músicos, jornalistas e outros cidadãos que “apoiam” um partido ou outro, numa execrável e patética caça às bruxas, uma típica manifestação de fascismo macartista. Eu, não. Ahh… também não vou desejar a sua morte se você se orgulhar de não saber o que foi o macarthismo ou achar que isso não lhe interessa.

Não vou mandar você àquele local por me acusar de estar em cima do muro porque eu não me posiciono a favor de qualquer partido, mas me ponho contra qualquer tipo de investida violenta, inclusive aos direitos individuais de cada um de nós.

Eu não vou odiar você por pensar diferente de mim, não. Eu só vou discordar de você. Discordo o quanto eu quiser. Discordo e vou defender o meu direito de apoiar as ideias que achar que devo e divergir de quem eu bem entender. Defendo o meu e o seu direito de discordar. E discordar não quer dizer “bater de frente” ou, simplesmente, odiar.

É que eu não odeio quem pensa diferente de mim. Não preciso. Não perco meu tempo com isso, não. Eu tenho mais o que amar por aí.

Imagem de capa: pathdoc/shutterstock

Ser solteira incomoda muita gente, ser solteira e feliz incomoda muito mais.

Ser solteira incomoda muita gente, ser solteira e feliz incomoda muito mais.

Tem coisa mais chata do que aquela pergunta da sua tia, em um almoço de família no domingo: E os namoradinhos? Pois tem; é aquela pergunta de quem não te vê há meses, te encontra na rua e manda aquela frase que deveria ter ficado apenas no pensamento: E aí, está namorando?

Eu queria registrar a cara de decepção das pessoas, quando respondo a essas perguntas com um não. E, logo em seguida, vem aquela fala doce em tom de desculpas, como se isso fosse um erro. “Ah mais você é tão bonita, como assim não tem ninguém”; “Oh… quem muito escolhe acaba sendo escolhido.” Aposto que você já foi bombardeada(o) com essas frases que nos causam riso.

Depois de um tempo, a gente se cansa de dar sempre as mesmas respostas e as pessoas confundirem isso com desculpas. Não vejo problema algum em querer um tempo para si, em querer se dedicar a um projeto ou querer viajar pelo mundo sem ninguém. Eu não preciso estar casada aos 30, com filhos, uma carreira profissional de sucesso, tese de mestrado pronta e me preparando para defender o doutorado.

Eu posso querer ficar em casa no feriado, atualizando as minhas séries ao invés do meu currículo. Eu posso gostar da companhia dos meus amigos e adorar ir ao cinema assistir a um romance e chorar feito um bebê, não como quem está desesperado por um amor, mas como quem achou aquela história bonita. Eu prefiro um coração feliz a um coração machucado e, sinceramente, eu me divirto com as minhas séries.

Essa visão errônea das pessoas de que quem está solteiro necessariamente está sozinho mostra a visão distorcida do amor. O amor não é uma questão de tentativas com medo de ficar só. O amor nem de longe é refúgio, abrigo, por medo da solidão. As pessoas colocam a responsabilidade de serem felizes nas mãos do outro, achando que um relacionamento é a chave para aliviar toda angustia, tristeza e dor. Antes de ser um bom par, é fundamental ser um bom ímpar, gostar da própria companhia, gostar daquilo que se vê no espelho todos os dias e da pessoa incrível que você tem se tornado. É fundamental se conhecer e se amar. Gostar do seu cabelo desarrumado, do seu jeito bagunçado e da sua loucura.

As pessoas sempre irão arrumar um jeito de saber das “atualizações” de nossa vida. Hoje você está solteira, então a pergunta da vez é: “Quando você vai namorar?” E aí você entra em um relacionamento e surge outra questão: “Quando você irá se casar?” E então você se casa e vem o tal: “Quando vocês irão ter filhos?”; e por aí se segue a lógica de quem parece esperar muito de nós, quando, na verdade, é só curiosidade alheia pela vida do outro.

Imagem de capa: Jacob Lund/shutterstock

Se ele não te assume, suma!

Se ele não te assume, suma!

Nem todos estão dispostos a se entregar ao desprendimento de si mesmo, pois não querem abrir mão de nada, nem mesmo daquilo que não traz nada de bom. Não possuem maturidade suficiente para assumir responsabilidades sobre ninguém, uma vez que nem conseguem ser responsáveis por si mesmos.

Existem pessoas que mantêm um relacionamento sigiloso, vivendo às escondidas, encontrando-se longe de todos, nunca aparecendo em público. Por incrível que pareça, nem todos são assim por conta de um dos parceiros – ou ambos – estar traindo alguém, ou em razão de se tratar de alguma aventura adolescente em que se tenta enganar os pais. Há quem não assuma relacionamentos publicamente simplesmente porque assumi-los implica obrigações e responsabilidades.

Quando entramos com verdade nos encontros amorosos que constituem nossa jornada, temos que estar prontos para a entrega, para o acolhimento do outro em nossas vidas, com tudo o que vem junto, as doçuras e amarguras, os sorrisos e as lágrimas. Temos que estar dispostos a abrir mão, a fazer concessões, a olhar além de nós mesmos, deixando de priorizar tão somente o nosso ego mimado. Andar junto com alguém requer dar as mãos, olhar nos olhos, dialogar, enxergar o outro e a si mesmo. Amor é mão dupla, é reciprocidade.

Para que possamos manter alguém junto a nossas vidas, é preciso que essa pessoa se sinta parte da gente, alguém com quem nos importamos, a quem dispensamos atenção verdadeira, interesse afetivo. Nesse percurso, teremos que enfrentar, sobretudo, a nós mesmos, entendendo que nossas ações não mais dizem respeito somente a nós próprios. Tem alguém lá fora que será atingido por nossas atitudes, bem fundo no coração. Tem alguém que torce e espera sempre o melhor de nós.

Infelizmente, nem todos estão dispostos a se entregar ao desprendimento de si mesmo, pois não querem abrir mão de nada, nem mesmo daquilo que não traz nada de bom. Não possuem maturidade suficiente para assumir responsabilidades sobre ninguém, uma vez que nem conseguem ser responsáveis por si mesmos. Assim, relacionar-se na clandestinidade lhes é cômodo, pois, no escuro, não necessitam se doar ou se mostrar como verdadeiramente são. No escuro, iludem-se com as próprias mentiras.

Ninguém merece sujeitar-se à clandestinidade afetiva, ao amor contido, velado, silenciado, por conta da covardia alheia. Ninguém merece ter que se esconder como se amar fosse errado, ilegal, vivendo vida dupla, sendo pela metade. A não ser lhe que seja cômodo também, mas aí o problema é de cada um. Porque o que é do amor é da vida, o que é sentimento traz luz, serenidade, conforto e verdade. O contrário disso é mentira.

Imagem de capa: Hrecheniuk Oleksii/shutterstock

Tenho medo de quem esqueceu como ser ridículo

Tenho medo de quem esqueceu como ser ridículo

Por vezes, eu acho que é muito bom ser ridículo, por exemplo, num amor recém nascido, como é bom ser ridículo! Numa história fresca na nossa vida, como é importante a pieguice que nos baixa, o clichê das frases e das sensações tão antigas. Como é bom sentir o universal friozinho na barriga e falar dele e senti-lo livremente.

Como é bom o ‘boa noite amor’, o ‘eu te amo’ da madrugada, por mais batida e surrada que essa frase seja. Como é bom se tornar o chato da turma, aquele que enquanto todos reclamam da política, do trânsito, da rotina, fica concordando com tudo e sorrindo, porque está vivendo o ridículo momento do passarinho verde.

Como é bom olhar a lua, sentir o vento, receber mais uma multa e achar que tudo bem, que tudo lindo! Ficar ouvindo 100 vezes a mesma mensagem de voz que não diz nada, mas faz cócegas na orelha. Como é bom começar a achar graça em tudo!

E quem nunca foi exageradamente ridículo numa dor de cotovelo? Quem nunca chorou cantando alto, achando que a música ‘Sozinho’ do Caetano Veloso foi feita exatamente pra você?

Como é bom, apesar de depois acharmos feio e constrangedor, ser livre e abertamente ridículos, contar as dores de amor para a manicure, para a pessoa sentada ao lado no ônibus, para a outra ex-namorada que te entende tão bem, como é bom vomitar dores no ouvido do garçom! Viver os momentos sendo assumidamente ridículo, até lavar a alma.

O ridículo enche nossas vidas, afinal o que seriam dessas rotinas insossas se não fossem os dramas mexicanos que nos inundam de enredos e histórias pra contar, que nos tornam interessantes para os nossos amigos, que nos fazem querer encher a cara e nos compartilhar? O que seriam dos insípidos dias se não fosse o perfume doce e brega de uma paixão adolescente? E o que seriam das histórias de amor se não deixássemos nosso lado ridículo aflorar e alimentar uma energia boa que vibra na gente?

O ridículo é semente, o ridículo é a desanestesia, é o acordar para sentimentos simples, mas que ainda me tocam, é perceber que ainda há tutano e energia vital por trás dessas minhas orgulhosas e imponentes cicatrizes.

Eu não tenho medo do ridículo, eu tenho medo das pessoas que, por pura escolha sensata, esqueceram como sê-lo.

Por onde flor, floresça

Por onde flor, floresça

Não há nada mais lindo do que enfrentar grandes tempestades, passar por terríveis secas e, ainda assim, ter o dom de florescer em meio às grandes dificuldades enfrentadas diariamente. E mais, conseguir acordar com um sorriso e sair por aí contagiando, como efeito dominó, pessoa por pessoa até todos ao redor verem o poder que uma alma colorida, feito flor, tem.

Não é como se a vida fosse fácil e nunca dê vontade de jogar tudo pro ar – e nem sequer ver onde irá cair – pois vontade é o que não falta. Mas por que não se desprender da rotina em desistir quando está difícil e variar dando um presente a si mesmo em ir buscar tudo o que jogou e tentar de novo? E mesmo que ainda não dê certo, que se tenha a ideia de que há chuvas mesmo durante a primavera, mas que é possível sorrir colorido em dias cinzas. E entender que tudo bem viver de clichês, se este diz que é preciso abandonar as reclamações e dar espaço para se desabrochar.

Não importa onde você parou, é sempre possível recomeçar. O poder que a força de vontade tem precisaria ser descrito no infinito para que todos enxergassem sua imensidão.

É preciso praticar constantemente a arte em reconhecer os vestígios de felicidade deixados em cada canto, prontos para serem descobertos. Porém, somente por aqueles que entendem a sua modéstia e os apreciam como se valessem ouro, porque no final do dia, é o que valem. Afinal, ser feliz é ter muitos defeitos mas não se esquecer de tudo o que guardamos de virtudes, é a essência guardada em um jardim; não só na quantidade de flores, mas dentro de cada pétala. A felicidade não é constante, por isso precisamos deixar todas as portas abertas. Ela é platônica, um amor imaginário, mas ao mesmo tempo é tão clara e real quanto a luz do Sol.

É o brilho nos olhos de uma criança que ouviu sua primeira história antes de dormir, agarrada ao seu cobertor. Felicidade é a sensação de caminhar descalço pela areia, sentindo o cheiro da água do mar. É uma ansiedade descontrolada, um suspiro demorado e um sorriso contínuo. Ser feliz é abraçar o incerto e fazer dar certo. É estar longe mas se sentir perto, abrir a mente e deixar o coração aberto. É procurar um grão de areia e encontrar um deserto. A felicidade é florescer.

Contudo, antes de florescer, é preciso se regar com todo o sentimento que cabe dentro de si. Engana-se quem pensa que para entendermos a vida precisamos vê-la. E tudo aquilo que não há explicação? Quem o vê? Quem o define? Assim como o vento que de tão forte bagunça os cabelos, mas quando o percebemos e tentamos tocar, já foi, já passou, já está ventando em outros lugares. Tão passageiro, tão incerto. Quem se cega diante aos paradigmas é visionário, decide por vontade própria se jogar em águas devaneias a fim de mergulhar em uma imensidão de ideias, que jamais poderiam ser sentidas da superfície.

Quem se cega diante ao materialismo jamais se contenta com o raso, o superficial não basta. Um abraço, em si, pode não trazer paz alguma, mas sempre tem aquela palavra de conforto que aconchega e se faz dela moradia. Antes de qualquer foto, o essencial já foi gravado e eternizado na memória de quem se importar. Antes de qualquer beijo, o amor já foi sentido e afaga a alma ao mesmo tempo que a enche de luz.

O sentir e desabrochar por si próprio, em sua essência tão simples, e ainda assim, monumental, já basta. O desabrochar é essa folha em branco, com infinitas possibilidades e convence a cada dia que antes mesmo de ver é preciso entender a força que há dentro do crer, do ser, do florescer.

Imagem de capa: wavebreakmedia/shutterstock

Eu não sei o que Deus quer pra mim, eu só sei que ele quer o melhor

Eu não sei o que Deus quer pra mim, eu só sei que ele quer o melhor

Eu sei que, depois da tempestade, vem a calmaria, e eu sei que Ele tem poder para acalmar meu coração. Eu sei que, às vezes, a gente pensa em desistir e os problemas parecem fazer morada em nós. Eu sei que, às vezes, depois de tanto se machucar, a gente cansa de acreditar nas pessoas, mas também sei que as coisas vão dar certo um dia. É difícil, entretanto, seguir em frente com um coração partido e como dói se lembrar daquele adeus.

Eu já achei que ia dar certo e não deu, apostei todas as minhas fichas em quem era vazio demais pra transbordar. E, como resultado, eu me decepcionei e achei que eu fosse o problema e que talvez eu precisasse mudar isso ou aquilo. Tentei me encaixar em padrões e busquei em vão a aprovação e a admiração de quem não sabe de valores. Enganei-me e, como resultado, decepcionei-me mais uma vez.

Mas eu sei que o que Deus tem pra mim é muito maior do que as dores e as feridas que eu ganhei. Eu entendi que meus sonhos são pequenos demais comparados ao que Ele tem pra mim. Eu não sei os planos de Deus, ainda não descobri os meus dons e nem sei dos meus talentos, mas dizem que meu sorriso traz paz e que meu abraço é confortante. Então, comecei a sorrir mais e a abraçar as pessoas como quem oferece abrigo. Não sei se acredito no amor como eu acreditava antes, mas talvez isso seja um resquício de uma alma ferida. Talvez eu precise de um tempo pra mim, precise colocar as coisas no lugar e deixar Deus agir – Ele tem o melhor pra mim.

Então, depois de entender que, por mais que as coisas fujam ao meu controle, elas permanecem rigorosamente sob o controle de Deus, isso se eu permitir que Ele pilote a direção da minha vida. Chega de atalhos e enganos. Eu não preciso estacionar nos meus medos e inseguranças e fazer morada ali. Eu posso alçar voo. Então, em vez de querer organizar toda a bagunça que há em mim e querer incessantemente as respostas, eu preferi descansar nEle. Eu repousei meus anseios e aprendi que, às vezes, a gente precisa parar de olhar pra trás e carregar aquele fardo do passado que só nos faz tropeçar. E eu quero avançar.

Eu sei que, quanto ao amor, as minhas teorias e padrões fizeram com que eu me frustrasse. Então, eu abandonei meu conceito exagerado e deixei Deus me mostrar o que é o amor, afinal, ele é o próprio amor. Deixei em suas mãos, porque quero sentir ao invés de imaginar, porque quero me surpreender ao invés de me decepcionar. Eu quero MUITO, e o muito vem de Deus. Eu aprendi, depois de tantos tombos, que um coração machucado fica desacreditado, ele se fecha e você não consegue entregá-lo a mais ninguém. Aprendi, então, a entregá-lo a quem jamais me devolveria em pedaços, entreguei a quem poderia restaurá-lo de minhas feridas. Foi então que o entreguei em oração a Deus e aprendi que quem desejá-lo ter, deverá buscar a Ele para encontrá-lo (inspiração da frase magnífica do Max Lucado).

Então, Deus enxergou o que ninguém via em mim. Ele entendeu o que ninguém entendia. Ele curou o que ninguém podia curar. Ele sabia que toda aquela amargura era resultado de tantas mentiras e enganos, Ele sabia que eu não queria vestir toda aquela armadura, mas que era apenas uma forma de me defender. Ele me ensinou o que demorei a compreender: “Que não podemos desistir de nós mesmos e que devemos sempre prosseguir. Se existe alguém para nos machucar, existe alguém para nos curar.”

Abandonei meus sonhos de menina, minhas ideias errôneas sobre a vida e sobre o amor. Prefiro trilhar os caminhos dele do que me perder nos meus. Eu realmente não sei o que Deus quer pra mim, eu só sei que Ele quer o melhor.

Imagem de capa: Ipatov/shutterstock

Há dois tipos de relacionamentos: os que te dão paz e os que te tiram ela

Há dois tipos de relacionamentos: os que te dão paz e os que te tiram ela

Confesso que há coisas que não entendendo e, por mais que eu me esforce, elas parecem ser, cada vez mais, incoerentes. Batata frita com ketchup, sorvete com calda quente e relacionamentos turbulentos são algumas delas.

Parece inacreditável, mas há pessoas que consideram normal o ciclo: namorar – terminar – trair – agredir – voltar a namorar. Pessoas que, por motivos desconhecidos, encaram situações degradantes como rotina e não enxergam que merecem muito mais do que estão acostumadas a aceitar.

Relacionamentos não são fáceis, já que o convívio com personalidades diferentes exige maturidade, equilíbrio e paciência. O grande problema é que, enquanto para alguns o amor é encarado como libertador, para outros são verdadeiras algemas.

Toda vez que esse assunto vem à tona, me recordo de Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas: “Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.

Algumas verdades ensinadas como absolutas deveriam ser extintas da sociedade. “Ciúmes é prova de amor”, “o amor basta para um relacionamento feliz” e “traição é normal” são exemplos disso. Agressões, sejam elas verbais ou físicas, nunca foram normais. Gritos não são demonstrações de afeto e ciúmes não dá o direito de aprisionar quem se ama.

Sob uma análise racional, relacionamentos deveriam trazer paz aos corações e não uma desordem generalizada. A verdade é uma só: quando um relacionamento não te dá paz, ele te tira ela. “Os relacionamentos são como vitamina C: em altas doses, provocam náuseas e podem prejudicar a saúde” (Zygmunt Bauman).

Distância, desentendimentos e diferenças cansam. A gente começa a enxergar mais defeitos que qualidades e a entender que, em alma cansada, amor não faz pouso.

Relacionamentos existem para que possamos crescer em maturidade e princípios. Fechar os olhos para as relações tóxicas, permitir agressões e ser submisso à maldade, é como injetar veneno nas próprias veias e acreditar não ser uma atitude fatal.

Não se engane: amores ruins existem! Porém, é possível identificá-los e não permitir que fortes traumas se alojem na alma. Muitas vezes, inteligência emocional é só uma questão de percepção.

Imagem de capa: fizkes/shutterstock

Os signos dos cães: conheça melhor seu cão através da astrologia canina.

Os signos dos cães: conheça melhor seu cão através da astrologia canina.
Os signos são ainda um enigma, talvez uma descrença para muitos, contudo, céticos ou não, já nascemos com este carimbo junto à nossa certidão de nascimento, e desde que nos entendemos por gente, sabemos responder na ponta da língua quando nos perguntam: Qual seu signo? Mas além desse desenrolar astrológico humano, em meados de 1980, astrólogos propuseram que os cães também sofrem influências dos astros em suas personalidades. Assim como no horóscopo humano, o bom senso é uma regra, e claro, não baseamos escolhas, temperamentos e atitudes, somente em seu detrimento, porém acreditamos em uma essência básica que compõe cada um dos 12 signos do zodíaco.
Assim como para a raça humana, a divisão dos signos é a mesma para os cães. Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. Curioso? Saiba a data de nascimento do seu amigo de quatro patas e divirta-se com suas características mais marcantes.
Cachorro de Áries (21/03 a 20/04).
O cãozinho ariano, desde filhote, é imponente, corajoso, implicante e considera-se o centro das atenções. São cães com alta energia, comumente se metem em encrencas e não levam desaforo. Apesar de tanta impetuosidade, são carinhosos, ciumentos, protetores e amam com muita vivacidade. Geralmente detestam o tédio e não suportam rotinas repetitivas. Se não educados e socializados, tendem a serem brigões e teimosos.
Cachorro de Touro (21/04 a 20/05)
O cãozinho taurino é teimoso, guloso e um tanto nervoso. São afáveis e apegados, levando à serio os ensinamentos e hierarquia da casa, embora muitas vezes se rebelem e não acatem ordens. São animais extremamente fiéis e protetores. Enquanto filhotes podem demonstrar uma certa fragilidade que, na fase adulta, se não for moldada, de transforma em independência exagerada.
Cachorro de gêmeos (21/05 a 20/06).
O cãozinho geminiano é independente, animado e social. Geralmente são festeiros e possuem um instinto de aventura bem apurado. São por vezes temperamentais por conta dessa sede de liberdade, contudo, são leais, carinhosos e amam uma bajulação. São animais muito adaptáveis e encaram mudanças numa boa. Comumente os cães deste signo adoram crianças.
Cachorro de câncer (21/06 a 21/07)
O cãozinho canceriano é extremamente apegado à família, são carinhosos e amam um colo. São sensíveis e dificilmente sabem lidar com a solidão. Animais dessa casa do zodíaco não se adaptam com facilidade a novos donos ou casas, levando algum tempo para aceitarem, pois ficam sentidos. São cães por vezes teimosos e pirracentos, mas possuem um grande coração.
Cachorro de Leão (22/06 a 22/08).
O cãozinho leonino não carrega a fama do seu símbolo felino. Não são tão graciosos quanto barulhentos. Estão entre os mais latidores e protetores. Adoram um chamego e horas de carinho, porém não abrem mão, ops, a pata, para chamar aquela atenção para o que querem.
Cachorro de Virgem (23/08 a 22/09).
O cãozinho virginiano segue à risca a fama de exigente e sistemático. São muito ligados à família mas de uma maneira bem peculiar. Não são animais carentes e grudentos, demonstram carinho sem invadir o espaço do dono. Cães dessa casa do zodíaco são sensíveis com a saúde e bastante asseados, não suportando a sujeira. Muitos exemplares seguram suas necessidades se recusando a pisar na sujeira que ainda não foi limpa.
Cachorro de Libra (23/09 a 22/10).
O cãozinho libriano se envolve rapidamente com seus donos. Possuem uma jeito gostoso de demonstrar carência e podem ser possessivos. São animais que não lidam bem com frustração e devem ser educados desde filhotes. Geralmente são limpos e possuem um senso natural do que é certo ou errado.

 

Cachorro de Escorpião (23/10 a 21/11).
O cãozinho escorpiano carrega a tipicidade do seu signo. Desde filhotes são teimosos, e podem se tornar agressivos se não tiverem uma educação firme. Ciumentos e possessivos, são excelentes guardiões. Elegantes e majestosos, intimidam com facilidade qualquer invasor. Com a família são leais, discretos e muito carinhosos.
Cachorro de Sagitário (22/11 a 21/12).
O cãozinho sagitariano é manhoso e pirracento. São animais independentes e amam grandes espaços. Caso não seja possível, podem ser tornar destrutivos pela alta energia. Um passeio longo e cheio de aventuras suprem bastante a necessidade de desbravar os ambientes. São cães curiosos, cheios de vida, e não menos apegados à sua família, pela qual dedica boa parte do seu carinho.
Cachorro de Capricórnio (22/12 a 20/01).
O cãozinho capricorniano, desde filhote, é perseverante e inquieto quando buscam o que querem. E tem que ser na hora que querem. São animais afetivos, fiéis, e dedicam todo amor aos donos. Podem se tornar pirracentos, ansiosos e rabugentos caso sejam contrariados. São excelentes com crianças, mostrando um lado super paciente.
Cachorro de Aquário (21/01 a 19/02).
O cãozinho aquariano, de todos os signos, talvez seja o que mais precisa de liberdade, espaço e de uma vida com maiores distrações. São animais alegres, gentis, porém, podem despertar um lado menos amistoso quando entediados e contrariados. Desde filhotes devem se exercitar com maior energia, e participar de longos passeios. São cães apegados e carinhosos quando equilibrados e saciados.
Cachorro de Peixes (20/02 a 20/03).
O cãozinho pisciano é sensível, frágil e muito carinhoso. De todos os signos, talvez seja o mais disciplinado e apegado à família. Como todo animal, se encorajado, pode sim demonstrar um lado rebelde, porém não é característica desses peixinhos a insubordinação.
Imagem de capa:hurricanehank/shutterstock

Filhos perfeitos, crianças tristes: a pressão da exigência

Filhos perfeitos, crianças tristes: a pressão da exigência

Os filhos perfeitos nem sempre sabem sorrir, nem conhecem o som da felicidade: temem cometer erros e nunca alcançam as elevadas expectativas que os seus pais têm. A sua educação não está baseada na liberdade, nem no reconhecimento, e sim na autoridade de uma voz rígida e exigente.

Segundo a APA (American Psychological Association) a depressão nos adolescentes já é um problema muito grave na atualidade, e uma exigência desmedida por parte dos pais pode derivar facilmente na falta de autoestima, ansiedade, e em um elevado mal-estar emocional.

A educação sempre deve ser a base da felicidade, do autoconhecimento, e não uma diretriz baseada unicamente no perfeccionismo onde os direitos da criança são completamente vetados.

É preciso ter em mente que essa exigência na infância deixa a sua marca irreversível no cérebro adulto: a pessoa nunca se acha suficientemente competente, nem perfeita com base naqueles ideais que lhe foram incutidos. É preciso cortar esse vínculo limitante que veta a nossa capacidade de sermos felizes.

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Filhos perfeitos: quando a cultura do esforço é levada ao limite

Frequentemente ouvimos que vivemos em uma cultura que baseia a sua educação na falta de esforço, na permissividade e na pouca resistência à frustração. Contudo, isso não é totalmente verdade: em geral, e mais ainda em tempos de crise, os pais procuram a “excelência” em seus filhos.

Se uma criança tira um 7 em matemática, é pressionado para alcançar um 10. As suas tardes são preenchidas com aulas extracurriculares e seus momentos de ócio são limitados à busca por mais competências, resultando em estresse, esgotamento e vulnerabilidade.

The Price of Privilege” é um livro interessante publicado pela doutora Madeleine Levine, onde ela explica como, na nossa necessidade de pais em educar filhos perfeitos e aptos para o futuro, o que estamos conseguindo é criar filhos “desconectados da felicidade”.

Educar é ser capaz de exercer a autoridade com amor, guiando seus passos com segurança e afeto porque a infância é um fundo de reserva para a vida toda.

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Consequências de exigir demais das crianças

Existe uma coisa que precisamos considerar muito bem. Podemos educar nossos filhos na cultura do esforço, podemos e devemos exigir, sem dúvida, mas tudo tem um limite. Essa barreira, que deveria ser intransponível, é a de acompanhar a exigência a um colchão afetivo incondicional.

Do contrário, nossos filhos perfeitos serão crianças tristes que evidenciarão as seguintes dimensões:

-Dependência e passividade: uma criança acostumada a ser mandada deixa de decidir por conta própria. Assim, sempre procura a aprovação externa e perde a sua espontaneidade, a sua liberdade pessoal.
– Falta de emotividade: os filhos perfeitos inibem suas emoções para se ajustarem ao que “tem que ser feito”, e toda essa repressão emocional traz graves conseqüências a curto e longo prazo.
– Baixa autoestima: uma criança ou um adolescente acostumado à exigência externa não tem autonomia nem capacidade de decisão. Tudo isso cria uma autoestima muito negativa.

-A frustração, o rancor e o mal-estar interior podem se traduzir muito bem em instantes de agressividade.
– A ansiedade é outro fator característico das crianças educadas na exigência: qualquer mudança ou uma nova situação gera insegurança pessoal e uma elevada ansiedade.

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Pais exigentes frente a pais compreensivos

A necessidade de educar “filhos perfeitos” é uma forma sutil e direta de dar ao mundo crianças infelizes. A pressão da exigência irá acompanhá-las sempre, e mais ainda se a sua educação for baseada na ausência de estímulos positivos e de afeto.

Fica claro que como mães, como pais, desejamos que nossos filhos tenham sucesso, mas acima de tudo está a sua felicidade. Ninguém deseja que na adolescência desenvolvam uma depressão ou que sejam tão exigentes com eles mesmos que não saibam o que é se permitir aproveitar, sorrir ou cometer erros.

Características gerais

Neste ponto, é preciso saber diferenciar entre a educação baseada na exigência mais rigorosa e aquela criação baseada na compreensão e na conexão emocional com nossos filhos.

Os pais muito exigentes e críticos costumam apresentar uma personalidade insegura que precisa ter sob controle cada detalhe.

– Os pais compreensivos “impulsionam” seus filhos para a conquista, permitindo explorar coisas, sentir e descobrir. São guias e não colocam fios nos seus filhos para movê-los como marionetes.
– O pai exigente é autoritário e leva um estilo de vida que está sempre seguindo o relógio. Indica regras e decisões para economizar tempo através do “porque eu sei que é melhor para você”, ou “porque eu sou seu pai/mãe”.
Para concluir: educar é exercer a autoridade, mas com bom senso. É usar o afeto como antídoto e a comunicação como estratégia.

Nossos filhos não são “nossos”, são crianças do mundo que deverão ser capazes de escolher por si próprios, com direito de errar e aprender, com a obrigação de chegar à maturidade sendo livres de coração e com seus próprios sonhos para realizar.

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Quem ama cuida, importa-se, procura

Quem ama cuida, importa-se, procura

Quem ama não é ausência, quem ama dá um jeito de ser presença mesmo estando do outro lado do mundo e dá um jeito de fazer o outro sentir que é amor. Que vale a pena.

Quem ama liga de forma despretensiosa, aparece numa segunda-feira, numa noite qualquer, antes de ir para a faculdade, e manda uma mensagem antes de dormir, como quem já está com saudade. Quem ama não tem medo de fazer planos e adora sonhar junto, gosta de ver o seu cabelo desarrumado pela manhã e acha graça na sua voz rouca.

Quem ama nos faz ficar sem precisar pedir.

Quem ama dá um jeito e esquece as desculpas. Faz as pazes e rouba um beijo enquanto você insiste em continuar discutindo sobre coisas banais. Quem ama não oferece dúvidas, pelo contrário, oferece abrigo, firma um compromisso contigo sem medo do que os outros vão pensar. Esquece as ”fases” da vida e quer aproveitar o tempo com você. Quem ama arruma tempo para uma conversa qualquer, dispõe-se a nos ouvir, mesmo cansado do trabalho, e nos faz um cafuné. Chama os amigos para um jantar e não hesita em chamá-lo, diz aos amigos sem gaguejar aquilo que você tanto quis ouvir: “É ela”.

Quem ama demonstra com coisas simples, como pegar na sua mão, abraçar forte, te beija, te quer sem inventar desculpas para não te ver, não olha em volta, não olha para trás. Quem ama fixa os olhos em você como quem tem tudo o que deseja bem à sua frente.

Quem ama não mente, não guarda mágoas, não inventa desculpas. Quem ama não tem vergonha do outro, não ilude, não fica na zona de conforto enquanto o outro sofre, enquanto o outro sente.

Quem ama o procura mesmo você tentando se esconder; quem ama sente sua falta mesmo você se ausentando. Quem quer você por perto dá um jeito, sente saudade, bate o pé e faz de tudo para vê-lo.

Quem ama se preocupa quando você está doente, dá um jeito de ligar na farmácia e pedir um remédio pra aliviar a sua dor, vai até a sua casa depois do trabalho só para vê-lo, como quem precisava se certificar de que você realmente está bem. Quem ama não foge quando você mais precisa, não inventa uma desculpa para sair com os amigos enquanto você pede para ficar.

Quem ama não o deixa de lado e o procura apenas quando você aparece com o seu vestido novo, ou porque postou uma foto bonita. No fundo, a gente sabe quando alguém quer a nossa companhia, sabe quando alguém está fugindo e se justificando com desculpas , mas a gente insiste como quem quer acreditar que deve haver algum engano, quando, na verdade, o engano está em acreditar nisso. Quem ama não tem orgulho e sabe perdoar, gosta do seu sapato de florzinha e não se incomoda com o seu riso; gosta da sua alma bonita e se encanta todas as vezes que conhece um pouquinho mais sobre você. Quem ama faz seu jardim florescer e não deixa espinhos.

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A vida começa quando decidimos parar de tentar agradar a platéia

A vida começa quando decidimos parar de tentar agradar a platéia

Eis um dos segredos do bem viver: não querer agradar a todos, valorizando sobretudo o que somos e quem temos como companheiros certos de jornada. Estender nossos ouvidos para além daquele círculo de pessoas que realmente se importam conosco acabará nos desviando de nossas verdades, de nós mesmos.

Costumamos atrelar a idade aos prazeres da vida que possam ser desfrutados ou não. Raramente conseguimos deixar de imaginar se agir de determinada maneira não parecerá ridículo, tendo em conta a idade que temos, como se a cada fase da vida correspondesse necessariamente um rol de atividades adequadas. E assim muitas vezes nos privamos de prazeres frugais simplesmente porque achamos que não temos mais idade para aquilo.

Embora muitas coisas realmente dependam da fase da vida em que estamos, do grau de maturidade que já alcançamos, jamais poderemos estar errando caso tomemos atitudes que não fujam ao nosso controle, que não nos esgotem física e mentalmente. Querer aguentar, por exemplo, partidas seguidas de futebol quando já não temos mais vinte anos e se não estivermos com a saúde em dia será incoerente. Mas por conta do que possa nos acontecer e não em razão da opinião alheia.

Precisaremos ouvir os conselhos de quem nos rodeia, haja vista que muitos já passaram por experiências que poderão nos ser úteis, porém, teremos que selecionar os palpites que nos chegam, pois muitos deles não terão serventia, ainda mais se enviados por quem mal nos conhece. Claro que aqueles que nos amam de verdade e torcem por nós trarão aconselhamentos de bom grado, no entanto, jamais poderemos nos permitir nos tornarmos surdos aos nossos próprios anseios, às nossas vontades.

Ponderarmos sobre o que sonhamos e a utilidade daquilo tudo em nossas vidas será providencial, para que não nos lancemos a viagens inúteis que nada acrescentarão a nossa jornada. Aquilo a que renunciamos deverá ficar lá atrás, como algo que não era nosso, não nos faria bem, ou carregaremos pesos de remorsos por demais danosos ao nosso bem estar. Teremos que ter a certeza de que nós próprios tomamos a decisão naquele momento, para que não culpemos injustamente os nossos queridos pelas escolhas que foram de fato somente nossas.

Eis um dos segredos do bem viver: não querer agradar a todos, valorizando sobretudo o que somos e quem temos como companheiros certos de jornada. Estender nossos ouvidos para além daquele círculo de pessoas que realmente se importam conosco acabará nos desviando de nossas verdades, de nós mesmos. Matar, a pouco e pouco, a nossa essência, para agradar o mundo lá fora será a pior coisa que poderemos fazer contra nossa felicidade. Se estivermos felizes junto dos poucos que importam, já poderemos nos considerar abençoados, pois é disso que se vale a vida, afinal.

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“Eu te amo” é um jeito bonito de dizer: o mundo é melhor porque você existe.

“Eu te amo” é um jeito bonito de dizer: o mundo é melhor porque você existe.

Tem gente que deixa a vida melhor, ué! Gente que faz a luta valer a pena, justifica as aporrinhações, os desencontros, compensa descaminhos e aborrecimentos. Gente que só de existir já devia ganhar o Nobel da Paz.

Difícil reconhecer, nestes tempos em que falar de sentimento virou sinal de fragilidade, mas o mundo só não afundou de vez porque ainda resistem por aí mais criaturas boas do que canalhas. E de quando em vez elas merecem, ahh… elas bem merecem ouvir um “eu te amo” de jeito, assim, verdadeiro e indefensável!

Em todo canto elas conspiram, articulam, fazem das suas em silêncio. Na intimidade de suas vidas, dão seu jeito de melhorar o dia de quem estiver perto.

Gente que torna o mundo mais bonito não tem medo, não tem pudores nem tem hora. Opera seu ofício na quietude de uma manhã qualquer, depois do café. Muda o dia durante o almoço de uma terça-feira sem graça ou numa noite igual a todas as outras noites, voltando para casa depois do trabalho. Transforma o tempo de repente, à tardinha, quando o sol amansa e um vento tranquilo faz carinho no cabelo das moças, ou de madrugada, depois que um sonho carinhoso nos desperta e o silêncio grita até acordar as saudades que dormem dentro da gente.

Tem gente que merece ouvir “eu te amo” a toda hora. Só pra lembrar. Não sem mais, não da boca para fora, mas da alma para dentro. De verdade, o sentimento ali, transpirando alegria e nobreza. Dizer “eu te amo” é um jeito bonito de assumir: você me faz gostar mais da vida, a minha, a sua e a de todo mundo.

Porque o mundo anda carecido de gente que faz de um tudo para torná-lo melhor. Gente que nos acostuma bem. Que nos faz sentir amor de algum jeito. Que nos lembra do que importa mesmo e nos faz perguntar no espelho: afinal, pra que serve a vida senão para isso, gostar de alguém e ser gostado também?

Elas estão por aí. É tarefa nossa identificá-las e jogar-lhes na cara um bom e gostoso “eu te amo” em nome do mundo, que agradece por ainda existir gente assim. Ao trabalho, então.

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