8 tipos de pessoas tóxicas que são difíceis de conviver

8 tipos de pessoas tóxicas que são difíceis de conviver

Cada pessoa tem seu jeito único de ser e isso torna a vida muito mais interessante. Entretanto, seja dentro de casa, no trabalho ou na faculdade, existem pessoas tóxicas que podem realmente afetar o psicológico e estragar o dia a dia daqueles que convivem com elas.

“No trabalho você pode ter um chefe ou um colega que é sempre grosseiro ou está sempre te diminuindo, isso pode gerar frustação e desestimular uma pessoa. Na família, existe pais ou familiares tóxicos, que estão sempre dizem que a pessoa não é boa o bastante, que ela precisa ser melhor, que está sempre criticando e colocando a prova seu amor, isso pode destruir a autoestima, autonomia e confiança. No relacionamento amoroso ou na amizade também temos esse tipo de problema, com pessoas que só estão com a outra por interesse, que estão sempre querendo passar a perna no próximo e desejando o mal”, comenta a psicóloga Milena Lhano.

Identificar as pessoas tóxicas presentes na nossa vida pode não ser uma tarefa tão fácil, portanto é preciso ficar atento aos sinais, como se sentir ridicularizado ou sufocado por alguém. A melhor forma de prevenir e evitar o conflito com essas pessoas é tentar se afastar, porém, sabemos que nem sempre isso é possível. Então, é importante criar a consciência de que essa pessoa não te faz bem, buscando depender cada vez menos dela.

Para ajudar você a identificar se existe alguém assim nos ambientes que convive, o Minha Vida classificou alguns sinais para reconhecer uma pessoa tóxica em sua vida. Confira:

1. Invejosos

Esse tipo de pessoa nunca está feliz com aquilo que tem e também não fica feliz quando algo bom acontece com você. Os invejosos acreditam que coisas boas só podem acontecer com eles. “O invejo é um perfil bem tóxico. O primeiro passo é ser consciente que a pessoa é invejosa e tentar ter um relacionamento mais superficial com ela”, diz a psicóloga.

2. Fofoqueiros

Todo mundo já teve aquela vizinha que vivia querendo saber da vida dos outros e sempre que tinha a oportunidade contava uma história de alguém para a vizinhança toda. Os fofoqueiros podem destruir completamente a autoestima de alguém e, por esse motivo, a melhor forma de lidar com eles é deixar de compartilhar relatos.

“Algumas pessoas dessa personalidade são dissimuladas, portanto nem adianta falar que elas são fofoqueiras porque elas vão jurar até a morte que não fazem isso. A melhor forma de lidar com essas pessoas é se preservando, não compartilhando coisas muito íntimas. Reconhecer essa pessoa não é tão difícil, pois se ela fala de todo mundo pra você, provavelmente também fala de você para outros”, afirma Milena.

3. Duas caras (pessoa falsa)

Uma pessoa falsa é aquela que só age como amigo quando é confortável, porém se você precisar da ajuda dela, provavelmente não terá. Esse é o tipo de pessoa que na sua frente é toda cheia de amor e, quando você não está, vai falar mal de você. As atitudes dela nunca são a mesma quando você está presente e quando não está.

“Uma pessoa falsa é difícil de reconhecer porque eles conseguem jogar muito bem. Esse também é um perfil muito difícil de se desenvencilhar, pois eles podem se sentir ofendidos. Então, é importante não entrar no jogo deles. Existem pessoas com esses perfis que não podemos deixar de conviver, assim nós devemos buscar outras qualidades da pessoa e tentar se defender”, revela a psicóloga.

4. Vítimas

As pessoas que se fazem de vítima nunca são capazes de assumir o próprio erro, sempre precisam encontrar alguém para levar a culpa por elas. “A vítima é uma pessoa que passa uma falsa imagem de ser fraca, quando na verdade é uma pessoa muito forte. A melhor postura para lidar com esse perfil é nunca alimentar o comportamento ou valorizar isso na pessoa”, comenta Milena.

5. Arrogantes

Existe uma grande diferença entre confiança e arrogância, pessoas arrogantes se sentem superiores e estão sempre intimidando os outros. De acordo com a psicóloga, para lidar com o arrogante é preciso ter autoestima e ter consciência das suas qualidades, porque ele sempre tentará diminuir você.

6. Controladores

As pessoas controladoras acreditam que sabem tudo, mas por trás disso são super inseguras. “Uma pessoa controladora geralmente é muito segura e tentar mostrar controle com esse perfil pode também não ser a melhor alternativa. O ideal é tentar não entrar nesse controle”, revela a psicóloga.

7. Negativos

Sabe aquela pessoa que vive irritada, nunca consegue ver nada de bom na vida e é ressentida com tudo? Então, esse tipo de perfil pode afetar muito a vida de alguém, já que para ela nada parece dar certo. Segundo a psicóloga é importante não se deixar contaminar pela vibração ruim dela.
8. Egocêntricos

Para os egocêntricos parece que o mundo inteiro gira em torno deles, eles estão sempre querendo ser os melhores em tudo. “Com uma pessoa egocêntrica não se pode criar muita expectativa ou querer receber algo em troca. O egocêntrico não consegue ver o outro, só pensa nele mesmo. Em um relacionamento é uma via de mão única”, comenta Milena.

Imagem de capa: Shutterstock/Nomad_Soul

TEXTO ORIGINAL DE MINHA VIDA

Sentir falta não significa querer que algo volte

Sentir falta não significa querer que algo volte

Você pode sentir falta, pode sentir nostalgia por tudo que viveu com uma pessoa que amou, você pode desejar que essas lembranças se repitam, se emocionar novamente ou se fazer várias perguntas: por que tudo acabou? Poderia ter sido de outra forma? O que aconteceria se…? No entanto, a nostalgia não significa que você deseja que a pessoa protagonista desse sentimento retorne para o seu lado.

Sentir falta pode ser complicado, e às vezes também pode estar acompanhado de uma pontada de dor: grande parte do que se encontra nessa viagem mental ao passado é lembrado com saudade. No entanto, o fim teve um motivo e manter a distância ajuda a evitar a tentação de retornar, porque no fundo você não deseja fazer isso.

Podemos sentir falta da pessoa ou da história que vivemos com ela, isso muda muito o significado da memória. Às vezes não queremos que a pessoa volte, a menos que seja para repetir a história, e isso não tem que acontecer com a mesma pessoa. A história e as sensações que vivemos podem ser replicadas em parte, talvez agora com outro companheiro de viagem.

Há pessoas que aparecem em nossas vidas por um tempo limitado, nos dão o bom e o ruim e aí acaba o caminho que trilhamos juntos. Quando sentimos falta, é bom lembrar que a história tem dois lados, o nosso caminho continuará e é graças a isso que podemos continuar aproveitando o sabor doce dos momentos especiais.

Nunca volta a ser quem foi, mesmo que retorne

Aqui a diferença entre sentir falta da pessoa ou das lembranças se torna importante. Quando as histórias terminam, elas terminam, e embora queiramos repetir o mesmo com a mesma pessoa, não será igual, as pessoas amadurecem, crescem, se desenvolvem, e é por isso que não retornam ao mesmo ponto.

Recomeçar com alguém que você já conhece, com quem você tem parte do seu passado em sua história ou alguém com quem você tenta repetir momentos já vividos em outro momento, implicará começar a partir de um ponto diferente, e é por isso que pode significar não voltar a viver ou sentir o mesmo.

As memórias que guardamos devem ser deixadas na memória, sendo saboreadas de tempos em tempos, nos permitindo sentir novamente quando fechamos os olhos, enchendo nossos olhos de lágrimas ao pensar que não estão mais lá, mas devemos nos sentir felizes porque aconteceram e, de uma forma ou de outra, ainda estão em nós.

Nós somos cada uma das nossas lembranças e é por isso que devemos vivê-las dessa maneira. Quando perceber que sente falta, mas que isso vai machucá-lo novamente, deixe, não repita ou force algo que já não serve mais. Você pode sentir falta, mas talvez não queira que volte.

Sentir falta é encher seus momentos com lembranças

Porque sentir falta é isso, é estarmos cheios de memórias, de momentos, de aventuras, de histórias, é estarmos cheios de vida, mas também é estarmos cheios de vida passada. Não seria bom ficarmos lá, temos nosso passado, nossa saudade, mas à frente temos muito mais para continuar preenchendo nossas memórias.

Coloquemos um ponto final, tomemos essa decisão a respeito dessa nostalgia, deixemos de estar cheios do passado e vamos abrir os olhos para tudo o que nos espera, as pessoas que estiveram lá ficarão, registradas em nossa memória e em nossas emoções, mas as pessoas que esperam para começar fazer parte do nosso caminho estão desejosas para lhes abrirmos os braços.

Ser corajoso também implica confiar novamente, seguir sentindo falta, mas se arriscando a viver experiências com pessoas diferentes, dar a oportunidade para que sejam outros que preencham os vazios que hoje temos sentido falta, mas acima de tudo, pessoas que nos preencham e continuem a contribuir conosco, que não apaguem nossa memória, mas que nos deixem espaço para criar novas histórias.

Imagem de capa: Shutterstock/Nick Starichenko

TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA

Perca o medo de ser quem você é, vão te julgar de qualquer jeito mesmo

Perca o medo de ser quem você é, vão te julgar de qualquer jeito mesmo

Passei a minha vida toda com medo do olhar do outro, medo do que iriam pensar, do que iriam falar, do que poderia correr pelas bocas fofoqueiras sobre mim. Por conta disso, engoli muitas vontades e desejos, para que agradasse à maioria, para que deixasse tranquilas as línguas ferinas de quem nem merecia um minuto de meu pensamento. Isso me levava a sufocar grande parte de mim aqui dentro. E faz muito mal engolir sonhos.

A maturidade, porém, trouxe-me mais calma e compreensão, fazendo-me entender que a aceitação dos outros requer, antes de tudo, que eu me aceite como eu sou. Qualquer traço de insegurança ou de vulnerabilidade de minha parte se tornará o alvo perfeito para que distorçam, menosprezem e condenem os meus atos, mesmo os mais inofensivos, mesmo quando nada do que eu esteja fazendo tenha alguma coisa a ver com a vida do outro. Gente ruim fareja o medo e a insegurança de suas vítimas.

No meu caso, trata-se de um processo lento e doloroso, porque desafogar o que a gente sufocou por tanto tempo traz de volta lembranças dos medos tolos que nos levaram ao fechamento em nós mesmos. Esse enfrentamento vem sendo gradual, mas libertador, porque a expansão dos sonhos agigantam a nossa essência, tornando-nos melhores e mais felizes. E felicidade alimenta qualquer esperança, que é o que nos move, afinal.

Somente depois dos quarenta anos de idade, consegui expor publicamente meus escritos, via internet, e qual não foi minha surpresa ao constatar que encontraria leitores que gostam de minhas palavras, leitores que se sentem bem ao ler meus textos, pessoas a quem ajudo de alguma forma, quando leem meus artigos. O retorno é tão positivo, que percebo o quanto eu era tolo guardando meus pensamentos dentro de mim, sendo que podem ajudar muita gente.

Após a morte da minha gata querida, fiquei deveras triste. Mas sempre aparecem os anjos na vida da gente e um deles me aconselhou a fazer algo que nunca fizera antes para ajudar a combater a tristeza. Comecei a gravar uns vídeos e não é que me estão fazendo um bem danado? Ousar requer reunião de força, disposição e, por isso mesmo, acaba aliviando o peso de tudo. Ultrapassar limites expande nossa essência e ela então começa a abrir espaço para o afeto e a esperança, enquanto vai tirando dali aquela tristeza que teimava em ficar.

Portanto, perca o medo do julgamento alheio, isso faz a gente ficar bem mais leve. Quando a gente faz o que tem vontade, sem ferir ninguém e de maneira ética, não tem como dar errado. E você vai ser julgado de qualquer jeito: se chorar ou se ficar forte; se disser não ou se falar amém pra tudo; se sair de camisa ou de camiseta. Vão te julgar de qualquer jeito. Faça o que tiver vontade, o que fizer o seu coração vibrar, sem pisar ninguém nesse percurso, e seja mais feliz.

Li que o medo rouba os nossos sonhos e é assim mesmo. E lembre-se: quem te ama de verdade jamais te julgará por estar vivendo o que você é, pois foi pelas suas verdades que as pessoas começaram a te amar. E é pelas suas verdades que elas te amarão para sempre.

Imagem de capa: ESB Professional/shutterstock

Gentileza gera gentileza… E bons relacionamentos.

Gentileza gera gentileza… E bons relacionamentos.

Quem nunca ouviu, leu, ou escreveu a assertiva “Gentileza gera gentileza”? Esse dito, com ares de profecia, ressalta a necessidade de manter vivo um comportamento que tem ficado cada vez mais diminuto, mas não menos necessário para que convivamos bem uns com os outros.

Um detalhe é que esta frase é mais comumente interpretada como sendo sobre comportamentos adotados na rua. E vez ou outra alguém pinta um muro ou pilastra com ela. Mas é preciso levá-la para casa. Praticar gentilezas em domicílio também faz parte desse apelo e é tão ou mais importante quanto fazê-lo na rua.

É mesmo uma verdade que ser gentil no trânsito, no comércio, no trabalho ou mesmo nas redes sociais é um desafio constante e por vezes exige o máximo do autocontrole de alguém. Não é tão fácil ser gentil, sobretudo quando não se recebe o mesmo tratamento.

Também não é fácil manter-se gentil no dia-a-dia de nossas casas. Por mais que gostemos das pessoas mais próximas, nem todo dia é um bom dia. Quando o cansaço se abate sobre nós; quando, ao retornar para casa, ao invés do descanso encontramos outros afazeres e problemas a resolver; quando o silêncio do quarto é quebrado pelo barulho nas casas vizinhas; quando o despertador nos acorda de um sono tranquilo e nos chama para um dia cheio de tarefas; quando as outras pessoas acham-se no direito de bisbilhotar nossos assuntos particulares…

É exatamente nesses momentos críticos que tendemos a descontar em quem aparece primeiro. Algumas das vítimas são as pessoas que mais amamos, numa controvérsia que gera muitos conflitos em nossas relações.

Torna-se um desafio perceber a refeição sobre a mesa e agradecer o esforço de quem se dedicou tanto para prepará-la; perceber que o outro não teve uma boa noite de sono ou um bom dia de trabalho e se dispor a algum pequeno gesto que possa melhorar esse quadro; molhar as plantinhas de alguém, refazer a cama; fazer um elogio; dizer palavras doces quando se está “cuspindo marimbondo”.

Quanta dificuldade temos encontrado em nos manter atentos a esses detalhes e fazer disso uma oportunidade de melhorar o dia de alguém!

Talvez o melhor seja encararmos as pequenas gentilezas como remédio para curar este mundo hostil; ao praticá-las estaremos fazendo dele um lugar mais acolhedor, e humano.

Alguém que tenha por hábito tratar bem os de casa, mais facilmente tratará bem os outros que cruzarem pelo seu dia, e quem foi bem tratado terá mais chances de fazer o mesmo, fazendo girar o maravilhoso círculo da convivência pacífica.

Gandhi ensinou que “a gentileza não diminui com o uso.Ela retorna multiplicada.” Portanto, não precisamos economizar! Podemos continuar cumprimentando os outros, abrindo portas, cedendo cadeiras, cuidando de animais e fazendo todo tipo de bondade que uma pessoa gentil é capaz de fazer.

A gentileza possui uma espécie de encantamento, que abre portas e faz os relacionamentos tornarem-se agradáveis e muito, muito mais duradouros.

Imagem de capa: Grassmemo/shutterstock

Muitas pessoas preferem manter as aparências a manter a palavra

Muitas pessoas preferem manter as aparências a manter a palavra

Podem até dizer que serão amigos a vida toda, que se amarão em qualquer situação, que é para sempre, mas poucos sobrevivem às turbulências, à ausência de conforto e de dinheiro. Porque o que se diz na bonança raramente se sustenta na tempestade.

Hoje, pouco se valoriza o que somos, como nos comportamos, nosso valores e princípios, nossas atitudes para com o próximo, mas sim o quanto consumimos. O que importa é o poder de compra de cada um, a despeito dos meios que se utilizam para a obtenção daquilo que se quer. Quanto mais moderno for o seu celular, quanto mais possante for o seu carro, quanto mais carimbado for seu passaporte, quanto mais grifes suas vestimentas ostentarem, mais gente você se torna perante a sociedade.

Nada mais tem durabilidade, nem objetos, nem sentimentos. Antigamente, as coisas eram feitas para durar, a afetividade contava muito, para além das aparências. Nossos pais se gabavam por possuírem, durante toda a vida, os presentes de casamento: as camas, os móveis, a louça, os talheres, o enxoval, tudo permanecia na casa por anos e anos. Geladeiras, fogões, televisões, armários, entre outros, faziam parte do patrimônio familiar, inclusive por mais de uma geração.

As pessoas costumavam mandar consertar o que quebrava, porque a qualidade dos produtos valia a pena – até mesmo o ferro de passar roupa era levado para reparos. Hoje, pelo contrário, não se conserta quase nada, joga-se fora e compra-se outro. Substituem-se utensílios, objetos, móveis, eletrodomésticos. Substituem-se casas, carros, terrenos, brinquedos. Substituem-se sonhos, afetos, sentimentos. Substituem-se pessoas.

Nesse contexto em que os bens materiais são supervalorizados, em detrimento do bem que cada um carrega dentro de si, cada vez mais as pessoas se apegam às aparências. O mundo virtual das redes sociais torna essa sistemática ainda mais forte, haja vista a necessidade de se postarem fotos de felicidade inconteste e check-ins em restaurantes badalados e em aeroportos internacionais. Com isso, a felicidade vai se tornando algo que somente se consegue quando se está rodeado de luxo e de conforto material.

Por essa razão é que tudo o que carregamos dentro de nós, nossas verdades e sonhos de vida, parecem não valer muito aos outros. Somos interessantes apenas enquanto oferecemos algo para que o outro possa desfrutar de alguma forma. A partir do momento em que nada pudermos oferecer além do que somos enquanto pessoa, deixamos de existir para a maioria dos indivíduos. Quem fica porque gosta de nossa presença é quem nos ama de verdade, porque o restante não mantém afeto, não mantém sentimento, não mantém palavra alguma.

Podem até dizer que serão amigos a vida toda, que se amarão em qualquer situação, que é para sempre, mas poucos sobrevivem às turbulências, à ausência de conforto e de dinheiro. Porque o que se diz na bonança raramente se sustenta na tempestade. Infelizmente.

Imagem de capa: Ivanko80/shutterstock

“Todas as manhãs ela deixa os sonhos na cama, acorda e põe sua roupa de viver”

“Todas as manhãs ela deixa os sonhos na cama, acorda e põe sua roupa de viver”

Ela acostumou-se a sonhar. Acostumou-se a buscar uma versão mais livre e mais coerente de si mesma nos sonhos. Descobriu que pode dar trégua para suas próprias batalhas, culpas e aflições quando adormece e mergulha em seus devaneios.

Não foi sempre assim. Seus sonhos já foram extensão de suas condenações, medos e inadequações. Mas hoje são um refúgio seguro, acolhida doce após um dia cansativo, descanso para a rigidez do espírito e gravidade da alma.

Todas as manhãs ela põe sua roupa de viver. Assume compromissos, resolve pendências, cumpre metas, encara desafios. Não se mete em confusões, não dá bandeira para o ex, é sensata nas postagens no Face e Instagram. Responde às mensagens do whatsapp com emojis escolhidos a dedo, manda áudios interessantes e tem sempre uma novidade na ponta da língua. Mas à noite… ah, à noite… ela se despe. Toma uma taça de vinho e remove cada uma de suas máscaras de viver. Não se cobra tanto, se permite sentir saudade, reconhece aquilo que lhe faz falta e o que lhe aquece a alma. Dá uma trégua para sua mania de perfeição, para sua incapacidade de dizer “não”, para seu desejo de ser aceita a qualquer custo. À noite ela descobre que pode ser amada pelo que é de fato, e não pelas máscaras que carrega.

Aos poucos ela tem aprendido a não deixar os sonhos na cama. Tem aprendido a conciliar rigidez com leveza, razão com emoção, proteção com vulnerabilidade e eficácia com perdão. Tem contrariado seus medos, dado uma rasteira em suas inseguranças, se despedido de sua mania de agradar a todos se desagradando. Sua roupa de viver já não pesa tanto, seu maior compromisso é consigo mesma.

Ela continua sendo mais livre nos sonhos, mas sabe que aos poucos irá assumir mais doçura que culpa e mais encantamento que amargura. Tem dado risada de seus tombos e não se culpa quando a mensagem do whatsapp é visualizada e não respondida. Já não espera reciprocidade de todo mundo, e nem por isso se entristece. Tem mandado algumas pessoas “praquele lugar” e deletado alguns papéis que não quer mais representar.

Ela sabe de seu valor, de suas lutas e vitórias, e isso lhe assegura que não precisa provar nada pra ninguém. Quem tiver a chance de conhece-la de verdade irá saber que ela tem suas dificuldades, estranhamentos e manias, mas que, acima de tudo, ela não desiste de ser feliz…

*O título deste artigo alude a uma citação de Clarice Lispector.

Imagem de capa: Leszek Glasner/Shutterstock

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A paz é uma “mercadoria” muito preciosa, evite desperdiçá-la.

A paz é uma “mercadoria” muito preciosa, evite desperdiçá-la.

Você já viveu a experiência de deixar “pra lá” algo que merecia uma atitude enérgica sua? Se sim, já passou pela cabeça a ideia de que isso seja um grande indicador de sabedoria e maturidade de sua parte? Eu sei que não é tão simples assim, é provável que você tenha se martirizado e se cobrado por não ter tomado uma atitude. Talvez você se sentiu um verdadeiro frouxo ou trouxa por não ter reivindicado algo que você tinha certeza que era seu por direito.

Contudo, entenda uma coisa: você não agiu como trouxa, frouxo ou idiota, veja a questão por outro prisma. Muito provavelmente, você avaliou a relação custo-benefício entre pleitear o seu direito, ou tomar satisfação com alguém, e deixar “pra lá” e fez o que foi melhor para você. Certamente você optou pela sua paz e, por essa “mercadoria” não existe quantia de dinheiro que pague. Eu entendo que, em determinadas situações, nosso sangue ferve de raiva, quando nos damos conta de que fomos enganados, injustiçados, caluniados, traídos, roubados e etc. a primeira ideia que vem à nossa mente é o desejo de justiça ou de vingança.

Entretanto, essa necessidade de não aceitar levar desaforo para casa e, de pagar tudo com a mesma moeda precisa ser repensada em prol da nossa saúde emocional e nosso equilíbrio interior. Precisamos avaliar até que ponto um dissabor que enfrentamos merece tamanho desgaste de nossa parte. Essa avaliação merece um olhar atencioso de nossa parte, do contrário, não teremos tempo, tampouco condições de saborear a nossa tão sagrada paz.

Precisamos ponderar, se compensa mesmo, entrar na sintonia asquerosa de quem não tem nada a perder e só vive de atormentar a vida alheia. Sabe, essas pessoas estão mergulhadas no próprio limbo que elas criaram em torno delas, são seres amargurados e atormentados que não suportam nem a eles mesmos. São pessoas que não merecem o nosso desgaste. Elas vivem de fofocas, de maldades, de leva e traz, de mentiras e de um câncer chamado inveja. Então, se nos dispusermos a tirar satisfação com uma pessoa dessa, teremos que descer ao nível dela. Teremos que mergulhar no esgoto emocional em que elas vivem.

Há um ditado popular que afirma: “quem anda com os porcos, farelo come”. E é fato. Se nos dispusermos a descer ao submundo deles para tirar alguma satisfação, voltaremos de lá com a alma empanturrada de lama. Então, não há dúvidas de que o melhor a fazer é optarmos pela nossa paz. Isso pode incluir deixar de receber uma dívida, fingir de surdo sobre uma calúnia que falam a nosso respeito e por aí vai. Em se tratando de dívidas financeiras, por vezes, compensa a gente esquecer o prejuízo e preservar a nossa serenidade. Sabe, dinheiro a gente continua ganhando, as portas continuarão se abrindo para quem tem disposição. Raramente uma quantia financeira compensa o desgaste que sofremos numa ação de cobrança, seja judicial ou diretamente com quem nos deve. Óbvio que existem dívidas e dívidas, nem tudo é possível perdoar, dependendo das circunstâncias envolvidas no contexto.

Em suma, quero apenas ressaltar que fazer cara de paisagem e vista grossa, em determinados momentos, são decisões sábias que contribuem para a nossa paz e saúde emocional. Não podemos perder tempo buscando uma reparação de todos as afrontas que sofremos. Se olharmos bem a vida de quem deseja roubar a nossa paz, perceberemos que eles são dignos de pena. São pessoas muito infelizes cuja motivação na vida é observar a vida alheia e se ressentir com quem cresce e evolui. Essas pessoas são escravas do próprio rancor que já está petrificado na alma. Tudo o que elas querem é que o outro também fique amargurado e que entre na sintonia delas, para que se sintam acompanhadas.

Deixe pra lá, se te ofenderam, se te caluniaram, se te deram prejuízo financeiro. O universo é implacável, cada um vai colher o que plantar. É só uma questão de tempo. Preserve a sua energia para fazer aquilo que te faz bem e que faz bem ao outro. “Os cães ladram enquanto a caravana passa”.

Imagem de capa: Avesun/shutterstock

Troco toda e qualquer certeza por um segundo de leveza

Troco toda e qualquer certeza por um segundo de leveza

Não, eu não tenho certeza de nada. Nada. Aliás, eu não quero, obrigado. Tem gente demais por aí exibindo convicção sobre tudo. Gente demais pontificando sobre as doenças do gado, os novos astronautas, o cio da capivara. Gênios seguros colecionando certezas sobre o que, no fundo, desconhecem. Façam bom proveito!

Daqui, do meu canto no mundo cercado de dúvidas, tenho tantas questões a responder, tanta dívida a pagar! Mas certeza, mesmo, nenhuma. Quando muito uma impressão aqui, um palpite ali, uma intuição acolá. E todas elas me sopram no ouvido que as perguntas mais fundas e os encargos mais altos não pesam tanto quanto a menor convicção. E que acumular certezas na vida é como arrastar uma velha locomotiva morta num terreno baldio.

Não tem jeito. Uma hora isso tudo pesa. Isso. Você sabe o quê. Essa sanha por razão, esse empenho por serventia, utilidade, importância. Nosso ímpeto de glória, nossa corrida extenuante, nosso esforço por predileção e prestígio, as infinitas tentativas de acerto, essa peleja contra o tempo, a idade, o outro, a vida, a morte, o mosquito da dengue e o leão do imposto de renda, o bandido na esquina e o vilão da novela. Isso tudo já pesa tanto! Para quê aumentar o fardo com velhas certezas esfarelando ferrugem?

Está certo. Eu compreendo que tanta gente por aí se refestele portando a verdade das coisas, o latifúndio das crenças, o veredicto instantâneo de todos os crimes. Entendo de longe o prazer de exibir tudo isso pendurado no pescoço como o maior diamante do mundo. Mas eu ainda prefiro a leveza das dúvidas corriqueiras.

Prefiro, sim, o movimento incerto de um dia depois do outro. Escolho não saber do futuro mais que o imediato instante seguinte. Não me interessa por enquanto o que vai na última página do livro, mas tenho aqui uma impressão humilde de que o que lá estará depende do que eu fizer agora.

Não, eu não sei o quanto vai chover amanhã. Mas sinto alegria de olhar a água no pote de sorvete roído nas bordas, esperando mansa as lambidas largas do vira-lata que vê em mim seu melhor amigo.

Que sejam felizes os oráculos, suas certezas profundas como os pires e sua sabedoria de papagaio. Eu prefiro a leve e boa descoberta do que repousa debaixo dos móveis, nos vãos do sofá, dobrado entre as páginas de um livro cuja leitura retomamos de quando em vez.

Não, eu não tenho certeza de nada.

Imagem de capa: Stone36/shutterstock

Entre o primeiro e o último suspiro acontece uma coisa chamada vida!

Entre o primeiro e o último suspiro acontece uma coisa chamada vida!

Nascer talvez seja nosso feito mais corajoso. Sair do acolhimento do ventre materno, onde recebíamos alimento, vida, segurança e o conforto da ausência de ruído e luz, para enfrentar um ambiente barulhento, agressivamente claro e caótico, requer de nós uma experiência que não temos. O que fazemos para enfrentar o desafio? Vamos com a cara e com a coragem. Literalmente!

O momento do nascer biológico chega, é definitivo e inexorável. À nossa volta, uma explosão de acontecimentos segue o fluxo, num mundo que já existia muito, muito tempo antes de nós. Nada de ensaio. Nada de período de adaptação. Nada de trailer. A história já começa com a gente dentro dela. O jeito é dar um jeito de acertar o passo, mesmo que a aventura de andar por aí só esteja reservada para alguns tantos meses depois da estreia.

Tudo isso, supondo que a nossa chegada FOSSE esperada, desejada, planejada e querida! De outra forma, tudo, absolutamente tudo, fica infinitamente mais difícil. E, muitos de nós vêm ao mundo assim mesmo: sem querer!

O que nos iguala é, justamente, a imensa diversidade de nós. Há tantas versões de existir humano, que deveríamos ser infinitamente mais flexíveis e acolhedores às nossas variações de ser. Mas, o fato é que somos encapsulados por natureza. Nascemos prontos para o individualismo e, aos poucos, vamos sofrendo arranhões em nossa armadura de proteção, a cada insucesso, a cada não que ouvimos, a cada tropeço, a cada queda. Pois é… É justamente o fracasso que nos abre pro mundo. É a dor que nos faz tirar os olhos do próprio umbigo e olhar em volta.

A dor, de não saber, de não conseguir, de não ter, de não pertencer, nos iguala. De repente, aquele estranho incompreensível, parece que fica tão parecido conosco. Reconhecemos na urgência dos olhos, na secura da boca, no arfar do ar que falta a nossa própria dificuldade de existir no mundo. É a dificuldade que tira a gente do conforto, da tranquilidade falsa de uma vida mais ou menos. É o desequilíbrio que faz brotar na gente, a força criativa e o germe da possibilidade de levar em conta o outro.

Assim que damos o primeiro suspiro, somos tragados por um entorno que contribuirá em muito para nos definir enquanto ser, ser humano, ser vivente, ser presente, ser ausente. Nossas primeiras experiências sensoriais, de toque, sons e cores criam em nós um tipo de silhueta afetiva. É nas primeiras relações de amor, ou da falta dele que ergueremos nossas primeiras frágeis estruturas emocionais. E, de pouco em pouco, vamos colecionando vivências, impressões, crenças e valores que nos farão únicos nesse mundo tão diverso.

Cada vida que pisa nesse chão do nosso pequeno planeta traça caminhos de desenhos irregulares e ímpares. Os caminhos que traçamos, cruzam outros caminhos. E, é nessa intersecção de estradas que somos presenteados com a experiência maravilhosa de entrar em contato com o outro. É desses encontros que vamos tecendo nossas leituras do mundo. É nesses encontros que vamos nos humanizando, rompendo a cápsula da individualidade e aprendendo que, juntos somos mais possíveis do que em nossa obstinação pelo crescimento isolado.

A vida é um espetáculo sem pré-estreia! A vida é a fantástica experiência que acontece no intervalo entre o nosso primeiro e último suspiro. A vida é a marca da nossa passagem no mundo. Por isso, não faz o menor sentido desperdiçar momentos, adiar escolhas, economizar afetos, esconder intenções. Nesse exato momento, a ampulheta do tempo escoa, estejamos vivendo ou apenas existindo. Tomara que sejamos capazes de abrir mão dos casulos. Tomara que sejamos ousados para voar, ainda que nossas asas não estejam de todo prontas. É da ousadia que nasce a coragem. É da coragem que nasce a habilidade de olhar além de nossas próprias necessidades. É desse olhar que nasce o encontro. E é desse encontro que nascem pessoas capazes de fazer a vida valer à pena!

Ana Macarini

                                                                  Imagem de capa: Rawpixel.com/shutterstock

O Pequeno Príncipe- sobre buscar com o coração

O Pequeno Príncipe- sobre buscar com o coração

Sobre o que realmente temos controle na vida? Às vezes, faço-me essa pergunta e chego à conclusão de que sobre pouquíssimas coisas. A vida é mesmo frágil, é a chama de uma vela, como diria Shakespeare. Além de frágil, é fugaz, passa rápido e, contemporaneamente, em um mundo de extrema fluidez, a sensação que tenho é de que a vida passa sem que eu possa, de fato, senti-la.

Temos que fazer mil e uma coisas em um dia, quando não temos condições de fazer cinco com qualidade. Cheios de obrigações e sem tempo para nada, as horas passam e a chama que nos mantém vivos fica mais fraca. Esse tempo não volta e, pior, não fica na memória, pois não o gastamos com o que de fato deveria ser gasto.

A obrigação em dar certo na vida não nos permite parar, ainda que não saibamos para aonde estamos indo. Essa maneira de se comportar intensifica-se com a vida, em uma sociedade capitalista, em que a obrigação em dar certo na vida resume-se a ganhar dinheiro. Vivemos sob o jugo da alta performance e exigências de um mundo cada vez mais dinâmico.

O que me preocupa é a forma como já estamos adaptados a viver dessa forma, sem questionar se essa é a melhor forma de viver, pois, como disse, a vida é breve e, por ser breve, deve ser aproveitada naquilo que realmente importa. Um dia a gente acorda, os anos se passaram e perdemos a oportunidade de deixar a nossa marca no mundo, de dar um abraço e de ganhar um sorriso. Ou seja, ser importante para alguém e fazer alguém importante.

Devemos produzir, devemos correr, devemos “ter” coisas para mostrar, como se objetos definissem pessoas, mas, mesmo que definam, são definições muito superficiais. Nessa busca incessante por um sem número de coisas, existem pessoas em lugares que não querem estar, em trabalhos que não trazem nenhuma felicidade, em relacionamentos vazios, e contentam-se, afinal, vendem-nos a ideia de que essa é uma vida feliz.

Nós a aceitamos, por medo, preguiça ou insegurança de viver uma vida que realmente faça jus à nossa existência e àquilo que somos. Acreditamos que a vida, dessa forma, é levada a sério, que estamos fazendo “coisas sérias”. Como é tola a sabedoria que os adultos carregam. Mal sabem que as areias da ampulheta chegam ao outro lado e suas vidas são vividas como a dos outros, sem diferenças, sem essência, sem nada que possa fazê-los importantes.

Tantas coisas que passam por nós ao longo da vida, tantas coisas que vêm e vão, tantos de que não nos lembramos, tantos que não se lembram de nós. Poderíamos ter nos ocupado de menos coisas, ter ficado mais tempo com o que faz o coração enternecer, chorado quando sentíssemos vontade e colecionado sorrisos para fortalecer a alma.

Mas não temos tempo para essas coisas. No mundo dos adultos, só há tempo para as coisas sérias, para fazer contas, para o racional. Desse modo, ao longo do tempo, vamos esquecendo quem somos e nos transformamos em máquinas ou qualquer outra coisa. Nem tudo pode ser contado e, assim, há coisas que somente são sentidas. Embora tenhamos nos ocupado muito em deixar de sentir. E nos orgulhamos disso, pois somos homens “sérios”.

“Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia todo repete como tu: “Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!” e isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!”

Como a sabedoria do principezinho é diferente da nossa. Cegos da nossa razão, estamos inchados de orgulho de uma vida que nos afasta dos outros e de nós mesmos. Acreditamos que a felicidade está na grandiosidade ou quantidade. Guardamos tralhas que, no fim das contas, apenas nos deixam mais vazios. Tentamos cultivar milhares de pessoas, mas não temos tempo para cuidá-las e, logo, não colhemos nada.

Shakespeare disse que a vida é a chama de uma vela; Quintana, que a vida é breve; Niemeyer, que a vida é um sopro. Eu vos digo que a vida só vale a pena, quando com pequenas coisas se ganha um sorriso. Acho que a vida do homem contemporâneo não se adequa ao que penso, mas as pessoas grandes são muito esquisitas e isso não fui eu que disse, mas um frágil e pequenino sábio:

“- Os homens do teu planeta, disse o principezinho, cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim… e não encontram o que procuram…

– Não encontram, respondi…E, no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa, ou num pouquinho d’água…- É verdade. E o principezinho acrescentou: 

– Mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração…”

Imagem de capa: Reprodução

Cirque du Soleil no Brasil- Amaluna: um espetáculo que nos transforma

Cirque du Soleil no Brasil- Amaluna: um espetáculo que nos transforma

Do sonho infantil à presença como espectadora de um dos shows mais cobiçados do mundo foram anos de interesse. Mas, assim como tudo o que acontece com o que realmente desejamos e nos organizamos para realizar, chegou o dia em que sonho e realidade encontrariam um momento de intersecção. Afinal, o êxtase só acontece em decorrência de sua efemeridade.

Eu e minha família estivemos presentes em uma das exibições da turnê Amaluna, realizada no último dia 10 de novembro, em São Paulo. Desde então, passei por uma semana contemplativa onde organizei o misto de sentimentos causados por um espetáculo de tamanha magnitude. Isso porque, como vocês podem imaginar, essa apresentação de beleza extraordinária, que nos toca a imaginação, os sentidos e mesmo a ideia de finitude humana, não é algo que se pode ver e depois sair da mesma forma que entrou. Aquilo nos transforma.

No caso do Cirque du Soleil existe um fascínio universal que permite que algo transborde e atinja profundamente crianças, adultos e idosos, cada um à sua maneira.

O Cirque du Soleil para mim, naquele momento, dentro de um dia de semana na rotina paulistana, foi um alerta para a necessidade urgente da presença absoluta dos sentidos, coisa que, em nosso dia a dia, fazemos cada vez menos, pois passamos todo o nosso tempo transitando por diversos lugares, sem nunca estarmos onde realmente deveríamos estar.

O ritmo frenético e imponente que sincroniza o som e os movimentos dos artistas, também coordena magicamente as células do nossos corpo. É impossível não olhar fixamente; ininterruptamente; hipnoticamente para cada uma das apresentações. Acontece uma batida interna no interior da nossa alma que segue a inspiração e a expiração daquelas criaturas mágicas que nos surpreendem sobre o palco. A cada movimento, nós nos arriscamos com aquele que voa no trapézio; porque nós também estamos simbioticamente interligados ao que acontece com ele. Nós sorrimos com o casal apaixonado que protagoniza a história de amor; rimos com os palhaços que usam do exagero para nos mostrar que na vida, certo e errado, feio e bonito, sério e engraçado, são apenas detalhes; apenas uma questão de intensidade. Nós ficamos fascinados pela beleza que vai da estética do figurino a cada uma das fibras musculares dos artistas que, ao longo de décadas, romperam-se e se reconstruíram torneando corpos que fazem justiça ao enredo que fala de seres divinos.

Paro, respiro, salto, paraliso. Cada movimento é importante, é belo, preciso, mágico e inesquecível.

A sinergia é concretizada, algo em nós permite que adquiramos poderes quase sobre-humanos e também dancemos com a bailarina que construiu sua vida ensaiando sobre um palco. E também nos faz saltar ao lados dos ginastas que, desde a infância, passaram horas repetindo, aperfeiçoando e se superando em cada movimento. No palco, no circo, em Amaluna, junto do pulso, em sincronismo, dentro de nós mesmos, sentimo-nos como parte do todo. Somos enlevados pelo som da voz feminina que abre um portal e nos transcende para um mundo onde homens, deusas e seres antropomórficos coabitam e vão além, simplesmente porque estão presentes no aqui e no agora do espetáculo.

Paro, espero, respiro. A próxima apresentação pode ser muito arriscada e exige a máxima atenção. Então, eu e todos os outros encantados pares de olhos à minha volta, respiramos, e olhamos, e sentimos, e suspiramos e estamos sinceramente presentes.

O circo, em especial o Cirque du Soleil, é algo tão inigualável porque deixa claro, mesmo que a princípio não percebamos, que a felicidade e a vida só existem no aqui e no agora. E essa vida pode ser engraçada, e pode ser imensamente bela. E pode ser mágica, triste ou mesmo perigosa. Mas, estejamos atentos, ela só é nossa quando nos permitimos inspirar e respirar o que nos cerca com atenção máxima, na presença absoluta dos sentidos, na consciência de que a arte jamais imitará a vida: a arte é a própria vida, em sua mais absoluta e arrebatadora plenitude.

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Mais informações: O espetáculo estará no Brasil em São Paulo, no Parque Villa Lobos
de 5 outubro, 2017 – a 17 dezembro , 2017. Site oficial.

Rio de Janeiro: At the Olympic Park.  28 dezembro , 2017 – a 21 de janeiro , 2018

Imagens divulgação. 

Como diz a canção, um joelho ralado dói bem menos do que um coração partido

Como diz a canção, um joelho ralado dói bem menos do que um coração partido

Perderemos muitas pessoas pelo caminho, acumularemos saudades doídas, lembranças espinhosas, corações partidos. Não raro, o saudosismo em relação à nossa infância despreocupada e livre de responsabilidades agiganta em nosso peito, aninhando nossas lágrimas e a saudade de gente cujo colo nos faz tanta falta.

Vivemos correndo contra o tempo, tentando vencer as insuficientes vinte e quatro horas do dia, ansiando por recuperar a passagem do tempo que perdemos enquanto nos ocupávamos com o que não nos preenche a essência, bem como lutando contra as marcas que os anos idos imprimem em nosso físico. É como se nunca vencêssemos essa batalha a que nos propomos contra o que passa, passou, o que não é mais, o que não pode mais ser.

Embora o tempo traga sabedoria e resignação frente a muito daquilo que nos ansiava e angustiava, ele também acaba por nos fazer acumular cada vez mais responsabilidades. O amadurecimento vai nos distanciando das preocupações únicas com o que é somente nosso, estendendo nosso mundo em direção à vida de mais pessoas que começam a caminhar conosco. Passamos a nos tornar responsáveis também por vidas outras, de gente que amamos, que nos ama, gente que fica junto, ali do lado, torcendo por nós.

A felicidade vai deixando de ser egoísta, pois as dores daqueles que amamos acabam nos atingindo, ou seja, por mais que estejamos bem, caso nossos queridos estejam passando por problemas, não nos sentiremos completos de fato. Percebermo-nos parte de um todo que recebe influência de nossas ações nos torna mais suscetíveis a sofrer quando o outro sofre, porque temos, então, a consciência de que ficar feliz sozinho, enquanto há dor à nossa volta, é muito difícil.

Além disso, essa interação com outras pessoas nunca é de todo tranquila. Enfrentaremos decepções, quebras de expectativas, ingratidão, traição, desprezo e falsidade. Perderemos muitas pessoas pelo caminho, acumularemos saudades doídas, lembranças espinhosas, corações partidos. Não raro, o saudosismo em relação à nossa infância despreocupada e livre de responsabilidades agiganta em nosso peito, aninhando nossas lágrimas e a saudade de gente cujo colo nos faz tanta falta. Inevitável.

O tempo passa, sempre, para todo mundo. Lutar contra ele, portanto, sempre será um embate inglório, uma causa perdida, porque o mais sábio sempre será unir-se a ele, sorvendo suas lições e assimilando os tantos aprendizados que ele nos proporciona. A passagem do tempo não deve nos angustiar quanto à nossa finitude e sim nos dar forças para fazermos e sermos o melhor que pudermos, para que nos eternizemos nas lembranças de todos aqueles que viveram junto às nossas verdades. É assim que o amor se eterniza e se torna mais forte do que a morte..

Imagem de capa: Cultura Motion/shutterstock

Não me contento com amores que não são amáveis

Não me contento com amores que não são amáveis

Porque nunca vi um amor durar sendo frio, distante e calculista. Por isso que não me contento com amores que não são amáveis. Eles cansam e, antes que percebam, perdem os seus encantos.

Vivemos em tempos onde é estratégico economizar entregas. Tem gente que não se doa porque não sabe como, mas a maioria simplesmente escolhe manter esse jogo tolo de não mostrar todas as cartas. Pior, tem gente que confunde amor com ilusão. Gente que faz tipo acreditando que a defesa é a melhor forma de fazer o amor de alguém permanecer. O amor que não sente o gosto do imprevisível e do risco que é morar em outra pessoa, pouco conhece da aventura que é o coração.

O amor não pode ser distribuído em medidas contadas e cobradas. A indiferença dos amores atuais é a principal causa dos términos. Falta conversa, falta honestidade, falta cumplicidade. Poucos estão dispostos para a luta diária que é construir e conquistar, dia após o dia, o respeito e o carinho de quem se ama.

Não acredito no discurso do tenho medo de amar e quebrar a cara. Ninguém passa por essa vida sem ter tido o coração partido uma única vez – e é importante que ele seja. Porque é na decepção, no travesseiro surrado pelas lágrimas que, após algum tempo sofrendo pelo luto do amor, que você acorda e percebe ser possível recomeçar. Mas, principalmente, você aprende sobre os amores que você não quer mais e também a não agir como eles.

Quem sente amor, ama. Quem não sente, brinca de fingir.

O amor não precisa ser meloso e cheio de demonstrações públicas de afeto, mas ele precisa sim, de interesse e uma via de mão dupla cultivada pelos envolvidos. É tendo essa sagacidade que o amor encontra um prazer todo especial para não perder o fôlego.

Não me contento com amores que não são amáveis, sinto muito. Quero encantamentos em todos os gestos e palavras não ditas.

Imagem de capa: Mark Manson

A dor da solidão amorosa…

A dor da solidão amorosa…

Alguém sofre muito com uma dor profunda causada pela solidão e por não conseguir finalmente conhecer outro alguém para viver (novamente) um grande amor. Essa pessoa já está há muito tempo sozinha, já fez de tudo que se possa imaginar, já publicou anúncios, já buscou na internet, já perdeu noites procurando em bares e discotecas, já tentou até se apaixonar pelo(a) melhor amigo(a), já experimentou realmente de tudo, sem encontrar o príncipe encantado (ou a princesa encantada). Os sapos que beijou continuaram sapos ou viraram monstros, resultando em muito sofrimento. Essa pessoa nada mais deseja tão ardorosamente da vida que uma relação de amor, de não ter mais que dormir sozinha, de sexo, de carinho, de cumplicidade… A falta disso dói e dói muito e termina roubando toda a energia da pessoa, que quer muito um relacionamento.

Mas como conhecer alguém se a coragem já falta, depois de tantas tentativas frustradas, depois de tantas decepções, de tanta frustração? Onde é que essa pessoa vai achar força para sair, conhecer gente e ter contato social se sua solidão já dói tanto que até o corpo já sofre, a saúde já anda abalada, já que a tristeza da solidão cuidou para que ela não se cuidasse, talvez engordando (ou emagrecendo) muito, se deixando levar, enfraquecendo, perdendo a autoestima, se achando feio(a), se rejeitando, duvidando de si mesmo, entrando talvez até numa depressão?

A pessoa sofre e sofre muito. A solidão a devora. E ela sabe porque sofre. Mas se sente presa na situação, pois sabe que não pode resolver o problema “relacionamento” sozinha, que para isso ela precisa conhecer alguém. Como não consegue, ela sofre, mas permanece no sofrimento, pois tem medo de terminá-lo, pois sabe que isso significaria ter que começar a aceitar certas verdades das quais foge o tempo todo: que ela tem sido exigente e extremamente seletiva com seus pretendentes, que ela deu muita importância a coisas secundárias e superficiais, como aparência, status social, etc., rejeitando pretendentes de bom caráter, porém “pobres e feios”, para correr atrás de “cafajestes bonitos”. É possível que a pessoa tema reconhecer que ela busca alguém que caiba em sua lista de critérios e não alguém que caiba em seu coração. E ela possivelmente também iria perceber que sua impaciência de alma sedenta sufocou pretendentes, assustando-os, colocando-os para correr.

Talvez ficaria também claro para ela que sua autoestima baixíssima fez com que ela se humilhasse muito no passado e buscasse relacionamentos ruins, talvez por achar (inconscientemente?) que não merecia algo melhor. A pessoa reconheceria seus modelos de comportamento e relacionamento, que se repetem, e teria que admitir tantas coisas a si mesma que termina ficando com medo, medo de ver essas coisas, medo de entender que o primeiro passo para sair dessa situação seria aceitar sua solidão, aceitar sua própria companhia, começar vivendo a dois consigo mesma e tentar tirar o melhor proveito da situação, cuidando bem de si, gostando de si, saindo, se divertindo, voltando ao centro da vida, mas sem a fixação de que tem que conhecer alguém a qualquer custo, chegando ao ponto de até acreditar no absurdo que qualquer relacionamento seria melhor que ficar só.

Não há qualquer garantia de que essa pessoa conheceria alguém se finalmente reconhecesse que ela mesma tem que reagir e mudasse então sua postura e suas atitudes. Não, não há garantia alguma, mas com certeza isso aumentaria muito suas chances, que seriam então bem maiores do que se ficasse onde estava, sozinha, recolhida, resignada.

Uma pessoa que aprende a ficar bem consigo mesma, sem precisar de alguém ao lado para ser feliz, se torna muito mais atraente e termina conhecendo alguém mais facilmente que uma pessoa que permanece no estado de “vítima do destino”. Mas para chegar a esse estado de “paz consigo mesmo”, é necessário ter coragem de ser sincero, de não enganar mais a si mesmo, de ver as coisas como são, de gerir melhor suas expectativas e desejos.

Muita gente “prefere” ficar só por causa de algum sofrimento do passado, de algum relacionamento que feriu e doeu muito. Essa gente termina se fechando por medo de algo se repetir, por medo de sofrer novamente por causa de certas coisas. Só que alguém que assim age não está realmente fugindo do sofrimento, mas somente o substituindo por outro: pelo sofrimento da solidão.

Já outras pessoas ficam sós por timidez, por não terem coragem de expor seus sentimentos por alguém, por medo de serem rejeitadas, por medo de ouvirem um “não”, por medo de sofrerem. Também essas pessoas se bloqueiem por medo de sofrer, e terminem sofrendo: pelo sofrimento da solidão.

Alguns ficam sós por causa de uma autoestima baixa, por não acreditarem que merecem um relacionamento feliz, por se acharem feios, pouco interessantes, por acreditarem que não teriam muito a oferecer num relacionamento, o que é uma tolice, algo autodestrutivo e irreal, já que não existe realmente gente feia e bonita neste mundo, já que o amor não quer amar aparência, já que ninguém é feio ou desinteressante demais para viver um grande amor.

Alguns resignam e começam a se entregar totalmente, por exemplo, ao trabalho para distrair a solidão e o desejo de conhecer alguém, trabalhando muito, o tempo todo, não tendo tempo para mais nada, sem perceber que esse comportamento, a longo prazo, só aumenta a solidão.

Tem gente também que, por um lado, sente falta de um relacionamento, mas não está disposta, por outro lado, a abrir mão de sua liberdade de solteiro, o que é uma contradição, o que é contraprodutivo e algo que poderá cuidar para que essa pessoa termine sozinha, caso não entenda que na vida não se pode tudo, que na vida precisamos tomar decisões.

E há os prepotentes, que têm uma visão exagerada de si mesmos, que acham que merecem a “melhor mulher” ou o “melhor homem” deste mundo e, assim, nunca encontram a pessoa certa por acharem que ninguém é suficientemente bom para eles, e terminam ficando igualmente sozinhos.

Penso que todo mundo pode encontrar o companheiro ou a companheira que busca. Não acho que alguém precise viver sozinho sem querer, penso que “toda panela tem uma tampa” e que é possível sair da solidão amorosa, mas para isso é necessário rever seus critérios, sendo sincero, não se deixando guiar por conceitos e preconceitos, se abrindo para as chances que a vida na verdade vive trazendo. Quem quer escapar da solidão amorosa, precisa se livrar de algumas ideias erradas que colecionou durante sua vida, pois são essas ideias que impedem que enxerguemos os amores que batem em nossa porta. Se você está sozinho e deseja conhecer alguém que caminhe ao seu lado, verifique se não é você mesmo que está bloqueando o que tanto deseja. Pense no seguinte:

– Não faz sentido nenhum se preocupar com a opinião de amigos e amigas ou com a opinião da família. Você busca um relacionamento para você e não para os outros. Não é importante que o parceiro ou a parceira agrade aos outros. O importante é que ele/ela agrade a você. Pior ainda seria querer um “homem bonito” ou uma “mulher bonita” para meter inveja nas amigas ou nos amigos.

– Quando conhecer alguém, faça a pergunta certa! Jamais indague se “ele ou ela lhe quer”. Essa não é a primeira pergunta a se fazer. A pergunta certa seria: “Quero realmente essa pessoa?”.

– Reveja se você não tem um parceiro/parceira pré-moldado na cabeça, já definido em todos os detalhes: alto ou baixo, branco ou negro, rico ou pobre, “feio” ou “bonito”, desse ou daquele modo… Se você tem essa imagem já pronta de quem você procura, saiba que isso normalmente é fruto de preconceitos seus e de outros à sua volta, que excluem e eliminam muita gente interessante que aparece em sua vida, que limitam muito seu espectro social/amoroso e que, no final das contas, impedem que você finalmente encontre alguém. Reflita sobre isso e talvez você descubra que aquela pessoa “pré-moldada” que você tem em sua cabeça não existe assim dessa maneira, que você nunca a encontrará, já que amor jamais se encontra através de critérios, mas sim de um coração aberto e dando uma chance real ao outro.

– Se você está só porque se decidiu assim depois de ter sofrido muito em um relacionamento no passado, lembre-se: existem 7 bilhões de seres humanos no planeta, metade homens, metade mulheres. É gente de tudo quanto é tipo. Se um desses seres humanos (ou mesmo dois ou três) lhe decepcionaram muito, lhe feriram e lhe fizeram sofrer, isso não significa que todos os demais fariam a mesma coisa. São 7 bilhões de pessoas, são 7 bilhões de chances de encontrar alguém. Achar então que não adianta procurar porque todo mundo seria igual ao(s) seu(s) parceiro(s) do passado não seria algo muito sensato, é algo que não faz sentido.

– Se você teve relacionamentos fracassados e isso lhe desanima, não culpe seus parceiros por isso, muito menos culpe a você mesmo! Não existem parceiros bons ou ruins, o que existe são constelações erradas. Se não deu certo com alguém, não é porque ele ou ela ou mesmo você não prestava. Ele ou ela foi simplesmente a pessoa errada para você. Lembre-se: um parceiro ou parceira que não deu certo com você pode ser muito feliz com uma outra pessoa. E o mesmo vale para você!

– E por falar em constelações erradas, seja sincero: quantas vezes você mesmo buscou essas constelações falsas, por medo de achar a certa e ser feliz ou por causa de algum modelo, de algum comportamento que você carrega desde sua infância, como a mulher que tinha um pai alcoólatra e que agora só busca homens com o mesmo vício, ou o homem que tinha uma mãe dominante e que agora só se envolve com mulheres que tentam controlar sua vida… Isso é algo muito comum. Carregamos conosco modelos que foram impregnados (ou nós mesmos impregnamos) em nós, modelos que, em geral inconscientemente, regem nossos relacionamentos, nos fazendo repetir “erros”, fazendo com que nos envolvamos exatamente com aquele tipo de pessoa que nos faz mal, que fortalece nossos medos e inseguranças, que nos atrai por exalar o cheiro de um sofrimento familiar, porém extremamente nocivo. Esses modelos estão bem dentro de nós, bem lá no fundo, e não é fácil livrar-se deles. Mas já ajuda muito se temos consciência de que eles existem, se nos observamos e compreendemos que fazemos algumas coisas nesta vida com certo automatismo e que, às vezes, é esse automatismo que nos conduz a determinados relacionamentos “errados”. Se esses “modelos” forem um problema sério em sua vida, talvez valesse a pena refletir sobre uma psicoterapia, para compreender a coisa melhor e talvez até resolvê-la.

– Se você quer conhecer alguém, pare de criar estratégias para isso, deixe de procurar o tempo todo, desligue-se dessa fixação, abandone as listas de critérios e saia, vá para fora, para o meio do mundo, para o meio da vida (não é dentro de casa que você conhecerá alguém!), e conheça gente nova, de coração aberto, dando uma chance real àqueles que cruzam seu caminho. Sim, seja crítico, observe e diga não se perceber que não é a constelação certa para você, mas não faça isso logo de cara, sem realmente ter dado uma chance a uma pessoa que se interessou por você. E se essa pessoa não for o príncipe ou a princesa que você esperava, lembre-se da história e do que pode acontecer quando se beija um “sapo”. É o amor que torna uma pessoa realmente bela e, sem o amor, nenhuma beleza é real.

– Se alguém se interessa por você, jamais a rejeite com a desculpa de você mesmo não ser bonito(a) ou interessante o suficiente para esse alguém. Se a pessoa gostou de você, ela tem motivos para isso. Deixe, portanto, que ela mesma julgue se para ela você é feio ou bonito, interessante ou desinteressante. Isso não é de sua competência ?

– Antes de poder ser feliz com outra pessoa, você deveria aprender a ser feliz consigo mesmo. Aprenda a ficar bem (!) sozinho, aprenda a não precisar ninguém para ser feliz. E você verá: no momento em que você aceitar sua própria companhia e fizer as pazes consigo mesmo, deixando de parecer “desesperado” no desejo de conhecer alguém, sua atração aumentará e você conhecerá alguém muito mais fácil.

– Goste de você mesmo! Como é que o outro/a outra vai gostar de você se você mesmo não se gosta? Pessoas que se rejeitam são pouco atraentes. Então, antes de esperar que alguém goste de você, comece fazendo isso você mesmo.

Repito: ninguém neste mundo precisa ficar sozinho. Há gente sobrando por aí. Quem estiver sozinho assim mesmo, deveria rever sua postura, seu comportamento, seus modelos e suas expectativas, pois é muito provável que a própria pessoa esteja bloqueando seu caminho e evitando ela mesma que seja feliz também no lado amoroso.

Imagem de capa: nd3000/shutterstock

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