E quanto a você, quais sãos seus planos para o futuro?

E quanto a você, quais sãos seus planos para o futuro?

O futuro me enche de expectativas. Faz-me pensar em quem quero ser quando chegar lá na frente, e os anos acumulados, me tiverem preenchido várias décadas. E quando tiver chegado lá, espero conseguir rir dos meus desacertos e ter mais coragem para tentar o que hoje me causa medo.

Desejo ter mais maturidade, para que a opinião alheia não tenha tanto peso sobre mim. Espero ter mais disponibilidade para partir, sem me despedaçar nas despedidas; que eu consiga mudar de lugar, ou de jeito, sem que isso parta meu coração. Quero ter um pouco mais de fé, acreditar piamente que tudo acabará bem e que eu posso me acalmar e esperar esse tempo chegar.

Quero conhecer mais gente, sem a obrigação de construir amizades, para que não sejam precipitadas. Quero refletir luz e serenidade, para que se saiba que o tempo me ensinou o devido valor de cada coisa.

Quero dar mais valor ao menos, aos pratos simples, aos sentimentos descomplicados. Não pretendo mais correr da chuva; espero correr para o abraço, para comemorar este jogo maravilhoso que é a vida.

Quero ter a ousadia de arrancar meus chinelos ou sentar a sós comigo na praça sem ter medo do que pensarão de mim. Espero não ter receio de dias nublados, por ter aprendido que a chuva é tão indispensável quanto o sol.

Desejo rir à vontade. Eu e as marcas de expressão que a passagem do tempo quiser me dar. Quero ter uma presença luminosa, uma alma esperançosa, uma alegria fabulosa.

Quero ser diferente, porque os protocolos e os modos pré-concebidos são para aqueles que não perceberam que a vida é uma oportunidade imperdível.

Espero viajar, ao redor do mundo, ou para uma nova idade, e absorver os ensinamentos que essa mudança me trará. Que eu saiba conviver com meu semelhante e respeitar suas diferenças, e suas opiniões contrárias.

Quero ter força o suficiente para me erguer dos desapontamentos, olhar pra frente ou encarar meu passado. Que eu não me canse de viver, nem de ser. Que eu seja cada dia melhor, um dia após o outro.

Desejo que todos saibam o quão importante é não desistir. E que as invejas, pretas ou brancas, sejam substituídas pela vontade de tentar também.

Quero ter mais sabedoria, mais resistência, viver com mais satisfação. Que o futuro seja exatamente assim, sem tirar nem pôr, e conspire a meu favor.

Mas que antes de tudo isso, eu entenda o valor do agora. E quer saber o que eu tenho feito dele? Ele está me ensinando o passo-a-passo. A pessoa que pretendo ser está em processo de construção.

Imagem de capa: il21/shutterstock

Às vezes, de tanto perder, a gente passa a sentir medo de ter

Às vezes, de tanto perder, a gente passa a sentir medo de ter

Não temos controle sobre os acontecimentos, mas podemos controlar o que guardamos dentro de nós, mantendo o que enriquece e esquecendo o que não contribui em nada.

Essa vida nossa de cada dia não é fácil. Os problemas parecem se avolumar com a passagem do tempo e, pior ainda, quanto mais vivemos, mais pessoas perderemos, inclusive aquelas que nos eram porto-seguro: nossos pais. Nada é previsível, tudo pode mudar em um átimo de segundo, não há nada que não possa ser virado de cabeça para baixo. Sim, ganhamos muito com as experiências, mas sempre existirão perdas irreparáveis pelo caminho.

Embora as incertezas que nos envolvem sejam inúmeras, acabamos nos apegando a certas coisas, certos momentos e a determinadas pessoas, na tentativa de salvaguardar um pouquinho de segurança em nossas vidas. E, nesse sentido, não raro nos prendemos a muito daquilo que nada acrescenta, a lembranças dolorosas, a pessoas que ficam ali sem estarem juntas de verdade. É assim que, mesmo achando que temos coisas nossas e pessoas próximas, de fato estamos perdendo: perdendo tempo, perdendo afeto, perdendo um pouco de nós mesmos a cada dia.

Ainda assim, por mais que nos enganemos com a permanência ilusória do que achamos ser nosso, impossível não percebermos o tanto de gente que se vai, de oportunidades que se distanciam, de momentos que ficam lá atrás. A gente vai caminhando e deixando tanto pelo caminho e, enquanto nos agarramos ao que não tem serventia, muitas vezes deixamos escorrer por entre nossas mãos o que deveria ficar. E o que ficou forçado se fragiliza, enfraquece e acaba indo embora também, uma ou outra hora.

É por isso que muitas pessoas, com o tempo, acabam não se permitindo mais amar, não se entregando, não se abrindo, fechando-se em si mesmas, fugindo ao amor, à amizade, a qualquer tipo de relacionamento. Deixam a dor preencher toda a sua essência, não reservando espaço para o prazer dos encontros verdadeiros, tornando-se incapazes de tentar de novo. É por isso que tantas oportunidades e tantas pessoas especiais passam e se deixam escapar.

Infelizmente, a dor da decepção é imensa, porém, ela jamais pode ser mais forte do que a esperança que todos devemos carregar dentro de nós. Esperança no amanhã, na vida, no amor, em nós mesmos. O que for nosso de fato ficará para sempre, dentro de nossos corações, de nossa alma, pois a força do amor sempre será mais forte do que tudo, até mesmo do que a dor da morte. Não temos controle sobre os acontecimentos, mas podemos controlar o que guardamos dentro de nós, mantendo o que enriquece e esquecendo o que não contribui em nada. É assim que que a vida respira dentro de cada um de nós.

Imagem de capa: hareluya/shutterstock

Mulheres não gostam de água pela canela

Mulheres não gostam de água pela canela

Algumas histórias ficam sem explicação. Alguns enredos chegam ao fim apresentando mais perguntas que respostas. Alguns desfechos deixam vazios que nunca poderão ser preenchidos.

Se uma história foi importante, se em algum momento houve a intenção de que não acabasse nunca, se existiam planos e sonhos em comum, se havia amor e principalmente alegria, o mínimo que esperamos é que nossa falta seja sentida e sofrida.

Porém, na prática não funciona assim. Nem sempre sentirão a nossa falta como gostaríamos que sentissem. Nem sempre seremos o gatilho pra uma noite de nostalgia regada a álcool e lembranças. Nem sempre seremos saudade. Nem sempre seremos dor pela vida que não se concretizou.

Nunca saberemos a real medida do abandono de um coração que já foi nosso e não é mais. Nunca saberemos se nossa falta foi realmente sentida, lamentada, vivida e doída. Nunca teremos a exata noção do quanto fomos importantes e do quanto deixamos de ser. Jamais conheceremos os pensamentos traiçoeiros, as lembranças fora de hora e os arrependimentos secretos daqueles que sentem nossa falta.

Há quem diga que homens têm aquele botão “liga/desliga”, e por isso estariam menos propensos a sofrer pelo fim de uma relação importante. Porém, gosto de acreditar que lidamos de formas diferentes com a dor. Que, felizmente, as mulheres podem contar com uma rede de solidariedade feminina _ a tal da sororidade _ que nos ajuda a processar o luto pelo fim de uma relação importante através de conversas, desabafos, taças de vinho, abraços, empatia e algum choro. Já os homens, com algumas exceções, teriam mais dificuldade em exteriorizar o sofrimento, e talvez por isso disfarcem melhor o quanto estão quebrados por dentro.

Porém, como na letra de Chico Buarque, desejamos ser os primeiros a superar o fim de uma relação importante: “Olhos nos olhos, quero ver o que você faz ao sentir que sem você eu passo bem demais…” e nos ressentimos com a facilidade que algumas pessoas têm de se refazer rapidamente após o rompimento conosco.

Mulheres não gostam de água pela canela. Elas mergulham fundo na busca de explicações, argumentos e justificativas que validem o fim de uma relação. Elas ventilam os sentimentos, arejam a dor, expõem as lembranças… enquanto eles, na maioria das vezes, trancam as histórias e dores no fundo de uma gaveta e escondem as chaves de si mesmos.

Mas ninguém sabe o que vai dentro do coração do outro. Ninguém sabe se a aparente “virada de página” representa uma genuína superação ou uma fuga. Ninguém sabe se o tempo não será capaz de um dia trazer de volta aquilo que não foi realmente superado, e sim sufocado.

Tenho muita sorte de ter amigas que estiveram comigo nos momentos em que vivi o luto de uma relação. Elas me ajudaram a me curar, a me reerguer, a reencontrar o caminho para meu amor próprio. Minha mãe foi uma dessas mulheres. Me pegou no colo, enxugou minhas lágrimas e me ouviu com amor. Orou comigo, me trouxe uma flor e me lembrou o quanto sou especial. Hoje sigo tentando ser essa mãe amiga também. Tentando ensinar ao meu filho que, embora ele seja homem, não precisa ter vergonha de chorar, de exteriorizar o que sente, de demonstrar afeto e compaixão.

Está provado cientificamente que o fato de formarmos uma rede de solidariedade e amor, em que podemos exteriorizar nossos sentimentos e emoções umas com as outras, faz de nós, mulheres, mais resistentes a doenças e aumenta nossa expectativa de vida. Falar liberta, alivia, regenera. Falar traz entendimento, consolo, recuperação. Falar aproxima, reconforta, cura.

Não é que homem supera mais rápido. Na verdade eles externam menos a dor. Isso pode não ser unanimidade, mas tem razão de ser. Cada um à sua maneira, estamos todos tentando resolver nossos traumas, frustrações e decepções. Ninguém está imune a amar, e amando, se sentir vulnerável, frágil, oprimido. A boa notícia é que passa. Passa e leva embora nossos fantasmas, nossos pontos de interrogação e, principalmente, nossas mágoas…

Imagem de capa: Prostock-studio / Shutterstock

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Se você é feliz fazendo algo que incomoda a quem você ama, vá amar outra pessoa.

Se você é feliz fazendo algo que incomoda a quem você ama, vá amar outra pessoa.

Qualquer coisa. Se você sente felicidade fazendo algo, qualquer coisa simples que seja, é porque isso lhe toca o coração, conversa com a sua alma, faz a vida valer a pena. Não é pouco. E quando a gente encontra o que nos faz feliz, a gente não larga por nada nem por ninguém. Pelo menos não devia.

Mas o mundo vai cheio de gente repetindo que por amor a alguém se faz de tudo, até abrir mão do que nos faz felizes. Pode haver contrassenso maior do que esse?

Então você imagina uma pessoa que adora dançar, foi feliz a vida inteira dançando e, de repente, deixa de fazê-lo porque seu marido, sua esposa, namorado, namorada ou algo que o valha “não gosta”. Eu conheço meia dúzia.

Tem gente que abandona planos, sonhos, projetos, pessoas queridas, velhos hábitos, tudo, porque foi obrigada a escolher entre uma coisa e outra. Ou faz o que gosta e o que quer da própria vida ou decide vivê-la ao lado de alguém que exige sacrifício, escolha, concessão, entrega e essas coisas que pertencem ao mundo dos contratos, não dos amores. Deus me livre e guarde!

Não sei você, mas eu não deixo de fazer o que me faz feliz para fazer feliz outra pessoa nem que a vaca tussa! Não descubro um santo para cobrir o outro, não. Eu, hein!

Deixar para trás algo que me dá alegria só para satisfazer a vontade egoísta de outro alguém é um gesto burro e maldoso comigo mesmo. Em sã consciência, não faço o que faria de mim um sujeito infeliz.

Se a felicidade do outro depende da minha infelicidade é porque somos incompatíveis. Não devemos ficar juntos. Melhor é seguirmos cada um o seu próprio rumo. E a felicidade há de nos encontrar no caminho.

Tem nada, não. Todos somos incompatíveis aqui e ali. Nossas discordâncias são inevitáveis. Discordar é saudável e quase sempre se pode negociar e fazer concessões em nome do bom convívio. No entanto, certas coisas são inegociáveis e cada um sabe, lá no fundo do coração, até onde pode ceder.

Para mim é muito simples. Se aquilo que faz você feliz não faz sentido para quem você ama, vá amar outra pessoa!

Brigar para quê? Por que motivo investir energia tentando convencer o outro a aceitar que você seja exatamente quem é, que faça o que lhe toca o coração, que siga fazendo o que ama e concilie os seus gostos e as suas preferências com as responsabilidades de seu relacionamento amoroso? O outro já devia ter se tocado faz tempo!

Aqui, entre nós, se aquele com quem você decide caminhar não respeita agora o que você faz, não se iluda achando que isso vai mudar: ele não vai respeitar nunca! O tempo não vai amansá-lo nem demovê-lo da ideia ridícula, cruel e ególatra de impedir você de fazer o que gosta, de ser quem você é.

Sei lá. Eu só acho que se é tudo questão de escolha, eu escolho ficar longe de quem me obriga a escolher.

Imagem de cpa: BlueSkyImage/shutterstock

É preciso não ter medo de chover se quisermos florescer

É preciso não ter medo de chover se quisermos florescer

Guimarães Rosa dizia: “O que a vida quer de nós é coragem”, e eu concordo plenamente, pois somos a sucessão de escaladas e abismos, somos nossa tormenta e nossa redenção, o início e o fim de nossas inquietações. Travamos batalhas interiores diariamente, e conseguir conduzir nossos pensamentos, emoções e desejos a um lugar de paz é nosso maior desafio.

Outro dia assisti a um vídeo do filósofo Leandro Karnal e me encontrei em suas palavras. Ele dizia que o pensamento das mulheres é um pouco distinto ao dos homens no que se refere à zona de conforto. Dizia que os homens são mais inclinados a permanecer na zona de conforto, enquanto as mulheres procuram mergulhar mais profundamente em seus sentimentos e emoções. Resumindo: somos mais inclinadas a questionar, debater, trazer à tona aquilo que não é escancarado mas não pode ser sufocado.

Às vezes, para conseguir escalar a cordilheira, a gente precisa recuar um pouco para recobrar o fôlego. Assim também acontece que, às vezes, para seguir em frente, precisamos nos reconciliar com nosso passado, com nossa história. Não temer destampar antigos curativos para que possam ventilar; arriscar cair um pouco para então se levantar; ousar desatar antigos nós para enfim continuar.

Olhar para trás e encarar o que doeu, o que feriu, o que machucou não é simples e não acontece da noite para o dia. Muitas vezes passam-se anos até que possamos ter coragem de rever a dor, para que ela não nos defina mais. Permanecer na zona de conforto nos protege, mas não nos ensina a transformar os cacos de vidro em novos vitrais.

Às vezes temos que dar um tempo nas linhas retas onde escrevemos nosso presente para rever as linhas tortas que deixamos para trás. Quem sabe assim a gente consiga acertar aquelas pautas também, nem sempre usando a borracha, mas entendendo e perdoando o contorno daquilo que de alguma forma saiu dos eixos. Só assim permanecemos livres e prontos para o que vem pela frente.

Eu acredito que, na maior parte do tempo, somos as experiências que vivemos, as pessoas que amamos, as saudades que deixamos, as escolhas que fizemos. Por isso, tudo precisa estar em equilíbrio; qualquer linha solta, mesmo que no início de tudo, pode modificar o desenho final. Muitas vezes preferimos não saber, não lidar com isso, não cutucar o vespeiro. Mas ele está ali. Mesmo que a gente não olhe pra ele, ele continua à espreita. Então é preciso coragem e disposição para sair da zona de conforto. Para ousar retroceder e só então alcançar o cume da montanha…

Imagem de capa: Boiko Olha / Shutterstock

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As pessoas intensas vivem como se não houvesse amanhã.

As pessoas intensas vivem como se não houvesse amanhã.

Eu desconfio que o ponteiro do relógio das pessoas intensas veio com um defeito de fábrica, pois ele é mais acelerado que os demais. Entretanto, deixo claro que isso está longe de ser uma crítica sobre o comportamento delas, ou melhor, comportamento nossos. Para uma pessoa intensa, a vida urge além do normal, e, nem de longe, espere dela uma atitude “morna” quando algo a interessa. Tudo para ela é 8 ou 80. Se algo não desperta o interesse dela, esqueça, ela será uma barra de gelo. Mas, se algo desperta o querer dela, nada nem ninguém poderá contê-la.

Os intensos obedecem a um norteador que é acionado pela alma deles, é como se diante de algo que os atraia, um “dispositivo” acionasse um alarme e uma voz num megafone dissesse bem alto: “vá com tudo, não perca tempo…se jogue”. São pessoas que se entregam com tudo, sem reservas. Isso se aplica a todos os contextos de suas vidas: profissão, hobbies, amizades… e, obviamente, às dores. Ah, e o que esperar de um intenso quando o assunto é amor? Vixi…muita calma nessa hora, aliás, nada de calma, é uma verdadeira avalanche…é temporal…é como romper as comportas de uma represa. Nunca espere um beijo insosso de uma pessoa intensa, se for para beijar assim, ela prefere ficar sem beijo. O abraço dela é diferente, tem uma entrega especial. Tudo parece ser maximizado, mesmo os detalhes mínimos. Quem já se relacionou com um intenso sabe disso, ele é capaz de embarcar num ônibus e ir para outro estado de uma hora para outra após uma conversa de whatssap com seu amor, que despertou uma saudade furiosa, ainda que fique com ele somente 18 horas.

Para os intensos não existe o amanhã, aliás, pensando bem, eles estão certos, afinal, que garantia temos de que o amanhã vai chegar, não é mesmo? Mas nem tudo são flores na vida dessas pessoas. Existem os bônus e os ônus, como tudo na vida. Os bônus é viver tudo com verdade e sem reservas. Os ônus é o fato de eles se entregarem à dor tanto quanto se entregam às paixões. Isso mesmo, eles também não tem reserva na hora de sofrer e enfiam a cara na dor. Mas no tempo deles, eles se refazem e estarão prontos novamente.

Nunca julgue um intenso como ansioso ou destrambelhado…eles são apenas pessoas que sentem com a alma e não conseguem(e nem querem) economizar a euforia diante de algo que os encanta. Eles não conseguem se conter ao ouvir uma música que eles gostam…eles aumentam o volume, eles dançam, eles arrepiam, eles choram…eles fazem poesias. Por fim, deixo uma dica: nunca tente “acalmar” uma pessoa intensa. Ela é linda por ser exatamente assim. Se você acha desgastante se relacionar afetivamente com alguém cuja alma transborda, deixe-o e procure alguém comedido. Tentar impedir uma pessoa de expressar a sua intensidade seria uma crueldade, seria algo parecido como impedir um pássaro de voar.

Imagem de capa: bedya/shutterstock

Elegância é algo que a gente carrega e não veste.

Elegância é algo que a gente carrega e não veste.

Ser elegante vai além de ter bom gosto com roupas e saber se vestir. Elegância é algo que a gente carrega e não veste.

Regras de etiqueta da vida e não do armário para uma vida onde elegância é sinônimo de educação e bom comportamento.

Sabe o que é mesmo elegante? Ter bom senso e respeito.

Não é preciso estar em cima de um salto alto ou dentro de um terno caríssimo para ser elegante. As atitudes enfeiam pessoas que não tem bom comportamento.

A elegância está na simplicidade de um bom dia sincero para o porteiro que passou a noite toda acordado, no falar baixo quando o outro está perto, no saber ouvir quando o outro fala, e no saber sorrir quando isso é tudo o que você pode oferecer. No saber agir sem agredir.

Uma pessoa elegante tem encantamento na voz, fala com propriedade e tem jeito com as palavras. Sabe chamar a atenção sem ser rude, saber observar sem se intrometer, sabe respeitar o espaço alheio.

A elegância está no tom da voz e no silêncio que também comunica. Na forma de se posicionar quando precisa, no jeito de ver o mundo.

Um pessoa elegante não vive de fofocas, não inventa mentiras e não se mete em baixaria. Quem é elegante tem positividade, atrai pessoas do bem, vibra com a vida, com os sucessos, torce pelo outro, não tem inveja, carrega alegrias e otimismo, e sente com verdade. Não sabe viver de oportunismos, sabe se colocar nas oportunidades e não puxa saco nem tapete.

Elegância está no “com licença” e “muito obrigado”. No reconhecimento do esforço, na empatia e na colaboração.Está na mão que ajuda, está também na gratidão
E quanto mais conheço pessoas, mais percebo que a elegância está vestida de simplicidade e não de rótulos e invólucros sociais. Encontrei mais elegância calçada de chinelos que vestida de etiquetas, e isso não tem haver com situação financeira, mas com referência de vida, criação e sabedoria.

Encontrei a elegância no ser e não no ter, e percebi que é mais elegante aqueles que se vestem de amor.

Imagem de capa: Inspiration GP/shutterstock

Nível de paciência: se a pessoa diz que vai embora, desenho-lhe um mapa

Nível de paciência: se a pessoa diz que vai embora, desenho-lhe um mapa

Ninguém consegue manter um mínimo equilíbrio emocional aturando gente que vive tentando puxar o tapete, que transpira falsidade, que sempre erra, mas nunca muda, que volta para casa, mas não nos enxerga, que acorda e dorme sugando, sem nem ao menos dizer bom dia.

É fato que precisamos exercitar a paciência e a tolerância junto às pessoas com quem convivemos, uma vez que essa é uma das melhores formas de evitarmos aborrecimentos e de conseguirmos seguir sem machucar os outros, por conta de egoísmo. Mesmo assim, sempre haverá quem nos testará quaisquer limites de nossa sanidade emocional, colocando-nos à prova, tentando nos diminuir e folgar sobre nossa solicitude.

É preciso respeitar opiniões contrárias às nossas, modos de vida que não condizem com o que estamos acostumados, bem como o tempo de cada um. Nem todo mundo retornará na mesma medida, nem corresponderá às expectativas que nós próprios criamos sobre os outros, simplesmente porque a vida é de cada um. Ninguém é obrigado a satisfazer às necessidades alheias, tampouco a viver de acordo com o que o outro espera. A diversidade é fato e não tem como mudá-la.

Ainda assim, há que se estabelecerem limites claros entre o que cada um aceita, o que cada um pensa, o que cada um vive, para que terrenos diferentes não ultrapassem as áreas que concernem a cada um. Temos o direito de viver os nossos sonhos, de buscar as nossas metas, de alcançar a felicidade à nossa própria maneira, desde que não machuquemos ninguém nesse percurso, desde que a dignidade de cada um seja respeitada.

Em se tratando de relacionamentos, quando se unem duas histórias diversas, da mesma forma devem ser postos os limites de cada parte envolvida, para que ambos se doem e se enxerguem enquanto indivíduos que possuem algo dentro de si que precisa ser respeitado e levado em conta. Concessões, mudanças e ajustes deverão partir de ambas as partes, pois, quando uma pessoa não consegue sair de si mesma, por um minuto que seja, sem enxergar além do próprio umbigo, todo e qualquer peso somente recairá do outro lado, que fatalmente acabará vergando, uma ou outra hora.

É humanamente impossível aguentar por muito tempo quem só critica, reclama o tempo todo, quem vive de fofoca atrás de fofoca, quem só quer receber, cada vez mais, sem nada oferecer. Ninguém consegue manter um mínimo equilíbrio emocional aturando gente que vive tentando puxar o tapete, que transpira falsidade, que sempre erra, mas nunca muda, que volta para casa, mas não nos enxerga, que acorda e dorme sugando, sem nem ao menos dizer bom dia. Ou seja, se limites são necessários e essenciais, até mesmo a nossa paciência tem limites – e eles devem ser bem claros.

Imagem de capa: pathdoc/shutterstock

Está na hora de mostrar ao whatsapp quem é o dono da situação

Está na hora de mostrar ao whatsapp quem é o dono da situação

Eu sou do tempo dos bilhetinhos na sala de aula. Dos desencontros que geravam brigas homéricas com o namorado. Das filas nos orelhões na cidade em que fiz faculdade. Da falta de informação, que só era atualizada às 20 horas, com o JN. Das noites em claro ao lado da minha mãe, que não sabia por onde andavam meus irmãos. Das mesas de carteado. Dos barzinhos lotados, onde a gente tomava cerveja e ninguém ficava de olho no celular, porque ninguém tinha um.

O mundo mudou rápido, e com ele chegou o tão maravilhoso Whatsapp. Foi paixão à primeira vista. Imediatamente você escolheu uma foto muito bacana para o perfil e adicionou todos que conhecia. Ficou feliz em ser adicionado ao maior número de grupos possível e se empolgou com as mensagens cheias de significado que recebeu. A cada “plim” do celular, você tinha mais certeza de que a vida ganhava outro sentido. Reencontrou amigos distantes, tranquilizou o coração da sua mãe, ficou por dentro dos comunicados da escola do seu filho, deu folga à formalidade do telefone, adquiriu molejo para abordar o crush.

Porém, aos poucos foi percebendo que estava se tornando refém do aplicativo. As pessoas, que antes você queria sempre por perto, começaram a cobrar feedback imediato, e você, pessoa educada que é, tentou dar conta do recado. Enquanto seu marido jantava sozinho e seu filho ficava sem resposta para mais um “por que”, você digitava freneticamente dando conselhos àquela amiga que só entra em canoa furada. Enquanto permanecia online, outras mensagens chegavam e, como ainda não há um modo de ficar invisível, você perdia o jantar e os momentos preciosos ao lado daqueles que ama em prol de uma política de boa vizinhança com aqueles que estão longe.

Então sua mãe, seu pai, sua tia, seu sogro e até sua avó foram fisgados pelo Whatsapp. Você fez festa, aplaudiu, teve orgulho da turma que não se intimidou com o progresso e a tecnologia. Mas daí você descobriu que eles estavam muito mais empolgados que você. Muito mais preocupados com o mundo também. E muito, mas muito mais engajados também. E entre achar graça e se preocupar com a nova onda entre os mais velhos, você tentou passar alguma dica importante: “não é tudo que a gente compartilha…”; “nem tudo é verdade…”; “você precisa ser seletivo…” e torceu para que eles ouvissem. Por não haver regras ou etiquetas para o uso do aplicativo, muita gente fica vulnerável a boatos, correntes de ódio, informação deturpada e “palestras” de pessoas desinformadas e despreparadas.

Hoje, diante dos benefícios e prejuízos que a internet trouxe, sinto-me privilegiada por conseguir manter um pouco de sanidade diante do whatsapp e suas delícias, discórdias, angústias e recompensas. Porque nada é só bom ou só ruim. O importante é aprender a usar, sem me sentir rejeitada quando a mensagem é visualizada e não respondida; sem me sentir cobrada toda vez que ouço o “plim” do celular; sendo seletiva e cuidadosa com as informações que compartilho; silenciando os grupos que participo para que o excesso de mensagens não me canse; sendo menos ansiosa à espera de respostas importantes.

Está na hora de mostrar ao Whatsapp quem é o dono da situação. Não quero ser dependente de suas notificações; submissa à sua urgência; obediente às suas ordens; desassossegada perante suas inconstâncias; crente em sua capacidade de substituir um contato físico, um olhar, uma certeza. Também quero ter meus momentos de quietude, longe de todos e perto de mim. Quero a liberdade de atrasar uma hora ou dez para me decidir, sem ser denunciada pelo momento em que estive online pela última vez. Quero a tranquilidade de desconhecer o momento em que fui lida, para não criar histórias mirabolantes dentro de mim só porque a resposta se atrasou. Quero a paz planejada de um estado offline sem que isso me cause mais angústia, e o encontro com uma caixa de mensagens vazia sem que isso me cause qualquer desconforto.

Sou filha de um tempo simples, em que a conta de telefone custava caro, e a gente escrevia cartas enormes para os amigos nas férias. As fotografias eram reveladas depois que o filme de 36 poses acabava, e as músicas eram gravadas em fitas, que a gente presenteava quem amava. Tudo era mais difícil, mais demorado, mais suado… mas a gente era dono da própria situação. Se tinha que resolver um assunto, era olho no olho, cara a cara. Se queria dar um tempo, vestia um pijama e esquecia. Era preciso mais paciência com as demoras, mas havia uma liberdade, uma possibilidade de não ser encontrado, uma alegria no anonimato e um respeito pela própria ordem interna que recompensavam todo o resto.

Quero aproveitar as ferramentas que o novo mundo me dá, mas preservar minha liberdade, o tempo que tenho com aqueles que estão perto, a necessidade de ficar sozinha, o direito de esquecer o celular por alguns instantes, a paz de não querer ter razão, a possibilidade de me relacionar sem a ajuda de emojis e a satisfação de não me viciar à conexão virtual. Como diz um amigo meu: “Menos internet, mais cabernet”…

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Imagem de capa: Syda Productions / Shutterstock

 

Os cães falam, você consegue interpretar?

Os cães falam, você consegue interpretar?

Entender sobre os instintos do seu cão requer a aplicação de disciplina, exercícios e afeto. Sim, necessariamente nesta ordem. O significado de trabalho, direcionamento e regras na linguagem canina deve ser levado muito a sério, pois se trata de memória genética. Cada raça desenvolvida tinha ou ainda carrega funções específicas para se manter equilibrada. Colocar o cão para trabalhar, ditar as regras que deve seguir e direcioná-lo através delas, é o que motiva o animal e o harmoniza.

Vamos entender melhor.

Quando nasce um cãozinho, desde o primeiro momento de vida, ele luta para sobreviver entre os irmãos. Empurram os mais fracos para mamar primeiro e escolhem a mama mais cheia para se alimentarem. Essas pequenas e aparentemente insignificantes atitudes, moldam e podem determinar como vai ser a personalidade desses pequenos quando adultos. Aqueles 45 dias, 60 ou 90 dias que passam convivendo com mamãe e irmãos são fundamentais para estabelecer a autoconfiança e a hierarquia. Aprendem a não morder com tanta força, a não mendigar o alimento, a brincar com mais suavidade. Caso contrário serão repreendidos com uma mordida mais forte encerrando a brincadeira. Quando esses filhotes deixam a ninhada, já estão acostumados naturalmente a obedecer limites, isso é inconsciente e natural. Além dessas regras que precisam de continuidade, cada animal carrega em sua linhagem um instinto diferenciado (digo sobre raças específicas e não o instinto cão/lobo), mesmo se tratando de um “Sem Raça Definida”, pois sabemos que todos os vira latinhas vieram de raças misturadas. Ao chegar em sua matilha humana (é assim que os cães nos enxergam ), precisamos impor essas barreiras, manter o fluxo e o ciclo. Restringir os ambientes que eles não podem ter acesso, ganhar carinho só depois de obedecer um comando qualquer, não reforçar pulos e mordidas inconvenientes e nem permitir o ato de montar na perna, que aliás é visto por muitos como cópula mas que pode ser também um indício de dominância sobre o outro. Evitar dormir com o cãozinho, ou ele vai se apoderar da cama: líder come primeiro, dorme no melhor lugar e de preferência sozinho. Já vi casos em que casais dormem separados por conta de um cão possessivo e mimado demais. Comer e passear em horários fixos, ter o próprio brinquedo e até ganhar um carinho mais caloroso deve ser encarado como uma tarefa. Nós pensamos que isso tudo é bobagem, mas não é. Tudo para um cão tem um motivo de ser, uma vantagem e a lei de ação e reação. Se correm com uma bolinha na boca esperando que corram atrás deles, não significa somente uma brincadeira inocente, podem estar testando a esperteza do dono, seus instintos de busca e de intimidação para resgatar o objeto. É hora de começar a estipular rotinas para esses peludos em casa e perceber os resultados. Por isso é tão importante que se evite a humanização. Cães são animais que seguem limites e regras com uma naturalidade incrível. Respeite o equilíbrio da essência animal do seu amigo de quatro patas e descubra o que ele pode fazer por você.

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Acordar para si é retomar a beleza do avesso

Acordar para si é retomar a beleza do avesso

Uma das coisas que eu mais gosto é estar em lugares e com pessoas onde não preciso dizer nada e, nem por isso, a naturalidade da relação deixa de estar presente.

De vez em quando torno-me serva voluntária da introspecção que toma conta de mim. Transformo-me em morada de silêncio externo enquanto o mundo do avesso se reorganiza e assume o controle do que me é estrutural.

Quando a nossa verdade não é invalidada pelo excesso de estímulos, olhamos ao redor com os olhos de quem realmente vê, somos a energia sentida do local onde estamos e entendemos o real valor de quem nos cerca. Para os minutos de silêncio preservados somam-se horas do respeito emocional que nos guia.

É muito fácil nos levarmos pelo ritmo sedutor de tudo o que acontece ao redor. Podemos ser bem sucedidos para o que a sociedade espera de nós, podemos ter algum recurso financeiro, bens, empregados, convites sociais e até reconhecimento público. Mas, quem somos nós quando nos sentamos no sofá e, antes daquele filme ou última mensagem do voraz celular, nos vemos sós e temos o ruído simbólico de nossos corações alimentando o nosso viver. Ele bate e bate novamente. Ele nos lembra que o ritmo continua, que devemos ir adiante, e de que pode existir algo além do que estamos vendo. Tum Tum: veja. Tum  Tum: escute. Tum Tum: sinta. Tum Tum: acorde para vida, você está viva.

E esse “Tum Tum” que me inquieta viajou comigo para o Peru. Foram comigo, carregadas na mala em algum cantinho apertado junto as roupas organizadas rapidamente, expectativas bastante singelas. Aquela viagem era um convite aceito meio no susto, uma oportunidade de estar junto com uma amada amiga com quem trabalhei por muitos anos e que, por mudança de trabalho, eu já não tinha há muito tempo na minha convivência diária.

E lá fomos nós. Estávamos eu, a Ana Carolina- minha sobrinha querida que sempre arrasto por aí- a mala com as singelas expectativas, e a pessoa que tenho sido nos últimos meses: perfil mais objetivo, mais calada, ainda focada em coisas do trabalho e com a cabeça cheia de atividades recentes que haviam me deixado tensa e pensativa.

Em uma das primeiras noites, no hotel, a minha amiga, do nada, me pergunta se estava acontecendo algo, se eu estava com algum problema com ela, chateada ou algo assim. Eu, sem nem ter ideia do que se tratava, respondi sinceramente que não. Mas tinha algo sim, claro que tinha, eu estava diferente, e ela, como me conhece na essência, percebeu a mudança.

Será que os últimos anos trabalhando basicamente online tinham me tornado alguém menos sociável? Será que as decepções amorosas que me afastaram de novas relações tinham apagado algo do meu encanto? Será que eu já não era mais tão espirituosa, engraçada e mentalmente rápida como sempre tinha sido conhecida? Sim, algo tinha mudado e eu sabia porque a verdade, quando ouvida pelas palavras de quem nos ama, sempre ecoa. Tum Tum, minha amiga Maria Carolina estava certa.

Os dias e a viagem passaram de forma encantadora. Estar em cidades como Cusco e visitar locais como Machu Picchu e o Vale Sagrado dos Incas, nos toca e, mais uma vez, deixa claro que nossas expectativas podem estar aquém do que é mais importante.

Pensar e caminhar. Sentir e ouvir sem muito falar. Na maior parte do tempo apenas preocupada em respirar e olhar. Afinal, a altitude daquele lugar não é para qualquer um, mas estava eu lá, onde tinha que estar: quieta e revendo um pouco de tudo e muito do que era indispensável.

Caminhos inusitados são portais. O novo pode gerar medo, mas é na descoberta que também surge a admiração. As pessoas que conheci por lá imediatamente entraram como convidadas de honra do meu repertório emocional- e eu até já tinha uma dorzinha no meu coração ao saber que elas também não estariam mais comigo depois da viagem. Afinal, caminhos trilhados com pessoas queridas deixam rastros na alma, são pistas encantadas de que algo incrível aconteceu.

O povo peruano possui uma simplicidade no que ela carrega de mais belo: a magia de ser o que se é, algo que sabemos ser qualidade bem rara. É claro que eu entendo que, como em qualquer outro lugar do mundo há todo tipo de gente, mas estou falando do que parece predominar, da beleza genérica de um povo que galgou seus caminhos, sobreviveu a um império totalmente exploratório e que dizimou seus ancestrais, mas que mesmo assim nos olha e, mesmo que timidamente, sorri, pois possui doçura e gentileza.

Em cada passo, algo em mim dava abertura para a retomada da beleza do avesso e, por já não ser tão jovem, também sei bem da importância dessa beleza quando a estética externa já não é um dos pontos mais fortes. Caminhei também pensando sobre como o envelhecer nos molda para outra aceitação pessoal e social ligada a não ser mais tão atraente e desejável como fui em outras épocas. E não serei hipócrita, é claro que isso conta porque a opção por viver só, quando colocada em xeque, também retoma o olhar para fatos que estavam lá guardados sob o tapete como o desejar e ser desejável, poder rever uma decisão e, nessa altura, ainda achar alguém que pareça interessante e, se essa pessoa for encontrada, imaginar se os atributos que se tem a oferecer também são bons o suficiente para agradar ao outro. Ser mais velha coloca alguns bons empecilhos como pensar em encontrar alguém que interesse e não esteja comprometido quando, nessa idade, a maioria dos amigos mais próximos já está em relações duradouras e com filhos por aí. Tum Tum: não faço ideia se ainda sou capaz de embarcar numa dessas. Tum Tum: meu histórico de péssimas escolhas amorosas me condena.

O retorno para casa foi um pouco triste porque a jornada estava mais do que especial. Era cedo para voltar. Houve um sentimento de orfandade pela caminhada interrompida, pelas novas pessoas conhecidas e que eu queria desvendar melhor, pela cultura e o povo pelo qual me apaixonei e tão bem me acolheu. Tum  Tum: um rompimento em plena paixão pode ser bastante traumático.

Mas a vida, que não se importa nada com meu dilema individual, ainda me preparava mais uma, voltei e meu cachorrinho e parceiro de jornada há 14 anos adoeceu, e foi grave, e eu tive que decidir, e optei por acompanhar sua eutanásia. Pronto, mais um luto profundo e sincero, mais um profundo repensar sobre como continuar sem suas patinhas pela casa e os suspiros cúmplices de sua companhia. Mas gente continua. Tum Tum: a gente tem que continuar.

Dizem que ninguém dorme romântico e acorda realista e, sabendo da impossibilidade da mudança radical, estou em aqui digerindo caminhada, amores, amigos e lutos. Tum Tum: estou triste com a reorganização emocional, mas feliz com a possibilidade de mudanças.

E que venham outras viagens, e que fiquem as pessoas amadas, mesmo que apenas em nossas afetivas lembranças, e que surjam mais dilemas. Que os lutos sejam a prova do amor verdadeiro. E que um passo sempre venha para anteceder o próximo, e nos leve além, e nos remeta a quem realmente importa e nos recolha num abraço sincero da Terra, aquela que nos acolhe e que, a cada dia, nos oferece um novo amanhã cheio de oportunidades e renascimentos. Tum Tum: estamos vivos.

Imagem de capa meramente ilustrativa e não representa os lugares descritos:  Pikoso.kz/shutterstock (Tourist woman in brown hat and backpack walking on the ancient city wall with view to Alazani valley at autumn time in Signagi, Georgia)

Meus agradecimentos às agências Adventure Peru Brasil e Machu Picchu Best Trips.

Repare mais nos inteiros que o universo apresenta para você

Repare mais nos inteiros que o universo apresenta para você

Não se esconda e não se diminua para caber em alguém. Ainda que algumas pessoas não compartilhem da sua honestidade e da sua sensibilidade, o universo está prestando atenção. Gentil, ele sempre coloca inteiros no seu caminho. O que você precisa fazer é reparar neles.

Somos atingidos por tantas decepções e travamos tantas lutas que, vez ou outra, deixamos escapar o que realmente importa. E não são os boletos que você conseguiu pagar, os bens que você sempre quis e outras pequenas realizações pessoais. Não, o que é importante repararmos nessa vida encaixa num canto quase ignorado por nós, o coração. É a sorte de estar na companhia de quem segura as nossas mãos com empatia. É o privilégio de esbarrar com amores que deixam aprendizados, não mágoas. É quando damos aquele abraço apertado em alguém e tudo muda depois. É, ainda, quando ficamos felizes e gratos pela oportunidade de estarmos sentindo, vivendo e construindo experiências que não têm preço.

Mas, para tudo isso ter o seu devido lugar, é fundamental encontrarmos o nosso próprio equilíbrio. Trata de reconhecermos mais daquilo que nos incomoda e fazermos algo a respeito. Com a mesma vontade, que saibamos acolher de verdade o que e quem nos faz bem. O universo está do seu lado, acredite. Ele está te escutando, ouvindo suas preces e fazendo o possível para que você perceba que nem tudo está perdido. Dê uma chance para ele e para você. Não perca o seu amor nas reticências da vida.

É muito importante não perder o amor de vista. Não perder o carinho e atenção que você pode proporcionar para si e para quem está ao seu redor. Porque boas lembranças são feitas no agora. Não tem depois ou mais tarde. Seja sincero (a) em todos os sentimentos que tiver. Não pense demais. Apenas sinta. Quando você se permite alcançar o amor que está aí dentro, todos ganham. A reciprocidade não vem com a escolha de alguém. A reciprocidade vem com a sua disposição de seguir com olhos abertos. Repare mais nos inteiros que o universo apresenta para você.

Imagem de capa: Marjan Apostolovic, Shutterstock

Namoro é muito mais do que intimidade física…

Namoro é muito mais do que intimidade física…

É muito bom ter alguém pra gostar, trocar, viver algo gostoso no dia-a-dia. Compartilhar a vida com alguém faz bem! Enlaça sentimentos, deixa as coisas mais interessantes. A gente planeja, faz programas, inventa coisas legais pra fazer juntos. É bom ter alguém pra dividir momentos que não sejam apenas “na cama”.

Penso que namorar vai além da intimidade que acontece debaixo do edredom. Deve existir, além disso, uma parceria daquelas de dar as mãos quando o outro precisar, ir prestigiar um trabalho, uma realização pessoal, ser parceiro até mesmo daquele programa que pra você não significa tanto, mas que para o outro é super importante.

É legal se sentir valorizado e querido por quem a gente gosta. As expressões de carinho e amor também estão nas atitudes, na forma de agir, na delicadeza de perceber quando é importante estar junto.

Namoro vai além do beijo gostoso. Ele está também na parceria, no apoio, no viver experiências e em ser um casal companheiro.

É importante dosar o relacionamento com intimidade e parceria. Namorar não é ficar. Se é pra estar juntos, então que seja também na troca de interesses. Entendo que é importante respeitar os espaços. Um ser humano livre é aquele que também vai se sentir mais ligado ao relacionamento pela liberdade que o une. Mas é crucial saber quando o outro quer a nossa mão com a dele para ter uma companhia e poder contar com isso quando precisar.

Bom senso, parceria, respeito e amor são ingredientes que nunca fizeram mal. É receita perfeita e sempre necessária.

Imagem de capa: pink panda/shutterstock

A gratidão é a mais sincera das orações.

A gratidão é a mais sincera das orações.

Você se lembra de quando estava desempregado, estudando para um concurso público super concorrido? Dormia pouco, super ansioso e exausto. Se você é alguém espiritualizado, certamente, orava e pedia a Deus para que te concedesse a bênção da aprovação. Então, deu certo, você foi aprovado no concurso que tanto queria e tomou posse. Maravilha, não é?

E então, como você tem tratado essa bênção? Você sente gratidão por ter esse emprego ou vive reclamando no domingo à noite porque a segunda está se aproximando? Você dá o seu melhor no seu trabalho ou faz tudo de qualquer jeito? Sabe, eu acredito que Deus presta muita atenção na forma como tratamos aquilo que Ele nos dá. Sim, eu parto do princípio de que tudo o que temos de bênçãos tem a participação Dele.

Nós, pais e mães, quando damos um presente aos nossos filhos, nos chateamos quando percebemos que eles não cuidam bem e que não tem o devido zelo. Óbvio que levamos em conta o grau de maturidade da criança. Quando percebemos que nossos filhos cuidam bem daquilo que damos a eles, nos alegramos e nos motivamos a presenteá-los novamente.

Penso que há uma semelhança no que Deus espera de nós também. Cuidar bem daquilo que recebemos é uma forma de demonstrarmos gratidão e de atrairmos outras bênçãos. Um coração grato move o coração de Deus. E essa postura grata serve para tudo o que chega em nossas mãos, em nossa vida. E o que dizer das pessoas que Deus coloca em nossa caminhada?

Será que temos cuidado bem delas? Será que estamos fazendo o nosso melhor por elas? O filho que você tanto desejou um dia, está sendo tratado como bênção? E o cônjuge, tem sido tratado com amor ou você o trata como um estorvo? Para ser mais específica, creio que, espiritualmente, somos observados nas mínimas coisas.

Até mesmo na forma como mantemos a nossa casa, se bagunçada e suja ou se toda arrumadinha. Lógico que não tem como manter tudo impecável, mas sabemos quando é desleixo ou quando é falta de tempo mesmo…Deus também sabe! Não tenho dúvidas de que quanto mais gratos, mais cuidadosos seremos com aquilo que chega em nossas vidas, afinal, se Deus nos confiou é porque Ele espera que cuidemos da melhor maneira possível.

Não o decepcionemos. Peçamos a Ele um coração cada vez mais grato e um comprometimento com o que recebemos Dele. A gratidão e a oração são a senha de acesso ao coração do nosso Pai Celestial. Sentir-se grato é o oposto de sentir-se autossuficiente.

Imagem de capa: PhotoMediaGroup/shutterstock

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