Aquilo que ninguém sabe, ninguém estraga.

Aquilo que ninguém sabe, ninguém estraga.

É normal querermos que os outros saibam de nossas conquistas pessoais e de nossos queridos, uma vez que, da mesma forma que a tristeza, a alegria costuma ficar estampada em nossos semblantes. Existem momentos tão intensamente felizes na nossa vida, que mal cabemos em nós de tanto contentamento e acabamos querendo contar e espalhar o quanto estamos felizes.

Entretanto, sempre estaremos rodeados por pessoas invejosas, maldosas e que não suportam ver alguém feliz, pois a felicidade lhes é tão estranha, que não são capazes de entendê-la, a ponto de fazer de tudo para destruí-la. Não devemos temer a maldade alheia, no sentido de que ninguém é capaz de fazer conosco aquilo a que não estivermos vulneráveis. Cautela, porém, é preciso, a fim de que não tenhamos que enfrentar o pior dos outros em nossa jornada.

Por mais que estejamos seguros e certos quanto às nossas convicções, existirão pessoas que tentarão nos diminuir por meio de provocações constantes e de maledicências espalhadas ao nosso redor. Incapazes de torcerem pelo sucesso de ninguém – nem de si mesmas -, não se permitirão conviver com as conquistas alheias sem que tentem trazer o outro ao nível da própria escuridão emocional, muitas vezes utilizando-se de meios antiéticos e covardes.

Muitas vezes, é inevitável disseminarmos pelas redes sociais o contentamento pelas nossas viagens, nossas conquistas amorosas e profissionais, pelo sucesso de nossos filhos, inclusive seria muito chato apenas postarmos lamúrias, indiretas venenosas e lamentações em nossos perfis – existem ótimos psicólogos para isso. No entanto, é necessário saber que muitos verão tudo isso como ostentação inútil, excesso de vaidade, ego inflado, ou seja, estaremos sujeitos a comentários desagradáveis sobre nós, muitos deles pelas nossas costas.

Sempre existirá quem torcerá por nossa felicidade, quem caminhará conosco sob sol ou tempestade, quem nos amará verdadeiramente, quem, enfim, será capaz de compartilhar nossas vidas com reciprocidade sincera, porém, serão bem poucos capazes disso. Por isso, uma de nossas maiores conquistas será exatamente poder contar com pelo menos alguns poucos que nos admirem realmente, sem qualquer ranço de negatividade. A esses, sim, poderemos nos desnudar inteiramente, em nossa grandeza e em nossa pequenez mais inconfessável. Quanto aos demais, repete-se, cautela.

Não precisaremos estampar nossa felicidade nas vitrines sociais e virtuais, para que ela se complete. Aqueles que sempre estiveram conosco, bem de perto, ali ao lado, compartilhando verdades, lerão a felicidade em nossos olhos e comemorarão de mãos dadas conosco cada conquista, cada degrau superado, e é por eles que sempre valerá a pena sobreviver com ética e dignidade a cada batalha de nosso caminhar.

Imagem de capa:r HBRH/shutterstock

O tempo de cada um

O tempo de cada um

O Facebook me lembrou recentemente de uma imagem de alguns anos atrás. Dá pra ver um grupo de mochileiros na frente de uma cachoeira no interior do Amazonas. Lá no meio estou eu, todo felizinho, barba por fazer, e do meu lado um grande amigo que fiz naquela viagem: Sol Galáctico Amarelo. Sim, esse é o nome dele. Chileno e uma das pessoas mais doces que já conheci.

O curioso é que comecei essa viagem sozinho. Botei uma mochila nas costas e fui. Aos poucos, fui conhecendo uma pessoa aqui, outra ali, e fomos formando uma espécie de família de rota. A gente se encontrava numa cidade, alguns na próxima, outros na posterior, depois o grupo todo uns dias depois. Sem combinar nada. A gente apenas chegava e já avistava aquele pequeno grupo de mochilas coloridas.
Nesse mesmo dia da foto, conversei com Sol sobre como achava isso incrível. “Até onde será que vamos fazer o mesmo trajeto? Digo, todas essas pessoas. É muita coincidência, você não acha?”. Ele pensou e respondeu: “Eu não acho que a gente se encontre porque vamos pra mesma direção. Eu acho que nós nos encontramos porque vamos no mesmo ritmo”.

Essa conversa sempre me vem à mente quando penso nas relações à minha volta, e claro, nas que meu próprio coração atravessa. Cansei de ver casais que aparentemente sonham com as mesmas coisas, seguem a mesma estrada, mas se perdem pelo caminho por discordância de ritmo. Amigos com os mesmos interesses, mesma visão de mundo, desinteressando-se, desprendendo-se, tomando trajetórias completamente diferentes. Ritmo, repetiria Sol. Ritmo.

Na vida e na estrada é preciso respeitar o ritmo das pessoas. Seu tempo para aprender, absorver, enxergar certas verdades. Não dá para apressar o caminhar do outro, não dá para arrastar ninguém para a dianteira conosco. Não dá para atrasar o passo de quem vai longe por nossa vontade de ficar mais um pouco. O máximo que se pode fazer é ralentar seu passo, mas isso seria profundamente injusto consigo. E com o tempo aprendi que essa é a pessoa que mais devo respeitar pelo caminho: eu mesmo.

Eu torço pra que nossos passos sejam pareados. Eu torço pra que a gente continue se encontrando, meu amor. Mas jamais iriei intervir no teu ou no meu ritmo. Você é lindo demais no seu próprio tempo. Teu tempo é tua perfeição e imperfeição na mesma proporção, como tudo o que é bonito. Vim descobrindo que te admirar é parte essencial dessa parte da minha jornada. Simplesmente imperdível. Meu amor é aceitar teu ritmo, defender teu caminho e torcer para que a gente continue se encontrando aqui, ali ou mais adiante, pelo tempo que nos for possível.

Imagem de capa: Maridav/shutterstock

Amar ou depender

Amar ou depender

Um dia desses vi um post com milhares de curtidas numa página famosa que fala sobre o amor. Dizia assim:

“QUANDO É AMOR? AH, A GENTE TOLERA, PERDOA, MUDA, ESPERA E SUPORTA ATÉ O INSUPORTÁVEL, SÓ NÃO DESISTE!”

Fui imediatamente tomada por uma perplexidade tamanha que me fez balançar a cabeça e ler de novo. Inconformada, li os comentários de centenas de que pessoas realmente acreditam que esses comportamentos sejam sinais de amor.
O que dizer desse ideal romântico e irreal que nos é posto constantemente, desde pequenos? Confunde-se amor com dependência afetiva e cegueira emocional, pelo qual tudo se tolera, tudo se espera, tudo se perdoa e onde só é permitido desistir de si mesmo.

Perdoem-me os românticos de plantão, mas não, isso não é amor.

Amor se dá quando um não submete o outro ao insuportável exatamente porque o ama.
Amor se dá quando gasta-se mais tempo encontrando modos de preservar o outro de dor, do que criando constantes motivos para pedir “perdão”.
Amor se dá quando prefere-se deixar ir, a submeter o outro a dor.
Amor se dá quando duas pessoas se respeitam, se alegram mutuamente, se apoiam nos momentos de dor, sem DEPENDER uma da outra.
Amor cura. Dependência abre úlceras difíceis de fechar.
Amor não dói. Dependência dilacera e aterroriza.
Amor impulsiona, encoraja e diz: “Vai lá!”. Dependência amedronta e faz do mais forte, um covarde.
Amor liberta. Dependência incapacita, aprisiona.
Amor caminha lado a lado. Dependência viaja sobre as costas do outro, pois um é conjunto colunas que sustentam um todo, e o outro, pilar central que, derrubado, faz o mundo vir ao chão.
Amor se dá quando é possível respirar a plenos pulmões ao lado do outro, a estrada é ampla, o chão é firme. Dependência se dá quando respira-se um ar tão denso que seria possível cortá-lo com uma faca, a estrada é estreita e coberta de ovos.
Amor se dá quando você percebe que não é o destino sonhado ao qual o outro deseja chegar, mas está servindo apenas de pavimento sob seus pés e, diante disso, você bate em retirada, em nome do maior amor de todos: o amor próprio.

Imagem de capa: Bekir Dag/shutterstock

Sei lá, tem sempre um amor esperando para ser encontrado

Sei lá, tem sempre um amor esperando para ser encontrado

Não desiste, não. Tenta. Sorria um pouco mais, olhe para os lados e para frente. Reconheça quem te faz bem. Valorize quem você se tornou até aqui. A soma de tudo isso é o início para o amor que você merece ganhe um nome, um rosto e um abraço daqueles.

O amor também precisa ser encontrado. Você não precisa sair por aí atrás dele. Não precisa correr, suplicar e realizar mandingas. Só que você também não pode esperar encontrá-lo assim, de braços cruzados e com sentimentos fechados para balanço. Mesmo não sendo uma busca, o amor é um encontro. E, além da sorte, do destino e do acaso unindo forças, é bom contar com a sua disposição e maturidade para tê-lo.

Existem vários tipos de amores. Amores passageiros, amores gastos, amores quentes, amores prisões, amores mais do mesmo. Nomeie quantos quiser. Em algum ponto da vida, você passou por um deles. Você pode não gostar de recordar, mas não fique triste. O passado faz parte do amor. Um amor sem passado não consegue saborear a importância do amor presente. Porque a fantasia do para sempre deve ficar nos filmes e comerciais de margarina. Na vida real, o amor é aquilo que dura em cada instante, em cada momento ao lado de alguém. Ter a leveza de reconhecer o afago do amor no agora é o que pode fazer com que ele dure. Remova essa tranquilidade e restarão promessas não cumpridas.

Entenda, o amor é renovável. Ele nunca acaba. Ele muda e reaparece com uma nova oportunidade. Não é difícil sê-lo. Não é difícil amá-lo. Os amores que não deram certo antes, quer dizer, eles deram até quando foi possível. Continue. Recarregue o amor que você trouxe consigo a vida inteira e viva.

Sei lá, tem sempre um amor esperando para ser encontrado. Ele pode não chegar no dia que você quer, mas isso não quer dizer que ele não está a caminho. Mantenha os olhos abertos e o coração ligado. Você sabe como amar e o amor sabe disso. Com um pouco de coragem – já ouviu a história do feitos um para o outro? Então, não desiste.

Imagem de capa: Kat Irlin Photography

Moça, esquece dos que te viram uva. Fica ao lado de quem te sabe vinho

Moça, esquece dos que te viram uva. Fica ao lado de quem te sabe vinho

Estou andando no meio de antigas parreiras. Delicados cachos de uva pendem por todos os cantos. São uvas Pinot Noir. Dizem que essa é a rainha das uvas tintas. E é verdade, eu concordo. A Pinot Noir é uma uva delicada, que exige muito empenho e cuidado no cultivo, no entanto, os vinhos feitos dela são os mais misteriosos e perfumados do mundo.

Quando olho para essas parreiras me lembro de você, mas não a vejo como um cacho de uva a ser degustado de pronto, eu te enxergo como um vinho sedoso e suave, capaz de adoçar os mais duros corações.

Moça, nem todos sabem fazer vinho, e bem poucos sabem como cultivar essa uva. Ela é difícil e temperamental. Não se adapta a qualquer solo, não se adapta onde a querem plantar. Ela vai bem onde sente que pode ser exatamente o que é. Você é assim, já reparou?

Eu imagino que no passado muitos devem ter achado essa uva caprichosa demais. Julgaram-na presunçosa por preferir a proximidade com o mar. Acharam-na pouco prática por não poderem plantá-la junto das outras. Mas um dia houve um alguém que a olhou de um jeito diferente e entendeu que ela precisava de outros toques, de novas técnicas, que ela exigia entrega. Que o que era ideal para as outras, não funcionava bem com ela.

Moça, você é a doçura e a insensatez juntas, assim como essa formosa uva e eu que nasci em terras antigas, que vi os que vieram antes de mim fazerem alquimia com o solo, vejo a uva que hoje você é, e o vinho que amanhã será.

A vida me ensinou a transformar a terra, o vento, o sol e a lua em vinho. E é por isso que eu te conto que a poesia da vida está no amor que cuida. O amor é soma e transformação. Só ele é capaz de enxergar o vinho que há em um cacho de uva.

Moça, esquece quem um dia te viu pequena. Quem te listou pelas suas particularidades, dizendo serem ruins. Não dê ouvidos aos que te quiseram efêmera. Busque no mundo quem te ame e transforme em alguém melhor.

Mas seja você a primeira a acreditar naquilo que pode ser. Acredite na magia da vida. Na transformação amorosa daqueles que cultivam o solo com amor. Espere o tempo certo. Receba com carinho o sol, a chuva, a luz da lua e o vento. Todos têm sua razão de ser.

Tire das suas raízes forças e não permita que te colham antes do tempo. Cresça com as intempéries e evolua. Moça, transforme-se naquilo que você nasceu para ser.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain

Responsabilize-se por seus fracassos amorosos. Deixe de vitimismo.

Responsabilize-se por seus fracassos amorosos. Deixe de vitimismo.

No universo dos relacionamentos amorosos é bastante comum algumas pessoas se queixarem de que seus vínculos amorosos sempre se repetem no que se refere à dinâmica e ao desfecho. São frustrações sucessivas que levam a pessoa a sentir-se cada vez mais inconformada e destruída emocionalmente, optando, em muitos casos, por desistir de vez dos vínculos afetivos. Tudo acaba se repetindo a cada nova tentativa: os maus tratos, que podem ser emocionais ou físicos, os enganos, as traições e, por fim, o abandono.

Dependendo do contexto social e religioso da pessoa, é possível que ela vincule essa desordem a fatores espirituais como castigo divino, maldição, carma ou algo do gênero. Ou seja, atribuir as causas de um fracasso aos fatores externos ou mesmo místicos parece bem mais confortável do que tentar uma auto responsabilização. Afinal, uma vez que a culpa é de alguém ou de um ente espiritual, a pessoa não terá que mudar nada em si, não é mesmo? Considerando que a auto responsabilização implica em se colocar como agente das próprias escolhas e responsável pelas consequências delas, colocar-se na condição de vítima parece ser uma escolha bem atrativa para muitos.

É fato que o papel de vítima tem suas recompensas psicológicas, uma vez que o sujeito será sempre visto como o injustiçado, o incompreendido, o bonzinho que nunca foi valorizado, etc. Quem nunca ouviu ou pensou algo do tipo: “puxa vida, um homem tão bonzinho e a mulher não valorizou”, ou “nossa, uma mulher tão bacana, e não dá certo com ninguém”? Em contrapartida, o sujeito precisa de muita honestidade e maturidade para assumir que foi ele que escolheu a primeira pessoa que apareceu em sua frente para se relacionar, afinal, sua autoestima estava em frangalhos, justamente por ter sido traído e ultrajado no relacionamento anterior.

Não será nada cômodo, para esse indivíduo sair do papel de coitado e admitir que não fez questão de avaliar nenhum critério na hora de iniciar um namoro, afinal, quem procura acha, dessa forma, foi melhor fazer vista grossa e nutrir a pretensão de “consertar” algum possível “defeito” que a pessoa manifestasse posteriormente.

Há ainda uma tendência, especialmente por parte das mulheres, de agir com uma espécie de maternalismo para com aqueles pretendentes que aparecem em suas vidas totalmente deprimidos e, inclusive, com alguns traços de transtornos psicológicos preocupantes que requerem uma intervenção séria(psiquiatra, psicoterapeuta etc).

Muitas vezes, são pessoas que já fracassaram em relacionamentos anteriores por conta de atitudes agressivas, e que se recusam a aceitar que estão adoecidos psicologicamente. Essas pessoas atribuem os desajustes comportamentais ao comportamento do parceiro, dessa forma, elas justificam-se dizendo: “eu surtei em casa porque minha ex mulher(ex marido) me estressava”, “eu quebrava tudo e agredia a todos porque eu era muito injustiçado”, ou seja, a culpa é sempre do outro, sempre haverá um fator desencadeador dos seus distúrbios.

Diante disso, um carente em grau máximo pensará: “bem, ele(a) é uma excelente pessoa, o que ele(a) fazia de errado era por culpa de outras pessoas, basta que eu me comporte direitinho com ele(a) para que tudo dê certo”. Eis aí a grande cilada.

Não que seja contra indicado as pessoas doentes emocionalmente se relacionarem afetivamente. Contudo, elas precisam entender que um distúrbio psiquiátrico não será curado com um novo relacionamento, um novo amor não substituirá o papel de um psiquiatra, tampouco a medicação que ele deveria estar tomando. Não será possível uma pessoa passar a vida toda culpando os outros pelos fracassos dela.

Passar a vida inteira atribuindo aos outros os seus próprios fracassos é, no mínimo, uma mistura de irresponsabilidade com imaturidade, atributos totalmente incompatíveis com a prosperidade de qualquer relacionamento.

Se algo está se repetindo demais na vida de uma pessoa e isso tem trazido um descontentamento, faz-se necessária uma revisão de vida. Fazer uma pausa, desacelerar ou mesmo brecar qualquer envolvimento amoroso é recomendável. É preciso identificar o que está acontecendo, e a busca por ajuda profissional precisa ser encarada como uma decisão urgente. O que não é saudável é viver andando em círculos, protagonizando as mesmas tramas infelizes, substituindo apenas o parceiro. Assumir a responsabilidade pelo próprios atos, em especial, os mal sucedidos, pode trazer muito desconforto, inicialmente, porém, ainda não inventaram outro método para uma transformação efetiva na vida de uma pessoa, afinal, é necessário expor a ferida para que ela seja curada.

Imagem de capa: baranq/shutterstock

Você não vai se curar voltando para o que te deixou em pedaços

Você não vai se curar voltando para o que te deixou em pedaços

Há um ditado que diz: “Gato escaldado tem medo de água fria”. Isso serve para diversas situações da vida, e significa que aqueles que sofreram com alguma situação, farão de tudo para que ela não se repita.

Você não precisa viver blindado, se protegendo de sentir demais, amar demais, confiar demais. Porém, é necessário aprender a se resguardar, a se preservar, a não entregar seu coração para qualquer um, a não expor suas dores de graça nem ser publicitário de suas dificuldades e carências.

Jamais estaremos imunes a sermos machucados pelas circunstâncias da vida. Viver é um exercício de resiliência e aprendizado, e somente aqueles que não se aprofundam, preferindo viver superficialmente, não se expõem aos riscos. Mas também não vivem. Também não experimentam os desatinos e delícias de amar profundamente; não conhecem o gosto salgado da pele que transpira e dos olhos que choram; não saboreiam a conquista da intimidade e a dor da vulnerabilidade com a mesma coragem.

Porém, às vezes a gente se confunde. E sente falta de um relacionamento ruim por causa das emoções oscilantes que ele proporcionava. Essa adrenalina vicia. Você pensa que sente falta da pessoa, mas o que está fazendo falta é a emoção _ nem sempre positiva _ que a relação despertava em você. E agora que está livre e pode surfar em águas mansas e cristalinas, você se pergunta onde foi parar aquela tempestade que te movia.

Não caia nessa. Você não vai se curar voltando para o que te deixou em cacos. Você não vai se reerguer reprisando a mesma história dolorosa. Pois as pessoas não mudam, e aquilo que te machucou e te fez menor do que realmente é, não pode se repetir. Não há segundas chances para aquilo que um dia te causou dor e sofrimento. Não há segundas chances para aquilo que algum dia te despedaçou. Só quando você aprender a recusar a dor, irá adquirir amor próprio. Só quando você desistir de tentar compreender o incompreensível, irá conquistar uma fé enorme em si mesmo.

O que nos cura não é o retorno para aquilo que nos feriu. O que nos cura é deixar de tentar consertar o que não tem conserto e parar de dar desculpas para justificar nosso desejo de olhar para trás, para aquele lugar de dor e sofrimento. O que nos cura é dar um basta à tentação de imaginar que as coisas poderiam ser melhores se a gente tivesse agido diferente. O que nos cura é nos redimir pelo que não deu certo e seguir em frente dando uma nova chance à bela e dolorosa passagem do tempo…

Imagem de capa: Maksim Shirkov / Shutterstock

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Ser feliz é uma graça que não vem de graça.

Ser feliz é uma graça que não vem de graça.

A felicidade é para os fortes, meu filho. Para os destemidos, os resistentes, os ousados e os valentes. É uma graça que não vem de graça, não. Quem senta e espera ser feliz passa a vida reclamando. Felicidade é recompensa de quem faz por merecê-la, prêmio de quem vai buscá-la. A gente se movimenta, se articula, encara o que tem e o que vem, segue em frente, e ela se constrói em seu tempo, revela-se em nosso dia depois do outro. O trabalho mais trabalhoso do mundo é ser feliz.

Hoje encontrei um amigo triste e disse a ele: “desiste não, viu!”. É que a felicidade também mora na tristeza da gente. É preciso resolvê-la, compreender suas razões, entender seus motivos. Deixá-la doer como queira. Não há mal nenhum. Depois a gente lava o peito com a escova, o sabão e a água corrente do tempo que jorra de uma torneira aberta e segue em frente, numa manhã fresquinha de sol e festa. Meu amigo continuou aborrecido, mas uma hora passa.

Em cada pequena alegria da vida a gente vai sendo feliz e fazendo feliz quem nos quer bem, meu filho. Quando estamos tristes também é assim. Nosso jeito de lidar com a tristeza e sair dela com a cabeça erguida e o passo firme revela o tamanho da nossa vocação para a felicidade.

A gente complica, mas no fundo é tudo muito simples, filhote. Quando somos honestos com o que sentimos, quando não escondemos de nós mesmos o que passa aqui dentro, mantemos o movimento indispensável das coisas vivas e caminhamos rumo à alegria seguinte. Porque é no trânsito entre as alegrias e as tristezas que vive a nossa felicidade, esse estado de ser e estar que a vida inteira perseguimos, ora sonhando feito os cantores de karaokê, ora na lida dura de seguir em frente realizando o que podemos. Do jeito que pudermos.

Tem muita gente aqui e ali exigindo felicidade. Mas só meia dúzia disposta a pagar o preço. Ser feliz dá o maior trabalho. É obra para a nossa vida inteira.

Hoje eu também andei triste. Estou longe de casa e a saudade de você e do nosso cachorro me dói. Mas é o preço. Amanhã passa. Agradeço por ter um trabalho honesto que paga as nossas contas e nos ajuda a seguir tranquilos. Daqui a pouco estaremos juntos de novo, bagunçando o prédio, fazendo a distância de agora valer a pena, aproveitando para ser felizes juntos.

Então eu tenho a impressão de que a felicidade é o que a gente sente quando volta para casa, esse lugar qualquer do mundo em que nos sentimos amados e onde amamos também. Seja lá para onde vamos, voltar para casa é sempre o destino seguinte. Por ele a gente paga qualquer preço que a vida nos cobre. Por ele a gente paga, sim.

Agora falta pouco. Espera mais um pouquinho aí, meu filho. Aguenta aí que o papai já volta. O papai já volta já.

Imagem de capa: Africa Studio/shutterstock

Aprenda a distinguir quem merece uma explicação, quem merece uma resposta e quem não merece nada de você

Aprenda a distinguir quem merece uma explicação, quem merece uma resposta e quem não merece nada de você

Quem nos ama e caminha junto de fato nos conhecerá, saberá quem somos, ou seja, não ficará cobrando além da conta, pois confiará em nós.

Se prestarmos atenção, perdemos tempos preciosos de nossa vida, dando atenção às pessoas erradas, mas que poderiam ser desfrutados de maneira gostosa e feliz. Acabamos nos importando com quem não gosta de nós, com quem nos fere, com quem não consegue trazer nada de bom ou enxergar o nosso melhor. Assim, o tempo que nos resta junto a quem nos ama com verdade acaba prejudicado.

Existem pessoas que deveremos prezar, a quem deveremos responder, dar explicações, ou até mesmo satisfações. Nossos superiores no trabalho, nossos amigos verdadeiros, nosso parceiro de vida, nossos pais, todos fazem parte de uma parte importante de nossas vidas e sua preocupação conosco não é vazia. Na verdade, vivemos em sociedade e, portanto, não conseguiremos agir sempre como quisermos, sem olhar à nossa volta, ou poderemos ultrapassar a dignidade alheia.

Mesmo assim, ainda que existam pessoas que merecerão uma atenção mais cuidadosa de nossa parte, será necessário que nos resguardemos, um pouco, também delas, afinal, tudo tem um limite, seja no amor, na amizade, na família, seja no trabalho. Mantermos nossa individualidade nos evitará contratempos inclusive com as pessoas que gostam de nós, pois, mesmo entre elas, talvez haja alguém que possa ultrapassar o tanto que permitimos nos abrir.

Fato é que não podemos nos justificar e nos explicar demais a indivíduos que sempre questionarão o comportamento alheio, uma vez que não se enxergam, pensam ser superiores a todos, apontando o dedo a quem estiver ao seu lado. Irão questionar tudo o que você disser, criticar tudo o que você fizer, diminuir qualquer coisa que se relacione à sua vida. Será inútil tentar mudar o ponto de vista deles, será extenuante, uma vez que jamais conseguiremos nos rebaixar ao nível deles.

Na verdade, quem nos ama e caminha junto de fato nos conhecerá, saberá quem somos, ou seja, não ficará cobrando além da conta, pois confiará em nós. Quem muito questiona, critica e aponta dedos é alguém que nunca nos conheceu verdadeiramente, tampouco conhecerá, portanto, não vale a pena perder um segundo do dia pensando sobre esse tipo de gente. Cada minuto de nossas vidas é precioso e deve ser muito bem aproveitado, para que não cheguemos ao fim do dia com a péssima sensação de que só houve tempo perdido.

Imagem de capa: bernatets photo/shutterstock

Num mundo tão raso, encontrar estes parceiros bons de amor é achar o baú de moedas no fim do arco iris

Num mundo tão raso, encontrar estes parceiros bons de amor é achar o baú de moedas no fim do arco iris

É tao bom apenas ser e estar ao lado de alguém. Se sente quando ali tem um algo a mais. Não precisa forçar expressões nem palavras para preencher vazios. Elas são livres, vem da alma. Ha calmaria, paz, desejo, sentimento e um afeto que não se sabe bem explicar.

Dizem que quando uma magia assim acontece é porque está se cumprindo uma agenda cósmica. Um reencontro acontece.
O silêncio é repleto de presença e os corpos se nutrem do desejo de ficar. Lado a lado. Mão com mão, corpo a corpo. O cheiro é o enrosco. Uma saudade está sendo diluída…

Num mundo tão superficial e raso, encontrar estes parceiros com química de contato é achar o baú de moedas no fim do arco iris. Amores assim são mesmo um achado, um encontro dos que se procuravam.

São portas abertas para o Ser, estar, permanecer e ficar – e sossegar. É querer uma só morada. A melhor forma de conjugar.

É Sorte na vida! Por isso, Valorize estes reencontros de alma. Eles são presentes da vida e não se dará em toda esquina.

Parceiros bons de amor são raros de encontrar. Seja leal. Não deixe ele passar por descuido e falta. Valorize e preserve o seu pote de ouro.

Imagem de capa: Oscar Carrascosa Martinez/Shutterstock

“Não sei como agir de acordo com a minha idade. Nunca tive esta idade antes.”

“Não sei como agir de acordo com a minha idade. Nunca tive esta idade antes.”

Já repararam no tanto de regras inúteis a que a sociedade se apega, só para redigir um manual de “pode” e “não pode”, com o único e despropositado fim de encaixotar as pessoas nessa ou naquela categoria?

É um tal de “isso é coisa de menina”, “isso é coisa de menino”, como se houvesse algum tipo de benefício ou malefício de um ou de outro no contato com delicadezas ou molecagens. O pior é que a gente acaba comprando essas tais ideias ridículas, caso não pare uns instantinhos para refletir sobre o que é que a gente realmente pensa com a própria cabeça, ou o que é pensamento alheio acabamos reproduzindo sem pensar.

Hoje mesmo, estava com a minha família num restaurante japonês quando uma família ao lado chamou a minha atenção. Uma mãe, e duas crianças ocupavam uma mesa. A tal mãe não trocou uma palavra sequer com as crianças – um menino e uma menina -, talvez tivessem em torno de cinco e sete anos, não mais que isso. A dita cuja da moça, só erguia os olhos de seu smartphone para falar entredentes com o garoto que era aparentemente o mais velho e evidentemente o mais ativo. Não que o menino estivesse fazendo nada de mais – traquinagem de criança que já se encheu de ser ignorada, sabe como é?

Tenho certeza que a atitude da moça ausente com seus filhos foi o que me irritou. O fato é que num dado momento, acabei reparando que o garoto usava um brinco na orelha. E, se não cheguei a comentar que achei estranho o fato em voz alta, foi porque intimamente sei que seria um comentário idiota e sexista. Não comentei. Mas pensei. E já tenho comigo há alguns anos que o que já foi pensado, pensado está. Falar em voz alta ou não falar, é uma questão de evitar o julgamento alheio, certo?

Pois eu faço questão de admitir que julguei. E mesmo já tendo passado algumas horas do ocorrido ainda me encontro bastante incomodada com a minha própria pessoa; com a minha descuidada atitude de colocar no mesmo balaio o pouco caso afetivo da tal mãe e o fato de ela ter levado seu menino para furar a orelha.

E se o que o que já foi pensado, pensado está. O que se faz com esse pensamento, já são outros quinhentos. Pois eu escolhi ruminar meu pequeno preconceito aqui, comigo mesma, até o ponto de ter sido capaz de entender que preconceito é preconceito – não importa se grande ou pequeno-, a sua capacidade de reduzir seres humanos a rótulos, etiquetas e categorias é destruidor de todo jeito.

E acontece que foi justamente hoje, neste meu dia de confronto com a minha empobrecida visão preconceituosa, que eu vi um post na timeline de uma amiga tão querida com esses exatos dizeres aí do título deste texto: “Não sei como agir de acordo com a minha idade. Nunca tive esta idade antes.”

Que coisa feia, hein Dona Ana Macarini?

A verdade, sem nenhuma desculpa que a possa redimir é que eu não estou imune a ser levada pelo senso comum, pelas verdades rotas e desgastadas, pela mania de olhar para ou outro com a petulância de alguém que, por pensar diferente, corre o risco de determinar que o outro está errado.

O lado bom dessa coisa feia é que descer do salto é altamente benéfico para dar um alívio aos joelhos e, também, dar uma chance aos pezinhos de pisar descalços nos pedregulhos de dramas alheios, cuja gravidade ou leveza não temos a menor condição de avaliar.

Agradeço à vida pela oportunidade! Mil vezes obrigada! Primeiro por ser capaz de me indignar com a postura ofensiva de uma mulher adulta que acha muito mais importante fotografar os sushis do prato para postar nas redes sociais, do que oferecer sua presença viva aos filhos que escolheu ter. E em segundo, mas não menos importante lugar, agradeço pela chance de olhar para dentro de mim mesma com a mesma indignação, a ponto de compreender que ainda tenho muito que aprender.

Imagem de capa meramente ilustrativa: a cena é do filme “Up – Altas Aventuras”

O silêncio é uma forma da gente seguir em frente

O silêncio é uma forma da gente seguir em frente

A gente sabe, alguns silêncios são importantes. Tem hora que não vale a pena discutir, opinar e apontar. O silêncio, na sua essência, é uma forma da gente seguir em frente.

Você não tem que suplicar nada. Não tem que aceitar ou se sentir responsável pelas escolhas alheias. Manter relacionamentos que desmereçam os seus sentimentos é, além de uma corrida contra o amor próprio, também é um jeito de você valorizar quem nunca te respeitou.

O silêncio não é uma desculpa para que esqueça dos problemas ou que finja estar tudo bem. O silêncio é uma ferramenta de maturidade e autoconhecimento. Porque quando você não compra certas brigas, você não está desistindo de algo e muito menos de alguém, nada disso. Quando você se recolhe e deixa o silêncio tomar conta, o que você mais quer é ter um pouco de paz. E para ter paz, a última coisa de que você precisa é de uma pessoa preocupada demais em querer dizer como a sua vida deve ser vivida.

Não ter nada para dizer não faz de você covarde. Assim como também não implica uma falta de confiança no seu próprio modo de pensar e sentir as coisas. Você tem direito de não ter o que expressar o tempo todo. Em alguns instantes, você apenas deseja a companhia das suas dúvidas e certezas. Isso também é seguir em frente. Isso também é crescer emocionalmente.

O silêncio é uma forma da gente seguir em frente no sentido de que ele proporciona um contato maior com o nosso interior. É através dele que, muitas vezes, despertamos lados melhores na nossa convivência com outras pessoas.

Talvez, quem sabe, o silêncio seja um prelúdio do perdão. Da nossa capacidade de entendermos os erros e os acertos já cometidos. Tratar com silêncios relacionamentos que mais causaram dores do que amores não é pagar na mesma moeda a ausência das gentilezas que você merecia. No fundo, você simplesmente percebeu o significado de seguir em frente.

Imagem de capa: ra66, Shutterstock

Deus me livre de me acostumar

Deus me livre de me acostumar

Quero pedir a Deus que me livre do costume. O costume é tão fatalmente perigoso. Sabe, parece que a gente tem isso aqui dentro. A gente vai se acostumando com o que é extraordinariamente bom e com o que é extraordinariamente ruim também e quando vê está cego para as coisas da vida.

Deus, não permita que eu me acostume com a pessoa amada, pois quero o deslumbre de vê-la sempre bonita e me arrepiar com o cheiro dela como no primeiro dia. Quando aquele mundo totalmente novo envolveu o meu com a beleza do que é inédito.

Deus me livre de me acostumar com as qualidades e não vê-las mais. De me acostumar com as boas surpresas da vida e de dizer “ah, é isso aí?”. Deus me livre de me acostumar com as pessoas e lugares e daí pensar que eu já conheço um pouco de tudo.

Deus, não deixe que eu me acostume com a luz suave da manhã e deixe de ver assim as estrelas do dia. Isso seria triste e doloroso.

Deus, me livre do costume para que eu possa tocar a vida como um estrangeiro que chega em uma terra diferente. Que olha os costumes como se fossem estranhos maneirismos de outros mundos.

Deus, não deixe que eu me acostume com as risadas espontâneas e com as lágrimas veladas. Não permita, Deus, que eu me acostume com o que é muito bom e com o que é muito ruim. Com o que alegra e com o que entristece.

Esse costume é louco, não só o que é maravilhoso parece desaparecer quando nos acostumamos, o que machuca na repetição do hábito pode se perpetuar também.

Não permita, Deus, que eu me acostume com palavras ríspidas a ponto de achá-las normal. Não permita que eu me contente com aquilo que não me transborda. Deus, não deixe que eu me acostume e me aprisione por esse estado de dormência que rouba silencioso a verdade da vida.

Deus, quase ninguém enxerga o quão danoso é o costume. Ele apaga o cheiro de pão do forno depois das primeiras tragadas. Ele apaga o calor do abraço amigo que se repete. Ele apaga as marcas das feridas e faz corriqueiros os percalços da vida.

O costume rouba cores, desbota sonhos. Não enxerga as pontas de cabelo que foram cortadas. A cor do batom que mudou. O costume apaga os lábios dos apaixonados. Ele faz a gente esquecer do que não pode.

Esse costume tolo amortece os nossos sentidos e nos torna amorfos e incapazes de sentir, de se encantar e de se indignar!

Deus, por favor me livre do costume que rouba o encanto e impede que a gente saia de onde não deveria estar. Deus me livre de não ver o que meus olhos tocam. Deus me livre de desistir de encontrar na vida as coisas maravilhosas que ela me guarda. Deus me livre de não enxergar a hora de ir e a hora de ficar.

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Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain.

Não se esqueça: nascemos sem trazer nada e morremos sem levar nada

Não se esqueça: nascemos sem trazer nada e morremos sem levar nada

A gente não se lembra do carro, da roupa, dos móveis de quem se foi, pois o que fica no sorriso da gente é tudo o que a pessoa nos fez de bom, é a forma como a pessoa nos fez sentir o mundo.

Neste ano, passei por duas perdas muito tristes e difíceis em minha vida. Quando algo assim acontece, a gente tem que começar a refletir sobre várias coisas, para buscar algum sentido naquela dor toda. Nada pode trazer de volta quem morreu, trata-se de algo que não tem mais volta e, por isso mesmo, somos obrigados a ter que digerir o que aconteceu e tentar arranjar forças para prosseguir.

Então, eu pude perceber que o que nos dá força e nos faz levantar, a cada novo dia, é justamente tudo aquilo que acumulamos dentro de nós, em nossos corações. São as lembranças dos momentos felizes, dos sorrisos, do colo, dos abraços e das palavras doces que nos agigantam frente à dor do vazio que se instala à nossa volta. Não importa o tanto de luxo que nos rodeia, o modelo de nosso carro ou a marca de nossas roupas, o consolo afetivo que nos resguarda da demora na tristeza vem de dentro.

A gente não se lembra do carro, da roupa, dos móveis de quem se foi, pois o que fica no sorriso da gente é tudo o que a pessoa nos fez de bom, é a forma como a pessoa nos fez sentir o mundo. Meu conforto vem das memórias que contêm tudo de bom que passei junto aos meus queridos que partiram, cada emoção boa que senti quando estavam ao meu lado. Nenhuma herança material substitui o legado de amor e de afeto que as pessoas que amamos nos deixam.

Por isso é que não dá para entender tanta gente se importando tanto com o que não se leva dessa vida. Pessoas se desentendem por dinheiro, brigam por um cargo, puxam o tapete por conta de status, distanciam-se da família para juntar renda e mais renda, e então, sem aviso prévio, tudo muda num átimo de segundo. Doenças, acidentes, desemprego, não há o que não possa acontecer, visto nada ser previsível nesta vida e, infelizmente, muitos acabam deixando para trás momentos de partilha amorosa verdadeira e que não voltam mais.

Como diziam nossos avós: da vida nada se leva. Chegamos sem nada e saímos da mesma forma. O que fica é amor, sentimento, afetividade. Perderemos muitas pessoas ao longo de nossa jornada, mas, caso tenhamos realmente vivido com verdade junto a elas, teremos forças para enfrentar o mundo quando não mais estiverem conosco. É assim que a gente caminha, haja o que houver.

Imagem de capa: Tuta69/shutterstock

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