A melhor canção de ninar que existe são as batidas de um coração que nos ama

A melhor canção de ninar que existe são as batidas de um coração que nos ama

Amar com a certeza de ser amado na mesma medida nos torna pessoas melhores e mais felizes, simplesmente porque amar é uma delícia e ser amado também. E, embora cada um ame de um jeito único, o que vale é sabermos que ali ao lado existe alguém nos esperando, torcendo por nós, a cada dia, todos os dias.

Dentre as melhores sensações que existem, certamente o amor correspondido se encontra no topo da lista. Amar com a certeza de ser amado na mesma medida nos torna pessoas melhores e mais felizes, simplesmente porque amar é uma delícia e ser amado também. E, embora cada um ame de um jeito único, o que vale é sabermos que ali ao lado existe alguém nos esperando, torcendo por nós, a cada dia, todos os dias.

Existem casais que fazem quase tudo juntos e, se pudessem, até mesmo trabalhariam no mesmo lugar, na mesma sala. Frequentam os mesmos lugares, possuem amigos em comum, assistem sempre à televisão no mesmo cômodo, pois gostam dos mesmos programas, das mesmas séries, das mesmas novelas. Curtem músicas, passeios, viagens, shows, tudo em sintonia, jamais de maneira forçada.

Há casais, entretanto, cujos parceiros mantêm a individualidade, sem desrespeitar o espaço do outro, tendo a confiança sem precedentes como força motriz de tudo o que sentem um pelo outro. Saem sozinhos com os amigos, vão ao cinema desacompanhados, assistem a programas diferentes, em televisões distantes uma da outra. E nem por isso se amam menos. E, sobretudo por isso, unem-se cada vez mais.

Não existe certo e errado no amor, o que existe é amor que faz sorrir porque é de verdade. É amor que luta porque é guerreiro. É amor que fica porque é de coração. Ninguém tem nada a ver com a forma como os casais se amam, caso eles estejam felizes e quietos no seu canto. Sejam melosos, sejam discretos, sejam explícitos, sejam ocultos, os relacionamentos são responsabilidade de quem está ali dentro. Que se amem como bem lhes convier.

Que se durma de conchinha, um em cada cama, em cada casa, não importa, o que vale é o respeito e a lealdade que os parceiros nutrem em relação a quem ali ficou juntinho, esperando a tempestade passar, sem desistir de tentar, sem se esquecer do quanto já lutaram para ficarem juntos. Sempre será reconfortante ter um lar para voltar ao fim do dia, ainda mais quando existir amor sincero ali nos esperando.

Imagem de capa: lightwavemedia/shutterstock

Em terra de corações virtuais, quem beija com intensidade é rei.

Em terra de corações virtuais, quem beija com intensidade é rei.

Quando o primeiro computador pessoal foi fabricado e chegou as lojas, era impossível imaginar o que essa novidade iria representar para o universo tecnológico e na vida das pessoas.

No início, os computadores eram utilizados para fins empresariais e muito timidamente como meio de entretenimento. Hoje, a máquina faz parte da família. Desktops e os seus “agregados”, Notebooks, Smartphones, IPods, IPhones, dentre outros, posteriormente fabricados, ligam pessoas interligando o mundo real e virtual.

As redes sociais são como conectores, “plugam” o cérebro humano desde o momento que o homem abre os olhos até a hora de dormir. Através delas que atualmente batemos nosso ponto, ou seja, existe uma continuação da vida nas telas brilhantes desses engenhosos aparelhos.

Se, no passado, estrelas serviam para avaliar ou valorizar coisas, como por exemplo, hotéis, filmes e lugares, hoje as curtidas e emoticons representam um peso muito maior de aceitação ou não.

Ninguém passa sem ser notado na perversa tela cibernética. De um simples café da manhã postado, até uma crítica negativa causando polêmicas que viralizam e podem até comprometer seriamente as pessoas envolvidas.

Homens e mulheres se comportam de maneira diferente nas telinhas. Enquanto as mulheres se preocupam em escancarar a vida pessoal, em como se sentem, se estão satisfeitas ou infelizes, cultuam a alimentação, viagens, quantidade de amigas e roupas que possuem, se estão gordas ou magras, se já encontraram o seu príncipe encantado, o homem prefere glorificar carros, títulos, loucuras cotidianas e o senso de humor ácido.

Contudo, ambos costumam inventar e ludibriar a si próprios em uma auto sabotagem crônica. A situação anda tão severa, que, diretores de filmes e seriados não puderam se conter em criar histórias fictícias com a finalidade de abordar nosso futuro controlado por Clicks. Um seriado chamado Black Mirror, tem um ótimo exemplo. A criação da rede Netflix expõe de maneira clara no primeiro episódio da terceira temporada: “Queda Livre”.

No mundo virtual, as pessoas são julgadas por tudo que fazem e, para agradar esse “juíz” tão implacável, por vezes, estão perdendo a própria identidade. Por outro lado, quando administram bem as redes sociais, conseguem ganhar respeito, status e alavancam negócios e ideias. Redes sociais são as melhores amigas de visionários.

Se em algum momento a nostalgia tomar conta, lembranças dos tempos em que o toque pessoal era importante, é necessário compreender que o futuro pertence sim às máquinas, porém é nossa obrigação aprender a utilizá-las com discernimento e principalmente de maneira saudável. Nada nos impede de deixar o aparelhinho em algum canto e ir desfrutar de uma boa prosa com os amigos, um abraço apertado e um dia repleto de calor humano.

Imagem de capa: Mischenko83/shutterstock

Quando formos velhinhos, vou te falar: “Não te disse que eras o amor da minha vida?”

Quando formos velhinhos, vou te falar: “Não te disse que eras o amor da minha vida?”

Alguns dizem ser o amor uma loteria, outros acreditam que certamente irão encontrar o amor de suas vidas, enquanto há até quem já desistiu do amor. Em meio a todos eles, conseguimos, felizmente, conhecer casais que resistem ao tempo, amando-se até o último suspiro, resistindo e fazendo o amor dar certo. Como se trata de sentimento, é muito difícil precisar as dimensões amorosas em teorias racionais, porém, ninguém nega que amar e ser amado é bom demais.

Embora seja perfeitamente possível ser feliz sozinho, sem um parceiro, contando somente consigo mesmo, a verdade é que poder ter alguém com quem compartilhar intimidade, dor e alegria, deixa tudo mais leve, mais fácil de ser enfrentado. Ainda que muitas tempestades tenhamos que atravessar sozinhos, pois se tratarão de lutas que travaremos com o que nós próprios construímos, dar as mãos a alguém que torce por nós acabará nos fortalecendo em todos os sentidos.

Sempre respiraremos mais tranquilos quando amor estiver envolvido em nossa travessia, seja uma amizade verdadeira, um apoio familiar, seja que tipo de amor for, desde que seja correspondido, sincero, recíproco. Amor é combustível de vida, é consolo certo na hora exata, é repouso, guarida, cura. Olhar fundo nos olhos de quem retribui amor transparente nos apaziguará as ventanias emocionais que costumam nos devastar vida afora.

Uma das melhores sensações que temos é a de que encontramos o amor de nossas vidas, nossa alma gêmea, a pessoa com quem queremos passar por tudo o que temos à frente. Aquele sentimento que não vem de repente, mas que é construído, lapidado, por entre suor, risos e lágrimas, através de estradas nem sempre calmas, de escuridões muitas vezes demoradas. E amor não é sempre fácil e gostoso, ele também traz barulho e travessias ásperas.

Quando a gente luta pelo amor, por manter junto o que tanto bem faz, por continuar tentando enquanto ainda há sentimento, enquanto ainda não tivermos perdido nossa dignidade, ele é capaz de reacender, de levantar-se, de nos tomar novamente a imensidão dos nossos sonhos. Porque o que é verdadeiro resiste, persiste, mesmo alquebrado, ainda que machucado, embora muitas vezes a gente teime em expulsar de nossas vidas o que e quem jamais deveríamos. O importante é que nenhuma dúvida é mais forte do que a certeza que o amor guarda dentro de si. A certeza de que valerá a pena continuar.

O amor verdadeiro poderá não cair do céu, nem aparecer sem ser procurado, tampouco será o primeiro ou o segundo que chegar às nossas vidas, mas será aquele que virá para ficar, demorando-se suavemente, às vezes com certa relutância, mas será o melhor, o maior, o mais especial de todos, e teremos, então, a certeza de que ali existirá verdade e volta certeira. E será infinitamente duradouro, porque ficará conosco, dando-nos as mãos, até que elas enruguem, porque se alimentará nada menos do que somos aqui dentro de nós.

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Imagem de capa: Kristo-Gothard Hunor/shutterstock

Uma importante lição sobre gritar com os filhos

Uma importante lição sobre gritar com os filhos

Guardo com carinho os bilhetes que recebo de minhas filhas, quer sejam rabiscados com canetinha colorida ou escritos com letra perfeita sobre papel pautado. Mas o poema de Dia das Mães que ganhei na primavera passada de minha filha mais velha me causou impacto profundo.

Foi o primeiro verso que me deixou com a respiração presa na garganta, até que lágrimas quentes escorreram por meu rosto.

“O importante da minha mãe é… que ela está sempre ao meu lado, mesmo quando me meto em problemas”.

Sabe o que é… Nem sempre foi assim.

No meio de minha vida altamente cheia de distrações, iniciei uma nova prática que é completamente diferente de como eu me comportava até então. Virei uma “gritadora”. Não era frequente, mas era extremo — como um balão que está cheio demais, estoura de repente e dá um susto em todas as pessoas em volta.

O que havia nas minhas filhas, então com 3 e 6 anos, que me fazia perder a compostura?

Era que ela insistia em sair correndo para buscar mais três colares de contas e seus óculos de sol cor-de-rosa favoritos quando já estávamos atrasadas?

Que tentava colocar o cereal no prato, sozinha, e derramava a caixa inteira sobre o balcão da cozinha? Foi o fato de ela ter deixado cair no chão e se espatifar meu anjo especial de vidro, depois de eu ter dito para não tocar nele?

Foi que ela resistia ao sono a qualquer custo na hora em que eu mais precisava de paz e tranquilidade? Era o fato de as duas brigarem por coisas ridículas, como qual seria a primeira a sair do carro ou quem ficaria com a colherada maior de sorvete?

Sim, eram essas coisas. Probleminhas normais e atitudes infantis típicas que me irritavam ao ponto de me fazer perder o controle.

Não é fácil escrever essa sentença. E não é fácil recordar aquela fase de minha vida, porque, a verdade seja dita: eu me odiava naqueles momentos. O que tinha acontecido comigo que me levava a gritar com as duas pessoinhas preciosas que eu amava mais que a própria vida?

Deixe eu lhe contar o que tinha acontecido comigo:

Minhas distrações.

Uso excessivo do telefone, excesso de compromissos assumidos, múltiplas páginas de listas de tarefas a cumprir, a busca da perfeição, tudo isso me consumia. E gritar com as pessoas que eu amava foi o resultado direto da perda de controle que eu estava sentindo em minha vida.

Inevitavelmente, eu tinha que desabar em algum lugar. Então desabei a portas fechadas, na companhia das pessoas que significavam mais para mim.

Até um dia fatídico.

Minha filha mais velha tinha subido num banquinho e estava tentando alcançar alguma coisa na copa quando acidentalmente derrubou um saco inteiro de arroz no chão. Enquanto uma chuva de um milhão de grãos de arroz se espalhava sobre o chão, os olhos de minha filha se encheram de lágrimas. E foi então que vi — vi o medo nos olhos dela, enquanto se preparava para ouvir a reação irada de sua mãe.

Ela está com medo de mim, pensei, e foi o insight mais doloroso imaginável. Minha filha de 6 anos de idade está com medo de minha reação ao erro inocente dela.

Com pesar profundo, percebi que não era essa a mãe com quem eu queria que minhas filhas crescessem, e que não era assim que eu queria viver o resto de minha vida.

Algumas semanas depois daquele episódio, tive meu momento de revelação — meu momento de conscientização dolorosa que me impeliu a empreender uma jornada para me livrar das distrações e agarrar o que importava de fato. Isso aconteceu três anos atrás — três anos de redução gradual do excesso e das distrações eletrônicas em minha vida.

Três anos me libertando do padrão de perfeição inalcançável e da pressão social para “dar conta de tudo”. À medida que fui me liberando de minhas distrações internas e externas, a raiva e o estresse acumulados dentro de mim se dissiparam, pouco a pouco. Carregando um peso mais leve, fui capaz de reagir aos equívocos e travessuras de minhas filhas de maneira mais calma, compassiva e razoável.

Eu dizia coisas como: “É apenas uma calda de chocolate, nada mais. Você pode passar um pano, e o balcão ficará novinho em folha.”

(Em vez de soltar um suspiro de exasperação, completando com uma revirada de olhos.)

Eu oferecia segurar a vassoura enquanto ela varria um mar de sucrilhos que cobria o chão.

(Em vez de ficar em pé diante dela com um olhar de desaprovação e aborrecimento total.)

Eu a ajudava a pensar onde poderia ter deixado seus óculos.

(Em vez de criticá-la por ser tão irresponsável.)

E nos momentos em que a pura e simples exaustão e os choramingos incessantes estavam prestes a me tirar a calma, eu entrava no banheiro, fechava a porta e me dava um momento para soltar o ar e me lembrar que elas eram crianças, e que crianças cometem erros. Exatamente como eu.

Com o tempo, o medo que antes aparecia nos olhos de minhas filhas quando se metiam em problemas desapareceu. E, graças a Deus, eu virei um refúgio para elas nos momentos de dificuldades, em vez de ser a inimiga de quem precisavam fugir e se esconder.

Não sei se eu teria tido a ideia de escrever sobre esta transformação profunda, não fosse pelo incidente que aconteceu quando eu estava terminando o manuscrito de meu livro. Naquele momento, senti o gostinho da vida me derrubando, e a vontade de berrar estava na ponta de minha língua. Eu estava chegando aos capítulos finais e meu computador travou. De repente, as correções feitas em três capítulos inteiros sumiram diante de meus olhos.

Passei vários minutos tentando freneticamente reverter para a versão mais recente do manuscrito. Quando isso não funcionou, consultei o backup Time Machine, mas descobri que também ele tinha apresentado um erro. Quando percebi que eu não recuperaria jamais o trabalho que tinha feito sobre aqueles três capítulos, tive vontade de chorar — mas, ainda mais que isso, de ficar furiosa.

Mas eu não podia, porque era hora de buscar as meninas na escola e levá-las no treino de natação. Com muito autocontrole, fechei meu laptop calmamente e me fiz lembrar que poderia haver problemas muito, muito piores que reescrever aqueles capítulos. Então disse a mim mesma que não havia absolutamente nada que eu pudesse fazer naquele momento.

Quando minhas filhas entraram no carro, perceberam imediatamente que havia algo de errado. “O que foi, mamãe?” perguntaram em uníssono, depois de um olhar para meu rosto pálido.

Tive vontade de berrar: “Acabei de perder um quarto de meu livro!”. Tive vontade de socar a direção do carro, porque o último lugar onde eu queria estar naquele momento era no carro. Eu queria ir para casa e consertar meu livro, não levar crianças para a natação, torcer maiôs molhados, pentear cabelos emaranhados, fazer o jantar, lavar louça suja e colocar as crianças na cama.

Mas, em vez disso, falei com calma: “Está um pouco difícil para mim falar neste momento. Perdi parte de meu livro. E não quero falar, porque estou muito frustrada”. “A gente sente muito”, disse a mais velha, falando pelas duas. E então, como se soubessem que eu precisava de espaço, fizeram silêncio até chegarmos à natação.

As meninas e eu fizemos as coisas do nosso dia, e, embora eu tenha ficado mais silenciosa que de costume, não gritei e me esforcei ao máximo para não pensar no problema do livro.

Finalmente, o dia estava quase no fim. Ajeitei as cobertas em volta de minha filha menor e me deitei ao lado da minha filha maior para nossa “hora de bate-papo” de todas as noites.

“Você acha que vai conseguir os capítulos de volta?”, minha filha perguntou. Foi quando comecei a chorar. Não tanto pelos três capítulos, eu sabia que poderiam ser reescritos. Chorei mais pela exaustão e frustração de escrever e editar um livro. Eu tinha estado tão perto do final. Ter aquilo arrancado de mim de repente era incrivelmente decepcionante.

Para minha surpresa, minha filha esticou a mão e fez um carinho suave no meu cabelo. Disse coisas tranquilizadoras, como “computador pode ser tão frustrante!” e “eu poderia dar uma olhada no Time Machine e ver se dou um jeito no backup”. E depois, finalmente, “Mamãe, você dá conta disso. Você é a melhor escritora que conheço” e “vou te ajudar de qualquer jeito que eu puder”.

Em minha hora de dificuldade, ela estava ali, paciente, compassiva, me encorajando, alguém que não sonharia em me chutar quando eu já estava no chão.

Minha filha não teria aprendido essa reação de empatia se eu tivesse continuado a ser gritadora. Porque gritar fecha a comunicação, corta o laço. Leva as pessoas a se distanciarem, em vez de se aproximarem.

“O importante é que… Minha mãe está sempre ao meu lado, mesmo quando me meto em problemas”. Eis o bilhete daquele dia:

Minha filha escreveu isso sobre mim, a mulher que passou por uma fase difícil, da qual ela não se orgulha, mas com a qual aprendeu. E, nas palavras de minha filha, enxergo esperança para outros.

O importante é… Que não é tarde para deixar de gritar.

O importante é… Que as crianças perdoam — especialmente se vêem a pessoa que amam se esforçando para mudar.

O importante é… Que a vida é curta demais para perdermos a calma por causa de cereal derrubado ou sapatos que você não sabe onde deixou.

O importante é… Não importa o que tenha acontecido ontem, hoje é um novo dia.

Hoje podemos optar por uma reação pacífica.

E, fazendo isso, podemos ensinar a nossos filhos que a paz constrói pontes.

Pontes que podem nos levar até o outro lado em momentos de dificuldade.

TEXTO ORIGINAL DE BRASILPOST

Imagem de capa: MilanMarkovic78/shutterstock

Cuidado com o que você deseja

Cuidado com o que você deseja

Tenho o costume de escrever cartas para Deus. Como tudo em minha vida termina em um bloquinho de papel e uma caneta, esta é a forma mais fácil de entrar em contato com o sagrado que há em mim.

Esse hábito vem de um tempo distante, em que era comum viver dando cabeçadas e acreditar que jamais “daria certo” ao lado de alguém. Eu sofria a perda de um grande amor, e não conseguia imaginar outra pessoa (realmente boa) para ocupar esse lugar no meu coração. Então resolvi jogar o problema para Deus. Escrevi uma carta longa, em que eu descrevia, tim tim por tim tim, como deveria ser esse alguém. Parecia exigência demais, mas eu queria ser bem específica no querer. Passado algum tempo (não me lembro quanto), conheci meu futuro marido. De imediato não me lembrei da carta, mas um dia encontrei-a no fundo de uma caixa, e qual não foi minha surpresa ao perceber que aquele homem correspondia fielmente à descrição que eu pedira a Deus?

Tudo isso tem ares de literatura tipo “O Segredo”, e não gosto de pensar assim. Porém, acredito que nossa realidade mental é muito mais ampla do que podemos imaginar, e pode sim direcionar nossa realidade externa em maior ou menor grau.

A gente tem que ter cuidado com o que deseja. Porque bem lá no fundo de cada um, uma luz se acende com nosso querer, e faz de tudo para não se apagar enquanto a gente não realizar o que anseia, mesmo que inconscientemente.

Você sabe realmente o que está desejando? Tem sido responsável com seus pensamentos e desejos? Sabe em que medida a vida concorda com seus mais secretos sonhos?

Muitas vezes o medo ceifa a concretização de nosso desejo. Então mesmo querendo muito alguma coisa, nosso medo boicota nosso destino, e assim nada se concretiza. Quantas vezes ouvi histórias de mulheres tentando engravidar, que só conseguiram depois que adotaram? Talvez o medo de tentar e não conseguir acabe sabotando a concretização dos planos. Mas a partir do momento que adota (e portanto não fracassa), relaxa com o medo e consegue.

Do mesmo modo, boicotamos nossos planos de encontrar alguém para partilhar a vida, mudar de emprego, abrir um negócio próprio, ter um segundo filho, se dedicar pra valer a um sonho, viajar pra um lugar distante, aprender a dançar, largar o namorado, assumir uma nova identidade, ir para a terapia, praticar algum esporte. Tudo são desejos, mas no fundo queremos realmente que se concretizem? Será que desejamos o bastante?

Que nosso desejo não seja diminuído por nossos medos, e que nossa capacidade de sonhar não se perca nos vapores do tempo.

Que a gente siga acreditando que pode melhorar nossa realidade a partir de nossos próprios pensamentos, e que nunca nos falte a capacidade de sorrir, aceitar os colos e abraços, e recomeçar de um jeito novo, sem a companhia da desesperança.

Que a gente não desista de tentar, arriscar, desejar. E que permaneça acreditando na ternura e alegria, mesmo quando tudo é só ventania.

E que não nos falte coragem, pois desejar o que se quer e saber o que devemos atrair não é tão simples como deveria ser.

Que haja sabedoria e humildade. Alegria e coragem. E que não nos falte ânimo para superar os desejos frustrados e as mudanças de rota, partes do processo lindo que é simplesmente viver…

Para adquirir o livro “A Soma de Todos os Afetos”, de Fabíola Simões, clique aqui: “Livro A Soma de todos os Afetos”

Imagem de capa: Yuriy Seleznev/shutterstock

Só há um luxo verdadeiro: as relações humanas

Só há um luxo verdadeiro: as relações humanas

A fugacidade da vida é algo fascinante e ao mesmo tempo aterrorizante. Em dado momento, estamos fazendo planos, sonhando com o futuro e, de repente, anos já se passaram e todo aquele entusiasmo de outrora já não existe. Sendo assim, estamos sempre correndo contra a finitude do tempo, buscando de algum modo de impedir que os sinos toquem. Dada a sua finitude, a vida, portanto, deve ser valorizada, já que é isso que lhe confere valor. E, quando chego a esse ponto, questiono-me se estamos vivendo vidas que merecem ser vividas.

Estamos cada vez mais condicionados a uma vida voltada para o consumo, em que há uma desvalorização por completo do ser, uma vez que, nesse jogo, a única coisa que importa é o “ter”. Desse modo, passamos a vida acumulando coisas, embora tenhamos vidas vazias, solitárias e desprovidas de amor.

Estamos sempre falando, correndo de um lado a outro do palco, como disse Shakespeare, à procura de plateias que nos escutem. Entretanto, não estamos dispostos a ouvir ninguém, já que não nos preocupamos minimamente com nada que não gire em torno do nosso ego, tampouco existe vontade de colocar-se no lugar de outrem, buscando, de algum modo, sentir a sua dor.

Estamos sempre fazendo contas, buscando equações que nos tornem mais poderosos e bonitos aos olhos da sociedade e, assim, transformamo-nos em máquinas que fazem sempre a mesma coisa, seguindo as regras e ditames determinados pelos símbolos de sucesso e felicidade. Desse modo, como podemos fazer falta, sendo completamente iguais aos outros? Sem algo que nos torne únicos? Sem idiossincrasias?

Estamos querendo levar vidas importantes e, por isso, cercamo-nos de riquezas e sorrisos de pessoas que o máximo que conhecem é o nosso nome. Mas isso pouco importa, quando se está em um carro zero importado, não é? Todavia, ser importante é ter uma vida que, chegada ao fim, continua existindo nos sentimentos e lembranças importados por alguém que nos amara.

Estamos em plena era da conexão, mas vivemos isolados em nossas ilhas afetivas, protegidos pelos muros do individualismo e cobertos por uma rede wireless de egoísmo. Não dizemos mais eu te amo, apenas não me “delete”. Fingimos que o mundo é plural, entretanto, a diversidade não possui lugar diante do ódio e da intolerância.

Estamos sempre felizes, mesmo que essa felicidade seja esvaziar um Shopping Center ou esteja em um comprimido, afinal, não há espaço para a fraqueza em um mundo repleto de belezas e alegrias. Mas, se algo continua a incomodar, nada que mais algum divertimento consumista não resolva ou, quem sabe, mais uma pílula da felicidade.

Diante disso, volto à pergunta inicial: estamos levando vidas que merecem ser vividas? Acredito que não, já que, em nome do Deus “Mercado”, nós valorizamos apenas coisas e, assim, ficamos condicionados e adestrados, servindo obedientemente a um estilo de vida individualizante, egoísta e opressor, o qual renega o que há de mais divino na vida: a conexão entre duas pessoas, algo que deveria ser a nossa maior preocupação e a nossa maior riqueza, já que, na vida, o único troféu que ganhamos é ter o nosso eu ecoando dentro de outro coração. No entanto, isso é apenas para quem ainda não se transformou em cogumelo e não se esqueceu, como disse Saint-Exupéry, de que na vida: “Só há um luxo verdadeiro: as relações humanas.”

Imagem de capa: Reprodução

Por trás de toda criança difícil há uma emoção que ela não sabe expressar

Por trás de toda criança difícil há uma emoção que ela não sabe expressar

Por trás de toda criança difícil se esconde um caos emocional revestido de ira e até de desobediência, que nunca é fácil de abordar por parte dos pais ou professores.

Em algumas ocasiões, não é mais simples recorrer ao castigo ou às palavras em tons mais fortes, que somente conseguem intensificar ainda mais as emoções negativas, sua frustração e até a sua baixa autoestima.

Nunca poderemos saber por que algumas crianças vêm ao mundo com uma personalidade mais complexa do que outras.

No entanto, longe de buscar uma razão para a personalidade difícil de nossas crianças, devemos entender, simplesmente, que há pessoas que têm mais necessidades, que precisam de mais atenção.

Convidamos a todos a refletir sobre isso.

A criança difícil não escuta, não obedece e costuma reagir de forma desmedida a certas situações. Tudo isso faz com que mergulhemos em um círculo de sofrimento onde o vínculo com esta criança vai sendo carregado de tensões, ansiedade e muitas lágrimas.

Algo que muitos pais e muitas mães costumam fazer é se perguntar por quê? Sou um pai ruim? Estou fazendo algo errado?

Antes de cair nestes estados de abatimento nos quais iremos alimentar ainda mais a frustração, vale a pena colocar em prática estas estratégias.

Assumir que temos um filho mais exigente
Há crianças que crescem sozinhas, que quase sem sabermos o porquê são mais maduras, receptivas e obedientes, ao mesmo tempo em que são independentes.

Por outro lado, é possível que algum dos irmãos desta mesma criança mostre já desde os primeiros meses de vida mais necessidades, e demande mais atenção. São bebês que choram mais do que o normal, que dormem pouco e que vão do riso ao pranto em poucos segundos.
Tudo isso deve nos fazer entender que há crianças “superexigentes”. Elas precisam de mais reforços, mais apoio, palavras e segurança.
Longe de nos culparmos por termos “feito algo errado”, devemos entender que o estilo de criação nem sempre é o responsável por moldar uma criança difícil.
No entanto, é nossa responsabilidade saber dar uma resposta a esta criança exigente e isso requer paciência, esforços e muito carinho.

Lidar com uma criança difícil

Se para os adultos já é difícil poder compreender e controlar nossas emoções, para uma criança exigente isso será ainda mais complicado. Por isso, vale a pena levar em conta primeiro quais necessidades básicas uma criança difícil tem.

A criança difícil busca se sentir reconhecida em cada coisa que faz. São crianças inseguras que precisam de reforços com muita frequência. Quando não os encontram ou não os recebem, elas se frustram e se sentem incompreendidas.
Sua baixa autoestima faz com que elas sintam ciúmes, com que busquem chamar a nossa atenção para se sentirem bem, com que sintam de forma mais intensa emoções como medo e a solidão.
Conforme vão crescendo, a sensação de insegurança pessoal e de falta de reconhecimento se traduz em ira e em reações desproporcionais quando, no fundo, o que existe é apenas medo, tristeza e angústia.
É necessário canalizar estas emoções e oferecer estratégias para que a criança deixe de precisar de tantos reforços externos para se sentir bem. Ela deve ser capaz de controlar seu próprio mundo emocional com a nossa ajuda.
Chaves para ajudar uma criança difícil

Muitos pais e muitas mães não aceitam ou entendem o reforço positivo. No entanto, é necessário ressaltar alguns aspectos sobre esta estratégia educativa. O reforço positivo não consiste em dar um abraço quando uma criança faz algo que não deve. É mais que isso: trata-se de não fazer uso do castigo ou do grito porque, então, iremos produzir uma reação ainda mais negativa na criança.
Devemos nos aproximar da criança para perguntar a ela por que fez o que fez. Com calma, iremos explicar que o ato cometido não é correto, e iremos explicar também o porquê. A seguir, iremos indicar como devemos agir nesta situação. Por último, iremos fazer uso do reforço positivo: “eu confio em você”, “eu sei que você pode fazer melhor do que isso”, “eu te apoio, te amo e espero o melhor de você, não me decepcione”.

Oferecer confiança, dar responsabilidades e estabelecer limites
A criança deve entender desde muito cedo que todos temos limites, e que para ter direitos é preciso cumprir com algumas obrigações. Se os adultos precisarem fazer isso, não haveria motivo para ser diferente no caso das crianças.

É necessário que a criança se acostume a alguns hábitos, a uma rotina e que saiba o que pode esperar de cada momento.
As crianças exigentes precisam de segurança e, se a educarmos em ambientes muito estruturados onde o reforço positivo esteja presente, iremos ajudá-la a se sentir mais tranquila.
Dê a ela confiança, convença-a de que ela é capaz de fazer muitas coisas, anime-a a ter responsabilidades com as quais poderá aumentar a sua autoestima.

A importância da Inteligência Emocional

A Inteligência Emocional deve estar presente na criação de todas as crianças. É necessário ajudá-la a identificar suas emoções e traduzir em palavras o que ela sente.

Desde muito pequenos iremos habituá-los a esta comunicação emocional falando sobre “o que se sente”. Eles precisam saber expressar esta tristeza, a raiva e o medo.

Deste modo ela poderá fazer uso do desabafo emocional mas, para isso, devemos mostrar a elas confiança e proximidade. Jamais os julgue pelo que dizem, e nem ria deles. É necessário ser receptivo e propiciar sempre um diálogo fluido, ameno e cúmplice.

TEXTO ORIGINAL DE MELHOR SAÚDE

Imagem de capa: Poznyakov/shutterstock

Cansaço pode ser doença

Cansaço pode ser doença

Por ANDRESSA BASILIO

A pernambucana Maria Helena Lapenda, de 56 anos, pode dizer que caiu literalmente de cama por causa de… cansaço. Mas não qualquer cansaço. As noites de sono não conseguiam repor suas energias, levantar-se exigia um esforço imenso e, para completar, uma sensação dolorosa se espalhava pelos ombros, pela cabeça e pelos membros, comprometendo movimentos mínimos como o de levar um garfo à boca. “Eu trabalhava dois dias e precisava ficar o resto da semana na cama. Estava acabada até para falar”, conta a secretária. Depois de anos de idas e vindas entre hospitais e de ser rotulada de preguiçosa pela família, Maria Helena recebeu seu diagnóstico: síndrome da fadiga crônica.

Essa condição, caracterizada por uma canseira incapacitante, começou a ser estudada no fim dos anos 1980 e, desde então, foi pontuada de controvérsias. Isso porque, por mais que o médico vasculhe o paciente, não encontra alterações fisiológicas significativas, o que dificulta não só a detecção como a própria compreensão de quem vive com esse peso sobre as costas, a cabeça… Os mistérios que rondam a síndrome, que afetaria até 1,5% da população mundial, estão fazendo os especialistas revisitarem sua definição. E o pontapé do debate envolve a própria nomenclatura. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos propõe uma mudança: em vez de síndrome da fadiga crônica, mais fiel seria adotar o termo “doença da intolerância sistêmica ao esforço”.

Os experts creem que agregar a palavra “doença” ampliará a atenção e a seriedade cobradas pelo problema. “O preconceito e a falta de informação são os maiores obstáculos enfrentados pelos portadores hoje”, afirma Leonard Jason, estudioso do assunto e professor de psicologia da Universidade DePaul, em Chicago (EUA). Obstáculos que impedem o diagnóstico correto – algo ainda mais crítico no Brasil.

Ao comparar dados epidemiológicos do Reino Unido com os de nosso país, o pesquisador sul-coreano Hyong Jin Cho, da Universidade da Califórnia (EUA), constatou que a prevalência era quase a mesma (2 e 1,6%, respectivamente). Só que o diagnóstico era dado na proporção de 11 para 1. Ou seja, milhares de brasileiros perambulam sem receber o laudo e o acompanhamento adequados. Um dos motivos é a interpretação subjetiva da fadiga e outro, a falta de testes laboratoriais específicos. “Além disso, diversas condições têm o cansaço como sintoma, caso do hipotireoidismo e da carência de vitaminas. Aí é preciso fazer uma série de exames para descartar outros problemas”, argumenta o reumatologista Roberto Heymann, da Universidade Federal de São Paulo.

A questão que intriga os cientistas (e os pacientes) é de onde brota o cansaço sem fim. Uma das hipóteses mais aceitas diz que a doença, de base genética, está ligada a falhas no eixo que liga o sistema nervoso à fabricação de alguns hormônios, como o cortisol, que coordena nossa reação ao estresse. O psiquiatra Mario Francisco Juruena, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, explica que o baixo nível dessa substância faz com que metade dos portadores de fadiga crônica apresente também um quadro de depressão atípica. “Além do desânimo, ela vem associada a compulsão por doces e outros alimentos de alto teor calórico, sedentarismo, sono excessivo e alta sensibilidade emocional”, descreve o especialista, que passou seis anos investigando o tema na Inglaterra.

Uma curiosidade da condição, que afeta ligeiramente mais mulheres do que homens, é que muitas vezes ela se manifesta após uma infecção por bactéria ou vírus, especialmente o da gripe. Os sintomas comuns (febre, coriza, dor de garganta…) vão embora, mas ficam de presente a canseira e a falta de ânimo. Só que não dá pra responsabilizar apenas agentes microscópicos pelo revés. Há todo um cenário psicológico que favorece a doença do cansaço. “Muitos pacientes passaram por uma grande situação de estresse na infância, como a perda de entes queridos, maus-tratos físicos ou abuso sexual”, conta Juruena.

É por essa razão que atualmente o tratamento do problema não depende só de medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos e de suplementos vitamínicos. Costuma cobrar também sessões de psicoterapia. “Ainda não se fala em cura, já que não conhecemos todos os fatores que determinam a síndrome, mas seus sintomas são tratáveis e é possível garantir a qualidade de vida”, afirma a psicóloga Rafaela Teixeira Zorzanelli, professora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Outra medida que desponta com bons resultados é a chamada terapia do exercício gradual (GET, na sigla em inglês), um programa de atividades físicas personalizadas. Um estudo recém-publicado por cientistas britânicos na revista médica The Lancet Psychiatry mostra que vencer o medo de se movimentar e aderir devagar, devagarinho aos exercícios podem responder por até 60% de melhora no tratamento. A GET começa com pequenos movimentos (sentar-se na cama e se levantar, por exemplo) e evolui para uma modalidade mais consistente, como caminhadas leves.

E é exatamente isso o que Maria Helena está fazendo — com sucesso, diga-se. “Conseguir andar na praia aqui perto de casa é a minha maior conquista. É como se eu começasse a viver de novo”, comemora. Combinar acompanhamento médico, certos remédios e programas que trabalhem a mente e o corpo parece ser o plano perfeito para vencer a luta contra essa doença misteriosa e extenuante por natureza.

Muito além do fim do pique

Conheça os sintomas da síndrome da fadiga crônica, condição que pode mudar de nome em breve. O indivíduo se enquadra nela se apresentar pelo menos quatro dos sinais listados abaixo num período igual ou maior que seis meses

  • Cansaço persistente e sem que ele seja resultado de um grande esforço
  • Dificuldade de concentração
  • Perda constante de memórias recentes
  • Oscilação de humor entre tristeza e euforia
  • Estresse e ansiedade crônicos
  • Sonolência diurna
  • Dores musculares pelo corpo sem causa aparente
  • Dores nas articulações (sem evidência de artrite)
  • Dor de cabeça intensa
  • Fadiga insuportável após esforço físico
  • Inchaço nos gânglios linfáticos
  • Inflamação na garganta

A fadiga também pode ser sinal de:

Hipotireoidismo

O déficit na produção dos hormônios da tireoide afeta todo o metabolismo e gera uma tremenda leseira.

Insuficiência cardíaca

O coração perde a capacidade de bombear o sangue e o corpo carece de oxigênio e nutrientes.

Diabete

Além da desidratação provocada pela perda de urina, as células não recebem glicose direito – daíadeus, energia!

Depressão

As alterações químicas no cérebro interferem no sono, no humor e na disposição física e mental.

Apneia do sono

Marcado por interrupções na passagem do ar, o distúrbio rende uma baita canseira diurna.

Imagem de capa: Stock-Asso/shutterstock

Sozinha, tranquila e de bem com a vida.

Sozinha, tranquila e de bem com a vida.

É aquela velha história, seria bom ter uma parceria em vida, um corpo aqui perto, entrelaçando energias neste inverno, uma alma amiga para construir momentos leves e colorir os dias.

Seria muito bom ter aqui por perto um encontro simples e profundo.

Mas parece que o mundo anda complexo e raso.

É aquela velha história, está fácil tirar a roupa, mas despir a alma ninguém tem coragem.

Está fácil abrir o corpo e a casa, mas pouca gente quer compartilhar as intimidades.

Está fácil encontrar embalagens que combinam, mas não profundidades que se mergulham.

É fácil encontrar uma companhia que se encanta com o que em mim é superfície, com a minha casquinha de caramelo. Mas é difícil alguém que entenda que minha casca é delicada demais e se quebra facilmente e dentro existe um grande mistério.

E eu aqui comigo mesma, já sei que a minha versão mais bonita e plena surge no ambiente que eu posso ser frágil, sensível e exagerada.

Mas às vezes acho que muita gente gosta do que é forte, racional e comedido.

E eu aqui sozinha, já vivo nesse lugar do simples e do profundo. No lugar de uma alma que se permite a amplitude. E gostaria de me compartilhar sim, mas só se for assim, porque eu já não consigo mais evitar dizer o que penso, não deixar transbordar meus sentimentos e engolir meus questionamentos. Eu extravaso.

Eu aqui comigo gosto de ser livre no viver, no expressar, e muita gente confunde liberdade com libertinagem, curiosidade com fugacidade, contraversão dos costumes com descontrole, abertura para vida com entrada franca para a minha privacidade.

Aí eu também não quero que entrem!

Sozinha sou uma mulher independente, questionadora e também muito delicada.

Quero por perto pessoas que entendam que eu gosto de carinho, diálogo, espaço e respeito. E isso também é o que eu gostaria de oferecer, se possível.

Acima de tudo eu me amo e me aceito desse jeito e quem chegar perto não pode querer menos do que isso. Porque eu já não me limito, eu me expando.

Talvez neste inverno eu não tenha um cobertor de orelha, mas não importa, porque eu sei que minha alma estará totalmente aquecida de amor próprio.

Imagem de capa: paultarasenko/shutterstock

Uma atitude amorosa vale mais que mil palavras de amor.

Uma atitude amorosa vale mais que mil palavras de amor.

Benditas sejam as palavras de amor. Ditas na hora certa provocam belezas, enfeitam o tempo, baixam as guardas, estendem as mãos. Palavras de amor são pequenas joias. E quando, por acaso ou de caso pensado, abraçam atitudes amorosas, elas se tornam tesouros. Porque uma atitude amorosa é uma palavra de amor multiplicada por mil!

“Eu te amo”, por exemplo, é uma linda frase. Faz diferença. Deixa a gente feliz. Mas se não vier de mãos dadas com um gesto de amor é só uma palavra depois da outra, uma expressão vazia e sem alma.

Quem ama mesmo faz o que fala. Ama na prática! Porque amar é mostrar serviço. Estar a postos. Disposto. Munido da disposição implacável que nos faz dormir tarde e acordar cedo pelo outro. Essa coragem de encarar o aniversário do afilhado da prima da avó do seu amor num domingo frio, em outra cidade, só para fazer o gosto de quem você ama.

Uma atitude amorosa é um gesto poderoso e gentil. É faltar ao trabalho porque a pessoa amada ficou doente e você vai passar o dia com ela. É compreender o atraso no jantar de família porque dessa vez não deu para deixar a empresa de lado. Amar é entender, conceder, respeitar, construir. Todas essas coisas que transcendem o verbo, ultrapassam conjecturas, concretizam palavras, realizam promessas.

Superar pequenas convicções pessoais em benefício do bem-estar geral é outro grande gesto de amor. As pequenas concessões, as contagens até dez, o diálogo franco. A honestidade de dizer: “eu te amo, mas você pisou na bola, pô!”.

Amar é tomar atitude. O amor também é um compromisso! Quem ama diz e ouve a verdade ainda que doa. Respeita e aprecia merecer respeito. Quem ama cuida e se cuida.

E faz tudo isso muito bem. Faz com amor. Porque amar uma pessoa é querer o bem dela tanto quanto o seu próprio. E o bem dela nem sempre é estar ao seu lado para sempre. Acontece. Nesse caso, amar também é deixar passar, deixar seguir.

Benditas sejam as palavras de amor. Que aos amantes elas nunca faltem. Mas que seu amor exista e persista para além de todas elas, em carinhos, afetos, ternuras, apreços, gestos e atitudes que fazem o mundo mais doce, honesto, amoroso e gentil.

Imagem de capa: Syda Productions/shutterstock

Dispenso amores mornos

Dispenso amores mornos

Reza a lenda que os melhores amores são tranquilos e talvez sejam. Mas não confunda a tranquilidade de um amor com o comodismo que ele pode desenvolver. O amor precisa ser desafiado a crescer. Do contrário, é só mais um chove no molhado.

Amores mornos não combinam comigo. São preguiçosos, sem paciência e estão sempre reafirmando o discurso do “eu sou assim e não vou mudar”. Ah, não vai? Tudo bem. Segue o baile, certo? E sigo com convicção porque não preciso lidar com quem nunca sente vontade de transformar o amor em algo mais. Só dizer que ama não é o suficiente. Quem quer ficar junto, constrói diariamente os detalhes desse amor.

Amores mornos são cansativos. Não quero fogos de artifício a cada encontro, mas também não pode existir o marasmo do tanto faz. É bom ter assunto, parceria e planos para realizar. O algo mais do amor está no equilíbrio que cada um deposita. Quando a sintonia é só uma coincidência para uma das partes, nenhum beijo pode reacender o querer.

Amores mornos não são possíveis. Eles acontecem com prazo de validade e eu não estou com emocional sobrando para embarcar numa história mais ou menos. Não preciso mendigar amor, conquistei o próprio antes de qualquer um chegar. E se tiver de continuar em solidão, ótimo. Ninguém deve parar de viver por isso.

Dispenso amores mornos, mas não sou contra o amor. O que acontece é que gosto da tranquilidade de estar com alguém que vista reciprocidade sem deixar a vontade de lado. O amor merece uma pitada de cada para se manter firme. Do contrário, você entendeu a ideia.

Imagem de capa: O Sol por Testemunha (1960) – Dir. René Clément

Amizade é coisa valiosa. Afaste-se dos interesseiros.

Amizade é coisa valiosa. Afaste-se dos interesseiros.

Amizade virtual é mesmo muito simples e prática. Você não precisa abrir a sua casa nem tanto a sua vida para aqueles considerados na sua lista de contatos. E se não quiser mais aquela amizade, vai lá e bloqueia ou desfaz.

A realidade não virtual é mais complicada no “editar amigos”, mas a reflexão sobre quem deve ficar e continuar na vida é importante.

Amizade é algo muito valioso. É uma relação de cuidado, respeito, admiração. Penso mais: amizade é via de mão dupla – os dois lados têm que existir numa troca de colaboração e solidariedade. Quando há apenas um lado interessado para que a amizade exista, não há elo de amor, mas sim de interesse, e isso não configura amizade.

Amizade de verdade é desinteressada! É aquela que não há cobrança que faça nos sentir culpados. É querer estar perto mas não necessariamente junto. Há tentativas de encontros e há reencontros. Há contato, nem sempre tão frequente, mas quando retomado, é como se o tempo tivesse parado e tudo voltado a ser como antes. É natural, não tem esforço.

Não há inveja nem competição. Amizade tem admiração, tem ajuda, tem apoio, tem mão, braço e ombro. Tem desejo de sucesso e abraço de consolo.

Amigo que é amigo se preocupa, se prepara, abre a casa e o coração sem ter medo de receber. Amigo de verdade não vai ofender, nem a você nem aqueles que você ama. Ele sabe dizer o que precisa ser dito sem te agredir, e você vai ouvir entendendo que ali existe respeito e palavras de amor .

Na amizade existe abrigo quando não há onde cair morto, existe força quando não se encontra mais coragem. Existe alguém em quem se possa confiar e é por isso que ela é valiosa.

Alimentar amizades que não correspondem à altura é perda de tempo e um risco de ter por perto quem não tem a mesma consideração e estima.
Não traga pra sua vida quem só pensa nos próprios interesses e não dá valor para o laço da amizade. Não ande enganchado com quem não estende o braço pra você.

Afaste-se de quem não soma.

A gente não precisa ter um milhão de amigos porque os reais são aqueles poucos e bons. E quanto mais maduros vamos ficando, mais vamos filtrando e reconhecendo quem é de verdade e quem não é o que aparenta ser.

Livre-se dos que não te acrescentam. Atente para os sinais da vida, ela é sábia e manda muitos livramentos. Não se engane.

Não há necessidade de brigar, discutir e/ou apontar. Afastar sua energia do outro já é suficiente para que você tenha uma vida harmoniosa. Fique perto daqueles que realmente te amam. Valorize-se e preserve os de verdade. Os de mentira, deixa que a vida toma conta.

Imagem de capa: Jacob Lund/shutterstock

A rejeição é para os fortes. Ame-se com força que passa.

A rejeição é para os fortes. Ame-se com força que passa.

Não é por mal. Um dia, alguém vai fazer você esperar mais do que o suportável. Vai testar a sua paciência mais do que você merece. Vai lhe dar a impressão de que você é uma espécie de brinquedo de montar cujas peças sempre voltam para a caixa. Vai demorar um desaforo para responder a uma mensagem simples no telefone. “Oi. Tudo bem?”. Nada. Depois nada. E nada de novo. Você vai fazer duzentas conjecturas, imaginar dois mil motivos, um milhão de razões. O celular caiu no bueiro. Só pode! Será um sequestro? Um assalto. Claro! Chamem a polícia! Não, ela perdeu o telefone. Ele ainda está dormindo, faz dois dias que ele dorme. Será? Vai saber? Acontece, ué!

E tudo, tudo para não assumir o óbvio: a pessoa do outro lado não quer falar com você. E ela desaparece assim, exatamente como chegou. Do nada.

A sensação do desprezo na pele é uma barra pesada de ferro pelando. Dói como um murro de canguru na boca do estômago, coice de mula no ego, notícia ruim, estremece como o frio do medo na espinha, tortura como unha encravada no inverno, pedra no rim. Arde feito corte de papel sulfite entre os dedos. Chateia, decepciona, desalenta, brocha. Mas é assim. É da vida. E o melhor jeito de ganhar a vida é não perder tempo com besteira. Deixe passar.

Sentimento de rejeição é coisa que nasce com a gente. Feito as orelhas, o nariz, as unhas. Esteve cá entre nós a vida toda. Lá está você, um bebê adorado em toda a sua fofura, sugando o amor do seio poderoso de sua santa mãezinha. Você não tem olhos para mais nada. É só ela. A mãe. Sua referência inicial de amor e afeto e aconchego e… posse. Ela é sua, sua e de mais ninguém!

Aí acontece assim. Um dia ela deixa você esperando mais do que devia no berço. Porque vai dar atenção a alguém maior e mais forte. Seu pai, seu irmão mais velho, uma visita, o caminhão do gás. E pela eternidade insuportável de trinta segundos você a espera em seu canto e nada. Você chora, grita, esperneia. E nada ainda. Pela primeira vez na vida o sentimento de rejeição bateu-lhe na cara. Lá no berço. Você pode não se lembrar desse dia. Mas você também não esquece. Você nunca mais esquece. Porque esse sentimento vai tornar e retornar e voltar de novo a lhe dar na cara pelo resto da vida.

Está escrito. Todos haveremos de rejeitar e de ser rejeitados aqui e ali. Eu, você, todo mundo. Todos voltaremos a sofrer a mesma dor inicial da espera no berço. De zero a cento e tantos anos, seremos para sempre pouco mais que bichos loucos às voltas com as delícias e misérias, conquistas e fracassos, sucessos e rejeições da vida. Essa dor é nossa. Estamos juntos! Paciência.

Verdade é que aceitar o sentimento de rejeição é um poderoso exercício de tolerância. O primeiro. Sei aqui dentro, aqui para mim, que quem me rejeita não o faz por mal, apenas tem coisas mais importantes a fazer do que responder às minhas expectativas. Espero, então, que aqueles a quem eu por acaso rejeite também me compreendam e, quem sabe, um dia me queiram bem. Decerto que dói. Mas fazer o quê? O que fazer senão seguir em frente? A rejeição é para os fortes. Dói como a verdade. Mas aceitá-la nos liberta.

Amores não correspondidos não são sinais de que o amor não vale a pena, mas de que o ser amado está em outro lugar que você ainda não sabe. Nem ele. Um dia vocês se encontram por aí e todo sentimento de rejeição restará guardado em velhas gavetas, como as roupas de um bebê que não servem mais.

A quem não perde mais que os segundos necessários de choro e pesar pela rejeição sofrida ou cometida, o tempo é generoso. O dia rende, a noite é franca e a tardinha é uma moça gentil de olhar amoroso. Uma moça que chega e parte, nos aceita e nos rejeita, nos ama e nos esquece. Até a manhã seguinte, a próxima esperança, um novo amor no poente, soprando frio na barriga na Hora da Ave Maria.

Quando o sentimento pálido da rejeição vier, capriche no amor próprio. Ame-se com força, honestidade, empenho. E deixe o resto estar. Desenxabida e envergonhada, a decepção há de partir como chegou. Do nada. Para nada. Por nada.

Imagem de capa: Reprodução

Uma forma simples de ensinar seu filho a não lhe interromper

Uma forma simples de ensinar seu filho a não lhe interromper

Quase todo pai conhece aquela situação em que, enquanto está falando com alguém, seu filho pequeno lhe agarra pelo braço e interrompe a conversa. Mas uma técnica que aprendi com um amigo pode ajudar a resolver pra sempre esse problema.

Estávamos na casa desse, conversando, quando seu filho de três anos chegou para dizer algo. Em vez de interromper, a criança pôs a mão no pulso do pai e esperou pacientemente. Em resposta, sem parar a conversa, meu amigo colocou a mão sobre a mão da criança.

Por fim, quando terminou de falar, ele virou para a criança. Fiquei estupefato! Algo tão simples e com tanta ternura. Seu filho esperou alguns segundos e, logo, ele lhe deu toda a atenção.

Contei essa história a minha esposa e imediatamente decidimos que usaríamos a mesma técnica em nossa família. Explicamos a nossos filhos que, se quisessem dizer algo enquanto alguém mais está falando, basta pôr a mão em nosso pulso e esperar um pouquinho. Dentro de algum tempo, os pequenos pararam de interromper nossas conversas.

O mais importante é que não há necessidade de dizer coisas desagradáveis como “não me interrompa” ou “não se meta na conversa”, ou ainda. Espere. Questão de tato. Literalmente.

Fonte: aneverydaystory
Traducão e adaptação: Incrível.club

                                                          Imagem de capa: KonstantinChristian/shutterstock

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