SAWABONA!!! (uma linda tradição)

SAWABONA!!! (uma linda tradição)

Há uma “tribo” africana que tem um costume muito bonito.

Quando alguém faz algo prejudicial e errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia, e toda a tribo vem e o rodeia. Durante dois dias, eles vão dizer ao homem todas as coisas boas que ele já fez.

A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom. Cada um de nós desejando segurança, amor, paz, felicidade. Mas às vezes, na busca dessas coisas, as pessoas cometem erros.

A comunidade enxerga aqueles erros como um grito de socorro.

Eles se unem então para erguê-lo, para reconectá-lo com sua verdadeira natureza, para lembrá-lo quem ele realmente é, até que ele se lembre totalmente da verdade da qual ele tinha se desconectado temporariamente: “Eu sou bom”.

Sawabona Shikoba!

SAWABONA, é um cumprimento usado na África do Sul e quer dizer:

“Eu te respeito, eu te valorizo. Você é importante pra mim”

Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA,que é:

“Então, eu existo pra você”

Texto adquirido via: Ampliando o olhar

Imagem de capa: Reprodução

14 coisas que você nunca deve dizer sobre si mesmo (não percam essa leitura)

14 coisas que você nunca deve dizer sobre si mesmo (não percam essa leitura)

1. “Eu gostaria de não ter essa má sorte.”

A sorte depende de investimento pessoal, quanto mais oportunidades você tiver, melhor “sorte” terá. Se você quer algo, corra atrás e facilite o aparecimento de oportunidades.  Elas não caem do céu!!!!

2. “É muito tarde para mim, então por que me preocupar?”

Nunca é tarde demais para mudar sua vida. Mesmo o mais “danificado” de nós pode renascer das cinzas para assumir o controle da própria vida. Veja a sua idade como um “ativo” pois idade trás conhecimento e conhecimento é vantagem.

3. “Mas o que eles vão pensar de mim?”

Ficar preso ao que todo mundo pensa de você é uma maneira infalível para multiplicar seus níveis de estresse. Nunca sacrifique a sua verdadeira personalidade na tentativa de impressionar os outros. Um amigo que vale a pena ter vai  gostar de você por quem você é e não quem ele acha que você deve ser.

4. “Eu sou tão estúpido.”

Ninguém tem todas as respostas. Todos nós temos nossas próprias habilidades únicas. Ser ruim em uma coisa não faz de você um idiota. Em vez de ficar supervalorizando seus pontos fracos, foque no desenvolvimento de seus pontos fortes e use-os o máximo possível! Quanto mais você fizer uma coisa em que é bom, mais confiante você vai se tornar em si mesmo.

5. “Ninguém nunca vai me amar.”

Como você pode saber disso? Resposta: você não pode. Se você ficar em casa pensando em como ninguém te ama, você fará uma situação ruim ainda pior. Se você quer ser encontrado, mostre-se e conheça pessoas.

6. “Eu não consigo fazer isso.”

Não admita a derrota antes de começar a corrida! Se ajudar, pense sobre as três coisas mais importantes que você conseguiu em sua vida.Isso poderia ser, por exemplo, ter acabado a faculdade, uma promoção, começar um blog, o que for importante para você.

Pensou em suas três coisas? Agora pergunte-se: “Quais são os pontos fortes da minha personalidade que eu usei para conseguir essa coisa específica?”, pensando em cada item. Anote suas respostas e parta dessas mesmas características fortes para continuar lutando por suas metas.

7. “Eu não acho que ______ gosta de mim porque não respondeu meu texto / call / e-mail.”

Tirar conclusões precipitadas como essa mostra uma visão de mundo egocêntrica. E além disso, não seria mais provável que o seu amigo / parceiro estivesse ocupado com outras coisas? As pessoas têm coisas para fazer, por isso não presuma  que é tudo se resume a você.

8. “A vida não é justa. Se as coisas fossem melhores… “

Não, a vida não é justa (e eu odeio dizer isso para você, mas ela nunca vai ser). Haverá sempre coisas boas e ruins que acontecerão em sua vida a qualquer momento. Isto está além de seu controle.  Mas o fato de se concentrar apenas na parte boa ou ruim depende de você. Você está convidado deixar de priorizar as coisas negativas que você não pode controlar, mas sei que não vai fazer você se sentir melhor (muito pelo contrário). Fique de olho no que é positivo, porque não importa o que parece agora, você está fazendo melhor do que você pode.

9. “Eu odeio o meu corpo.”

Por favor, não diga isso. Se você é cheio de curvas, magro, ou musculoso/a é irrelevante. Seu corpo é um vaso glorioso que o transporta todos os lugares neste mundo. Cuide do seu corpo e ele vai cuidar de você. Ficar preso no que você vê como imperfeições é um desperdício do seu precioso tempo e energia. Não olhe para as características físicas que você não gosta, mas se concentre nas coisas sobre você que você encontre bonitas ou atraentes.

10. “Eu estou tão envergonhado. Eu gostaria de poder desaparecer.”

Aposto que todo mundo que está lendo este artigo já derramou comida na camisa, caiu (e quebrou) um prato, tropeçou em um objeto aleatório, e / ou andava deu  de cara em uma parede (eu não posso ser o único) . Se você fica corado e envergonhado quando acontecem  brincadeira ou pequenos acidentes em público, respire fundo e diga a si mesmo, “Este não é um grande negócio.” Pare, faça uma piada alegre rápida às suas próprias custas e mostre que você não precisa levar essas coisas tão a sério.

11. “Eu não posso acreditar _____ foi pego em cima de mim.”

O ciúme é uma emoção destrutiva que faz muitos danos e não é bom. Se um colega de trabalho tem uma promoção que você esperava saiba que provavelmente ele merece a posição tanto quanto você (e mesmo se não merecer, não é motivo para ser hostil, pois certamente não é culpa dele você não ter sigo escolhido). Quando rejeitado, a sua melhor aposta é a de transferir seus sentimentos negativos em ação positiva pois a vida continua e ficar “remoendo” não ajudará em nada.

12. “É muito difícil.”

Se você pode acreditar, você pode alcançar. São nos momentos de maior dificuldades que as pessoas superam e rompem todos os seus limites.

13. “Eu não posso confiar em ninguém, eu me machuquei muito.”

A coisa mais engraçada sobre a confiança é que é impossível que ela aconteça a menos que você confie em outras pessoas, a menos que eles tendem a confiar em você. São todas as pessoas dignos de sua confiança? Certamente que não, mas isso não é motivo para ser paranóico. Só porque um parceiro passado ou dois (ou vários) se mostrou indigno de confiança não significa que ninguém presta.

14. “Eu poderia muito bem desistir.”

A vida é como um vídeo-game. Não importa quantas vezes você perde, você pode empurrar “Continuar” e tentar quantas vezes você precisar. Você não perde até que saia, por isso não deve desistir.

 Texto adaptado- origem Life Hack

Imagem de capa: Namning/shutterstock

Ela é brisa e vendaval…uma mulher no plural.

Ela é brisa e vendaval…uma mulher no plural.

Muitos a interpretam como orgulhosa, quanta injustiça, ela é apenas tímida e reservada. Sim, ela aprendeu, sentindo na pele, que só deve confiar em pouquíssimas pessoas, e, às vezes, somente em Deus. De tanto dar de cara com a deslealdade e a falsidade, fez da desconfiança o seu escudo. Ela parece fria e distante, /=mas é dona de uma alma efervescente, uma tradução fiel da palavra intensidade. Sabe aquele aperto de mão frouxo? Ela detesta! Ah, nem invente de abraçá-la superficialmente, isso, pra ela, não faz nenhum sentido.

Ela não é a mesma com todos, pois cada um tem aquilo que extrai dela. Ela tem uma menina dentro dela, acho que é sua melhor versão. Ela é sonhadora, ela é impulsiva, ela é inquieta…ela é distraída. Ela, por ser muito generosa, resolveu dar abrigo à muitas mulheres dentro de sua alma. Até pouco tempo, essas mulheres não se entendiam, aconteciam muitos conflitos, muitas dificuldades, a tímida tentava controlar a desinibida, a conservadora tentava castrar a sensual, enfim, a convivência parecia impraticável.

Então, num belo dia, ela sentou-se com todas e deixou claro que cada uma era muito importante para o seu equilíbrio e que queria todas convivendo em harmonia. E deu certo. Hoje, a paz, o respeito e a compreensão permeiam a convivência dessas mulheres tão diferentes e tão encantadoras quem moram dentro dela. Sua melhor amiga, desde a infância, é a resiliência, elas são inseparáveis.

Quem a considera muito séria não faz ideia do quão engraçada ela é. Ele ouve músicas bregas e dança diante do espelho, nesses momentos, ela se acha a mais linda das mulheres. Demorou muito, mas, finalmente, ela aprendeu a ser feliz sem culpa. Houve uma época em que ela sentia-se desconfortável até por acordar tarde, como se isso fosse um pecado, acredita? Passou.

Com a maturidade, ela descobriu que a sua própria companhia é maravilhosa, daí, acontece de ela passar um feriado inteiro se curtindo e se sentindo privilegiada por isso. Ensinaram a ela, que só é possível uma mulher ser feliz, se estiver um homem ao lado, hoje ela gargalha disso. Lembrando que ela acredita, sim, no amor. Mas tem que ser amor para transbordar, amores econômicos não a interessam. Seu perfume predileto é o cheiro do filho, e ser chamada de “mãe” a faz sentir-se sagrada. Sempre que sente necessidade, ela se levanta na madrugada e conversa com Deus. Aliás, ela faz sua oração em qualquer lugar, e descobriu que uma das orações mais eficazes é expressar gratidão…e isso ela tem feito como nunca.

Imagem de capa:  PH888/shutterstock

Por hoje, apenas perdoe-se…

Por hoje, apenas perdoe-se…

Perdoar não é esquecer. Não é conviver. Não é permitir. Perdoar é apenas quebrar as correntes do passado e ser capaz de recomeçar sem bagagens desnecessárias. É permitir que a felicidade aconteça sem a culpa de um erro anterior. Em outras palavras: perdoar é ser livre!

A atitude não é fácil. Na verdade só poderia falar de perdão quem, um dia, precisou perdoar. C.S Lewis chegou a afirmar que “todos dizem que o perdão é uma ideia maravilhosa até que elas possuam algo para perdoar”, tamanha a dificuldade de praticar a ação. Mas, o fato é que, diariamente, nos deparamos com pessoas e posturas que exigem isso de nós. Inclusive as nossas próprias.

Perdão é a prova de que a humanidade é capaz de aceitar os próprios limites e de construir uma nova história, indiferente das dores, das marcas e dos traumas que os erros deixaram. Precisamos ser capazes de ver além das situações e acreditar que a vida vai além do passado.

Não podemos aceitar que os valores distorcidos ou que as crenças fanáticas nos ceguem a ponto de carregarmos culpas desnecessárias e de acreditar que não somos merecedores da felicidade.

O que nos machucou lá atrás só voltará a machucar se a gente permitir. Fato! Não precisamos aceitar tudo, compreender sempre, tão pouco engolir sapos todos os dias. Perdoar é, também, afastar-se de quem nos fere frequentemente.

É saber que o passado não pode ser mudado, mas que o futuro está aí para ser escrito. Perdoar é saber que, antes de amar o próximo, você tem que se amar e que, indiferente do que te disseram sobre respeito, ele não precisa de exigências para acontecer.
Encare o espelho, veja além das cicatrizes. Perdoe-se! No começo será difícil, as culpas tentarão te convencer do contrário e as dificuldades psicológicas aparecerão. Mas, acredite, você vencerá os próprios medos.

Lembre-se que perdoar é mandamento, não favor. E isso começa de dentro para fora.

Imagem de capa:  eldar nurkovic/shutterstock

O amor pode até acabar, mas o respeito não

O amor pode até acabar, mas o respeito não

Tenham ou não filhos, tenham ficado muito ou pouco tempo juntos, se houve carinho e luta e, apesar de tudo, o amor não permaneceu, que restem as boas lembranças e o respeito de um pelo outro.

O amor não é uma certeza eterna, quando se trata de um relacionamento a dois. Muitas são as razões dos términos, não cabendo a nós julgar as razões de cada um, uma vez que somente os parceiros é que viveram a intimidade de perto, conhecendo o melhor e o pior de cada um. No entanto, ainda que não haja mais amor, há que se manter o respeito entre as partes, por tudo o que já viveram juntos.

Nem todo casal sobrevive à rotina do cotidiano massacrante a que somos subjugados e aos problemas que insistem em aparecer pela frente, ainda mais com a crise econômica que assola o nosso país. Muitos se esquecem de tentar deixar os problemas do lado de fora dos lares e, quando os mesmos adentram os domínios de nossas casas, acabam ocupando espaço demais, empurrando e emperrando a afetividade de cada um.

Nessa toada, acabamos nos esquecendo de olhar nos olhos do parceiro, de lhe perguntar sobre sua vida, de tocar, de sentir, de estar junto enfim. Pouco a pouco, o amor não consegue mais encontrar terreno onde se regue verdade e reciprocidade, trazendo distância de corpos e de almas. Assim, acaba a cumplicidade, arrefece o desejo, diminui o interesse, aumenta a solidão, cresce o vazio, agiganta a tristeza. E fim.

Entretanto, mesmo que não haja mais sentimento amoroso, é ruim deixar de manter o respeito por quem viveu tanta coisa junto com a gente. Mesmo que não queiramos mais continuar perto de alguém, não poderemos nos esquecer de que já amamos esse alguém, de que tentamos construir a felicidade de maneira limpa e verdadeira, de que já fomos amantes e nos vimos despidos, de corpo e alma. Caso não tenhamos sido aviltados em nossa dignidade, caso não tenhamos sido desrespeitados como pessoa, tudo o que foi vivido deverá ser respeitado.

Tenham ou não filhos, tenham ficado muito ou pouco tempo juntos, se houve carinho e luta e, apesar de tudo, o amor não permaneceu, que restem as boas lembranças e o respeito de um pelo outro. Já se disse que é preciso maturidade para se separar de alguém. Mais do que isso, é preciso manter o respeito por quem já amamos um dia, porque amar, em si, já é bom demais. Amemos!

Imagem de capa: Ollyy/shutterstock

O afeto ainda é um poderoso e raro afrodisíaco

O afeto ainda é um poderoso e raro afrodisíaco

Cada uma de nós carrega nas costas, ou dentro do peito, uma série de camadas que vão compondo nossas intersecções com o outro, com a vida, com a gente mesmo.

Certos tipos de pessoas – ou situações -, desde o primeiro contato, podem nos provocar sensações agradáveis, confortáveis e prazerosas; assim como, pode ocorrer o oposto, e nos sentirmos em alerta, incomodados e aflitos.

O que evoca o prazer em umas pode, na mesma medida, provocar a rejeição em outras; e essas reações vão depender do histórico emocional e afetivo de cada uma.

Há quem necessite do contato físico, tanto para dar quanto para receber afeto, em todas as esferas de relacionamentos. São mulheres que sentem um bem-estar ligado ao toque, gostam de abraçar, de acalentar, de acolher com afagos aqueles a quem querem bem. Para essas mulheres o conhecimento afetivo, veio a partir de experiências sensoriais relacionadas ao toque físico mesmo. Algumas vezes, trata-se da reprodução de um afeto recebido na infância, outras, inclusive, de um afeto que não se recebeu; e que se oferece ao outro, para resolver uma necessidade que foi negada.

Há outras mulheres que se caracterizam por um sentimento de desconforto em relação ao toque. Do ponto de vista físico, são mais cautelosas em partilhar contatos. Preferem manter alguma distância dos outros, evitam aproximações mais íntimas, até que se sintam suficientemente seguras para permitir a partilha de seu espaço. No caso dessas mulheres, o repertório afetivo também foi constituído a partir de experiências de troca. Assim como no outro caso, podem ter acontecido vivências que alimentaram a necessidade ou que criaram uma espécie de cautela ou mesmo medo e aversão em relação à aproximação, à permissão de sentir.

Há ainda, aquelas cujo prazer no toque venha diretamente relacionado a um processo de alfabetização sensorial que foi se constituindo bem devagarinho, de acordo com cada interação de afeto a que se foi exposta, em contatos positivos de partilha e aproximação. São mulheres que se sentem mais à vontade com a ideia de permitir ou barrar o outro, a depender de sua disposição emocional naquele momento. E essa disposição pode variar, a depender da forma como se estabelece o encontro.

E quem de nós haverá de não ter aquela parte do corpo que pede mais contato e afago, independente de estarmos envolvidos com o outro num clima de erotismo. Há pedaços de nós que são mais sensíveis, que fazem aflorar nossa memória afetiva, a ponto de nos desarmar e nos deixar mais disponíveis para iniciar uma nova conexão emocional ou avançar limites antes estabelecidos.

Da mesma forma, há partes de nós que não gostamos de expor, oferecer ou partilhar. E isso também diz respeito ao nosso acervo de estímulos sensitivos. Merece respeito. O nosso e o do outro. São nossos territórios ainda desabitados, muitas vezes desconhecidos até por nós mesmas.

Nossa inteligência emocional registra essas sensações e as vai configurando para fora de nós. Vamos projetando hologramas afetivos – caso sejamos capazes de nos permitir -, e essas projeções vão atraindo para o nosso convívio, aqueles cuja energia esteja também constituída para vibrar na nossa mesma vibração, para nos complementar naquilo que ainda não conseguimos vibrar, ou para nos chacoalhar numa sensação para a qual ainda não havíamos despertado.

Se vamos ficar e pagar para ver; se vamos estabelecer limites claros e manter o contato; ou se vamos fugir… Isso vai depender do que estiver mais aflorado: nosso instinto de autopreservação ou nosso espírito de aventura.

O fato é que, independente do nosso histórico sensorial, sejamos nós mais dadas a abraços, beijos, afagos e carícias ou não… ainda é pelo afeto que a nossa libido é desperta. Somos seres evoluídos demais para que nos entreguemos a um outro alguém cujo interesse não ultrapasse a profundidade rasa de uma esfregação de corpos que só aplaca urgências.

Queremos algo além dessa óbvia manifestação física de interesse animal. afinal, a nossa linda e cheirosa cabecinha pensa. E pensa muito. O suficiente para ter aprendido a detectar um homem de verdade de um macho alfa fake.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Amor a toda prova”.

A ansiedade é uma criança assustada que acredita em grandes monstros

A ansiedade é uma criança assustada que acredita em grandes monstros

A ansiedade é uma criança assustada que acredita em grandes monstros. Que olha o armário e não enxerga nele roupas, mas a possibilidade de que algo saia de lá e a engula.

O calor do mundo a assusta. Ela acha que o sol pode queimá-la dolorosamente, em um caminho letal e sem volta. Ninguém contou a ela que o mesmo sol que queima é aquele que também dá a vida.

A ansiedade é uma criança que vive em nós, a chorar o vazio de perguntas sem respostas. A ansiedade é uma criança sozinha, desprendida da mãe, que desconhece o próprio pai. É uma criança interior que se vestiu de susto. É uma criança órfã e há no mundo tantas crianças órfãs a habitarem adultos, tantas quanto podemos imaginar. Crianças sedentas por provarem o mundo, mas encharcadas pelo suor de um pavor desconcertante.

A ansiedade é uma criança que estende suas frágeis mãos em busca de uma razão que alimente o melhor nela. Ela quer uma palavra que lhe dê forças para enxergar o que vem depois do medo. Ela é uma criança que precisa saber o que acontece depois que o lobo foge, depois que a bruxa aparece, depois que as estrelas caem.

A ansiedade é uma criança interior que pede trêmula que a abracemos. Pede por nosso carinho e aceitação. Pede que vivamos a vida para lhe darmos as respostas que só a experiência pode dar.

A ansiedade quer ter certezas para deixar de ser criança. Ela quer crescer, quer experimentar, mas precisa do adulto para ensiná-la a felicidade no acerto e a superação no erro.

A ansiedade não sabe, mas quer saber. A ansiedade quer se transformar em algo que não seja susto e desespero. Ela quer ser segurança, quer ser calma e paz. Essa criança interior quer desesperadamente viver o mundo.

Ela depende unicamente de você para conhecer o erro, o acerto e a superação. Para saber sobre finais e recomeços. Para entender que não é o fim.

Não é o fim.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain.

12 filmes sobre mulheres em sofrimento psíquico e sobre como elas lidaram com isso

12 filmes sobre mulheres em sofrimento psíquico e sobre como elas lidaram com isso

O sofrimento psíquico é retratado nos filmes desta lista, nas quais as personagens principais são todas mulheres. Traumas, abusos, repressões, personalidades enrijecidas, questões familiares conflituosas, entre outras, são o pano de fundo para o desdobramento de diferentes distúrbios psicológicos e psiquiátricos.

Nas tramas em que os caminhos da afetividade encontram espaço para florescer, sejam por meio de relações de amor, amizade ou terapêuticas, a saída da condição de sofrimento torna-se viável, possibilitando a construção de uma personalidade mais adaptada, resiliente e íntegra.

Via de regra, estes filmes nos mostram que o acolhimento, a compreensão da natureza humana e a desmistificação dos quadros de distúrbios mentais, fazem a diferença quando se trata da recuperação ou não do equilíbrio mental.

  1. Bonequinha de Luxo

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Holly Golightly (Audrey Hepburn) é uma garota de programa nova-iorquina que está decidida a casar-se com um milionário. Perdida entre a inocência, ambição e futilidade, ela toma seus cafés da manhã em frente à famosa joalheria Tiffany`s, na intenção de fugir dos problemas. Seus planos mudam quando conhece Paul Varjak (George Peppard), um jovem escritor bancado pela amante que se torna seu vizinho, com quem se envolve. Apesar do interesse em Paul, Holly reluta em se entregar a um amor que contraria seus objetivos de tornar-se rica.

  1. As virgens suicidas

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Durante a década de 70, o filme enfoca os Lisbon, uma família que vive num bairro de classe média de Michigan. O sr. Lisbon (James Woods) um professor de matemática e sua esposa uma rigorosa religiosa, mãe de cinco atraentes adolescentes, que atraem a atenção dos rapazes da região. Porém, quando Cecília (Hanna R. Hall), de apenas 13 anos, comete suicídio, as relações familiares se decompõem rumo a um crescente isolamento e superproteção das demais filhas, que não podem mais ter qualquer tipo de interação social com rapazes. Mas a proibição apenas atiça ainda mais as garotas a arranjarem meios de burlar as rígidas regras de sua mãe.

  1. Garota Exemplar

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Amy Dunne (Rosamund Pike) desaparece no dia do seu aniversário de casamento, deixando o marido Nick (Ben Affleck) em apuros. Ele começa a agir descontroladamente, abusando das mentiras, e se torna o suspeito número um da polícia. Com o apoio da sua irmã gêmea, Margo (Carrie Coon), Nick tenta provar a sua inocência e, ao mesmo tempo, procura descobrir o que aconteceu com Amy.

  1. Preciosa

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1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece “Preciosa” Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo’Nique), ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor. O fato de ser pobre e gorda também não a ajuda nem um pouco. Além disto, Preciosa tem um filho apelidado de “Mongo”, por ser portador de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engravida pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A sra. Lichtenstein (Nealla Gordon) consegue para ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a melhor lidar com sua vida. Lá Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumática, se refugiando em sua imaginação.

  1. A professora de piano

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Erika Kohut (Isabelle Huppert) trabalha como professora de piano no Conservatório de Viena. Ela não bebe nem fuma, vivendo na casa de sua mãe (Annie Girardot) aos 40 anos. Quando não está dando aulas Erika costuma frequentar cinemas pornôs e peep-shows, em busca de excitação. Logo ela inicia um relacionamento com Walter Klemmer (Benoît Magimel), um de seus alunos, com quem realiza vários jogos perversos.

  1. Blue Jasmine

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Jasmine é uma mulher milionária (Cate Blanchett) que perde todo seu dinheiro e é obrigada a morar em São Francisco com sua irmã (Sally Hawkins) e os sobrinhos em uma casa bem modesta. Ela acaba encontrando um refinado homem (Peter Sarsgaard) que pode resolver seus problemas financeiros, mas antes precisa descobrir quem é e aceitar sua nova condição de vida.

  1. Frankie & Alice

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Frankie (Halle Berry) é uma dançarina noturna que sofre com o transtorno de múltiplas personalidades e luta diariamente contra seus alter egos bem específicos: uma criança de sete anos chamada Genius e uma mulher branca racista chamada Alice. A fim de eliminar estas vozes interiores, ela passa a frequentar sessões com um psicoterapeuta, Dr. Oz (Stellan Skarsgard), para decifrar e superar seus fantasmas pessoais.

  1. Garota Interrompida

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Em 1967, após uma sessão com um psicanalista que nunca havia visto antes, Susanna Kaysen (Winona Ryder) foi diagnosticada como vítima de “Ordem Incerta de Personalidade” – uma aflição com sintomas tão ambíguos que qualquer garota adolescente pode ser enquadrada. Enviada para um hospital psiquiátrico, ela conhece um novo mundo, repleto de jovens garotas sedutoras e transtornadas. Entre elas está Lisa (Angelina Jolie), uma charmosa sociopata que organiza uma fuga.

  1. Anticristo

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Um casal (Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg) devastado com a morte do único filho muda-se para uma casa no meio da floresta para superar o episódio. Mas os questionamentos do marido, psicanalista, sobre a dor do luto e o desespero de sua esposa desencadeiam uma espiral de acontecimentos misteriosos e assustadores. E as consequências dessa investigação psicológica são as piores possíveis.

  1. Cisne Negro

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Nina Sayers (Natalie Portman) é bailarina de uma companhia novaiorquina de balé. Ela mora com a mãe, Erica (Barbara Hershey), uma bailarina aposentada que incentiva a ambição profissional da filha. O diretor artístico da companhia, Thomas Leroy (Vincent Cassel), decide substituir a bailarina principal, Beth MacIntyre (Winona Ryder), na apresentação de abertura da temporada, O Lago dos Cisnes, e Nina é sua primeira escolha. Mas surge uma concorrente: a nova bailarina, Lily (Mila Kunis), que deixa Thomas impressionado. O Lago dos Cisnes requer uma bailarina capaz de interpretar tanto o Cisne Branco com inocência e graça, quanto o Cisne Negro, que representa malícia e sensualidade. Lily se encaixa perfeitamente no papel do Cisne Negro, porém Nina é a própria personificação do Cisne Branco. As duas desenvolvem uma amizade conflituosa. Nesta repleta rivalidade, Nina começa a conhecer o seu lado mais sombrio, prejudicando seu equilíbrio psicológico. Em sua busca pelo seu lado obsceno, Nina acaba causando um conflito dentro de sua conturbada mente, e nessa obsessão em criar um cisne negro, ela pode acabar destruindo sua sanidade.

  1. Melancolia

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O filme retrata duas irmãs: Uma ainda noiva, Justine (Kirsten Dunst) e outra já mãe, Claire (Charlotte Gainsbourg), com o seu marido John (Kiefer Sutherland), nas suas relações familiares e interpessoais e na sua dimensão mental. Passa-se em duas partes, apelidadas ambas com os nomes das personagens (Parte um, Justine; Parte dois, Claire) a primeira apresentada em um cenário predominantemente palaciano, no casamento de Justine, que é aí o centro das atenções; na segunda parte, se fornece atenção ao “desmoronar” do mundo pessoal de Claire, acentuando o “clímax” do filme. Von Trier opta por iniciar o filme precisamente com o momento em que a Terra embate, sendo destruída por um planeta fictício. Explicou à imprensa que o fez porque queria deslocar a atenção do espectador do acontecimento em si para o cenário humano subjacente e a situação psicológica dos envolvidos na trama.

  1. Um método perigoso

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Em 1907, Sigmund Freud (Viggo Mortensen) e Carl Jung (Michael Fassbender) iniciam uma parceria que iria mudar o rumo das ciências da mente assim como o das suas próprias vidas. Seis anos depois, tudo isso se altera e eles tornam-se antagónicos, tanto no que diz respeito às suas considerações científicas como no que se refere às questões de foro íntimo. Entre os dois, para além das divergências de pensamento, surge Sabina Spielrein (Keira Knightley), uma jovem russa de 18 anos internada no Hospital Psiquiátrico de Burgholzli. Com diagnóstico de psicose histérica e tratada através dos recentes métodos psicanalíticos, ela torna-se paciente e amante de Jung e, mais tarde, em colega e confidente de Freud. Isto, antes de se tornar numa psicanalista de renome.

Imagem de capa:  Reprodução

A gente só sabe que ama, depois de ter tido a necessidade de perdoar.

A gente só sabe que ama, depois de ter tido a necessidade de perdoar.

Na vida, a gente só sabe que ama alguém, a gente só tem o direito de dizer a alguém que a amamos depois de ter dito infinitas vezes a esse mesmo alguém a frase: eu perdoo você. Porque na verdade a gente só sabe que ama, depois de ter tido a necessidade de perdoar. Antes do perdão a gente pode ter admiração por alguém, mas admirar alguém ainda não é amar, porque admiração não nos leva a dar a vida pelo outro.

Admiração é um sentimento, uma situação superficial, eu admiro aquela pessoa, mas eu sei que amo depois de ter olhado nos olhos, saber que errou, que não fez nada certo e ainda sim eu continuar dizendo que “eu não sei viver sem você”, “apesar de ter errado tanto continuas sendo tão especial para mim”.

A gente sabe que ama as pessoas assim, depois de ter feito o exercício de olhar nos olhos no momento que ela não merece ser olhada e descobrir ainda ali uma chance, ainda não acabou.

Coisa boa na vida é a gente encontrar gente que nos trate assim com esse nível de verdade, gente que nos conhece de verdade, que já foi capaz de conhecer todas as nossas qualidades, mas também todos os nossos defeitos, porque eu não sou só qualidades, eu tenho um monte de defeitos, e só me sinto amado no dia que o outro sabe dos meus defeitos e mesmo assim continua acreditando em mim, muitas vezes nosso amor não é assim, a gente ama o outro pelo que ele faz de certo ou de bom pra nós, e as vezes até elegemos o outro assim “ele é bom demais pra mim”.

E o dia que deixa de ser? Deixou de ser amigo? No dia que falhou, que errou, que esqueceu, no dia que não conseguiu acertar, continua tendo valor pra você? Ou você só ama aqueles que conseguem lhe fazer o bem? Jesus disse que não tinha mérito nenhum em amar aqueles que nos amam, que o mérito está em amar o outro mesmo quando ele não merece ser amado, eu sei que é um desafio, mas essa é tua religião.

Eu creio que não há descanso maior para o nosso coração do que encontrar alguém que nos ama assim, e eu gostaria que você levasse pra sua vida somente as pessoas que te amam assim, com essa capacidade de olhar nos teus olhos quando você não consegue fazer nada de certo, e mesmo assim continua sendo teu amigo e continua acreditando em você.

Deixe entrar na sua vida, somente as pessoas que querem te fazer melhor, porque gente que nos diminui nós já estamos cheios. Amigos de verdade são aqueles que nos desafiam, são aqueles que nos momentos que estamos na lama, nos olham nos olham e dizem ‘você não foi feito pra isso’. Amigo de verdade é aquele que olha nos olhos e nos coloca para sermos mais.

Namorado de verdade é aquele que olha nos teus olhos e te respeita como mulher, que te acha linda, mas que te respeita como mulher porque sabe que tu és um coração que muito mais do que necessitado de ser abraçado e de ser tocado, é um coração que merece ser amado, e o amor vem antes do toque. Quem foi que disse que beijar na boca é declaração de amor? Pode até ser uma das demonstrações, mas eu tenho certeza que seu coração se sente muito mais amado no momento que você é olhado de um jeito certo, do que beijado de qualquer jeito!

Antes de você entrar na vida de uma menina, olhe bem nos olhos dela e tente fazer com que ela descubra que você ama só olhando pra ela, olhe de um jeito que ela se sinta amada, e se você olhar do jeito certo, você não precisa ter ciúme, porque a mulher que for olhada de um jeito certo, nunca mais vai querer encontrar outro olhar.

O homem que for olhado de um jeito certo, nunca mais vai querer outro olhar. Você ainda pode mudar o seu jeito de amar, você ainda pode mudar o seu jeito de viver, você ainda pode mudar o seu jeito de sorrir, você ainda pode perdoar aquele que você não quer perdoar, você ainda pode tratar bem aquele que você desprezou tanto, porque a vida ainda te dar a oportunidade de você se tornar muito melhor do que você é.

Padre Fábio de Melo

Imagem de capa: chainarong06/shutterstock

Da inveja, da cobiça e do ciúme

Da inveja, da cobiça e do ciúme

Perceber o abuso e a injustiça é coisa que deixa sempre muita indignação. Ainda mais quando vem de quem foi escolhido para ser o parceiro de lutas e gozos de uma vida. É por aí que passeia um filme que sugestivamente tem o nome de Grandes Olhos. Muito porque a inveja é o personagem central, mas também porque é como ficaram conhecidas as crianças pintadas por Margaret Keane, cujo marido usurpava a autoria, sob o pretexto de melhor comercializar seu trabalho em uma sociedade machista dos anos 60, que não valorizava o ofício feminino.

Inveja é daquelas palavras bem feias, que alguns nem gostam de pronunciar, ninguém quer por perto e jamais admite de verdade que sente. Até entre os sete pecados, consegue ser menor. Zuenir Ventura quando foi convidado a escrever sobre o tema, de cara deu uma explicação boa pra isso: “O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde.” Anda nas sombras e nem sempre vai sozinha. Tem alguns companheiros de armas de posse, como a cobiça e o ciúme, que por vezes até se confundem com ela, mas devem ser vistos na sua individual corpulência e mesquinhez.

A cobiça é, de modo geral, querer o que não se tem. É aceita e até cultivada. O seu problema está no meio para se conseguir, em tomar como alvo um algo alheio e, principalmente, na conjunção de ambos. Se você estabelece uma meta e corre atrás, beleza. Cobiça boa. Se pisa no que vai pela frente…

Os ciúmes – dito aqui no plural por ser sentimento complexo – relaciona-se com não querer perder o que se tem. Se para isso não são medidos esforços ou limites, é certa a ruína de todas as partes. Reza a lenda dos amores, que em dose pouca apimenta a relação, e há quem considere prova de zelo. Mas ciúme é coisa que amofina, mata em vida e jura em morte. Exige atenção.

Já a inveja… ah… essa não tem lado desculpável e muito menos cara boa. Inveja é querer que o outro não tenha… é só ficar feliz com a infelicidade alheia…. e agir para que isso aconteça. É daninha, covarde e mentirosa. Não faz caso e não tem lei. Transita etérea e disfarçada entre os desejos.

Se tudo é questão de querer, vale lembrar que permeando os anseios circulam as cismas. Um belo dia cisma-se de querer, ou que alguém quer o que é seu, ou de não querer que o outro tenha. Nascidas de uma ideia vista, sugerida ou imaginada, de repente se tornam pensamentos insistentes ou obstinados… e comandam o tal querer. Do mesmo modo que do nada pode-se aparecer na mira de algum amado, amigo oculto, inimigo declarado, desconhecido… e, sem motivo aparente, virar objeto de querências absurdas. Com redes e armadilhas tão disfarçadas em querer bem que, no quando do atino, já perdeu-se de si, dos seus sonhos, da sua fé.

É justo o que acontece no filme onde, a certa altura, Margaret começa a se dar conta da teia de dolo, dor e mentira em que se encontrava. Aos poucos ela vai percebendo que, artista talhada em todos os matizes, podia ter todo o nome e toda a cor. Marinho, cor de noite pousando no céu. Celeste, cor de raso profundo de mar. Marfim, bege areia, nuance cor de ar em movimento, vento… até o roxo cor de cobiça de quem é cinza cor de sombra! Pois eis onde estão e eis a questão: Cor incomoda quem não sabe cor. Salta aos olhos por onde tudo passa… sejam eles grandes, gordos ou mal olhados. De quebra ou de quebranto. Há que se estar alerta, com a figa no dedo pra quem for de encanto, com a reza pro santo pra quem se agarrar, com a paz bem no peito pra nunca envergar. E, principalmente, com olhos sempre nos olhos. Para que de todas as cismas que se aproximem, a mais persistente, seja uma menina teimosa e travessa que venha acordar toda manhã. E se chame esperança.
::: Margaret Ulbrich após o casamento passou a assinar Keane na vida oprimida, na arte que não imitava nada e nas telas que retratavam crianças tristes, com olhos enormes. Sem talento para negociação, insegura e com uma filha pra criar, conseguir um novo marido que lhe desse arremedo de afeto e cuidado, mesmo que lhe enganasse, ainda era lucro. Walter Keane, por sua vez, possuía um carisma cafajeste, mas foi um dos primeiros a descobrir como transformar arte em produto de massa. Roubava as meninas dos olhos, mas tinha visão. Nessa história real contada por um Tim Burton muito sutil, faltam justamente as suas cores singulares e o seu traçado forte. Atuações competentes de Amy Adams e nem tanto de Christoph Waltz, dão vida a uma história que merecia muito ser contada e merece tanto quanto ser vista. :::

Imagem de capa: Cena do filme “Grandes Olhos”, sobre a vida de Margaret Keane

Por uma vida com mais celebração e menos celebridade.

Por uma vida com mais celebração e menos celebridade.

Para mim não dá. Eu passo. Não quero e não aceito a celebrização industrial da vida. Para ser “alguém”, ninguém precisa ser famoso. Cá entre nós, um mundo onde há mais celebridades do que motivos para celebrar é um lugar doente.

Nada contra o sujeito renomado, o cantor de sucesso, a ilustre modelo e atriz. Mas aqui em casa nenhum deles é mais célebre que o meu pão com ovo de gema mole.

Vão me perdoar os editores das revistas de fofoca, mas celebridade para mim é qualidade do que é célebre. Célebre é o que se deve celebrar. E celebrar, entre outros significados, é acolher com festa.

Pode parecer nada, mas eu tenho mais motivos para festejar meu pão com ovo em casa do que para aplaudir um casal televisivo furando a fila de um restaurante, passando à frente dos anônimos que ali esperam para pagar por uma refeição só porque trabalha na novela.

Olhe ao redor. Já viu quantas celebridades instantâneas estourando aqui, ali e em todo canto? Saúde a todas elas! Mas eu acho mesmo é que nos falta bons motivos para celebrar. Aliás, falta a cada um de nós reconhecer o quanto há de celebridades em nossas casas e o quanto não as reconhecemos como tal.

Fosse o mundo mais justo, nosso banho depois do trabalho seria a estrela das celebridades. Você chega em casa, o corpo cansado da lida, a cabeça pedindo remanso, e ele está lá. À espera. Pronto para levar pelo ralo toda a sujeira do dia. O banho depois do trabalho não aparece na televisão, não sai em coluna social, não figura na lista de best seller. Mas é um grande e verdadeiro motivo de celebração.

Os amigos da gente. Poucos ou muitos, os amigos que a gente faz na vida são célebres figuras essenciais à nossa sobrevivência. Celebridades importantíssimas. Nossos parceiros e nossos amores, nossos pais e professores, nossos filhos e netos, sobrinhos e agregados. Nossos bichos! Nosso pijama velho, o sofá da sala que nos abraça, o porteiro boa gente. A panela que foi presente de pessoa querida, o travesseiro que tem o nosso cheiro. Nossas coisas. Nossos companheiros pela vida. Esses, sim, merecem toda sorte de festejos. São celebridades reais, indispensáveis e, quase sempre, despercebidas.

Nossa gente, aquela que nos entra no coração sem mais, rica ou pobre, branca ou preta, popular ou desconhecida, é sempre figura ilustre. Sempre motivo de celebração. Porque o desejo de celebrar, essa disposição poderosa por encontrar razões para agradecer e festejar, ahh… isso independe de fama, dinheiro, sucesso. É para quem tem o coração amoroso e a alma generosa.

Mas vá lá. Para provar a você e a mim mesmo que não sofro de antipatia por quem aparece na televisão, confesso: eu também celebro aquela gente que não se acha especial por ser famosa e insiste em carregar as próprias malas. Aquelas aves raras que dividem com os outros o que têm e o que são. Aqueles poucos seres capazes de ver o trabalho que os coloca sob os holofotes exatamente como o que é: só mais um trabalho.

Essa gente, por sua atenção em resgatar os valores que se perderam por aí, merece ser motivo de celebração. Tanto quanto a minha casa, meu banho quente e o meu pão com ovo de gema mole.

Imagem de capa:  Unchalee Khun/shutterstock

5 filmes franceses que nos ensinam muito sobre a vida e o ser humano

5 filmes franceses que nos ensinam muito sobre a vida e o ser humano

Por Mariana Ribeiro*, via Obvious

Para quem ainda não se apaixonou por esse tipo de cinema, ele não nos deve roteiros com versões dramatizadas e fantasiosas da vida, quando se diz “final surpreendente” no cinema francês, não é no sentido de felicidade enlatada Hollywoodiana, mas dos ângulos construídos mostrando as capacidades e incapacidades humanas.

As que se seguem não são resenhas técnicas, mas impressões pessoais e impessoais embasadas em conhecimento e experiência de vida.

1. Deux jeurs, une nuit (Dois dias, uma noite)

contioutra.com - 5 filmes franceses que nos ensinam muito sobre a vida e o ser humanoÉTICA, depressão

Qual é o nosso comportamento diante do outro, em situações que nos é possível fazer o bem ou simplesmente lucrar? Nesse filme, Marion Cotillard vive Sandra, uma mãe de família partida ao meio pela depressão, que no meio de uma crise financeira, tirou uma licença para se recuperar, mas ao voltar, descobre que seu chefe criou um meio para que ela fosse demitida: ofereceu aos funcionários um bônus, que só ganhariam se votassem a favor da demissão de Sandra, do contrário não receberiam bônus e outra pessoa seria demitida no lugar dela.

Sandra então vai bater na porta de cada um, em meio a uma recuperação conturbada em que volta a depender dos remédios, e pedir humanamente que escolham a ela ao invés do bônus. Ela lembra cada um da sua humanidade e empatia pelo sofrimento do outro e tenta buscar valores humanos em meio à crise. Provoca transformações sociais nas vidas dos colegas de trabalho com um simples pedido, mostrando o quanto nos afastamos na nossa humanidade as vezes, pelo trabalho e pelo dinheiro.

O final é surpreendente, Sandra prova seu valor, mostrando que tinha muito da ética que ela viera pedindo aos colegas, para dar-lhes em troca.

2. Amour (Amor)

contioutra.com - 5 filmes franceses que nos ensinam muito sobre a vida e o ser humanoAMOR, vida a dois, companheirismo

Esse filme trouxe uma visão surpreendente da vida a dois e do envelhecer. Colocou-nos dentro da vida de um casal de idosos que havia passado suas vidas juntos e agora, estavam na prova final de sua lealdade, companheirismo e de seu amor, diante de uma doença pela qual a esposa está passando. Seria então o amor o que resta de mais valioso quando as surpresas e as forças já foram embora, quando os defeitos estão à mostra e o tempo passou implacável sobre o corpo?

Mais insuportável do perdê-la era vê-la sofrer. Um final surpreendente e questionador, que deixa a pulga atrás da orelha e ideia que talvez… Só mesmo por amor!

3. La vie d’Adèle (Azul é a cor mais quente)

contioutra.com - 5 filmes franceses que nos ensinam muito sobre a vida e o ser humanoSEXUALIDADE, autodescoberta

Esse longa tem quase três horas de duração e o que vemos durante esse tempo é a construção de um indivíduo em suas vontades, carreira e sexualidade. No caso, a jovem Adèle, que no meio de suas descobertas encontra uma liberdade desconhecida na moça de cabelo azul, Emma; esta, por sua vez já tem tais questões resolvidas, o que faz com que o encontro das duas seja um questionador da aprendizagem a dois.

Emma é mais velha e assumida, enquanto Adèle luta para se descobrir, se sentindo presa pela sociedade ao redor, principalmente algumas colegas da escola (representantes de milhares), que cometem o erro ter a sexualidade como uma questão resolvida para um lado ou para outro, como se alguém devesse se assumir de uma vez e tomar seu assento. Ora, Adèle é heterossexual, mas isso não é tudo.

A importância de não ditar verdades duras sobre a própria sexualidade muito cedo e sob influência do meio, é gritante no filme. Vem banhado de Sartre e existencialismo, mostrando que, como disse o mesmo: o homem se encontra no mundo e depois se define. Intimista e sem tabu.

4. De roille et d’os (ferrugem e osso)

contioutra.com - 5 filmes franceses que nos ensinam muito sobre a vida e o ser humanoSUPERAÇÃO, depressão, companheirismo

Demasiado humano, esse filme traz personagens sem maquiagem, com defeitos e fraquezas à mostra. Mais uma vez Marion Cotillard, que agora vive Stephanie, uma treinadora de baleias que encontra o conturbado Alain, lutador, pai de um filho de cinco anos do qual não sabe cuidar.

Um relacionamento entre os dois começa quando Stephanie sofre um acidente e tem a parte inferior das pernas amputadas. Do meio de sua depressão e falta de sentido pós-acidente, ela resolve ligar para o segurança de boate que a resgatou um dia de uma briga, que é o então lutador Alain. A ausência de pena e naturalidade com que Alain lhe trata a cativam de primeiro instante.

Stephanie vai voltando à vida e abrindo seu caminho para dentro da vida de Alain, onde ninguém parece conseguir permanecer. De suas desconstruções, ambos vão se reconstruindo. Cenas intimistas e maravilhosas, a saber, uma de Stephanie voltando a nadar sem as pernas!

E ainda resta o mistério da perfeição de efeitos usados para as pernas amputadas da personagem.

5. Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain (O fabuloso destino de Amélie Poulain)

contioutra.com - 5 filmes franceses que nos ensinam muito sobre a vida e o ser humanoFELICIDADE, enfrentamento

Com personagens incapazes de ambicionar uma felicidade idealizada, O fabuloso destino de Amélie Poulain, nos aproxima mais das pequenas alegrias e das coisas simples da vida.

A personagem Amélie, vivida por Audrey Tatou, escolhe sair de seu mundo fechado e angustiado de uma forma inusitada: ajudando os outros. Como ela tinha certo medo de se abrir, no risco de se alegrar ou se machucar, resolve consertar a vida dos outros através de suas pequenas travessuras. E assim vai, levando pequenas alegrias e também se alegrando com elas, até que chega aquele momento em que ela tem que se voltar para a própria vida e enfrentá-la, afim achar suas alegrias pessoais.

O fantasioso da realidade construída por Amélie é brilhante e nos lembra de olhar para a nossa, aquela que construímos para lidar com o sofrimento; uma vez ou outra, temos que enfrentá-la.

MARIANA RIBEIRO é aspirante a muitas coisas, amante da psicanálise, escritora por natureza, fadada a duvidar, viajadíssima dentro de si. “Ismos não são bons”.

Imagem de capa: Reprodução

“Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata.” – Nise da Silveira

“Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata.” – Nise da Silveira

Título Original: Nise da Silveira , a mulher que imprimiu um novo rumo à psiquiatria no Brasil

Nise da Silveira nasceu em Alagoas, no dia 5 de fevereiro de 1905, e foi uma das mais importantes psiquiatras no Brasil. Em 1926, ao se formar na Faculdade de Medicina da Bahia, onde era a única mulher em uma turma de 157 alunos, Nise apresentou o estudo: “Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil”. No ano seguinte, ao mudar-se para o Rio de Janeiro com o marido e colega de turma, o sanitarista Mario Magalhães, começou a atuar como psiquiatra e iniciou uma coluna sobre medicina para o jornal A Manhã. “Na época em que ainda vivíamos os manicômios e o silenciamento da loucura, Nise da Silveira soube transformar o Hospital Engenho de Dentro em uma experiência de reconhecimento do engenho interior que é a loucura”, explica Christian Ingo Lenz Dunker, psicanalista e professor titular do Instituto Psicologia da USP.

Envolvida com os círculos marxistas da época, Nise foi denunciada por uma colega de trabalho, que era enfermeira, e presa pelo chefe da polícia política do Estado Novo, Filinto Müller, de 1934 a 1936. No presídio Frei Caneca, dividiu a cela com Olga Benário, a militante comunista alemã que à época era mulher de Luís Carlos Prestes, e conheceu o escritor Graciliano Ramos, que a retratou em seu livro Memórias do cárcere. “(…) lamentei ver a minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-se culta e boa. Rachel de Queiroz me afirmara a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se, a reduzir-se, como a escusar-se a tomar espaço”, retratou o escritor. Em liberdade, porém colocada na clandestinidade, Nise entrou em contato com leituras de Spinoza e publicou o livro Cartas a Spinoza.

 Arte e os psicóticos
Em 1944, Nise passa a trabalhar no Hospital Pedro II, antigo Centro Psiquiátrico Nacional, no Rio de Janeiro. Totalmente avessa ao choque elétrico, cardiazólico e insulínico, à camisa de força e ao isolamento, entre outras técnicas torturantes, Nise implanta, com o psiquiatra Fábio Sodré, a Terapia Ocupacional no tratamento psiquiátrico. Nesse mesmo ano, cria a Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação (STOR) do Centro Psiquiátrico Pedro II. Nise dirigiu o STOR, famoso por oferecer um atelier de pintura aos pacientes como forma de reabilitação, até sua aposentadoria, em 1974. Por meio das artes plásticas, a psiquiatra foi pioneira ao defender que a comunicação com os esquizofrênicos graves só poderia ser estabelecida inicialmente em nível não verbal, daí a importância dos desenhos.

Um das maiores contribuições de Nise foi o Museu de Imagens do Inconsciente, criado em 1952 para reunir a rica e complexa iconografia concebida por seus pacientes no STOR. Outro feito da psiquiatra foi introduzir entre os psicóticos o convívio com gatos e cachorros, a fim de promover a afetividade entre os internos e os animais. “Entre seus gatos e cartas, entre Espinoza e Jung, entre mandalas, pinturas e imagens do inconsciente, ela sempre recebia os errantes, visionários e candidatos a curadores de almas. Com a mesma benevolência e inquietude de quem sabia que a verdade do homem não pode ser pensada sem sua loucura”, afirma Christian.

Nise fundou o primeiro serviço de egressos psicóticos, a Casa das Palmeiras, em 1956, a primeira instituição que desenvolveu um projeto de desinstitucionalização dos manicômios no Brasil. Durante a ditadura militar que vigorou no Brasil de 1964 a 1985, criou em 1968 o Grupo de Estudos C. G. Jung. Foi membro fundadora da Sociedade Internacional de Psicopatologia da Expressão, com sede em Paris. Voraz leitora de Machado de Assis, costumava afirmar que seu primeiro contato com a psicologia havia sido com a obra do escritor.

Nise da Silveira publicou dez livros e escreveu uma série de artigos científicos que muito contribuíram para os estudos da psiquiatria. Morreu, aos 94 anos de idade, no dia 30 de outubro de 1999.

Imagem de capa: Reprodução

Um dia o amor bateu na minha porta e eu não abri

Um dia o amor bateu na minha porta e eu não abri

Mentira, eu abri sim. Mas confesso que fazer isso tem sido um dos maiores aprendizados até agora. Há um processo longo pela frente pra eu conseguir me olhar de frente e dizer “tudo bem, você pode ser feliz com alguém”. Eu nunca achei que isso seria possível.

É meio louco, mas indo contra a corrente, desde muito nova comecei a me blindar pro amor. Achava que eu era boa demais para passar pelos perrengues de um relacionamento Seria muito mais simples viver a vida sem me envolver demais com ninguém e, assim, estaria protegida de ser enganada ou sofrer por coisas desnecessárias.

Isso vem desde lá de cedo, da separação dos meus pais. Quando eles se separaram, minha mãe, que usava só roupas largas e escuras e passava o dia reclamando, se transformou em um mulherão independente, com roupas descoladas. Ela estava sempre com amigos, namorados e enfim, muito feliz. E essa sementinha foi plantada na minha cabeça. Uma mulher sem um homem é muito melhor, a equação fechava.

É claro que eu só fui descobrir essa influência depois de muita terapia, mas na adolescência me lembro de ver todo mundo namorando e não me identificar nem um pouco com aquele modelo. E cá pra nós, o modelo de relacionamento proposto pela nossa sociedade, de maneira geral, é machista e doentio. Com muita possessão, pouco diálogo, desrespeito e viradinha de olhos sem paciência.

Eu me envolvi com muita gente, porque era isso que eu queria, muitos casinhos, mas nada sério. Eu queria me entregar intensamente, e nossa! Como eu fazia isso… Me apaixonava desesperadamente, queria sugar todo aquele amor momentâneo porque eu sabia que ia passar. E passava. Na mesma velocidade que eu me apaixonava, eu me desapaixonava e eu amava isso. Amava me apaixonar mesmo sem ser correspondida e isso é lindo também. Valia a pena só pra sentir aquelas borboletas no estômago. Eu aprendi que todos os relacionamentos, por mais que durem um segundo, valem a pena serem vividos com vontade.

Até que um dia, um desses casinhos durou mais e quando vi que isso podia dar em algo sério, dei um jeito de acabar logo com tudo. Depois eu achei que o modelo ideal de relacionamento pra mim seria um namoro aberto. Vivi essa história também. Deu certo durante o tempo de durou. Terminou por causa dos deslocamentos da vida e não por ser aberto. Eu queria mais.

A questão não era poder ficar com quem eu quisesse e sim saber que eu estava livre de ter que encarar um amor de verdade. Não poder me desapaixonar a qualquer momento me deixava louca. Eu achava que amar era sinônimo de fraqueza, porque me sentia vulnerável. E como disse Sun Tzu, autor da Arte da Guerra: quem não tem nada a perder é invencível.

E era isso que eu queria ser, invencível. Planejei minha vida pra nunca amar ninguém de verdade. Igual ao filme “Da Magia à Sedução”, que a personagem cria um feitiço para si mesma para nunca se apaixonar por ninguém, só por um homem muito específico, que seria impossível de encontrar. Acontece que esse homem apareceu na vida dela e apareceu na minha também.

Ele tirou a minha base e destruiu todas as minhas certezas, mas plantou algo que eu nunca imaginei que sentiria, a felicidade compartilhada. O amor, aquele que acontece quando duas pessoas completas se somam e conquistam o mundo.

E eu comecei a viver o relacionamento mais incrível, até que eu reparei que eu estava realmente feliz, mais feliz do que eu era antes até. Eu sempre achei que fosse impossível. Então, comecei a me sabotar de todas as formas possíveis, tentando me convencer de que eu estava entrando em uma furada, que amor assim não existe e que, enfim, eu não poderia ser feliz assim. Como assim você tá feliz com um cara? Não, você não planejou ser feliz assim, volte duas casas.

Hoje, é óbvio pra mim que era apenas medo de descobrir que é totalmente possível ser feliz com alguém. Uma teoria de vida inteira sendo jogada no lixo. Não podia ser.

Mas amadurecer é isso, descobrir que certezas são ideias estagnadas fantasias de confiança. E viver sem ter certeza é que é o grande barato. É descobrir, descobrir e descobrir. Arriscar a viver uma vida a dois, ainda me dá frio na barriga, mas é o que mais me faz feliz agora. E amadurecer também é descobrir que não existe jeito certo de viver nada, a única coisa que faz sentido é ser feliz e não importa como. Essa é a única coisa que a gente tem que buscar, ser feliz sem que ninguém e nem você mesmo te diga o contrário.

Eu sempre achei que as pessoas fodas eram aquelas impenetráveis, independentes e que não se envolviam com ninguém. Mas quem é foda é quem se joga e se arrisca com medo mesmo, ainda que seja no amor. E o amor era um abismo escuro pra mim, até conseguir me jogar e descobrir que eu estava voando.

Imagem de capa: Kichigin/shutterstock

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