A limpeza do mundo também é responsabilidade sua.

A limpeza do mundo também é responsabilidade sua.

Às vezes costumo usar a madrugada para refletir sobre a vida… Em como alguns sofrem, enquanto outros desfrutam de maior felicidade… Em como podemos ter tanto, quando o outro não tem nada, nem o mínimo, nem o digno. Refletindo em quão superficiais podemos nos tornar, até virar algo crônico. Pensando que, em cada pedacinho do mundo existe vida nascendo, em cada momento… Como agora, por exemplo… Ou então uma vida deixando os solos terrenos rumo a algum lugar que buscamos compreender… Seres noturnos e diurnos, criaturas já descobertas e algumas ainda nem vistas ou catalogadas… Penso na paz e na guerra, em como elas se diluem em um conflito que nunca acaba, e sempre se inicia através da mais pura estupidez humana. Fico pensando nos filhos que nos deixam, por conta de suas rebeldes atitudes inocentes, enquanto outros, aprendem através de uma semelhante observação sagaz como de uma coruja velha, e sábia… Reflito sobre até qual profundidade pode ir o sofrimento, e se ele tem cura, um mínimo e suave alento… Como também, se as pessoas frias poderiam algum dia sentir o que é a dor, seja ela qual for, para que possam aprender a não magoar alguém. Fome… Sede… Miséria… Chantagem… Culpa… Ego… Humilhação… Descaso…. Ódio… Deixar de lado as palavrinhas sujas que corrompem nossa humanidade e permitir fluir as escassas qualidades. Aquele bom dia que não foi dado… Um sorriso latente… Um beijo sem desejos… Um abraço sem enlace algum…. Pessoas que estão tão próximas da carne, e tão distantes da alma umas das outras. Por que nós insistimos em destilar nossos piores fantasmas? Não sabemos doar sem receber, nem agradecer sem levar o troco para casa. Criamos nossos filhos para o mundo que enxergamos, e não para um mundo que idealizamos… E assim, eles sucumbem diante do nosso próprio nariz, e inércia. Cuidamos e vibramos mais com os fracassos do próximo, do que com nossas virtudes ainda adormecidas, e que talvez nunca acorde… Pois não temos tempo para cuidar de nós mesmos… O nosso relógio particular está cuidando do outro… a vida que não nos pertence tem mais graça, ou desgraça… Cansados das mesmas tolices nos noticiários. Não dói ver alguém comendo lixo, enquanto nossos chiliques imperam? Mas digo dor mesmo, reflexão… se colocar no lugar do outro. Matar? Por que matar? Exaustivo ver as mesmas futilidades e indiferença em cada esquina que atravesso. Cansada de ver gente sofrendo, quando a solução está batendo na nossa cara. Triste quando vejo crianças puras, cheias de energia e talentos para estampar nossos jornais sujos com lindos feitos e poesias, nadarem contra a corrente de adultos inescrupulosos. Nossos “Colarinhos brancos” corrompidos, nunca deveriam ter saído de suas bolhas de cristais egoístas, onde ali se formaram sem valorizar o suor dos pais, por consequência, não valorizando suas futuras famílias. Seus rebentos só servirão para popular o planeta, caso não haja uma reciclagem de valores. Os espíritos emocionais que ainda nos restam, sobrevivem através daqueles que se importam, selecionando com mérito gente do bem. Essa loteria é muito mais drástica e cara, do que uma Mega Sena, podem apostar nisso! Alguém paga para ver este futuro e tem coragem de buscar os resultados? Um conselho: Ame mais do que seu coração possa aguentar. É tudo que ainda nos resta.

Imagem de capa: Jelena Aloskina/shutterstock

Não deixe a vida para mais tarde

Não deixe a vida para mais tarde

Eu sei que você fica com preguiça. Também fico. Mas não adie a vida. Não deixe para mais tarde os amores, os amigos e todas as outras pessoas que são importantes para você. Viver é um ato urgente que não pode ser deixado para depois.

Ninguém sabe quando tudo pode acabar. Então, por que ficar enrolando? Vai lá e vive. Abrace mais, converse mais, esteja mais. Aceite oportunidades, faça novas escolhas, mude sentimentos. Não atrase o amor próprio. Não adiante o desapego. Tudo o que você puder passar para crescer e aprender mais sobre você e sobre a vida, entregue-se. Não tenha medo. Não desista facilmente. Dê o seu melhor.

Esqueça a parte do “se o outro não faz, por que devo?”. Não carregue mágoas e invejas. É importante vestir leveza desde o primeiro instante do dia. Mesmo sendo difícil muitas e muitas vezes, reaprenda como transformar quedas e decepções em algo positivo. Resiliência é saber preencher as próprias lacunas.

Anda, levanta esse sorriso. Busque novos você. Apare os momentos ruins e traga para perto coisas boas. Uma nova chance, um novo amor, um novo trabalho, uma nova amizade, não importa. Continue insistindo e possibilitando recomeços internos. Quando estiver pronto (a), compartilhe com quem te faz bem. Tenha coragem e honestidade do coração para fora. Não minta, não faça pouco e não se esconda de ser alguém melhor. Você consegue isso, tenho certeza.

Eu sei que dá uma baita preguiça, que cansa e que nem sempre o retorno é garantido. Mas a vida é essa dança silenciosa, onde vamos encaixando trilhas e mais trilhas para embalar os nossos passos. Não deixe de dançar, ainda que na solidão da própria companhia. Apenas viva, promete? Não deixe a vida para mais tarde.

Imagem de capa: Rawpixel.com, Shutterstock

O silêncio de cada um

O silêncio de cada um

Tenho escutado e lido seguidamente que a verdade de cada um encontra-se num lugar chamado silêncio.

Mera coincidência não pode ser. Porque nestes dias também eu me descubro aos poucos – como uma suave cortina que desce na frente do palco -, dotada de um silêncio avassalador que me fala coisas que nunca tive coragem de vivê-las a fundo. Sou muito mais movida pelo silêncio como minha forma mais essencial de me sentir viva.

Com o silêncio diálogo de forma mais profunda; as palavras se juntam e dão corpo a uma coisa que me transcende; é em meu silêncio que me pertenço mais puramente. É o silêncio que posso chamar de COISA, porque tem um duplo sentido, de liberdade e verdade.

Se for para me alertar sobre algo, meu silêncio já alcançou seu fim. Que sou obviamente misturada e misticamente envolvida na sensação opaca – lúcida lá na frente – do que o que eu digo mais interiormente é o que mais comprova meus gostos e sensações de quem sou. Sou o próprio silêncio cortado pelos rasgos incontidos de uma garganta mal acostumada a se calar perante o desconhecido revelado.

Como pode um tempestuoso ser indefinível, sutil e miraculosamente silencioso diante do mundo, tocar tão misteriosamente o que protegemos até de nós próprios? Eu, a pessoa protegida de mim, inteiramente pelo silêncio anterior a minha construção de qualquer som emitido.

Quase tenho mais palavras para falar sobre o que tenho agora em mãos – O SILÊNCIO, este poderoso antídoto contra todas as dores e atrocidades humanas – como não as teria para falar de algo mais corriqueiro e presente em meu cotidiano. É mais difícil acertar as contas com o óbvio que aniquila pessoas e personagens todos os dias.

E esse gozo eufórico de tratar do intenso encanto do que precede como a fé de uma prece vai tomando contornos tão nossos e originais, que não saberíamos colocar em outras mãos para simplesmente pertencer a alguém.

Diante dos silêncios imersos de cada um, não tenho como construir o que se é. Tudo vem velozmente acertando o próximo alvo. Quem estará ali, envolvido no próximo silencio? Alguém não quer falar, prefere calar ao mais fundo de si e ver se resta algo inesperado – a evocação de quem sempre esteve ali. A companhia de todas as horas.

O silencio eterniza a palavra não dita, o que se estava para dizer e calou-se. O medo, o pavor, a timidez preservada. Meros espectros. Quando alguém toca a ferida alheia, não é por meio da palavra dita? Não esqueçamos que também existem olhares avassaladores que protegem o que se vai dizer.

E por pouco tempo tudo depende da opção, da escolha da ferramenta com que se vai pescar dentro de si. (Clarice (Lispector) usava a “palavra como isca”) Mas tudo lhe vinha do silêncio e tornava-se uma forma de falar brutamente existente, que parecia erguer-se a quatro mãos, para apoiar o corpo todo nessa força bruta incessante.

Outra coisa: há inventividade e muito atrevimento nos silêncios de cada um.

Imagem de capa: Nina Buday/shutterstock

Depois da tempestade, vem outra tempestade. Feliz é quem sabe dançar na chuva.

Depois da tempestade, vem outra tempestade. Feliz é quem sabe dançar na chuva.

Embora nos tentem provar o contrário, em muito a vida é pesada, difícil, perigosa e traiçoeira. Passaremos por muitos momentos de alegria, prazer e contentamento, mas há muita dor e decepção a ser enfrentada. Fazemos parte de um ciclo imerso em instantes de pura magia e felicidade, mas também pontuado por dissabores e tristezas. É assim que sempre foi, é e será. Os ventos virão, sem pestanejar; cabe a nós tentar passar pelos descaminhos sem que nos percamos de nossa essência em meio às lutas diárias, pois o que nos sustenta é sempre essa força que existe aqui de dentro de cada um de nós. É preciso um coração tranquilo.

Lembre-se sempre de que o seu caminho é você quem constrói. Somos responsáveis pelas escolhas que fazemos e consequentes resultados a serem colhidos. Nem sempre optaremos acertadamente, nem sempre estaremos confiantes em nossas decisões, mas é preciso que escolhamos diante da vida, sem descanso, pois os caminhos à nossa frente são inúmeros. Temer a ação apenas nos paralisará no tempo, tolhendo-nos conquistas importantes, não nos oportunizando avanços e aprimoramentos que nos desenvolvam e nos tornem mais gente. Acalme o seu coração.

Culpe-se, mas não por muito tempo, apenas de forma a refletir sobre os erros, dimensionados na medida exata para que sirvam como lições de vida. Sempre teremos novas chances para tentar reparar o que foi malfeito, mal falado, mal entendido. Haverá quem não desista da gente ali do nosso lado, estendendo as mãos com sinceridade, ouvindo-nos, aconselhando-nos e lutando por nós. São essas pessoas que devem ser valorizadas e cultivadas em nossas vidas, são elas que nos resgatarão de nossas misérias emocionais, para que nos reergamos incansavelmente. Acalme o seu coração.

Chore, renda-se à tristeza e ao luto, dispa-se e enfrente a escuridão à sua volta. É preciso experenciar o frio da alma em sua vulnerabilidade, em suas fraquezas, permitindo-nos sentir a dor do que nos atinge, nos revolta, nos aniquila. A pouco e pouco, os ventos abrandam, levando consigo os fantasmas que insistem em nos afligir. Sempre haverá o amanhã, o recomeço, chances de se refazer. Haja o que houver, conservemos a esperança, o motor do pulsar de nosso viver. Acalme o seu coração.

Sim, as pessoas vão embora de nossas vidas, às vezes aos poucos, outras vezes abruptamente. A única certeza que podemos ter diz respeito exatamente ao fato de que, quanto mais vivermos, mais perdas teremos, mais gente sairá de nosso caminho. A saudade é um alto preço a se pagar pela qualidade das interações que cultivamos em nossa jornada. É necessário que aproveitemos ao máximo as convivências que nos fazem bem, para que acumulemos mais e mais lembranças que nos aliviarão a dor da saudade. Não podemos fugir a ela, mas podemos evitar o remorso por não ter agido como deveríamos com quem nos foi vital. Acalme o seu coração.

Será inevitável nos decepcionarmos com as atitudes alheias. Se vivemos em sociedade, estamos convivendo em meio a diversos pontos de vista, a diferentes pensamentos e valores. Quase ninguém agirá da forma como queremos ou pensará de acordo com o que desejamos. Cada um sentirá as coisas à sua maneira e nos oferecerá aquilo que possuem dentro de si, nada mais do que isso. Devemos esperar o inesperado a que ninguém foge, encarando o que é diferente como um olhar outro que poderá nos ser útil e até nos salvar de alguma convicção que nos emperrava um avançar desejável. Acalme o seu coração.

Infelizmente, algumas pessoas deixarão de nos amar ao longo do tempo; certeza de amor que dura é pai e mãe, e só. O amor de nossa vida poderá fazer as malas, bem ali na nossa frente, deixando-nos sem comiseração. Nosso melhor amigo talvez não veja mais sentido em continuar ao nosso lado, partindo para novas amizades, deixando-nos sozinhos em nossa busca. A paixão arrefece, o entusiasmo diminui, os interesses mudam, nós mudamos, todos mudam. Estarmos sempre abertos para que o novo entre em nossas vidas é o que devemos fazer, para que os vazios dentro de nós sejam passageiros. Acalme o seu coração.

Ninguém passará pelo que for nosso, ninguém conseguirá tirar as dores de dentro de nós a não ser nós mesmos. Nos momentos de calmaria é que devemos nos fortalecer junto a quem amamos e nos ama verdadeiramente, cultivando os relacionamentos revigorantes e cheios de motivação para continuar. Caso não estejamos fortalecidos para encarar as escuridões que se aproximam, jamais estaremos completos e prontos para sorver os momentos prazerosos em sua completude. Portanto, faça chuva ou faça sol, sopre brisa suave ou vente assustadoramente, acalme o seu coração, pois é dele que se alimentam as verdades que sustentam as nossas vidas.

Imagem de capa: Photographee.eu/shutterstock

 

01 de outubro: Dia do Idoso

01 de outubro: Dia do Idoso
Envelheço. A pele me conta dos dias passados. O cansaço nas pernas percorrem os caminhos da minha vida. Acertos e erros cantam meus desassossegos e minha paz. Tenho sobressaltos à noite, penso no que virá, procuras sobre quem cuidará dos meus dias.
 
Alguns possíveis não estão mais por aqui, sonhos que viraram riachos. Tenho saudades. Penso na infância, na juventude, passado e futuro se misturam. Tenho medo. Procurem, nos dias difíceis lugares para acomodar minha autonomia, não enfraqueçam minha voz, não fechem seus ouvidos.
 
Tenho histórias. Desliguem os relógios do mundo, os celulares e a vida lá fora. Colocarei a chaleira no fogão, espalharei o cheiro do café para que você saboreie minhas “contações”. Falarei da vida que tive, do meu sofrer e da minha alegria. O andar lento, o tremor nas mãos e a demora nas respostas serão recheios lindos para histórias que servirei.
 
Falarei de saudade, dos conhecidos que partiram e daqueles que sumiram. Talvez, no meio do riso, eu chore. Sou povoado das vidas que estiveram na minha vida. Talvez eu me demore, o tempo é muito curto pra caber todos os lugares de onde você veio. Se demore, por favor, se demore.
 
Foto de capa Jerry Rodrigues

O bom senso alerta: se ele não te assume, vocês não têm um relacionamento

O bom senso alerta: se ele não te assume, vocês não têm um relacionamento

Reciprocidade. Essa é a palavrinha mágica que faz todo relacionamento dar certo e todas as pessoas serem felizes. Há, porém, uma grande diferença entre viver o sentimento de fato, de idealizar futuro relacionamento, onde não há a possibilidade de um segundo encontro.

Não é uma questão de mudar o status de relacionamento publicamente, nem precisar disso para se autoafirmar, a questão aqui é saber diferenciar uma fantasia de um relacionamento em potencial, sem forçar a barra ou ter um surto psicótico.

As desculpas usadas por pessoas que não querem se envolver são inúmeras: “não vamos rotular nosso relacionamento” ou “estamos em momentos diferentes”, são as mais clássicas e utilizadas por quem quer o privilégio da companhia, mas não o compromisso que isso envolve.

Tem gente que grita aos quatro ventos que não sabe amar e que não quer assumir um relacionamento sério, o que alias, é um direito. Mas, devemos sempre ter claro que, quando o assunto envolve sentimentos, há pessoas e pessoas. Enquanto alguns são sinceros em assumir ou não, as relações, outros afirmam não estarem preparados e, meses depois, aparecem casados e com filhos com, claro, outras pessoas.

O amor não é vendido em uma caixa, com o modo de fazer descrito. Pelo contrário, há várias formas de amar e todos elas devem ser respeitadas. Há casais que preferem viver em casas separadas, outros ficam mais grudados que “banana felipe”. E tudo bem! O problema é enxergar amor onde não tem, reciprocidade onde nunca existiu e, um futuro relacionamento, com quem não atende nem suas ligações. Em outras palavras: se vocês não se assumem, vocês não têm um relacionamento.

Em um dos livros mais lidos do mundo, Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, há um diálogo entre o protagonista e seu fiel amigo Sancho Pança que relata como o medo, seja ele em que esfera se apresente, consegue aprisionar as pessoas através da cegueira psicológica: “Um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer que as coisas não pareçam o que são”.

Há, inacreditavelmente, pessoas que partem da ideia de que se amarem incondicionalmente alguém, com o tempo, ele sentirá o mesmo. Sejamos realistas: mesmo que essa teoria fosse verdadeira, até onde (e quando) essas pessoas suportariam sofrer por amor?

Pé no chão, meu bem! Entre sofrer por uma paixão platônica à enxergar a realidade nua e crua, prefira a segunda ação. Daqui uns anos você irá entender o motivo.

Imagem de capa:  Kar Tr/shutterstock

Por trás de uma criança agressiva quase sempre há uma criança agredida

Por trás de uma criança agressiva quase sempre há uma criança agredida

O controle das emoções é conquista que depende de cada uma das vivências a que somos expostos desde o nosso nascimento. Nossa primeira forma de comunicação com o mundo é expressa pelo choro que, por sua vez, é consequência de algum desconforto. Choramos porque algo interfere em nosso bem-estar. Choramos porque estamos com fome, frio, calor, com a fralda suja ou molhada. Choramos porque esse é nosso único recurso de interlocução; o único jeito que temos de iniciar uma relação social com os indivíduos no entorno: em geral, nossos pais.

Ignorar o choro de um recém-nascido é por si só um ato de violência. Um bebê cujo choro é ignorado, vai formando um repertório de comunicação baseado nas experiências de negligência física e afetiva; torna-se reativo a situações de abandono e vai moldando seus mecanismos de conseguir atenção de forma deturpada, numa tentativa instintiva de ser socorrido, acalentado ou atendido.

Além do choro, o bebê manifesta suas emoções por meio de reações físicas, baseadas em interações sensoriais. Muito cedo o bebê reconhece a voz da mãe e, caso tenha tido um pai presente durante a gestação, reconhecerá sua voz também. Os pequenos costumam ficar mais agitados se forem expostos a ambientes barulhentos e cheios de estímulos visuais. Bem como, podem ser acalmados com música clássica, canto de passarinhos ou sons da natureza. O banho é o momento mais rico do ponto de vista sensorial, afetivo e social estabelecido entre o bebê e quem se responsabiliza por cuidar dele. A amamentação é talvez a maior oportunidade que a criança tem de estabelecer vínculos de aceitação, confiança e consideração.

Um pouco maiorzinhos, vamos aprendendo que a modulação, o volume e o timbre da voz dos adultos revelam muito sobre suas intenções, as quais – por sua vez -, são constituídas em concordância com caráter emocional daqueles que nos cercam. Crianças que se desenvolvem em companhia de adultos excessivamente silenciosos e pouco interativos, podem vir a sofrer de distúrbios comportamentais, sociais e de linguagem, em virtude da pobreza de repertório advinda da pouca interação.

Por outro lado, bebês criados em ambientes excessivamente ruidosos, em famílias que tem por hábito usar vozes alteradas para se comunicar e entre pessoas com comportamentos prioritariamente ríspidos, tendem a desenvolver personalidades irritadiças e podem vir a ser crianças difíceis de lidar, uma vez que a sua memória afetivo-social conta com recursos pouco desenvolvidos do ponto de vista da linguagem afetiva.

Nenhuma criança, a menos que seja portadora de distúrbios psíquicos – e este diagnóstico só pode ser feito por profissionais da área da Psiquiatria ou Psicologia -, revela comportamentos agressivos sem que haja uma causa, um disparador para tais comportamentos. A agressividade pode ser fruto de um trauma emocional que, tanto pode ser absolutamente real, quanto nascido de uma fantasia da criança acerca da situação em que tenha se sentido ameaçada ou ferida. O comportamento agressivo pode ter origem no convívio com pessoas agressivas, pouco afetivas, exageradamente severas ou exigentes.

Já no convívio com os pares – e em geral essa experiência ocorre na escola -, a criança desenvolverá a forma de se relacionar com os demais, a partir dos modelos que essa instituição validar, oferecer ou orientar. Educadores precisam saber mediar conflitos, precisam estar preparados para administrar e conduzir as relações dentro do universo escolar, de forma que todos os envolvidos tenham espaço garantido para expressar o que sentem, pensam e esperam desse convívio.

Escolas que baseiam suas práticas na valorização excessiva de resultados, que estimulam a competição e que não defendem a necessidade de espaços democráticos de convivência, transformam-se em verdadeiras panelas de pressão. As crianças submetidas a modelos pedagógicos pouco reflexivos, sentem-se excluídas do processo e se transformam em presas fáceis de comportamentos instintivamente rebeldes e reativos.

Que o exemplo é infinitamente mais poderoso que o mais elaborado dos discursos, todos nós já sabemos. O curioso é observar que, mesmo diante dessa constatação óbvia, ainda sejam surpreendentemente comuns famílias pouco envolvidas na formação de seus filhos, e escolas pouco aptas para ofertar espaços de convivência onde seja possível formar gente que, além de pensar, seja também capaz de refletir e considerar o outro como parte de suas prioridades.

Que o mundo anda cada vez mais hostil, que tem sido cada vez mais difícil ter em quem confiar e que temos sido insistentemente confrontados com a nossa falta de jeito para compartilhar o que pensamos, sentimos e desejamos, também parece bastante óbvio. Talvez, então, o que nos falte é sair desse lugar na arquibancada, arregaçar as mangas e as convicções e entrar de vez no protagonismo do jogo.

Nossos pequenos são extremamente vulneráveis diante de nossas escolhas e formas de organizar o mundo. Cada um de nossos olhares, gestos e falas é, em síntese, um ensinamento sobre o que é ser humano nesse mundo. Sendo assim, não custa nada darmos uma boa esfregada em nosso falso verniz social para trazermos à tona uma versão mais real e humana de nós mesmos. Sejamos nós o exemplo de retidão, honestidade, generosidade e afeição que tanto sonhamos para o futuro de nossos filhos!

OBRIGADA POR INSISTIR, por Martha Medeiros

OBRIGADA POR INSISTIR, por Martha Medeiros

Até o mais seguro dos homens e a mais confiante das mulheres já passaram por um momento de hesitação, por dúvidas enormes e dúvidas mirins, que talvez nem merecessem ser chamadas de dúvidas, de tão pequenas.

Vacilos, seria melhor dizer. Devo ir a este jantar, mesmo sabendo que a dona da casa não me conhece bem? Será que tiro o dinheiro do banco e invisto nesta loucura? Devo mandar um e-mail pedindo desculpas pela minha negligência? Nesta hora, precisamos de um empurrãozinho. E é aos empurradores que dedico esta crônica, a todos aqueles que testemunham os titubeios alheios e dizem: vá em frente!

“Obrigada por insistir para que eu pintasse, que eu escrevesse, que eu atuasse, obrigada por perceber em mim um talento que minha autocrítica jamais permitiria que se desenvolvesse.”

“Obrigada por insistir para que eu fosse visitar meu pai no hospital, eu não me perdoaria se não o tivesse visto e falado com ele uma última vez, eu não teria ido se continuasse sendo regida apenas pela minha teimosia e orgulho.”

“Obrigada por insistir para que eu conhecesse Veneza, do contrário eu ficaria para sempre fugindo de lugares turísticos e me considerando muito esperta, e com isso teria deixado de conhecer a cidade mais surreal e encantadora que meus olhos já viram.”

“Obrigada por insistir para que eu fizesse o exame, para que eu não fosse covarde diante das minhas fragilidades, só assim pude descobrir o que trago no corpo para tratá-lo a tempo. Não fosse por você, eu teria deixado este caroço crescer no meu pescoço e me engolir com medo e tudo.”

“Obrigada por insistir para eu voltar pra você, para eu deixar de ser adolescente e aceitar uma vida a dois, uma família, uma serenidade que eu não suspeitava. Eu não sabia que amava tanto você e que havia lhe dado boas pistas sobre isso, como é que você soube antes de mim?”

“Obrigada por insistir para que eu deixasse você, para que eu fosse seguir minha vida, obrigada pela sua confiança de que seríamos melhores amigos do que amantes, eu estava presa a uma condição social que eu pensava que me favorecia, mas nada me favorece mais do que esta liberdade para a qual você, que me conhece melhor do que eu mesma, apresentou-me como saída.”

“Obrigada por insistir para que eu não fosse àquela festa, eu não teria aguentado ver os dois juntos, eu não teria aturado, eu não evitaria outro escândalo, obrigada por ficar segurando minha mão e ter trancado minha porta.”

“Obrigada por insistir para eu cortar o cabelo, obrigada por insistir para eu dançar com você, obrigada por insistir para eu voltar a estudar, obrigada por insistir para eu não tirar o bebê, obrigada por insistir para eu fazer aquele teste, obrigada por insistir para eu me tratar.”

Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo.

Martha Medeiros, Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008.

Imagem de capa: Leszek Glasner/shutterstock

PARE TUDO e veja essa mensagem da Dra Ana Claudia Quintana Arantes

PARE TUDO e veja essa mensagem da Dra Ana Claudia Quintana Arantes

Somos muito mais felizes quando fazemos o bem e nos desapegamos das vaidades em nome do amor. Quanto maior o amor, maior a dor da perda, mas também mais fácil a sua superação.

A Dra Ana Claudia Quintana Arantes, é geriatra e especialista em cuidados paliativos. Através de suas vivências vem transmitindo ao mundo uma maneira mais suave de encarar a morte.

Esse vídeo, apresentado pelo Projeto Estelar no Youtube,  chegou para mim pela minha amiga Iná Lima, que já me ajudou a lidar com a morte em outros tempos através de sua bondade e gentileza.

Compartilho com vocês essa mensagem de amor e luz.

Por que o sucesso custa tão caro?

Por que o sucesso custa tão caro?

Por Rodrigo de Souza

Freud, numa carta enviada ao amigo Romain Rolland, publicada em 1936, sob o nome de “Um distúrbio de memória na Acrópole”, analisa pormenorizadamente a sua experiência frente à realização de um sonho, para ele, impossível — conhecer a Acrópole.  Aos 48 anos, acompanhado de seu irmão, numa viagem à Trieste, nordeste da Itália, o irmão de Freud encontra um conhecido que os desanima de seguir em frente para a ilha de Corfu, em função do excesso de calor que os impossibilitaria de desfrutar do passeio, apontando-lhes Atenas como uma ótima opção. Um sentimento de raiva os abateu mas não os impediu de levar a cabo o conselho, mudando de rota. Ao chegar lá, na Acrópole, Freud sentiu-se perturbado com a experiência. Não acreditava no que via pois para ele aquilo só existia nas páginas dos livros, duvidando portanto da sua existência concreta. Depois corrige-se e afirma que não é da existência concreta das ruínas que ele duvidava, e sim da sua possibilidade de um dia poder chegar lá, visto que não dispunha de boas condições financeiras quando era jovem.

 Ao realizar o sonho, assolava-o a ideia de que “era bom demais para ser verdade”, destacando que há em todos nós uma cota de pessimismo que compromete o valor da experiência. A incredulidade o levou a estragar o prazer da viagem que culminou no distúrbio de memória. Ao analisar posteriormente o que lhe ocorrera, chegou à conclusão de que o simples fato de ele ter conhecido a Acrópole pelos livros — já o colocava em posição de superioridade em relação ao pai, — comerciante muito pobre que não teve sequer a oportunidade de alcançar a educação ginasial. Havia um sentimento de piedade e culpa por ter ido tão longe, levando-o a pensar que se tratava de algo errado e proibido.

Convido a todos para uma introspecção a esse respeito, – isto é, em relação à vivência de algo muito maravilhoso, cuja ideia de que “infelizmente as pessoas a quem mais amamos não podem desfrutar da mesma experiência”, perturba o valor da experiência. Em outras palavras, imagine se você pudesse ganhar na loteria sob a condição de não poder ajudar as pessoas mais importantes da sua vida. Que graça teria? É mais ou menos por aí que se incide o desprazer de Freud na ocasião da realização de um sonho (im) possível. Nem Napoleão Bonaparte escapou do sentimento de insuficiência articulado ao sucesso. Cito Freud, no texto supracitado:

 

 “… Napoleão, ao ser coroado imperador em Notre Dame, voltou-se para um de seus irmãos — terá sido o mais velho, José — e comentou: ‘Que diria notre père [nosso pai], se estivesse aqui hoje?'”.

 Arthur Schopenhauer destacou o fato de que o desejo tem duas formas de nos humilhar: a primeira, quando não conseguimos realizá-lo e, a segunda, quando conseguimos realizá-lo. É muito comum, em alguns casos, o sujeito queixar-se reiteradamente da possibilidade de fracassar como causa de seu sofrimento e, na medida em que a análise avança, — o que se destaca, — como causa da queixa, — é a possibilidade da realização do sucesso.

A clínica psicanalítica se apresenta como um campo privilegiado para a observação recorrente desse fenômeno, pois ela nos mostra que a felicidade nem sempre é correlata do sucesso.

Há casos nos quais o sujeito se vê confrontado com uma exigência interna impossível de ser realizada, de sucesso e gozo plenos; sem falta e falhas, e a culpa aparece como uma punição que aponta para esta impossibilidade de dar conta do impossível. Logo, o fracasso surge como uma espécie de “libertação”; de alívio, isto é, — um balão de oxigênio que renova momentaneamente o ar tóxico da exigência impossível de ser executada em sua totalidade. O mais sensato seria pensar na angústia como correspondente do fracasso, e não do sucesso mas, em função do fuzilamento de cobrança, ela assume a cena.

  O sucesso não pode ser pensado desarticulado da falha, da falta. Esta voz chama-se supereu na teoria freudiana e nos bombardeia com exigências inesgotáveis a fim de rir desavergonhadamente de nossos fracassos. Trata-se de um comando interno antiético, inimigo do homem e, em última instância, o grande responsável pelas guerras e atrocidades que acontecem mundo afora.

Portanto, não há sucesso irretocável aos moldes do que esta voz cruel da consciência exige e, caso houvesse, ­ — ele cobraria o preço da morte do desejo; —  isto é, desse sopro de vida que nos movimenta no mundo.

A crueldade e o sadismo característicos dessa exigência de que deve-se dar conta de um impossível não autoriza o descanso bem como a inscrição de uma satisfação “mais ou menos”, — incompleta, — aquém do gozo ideal daquele que o sujeito supõe gozar mais, ser mais feliz.

O sucesso deve manter-se apenas no nível do sonho e da projeção, em razão do sentimento de culpa e inferioridade que impedem a fruição da felicidade correspondente ao êxito.

 

Destaco a fala de uma mulher que, ao chegar ao topo do trabalho, há muito lutado e desejado, acreditando-se indigna do sucesso e não conseguindo suportar a felicidade, criou mecanismos para se autossabotar e consequentemente ser mandada embora. Ao perguntá-la sobre o porquê desse boicote, disse-me que a sensação de ser bem-sucedida a despersonalizava, causando um estranhamento impossível de ser suportado pois, dessa forma, ela se afastava do vínculo afetivo conservado com os pais — muito pobres.

Fica a questão sobre como cada um lida com o sucesso e, de modo geral, o quanto o sentimento de insuficiência resultante da exigência de sucesso pleno, sem falhas, assim como o peso da culpa, podem contribuir para o fracasso e para o não aproveitamento das benesses que o sucesso pode causar.

contioutra.com - Por que o sucesso custa tão caro?

Imagem de capa: Reprodução

Respeitando um momento de luto: 15 dicas para enlutados e para quem está a sua volta

Respeitando um momento de luto: 15 dicas para enlutados e para quem está a sua volta

Por Marcela Alice Bianco

O luto é um processo normal e que precisa ser vivido para ser superado. Ao longo da minha carreira na clínica e na área da saúde acompanhei inúmeras pessoas em processos de luto. Pessoas que perderam seus pais, cônjuges, filhos, irmão, avós, amigos, bichinhos de estimação, pacientes, etc. E posso afirmar que nenhuma perda é igual a outra, mas sim uma experiência única e puramente individual. Depende da história construída com que se perdeu, dos laços que as envolviam, dos papéis que desempenhavam umas nas vidas das outras, da resiliência de quem sofre a perda e de como tudo aconteceu.

Tendo eu também vivido minhas próprias perdas, pude sentir na pele o quão difícil é superar um momento de luto, a qual considero uma das experiências de maior sofrimento que todos nós vamos experimentar um dia.

Institivamente nos ligamos à outras pessoas, seres ou objetos através de fortes laços afetivos, seja para nossa sobrevivência, para nossa segurança e proteção ou para nosso desenvolvimento enquanto seres humanos. As relações nos enriquecem e nos transformam, dão o real sentido a nossa existência. Nossos afetos serão nossos maiores tesouros adquiridos na vida.

E quando eles se separam de nós sentimos uma dor dilacerante, um vazio incomensurável da ausência. Porém, se o destino quis que ficássemos e continuássemos vivendo, precisaremos encontrar meios para superar tamanho sofrimento e seguir em frente, junto com os demais afetos que também ficaram.

Em minha caminhada vi muitas pessoas terem dificuldades em enfrentar a dura realidade desse momento, como também presenciei outras que, querendo ajudar, acabavam por suprimir no enlutado a expressão emocional do seu luto, aspecto fundamental para a superação.

Assim, como medida preventiva elaborei algumas dicas para as pessoas que perderam um ente querido ou para aqueles que estão à sua volta. Penso que, em algum momento estaremos de um ou outro lado dessa história, então sempre é bom refletir sobre o que fazer nesses momentos de dor.

1- Respeite o momento do Choque.

Todos nós, quando sofremos uma perda temos um momento de “choque” inicial. Essa reação acontece porque nosso Ego não é capaz de absorver a realidade da notícia e, por defesa, há uma paralisia das emoções e da capacidade de perceber o entorno. Em geral, essa reação pode durar minutos, horas ou dias e a pessoa tem a tendência a manter a vida interior rica de ilusões em relação ao ser que partiu. O choque pode desencadear um verdadeiro “apagão” de consciência ou reações corporais como tremores, desmaios, vômitos e diarreias. A pessoa também pode estar em choque quando apresenta reações aparentemente frias e indiferentes ao que está acontecendo. Respeite esse momento e se você estiver ao lado de alguém em choque acolha a pessoa enlutada, que aos poucos irá conseguir ir compreendendo a realidade.

2- Cada um tem seu tempo para encarar a realidade da perda.

É comum que pessoas enlutadas passem por uma fase de negação, demonstrando uma resistência à perda para evitar o desequilíbrio psíquico. Nestes casos, a expressão emocional pode ficar bloqueada, ou tenta-se negar a perda procurando esquecer o ocorrido ou evitando pensar no assunto. Também pode haver uma reação hiperativa, onde a pessoa age como se nada tivesse acontecido e busca se entreter no máximo de atividades possíveis para evitar entrar em contato com sua dor. Este tende a ser um período passageiro, mas preocupante quando se estende demais, sem o espaço para as demais reações naturais. O uso de substância psicoativas (calmantes, drogas e álcool) nesse momento pode ser outra tentativa de fuga encontrada. Assim, é preciso ficar atento a presença de tais reações, e buscar ajuda especializada quando sentir necessidade.

3- O luto traz uma avalanche de emoções.

Os mais diversos sentimentos podem advir de um luto! Tristeza, Raiva, Revolta, Alívio, Culpa, Medo, Impotência, Ansiedade… enfim, as mais profundas emoções podem ser despertadas. O luto é um processo doloroso e é preciso fazer um verdadeiro trabalho de superação. A expressividade emocional é fundamental para que a pessoa possa digerir a realidade da perda. Não evite o contato com seu sofrimento e procure as pessoas realmente disponíveis emocionalmente para contar sobre o que está sentindo. Seus sentimentos são legítimos e merecem ser respeitados e acolhidos.

 

4- É preciso chorar a sua dor.

Você não pode escolher não sofrer! O luto é uma experiência altamente dolorosa e que realmente abala qualquer estrutura. Bloquear, inibir ou adiar o seu luto não irá ajudar. Chorar, falar somente sobre o luto, limitar a sua vida a esse acontecimento por um tempo é natural e faz parte do processo de assimilação da realidade. Lembre-se que perder alguém é algo maior que o Ego consegue abarcar de uma vez e, por isso, precisa ser digerido lentamente.

5- Nunca estimule alguém a “sair” logo do seu luto.

Pedir ou estimular que uma pessoa enlutada se recupere rápido ou não expresse suas emoções é totalmente desaconselhável. Esta atitude, ao invés de ajudar, pode bloquear uma reação normal de luto e desencadear outros problemas, como a hiperatividade ou até mesmo processos depressivos e de adoecimento. Cada um tem seu tempo para superar o luto e tocar a vida em frente. Procure ser sensível a esse momento e acolher o enlutado encorajando-o a expressar seus sentimentos e a encontrar seus recursos emocionais para lidar com a perda.

6- Nos sentimos impotentes diante da dor de alguém.

Realmente quando o outro sofre uma perda somos relativamente impotentes frente ao que ele está sentindo. Não podemos apagar o que aconteceu e nem evitar a avalanche de reações e sentimentos que eclodem a partir do luto. Mas, estar ao lado da pessoa, manter-se presente, escutá-la e acolhê-la emocionalmente (respeitando as dicas anteriores) é algo que você pode fazer e que é de extrema importância neste momento.

7- Cada membro da família está vivendo um luto diferente.

Dentro das famílias cada um irá reagir de maneira individual a perda sofrida e pode acontecer de um familiar achar que o outro está indo muito rápido ou muito devagar com seu luto. Haverá aqueles que precisarão falar, contar histórias, assistir vídeos antigos, ver e rever fotos, passar dias em prantos. Mas, haverá também, aqueles que irão querer ficar calados, silenciosos em sua dor. Nenhuma reação é melhor que a outra. As cobranças, exigências e julgamentos dentro das famílias acontecem porque cada um de nós tem seus conceitos e crenças sobre como devemos nos comportar diante de uma situação. Porém, é preciso esclarecer que, a forma como cada um vive seu luto varia conforme suas características de personalidade, seus recursos de enfrentamento e suas defesas, sua história de vida, e do relacionamento e vínculo que possuía com o ente querido. Quando o vínculo era muito forte ou quando existia uma história de relacionamento conturbada e conflituosa que não se resolveu, pode ser mais difícil para o enlutado lidar com toda a situação. Por outro lado, quando não existia uma ligação afetiva entre a pessoa e o ser perdido pode ser que ela lide mais facilmente com a perda. São variações que precisamos estar atentos para perceber e assim, compreender para não julgar. Exercitar a empatia dentro da família é essencial para a resolução do luto de cada membro, bem como para a saúde do relacionamento familiar.

8- É preciso consolar a sua dor.

Superar um luto leva tempo e cada um tem o seu período para digerir sua perda. É natural que você sofra por um tempo, que tenha dificuldade para encarar a realidade, que sinta vontade de ficar isolado, que a vida perca o gosto por um tempo. Isso faz parte do processo. Mas, você não precisa passar por isso sozinho. Consolar sua dor com pessoas que você confia e se sente à vontade para partilhar este momento é um importante caminho para a superação. As pessoas que gostam de você estarão prontas para te amparar e ajudar nesse momento. Estarão ao seu lado para chorar e rir com você, para te ouvir e te falar palavras de conforto, para estar simplesmente ao seu lado quando você precisar se apoiar ou quando sentir que vai cair. Conte com elas!

9- Procure uma maneira para expressar o que você está sentindo.

Redigir cartas para o ente querido, escrever poesias, textos, compor músicas, expressar-se através da pintura, das artes plásticas, da dança ou qualquer outro recurso que lhe parecer viável é uma excelente via para expressar suas emoções sobre o luto. Recurso ricamente conhecido pelos artistas, a arte e a escrita nos ajudam a nomear, discriminar e expressar o que estamos sentindo, oferecendo um significado a nossa experiência, servindo de um verdadeiro bálsamo ao nosso sofrimento e impedindo que a dor fique registrada de maneira não compreensível em nossa mente.

10- Você não precisa ficar triste o tempo todo.

Uma das coisas que sempre ficam no imaginário social é que a pessoa enlutada deve estar triste e sofrendo. Isso funciona como prova de amor e de que ela é uma boa pessoa. Porém, essa crença é totalmente inadequada. O luto é um processo muito complexo, e é natural que, enquanto a pessoa elabora a sua perda sinta momentos de forte tristeza, mas também passe por momentos de alegria e distração. A pessoa pode se alegrar e rir ao lembrar dos bons momentos com o ser perdido, pode ficar feliz por estar com pessoas que ama e que continuam fazendo parte da sua vida. O momento da despedida também pode ser o do reencontro de familiares e amigos que há muito não se viam e que, nesse espaço, resgatam as histórias familiares, permeadas de boas lembranças. Além disso, a pessoa enlutada também precisará se distrair vez ou outra para “dar um tempo” para si mesma, descansar da sua dor e recuperar as forças. Permita-se sentir todos os sentimentos, mas não só os negativos. Deixar-se levar por bons sentimentos também te ajudarão a seguir em frente.

11- É preciso perdoar.

Quando alguém nos deixa, uma imensidão de sentimentos pode nos invadir. Entre eles a raiva, a revolta e a culpa podem dificultar a elaboração de um luto. Você pode ficar com raiva porque a pessoa te deixou, porque acha que, nem ela e nem você, mereciam isso, porque você ficou, ou porque acha que houve algum erro, que se evitado nada disso estaria acontecendo. Você pode culpar alguém, mundo, Deus, o ente querido ou a si mesmo. Todo sentimento é legitimo e precisa ser vivenciado, mas agarrar-se a ele não aliviará a sua dor. Então é preciso buscar o perdão, compreender que muitas coisas fogem ao seu controle e ao do outro também. Precisamos aceitar que somos vulneráveis e factíveis ao erro. Que a vida tem um curso que extrapola nosso desejo, nosso controle e nossa onipotência. Por isso, necessitamos buscar a compreensão e a compaixão para alcançar o perdão!

12- Vai chegar a hora de dar destino aos objetos do ser perdido.
Faz parte do processo de luto decidir o que será feito com os pertences do ente querido. Roupas, objetos, lembranças, tudo aquilo que era da pessoa precisa ganhar um destino. Você pode escolher doar, vender ou até distribuir alguns objetos mais significativos entre as pessoas que ele queria bem. Também pode escolher algum objeto guardar consigo como uma herança que ele te deixou. Porém precisa tomar cuidado para não se manter apegado às coisas materiais que pertenciam ao ente perdido. Manter quartos intactos, resistir em mexer ou não se desfazer dos objetos pode ser um sinal de dificuldade em processar a perda sofrida.

13- Receba sua herança.

Mais que os bens materiais, seu ente querido com certeza te deixou de herança uma enormidade de vivências, memórias e lições das quais você nunca irá se esquecer. Recebe esse tesouro e o guarde em seu coração para todos os momentos. Quando precisar de um conselho que somente esta pessoa te daria, converse com seu coração e lá encontra a resposta que Ele te daria. Busque em suas memórias seu abraço, seu afago, seu riso, sua história. Assim você irá perceber que dentro de ti Ele ainda vive e será guardado para sempre.

14- É possível encontrar um sentido para a perda.

Muitas pessoas acham que encontrar um sentido para a perda é simplesmente buscar uma justificativa para o ocorrido, mas na verdade é muito mais que isso. Percebemos que muitas pessoas que sofrem uma perda desenvolvem novos valores, se tornam mais espiritualizadas ou se engajam em novos papéis na sociedade. É comum vermos mães que perderam filhos em situação de violência se engajando em ONGs ou grupos de mães atuantes, por exemplo. Esses novos caminhos, não irão fazer com que a pessoa enlutada encontre um significado para a sua perda, mas poderão ajuda-las a dar um novo sentindo para a sua existência sem o ser perdido.

15- É preciso continuar vivendo.

Por mais dura que seja a realidade da perda, em algum momento você estará pronto para seguir em frente. Irá entender que não é possível voltar atrás e que existem outras coisas que você precisa viver, outras pessoas que precisam de você, outros vínculos para cuidar. Isso não significa que você irá esquecer a pessoa que perdeu. Tudo o que você viveu ao lado dela estará na sua memória para sempre e estará sempre vivo dentro de você. Você sentirá saudades, terá episódios de choro em menor intensidade e se sentirá mais leve. Isso é um bom sinal, não se culpe. Pense que a pessoa que se foi iria gostar que você continuasse vivendo e sonhando!

Espero que essas dicas possam ajudá-los nesse momento e caso sintam que não estão conseguindo seguir sozinhos, não hesitem em procurar ajuda especializada. Hoje existem vários grupos de suporte e acolhimento para enlutados e psicólogos especialistas no assunto e que estão prontos para auxilia-lo nessa superação.
Por fim deixo para vocês um trecho de uma música de Milton Nascimento que considero um verdadeiro trabalho de elaboração de luto.

Travessia.
(Milton Nascimento)

Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho pra falar
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito o que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver.

O fundo do poço é o melhor local para fazer um retiro existencial

O fundo do poço é o melhor local para fazer um retiro existencial

Temos medo do fundo do poço.

Temos medo de chegar ao fundo do poço e, mais do que isso, temos medo de ficarmos estagnados no fundo do poço. Vivemos tentando evitar chegar nele porque existe uma consciência comum de que quem o alcança não sairá dele tão facilmente. Será?

Mas o que é o fundo do poço?

Temos tanto medo dele que até evitamos pensar nele. Para mim, chegar ao fundo do poço pode ser uma desistência em massa. Uma parada brusca, uma desaceleração. Um intervalo. Uma necessidade de voltar ao ponto zero e ficar ali por um tempo.

Chegar ao fundo do poço pode ser um cansaço que vem se acumulando na alma e cavando um buraco fundo onde são depositados aqueles sentimentos que não tivemos tempo de encarar e lidar na nossa alucinada maratona de matar um leão por dia.

O fundo do poço é um depósito de nós mesmos, um porão que nunca entramos, onde vamos jogando tudo aquilo que ainda não pudemos nos desfazer e desapegar, tudo aquilo que deixamos pra pensar e resolver depois. Todos aqueles sentimentos ‘inúteis’ e ‘feios’, que se ficarem habitando cotidianamente nossa alma, nos travam o rápido caminhar. Então tomamos a decisão mais fácil, tira-los da vista. Vão para o porão da alma, vão para o fundo do poço.

Ninguém quer chegar ao fundo do poço, ninguém quer passar um bom tempo no fundo do poço, ninguém quer mostrar ao mundo seu fundo do poço. A vida é tão curta, queremos mostrar ao mundo o que em nós é jardim e casa arrumada, os ambientes sorridentes, bem iluminados e arejados, festivos. Aprendemos desde cedo a cimentar os nossos próprios porões, a trancar a sete chaves e esquecer o acesso. Temos vergonha de dar qualquer pista de que estamos perto do fundo do poço e temos pavor de pensar em perder algum tempo de vida nesse lugar mofado, escuro, cheio de entulhos e fantasmas.

Se por qualquer motivo, a vida traz à tona nosso fundo do poço, nossa primeira reação é querer disfarçar e sair dali o quanto antes. Queremos pegar impulso e voltar para a nossa incessável engrenagem diária, voltar a nos encaixar, voltar a sermos bonitos, bem resolvidos, como todo mundo. Queremos recuperar o equilíbrio.

Por que temos tanto medo do fundo do poço?

Temos medo do desconhecido, queremos percorrer apenas as estradas mapeadas. Ao invés de tentarmos sermos mais humanos, empáticos, profundos com esses nossos lados, fingimos que eles não existem. Marginalizamos o que em nós é obscuro e insólito. Tudo que é desconhecido nos causa medo. Não queremos sentir medo e nem causar medo. Então seguimos nas nossas velhas estradas rasas e pavimentadas.

Temos medo também do nosso próprio silêncio. Falamos muito de tudo e de todos o tempo todo para não deixarmos nosso pensamento escutar os ecos de nossa alma. Sabemos falar sobre tudo, mas não sabemos expressar o que em nós é grande e misterioso. E no nosso fundo do poço, o silêncio grita. E temos medo de escutá-lo. Temos medo das verdades que nossos silêncios trazem.

Além disso, temos medo de mostrar ao mundo que estamos no fundo do poço. Não aceitamos admitir que não queremos mais participar da maratona de matar um leão por dia, que fraquejamos, que perdemos, que estamos frustrados, que precisamos de um bom tempo sozinhos para processar e limpar o velho porão cheio de sentimentos mofados e mal cheirosos que se não forem organizados em algum momento, deteriorarão nossa alma. Temos vergonha social de admitir nosso fundo do poço.

 

E, finalmente, temos medo também de nunca mais sairmos dele. Temos medo de não conseguirmos voltar, de não termos forças para enfrentar tudo, temos medo de ficarmos para trás, de perdermos tempo, e de perdermos a vida. Presos e estagnados num porão que parou no tempo.

Temos tantos medos!

Engraçado, temos medo de perder tempo e de perder a vida. Mas, perder um pedaço do que somos realmente, mesmo que feio, mesmo que sombrio, é viver por inteiro?

Queremos seguir a vida apenas com nossas vitórias estampadas na nossa fachada.

Ao encobrir nosso fundo do poço, enganamos o mundo, mas ele continua grande e profundo em algum esconderijo de nós mesmos.

É… mas e se aceitamos ficar um tempo no fundo do poço?

E se olharmos para os medos e aprendermos a encarar a nós mesmos de frente? E se concordarmos em permanecer quietos e silenciosos despois que tudo se esgotou (amor, trabalho, dinheiro)? E se ao invés de sairmos correndo procurando outro amor, trabalho, dinheiro, esperarmos um pouco, escutarmos o silêncio?

E se ousarmos usar o fundo do poço para fazer um retiro existencial? Quase como um templo de meditação, fecharmos as janelas para o mundo e tentarmos ouvir essas versões clandestinas de nós mesmos.

E se aprendermos a aceitar o que em nós parecia inaceitável?

Já que o fundo do poço é onde tudo se esgotou, não temos mesmo nada mais a perder. Então nos demoremos um pouco nele!

Pode ser que percebamos que o que eram fantasmas aterrorizadores são, na verdade, uma grande parte do que nos constitui.

Sair rapidamente do fundo do poço pode significar voltar para o mesmo velho caminhar. E tudo pode tornar a ficar razoavelmente bem, na medida em que continuarmos nos equilibrando entre cavar e camuflar buracos.

Ficar um tempo no fundo do poço pode significar encontrar riquezas escondidas, mapas de tesouro, caminhos alternativos e verdades ocultas. E aí poderemos voltar a superfície sem ajuda de escadas e esforços de impulsos, porque teremos desenvolvido asas.

contioutra.com - O fundo do poço é o melhor local para fazer um retiro existencialImagem de capa: Reprodução

Quando te faltar o chão: voa!

Quando te faltar o chão: voa!

Você não sabia, mas atrás dessas tuas costas, feitas para carregar o mundo, estavam guardadas duas asas. Ninguém te contou isso, foi só quando o teu mundo ruiu que você entendeu que podia voar.

Você escorregou num buraco fundo, feito Alice e achou que tudo era só escuridão, mas eis que, de repente, tuas asas de anjo começaram a bater.

Que lindo ver você surgir assim, feito ser alado, enchendo de admiração os olhos dos passantes da vida. Olhos daqueles que, muitas vezes, duvidaram da tua força.

E pensar que você tinha medo que um dia isso acontecesse. Às vezes, apenas uma queda pode nos fazer tocar o que há de mais profundo em nós. Apenas uma dor latente pode trazer à luz o ser alado que nos habita. Pode revelar forças e vocações adormecidas. Pode indicar caminhos que não veríamos com os pés no chão.

Cair, muitas vezes, pode significar a morte, não da vida, mas daquilo que já não faz mais sentido. Cair muitas vezes pode revelar verdades escondidas, indicar caminhos e calar medos bobos.

Você passou por muita coisa. Você provou da vida. Deixou-se tocar pelo que parecia irremediável e hoje é plenamente capaz de enfrentar seus medos. O monstro do armário te pegou e te arrastou para dentro dele e você teve forças para sair de lá. O armário não era o fim, agora você sabe disso.

Você provou da tua força e descobriu que há uma beleza única em se regenerar. O mundo não é mais o mesmo. Agora você sabe. Agora você entende de finais e recomeços. Agora você pode, simplesmente, voar!

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain.

 

Não há romance paralelo que valha a pena.

Não há romance paralelo que valha a pena.

Ultimamente tenho ouvido histórias de traições, amantes e casos de romances sustentados “por baixo dos panos.” Percebi que existem sim mulheres dispostas a embarcar numa relação onde se colocam no papel de amantes. Pensei em escrever sobre isso, e abrir essa escrita para elas… Eles também são bem-vindos…

Não raro, homens casados são alvos de paqueras de mulheres atraídas pelo perigo de se envolver com alguém compromissado. A aliança na mão esquerda não afasta, ao contrário: atrai e instiga.

Pode simplesmente acontecer de a pessoa se envolver e depois descobrir que ele não está tão disponível assim, e desta forma se ver dentro de uma cilada emocional. Mas há aquelas que entram na relação tendo total consciência de onde estão se metendo e assumem todos os riscos da relação. E isso de fato não torna a vida da amante mais fácil.

Sei que há casos, e não são poucos, de mulheres que também sustentam uma relação a dois – marido e amante – mas penso que são duas esferas a serem abordadas. O caso aqui é de mulheres que se atraem por homens casados e eles também embarcam nessa aventura.

Não estou aqui pra julgar ninguém, porém, acho uma total perda de tempo dessa mulher que investe numa ilusão. Além de ser “over”, brega mesmo esse lance de amante, a relação é sustentada por mentiras. E quem consegue viver em paz dentro de mentiras? O homem, na maioria dos casos, não larga seu casamento para assumir a amante. Pra ele, esta jogada envolve muito mais do que um bom sexo. Ele precisaria trazê-la para sua vida, filhos, questão financeira, familiar, e isso tudo pode dar uma preguiça danada para um homem que tem tudo isso estável. Seria mesmo uma grande manobra.

É bom deixar claro que parte do tesão desse homem pela amante vem justamente do fato de ela ser um segredo, de ser aquele sexo gostoso, proibido que aumenta sua libido e traz um frescor para a sua sexualidade.

Porém, mulheres geralmente não são assim tão impassíveis e acabam se envolvendo emocionalmente com seu parceiro. Ela começa a fantasiar, criar expectativas, e desejar uma vida ao lado deste parceiro que a trata sempre como uma princesa. Apesar de escondidos, ela é mimada, desejada, e dentro da competição feminina, ela se sente especial, ainda mais quando comparada com a esposa.

A autoafirmação de suas qualidades é também um sabotador que a impede de viver algo verdadeiro com alguém que possa assumi-la sem ser em quatro paredes de um motel.

E não, ele não vai largar a esposa! Ele pode falar o que quiser dela, mas é lá o porto seguro dele. Não há porque se iludir. Levar uma vida paralela é assumir riscos, culpas e estar sempre num segundo plano. Amante nunca será a prioridade.

Se conselho fosse bom se vendia não é? Mas mesmo assim fica o toque pra quem vive neste tipo de relação: o mundo está sim cheio de solteiros interessantes e disponíveis. Respeitar um homem casado não só te poupa de qualquer situação embaraçosa, como também é um ato de respeito com a outra mulher.

É importante mulheres deixarem suas rivalidades de lado e achar que a outra é sempre uma inimiga. Mulheres deveriam ter mais cumplicidade e respeito. Partindo disso, é legal se colocar no lugar da outra. Ninguém gosta de ser o enganado e traído. Então, não faça o que não quer que façam com você.

Se o cara não tem respeito pelo seu casamento, não é esse o cara que você deve querer na vida para construir algo junto. Ele não será leal com você também!

Entre num relacionamento onde você seja realmente valorizada. Não se coloque na posição de mulher “step”- daquele sexo do meio da tarde, apenas. Abra os olhos para as ilusões. Terminar esta relação pode ser doloroso, mas parte da sua responsabilidade de se afastar. E não adianta dizer “ tentei mas ele acha um jeito de me ter de volta”. Valorize-se! Não perca tempo.

E para aquelas que se sentem confortáveis nesta situação, não tenho nada a dizer, apenas chego a conclusão de que estas só conseguem mesmo viver de metades.

Sejam mulheres íntegras, respeitem-se, vivam leves e livres. Não há romance paralelo que valha a pena.

Imagem de capa: Sjale/shutterstock

INDICADOS