Mulher não desiste de quem ama, mas cansa de não ser correspondida

Mulher não desiste de quem ama, mas cansa de não ser correspondida

É eu sei querida, chega um momento que cansa. Para de doer, de sofrer, para de querer e a gente perde mesmo o interesse de investir.

É que esse negócio de sofreguidão gasta uma energia, borra uma maquiagem, faz um “revertério” na nossa cabeça até que chega uma hora que a deusa envia uma ajuda divina: Cai uma ficha que avisa “amada, você não precisa mais passar por isso”!

E aí, fica o caminho aberto à nossa frente.” Eu não sabia que podia”… A decisão é somente nossa de ficar ou pegar a própria vida, dignidade, respeito, amor e seguir.

É que cansa!

Mulher não desiste de quem ama, mas cansa de não ser correspondida, de não ser amada.

Amada como deve ser e não cortejada apenas para satistafazer necessidades.

E mulher investe mesmo! Quando tá afim, ela vai fundo nos propósitos. Enquanto estiver propondo encontros, fazendo planos, mostrando sentir ciúmes e tendo saudades, ela está presente, e deseja ser valorizada. A partir do momento que ela deixar de se importar, é porque certamente ela perdeu o interesse.

E vou dizer, não há nada que segure uma mulher decidida!

Elas até demoram para tomar uma atitude, mas quando resolvem seguir é porque esgotaram todas as chances, foram ao fundo do pote, viveram todos os “e se”, ouviram todos os conselhos e passaram a praticar os próprios – siga em frente!

É meu bem… Não dá pra consertar o que não tem conserto e na verdade querida, não conserte! Este não é o seu papel. Não pense que daqui há dois anos ele vai melhorar, porque quando chegar lá você vai se frustrar por perceber que nada mudou.

Não crie tantas expectativas quando o seu coração já te alertou sobre as possíveis falhas que irão te fazer cansar.

Certo, todos temos falhas, mas o desinteresse, falta de afeto, atitude e coragem para se envolver na relação, são razões suficientes para seguir em frente.

É triste admitir que certos parceiros não são suficientes, e não por questão de capacidade, mas por preguiça e comodismo. Ou mesmo, um “tilt” de personalidade.

Não dá para viver de pequenezas, nem se satisfazer com migalhas muito menos se acostumar com isso quando ha o entendimento de que merecemos um algo inteiro que preencha nossos corações e vidas de forma inteira e amorosa.

O fato é que quando cansa, cansa! E quando ela vai, ela vai segura e cheia de si. Vai sabendo que fez o que pode e que algo de maior valor a espera.

E ela não sai para buscar um outro… Ela sai para se resgatar. Para se pertencer, pois sua doação virou caridade e ela não teve troca para ser reabastecer.

Ela pode sofrer, criar mágoas dentro de si, mas uma hora isso tudo seca e ela passa a perceber que os valores que possui podem salvá-la de qualquer tempestade.

Mulher quando entra na relação, aposta, nutre, se entrega, vive cada momento. Mas quando sai, é pra não voltar e o seu silêncio será a resposta, a prova de que ela se cansou. Ela foi.

Imagem de capa: wavebreakmedia/shutterstock

Por trás da química entre duas pessoas existe lições a serem compreendidas

Por trás da química entre duas pessoas existe lições a serem compreendidas

Ter química com alguém é bicho brabo viu! Algo que tira o juízo e faz qualquer um de gato e sapato. Cria-se um vínculo movido pela atração que não se sabe explicar muito bem de onde vem e não há nada que possa ser feito de imediato. Fica difícil evitar.

O fato é que, pessoas não passam por nossas vidas por uma obra do acaso, elas sempre trazem um propósito, uma história, uma lição a ser aprendida, uma experiência a ser vivida, ainda mais àquelas que trazem a química como atração principal.

Por isso, não há como ignorar que algo será revelado nessa alquimia toda. É inegável o fato de que esta pessoa será àquela que mais vai trazer lições para a nossa vida, pois serão elas que de maneira ou outra, ficarão um tempo a mais em nossos lençóis, quartos e espaços íntimos… será com elas que criaremos algum tipo de laço íntimo e que irão trazer os nossos problemas para a superfície.

Elas irão refletir o nosso recôndito da alma, pois um relacionamento nos dá um espelho de nossas emoções íntimas.

E esta necessidade química é mesmo uma droga. Entorpece, vicia e gera uma dependência surreal. Ao tentar se desfazer o ser é passível de sofrer por abstinência, e assumir o risco de sentir que só ali ele pode ser feliz.

E a química é a oportunidade devassa, deslavada e descarada que o “universo” encontrou para aproximar pessoas que precisam trocar experiências.

Relacionamentos serão sempre portas para grandes revelações e lições a serem compreendidas a fim de um amadurecimento pessoal e uma versão mais completa de nós;

As lições aparecem de formas desafiadoras, e nem sempre teremos o fim que queremos idealizados no amor romântico.

Por meio da química, é possível desbravar selvagemente o caminho do amor, e por meio dele trabalhar as questões reveladas pelo nosso ego.

Por vezes o amor se revela na soltura, no perdoar – o parceiro ou a nós mesmos – ou nos próprios desafios expostos pelo mestres do amor.

Sentimentos como insegurança, medo, desprezo, são os que mais serão despertados por quem mais desejamos. São sensações egoicas que se bem trabalhadas poderão lapidar um novo eu.

Àqueles por quem mais somos atraídos, mais tem lições a nos passar.

Aprenda a estar aberto aos ensinamentos e tire proveito para o seu desenvolvimento pessoal. O propósito da vida é o amadurecimento da alma, e ela acontece por meio das vivência obtidas nas relações humanas.

É uma prova de fogo, difícil e deliciosa de se enfrentar e que trará inúmeros aprendizados.

Por isso, jamais ignore o poder de atração que você tem com alguém. Este será sem dúvida o seu grande mestre do amor.

Imagem de capa: Y Photo Studio/shutterstock

Sobre depressão

Sobre depressão
Suicide rates for women and girls are on the rise

Depressão não é sentir-se triste, abalado, chateado, magoado. É um vazio inexprimível. O depressivo, em suas horas ruins, apresenta percepções distorcidas e julga que o que vê é real, enquanto está perturbado pelo medo em sua forma límbica e primitiva. Vulnerável psicologicamente, ele passa a crer em superstições negativistas e questiona seu bom senso, o que o torna presa fácil àquele medo.

Há dois aspectos da depressão: leve e severa. Na leve, tem-se aquela percepção gradual de decadência que faz parte do processo de viver; na severa, a ansiedade se apossa da pessoa, ela toma como verdade um falso conhecimento (a de total ausência de sentido da vida) e, nesse instante, sua vitalidade está esmorecida.

Enquanto houver a consciência do próprio eu mortal, a depressão estará lá, de algum modo. Essa doença tem lógica de explicação, mas o medo que se sente não, já que, sendo irracional, confunde. Entender a doença é fácil; agir conforme esse entendimento, porém, nem tanto. Durante as crises, o medo dá asas à crueldade e, como resultado, ocorre prejuízo na capacidade de autonomia racional.

A doença psicológica mais mortífera de todas é também a mais banalizada. Há quem diga que isso é besteira, uma ilusão da mente vazia e ingrata com a vida. O ser que pormenoriza a depressão ou não sabe do que está falando ou não tem preocupação em entender o assunto. O depressivo sente-se refém da própria violência e isso o castiga mais do que qualquer julgamento social.

Diferente de uma catapora que, uma vez curada, nunca mais voltará, a depressão é cíclica e não desaparece após sua primeira manifestação, razão pela qual nunca deve ser ridicularizada.

Andrew Solomon, escritor americano que convive com a depressão, afirmou em sua obra confessional O Demônio do Meio-Dia:

“O pesar é a depressão proporcional à circunstância; a depressão é um pesar desproporcional à circunstância (…) A realidade é que as pessoas não são deprimidas porque são pobres, mas, em vez disso, elas estão pobres enquanto deprimidas.”

Solomon deu início ao livro dizendo que a depressão é a “imperfeição no amor”. Uma definição falha, pois sem o reconhecimento da imperfeição não há amor verdadeiro. Amar as virtudes do amado é a coisa mais fácil. O que se prova desafiador é conviver com todas as suas falhas, neuroses, defeitos e inconveniências. Tende-se, claro, a querer um relacionamento com alguém que compartilhe dos mesmos interesses, hábitos e filosofias. Um amor à la carte.

Uma das pessoas que o autor entrevistou para o projeto de pesquisa de seu livro estava com os olhos marejados de lágrimas quando lhe disse: “A depressão é um segredo que todos nós compartilhamos”. A onipresença dessa patologia no conjunto da experiência humana é algo intrigante. Depressão é a doença do século? Não, é a doença dos séculos. Ela tem sido descrita desde a época de Hipócrates.

A impotência experimentada pelo depressivo é diferente da impotência de alguém cego, por exemplo. Este quer enxergar as cores, mas não pode; aquele pode, mas não consegue.

Ter uma família próspera e acolhedora. Um trabalho construtivo e estável. Comida na mesa, teto e uma cama para dormir. Amigos para desabafar as injustiças e narrar os sucessos. Sapatos e roupas para todas as ocasiões. Dinheiro na conta suficiente para anos e anos de viagens ao redor do planeta. Essa é a realidade de muitos depressivos. Então por que eles ainda se sentem assim de vez em quando, sendo que na faixa de Gaza há milhares se explodindo para salvar suas religiões e na África um terço da população come o equivalente a morrer de fome? Parece uma absurda ingratidão para com a própria vida. Sartre dizia que “O inferno são os outros”. Para os depressivos crônicos, o inferno são eles mesmos.

A depressão não é uma doença de burgueses que nadam em dinheiro e podem contar com planos de saúde que cobrem os hospitais mais caros, os médicos mais rodados e os exames de tecnologia mais avançada. É de todos. Também não se trata de ociosidade e falta de trabalho. A questão é que a depressão não faz julgamentos de valor sobre quem a tem, mas quem a tem sente seu valor severamente comprometido.

Depressão tem muito a ver com administração da raiva melancólica. Muitos, em resposta a uma angústia agressiva, mutilam-se para aliviar a dor. Cilada. Este comportamento não deve ser usado como justificativa para aquele sentimento: violência gera violência e no final o sujeito estará ferido e a raiz da dor intacta. A melhor forma de amenizar a angústia é penetrando nela, não com ações impulsivas, mas na base do exercício combinado entre paciência e esquecimento da ânsia de controle. Isso requer perseverança e humildade.

Uma reação comum dos deprimidos mórbidos é o silêncio porque, se eles narrassem perfeitamente todas as suas fobias para as pessoas que estão mais próximas de seu coração, elas não dormiriam em paz e ainda lhes sobraria amargura. Ficam quietos para não transmitir energias negativas a quem amam. Trata-se de um motivo compreensível, embora em certas circunstâncias seja perigoso.

A agonia de experimentar a sensação de vazio é exclusivamente humana, sintoma de um buraco que devasta de certa forma traumática a estimular o apego à transcendência, alguma estrutura imaterial de apoio. Quando essa estrutura falha, o vazio se instaura com mais facilidade. Os homens são seres inacabados, em transição, obrigados a usar sua imaginação criativa para cimentar aquele buraco em seu peito toda vez que ele alarga e ganha profundidade.

A resiliência está na aplicação da inteligência não para destruir a sensação de desespero (que levaria a seu reforço), mas para penetrar nela com coragem até que vá embora. Não é sensato tentar encontrar a saída desse labirinto psicológico com emoção, mas adaptar-se ao labirinto com a racionalização da emoção: isso exige um certo desprendimento de si, o que, nesse caso, não significa abandono de si.

Muito se sugere aos depressivos em crise que procurem uma religião, se já não forem religiosos. Mas, quando se é cético – por motivos intelectuais ou em respeito a certo estilo de vida –, a abertura à ajuda espiritual inexiste e, mesmo se porventura houver disposição, dificilmente surtirá efeito, a menos que o ceticismo seja uma moda.

Há um silêncio mortal que grita mais do que todas as reverberações de autonomia na Terra, um silêncio que se é chamado a ouvir apesar de toda resistência, um silêncio que quebra toda a lógica construída para se tentar contradizê-lo, um silêncio que conduz ao pânico e dele se alimenta. O homem se curva ao desconhecido e sua batalha individual por sentido atravessa períodos de insignificância e glória, vendo-se tentado a chegar a Deus por não ter encontrado uma alternativa de vida completamente autossustentável. Toda crítica da menoridade costuma ser, ela mesma, finita. Immanuel Kant, em seus estudos sobre autonomia e vontade, notou, com certo senso de humor:

“O maior mestre deve estar apenas em si mesmo, e ainda permanecer homem. Esta tarefa é, porém, a mais difícil de todas; na verdade, sua solução completa é impossível, pois de madeira tão torta como o homem é feito nada perfeitamente direito pode ser construído.”

A ideia de liberdade total aterroriza o ser que toma consciência do determinismo de suas escolhas e tem voz ativa para fazê-las, coisa que um mestre deve superar para inspirar confiança em seus discípulos.

O autor que melhor abordou a questão do desespero (tema de um dos seus livros) foi Søren Kierkegaard, considerado o pai do existencialismo moderno. Ele analisou que a fonte do desespero está na imaginação e que, precisamente, a liberdade para morrer é pior que a própria morte. Antes de ser uma precursora da felicidade, a liberdade absoluta de escolha provoca uma sensação de angústia e o ser livre no mundo percebe-se frágil. À primeira vista parece uma teoria sobre covardia, mas é justamente em superação a ela que se faz a força.

O existencialista é aquele que cria o que é; entretanto, o que ele é muda conforme cria e essa doutíssima responsabilidade acusa uma liberdade e, ao mesmo tempo, sua contradição. Porque as implicações de cada decisão não são ilusórias (do simples fato de se pensar nelas), o destino não pode ser previamente determinado, e isso parece bom por permitir uma vida autêntica, mas também parece ruim por impossibilitar uma segurança absoluta. Uma vez no mundo, ele sabe que deve assumir aquilo que se torna e, sendo livre, criador de si mesmo, pensa profundamente e não quer ser tão livre assim, pois a solidão de ser é muito mais pesada que a de estar. Na intersubjetividade acorda sua identidade, mas, como não nasceu pronto e nem morrerá assim, apenas percebendo a existência de outros ele se sente salvo, dado que sua solidão seria insuportável em uma realidade só.

Kierkegaard, cristão genuíno, pensava que a responsabilidade de construir a própria história não se suporta harmonicamente sem o incentivo de um poder superior. Ele separou a necessidade de se acreditar em Deus da desnecessidade de provar a sua existência. Nisso foi semelhante a Kant, que, mesmo agnóstico, teve que suprimir o conhecimento para dar espaço à crença.

Não há um ser humano apto a liberar toda a angústia da liberdade de dentro de si, e também nenhum que não encontre, num súbito reconhecimento, uma força interna capaz de moldá-la a seu favor, independente da fortuna dos acontecimentos.

O anseio pela resolução de sentimentos ininteligíveis tem na religião uma companheira constante. Aquela gana pelo desprendimento da realidade se apossa de uma pessoa que, com os pés na Terra, treme.

Quando a crise melancólica passa, em muitos surge uma ligeira voz interior dizendo “Graças a Deus” ou “Obrigado, Senhor”, fenômeno intuitivo que abarca também ateus militantes (dependentes da ambição religiosa, por mais que o neguem).

Se o depressivo pudesse dizimar seu holocausto mental de uma vez por todas, o faria instantaneamente e como seu primeiro e último pedido, mas a medicina ainda não encontrou um remédio que cure angústia, a mais devastadora das sensações humanas. Nesse aspecto a ciência leva desvantagem sobre a religião, esta que, possuindo demanda em todas as épocas, é a única indústria impossível de falir.

Em seu livro Religião e o Declínio da Magia, o historiador Keith Thomas defendeu que, enquanto a religião preencher o espaço das respostas que a ciência não consegue fornecer, seu papel será eterno. Esse papel, contudo, não corresponde à razão da coisa. A religião não resulta como complemento da insuficiência de conhecimento científico: essa insuficiência já é óbvia pelo simples fato de existir religião.

Ouve-se muito dos motivadores de plantão: “Seu futuro depende de você”. Há uma desejosa liberdade em tomar as próprias decisões, mas, com ela, uma profunda insegurança a ser domesticada e isso também é trabalho de uma vida inteira. As religiões encontram no âmago desse medo uma causa sui generis a cuidar, ofertando o apoio para aquilo que não se explica, mas se sente e precisa ser explicado.

Longe de significar um medo da maturidade, a depressão torna os seres imaturos à margem de um esforço lógico pela superação da insegurança, mas apenas enquanto ativa. Quando esse eclipse da alma finda, dá-se uma maior importância às coisas mais simples da vida, e é então que a gratidão se manifesta sem qualquer artificialidade. Isso lembra uma das frases icônicas do filme Gênio Indomável, de que as crises acordam para as coisas boas que não são percebidas.

Não é preciso seguir uma religião para ter fé, mas é necessário ter fé para seguir a vida. Para os que não têm fé alguma, a vida logo desaparece, de dentro para fora. As pessoas são capazes de acreditar em qualquer coisa quando o desconhecido invade suas vidas para lhes mostrar até onde a lucidez tem ousadia de perscrutar.

As crises existenciais variam de conteúdo e intensidade, metamorfoseiam-se, e a máxima competência de suportá-las reside no fato de que todas as formas que o mal assume são híbridas. Em seu best-seller de terror A Coisa, Stephen King explora o argumento de que um monstro, para ser inteligente e efetivo, deve mudar de estética, hábitos e personalidade conforme as especificidades terrorísticas do pensamento de cada uma de suas vítimas. Todos têm medos únicos, terrivelmente únicos, isto é, demônios que os perturbam e a mais ninguém. Agora, todos esses medos particulares, juntos, dão em um resultado comum: o medo de morrer. É com esse medo que se joga a isca e com a religião se puxa a vara de pescar.

Pode soar ruim, mas sem a morte não há como forjar o significado da vida. As pessoas deixariam de dar conta de suas demandas caso fossem imortais, afinal, nenhuma recompensa valeria o risco e os princípios morais se dissipariam no ar junto com as relações humanas.

Alguns depressivos em enfermidade latente dizem se sentir “possuídos”. Chegam a cogitar uma espécie de maldição, como se estivessem pagando por um castigo do qual nem sabem o motivo. Criam ciclos de autoperpetuação de culpa, e isso concatena visões hostis irreais – contudo, eles não estão acreditando nisso. Essa cegueira moral prepondera sintomas catárticos na saúde mental.

Quando se diz que alguém está iludido, isso parte da noção primal de que se é apto para diferenciar realidade de ilusão. Ora, visto que a realidade não é a mesma para todos, e que uma pessoa iludida pode muito bem dizer à outra que o que enxerga é real, todos, de alguma forma, são iludidos. Um lunático enfrentando um mundo de aparências por muito tempo passará a acreditar que o faz-de-conta é real, até não perceber mais a distinção. O depressivo, embora se sinta lunático, pode enxergar muito bem e aprender coisas extraordinárias se se adapta ao preço da compreensão da angústia. Quem superestima o poder da capacidade criativa do gênio humano tem muito a sofrer. Excesso de consciência. Na Grécia, os que mais se esforçavam para adquirir sabedoria atraíam a raiva dos deuses, que os repreendiam com lições morais irresolutas à combinação da inteligência de todos os homens. “Use o deus dentro de ti, mas não ouse ser deus”.

Cada vez mais se toma antidepressivos. Sobre esses remédios, há muitas reclamações, dentre as principais perda de desejo sexual, sonolência, distúrbios de alimentação (que levam a aumento ou perda de peso), falta de concentração e retardo do raciocínio. Alguns se tornam viciados neles e outros os dispensam por motivos quase sempre sociais. Não existe remédio psiquiátrico inofensivo.

Balancear o descompasso químico com fármacos ajuda apenas parcialmente na recuperação; fatores empíricos são tão ou mais importantes e precisam ser revistos, como os padrões de pensamento que levam à crise, hábitos e qualidade dos relacionamentos atuais.

Mesmo quando se tem certeza de saber exatamente do que se trata, a revisão de conceitos sempre se mostra válida, pois em relação a uma doença traiçoeira como essa nada é tão familiar como parece.

No dia a dia é comum as pessoas experimentarem oscilações de humor dentro de um certo continuum. A ultrapassagem desse terreno estabelece uma condição de emergência anormal, contra a qual se luta instintivamente. Isso gera enorme ansiedade; a pessoa sente como se uma tempestade de chuva ácida caísse apenas sobre si, enferrujando todo seu sistema. Mas ela é de carne e osso.

O deprimido age igual Quasímodo, que evita a sociedade não porque a teme, mas estranha a si mesmo e não quer fazer mal a ninguém. A cara deformada (feiura) e a corcunda proeminente (insegurança) assustam a todos que enxergam nele não uma pessoa, mas uma aberração; não um inteiro, mas um “quase”. Isolado na catedral de Notre Dame, passa o dia inteiro imerso em conflitos internos, e o curioso é que seus melhores amigos são gárgulas falantes: somente pedras se preocupam em ouvi-lo. No filme da Disney, adaptado do livro Notre Dame de Paris, de Victor Hugo, Quasímodo é criado por um arquidiácono que assassinou sua mãe quando ele ainda era um bebê em desmame. Esse arquidiácono é Frolo, o vilão mais complexo já criado pela Disney e que, no decorrer da história, precisa lidar com o remorso pelo crime cometido e ainda se responsabilizar pela educação daquele que se tornou órfão por sua causa. O filme ensina que a matéria-prima de um monstro é o autoengano. Ao plantar na mente de Quasímodo a crença de que este é um monstro, Frolo, um ser blasfemo e covarde por trás da máscara da fé, queria se esconder da própria monstruosidade viva em sua consciência. A mentira usada para enganar a si mesmo causa mais danos morais do que qualquer distúrbio de personalidade.

J.K. Rowling, autora de Harry Potter, sofre de depressão. No terceiro livro da série, O Prisioneiro de Azkabam, ela metaforiza a doença com personagens chamados “dementadores”. O que fazem estas criaturas? Sugam todas as memórias felizes de suas vítimas e reavivam nelas seus piores traumas, deixando-as gélidas, paralisadas e absolutamente aterrorizadas. Quando os dementadores se aproximam de Harry, ele se sente torturado, desesperançado e toda sua magia se esvai como se nunca tivesse existido. Não à toa são os dementadores (espectros da depressão) que atuam como vigias da prisão de Azkabam, onde ficam enclausurados os prisioneiros vencidos pela insanidade. O professor Snape – talvez o personagem mais bem elaborado por Rowling – esconde sua depressão por trás da máscara de ferro que usa ao relacionar-se com os outros. Após as atividades diárias, isola-se em sua masmorra no canto mais inferior do castelo de Hogwarts, a fim de discutir consigo mesmo sobre como aliviar seu passado tão cruel como a imagem que vende. Foi obrigado a aceitar o fato de que o amor de sua vida, Lílian, casou-se com seu pior inimigo, Tiago; e ainda se mói de culpa pela morte dos pais de Harry, tendo acusado a Voldemort a profecia de que este seria derrotado por uma criança. Na tentativa de canalizar ódio e raiva reprimidos, muitos depressivos agem como Snape, solitários em sua capa de aço.

A solitude dos que a bem empreendem se mostra valiosa em termos de autoconhecimento. Mas existe uma solidão patológica: a que coloniza o sujeito em sua própria terra. O solitário feliz cria em sua solidão; o solitário triste é produzido por ela. Para alguns depressivos, experimentar a solidão é como ser arremessado numa selva desconhecida em plena madrugada. Tudo no escuro parece mais assustador do que na claridade do dia.

A solidão também é metaforizada pela imagem do deserto. Só quem experimentou o deserto é capaz de compreender a pequenez do ser em contraste com a imensidão do universo. Um mergulhar direto no isolamento, onde não se é ouvido por ninguém e os corpos celestes apenas prosseguem seu rumo indiferente àqueles que os vislumbram. Fábulas bíblicas relatam que grandes transformações exigem o desprendimento da sociedade. O deserto não é apenas um local de privação, mas também de amadurecimento. Muitos que vão para o deserto nunca mais voltam, é verdade. Se a empreitada fosse fácil, não haveria pelo que se vangloriar.

Exagerado estigma ronda a depressão, e isso é herança de tempos longínquos. No período da Inquisição, acreditava-se que as doenças mentais eram doenças da alma. Os deprimidos crônicos, desesperados por questões além de sua compreensão, duvidavam da ideia de salvação eterna e quem estava de fora julgava que esse temor era consequência direta do ceticismo. Ainda hoje esse tipo de associação é bem comum, dentro e fora dos círculos religiosos.

Não se pode brincar com o sofrimento das pessoas, ainda mais em estado depressivo. Outra coisa desumana é abandoná-las ou evitar contato porque a sua companhia desagrada. Os melhores amigos são reconhecidos no coração negro da angústia, pois este exige a prática de uma boa vontade sólida e irreprimida, enquanto uma amizade supérflua depende tão só do prazer e seu futuro está arruinado desde que esse requisito seja aceito como verdadeiro.

No filme Patch Adams: O Amor é Contagioso, Robin Williams interpreta um homem depressivo e com tendências suicidas. Após uma tentativa de suicídio, ele voluntariamente se interna num hospital psiquiátrico e lá recobre o ânimo estimulando o senso lúdico dos pacientes. De volta à sociedade, estuda medicina para se tornar médico e realizar um sonho: ajudar os outros. Enquanto aplica o método terapêutico do bom humor para restabelecer a esperança dos enfermos, ele mesmo se renova a cada dia. Ao adentrar no vasto universo da medicina, ele descobre que falta um ingrediente ao sistema: humanidade. De nada adiantam as máquinas ultramodernas de investigação de patologias e os incríveis recursos tecnológicos de suporte aos processos medicinais se os próprios médicos não têm vontade de exercer a empatia. Patch descobre três coisas: 1) Todo médico é também um paciente; 2) A morte não é a verdadeira inimiga, mas indiferença; 3) Fazer os outros sorrirem surte um efeito terapêutico mais efetivo do que qualquer benção ou milagre.

O sofrimento ensina mais que o amor, pois quem ama certamente sofre e quem não ama também. Se for para sofrer, que seja pela coisa certa. Pergunta-se muito se a escravidão inerente à sobrevivência faz dos seres de sofrer azarados demais. O sofrimento em si não é algo bonito, mas são lindas muitas causam que o justificam.

A depressão torna difícil a troca afetiva, não por carência de afeto social, mas por interrupção casual da afetividade. Em Edward Mãos de Tesoura, há uma cena em que Peg pede para Edward abraçá-la e ele responde: “Não posso”. Ele se encaminha para a janela, olha tristonho para a lua e a moça se aproxima e lhe dá um abraço.

As pessoas têm sido martirizadas por suas angústias. Onde está a empatia? O ser empático não é capaz de captar com plena exatidão a dor do outro, seja quem for e qual for, mas é capaz de usar sua própria dor para ser empático e, quem sabe, amoroso. Se a dor é um ingrediente do amor e só se tem real empatia amando, um ser ausente de dor não conseguiria ser empático. É incrível como uma pessoa depressiva (ou que convive com uma) se torna hábil para saber quando alguém está em recaída ou prestes a entrar em recaída.

Não é agradável falar sobre depressão, tampouco senti-la. Pior ainda é ver gente perdendo a vida por causa de desinformação e apequenamento do problema.

Os depressivos precisam de pessoas que as acalmem e estejam lá para ouvi-las, não julgá-las. Exclamações moralistas como “Pare de se comportar como um pobre coitado!” ou “Acorde para a vida!” ou “Levante essa cabeça!” são de pouquíssima ajuda e apenas demostram uma indignação que os depressivos não precisam, pois já estão preocupados demais. Passada a crise, eles agradecerão àqueles que os ouviram com paciência e compreensibilidade e não dos que se mostraram implacáveis na emissão de seus juízos finais.

Perguntam se a gente tem emprego, se a gente se casou, mas raramente querem saber se a gente é feliz

Perguntam se a gente tem emprego, se a gente se casou, mas raramente querem saber se a gente é feliz

A maioria das pessoas está preocupada com os próprios problemas, com o quanto poderão consumir naquele mês, ou se o peso do corpo continua o mesmo. Quando conversam umas com as outras, mal estão prestando atenção nas respostas às perguntas superficiais que fazem, porque não se interessam, pouco se importam – trata-se apenas de curiosidade mesmo.

Quanto mais a gente vive, mais percebe que a grande maioria das pessoas não está nem aí, não se importa, não quer saber, tampouco se interessa pela vida do outro. As pessoas correm demais, trabalham demais e se preocupam excessivamente consigo mesmas, a fim de que lhes sobre tempo para sair de sua confortável redoma, onde o eu – e só ele – existe.

E, assim, atravessamos bons dias apressados, boas tardes frios e boas noites desinteressados. Discursa-se sobre a necessidade de haver mais sentimento entre as pessoas; postam-se mensagens e textos virtuais que transmitem amor e solidariedade; leem-se livros de autoajuda, veem-se filmes motivadores. No entanto, na prática, no dia-a-dia, os eus continuam olhando para si mesmos, tão somente para si mesmos, atropelando quem ousar pensar diferente.

O pouco tempo disponível que sobra é lotado de compromissos egoístas, como exames de rotina, malhação na academia ou nos parques arborizados, encontro com colegas de quem pouco se sabe, para embriagar-se e assim tentar se esquecer do que se deixa para trás. Não queremos sofrer, temos horror ao sofrimento, por isso nos afundamos em dívidas, em pílulas da felicidade, em sessões de terapia.

A maioria das pessoas está preocupada com os próprios problemas, com o quanto poderão consumir naquele mês, ou se o peso do corpo continua o mesmo. Quando conversam umas com as outras, mal estão prestando atenção nas respostas às perguntas superficiais que fazem, porque não se interessam, pouco se importam – trata-se apenas de curiosidade mesmo. No máximo, repassarão algo que ouviram, através do “diz que diz”, muitas vezes de maneira puramente maldosa.

Isso, no entanto, não significa que não existe quem seja verdadeiro e confiável, mas serve para que possamos nos abrir a quem de fato se interessa pelo que sentimos. Sempre haverá alguém que torce por nós verdadeiramente, com afetividade sincera. Saber quem são essas poucas pessoas nos dará a certeza de que temos com quem contar, se precisarmos. Nós, obviamente, teremos também que nos abrir, saindo de nosso mundinho, para que partilhemos verdades com quem chega de coração aberto. Somente assim a gente vive sem pesos demais atravancando nossa busca pela felicidade.

Imagem de capa: Billion Photos/shutterstock

O problema do barco furado é que ele costuma afundar a quilômetros da costa

O problema do barco furado é que ele costuma afundar a quilômetros da costa

Sim, você percebeu que tinha um furinho ali, no chão daquele pequeno barco, mas a sua ânsia em começar a tão sonhada viagem fez com que você desconsiderasse esse detalhe.

Você ignorou os sinais claros de que havia algo errado. Você fez vista grossa para coisas desagradáveis. Você entrou nesse barco e remou muito, até que, lá na frente, bem lá na frente, o seu pequeno barco começou a afundar.

O problema do barco furado é que ele costuma afundar a quilômetros da costa. Quando você já remou horrores. Quando a terra desapareceu do horizonte. Quando voltar não parece tão fácil.

Deixar esse barco furado e começar a nadar é a única possibilidade de salvar quem você realmente é, não duvide disso. O único problema é que, diferente da animação do começo da viagem, depois que o barco afunda, você, quase sempre, está exausto e, muitas vezes, sem ao menos um colete salva-vidas.

Sempre que nos encontramos em uma situação assim, quando a verdade não pode mais ser ignorada, ao relembrarmos o nosso trajeto afetivo, é comum que encontremos indícios de que algo não ia bem desde o primeiro dia da relação. Seja essa relação entre amigos ou apaixonados.

No entanto, desconsiderando a lógica, acreditamos, desesperados, que o pequeno buraco no barco iria desaparecer magicamente e que o nosso esforço em manter o barco navegando iria compensar o furo. Ledo engano.

A vontade de fazer tudo dar certo, quase sempre, não nos deixa pensar direito. O desespero em seguir viagem nos faz remar de forma frenética rumo ao que pensamos ser a felicidade, mas que, comumente, está muito longe disso. A ânsia por uma experiência nunca experimentada, no final das contas, pode deixar um gosto amargo na boca.

Ignorar a nossa intuição é o primeiro passo para entrar em um barco furado. Quase sempre estamos certos intuitivamente em relação às pessoas e situações. No entanto, comumente, justificamos racionalmente as faltas dos outros e colocamos panos quentes em situações ruins.

Não só a intuição é poderosa, mas também o autoconhecimento é importante para identificarmos se a relação com aquela pessoa está nos levando rumo aos nossos anseios ou se ela está nos levando para longe de nós mesmos.

Pesquisar o passado do nosso amigo ou crush e verificar padrões repetitivos em relações passadas dele também é muito aconselhável. O que aconteceu com quem veio antes pode fatalmente se repetir.

Entrar em qualquer relacionamento é infinitamente mais fácil que sair. O desgaste emocional que uma relação ruim provoca é imenso e quanto mais tempo você levar para assumir que as coisas não estão bem, mais você terá que nadar para se restabelecer emocionalmente.

É decepcionante dizer não a uma viagem que promete ser o deleite dos prazeres, antes mesmo dela começar, mas isso poupa muito esforço e sofrimento. Nunca se esqueça que o buraco que à princípio é muito pequeno em um barco, com o tempo, só tende a aumentar.

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Não permaneça numa história sem a menor chance de um final feliz

Não permaneça numa história sem a menor chance de um final feliz

Quem nos desvaloriza não pode permanecer junto; tudo o que nos diminui não merece nossa presença. Não assista passivamente ao ruir de seus sonhos. Mantenha sempre o foco naquilo que perpetua o seu sorriso, tornando o seu caminho agradável, próspero e feliz.

Viver é uma aventura cheia de imprevistos e de ciladas do destino, sem contar os problemas que nós mesmos criamos. Nem sempre conseguiremos acertar em nossas escolhas, uma vez que seremos traídos pelas expectativas que criamos e pela maquiagem que muitos utilizam, no dia-a-dia, antes de se mostrarem realmente como são. Portanto, será essencial que consigamos afastar de nossas vidas aquilo que a torna pesada e nos torna figurantes infelizes de nossa própria jornada.

Um bom início é perceber o que, em nossas vidas, parece carregá-la negativamente. É lógico que não conseguiremos estar sempre fazendo o que nos dá prazer, pois ser adulto requer também fazer o que não é gostoso. Existem obrigações e compromissos que teremos que cumprir, queiramos ou não, como, por exemplo, tarefas de escola, limpeza de casa, reuniões de trabalho, entre outros. Mas poderemos simplesmente excluir de nossa agenda compromissos chatos que não sejam obrigatórios.

Da mesma forma, teremos que conviver, em alguns espaços, com pessoas que não nos fazem muito bem, com quem em nada simpatizamos, pois viver em sociedade provoca esse tipo de coisa. A tolerância é necessária, mas não deve ultrapassar os limites de nossa dignidade, ou seja, trataremos com civilidade aqueles que nos extenuam as energias, mas optando por não trazê-los junto a nossa intimidade pessoal. Quanto mais perto ficarmos de gente maldosa e egoísta, menos seremos nós mesmos – esse tipo de gente não deixa a verdade fluir.

O mesmo se dá em relação aos sentimentos que carregamos dentro de nós. Será preciso nos libertarmos das culpas desnecessárias, perdoando-nos e perdoando a todos aqueles que nos machucaram, bem como nos desculpando junto a quem magoamos de alguma forma. Resolver as pendências emocionais, revisitando o passado com um olhar maduro, ajudará a nos tornar capazes de olhar o que nos aconteceu de uma forma responsável, para que não voltemos a repetir os mesmos erros e não tragamos de volta aquilo que não faz falta alguma.

Retome as rédeas dos rumos de sua vida, para que seu caminho não seja atravancado por tralhas emocionais largadas por pessoas dispensáveis e por tempestades que não são suas. Não se trata de ser egoísta, mas sim de se amar de maneira saudável e lúcida. Quem nos desvaloriza não pode permanecer junto; tudo o que nos diminui não merece nossa presença. Não assista passivamente ao ruir de seus sonhos. Mantenha sempre o foco naquilo que perpetua o seu sorriso, tornando o seu caminho agradável, próspero e feliz.

Imagem de apa: Salome Hoogendijk/shutterstock

Coisas que aprendi ficando sozinho

Coisas que aprendi ficando sozinho

É bem simples, ficar sozinho não me deixou incompatível para estar ao lado de outra pessoa. Ficar sozinho foi uma decisão de amor próprio, onde todo o tempo que passei em contato comigo permitiu que eu entendesse a importância de valorizar quem chega, quem fica feliz com a minha companhia.

Desconfio que esse é o primeiro mandamento da reciprocidade, saber encontrar a paz de estar inteiro consigo. Porque quando você é capaz de se enxergar sorrindo sem depender de ninguém, você entende a verdadeira essência dos relacionamentos. Ter a maturidade emocional em aceitar a solidão dos próprios pensamentos é o começo mais acertado para o momento no qual finalmente baixar a guarda junto de outra pessoa.

Ficar sozinho é passar a confiar nos seus sentimentos. É não ter medo de deixar fluir as coisas. Você não controla o tempo e as atitudes alheias. A ausência e o desprendimento de ter alguém caminhando junto a todo momento, além de me ensinar sobre dependência afetiva, também me ensinou sobre leveza. A solidão não precisa ser um peso. Ela pode muito bem ser um trajeto de descobrimento e soma daquilo que se quer. No caso, tranquilidade e equilíbrio.

Ficar sozinho é criar uma própria balança sentimental, daquela na qual você aprende a manusear sem ultrapassar o limite das decepções amorosas que pode suportar. Do outro lado, você consegue encaixar os melhores encontros, as melhores experiências. Claro, não é uma ciência exata. Não existe nada de exato quando falamos do coração da gente, mas isso não significa a impossibilidade de querermos algo ou alguém em sintonia com os nossos afetos.

Ficar sozinho também me ensinou, e com muito amor, a não desmerecer entregas. Porque quem acolhe os nossos sonhos, quem luta do nosso lado, quem demonstra vontades sem cobrar nada em troca, esse é o tipo de pessoa que faço questão em dar uma pausa nos meus silêncios. Acredite, não é sempre que temos a chance de conhecer alguém assim. Então, faça o possível para quem te der essa liberdade sentir-se em casa.

Ficar sozinho não me tornou incapaz de amar outra pessoa. Ficar sozinho fez o meu amor crescer. A única diferença é que aprendi que antes de desejar da vida um amor de verdade, primeiro preciso saber amar os meus próprios lados.

Imagem de capa: everst, Shutterstock

A fofoca não encontra morada no ouvido do sábio

A fofoca não encontra morada no ouvido do sábio

Com um pouco de atenção já percebemos que um falatório pode enaltecer ou denegrir, de forma determinante, algo ou alguém.

Desde que o homem passou a usar o fogo para se aquecer, há milhares de anos, em volta de uma fogueira, as conversas deixaram de ser exclusivamente urgentes. E, dessa reunião social para o surgimento da fofoca foi um pulinho. Talvez o termo “jogar o outro na fogueira” tenha surgido aí.

Estudos dizem que a fofoca pode até promover uma certa coesão social, mas, a meu ver, ela quase sempre é uma importante ferramenta de manipulação muito usada por pessoas não muito bem-intencionadas.

A fofoca pode ser vista, quase sempre, como uma corrente de três elos. De um lado há o criador do falatório, ou seja, o manipulador, no centro da coisa o disseminador, ou fofoqueiro, aquele que busca notoriedade dentro do grupo e que trabalha, inconscientemente, para o manipulador e no fim de tudo o ingênuo que acredita no que ouve sem questionar. Pronto, o circo está armado!

O manipulador quase sempre é alguém que já calculou os danos ou benesses da fofoca inventada por ele. Traçando um perfil psicológico, podemos dizer que ele é uma pessoa invejosa e competitiva.

O disseminador ou fofoqueiro de plantão é uma pessoa que busca notoriedade e que provavelmente tem uma baixa estima e vê na fofoca uma forma de sentir-se mais forte.

E na ponta de tudo existe o ingênuo que nem sempre escuta o que lhe é contado de forma crítica. Logo, ele pode até mesmo amar ou odiar alguém, sem ao menos conhecer a pessoa em questão.

Há também aquela fofoca ou difamação direta, muito usada em abusos psicológicos, na qual a pessoa alvo da fofoca é levada a crer em coisas ruins sobre ela mesma, o que com o tempo pode se tornar um veneno emocional. Nesse caso o fofoqueiro é também o manipulador e o ingênuo é a pessoa alvo da fofoca.

De acordo com Richard Wiseman, professor de psicologia da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, quando uma pessoa fala mal ou bem de outra ela, inconscientemente, acaba, aos olhos dos demais, sendo associada às características citadas por ela. Logo, o fofoqueiro acaba recebendo comumente um estigma negativo, pois fofocas do bem são bastante raras.

Mas como escapar de tudo isso? Resumidamente, para quebrar uma fofoca precisamos romper um dos três elos da corrente. Pulemos o manipulador, pois ele dificilmente dispensará o que para ele é uma arma eficaz de poder.

Já o fofoqueiro, se houver interesse de mudança, poderá enaltecer qualidades ao invés de denegri-las, algo que o faria, de acordo com Wiseman, ser visto pelos outros como alguém mais confiável.

Quanto ao ingênuo, ou no caso, nós, é muito interessante que possamos ouvir com inteligência tudo que nos é dito.

Algumas perguntinhas podem nos ajudar com isso: O que estamos ouvindo é realmente verdadeiro? O que nos foi contado é algo bom? Pode ter alguma boa utilidade?

Se a informação que nos chegou não for verdadeira, boa ou útil provavelmente é uma difamação, e nesse caso é melhor não passarmos para frente o que nos foi contado.

Assim diminuiremos o poder do manipulador, daremos uma nova chance para o fofoqueiro se ajustar e, de quebra, não assumiremos para nós o insalubre papel daquele que fala mal dos outros e bebe diariamente da própria infelicidade.

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Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain.

Casamento sem afeto: uma realidade que adoece muitas pessoas.

Casamento sem afeto: uma realidade que adoece muitas pessoas.

É muito triste perceber tantos relacionamentos falindo, mais triste ainda é perceber o que está por trás de algumas dessas rupturas de alianças. Por incrível que pareça, existem muitos casais se separando porque estão desnutridos emocionalmente, exatamente isso, os cônjuges não trocam, de forma satisfatória, o contato físico. São casais constituídos por pessoas que, possivelmente, se amem, porém, por alguma razão reduziram ou pararam com o contato físico tão necessário para alimentar a conexão entre eles.

Alguns casamentos teriam tudo para serem muito felizes, porém, por um descuido, um problema se instala e vai se agigantando até tornar-se irreversível. É estarrecedora essa constatação, mas baseado em desabafos que tenho ouvido, tanto de homens quanto de mulheres, alguns casamentos chegam à ruína porque carinhos tão simples como um abraço deixaram de fazer parte do cotidiano do casal, os beijos, que no início eram sempre demonstração de desejo e afeto, transformaram-se em discretos selinhos, e olhe lá.

Tudo indica que os casais focam a sua atenção em muitas questões, porém, pouco a pouco vão negligenciando algo que é vital para a relação: o toque. Por vários descuidos, os cônjuges vão se desconectando emocionalmente e fisicamente e, quando caem em si, já existe um muro gigante entre eles. Acredito que nem todas as pessoas tenham consciência do quão importante é o contato físico, especialmente para a mulher.

Sabemos também, que algumas pessoas valorizam mais do que outras essa comunicação corporal, entretanto, ela deve sempre estar presente dentro de um relacionamento afetivo. Um abraço, por exemplo, transmite muitas sensações como o acolhimento, o relaxamento, a sensação de segurança etc. Embora silencioso, um abraço pode transmitir a seguinte mensagem a quem recebe: “eu estou aqui e eu estou contigo” e por vezes, isso é tudo o que alguém precisa sentir após um dia tenso e corrido.

Especialmente a mulher, quando não recebe afeto e quando não é tocada, ela torna-se embrutecida, que nada mais é que um ressentimento que vai cristalizando na alma dela. Uma mulher que não é tratada com doçura pelo parceiro, tende a ficar ríspida e murcha, ela vai perdendo o viço, como uma planta que nunca recebe água, nem adubo. Os homens também, embora sejam mais “práticos” valorizam muito essa conexão física. A questão é muito delicada, se analisarmos que os cônjuges só tem um ao outro para essa troca de contato corporal, e eles não recebem isso, como fica o emocional deles?

De cara a amargura se instala e, junto com ela, uma vulnerabilidade nesse casamento. Afinal, como uma pessoa que gosta tanto de carinho vai viver sem? Puxa vida, um abraço não custa dinheiro, então, qual a dificuldade que uma pessoa tem em aconchegar o parceiro em seus braços? Por que tanta economia de beijos, de sorrisos e de carinhos para alguém que divide a vida contigo?

Seu cônjuge precisa disso quando está cansado, quando está triste, quando está tenso, quando está assustado e quando está feliz também. Ofertar carinho e afeto ao seu cônjuge é o melhor investimento para o seu casamento, o retorno é garantido. Deixe um pouco o celular de lado e dedique-se mais ao seu amor, olhe mais nos olhos, ofereça seu colo, elogie, sorria com mais frequência para ele(a), demonstre sempre a sua gratidão pelas qualidades dele(a).
Dessa forma, seu parceiro estará contigo por opção, por estar feliz e então vocês estarão vivendo um casamento de verdade, não uma casamento de aparências, daqueles que se baseiam em dois seres amargurados se suportando. Hoje é dia de você encher o seu amor de carinho…oferte sem moderação. Gratidão…até a próxima.

Imagem de capa: YAKOBCHUK VIACHESLAV/shutterstock

Se hoje enxergo longe, é porque tive ótimos professores.

Se hoje enxergo longe, é porque tive ótimos professores.

Ser professor é passar fins de semana à volta com papeladas, provas, digitação de notas, busca de materiais pela internet. É nunca estar satisfeito e querer sempre mais, não se acomodando, porque aluno instiga e força essa dinâmica célere que faz parte da vida dele. E o professor faz parte do cotidiano de centenas de pessoas, todos os dias úteis da semana, por um ano ou mais, tornando-se elemento integrante da vida de cada ser humano que se senta ali nas fileiras. Ensinar é aprender a conhecer cada um deles, cada rosto, cada sorriso, cada mudança de humor, entendendo-os em sua porção mais humana.

Ser professor é ter a consciência de que muita coisa da vida de cada aluno acabará explodindo na escola, principalmente quando a confiança ali depositada torna-se forte. É perceber que os alunos também possuem a própria vida, a própria história, uma forma peculiar de ver e de sentir o mundo. Porque sem empatia ninguém ensina nada. Por isso mesmo, ser professor quase nunca é um filme de sessão da tarde, tampouco é conseguir obediência e disciplina facilmente; às vezes nem se dispondo de materiais e de ambientes adequados ao processo de ensino aprendizagem, em classes superlotadas. Necessita-se, assim, utilizar o que se tem dentro de si, além do conhecimento, seguindo instintos, para que a classe enxergue no docente alguém que vale a pena ouvir.

Ser professor não é, ao contrário do que se dissemina, pura e simplesmente vocação, tampouco sacerdócio, mas sim estudo, disciplina, doação, luta e sobrevivência, uma vez que hoje, mais do que nunca, existem espaços muito violentos, aos quais a sala de aula não consegue fugir. Daí a necessidade de estudar sempre, ressignificando a própria docência, para que os ensinamentos se ajustem aos novos tempos, cada vez mais novos. Ser professor é sair de casa às seis da manhã e retornar à meia-noite, passando o dia entre escolas, engolindo lanches em parcos intervalos, no ônibus ou no carro, enquanto se espera o semáforo abrir. Porque quem sobrevive somente do magistério muito provavelmente possui jornadas duplas e triplas, enquanto aguarda a valorização merecida.

A grande maioria dos professores é guiada por um ideal, por desejos que implicam mudar o mundo. A gente sabe que uma sala de aula pode ser o começo de tudo: de grandes amizades, de novas formas de enxergar a vida, de conhecimentos em expansão, de amor, de redenção, de desabafo e expiação. Professores são um pouco de tudo, muitas vezes se virando como psicólogos, pai, mãe, confidente, juiz, advogado – às vezes mocinho, às vezes bandido.

Professores possuem um grande poder em mãos: o de tornar o mundo melhor, menos doído, fazendo com que cada aluno acredite em seu potencial, em toda a grandeza que possui dentro de si e que muitas vezes teima em ficar ali escondido. Professor tem que carregar verdade, porque é preciso que se estabeleça confiança entre ele e a classe – e confiança a gente consegue sendo verdadeiro, sem floreios, sem meias palavras. E a gente se expõe e se machuca, mas também colhe muita coisa boa e que faz valer a pena cada lágrima e cada suor de nossa jornada.

E quão prazeroso e reconfortante é encontrarmos ex-alunos, sermos reconhecidos onde estivermos e percebermos a diferença que fizemos na vida de alguém. Não conseguiremos alcançar a todos, nem tocar o coração da classe inteira, mas sempre haverá quem olhará para nós com admiração e confiança. Professores são humanos e também levam para a sala de aula as aflições que atingem a sua vida, o que pode interferir em seu trabalho negativamente. Haverá aulas brilhantes e aulas insossas; haverá anos letivos de luz e outros mais densos. Mas sempre haveremos de deixar ao menos uma centelha de sabedoria e de humanidade afetiva plantada por onde passarmos, para que o conhecimento e a capacidade de mudar o mundo nunca sejam esquecidos ou diminuídos em sua importância.

*Dedico este texto aos professores e alunos que me tornaram mais gente ao longo de minha jornada nas escolas por onde passei. Eles sabem quem são, nem preciso nomeá-los.

Imagem de capa: wavebreakmedia/shutterstock

Acho que me viciei em ficar em paz, sozinho

Acho que me viciei em ficar em paz, sozinho

Por muito tempo, eu valorizei a companhia das pessoas, a ponto de procurar sempre estar acompanhado, querendo sair toda vez que tivesse oportunidade, achando que ficar em casa seria coisa para quem fosse idoso ou doente. Por conta disso, não me permitia ficar em casa aos finais de semana, nos feriados, prolongados ou não, pois não queria perder tempo.

Por muito tempo, eu achei que diversão significava ir a bares, baladas, festas, para me encontrar com a galera. Ansiava por conhecer cada vez mais pessoas, por visitar lugares variados, correndo atrás mais de quantidade do que de qualidade. Ficar em casa, podendo viajar ou sair, soava como sacrilégio, disparate, afinal, precisava aproveitar o tempo junto com pessoas, fora de casa.

Sem perceber, acabei aceitando amizades que não eram verdadeiras, aproximando-me de pessoas que nem curtiam a minha companhia, até mesmo mendigava atenção, correndo atrás de quem estava muito bem sem mim. Fui a lugares que nada tinham a ver comigo, com gente que não pensava como eu, participando de programas lotados de pessoas e vazios de sentimentos.

Com o tempo, percebi que, mesmo conhecendo muita gente ou saindo para vários lugares, ainda assim eu poderia me sentir sozinho, porque o que nos preenche afetivamente é aquilo que toca os nossos corações com verdade e reciprocidade. E eu, muitas vezes, sentia solidão bem ali no meio de tantas pessoas, de tanta música, de tantas festas e sorrisos. Parei e notei o quanto eu cobrava dos outros aquilo que deveria vir naturalmente, aquilo que eu poderia, inclusive, encontrar dentro de mim.

Ultimamente, estou tentando depender menos dos outros, pois ficar contando muito com as pessoas acaba me trazendo decepções demais. Não perco mais tempo correndo atrás de ninguém e, se necessário, vou a todos os lugares sozinho, sem precisar implorar para alguém me acompanhar. E, melhor ainda, aprendi a curtir meus espaços, em frente à televisão, lendo um bom livro, apreciando tudo o que sou e tenho.

Aliás, estou me viciando em ficar em paz, sozinho, porque é humilhante demais forçar as pessoas. Se quiserem vir comigo, muito bem; se não quiserem, ótimo. Quando a gente aprende a gostar da própria companhia, a gente se basta e vive feliz onde estiver, com alguém ou sem ninguém. Simples assim.

Imagem de capa: everst/shutterstock

Seja conservador(a): conserve a sua capacidade de ser feliz.

Seja conservador(a): conserve a sua capacidade de ser feliz.

Seja conservador(a), conserve a sua mania de acreditar em dias cada vez melhores. Seja tradicional, nunca abandone a sua capacidade de lutar pelo o que te fascina. Tenha uma alma antiga, daquelas que pertencem às pessoas que são capazes de visualizar aquilo que deseja, não importando os ventos contrários.

Seja abusado(a), abuse da sua arte de querer sempre aquilo que faz os seus olhos brilharem. Seja exigente ao ponto de não aceitar nada pela metade. Seja protetor(a), nunca permita que invadam e danifiquem os seus espaços, físicos ou emocionais. Seja generoso(a), mas não jogue pérolas aos porcos. Seja cuidadoso(a), lembre-se de que o que você possui de mais sagrado é a sua dignidade, ela é inegociável.

Estenda a mão, mas tenha cuidado para não trocar de lugar com aquele que você está ajudando, algumas pessoas poderão te puxar para o abismo delas. Entenda de uma vez por todas, não é sensato relacionar-se com alguém apenas porque ele é uma boa pessoa, é fundamental que você haja, no mínimo, atração e admiração, com reciprocidade.

Esqueça essa história de se relacionar com uma pessoa que esteja com as emoções em frangalhos, alguém assim precisa, urgentemente, de um psiquiatra e um psicólogo, do contrário, serão dois doentes, no mínimo. Por mais difícil que seja, procure ser imparcial ao ouvir alguém com quem inicia um relacionamento queixar-se do(a) ex, lembre-se: você está ouvindo apenas a versão de um dos envolvidos na história.

Tenha zelo e respeito consigo próprio, se algo te causa desconforto num relacionamento, exponha isso o quanto antes, não permita que esse incômodo evolua ao ponto de adoecê-lo(a). Lembre-se: você não será mais amado(a) por ceder a tudo o que o outro te pede ou impõe, no geral, se existe um perfil de pessoas que são valorizadas nos relacionamentos, certamente não são os bonzinhos, aprender a dizer não ao que te desagrada é, no mínimo, um indicativo de amor próprio.

Não condicione as suas perspectivas baseando-se nas experiências e relacionamentos fracassados, você é dotado(a) de plena capacidade de reescrever a sua história. Para isso, é fundamental aprender com os erros e perdoar-se pelas vezes em que você permitiu te machucarem, basta entender que você não tinha a percepção que tem hoje, que você não tinha a maturidade que tem hoje e que você não era a pessoa que é hoje. Olhe para a frente, entenda que para algo novo chegar em sua vida, é necessário parar de fuçar o passado, foi de lá que você veio e lá não tem nenhuma novidade.

Respeite o seu calendário interno para o fechamento de alguns ciclos, não queira forçar a barra para esquecer alguém ou para superar a dor pela morte de um ente querido, para isso, não existe fórmula e vai acontecer naturalmente. Caso esteja sofrendo pelo fim de um relacionamento, não use ninguém como “muleta” para apoiar-se, você não está em condições de fazer ninguém feliz, busque apoio nos amigos, mas não use ninguém para tentar esquecer o relacionamento anterior.

O planeta está vivendo uma escassez de água, portanto, não banalize as suas lágrimas, chore, mas avalie, antes, se realmente a causa merece ao menos uma lágrima sua. Vale a pena esperar por dias melhores, eles sempre chegam para quem acredita.

Imagem de capa: Dimedrol68/shutterstock

10 filmes imperdíveis que irão testar seus valores

10 filmes imperdíveis que irão testar seus valores

Você é bom e correto ou não teve a chance de fazer errado? Alguns filmes nos fazem pensar profundamente sobre nossos valores. Por valores podemos entender conceitos, juízos e pensamentos que são considerados por nós como “certos” ou “errados”. E quando falamos em valores, falamos em escolhas. Os filmes a seguir falam essencialmente de escolhas e nos fazem pensar sobre o que faríamos se estivéssemos na pele de alguns personagens. Muitas vezes escolher é difícil, pois nossas escolhas mudam não só a nossa vida, mas também a vida de outras pessoas. Todos os filmes da lista a seguir são surpreendentes e metade dela está na Netflix! Espero que gostem das dicas!

1- Proposta indecente, 1993

contioutra.com - 10 filmes imperdíveis que irão testar seus valoresUm adorável casal, David e Diana Murphy, tem um futuro brilhante. Ele é arquiteto e ela corretora, mas estão passando por uma crise financeira. Em uma última tentativa de salvar a casa de seus sonhos, eles vão para Las Vegas a fim de ganhar dinheiro no jogo para pagar a hipoteca. Após perderem tudo, um homem rico e misterioso oferece uma solução para o problema financeiro do casal: dormir com Diana. Um filme polêmico, com atuações primorosas de Robert Redford e Demi Moore, que certamente colocará em xeque crenças relativas ao dinheiro e ao que ele efetivamente pode comprar.

2- Sommersby, o retorno de um estranho, 1993

contioutra.com - 10 filmes imperdíveis que irão testar seus valoresJack Sommersby (Richard Gere), dado como morto na Guerra Civil Americana, reaparece em casa após seis anos. Antes rude e amargurado, Jack agora é gentil e dedicado. A drástica mudança intriga sua esposa, Laurel (Jodie Foster), e os vizinhos. Enquanto Laurel se apaixona cada dia mais pelo “novo” marido, os demais moradores da região, certos de que há algo errado nessa história, tentam desvendar esse mistério. Nesse filme temos de um lado o desejo emocional de perdoar o personagem de Richard Gere e do outro o dever moral de apurar a verdade doa a quem doer. Um filme épico e cativante! 

3- À espera de um milagre, 2000

contioutra.com - 10 filmes imperdíveis que irão testar seus valoresNo ano de 1935, no corredor da morte de uma prisão sulista, Paul Edgecomb (Tom Hanks) chefe de guarda da prisão, tem John Coffey (Michael Clarke Duncan) como um de seus prisioneiros. Aos poucos, ocorre entre eles uma relação incomum, baseada na descoberta de que John possui um dom mágico que é, ao mesmo tempo, misterioso e milagroso. Esse filme de Frank Darabont é um profundo estudo sobre a natureza humana focado em suas virtudes e defeitos. À Espera de um Milagre provoca arrepios e instiga o questionamento acerca de valores éticos, profissionais e humanos. Filme ótimo com atuações esplêndidas!

4- A caixa, 2009

contioutra.com - 10 filmes imperdíveis que irão testar seus valoresNorma Lewis (Cameron Diaz) é uma professora casada com Arthur (James Marsden), um engenheiro que trabalha para a NASA. Eles têm um filho e levam uma vida tranquila no subúrbio. Um dia surge um misterioso homem, que lhes propõe a posse de uma caixa com um botão. Caso seu dono aperte o botão ele ficará milionário, mas ao mesmo tempo alguém desconhecido morrerá. Norma e Arthur têm 24 horas para decidir se ficarão ou não com a caixa. Esse filme é bastante psicológico. Tem uma narrativa que certamente não vai agradar a todos, mas é muito interessante do ponto de vista ético. O que você faria?

5- O leitor, 2009

contioutra.com - 10 filmes imperdíveis que irão testar seus valoresNa Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial o adolescente Michael Berg (David Kross) se envolve com Hanna Schmitz (Kate Winslet), uma mulher mais velha. Os dois vivem uma  história de amor até que um dia Hanna desaparece. Oito anos se passam e Berg se surpreende ao reencontrá-la em um polêmico julgamento de crimes cometidos por nazistas. A relação de Michael e Hanna preenche o vazio existencial dos dois, seja pela descoberta do sexo por ele ou pelas sessões de leitura exigidas por ela. Esse filme traz à tona uma série de questões que envolvem códigos de conduta humana, de valores e crenças morais que se inserem na forma de pensar e de se relacionar de um determinado momento histórico. O filme suscita a discussão acerca do que é moral e do que é legal.

6- Educação, 2010

contioutra.com - 10 filmes imperdíveis que irão testar seus valoresJenny Carey (Carey Mulligan) tem 16 anos e vive com a família no subúrbio londrino em 1961. Inteligente e bela, sofre com o tédio de seus dias de adolescente e aguarda impacientemente a chegada da vida adulta. Seus pais alimentam o sonho de que ela vá estudar em Oxford, mas a moça se vê atraída por um outro tipo de vida. Quando conhece David (Peter Sarsgaard), homem charmoso de trinta e poucos anos, vê um mundo novo se abrir diante de si. Ele a leva a concertos de música clássica, a leilões de arte, e a faz crer que pequenas trapaças são normais. Assistindo ao filme com atenção percebemos que David é um sedutor que com malícia convence a todos que os fins justificam os meios. Podemos nos questionar aqui sobre o certo e o errado e como algumas pessoas mudam de ideia diante do que lhes é conveniente.

7- As palavras, 2012

contioutra.com - 10 filmes imperdíveis que irão testar seus valoresRory Jansen (Bradley Cooper) é casado com Dora (Zoe Saldana) e trabalha em uma editora de livros. Ele sonha em publicar seu próprio livro, mas a cada nova tentativa se convence mais de que não é capaz de escrever algo realmente bom. Um dia, em uma pequena loja de antiguidades, ele encontra uma pasta com várias folhas amareladas. Rory começa a ler e logo não consegue tirar a história da cabeça. Logo ele resolve transcrevê-la para o computador, palavra por palavra, e a apresenta como se fosse seu livro. O texto é publicado e Rory se torna um sucesso de vendas. Entretanto, tudo muda quando ele conhece o verdadeiro escritor do livro. Nesse filme o personagem de Bardley Cooper é tentado pelo seu desejo irrefreável pela fama, contudo, a mentira que conta a si e aos outros prejudica profundamente sua vida emocional.

8- Paixão Inocente (Breathe In), 2013

contioutra.com - 10 filmes imperdíveis que irão testar seus valoresUma família de uma pequena cidade americana decide acolher em sua casa uma estudante (Felicity Jones) estrangeira em intercâmbio. Mal sabe a família, composta por pai, mãe e filha adolescente, que a presença desta garota vai mudar para sempre a dinâmica entre eles e abalar a estabilidade emocional de todos, principalmente a do marido: um homem casado, exausto pelo peso dos anos, com um baú de sonhos não realizados dentro do peito. Um filme sensível que nos faz pensar sobre o que deve ser feito, o que pode ser feito e o que realmente queremos fazer.

9- A chegada, 2016

contioutra.com - 10 filmes imperdíveis que irão testar seus valoresEssa história se passa nos dias atuais, quando seres alienígenas descem à Terra em naves espalhadas pelo planeta. Os humanos não sabem quais as reais intenções desses visitantes. Para ajudar na comunicação com os alienígenas, a Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma especialista em linguística, é convocada, com a ajuda do matemático Ian Donnelly (Jeremy Renner). Os alienígenas retratados no filme parecem muito mais evoluídos que nós e têm o poder de acessar o passado e o futuro. Aqui somos levados a nos perguntar: Assumiríamos as alegrias e tristezas de nossa vida se soubéssemos de tudo antes?

10- Fome de poder, 2017

contioutra.com - 10 filmes imperdíveis que irão testar seus valores

Depois de assistir a esse filme, baseado em fatos reais, você nunca mais comerá um Big Mac do mesmo jeito. A história mostra como os visionários irmãos McDonald’s, reais criadores da marca, foram ludibriados por Raymond Kroc (Michael Keaton), um empreendedor que acabou tomando, por vias inescrupulosas, o controle da empresa. Ele é visto pelo filme como uma pessoa que não hesita em abrir mão da ética profissional e familiar para ganhar mais e mais dinheiro. O personagem de Michael Keaton é uma prova amarga dos valores vigentes no mundo de hoje. Para pensar.

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Foto de capa: filme Paixão Inocente.

Amar é saber ouvir

Amar é saber ouvir

Eu queria hoje te escutar. Saber das tuas questões, saber dos caminhos que moldaram teus pés. Hoje eu queria deitar no teu peito e te ouvir.

E nessa escuta, você diria da vida e das tuas escolhas. Seria exatamente quem você é, uma pessoa capaz e maravilhosa, que carrega forças e medos dentro de si. Meus ouvidos seriam só teus. Moldados com perfeição para as tuas palavras. Porque amar é saber ouvir e o amor mora sobretudo na vontade de passear pelas histórias que não são nossas.

Conta-me tudo. Conta-me dos teus equívocos e fracassos. Fala-me do que é imperfeito em ti. Deixa uma lágrima cruzar serena a tua face. Deixa que eu beije teus olhos em silêncio e prove o salgado do teu sentir. Hoje as tuas palavras serão tudo que eu vou querer. Elas embalarão o meu apreço por ti.

Fala-me com a tua sinceridade. Aquela que embala com vigor a verdade. A humilde verdade que não se fantasia de vitórias para conquistar. Em um mundo de vencedores, de sorrisos escancarados, a beleza mora em quem ainda sabe confiar suas dores.

Deixa eu te ouvir, que ouvir é aceitar um caminho que não é nosso. É estar presente por meio de mãos e olhos que dizem: tudo vai ficar bem.

Estamos juntos. Eu estou aqui. Fala tudo que está engasgado aí. Não engole o choro, que todo choro engolido vira indigestão emocional.

Não precisa ser forte, hoje não. Pouco importa se é dia ou noite lá fora. Pouco importa as minhas expectativas, hoje é dia de eu ficar pequena e guardar toda minha atenção só para você. Hoje não deixarei o mundo me roubar de ti. E esse mundo nos rouba em troca de nada.

Hoje eu vou te amar em silêncio. Confia em mim!

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Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain.

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