Às vezes, tem que doer muito, para não doer nunca mais

Às vezes, tem que doer muito, para não doer nunca mais

Para superarmos o que nos fere, é necessário que encaremos e enfrentemos o que nos cabe, mesmo que doa, ainda que machuque, não importando se achamos que não somos capazes.

A gente tem um medo absurdo de sofrer. Queremos nos distanciar de toda e de qualquer dor, seja física, seja emocional. Não suportamos a ausência de felicidade, nem por um segundo. Por isso é que cada vez mais ficamos dependentes de analgésicos e de antidepressivos, uma vez que não permitimos que a dor se aproxime, nem queremos conhecê-la. E ela fica ali, adormecida, mas presente, sempre à espreita.

A questão é que precisamos conhecer e analisar os nossos sentimentos, pois somente entendendo o que estamos sentindo é que conseguiremos lidar com o mundo que corre dentro de nós. Nada lá fora seguirá tranquilamente, enquanto carregarmos pendências internas, camuflando-as através de comportamentos nocivos e medicações excessivas. Uma ou outra hora, aquilo tudo que empurramos goela abaixo explode, irrompendo quaisquer barreiras que encontrar pela frente.

Não existe nada mais inútil do que postergar aquilo que deve ser encarado aqui e agora, seja no mundo prático, seja em nossa carga emocional. Certas coisas e determinados sentimentos não podem ser deixados para lá, para depois, ou continuaremos emperrados no mesmo lugar, sem chances de voltar a encontrar a felicidade. Para superarmos o que nos fere, é necessário que encaremos e enfrentemos o que nos cabe, mesmo que doa, ainda que machuque, não importando se achamos que não somos capazes.

O sofrimento é inevitável, pois somos sentimentos e nem sempre estaremos felizes, bem como erraremos e escolheremos mal, em muitas etapas de nossas vidas, ou seja, viver implica gozo e dor, sendo preciso saber lidar com o que nos chega. É impossível fugir ao sofrimento todo tempo; o que nos resta é enfrentá-lo, mergulhando fundo na tristeza e na dor, para que soframos o que tivermos que sofrer e consigamos sobreviver, livres do que era escuridão, ao encontro da luz que há nos novos caminhos à nossa frente.

Não tenha medo da dor, tema conviver com o sofrimento pelo resto dos seus dias, por medo de sofrer. Quando enfrentamos o que nos fere, tornamo-nos capazes de lutar contra tudo e contra todos que nos fazem mal, criando forças para expulsar de nosso convívio e de nosso íntimo as tralhas emocionais que nada mais fazem do que emperrar a nossa busca pela felicidade.

*O título deste artigo baseia-se em citação de Marcos Bulhões

Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock

Tem horas que a gente tem que matar o passado dentro da gente

Tem horas que a gente tem que matar o passado dentro da gente

Hoje pela manhã, me deparei com um post no Instagram que dizia: “Alguns assuntos já foram assuntos demais para serem assuntos novamente”. E me senti acolhida pelas palavras, pois tenho um coração nostálgico, que de vez em quando me trai e traz de volta assuntos que já se encerraram dentro de mim. Porém, de uma vez por todas, hoje quero me despedir e esquecer.

O tempo dos acertos, das saudades, de reconciliações com minha história, de me lembrar do passado com doçura e algum apego passou, e deu lugar a um desejo enorme de que a vida seja contada com cheiros do presente e sabor de surpresas, desfrutando com sabedoria o tempo que se descortina à minha frente.

Tem horas que a gente tem que matar o passado dentro da gente. Sacrificar de uma vez aquela lembrança “preciosa” que não nos permite crescer. Fechar a porta daquele lugar distante no tempo que não nos ajuda a prosseguir. Dar um basta às velhas desculpas que justificavam nossa saudade, nossa nostalgia, nosso “resgate” e finalmente entender que desapego é uma das lições mais difíceis, porém mais necessárias, que iremos ter na vida.

Temos que ser fortes e corajosos para romper com aquilo que julgávamos “nossa vida” e não é mais. Valentes para desvincularmos nosso caminho da armadilha do saudosismo, da repetição de velhos hábitos, da crença de que ainda há o que se buscar no tempo que já se esgotou.

Porém, nunca estaremos imunes a sermos traídos pela emoção. Como eu gosto de afirmar, somos a soma do que amamos e do que vivemos, e de vez em quando aquilo que amamos terá disposição para vir à tona. Não se culpe quando isso acontecer. Porém, após a visita da saudade, coloque-a de volta no seu lugar. O passado tem a função de nos lembrar como chegamos até aqui, mas não pode, de maneira alguma, nos definir.

O passado tem mania de seduzir. Olhando pelas lentes da nostalgia, tudo fica mais bonito do que realmente foi. Glamorizamos nossas experiências e enfeitamos nossas trivialidades de um jeito que não nos permitimos fazer com o presente. Editamos nossas lembranças e ventilamos nossas dificuldades a ponto de acreditarmos que sempre fomos mais felizes naquele lugar que não existe mais.

Por mais difícil que seja, existirão momentos em que teremos que nos despedir de algumas histórias que foram importantes para nós. Nem tudo nos cabe, e viver carregando no peito nossas vidas não vividas não nos permite crescer.

Está na hora de encerrar essa história dentro de você. De esquecer pessoas que já te esqueceram faz tempo. De manter “contato zero” com aquilo que traz de volta o que não existe mais. De deixar morrer a expectativa vã, a esperança inútil, a teimosia dolorosa. De finalmente perceber que matar alguns fatos do passado não nos torna pessoas cruéis; ao contrário, nos reconecta com aquilo que realmente importa.

Imagem de capa: Ollyy/Shutterstock

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“Uma vida é cheia de outras vidas”*

“Uma vida é cheia de outras vidas”*

Para meu cãozinho Bruce que faleceu no último domingo, para mim mesma que luto para não me entregar aos fins definitivos e a perda do encanto, por mais um passo que nos leve além do que somos hoje.

A vila onde eu nasci fica às margens de um monte e a beira de um rio. Pessoas, cidade e natureza coexistem enquanto desenham a paisagem mais linda. Há beleza e a água está perto de todos. Desce dos montes e desenha suaves caminhos, mata a sede daqueles que passam, acaricia a pele dos que ficam, oferece higiene, repouso e paz. Quando passa, leva consigo aquilo que sobra. Arrasta a energia ruim daqueles que acreditam em seu poder de purificação, carrega oferendas, nutre almas e lavouras.

Certo dia, na vila onde eu nasci, houve uma grande enchente. Algo brutal e que nunca tinha acontecido desceu pelos anteriores caminhos calmos e amigos. Casas foram destruídas. Algumas pessoas morreram, muitas ficaram desalojadas.

Poucos minutos e tudo passou a ser diferente. O equilíbrio foi quebrado e o que era esperado pela constância do tempo, deixou de ser real. A estabilidade daquele local desta vez perdeu sua histórica morada, transformou-se em parte da água e dessa vez partiu arrastada e sem opção de ficar.

O desequilíbrio, porém, não apagou a história pregressa. O rio caudaloso e revolto de agora não destruíu as memórias daqueles que ficaram. Os benefícios e as alegrias de outrora não deixaram de ser verdade quando o cenário mudou. Há nessa história, é muito importante ressaltar, um antes e um depois. E, logo mais, um futuro onde tudo será diferente.

Se a natureza pode nos invadir com aparentes desequilíbrios e tudo mudar, sabemos que poucas também são as pessoas que lidam bem com suas próprias inconstâncias. Coisas acontecem, estabilizam-se por um determinado tempo e, num belo ou triste dia, tudo acaba e a vida muda.

Quem não gostaria de viver um amor eterno, permanecer jovem e encantado com o futuro, manter ao lado, para sempre, os pais, os filhos ou até mesmo o animalzinho de estimação mais amado? Entretanto, os relacionamentos acabam, as pessoas partem, trocamos de emprego, de cidade, nossos bichinhos morrem. As mudanças de nossas vidas podem chegar como as corredeiras caudalosas que tudo arrastam, que nos tiram do eixo, que destroem nossas casas,  nos desabrigam e partem nosso coração enquanto nos fazem entender que não somos mais quem pensávamos ser.

Já não somos tão jovens para começar de novo ou, independente da idade, tememos a repetição das mudanças que nos dilaceraram do nada, em um dia.

E aí não arriscamos um novo emprego…

E aí não nos armamos e nem nos apaixonamos mais…

E aí não queremos mais mudar, não queremos mais sonhar, não queremos um novo animal- nem que seja pelo infinito amor que ele pode nos conceder.

A resposta para esse impasse, que nos choca em sua realidade,  está na compreensão de que existem muitas vidas dentro de uma mesma vida, que somos cíclicos e que o presente não apaga tudo de bom que já aconteceu conosco no passado.

É preciso entender que se moramos muitos anos numa vida sem enchentes aquilo significou muito sim, e se tivemos um casamento feliz por alguns anos, isso não pode ser invalidado pelo fim. E se hoje a vida nos ensinou que a nossa casa não deve estar mais tão perto de um rio, que possamos entender que isso não faz do rio o nosso inimigo. Que possamos ter a maturidade de acreditar num novo amor, pois ele chegará quando nos permitirmos ser novamente amados.

Que possamos acreditar em um novo começo, pois ele estará sempre um passo além de onde estamos hoje.

Que não nos esqueçamos que a felicidade pode ser breve e efemera, mas pode morar logo ali, do outro lado da calçada ou mesmo se materializar na concretude de um animal que nos aguarda no fim do dia.

Sim, nunca é tarde para mudar. Sim, sempre poderemos a amar e sermos amados novamente.

Afinal, “uma vida é cheia de outras vidas”. E o fim nada mais é do que o começo de algo novo…

 

Imagem de capa:   Kseniya Ivanova/shutterstock

Nota 1: O título é uma das frases ditas pela fonoaudióloga Cândida Bastos, para o programa “O valor feminino” da GNT, exibido em 03-10-2017.
Nota 2: a vila do início da história é fictícia. Imagem mental inspirada no trajeto de trem de Cusco a Machu Picchu.

A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmes

A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmes

Nessa lista estão 25 filmes nos quais o processo terapêutico aparece em foco, tendo, em grande parte deles, o terapeuta, psicólogo, psicanalista ou psiquiatra, como personagens fundamentais na trama. A interação entre paciente e terapeuta pode ser vista aqui por vários prismas. De filmes biográficos a filmes de suspense, os personagens a seguir terão questões emocionais e éticas desnudadas, para alegria de todos nós que apreciamos filmes com abordagens psicológicas.

1- Sybil, 1976 (biográfico)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesSybil Dorsett (Sally Field) é uma jovem que desenvolveu várias personalidades como mecanismo de defesa por causa dos abusos que sofreu pela mãe, Hattie (Martine Bartlett) desde a infância. Assim Sybil criou personalidades bem distintas: a agressiva Peggy Lou, a suicida Mary, o bebê Sybil Ann e muitas outras, totalizando mais de dez. Uma psicanalista, Cornelia Wilbur (Joanne Woodward), diagnostica a condição de Sybil e tenta ajudá-la, apesar de saber que está lidando com um caso único. Filme baseado em fatos reais e regravado em 2007.

2- O príncipe das marés, 1992 (drama/romance)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesTom Wingo (Nick Nolte) é um treinador de futebol americano desempregado da Carolina do Sul, que vai até Nova York apoiar a irmã, uma poetisa, que tentou o suicídio. Lá ele se envolve com Susan Lowenstein (Barbra Streisand), a psiquiatra que cuida dele, mas seu casamento em crise e seus filhos, além de um terrível segredo de família, perturbam sua mente.

3- Mr. Jones, 1993 (drama/romance)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesEstrelado por Richard Gere como Sr. Jones e Lena Olin como Dra. Elizabeth Libbie, esse filme conta a história de um homem de 36 anos que é muito charmoso, impulsivo e irresistível, mas que se encontra à beira da autodestruição. Jones é considerado maníaco depressivo e durante suas crises emocionais é criativo, divertido, apaixonante, e envolvente, e em seus momentos opostos tem crises delirantes. Jones é inquietante para qualquer mulher, incluindo nessa lista a Dra. Libbie, a psiquiatra designada para cuidar de seu caso. Um filme marcante.

4- Terapia do prazer (bliss), 1997 (drama/romance)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesJoseph é recém-casado com Maria e descobre uma traição, porém, ao investigar o possível amante descobre que na verdade é um terapeuta sexual. Maria sofre de uma doença psicológica e Joseph resolve seguir os conselhos do terapeuta e tentar curar a esposa. O filme começa sem expectativas, mas, a partir da metade, a trama se desenvolve e surpreende. É sobre sexo tântrico, intimidade, compreensão, feminismo, psicologia, amor próprio e amor ao próximo. Na Netflix.

5- Gênio indomável, 1998 (drama)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesEm Boston, um jovem de 20 anos (Matt Damon) que já teve algumas passagens pela polícia é servente de uma universidade e revela-se um gênio da matemática. Por determinação legal ele precisa fazer terapia, mas nada funciona, pois ele ignora todos os analistas, até se identificar com um deles. No papel do analista está o aclamado Robin Williams. Filme sensível e tocante. Na Netflix.

6- O sexto sentido, 1999 (mistério)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesO psicólogo infantil Malcolm Crowe (Bruce Willis) abraça com dedicação o caso de Cole Sear (Haley Joel Osment). O garoto, de 8 anos, tem dificuldades de entrosamento no colégio e vive com medo. Malcolm, por sua vez, busca se recuperar de um trauma sofrido anos antes, quando um de seus pacientes se suicidou em sua frente. Esse filme foi um marco quando lançado pelo clima de suspense notório. Mais recreativo que didático, tem uma trama muito bem entrelaçada.

7- Máfia no divã, 1999 (comédia)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesPaul Vitti (Robert De Niro), o chefe de uma “família”, tem repentinamente ataques de ansiedade por causa de problemas do passado. Assim, decide consultar secretamente Ben Sobel (Billy Crystal), um psiquiatra e deseja ter alta em apenas duas semanas, quando acontecerá uma grande reunião da máfia. Sobel passa a ser “requisitado” pelos capangas de Vitti nos horários e lugares mais impróprios, inclusive em seu casamento. Esse filme, que é uma comédia, emplacou e, em 2003, teve uma continuação intitulada: A máfia volta ao divã.

8- Refém do silêncio, 2001 (mistério)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesNathan Conrad (Michael Douglas) é um conceituado psiquiatra, que vive feliz com sua esposa (Famke Janssen) e sua filha (Skye McCole Bartusiak). Até que ele é chamado por um colega para examinar a jovem Elisabeth Burrows (Brittany Murphy), que está em estado catatônico. A curiosidade leva Nathan a se aprofundar no caso, buscando descobrir o significado das palavras “Você quer o que você quer, não é? Eu não direi nada a você”, ditas por ela logo após entrar em catatonia. Mas o que antes era uma simples curiosidade se transforma num verdadeiro pesadelo quando a filha de Nathan é sequestrada e o resgate exigido é justamente saber o que está na mente de Elisabeth. Esse filme divide opiniões, principalmente por conta da previsibilidade, no entanto não poderia ficar de fora dessa lista. Na Netflix.

9- Geração Prozac, 2001 (biográfico)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesElizabeth Wurtzel (Christina Ricci) é uma brilhante estudante, que tem planos de estudar Jornalismo na conceituada universidade de Harvard. Entretanto problemas familiares fazem com que Elizabeth entre em profunda depressão, o que coloca seus planos em risco. Aos poucos, suas noites de trabalho, sempre regadas a drogas, e sua instabilidade emocional a afastam de Ruby (Michelle Williams), sua melhor amiga, e também de seu namorado. Decidida a procurar ajuda profissional, Elizabeth marca uma consulta com a Dra. Diana Sterling (Anne Heche), que lhe receita o antidepressivo Prozac. Esse filme biográfico foi baseado num best-seller americano de Elizabeth Wurtzel, “Prozac Nation”. No final dos anos 80, um antidepressivo era sugerido se a evolução terapêutica parecesse insatisfatória e foi assim que a personagem foi apresentada ao Prozac. Na Netflix.

10- Jornada da alma, 2003 (biográfico)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesEm 1905 Sabina (Emilia Fox), uma jovem russa de 19 anos que sofre de histeria recebe tratamento em um hospital psiquiátrico de Zurique, na Suíça. Seu médico, o jovem Carl Gustav Jung (Iain Glen), aproveita o caso para aplicar pela primeira vez as teorias do mestre Sigmund Freud. A cura de Sabina vem acompanhada de um relacionamento amoroso com Jung. Após alguns anos ela volta à Rússia, tornando-se também psicanalista e montando a primeira creche que usa noções de psicanálise para crianças. Décadas após sua morte, ela tem sua trajetória resgatada por dois pesquisadores. Esse filme biográfico mostra o relacionamento de Jung com Sabina focando principalmente a vida de Sabina.

11- Os esquecidos, 2003 (thriller/ficção científica)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesKelly Paretta (Julianne Moore) é uma mulher atormentada com a morte de San, seu filho pequeno, em um acidente aéreo ocorrido há pouco mais de um ano. Por causa disso ela se afasta diariamente de seu marido, Jim (Anthony Edwards). Ao visitar o Dr. Munce (Gary Sinise), seu psiquiatra, ele lhe diz que seu filho nunca existiu e que ela inventou todas as lembranças em relação a ele. Chocada, Kelly começa a procurar provas da existência de Sam entre seus pertences, mas tudo desapareceu. Um suspense bem interessante.

12- A Passagem, 2005 (thriller/drama)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesSam Foster (Ewan McGregor) é um psiquiatra que trabalha numa prestigiosa universidade americana. Certo dia um de seus jovens pacientes o procura para dizer que planeja cometer suicídio em breve. À medida que Sam estuda o caso, o rapaz começa a fazer estranhas e terríveis profecias que se realizam. Aterrorizado, Sam tenta ajudar seu paciente e impedir seu suicídio de todas as maneiras, mas acaba se envolvendo numa misteriosa jornada da alma. É um filme que exige bastante do expectador, um pouco cansativo, meio paranoico e até mesmo angustiante, mas vale cada minuto. Na Netflix.

13- Terapia do amor, 2006 (comédia romântica)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesRafi Gardet (Uma Thurman) é uma mulher de 37 anos, que mora em Nova York e se separou recentemente. Decidida a se dedicar à carreira, ela não quer se envolver em nenhum relacionamento amoroso. Mas sua opinião muda após conhecer David Bloomberg (Bryan Greenberg), um talentoso pintor de 23 anos, por quem se apaixona. A única questão dessa história está no fato de que David é filho da sua terapeuta, interpretada por Maryl Streep. Filme leve e divertido.

14- Passageiros, 2009 (drama/mistério)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesClaire Summers (Anne Hathaway) é uma jovem terapeuta designada por Perry (Andre Braugher), seu mentor, a dar orientação psicológica aos cinco sobreviventes de um terrível acidente aéreo. Ela enfrenta problemas ao ser confrontada por Eric (Patrick Wilson), que recusa sua ajuda e usa o acidente para tentar cortejá-la. Na trama Claire luta contra as iniciativas de Eric e curiosamente descobre que os outros pacientes apresentam versões distintas das oficiais com relação ao acidente aéreo. Filme de suspense interessante com a talentosa Anne Hathaway.

15- Frankie & Alice, 2010 (biográfico)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesFrankie (Halle Berry) é uma dançarina noturna que sofre com o transtorno de múltiplas personalidades, e luta diariamente contra alter egos bem específicos: uma criança de sete anos chamada Genius e uma mulher branca racista chamada Alice. A fim de eliminar estas vozes interiores, ela passa a frequentar sessões com um psicoterapeuta, Dr. Oz (Stellan Skarsgard), que a ajuda a decifrar e superar seus fantasmas pessoais. Filme maravilhoso com atuação marcante de Halle Berry!

16- Um método perigoso, 2011 (biográfico)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesDirigido pelo cultuado David Cronenberg, o longa é uma mostra de como a relação entre Carl Jung (Michael Fassbender) e Sigmund Freud (Viggo Mortensen) faz nascer a psicanálise. Aborda a intensa e polêmica relação da dupla com a paciente Sabina Spielrein (Keira Knightley). O filme foi exibido em primeira mão no Festival de Veneza de 2011 e conquistou uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante para Mortensen. Filme biográfico excelente, com ótimas atuações. Na Netflix.

17- Identidade Paranormal, 2011 (thriller/mistério)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesCara Jessup (Julianne Moore) é uma psiquiatra dedicada que concentra a sua reputação profissional em desmascarar a ideia da síndrome de múltipla personalidade. Ela duvida completamente desses casos até conhecer Adam, um paciente criminal com problemas mentais que desafia as explicações mais racionais para seu caso. Esse contato misterioso com o mal perturba o mundo de Cara e ela começa a questionar suas próprias crenças. Esse filme tem ótimas atuações, com destaque para Jonathan Rhys Meyers como o paciente Adam. Válido como ficção e para quem gosta de filmes assustadores.

18- As Sessões, 2013 (biográfico)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesMark O’Brien (John Hawkes) é um escritor e poeta que, ainda criança, contraiu poliomielite. Devido à doença ele perdeu os movimentos do corpo, com exceção da cabeça. Mark passa os dias entre o trabalho e as visitas à igreja, onde conversa com o padre Brendan (William H. Macy), seu amigo pessoal. Sentindo-se incompleto por desconhecer o sexo, Mark passa a frequentar uma terapeuta sexual. Ela lhe indica os serviços de Cheryl Cohen Greene (Helen Hunt), uma especialista em exercícios de consciência corporal, que o inicia no sexo. Esse filme é biográfico e com o sucesso do filme, Greene, lançou o livro intitulado “As sessões: minha vida como terapeuta do sexo”. Nos EUA esse tipo de terapia sexual, nascida na década de 60/70 com Virgínia Johnson e William Master é permitida, no Brasil a prática é vedada.

19- Terapia de risco, 2013 (thriller/drama)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesA trama gira em torno da jovem Emily Hawkins (Rooney Mara), que acaba de ver o marido (Channing Tatum) ser libertado da prisão por um crime de colarinho branco. Mesmo aliviada, Emily tem crises de depressão e busca a ajuda de medicamentos prescritos para conter a ansiedade. Ela também busca amparo num tratamento psicológico, lidando com profissionais interpretados por Jude Law e Catherine Zeta-Jones. O tratamento, por mais que comece de forma positiva, vai gerar consequências inesperadas na vida da jovem. Um filme estilo suspense psicológico, muito válido como ficção.

20- Em transe, 2013 (thriller/drama)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesUm profissional (James McAvoy) ligado aos leilões de peças de arte acaba envolvido com uma gangue responsável pelo roubo de quadros. Para se livrar destas pessoas, ele deve se unir a uma hipnoterapeuta (Rosario Dawson), mas logo a relação entre desejo, realidade e sugestão hipnótica começa a colocar todos em perigo. Um filme eletrizante, com muita ação, no qual o próprio espectador parece ficar hipnotizado pela trama.

21- Terapia intensiva, 2014 (biográfico)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesApós a Segunda Guerra Mundial, o combatente indígena Jimmy Blackfoot (Benicio Del Toro) é internado em um hospital militar no Kansas, com queixas de perda de audição, vertigem e cegueira temporária. Os médicos não descobrem nenhuma causa fisiológica para os seus distúrbios, e passam a acreditar na tese da esquizofrenia. Mesmo assim, um etnólogo e psicanalista especializado em culturas ameríndias, Georges Devereux, é chamado para conversar com Jimmy e confirmar o diagnóstico. Através das conversas que evocam lembranças e traumas no paciente, nasce uma grande amizade entre esses dois homens. Baseado em um caso real e adaptado do livro do psicanalista retratado no filme, o Dr. Georges Devereux, esse filme é absurdamente rico do ponto de vista psicanalítico. Maravilhoso e imperdível!

22- Antes de dormir, 2015 (drama/mistério)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesDia após dia, Christine Lucas (Nicole Kidman) desperta sem se lembrar de absolutamente nada que aconteceu em sua vida nos últimos 20 anos. Isto acontece devido a um acidente sofrido uma década atrás, que fez com que seu cérebro não consiga reter as informações recebidas ao longo do dia. Com isso, cabe ao seu marido Ben (Colin Firth) a tarefa de relembrá-la de sua vida, através de um mural de fotos e detalhes do passado. Além disto, ela passa por uma terapia sigilosa com o Dr. Nasch (Mark Strong), que procura incitá-la a ter lembranças sobre o que aconteceu. Só que, aos poucos, ela percebe que nem tudo é o que parece ser. Nesse filme a protagonista fica dividida entre o que lhe diz seu psiquiatra e o que lhe conta seu dedicado marido. Na Netflix.

23- Hector e a procura da felicidade, 2016 (aventura)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesO psiquiatra Hector (Simon Pegg) está cansado de sua vida e dos problemas de seus pacientes. Ele, na verdade, se sente frustrado por não conseguir ajudar seus pacientes a encontrarem a felicidade. Com o incentivo da esposa (Clara Rosamund Pike), ele faz uma viagem sozinho ao redor do mundo, em busca de novas experiências. Durante a viagem, ele questiona as pessoas sobre o que as faz feliz e se dá conta que precisa questionar a si mesmo. Esse filme tem uma pegada tragicômica, mas é muito interessante. Na Netflix.

24- Nise, o coração da loucura, 2016 (biográfico)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesAo voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, a doutora Nise da Silveira (Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho discordam do seu meio de tratamento e a isolam, restando a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, através do amor e da arte. Nise tem sua terapia inspirada pela ideologia do psicanalista Carl Gustav Jung, inclusive Nise troca correspondências com o renomado nome da psicanálise. Na Netflix.

25- O mínimo para viver, 2017 (drama)

contioutra.com - A relação entre terapeuta e paciente em 25 super filmesUma jovem (Lily Collins) está lidando com um problema que afeta muitos jovens no mundo: a anorexia. Sem perspectivas de se livrar da doença e ter uma vida feliz e saudável, a moça passa os dias sem esperança. Porém, quando ela encontra um médico (Keanu Reeves) não convencional que a desafia a enfrentar sua condição e abraçar a vida, tudo pode mudar. Esse filme tem sido muito polêmico, pois muito se discute sobre a ideia preventiva anunciada em seu lançamento. Para alguns profissionais esse filme não é muito aconselhável pois, antagonicamente, pode agravar o quadro de alguns pacientes. Fica a cargo de quem assiste decidir o que pensa dessa questão. Na Netflix.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Como lidar com chantagem sentimental – Flávio Gikovate

Como lidar com chantagem sentimental – Flávio Gikovate

A chantagem sentimental é uma ação típica de um indivíduo que não sente remorso sobre alguém que é rico em culpa e que, por isso mesmo, acaba cedendo a pressões indevidas.

Para mais informações sobre Flávio Gikovate
Site: www.flaviogikovate.com.br
Facebook: www.facebook.com/FGikovate
Twitter: www.twitter.com/flavio_gikovate
Livros: www.gikovatelojavirtual.com.br

Esse blog possui a autorização de Flávio Gikovate para reprodução desse material.

Que sejamos todos pessoas boas de amor

Que sejamos todos pessoas boas de amor

Que a gente saiba a diferença entre ser generoso e ilimitado.
Que esta diferença não prive a manifestação dos bons sentimentos, nem nos faça sentir inferiores diante de uma ação de ingratidão.
Que nossos comportamentos altruístas possam sempre refletir o bem, ser farol e referência do amor. Que possamos fazer o bem sem olhar a quem.
Que qualquer ato de bondade possa ser como uma onda que carrega milhares para o mesmo caminho e que não seja visto como ato de alguém tolo, bonzinho, que faz algo sozinho.
Que este ato de amor não seja uma comprovação para o ego.
Que o ser que se doa, possa também receber, e além disso que ele possa entender o amor dele por si, para que não se sinta esgotado e dependente apenas da generosidade do amor do outro.
Que o amor por si vença antes de conquistar o amor do próximo.
Somos seres amáveis e amorosos, por isso devemos colocar este propósito divino à serviço, sem julgamentos e culpas.
Que ele possa acontecer sempre, sem depender das tragédias pessoais e globais para ser despertado.
Que possamos sentir e refletir este sentimento tão nosso e genuíno a todo o momento.
Que possamos usar o amor como prevenção e não apenas como curativo.
Que Sejamos todos pessoas boas de amor.

Imagem de capa: Anna Kraynova/shutterstock

Se a sua alma não está à venda, não há dinheiro que pague a sua paz de espírito!

Se a sua alma não está à venda, não há dinheiro que pague a sua paz de espírito!

Todo mundo gosta de dinheiro. Eu, você, o moço que largou tudo e foi vender água de coco na praia, a moça que virou a mesa e saiu pelo mundo com uma mochila nas costas, o dono da barraca de pastel na feira, o médico que ficou de plantão no feriado, o mestre que ainda insiste que a educação é a única saída digna para a perdida raça humana. A questão é apenas identificar quem é o dono de quem. Parece simples. Mas não é, não! Não é mesmo!

Por enquanto, e isso é uma coisa absolutamente transitória, somos seres de carne, osso e mais uma porção de órgãos e sistemas que precisam funcionar adequadamente para que continuemos vivos. E ocorre que manter um ser humano vivo demanda a manutenção de uma quantidade razoável de itens materiais. Comida, abrigo, descanso, ocupação do corpo e da mente, diversão, segurança, informação, locomoção, convivência.

Todavia, nossas necessidades básicas variam incrivelmente de um indivíduo para outro. Há quem precise de muito pouco para considerar-se alegre e satisfeito em suas aspirações mundanas. Assim como há aqueles que quanto mais coisas adquirem, mais coisas arranjam para desejar, e cobiçar e depender. Tudo é apenas uma questão de perspectiva.

A triste verdade é que quanto mais “bens” você acumular, mais encrenca para sua cabeça você arranjará. A simples decisão de ter um automóvel, por exemplo – ainda que seja um prosaico modelo popular – incluirá a sua desavisada pessoa numa rede de elementos comedores de dinheiro. Ter um veículo motorizado para rodar por aí, acarreta um ônus bastante complexo: seguro, manutenção, impostos obrigatórios, gasto com combustível, estacionamento, e mais uma porção de pequenos e médios investimentos financeiros que impactarão diretamente a maneira como você passará a gastar o seu tempo.

Quanto mais coisas você tiver, mais horas terá de trabalhar para mantê-las. E quanto mais você aumentar suas horas de trabalho, mais vai acreditar que merece comprar mais coisas para compensar o tanto que trabalha. E, não, a equação não fecha nunca. É tipo aquelas dízimas periódicas de números infinitamente repetidos.
E quando menos você esperar, estará soterrado em seus delírios de consumo, e escravizado a um modelo de vida que reduz a sua existência a uma representação tosca de alguma coisa muito pouco parecida com o que se poderia chamar de vida plena.

Se a sua alma não está à venda, não há dinheiro que pague a sua paz de espírito. Porque prosperidade financeira é até bacana… até a página dois… até você descobrir que deixou de ser aquele que possui, para ser um fantoche tolo e caricato que vive em função de um punhado de papel. Que vem andando de joelhos para acumular objetos de desejo além da conta. Que vem vendendo o seu tempo em troca de coisas que, assim como você, não vão durar para sempre.

Imagem de capa meramente ilustrativa. cena do filme “Miss Sloane”

Você colhe o que ama

Você colhe o que ama

Faz assim, recomece. Pare e faça tudo de novo se for necessário. Mas não hesite. Não deixe jogarem os seus sentimentos desapego abaixo. Você colhe o que ama. Ninguém tem o direito de te fazer desistir da felicidade que é estar de bem consigo.

Você não precisa agradar uma plateia para construir o seu próprio caminho. Desde que você se proponha a respeitar e ter empatia pelas escolhas do outro, você pode decidir viver as suas emoções do jeito que melhor entender. E isso começa com você aproximando mais as coisas e pessoas que ama.

Você já passou da fase de aturar gente chata. Já passou do ponto de ficar anestesiada com amores pela metade. Já passou da idade de ter que aceitar relações, trabalhos e estilos de vida que não agregam valor para a sua paz de espírito. É tempo de dar um basta, sim. Você merece.

Você é muito mais do que essas migalhas que andam oferecendo por aí. Você teve a sorte de encontrar consigo e de ter aproveitado para crescer por dentro. Você foi solidão e companhia numa nota só. Então, por que negar muito de você para você? O seu coração não é barganha.

Você não é egoísta, acredite. Você não é trouxa e também não é pior pessoa do mundo. Você é você. E sendo quem é, nada mais justo do que tocar em frente os seus melhores planos, sonhos e lados. Plante o que ama. Seja o que ama.

Confie nos seus abraços. Você não precisa esperar a reciprocidade de ninguém para alcançar a plenitude do próprio amor. Você colhe o que ama, não se esqueça.

Imagem de capa: sergey causelove, Shutterstock

Perdoe a si mesmo pelas escolhas que te fizeram sofrer. Você não tinha a maturidade que tem hoje.

Perdoe a si mesmo pelas  escolhas que te fizeram sofrer. Você não tinha a maturidade que tem hoje.

Não tem outro jeito, sinto muito se estou te desapontando. Sabe, é louvável tudo o que você tem conquistado, especialmente, nos quesitos maturidade e crescimento pessoal. Entretanto, você precisa, definitivamente, entender uma coisa: você precisa perdoar a pessoa que você foi no passado. Compreenda, de uma vez por todas, que ela não tinha a maturidade que você tem hoje. Não a julgue, não a condene. Tudo o que a sua versão do passado precisa e espera de você é compaixão e empatia.

Pare de olhar para o que passou com as lentes da crítica e do arrependimento. Entenda, isso não vai te ajudar em nada. Uma vez que você já identificou onde errou e o que não pode repetir mais em sua vida, o melhor a fazer é encher a alma de gratidão pelos aprendizados e tocar o seu barco. Não, não é fácil olhar para trás e ter a consciência de que foi feito de trouxa, isso causa revolta, dor, constrangimento, raiva e etc.

Indiscutivelmente, é horrível se dar conta de que zombaram e pisotearam as suas atitudes e intenções mais genuínas. Talvez você tinha reservado o que tinha de melhor para ofertar a alguém e recebeu de volta o pior dele. Mas, entenda, cada um oferece o que tem, e você ofertou o seu sagrado. Se não foi valorizado, a culpa não é sua. Não permita que essa experiência te transforme num eterno ressentido.
Olha a situação por um outro prisma. Você adquiriu muitos aprendizados através dos seus desacertos. Não, isso não é uma frase clichê, é fato. Os seus dissabores contribuíram para a construção da pessoa que você é hoje: mais seletiva, mais observadora, mais prudente e, acima de tudo, consciente da sua capacidade de superação. Tudo o que você precisa agora é fazer as pazes com o seu passado. Dê um desconto à sua versão anterior. Não é justo se crucificar pelos erros cometidos, você fez o que estava ao seu alcance, agiu conforme entendia que era certo.

Experimente uma nova forma de olhar para as suas experiências passadas, mude o prisma. Extraia o que teve de positivo. Se, por exemplo, você viveu um relacionamento infeliz e abusivo e saiu dele isso merece ser comemorado. Nem todos tem a mesma capacidade ou sorte de se livrar de algo tão nocivo. Você conquistou o direito de recomeçar e isso é o que mais importa agora. Evite se lamentar pelo tempo em que esteve aprisionado. Se você ficar focado na mágoa e no ressentimento, você não terá condições emocionais de se refazer. Oxigene a sua alma, perdoe-se pelos dissabores, ainda que você tenha permitido, entenda que você estava, de alguma forma, sem imunidade emocional. Hoje o contexto é outro. Perdoe-se pelas escolhas que te fizeram sofrer, isso é fundamental para que você caminhe em paz pela vida e atraia as pessoas e circunstâncias que você merece. Combinado?

Imagem de capa:The Rabbit Hole/shutterstock

Já ficou doente depois de um período de grande stress? A ciência explica

Já ficou doente depois de um período de grande stress? A ciência explica

Alguma vez se perguntou como consegue lidar com o stress de um prazo apertado de entrega de um trabalho, um período de exames, ou a doença de um familiar, mas depois fica doente quando o stress já passou?

Não é um acaso. Trata-se uma espécie de “efeito do relaxamento”, que leva as pessoas a desenvolverem um padrão de doença depois de o stress já se ter dissipado, ao invés de durante o período de maior stress, conforme explica o psicólogo Marc Schoen, professor assistente de Medicina na Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA.

Num estudo de 2014, investigadores da Albert Einstein College of Medicine, Nova Iorque, controlaram diariamente os sintomas e padrões de stress de pessoas que sofriam constantemente de enxaquecas, durante três meses. Os níveis de stress dos participantes não tiveram impacto nas enxaquecas, mas havia uma relação entre a diminuição do stress de uma noite para a outra e o aumento da enxaqueca nas 6 a 18 horas seguintes.

O efeito do relaxamento pode desencadear também sinais de asma, doenças autoimunes, problemas digestivos ede pele, explica Schoen.

“Stress emocional e stress físico têm a mesma resposta inflamatória, o que abre a porta para a doença. Depois do stress passar, há uma regulação do sistema imunitário (…) como uma reação para aliviar o stress”, acrescenta.

Fonte indicada: Visão

                                                              Imagem de capa: Image PointFr/shutterstock

Gosto de você além do apego e do medo da solidão

Gosto de você além do apego e do medo da solidão

Gosto de você como gosto das estrelas do céu; sei que não são minhas, mas dão luz à minha vida e aos meus sonhos. Gosto além do apego porque você faz com que meu mundo pareça mais íntegro do seu lado, porque se encaixa em minhas esquinas, porque você desenha caminhos nos mapas que desejo transitar.

Isso é um amor sem apego. São relações onde não há dependências cegas, e onde cada um dos membros é capaz de respeitar espaços comuns e o desenvolvimento pessoal da pessoa amada, contribuindo com um enriquecimento cheio de reciprocidade.

O amor deve contribuir com alegria e dar a oportunidade de descobrir todos os dias o melhor de si mesmo. Se ele oferecer tristeza e sofrimento, e não queira tê-lo, é dependência. Se enche você de ciúmes, medos e obsessões desmedidas, é apego.

Em algumas ocasiões a palavra “apego” suscita um ou outro desencontro. Não podemos negar que gostar de alguém é desejar estar com essa pessoa a cada instante, é se preocupar, é desejar, é pensar a cada segundo nesse rosto, nessa voz, nessa essência que forma parte de nós.

O amor tem um pouco de obsessão, ao mesmo tempo que tem necessidade, é algo normal, em especial nas primeiras fases. Agora, falamos de apego em seu sentido mais íntegro quando de alguma forma, perdemos nossa própria identidade e nosso equilíbrio interior por essa pessoa.

Não deixamos espaços para possibilitar o crescimento e a liberdade pessoal de cada um. É aí que surgem as desconfianças e, inclusive, a necessidade de controle.

O apego emocional é um tipo de vício muito destrutivo

Relacionar o apego emocional com um vício não é ser exagerado. Pense nessas paixões cegas onde precisamos ter a pessoa amada a cada instante. Nos momentos em que não os temos do nosso lado, o mundo se derruba, desconfiamos e desenvolvemos uma necessidade de controlar o nosso parceiro. É um risco.
Desejar algo não é mau nem perigoso. O desejo dá emoção à vida, estabelece propósitos e prazeres. O risco se inicia quando o desejo se trasforma em necessidade. É então quando aparece o apego e a perda de controle sobre nós mesmos ao pensar que não podemos viver sem a outra pessoa.

É importante poder e saber viver sem a outra pessoa. Não podemos ser barcos à deriva quando não temos o ser querido ao nosso lado durante uns dias. Se houver confiança não há por que desenvolver esses medos desmedidos.

Devemos aprender a viver com nós mesmos e nos sentir plenos, seguros e felizes com o que somos para poder estabelecer uma relação de casal saudável e sem apegos negativos. Ame, mas não precise. Compartilhe, mas jamais dê tudo sem esperar nada em troca, nem sequer reconhecimento.

  • As pessoas precisam de um apego positivo na infância para criar um vínculo com nossos progenitores. Isso nos oferece segurança e a possibilidade de ir crescendo e nos sentindo amados e reconhecidos.
  • Passada essa fase, temos que construir nossa identidade, nossa personalidade e essa integridade onde nos sentir seguros com nós mesmos, com o que somos e conseguimos.
  • Se você se sentir bem, se vê a si mesmo como alguém seguro, feliz e com uma boa autoestima, será capaz de construir uma relação de casal estável e feliz.
  • Não precise de ninguém que preencha seus vazios, porque você não os tem. Não precise que ninguém alivie seus medos porque você não os tem. Não precise que ninguém alivie suas solidões porque você gosta delas.

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Praticar o desapego ou evitar as relações codependientes

De nada nos serve o amor se o entendermos como sofrimento. Se o vemos habitado por essas sombras que nos mascaram com o medo de sermos abandonados, com o temor de sermos traídos ou do fato de depender de outra pessoa até o ponto de nos tornarmos marionetes sem identidade.

Não se dilua na outra pessoa, não faça algo pelo ser querido a um preço tão alto que você acabe se esvaindo, como um envoltório  que acaba de perder sua alma. Vença seu vício ao apego, lute contra as relações codependentes.

Sabemos que essas idéias são fáceis de ler e compreender, mas isso não faz com que, mesmo sabendo, não caiamos em uma relação desse tipo. No amor ninguém tem o controle, mas se você cair em uma situação com estas características, é responsabilidade sua saber reagir quando perceber.

Será o momento de pôr em prática o desapego emocional para caminharmos mais livres, mais seguros. Mais sábios e capazes de amar com integridade e sem medos.

-Se permitirmos o crescimento pessoal do ser querido, vamos ajudá-lo a ser uma pessoa mais rica internamente e com mais nuances que, por sua vez, enriquecerão a própria relação.
-Devemos entender que praticar o desapego não é romper vínculos. Ao contrário, é nos respeitar e elogiar essa confiança cúmplice onde eu “deixo ser” porque “sei que sou amada”, porque amo e confio em quem me escolheu pelo que sou, e não por evitar sua própria solidão.
-O desapego não quer dizer que não se tenha direito de amar, de desejar ou de se iludir por uma pessoa com toda sua alma e seu coração. Trata-se simplesmente de que “nada possua você”. O que o possui impõe vetos, e quem impõe vetos é que não lhe permite ser você mesmo.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

4 coisas apavorantes que você não sabia sobre si mesmo

4 coisas apavorantes que você não sabia sobre si mesmo

Por Lara Vascouto

Tenha medo, muito medo de si mesmo. 

Muito se fala sobre como somos seres superiores aos animais “irracionais”. Você pode se achar muito evoluído quando assiste o seu cachorrinho perseguindo o próprio rabo, mas a realidade é que uma boa quantidade de estudos provam que as suas ações são tão motivadas por fatores biológicos quanto eram as dos selvagens que marretavam a cabeça das mulheres e as arrastavam pelos cabelos há milhares de anos.

Muitos desses estudos chegaram a conclusão que, dependendo da situação, você seria capaz de fazer coisas dignas de campo de um concentração nazista. Coisas como…

Você seria capaz de torturar pessoas por um “bem maior”

Se um pesquisador respeitado de Harvard te pedisse para aplicar perigosos choques elétricos em outras pessoas para provar uma teoria, você o faria? A maioria das pessoas responderia não, mas não foi isso que o experimento de Stanley Milgram demonstrou na prática em meados da década de 60.

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XXX nunca significou nada de bom

Interessado no argumento de que muitos nazistas estavam apenas cumprindo ordens quando mataram milhares de pessoas, Milgram armou um grande teatro em que voluntários do experimento teriam que aplicar choques elétricos em outros voluntários se estes não respondessem algumas perguntas corretamente. No entanto, os voluntários que deveriam ser eletrocutados não eram voluntários coisa nenhuma, e sim atores, que, apesar de não receberem choque nenhum, foram instruídos a gritar de dor, pedir para que os voluntários parassem e se queixar de problemas cardíacos ao longo do experimento. Os torturados – isto é, os reais voluntários e objetos da pesquisa – foram posicionados em outra sala frente a uma grande máquina causadora de dor, com vários botões que indicavam choques de 30V a 450V (dose letal) e que possuía indicações como Choque Moderado, Choque Severo, Perigo e XXX.

A ideia era que, a cada resposta errada, o voluntário teria que aplicar choques cada vez mais potentes no ator que, livre e escondido em outra sala, choque após choque implorava para que o liberassem. Na sala da tortura estava presente o pesquisador responsável pelo estudo (também um ator) que, séria e calmamente, reafirmava aos voluntários que era extremamente importante ou essencial que eles continuassem o experimento até o fim. Apesar de claramente estressados, ansiosos e preocupados, 65% dos voluntários prosseguiram até o último e letal choque de 450V – mesmo quando o indivíduo que estava supostamente sendo eletrocutado ficou mudo e parou de responder às perguntas 3 choques antes.

O experimento de Milgram foi replicado muitas vezes depois disso e ficou conhecido como o Experimento da Obediência, por demonstrar os efeitos que uma figura de autoridade produz em todos nós. O fato de o dono do experimento ser um respeitado pesquisador de uma respeitada universidade (no caso, Yale) deu a confiança que os voluntários precisavam para prosseguir, pois, em seu raciocínio, estavam fazendo aquilo por um bem maior – a ciência. Mais assustador ainda, a presença da autoridade na sala reafirmando a necessidade de o voluntário prosseguir até o fim acabou também fazendo com que ele não sentisse que era inteiramente responsável pela dor que estava infligindo.

A ideia era que, a cada resposta errada, o voluntário teria que aplicar choques cada vez mais potentes no ator que, livre e escondido em outra sala, choque após choque, implorava para que o liberassem. Na sala da tortura estava presente o pesquisador responsável pelo estudo (também um ator) que, séria e calmamente, reafirmava aos voluntários que era extremamente importante ou essencial que eles continuassem o experimento até o fim. Apesar de claramente estressados, ansiosos e preocupados, 65% dos voluntários prosseguiram até o último e letal choque de 450V – mesmo quando o indivíduo que estava supostamente sendo eletrocutado ficou mudo e parou de responder as perguntas 3 choques antes.

O experimento de Milgram foi replicado muitas vezes depois disso e ficou conhecido como o Experimento da Obediência, por demonstrar os efeitos que uma figura de autoridade produz em todos nós. O fato de o dono do experimento ser um respeitado pesquisador de uma respeitada universidade (no caso, Yale) deu a confiança que os voluntários precisavam para prosseguir, pois, em seu raciocínio, estavam fazendo aquilo por um bem maior – a ciência. Mais assustador ainda, a presença da autoridade na sala reafirmando a necessidade de o voluntário prosseguir até o fim acabou também fazendo com que ele não sentisse que era inteiramente responsável pela dor que estava infligindo.

Você prefere estar errado com todo mundo a estar certo sozinho

Você se considera uma criatura bem informada, certo? É razoavelmente inteligente e confiante o suficiente para expressar suas próprias ideias e opiniões. Será mesmo? De acordo com o Experimento da Conformidade de Asch você é muito mais conformista às normas de um grupo do que imaginava. Nesse famoso experimento, o participante é informado de que vai participar de um teste de visão junto com outros quatro ou cinco voluntários. No teste, dois cartazes são mostrados: o cartaz 1 contém três linhas verticais de tamanhos diferentes, enquanto o cartaz 2 contém uma linha vertical idêntica a uma das linhas do cartaz 1. Os voluntários, então, devem responder em voz alta qual entre as três linhas do cartaz 1 é igual a linha do cartaz 2.

Mais uma vez, parte dos voluntários eram atores orientados a dar a mesma resposta errada. O que se observou foi que, quando todos davam a mesma resposta errada, mesmo atrapalhado e confuso, o participante preferia também seguir o resto do grupo dando a mesma resposta. Mais tarde, informados sobre o real objetivo do estudo e questionados sobre o porquê de terem respondido errado, alguns participantes responderam que sabiam que estavam errados, mas não queriam contrariar o grupo e enfrentar o ridículo; outros responderam que realmente acharam que o resto do grupo sabia mais que ele e respondeu o mesmo que os outros para não evidenciar a própria imbecilidade.contioutra.com - 4 coisas apavorantes que você não sabia sobre si mesmo

De qualquer forma, esse estudo prova a nossa necessidade de sermos aceitos pelo grupo a que pertencemos
e explica muitos comportamentos abomináveis que vemos por aí: pré-adolescentes quietos e taciturnos em casa viram macacos descontrolados e barulhentos quando juntos no cinema; torcedores de futebol tranquilos com a família tocam o terror com os colegas no metrô; e você, a imagem do bom senso, dança a macarena com a galera na festa de fim de ano da empresa.

Você deixaria de salvar uma pessoa em perigo

Sabe quando você está andando na avenida Paulista, cheia de gente em plena luz do dia, e pensa que nada de ruim pode acontecer?

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Tá, nem sempre é o caso, mas você entendeu.

Pode parar de se sentir tão seguro, pois a ciência nos mostra que, na verdade, quanto mais pessoas estiverem na rua quando aquele Bob’s que você comeu no almoço resolver fazer o caminho inverso, menor as chances de alguém parar para te ajudar. O chamado Efeito Espectador é um fenômeno psicológico e social amplamente estudado que explica inúmeros casos de negligência por parte de observadores em situações em que alguém é alvo de extrema violência ou perigo. Por exemplo, quando uma bolsa é roubada no metrô na frente de todo mundo e ninguém faz nada.

São dois os motivos principais pelos quais as pessoas se tornam, de repente, “filhos da puta” com um pedaço de gelo no lugar do coração. O primeiro deles diz respeito à difusão da responsabilidade. Você olha para aquele mendigo definhando e pensa: oras, tem mais um monte de gente aqui. Eles deviam ajudar tanto quanto eu. Compartilhando a responsabilidade pela ajuda entre vários indivíduos, você não se sente tão pressionado a tomar uma atitude. O segundo e tão importante quanto é a sua necessidade de se comportar como o resto do grupo (lembra do Asch?). Basicamente, você deixa de tomar uma atitude porque as outras pessoas também não estão tomando nenhuma atitude e você não quer destoar. Isto significa que o comportamento de pessoas completamente estranhas a você está influenciando significativamente o seu comportamento. E você achando que a “pressão dos pares” só acontecia na escola ou em eventos do trabalho.

Você seria capaz de lembrar de algo que nunca viu para agradar alguém

Não se preocupe – você pode até ser capaz de torturar, mentir ou ignorar uma pessoa em perigo para fazer parte de um grupo, mas você tem certeza de que não mudaria sua memória para agradar alguém de propósito. O que acontece é que a memória é uma coisinha complicada. Ela muitas vezes se adapta às nossas próprias expectativas para parecer mais coerente ou fazer mais sentido. Como quando você se convence de que suas férias foram incríveis, mesmo tendo ficado com “piriri” a maior parte do tempo. Claro, as fotos e um bom filtro do Instagram ajudam bastante.

Infelizmente, isso acaba fazendo com que ela não seja muito exata. Foi isso que os pesquisadores Loftus e Palmer descobriram com o experimento do acidente de carro. Nesse experimento, um grupo de pessoas teve de assistir a um vídeo de um acidente de carro e depois responder a perguntas sobre esse acidente. Cada grupo de pessoas recebeu as mesmas perguntas, mas elas foram perguntadas de forma diferente. Enquanto alguns foram interrogados sobre a velocidade dos veículos quando eles colidiram um com o outro, outros foram interrogados sobre a velocidade do veículo quando eles encostaram um no outro; ou trombaram um

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Moral da história: Inocente até que se prove o contrário.

com o outro; ou bateram um no outro, e assim por diante.

O que os pesquisadores descobriram é que as pessoas que receberam as perguntas com palavras que sugeriam uma batida de pouca intensidade (encostaram, por exemplo) responderam uma velocidade menor do que aqueles que foram interrogados com palavras que sugeriam uma batida mais grave (colidiram, no caso). Da mesma forma, a palavra colidir fez com que mais pessoas lembrassem de ter visto vidro quebrado no vídeo do acidente do que a palavra trombar (só para constar, o vídeo não mostrou vidro quebrado). Isso tudo indica que a sua lembrança de um acontecimento continua em construção após o ocorrido, conforme você agrega novas informações de outras fontes – seja de outra testemunha, seja pela fraseologia do seu interrogador.

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Lara Vascouto

contioutra.com - 4 coisas apavorantes que você não sabia sobre si mesmoInternacionalista, ex-Googler e fanática por ler e escrever textos bem-humorados. Optou por ser pobre e feliz na praia ao invés de rica e triste em São Paulo.

Para mais artigos da autora acesse seu blog Nó de Oito

Imagem de capa: siam.pukkato/shutterstock

Meu corpo não é problema seu, mas o seu preconceito é problema nosso

Meu corpo não é problema seu, mas o seu preconceito é problema nosso

Por Janaína Calaça

Do original: Meu corpo não é problema seu, mas o seu preconceito é problema nosso – Algumas considerações sobre gordofobia

Hoje, pela manhã, eu estava passando os olhos pelo Facebook, quando me deparei com uma postagem sobre biquínis para garotas gordinhas e gordas, publicada por uma revista feminina. Os modelos me chamaram a atenção mesmo não sendo adepta ao biquíni (desde criança, sempre preferi o maiô), e depois, por curiosidade, resolvi ler alguns comentários sobre a postagem, porque sei que manifestações preconceituosas sempre aparecem em comentários de posts e artigos relacionados a gordos (sempre, e isso não é uma generalização).

O preconceito em relação a gordos não nasceu hoje; ele é antigo. Convivo com tal presença há anos. Atravessei minha infância e adolescência ouvindo barbaridades por ser gorda. Tornei-me adulta e continuo a ouvir e ler barbaridades e sei que, quando me tornar uma anciã, ainda terei de conviver com os ecos de tanta ignorância e total (total, reitero) ausência de empatia em relação ao outro.

A obesidade tem origem multifatorial. Não se reduz simplesmente à ingestão excessiva de comida. Ninguém é obeso apenas por comer muito; há muito por trás da obesidade. Sedentarismo (quantas pessoas trabalham de seis a dez horas por dia, sentadas diante de um computador?), problemas metabólicos causados por desequilíbrios hormonais, compulsão (que está relacionada a questões psicológicas), e até a questões econômicas e sociais. Muitas vezes o indivíduo não ganha o suficiente para manter uma alimentação saudável e variada e acaba apelando para alimentos rápidos e baratos para sobreviver. Enfim, esses são apenas alguns fatores relacionados à obesidade. Alguns fatores, friso.

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Enquanto você grita que não temos o direito de viver uma vida comum, nós estamos vivendo!

Paralelamente aos desafios cotidianos que todo gordo enfrenta (transporte público, mercado de trabalho muitas vezes excludente à imagem do obeso, a eterna briga com o peso etc.), ainda há a pressão social diária e a agressão gratuita, seja nas ruas, em casa, no ambiente de trabalho, ou até mesmo em comentários de postagens sobre biquínis para mulheres gordas, artigos sobre uma exposição de Botero ou sobre a vida sexual de pessoas obesas. Sempre, pode checar, há uma enxurrada de comentários grosseiros e agressivos sobre nós. Sim, nós, porque eu me incluo neste grupo.

O que me intriga diante dessas manifestações de ódio são os seus motivadores. O que faz uma pessoa agredir verbalmente outra na rua ou na internet por ser gorda? O que motiva o ódio dessas pessoas? O que elas estão tentando preservar? Do que elas têm medo?

Assim como a obesidade é uma questão de origem multifatorial, o preconceito certamente nasce de questões diversas. O problema, no entanto, é tentar entender de onde ele vem e para quem ele trabalha. Quem ganha com o preconceito aos gordos? Quem está lucrando com isso?

 

Vivemos em uma sociedade capitalista e somos bombardeados o tempo todo pelos mecanismos de estímulo ao consumo. Longe de querer reduzir o preconceito aos gordos apenas a isso, não posso deixar, no entanto, de imaginar como muitas pessoas estão sendo utilizadas por essa “máquina” como uma engrenagem, sem mesmo ter noção disso.

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A autora do texto, Janaína Calaça e seu marido Erik Araujo são os protagonistas do blog de viagem Jeguiando! Visite-os e leia mais artigos!

A indústria farmacêutica lucra com a obesidade (vendendo remédios, shakes e uma infinidade de produtos para emagrecimento). Clínicas estéticas lucram com a obesidade (com plásticas, lipoaspirações e outros procedimentos). Academias lucram com a obesidade. Revistas vendem receitas milagrosas para o emagrecimento. Há muitos setores que lucram com o combate à obesidade e que se encontram orquestrados para garantir o fluxo contínuo do lucro.

Usei o termo “orquestrados”, porque, por mais que esses setores pareçam desconectados, eles trabalham juntos para lucrar com o combate à obesidade. A mídia, inclusive, é um grande e importante fator nesta equação. Ela dita os padrões (somos bombardeados o tempo todo pelo padrão “magro” como o ideal a ser alcançado), que são assimilados por uma parcela considerável da sociedade, que não só reproduz tal padrão, como pressiona aquele que não se encaixa nele. E essa pressão ou se dá de forma mascarada por uma pseudopreocupação com a saúde alheia ou por meio de ataques grosseiros e diretos. Disse “pseudopreocupação com a saúde alheia”, porque duvido muito que a minha obesidade ou a de quem quer que seja atinja diretamente a vida de alguém.

Penso, então, que o preconceito ao gordo, que deve ter razões diversas, também bebe da nossa sociedade de consumo, que não só cria padrões, como usa esses padrões para continuar a lucrar. O preconceituoso, dessa forma, acaba sendo uma peça importante nessa engrenagem. Ele faz a pressão sobre o gordo acontecer, faz o gordo partir para dietas e remédios milagrosos, para intervenções cirúrgicas invasivas, para a punição e rejeição ao seu corpo. O preconceituoso, no entanto, muitas vezes nem sabe o quanto é manipulado nem identifica que é apenas um joguete. Ele acredita que aquilo que profere como discurso é fruto de sua “opinião”, mas nem consegue imaginar o quanto a sua “opinião” é construída e reiterada em seu imaginário por mecanismos silenciosos e eficientes. O preconceituoso é um indivíduo que se esqueceu de analisar o mundo criticamente, mas que ainda acredita no contrário.

Não saberei responder à pergunta que fiz a mim mesma em um dos parágrafos do texto. Não saberei responder quais seriam os motivadores do ódio às pessoas gordas, das agressões gratuitas, do grito de muitos de que não temos o direito a viver uma vida como todos. Apenas continuo a afirmar que, por mais que a sociedade nos aponte o caminho da homogeneização, tentando nos fazer acreditar que devemos obrigatoriamente e cegamente seguir padrões, temos que, individualmente, lutar pelo contrário: pelo respeito à diferença. E não só pelo respeito à diferença, mas sobretudo pela inclusão. Devemos lutar cada vez mais por uma sociedade inclusiva e não excludente, em que as diferenças não sejam atacadas, combatidas e violentadas, mas acolhidas em sua pluralidade. Portanto, meu corpo não é problema seu, mas o seu preconceito é problema nosso.

As boas pessoas também têm direito de dizer “chega”

As boas pessoas também têm direito de dizer “chega”

As boas pessoas não tiram férias nem têm horário de trabalho. Ninguém as recompensa pelo que fazem, nem elas desejam esta recompensa. São feitas de um material pouco usual, mas é desse modo que entendem a vida, e é assim como fala a elas o seu coração.

Entretanto, ser bom não é ser ingênuo. É ter valores próprios pelos quais lutar e que nos definem, mas no momento em que nos sentimos vulneráveis ou usados de forma egoísta, há algo por dentro que começa a se quebrar.

No momento em que as boas pessoas se deixam levar por uns e por outros sentindo a sombra do egoísmo em cada movimento, aparece a sombra da decepção. Então já não esperam nada, porque deixam de acreditar em si mesmas.

Na realidade, é algo mais complexo do que pensamos. Quando alguém faz as coisas por livre e espontânea vontade, é seu espírito quem o guia, é a espontaneidade e sua própria integridade. Mas quando outras pessoas vulneram esses princípios para chegar a um objetivo em busca de um benefício próprio, em lugar de culpar quem os manipulou, elas culpam elas mesmas. É o mais comum.

As boas pessoas ouvem que são ingênuas, que dão muito, que não sabem intuir as coisas, as pessoas…. E tudo isso, todos estes comentários negativos, vão minando pouco a pouco a autoestima de um modo perigoso.

As boas pessoas e seus castelos

contioutra.com - As boas pessoas também têm direito de dizer “chega”

Quando percebemos a invasão dos outros em nossos espaços pessoais, costumamos criar estratégias para nos protegermos. E mais ainda, responsabilizamos os outros por esta ofensa. Mas no caso das boas pessoas, isso nem sempre acontece desse modo.

Devemos ter claro que todos nós precisamos ter um espaço de controle, um limite pessoal depois do qual é obrigatório elevar nossos muros para não ficarmos vulneráveis. Para se convencer ainda mais sobre isso, é importante ter em conta esses simples aspectos:

Estabelecer limites não vai afastá-lo dos outros

As boas pessoas têm todo o direito de dizer “chega” sem que sejam chamadas de egoístas. Sabemos que quem as rodeia está mais do que acostumado a que sempre digam sim, a que estejam disponíveis com um sorriso.

  • Estabelecer limites vai ajudar você a conhecer a si mesmo e aos outros. Você deve saber até onde quer chegar, e a partir daí, devem se ajustar também os demais.
  • No momento em que estes limites estiverem claros, as relações serão mais saudáveis.
  • Isso o ajudará a ter um melhor conhecimento de si mesmo/a.

Mesmo o amor precisa de limites

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Se alguém pensava o contrário, está enganado. Não há contexto mais necessário no qual marcar limites claros do que nas relações afetivas, familiares ou de amizade. Em realidade, não haverá forma mais afetuosa e de companheirismo do que poder dizer com tranquilidade um “não” sem nos preocuparmos com medo de que a outra pessoa se sinta ofendida ou contrariada por isso.

Dizer “eu gosto de você” não irá se traduzir jamais em “estou disposto a fazer o que você me pedir no momento em que você desejar.”

Gostar de alguém, seja esse alguém seu par, um amigo ou até um familiar, é poder atuar com liberdade de acordo com nossos princípios, sabendo que vamos ser respeitados a todo momento.

Dizer “chega” nunca o fará ser má pessoa

Antes de convencer os outros, você deve se convencer a si mesmo. É necessário poder dizer “chega”, e dizê-lo em voz alta com convicção, sem nos envergonharmos por isso nem nos sentirmos mal. Pense que se dia após dia, você ceder em tudo aquilo que lhe pedem, o que acaba acontecendo, na verdade, é que estão roubando sua energia, a autoestima, e, por sua vez… vão convertê-lo em alguém que você não é.

Chegará um momento em que, quando desejar ajudar alguém de verdade, isso vai se tornar impossível. Você não terá forças, nem ânimo, e pior ainda, já não acreditará em você.

A importância de traçar uma linha imaginária entre você e os outros

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Criar limites ao seu redornão é como criar, da noite para o dia, uma linha de castigopara os outros, onde você fica isolado e protegido ao mesmo tempo. É exatamente o contrário…

Traçar limites não é levantar muros. Visualize-o como uma linha de luz, como uma linha de energia que você traça ao redor do seu corpo, onde suas energias, suas emoções e seus valores ficam protegidos.

Tudo isso vai oferecer a você a segurança de estar agindo com integridade para construir autênticas relações positivas. Desse modo, quem de verdade gosta de você vai compreender, porque as boas pessoas, apesar de não quererem nada em troca, precisam de reciprocidade e de respeito.

Imagens cortesia de Karen Jones Lee, Miranda Klark, Art Graphic Swit

Texto original de A mente é maravilhosa

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