Tenho saudades da minha avó, aquela que foi uma anjo na minha vida

Tenho saudades da minha avó, aquela que foi uma anjo na minha vida

Um dia, vi minha esperança quase morrer. Eu que sempre fui a favor da vida, talvez por vaidade, tenha desejado a morte. Eu sou como dizem, “Filho criado com Vó”. Vivi toda a minha infância e adolescência à sombra daquela que daria a vida por mim.

E hoje com lágrimas nos olhos, me lembro de todas as vezes, nas quais ela fazia o pouco se transformar no muito, por amar tanto a todos aqueles que estavam ao seu redor, e cuidava de cada um de um modo especial e que lhe era peculiar. Venceu todos os preconceitos da época ao assumir uma tarefa na qual, se tornaria ré – cuidar de oito netos .

E afinal, depois de nos amar tanto, nos apresentava o mundo de uma forma tão diferenciada, que de tanta bondade, parecíamos morar no céu, porque acho que minha avó era um anjo, sabe?

Seu brilho, sua cor, sua bondade em ajudar as pessoas, tudo isso fazia dela, uma referência de direção a seguir, um exemplo.

Um dia, porém, vi que aquela mulher, imortalizada no meu coração, pertencia também ao criador. E fazia sentido, porque lugar de anjo é no céu. Lá ela viveria sem a dor da necessidade e com certeza, aquele amargo que experimentara na terra, teria ali, sabor de mel. Nesse dia, percebi que havia uma concorrência desleal, porque eu tinha a esperança de que ela vivesse por toda a eternidade, mas que Deus tinha o poder de tirá-la de mim.

Ah! Quanta dor! Eu que me alegrara tantas vezes, por sentir suas mãos afagando os meus cabelos, sentado à porta, enquanto ela conversava com o visitante, agora tocava sua pele fria, e ao vê-la inerte, sem proteção, me senti o menor de todos os seres humanos, procurando respostas que nunca, jamais encontraria naquele momento. Mas tinha a certeza de que naquele momento, ela estaria alegrando com certeza, os seus companheiros fiéis, os anjos. Então nada mais poderia fazer, a não ser me entregar a um choro compulsivo e até mesmo culpado. As lágrimas ainda caiam do meu rosto, quando alguém me deu um abraço e me disse: “Ela está melhor, descansou.”

Me lembrarei sempre de todos os momentos que vivi com ela, e de cada detalhe, da expressão do seu olhar de reprovação, do seu sorriso, e principalmente do cafuné que eu recebia quando procurava refúgio no seu colo.

E em homenagem a ela, um breve sorriso estampou em meu rosto, porque ela também parecia sorrir. E pensando que um dia, cada um de nós, seremos iguais, deixando esse mundo para nos juntarmos a um rol de anjos, que na terra habitaram em corpo humano. Mas ela, enquanto viveu, escolheu fazer o melhor, não para ser feliz, mas para fazer outros felizes. Viveu se dedicando o tempo todo aos filhos, aos netos e aos amigos, para enfim se afugentar no céu e ficar sentada vendo filmes, tricotando ou cultivando flores. Sim, porque no céu tem belas flores e ela sempre gostou delas.

Toda perda nos traz uma reflexão. Por isso, quero aproveitar cada segundo ao lado das pessoas que amo, como se fosse único. Um dia, chorarei pela perda das pessoas que amo, mas no final, poderei sorrir e compartilhar esse sorriso com os anjos, apenas pelo fato de ter vivido tudo que foi possível enquanto estive ao lado delas, porque a morte é apenas um processo da metamorfose, que transforma as pessoas que amamos, em anjos.

Minha avó era realmente um anjo na terra.

Imagem de capa: Tercer Ojo Photography/shutterstock

Você não sente a dor do outro- Fábio Zugman

Você não sente a dor do outro- Fábio Zugman

Por Fábio Zugman

Talvez até imagine, comova-se, solidarize-se. Mas certas experiências são individuais e somente quem as tem consegue compreendê-las totalmente.

Certo dia, estava indo à rodoviária pegar um ônibus de Jerusalém a Tel Aviv. Era cedo pela manhã e, para quem não conhece, há um mercado público bem agradável não muito longe. Eu passei pelo mercado e, olhando aquelas gostosuras, fiquei tentado a parar. Olhei o horário dos ônibus e resolvi que se pegasse um lanche rápido na rodoviária mesmo conseguiria entrar no próximo. Então desisti do mercado, apertei o passo e segui em frente.

No caminho, ouço um barulho alto, parecia uma batida, mas não soube identificar muito bem. Chegando à rodoviária, ouço no rádio que um carro bomba tinha acabado de explodir – exatamente no local onde momentos antes eu estava parado, pensando se ficaria ali para comer.

O sentimento é desconcertante. Na hora, fui até o telefone público e liguei para os meus pais no Brasil para dizer que está tudo bem. Só com eles na linha sem entender muito o que eu estava dizendo me dei conta de que eles não sabiam onde eu estava e ainda não tinha dado tempo para a notícia chegar aos jornais internacionais, se é que chegaria.

Mais tarde, vendo as notícias na TV, fiquei sabendo que o terrorista se explodiu sozinho e não levou mais ninguém. Menos mal. Confesso que, por alguns dias, aquilo mexeu comigo, a imagem na TV de um carro explodindo, no exato lugar em que eu tinha parado alguns minutos antes.

Anos mais tarde, vi na TV que uma pizzaria que eu frequentava também explodiu. Um dos atendentes morreu, e fiquei pensando depois se eu o tinha conhecido.

Quando vemos uma notícia sobre algo que mal conhecemos, é extremamente difícil, senão impossível entender exatamente o que aquilo significa. Eu saí ileso, não tive um arranhão, mas o objetivo do “terror” é exatamente esse, e posso dizer que me lembro do sentimento de aterrorizado após o fato.

Seja na Internet, em livros, palestras ou o que quer que seja, costumamos ver palavras como superação e resiliência jogadas de um lado ao outro, geralmente bem fora de seu contexto. Tudo pode ser explicado, tudo pode ser relativizado. Alguém sempre vai dizer que tem alguém pior que você em algum lugar do mundo. Que tudo pode ser superado de acordo com a sua mentalidade.

Eu sempre tive um problema com isso. A verdade é que nossa experiência na terra sempre vai ser limitada. Você pode saber o que é ter uma bicicleta roubada, eu posso saber o que é levar um susto desses, alguém pode saber o que é ter uma doença grave. Por mais que se possam fazer relatos, a experiência subjetiva é de cada um. Quem sou eu para dizer que alguém que chora por que teve uma bicicleta roubada é menos digno do que alguém que lida com outro problema? Ninguém tem o monopólio sobre a condição humana. Provavelmente, eu nunca vou saber o que é ser um refugiado de guerra, nem nunca vou saber o que é perder tudo que tenho por uma queda de barragem.

E é por isso que fico horrorizado quando vejo julgamentos e justificativas, tanto na mídia quanto nos famosos “textões” de Facebook. Quando alguém minimiza um problema como é “apenas uma demissão”, “apenas um problema qualquer”, ou quando dão opinião realizando um julgamento sobre o que mal entendem, e talvez nunca vão entender.

Sim, sou a favor de colocar as coisas em perspectiva. Mas há tempo para tudo. É preciso, de vez em quando, se dar uma folga e dizer: sou só humano. É preciso, também, dar uma folga a todos os outros. Somos todos humanos, falhos e cada um com seus problemas. Se não podemos entender a diversidade das experiências humanas, talvez o melhor seja apenas aprender a respeitar, dar o tempo de cada um, e estender uma mão no momento de se levantar.

Texto publicado originalmente em 19 de novembro de 2015 no site ADMINSTRADORES.

Fábio Zugman é professor universitário, consultor e palestrante. É autor dos livros Empreendedores esquecidos (Elsevier, 2011); Administração para profissionais liberais (Elsevier, 2005); Governo eletrônico: saiba tudo sobre essa revolução (Livro pronto, 2006); O mito da criatividade (Elsevier, 2008); e coautor de Dicionário de termos de estratégia empresarial (Atlas, 2009) e Criatividade sem segredos (Atlas, 2010).

Imagem de capa: RossHelen/shutterstock

Veja também: www.zugman.com ou entre em contato pelo Facebook.

Aprende uma coisa, sentir nunca é um desperdício

Aprende uma coisa, sentir nunca é um desperdício

Eu sei que você acha que deixar os sentimentos fluírem é um atestado de fraqueza. Te falar, não é. Nunca é um desperdício a gente ser honesto com as nossas emoções. Isso significa que somos intensos, que vivemos de verdade e que não perdemos tempo na hora de mostrarmos o quanto valorizamos os instantes.

Outro conselho, não transborde de acordo com o querer de ninguém. Cada um tem a sua própria maneira de demonstrar entregas mas, quando você mede o que pode e não pode sentir e extravasar, você está sacrificando o próprio caminhar. Vai lá e faz do jeito que você sabe. Se a energia que você emanar não for o suficiente para completar os sorrisos distribuídos, tudo bem. Você tentou e quem estava próximo sabe disso.

Em vez de ficar nesse sistema de pesos e medidas do coração, joga no universo o que você quer. Deixa as coisas acontecerem, mas não perca de vista a responsabilidade de se fazer feliz. Seja na solidão ou na companhia, você é quem determina como transbordar, como seguir em frente.

Azar das pessoas que não reconhecerem o seu desejo pela vida e a sua urgência pelo amor. Você não deve explicações e muito menos tem a obrigação de censurar os sonhos que carrega. Você não deve caber na rotina de ninguém. Pelo contrário, você deve ser presente e soma no cotidiano do outro.

Sentir nunca é um desperdício, aprende isso. Siga o teu caminho, aponte os seus amores e nunca, mas nunca mesmo, esqueça que o tempo abraça e devolve todo o necessário para a sua paz de espírito.

Imagem de capa: kiuikson, Shutterstock

Um relacionamento é importante para o nosso desenvolvimento como pessoa, para nossa felicidade.

Um relacionamento é importante para o nosso desenvolvimento como pessoa, para nossa felicidade.

Na busca incansável pela felicidade, muitos atropelam os limites da razão. As pessoas criam situações adversas e acabam se sujeitando a personagens que futuramente poderão lhes trazer prejuízos emocionais, e que culminarão, muitas vezes, na desistência de um novo relacionamento. Isso porém, não deve ser uma regra na vida das pessoas, porque sabemos todos, o quão bom é termos alguém com quem possamos dividir as nossas alegrias e até mesmo as nossas tristezas, alguém que esteja conosco nos momentos bons e ruins.

Às vezes, nos tornamos indiferentes com as pessoas que tentam se aproximar da gente, porque estamos acostumados a fazer jus ao velo adágio que diz: “Antes só do que mal acompanhado.” Mas não deveríamos levar isso tão a sério, afinal somos seres sociáveis, e assim sendo, dificilmente poderíamos sobreviver sozinhos. E quanto ao “mal acompanhado”, depende muito da situação e do momento. Talvez haja em cada um, o desejo de mudanças, de reconciliação. E então, nos momentos de maior tribulação é que vem essa oportunidade. Nesse caso bom é que não estejamos sós. Talvez seja a oportunidade e encontrarmos a felicidade num relacionamento sério. Num relacionamento amoroso com uma pessoa que corresponda às nossas expectativas. Que se comprometa não em pagar contas, que leve até a porta do trabalho ou acompanhar até o ponto de ônibus, mas alguém que não esconda a felicidade de ter a outra pessoa aos seu lado.

Acho que não nascemos com pré-disposição para “titio” ou “titia”. Talvez muitos até tenham essa vocação, mas não significa que tenha que fugir de um possível novo relacionamento simplesmente porque o anterior não deu certo. Existem tantas pessoas sozinhas, vazias e precisando “se encher” de amor, que às vezes parecem panelas ferventes a espera de uma tampa. É verdade! As pessoas estão carentes de um relacionamento sério, porque está tudo tão invertido que as laranjas estão perdendo a sua metade por falta de entendimento.

Por um momento nos perguntamos se vale a pena investir num relacionamento. E a resposta pode ser que seria tarde demais para tentar. E noutro momento poderia ser de que pode-se viver algo que poderá ser para sempre. Será que existe a fórmula perfeita para que esse sonho se realize? Acho simplesmente que nada pode se comparar à frustração de não ter tentado. Não devemos nos preocupar com o que vai acontecer com a pessoa que escolhemos, e que vem para ocupar o pequeno espaço que há vazio em nossas vidas. Devemos sim, nos preocupar em viver um vida com qualidade com a pessoa que estará ao nosso lado. Para que não seja apenas para ocupar o tempo, mas que traga uma mudança de vida.

Se pudéssemos usar a opção de “escolher amar” como presente para outras pessoas, muitos com certeza escolheriam alguém do seu círculo de convivência. Porque existe no ser humano o sentimento e o desejo de amar. Mas excluiriam os erros cometidos por essa pessoa, e lhe daria a oportunidade de escolher novos rumos para que fossem felizes. Essa é a mágica de um relacionamento, trazer alegria aos seus pares. Entretanto, a pedra fundamental de um relacionamento é o respeito. Quando há respeito mútuo, aceitam-se as diferenças com naturalidade. É preciso ter paciência para construir um relacionamento duradouro, evitando que haja um desgaste e que algo tão importante chegue ao fim.

E por fim, devemos expressar gratidão e carinho pelo(a) parceiro(a). É necessário que haja reciprocidade entre as pessoas envolvidas, e não podemos abrir não com facilidade daquele(a) que escolhemos para completar a nossa felicidade.

Imagem de capa: FCSCAFEINE/shutterstock

Complexo de Inferioridade: entenda o que é e saiba como se livrar dele

Complexo de Inferioridade: entenda o que é e saiba como se livrar dele

Entender o que se passa com nossos sentimentos é o segredo para encontrar o bem-estar interior. Muitas vezes, temos a sensação de que não somos competentes o suficiente para algo, ou ainda, para alguém. E mais do que isso, situações rotineiras acabam nos levando a beira do abismo. Entender que sentir-se inferior é um complexo pode te ajudar a reverter a situação e ser mais feliz.

Se situações do trabalho te fazem sentir menos que alguém, ou se um mulher bonita te deixa tão mal a ponto de desistir de sair ou criar ‘picuinhas’ com seu namorado, significa que você tem complexo de inferioridade. É normal nos sentirmos assim vez ou outra, mas quando a situação leva a loucuras e gera situações que poderiam ser evitadas se não fosse a sua ‘piração’, é hora de procurar ajuda.

A denominação “complexo de inferioridade” foi criada por Alfred Adler (1870-1937), médico psiquiatra, para designar sentimentos de insuficiência e até incapacidade de resolver os problemas, o que faz com que a pessoa se sinta um fracasso em todos, ou em alguns aspectos de sua vida. É o que hoje chamamos de baixa auto-estima, que é quando não se tem consciência de seu valor pessoal. A baixa auto-estima pode comprometer todos os relacionamentos, seja pessoal, profissional, afetivo, familiar, social. Esse complexo pode ter origem na infância, especialmente em três situações especial que tendem a resultar no complexo de inferioridade:

1. Rejeição: A criança não encontra na família o apoio necessário para seu desenvolvimento emocional. Muitas vezes, uma gravidez indesejada por exemplo, pode resultar na falta de amor, na falta de compreensão, na falta de carinho – fatores essenciais para a criança desenvolver a confiança. Ou seja, se ela não sente confiança em suas habilidades e não se sente digna de receber amor e afeto dos outros, quando adulta, a tendência é que ela venha a se tornar uma pessoa mais fria, dura, ou extremamente carente e dependente da aprovação e reconhecimento de outras pessoas. Quanto mais necessidade de ser aprovado e reconhecido pelo outro, mais se desenvolve a necessidade de agradar. Isso faz com que as pessoas deixem de ser elas mesmas, tornando-se o que os outros gostariam que ela fosse, ou o que pensa que gostariam, reforçando cada vez mais o sentimento de inferioridade, pois não satisfazem a si mesmas.

2. Mimo: O contrário da falta de afeto também pode resultar em complexo. Isso porque uma criança excessivamente mimada e/ou superprotegida pode desenvolver um sentimento de insegurança, por não sentir confiança em suas próprias habilidades, uma vez que os outros sempre fizeram tudo por ela.

3. Inferioridade Orgânica: Refere-se a inferioridade por conta do aspecto físico, seja ele uma doença ou enfermidade, ou ainda um excesso de peso, por exemplo. A criança que sofre com esse tipo de ‘preconceito’ tende a se isolar, até mesmo por conta de bullying. E isso acontece justamente como fuga da interação com outras crianças por um sentimento de inferioridade ou incapacidade de competir com sucesso com elas.

Obviamente, cada item deve ser tratado de uma forma específica, mas para ambos, é necessário que exista um incentivo a superação de suas dificuldades, seja para compensar a fraqueza física, seja para encontrar um apoio.

Como se Livrar do Complexo de Inferioridade?

Agora que somos adultos e temos como avaliar tal situação, cabe a nós mesmos reverte-la para encontrarmos a felicidade pessoal. A melhor forma é procurar ajuda especializada, como um psicólogo por exemplo. No entanto, atitudes simples podem ajudar no seu equilíbrio emocional:

– Evite comparações. A principal característica do complexo de inferioridade é ficar se comparando com outros, ou comparar o seu relacionamento com os de outros. A verdade é que essa comparação nunca é positiva e não vai te fazer se sentir melhor, pois as pessoas são diferentes, possuem necessidades, desejos e históricos de vidas diferentes. Então, quando esse sentimento de comparação chegar, exercite seu cérebro para tomar o controle e mude o caminho de seus pensamentos. A primeira etapa é justamente ensinar a mente a mudar o caminho do pensar.

– Compreenda seu histórico de vida e a origem de seu sentimento de inferioridade. Por qual motivo se sente inferior? Não desista, compreenda suas dificuldades e procure enfrentar cada uma delas. Para isso, faça uso de outras ferramentas para olhar a situação. Como você está acostumado a ter esses pensamentos de inferioridade, seu cérebro já anda nessa direção. Então, identificando este percurso, procure agora analisa-lo por outros ângulos. Descubra dentro de você o porquê das coisas, vasculhe sua infância e entenda que só você tem o poder de fazer diferente.

– Enfrente o medo. É importante lidar e enfrentar o medo que as pessoas ou situações provocam e compreender que a percepção de si mesmo está baseada na conseqüência de fatos que já passaram. Você não pode mudar seu passado, mas pode mudar seu presente para alcançar o futuro que almeja.

– Reconheça seu valor. Perceba que seu valor enquanto pessoa não pode e nem deve ser baseado na maneira como foi, ou ainda é tratado, ainda que isso tenha durado toda sua vida. Não permita mais ser desrespeitado ou maltratado. Lembre-se ainda que seu valor deve ser baseado pelo que é e não pelos bens materiais que possui. Imagine o que quer ser. E faça ser.

– Identifique suas necessidades emocionais. O que você espera receber dos outros pode ser aquilo que não recebeu quando criança de seus pais. Não espere receber dos outros o que só você mesmo pode se dar.

– Aprenda com os erros.  Não fique se punindo por ter errado, nem se acomode nas situações. Saia de sua zona de conforto e mude o que deseja!

– Valorize sempre suas conquistas! Pare de supervalorizar o que o outro tem ou faz e desvalorizar as próprias conquistas. Celebre sempre!

– Faça psicoterapia. Não é porque está em último lugar, que é menos importante. Na verdade, a psicoterapia deve ser o primeiro passo para tudo. O autoconhecimento obtido através do processo da psicoterapia poderá fazer com que reconheça seus reais valores e liberte-se do complexo de inferioridade que acorrenta e aprisiona.

Fonte indicada: Por Mariane Montedori, RAC

                                                            Imagem de capa: tanja-vashchuk/shutterstock

Deixe ir embora quem não sabe como ficar

Deixe ir embora quem não sabe como ficar

Se você pode ter por perto quem não escolheu ficar por conveniência, sorte a sua. Fora isso, descomplica esse coração e deixe ir embora quem não sabe como ficar, quem não sabe valorizar e demonstrar gestos mútuos pela sua entrega. Não insista, não implore e não faça pouco do sentimento que você resolveu compartilhar e não atingiu a mesma sintonia.

Você intercede o quanto dá. Não funciona se você não souber a hora de tirar o seu time de campo. É preciso respeitar a falta de vontade da outra pessoa. O amor não cai no colo e permanece lá, quente e protegido. Ele também parte e não há muito o que possa ser feito quando isso acontece. Se quem você ama não tem mais motivos para continuar do seu lado – ou simplesmente não se conhece o suficiente para retribuir o carinho que você merece, por que se dar ao trabalho?

Eu sei que é uma grande decepção viver algo tão intenso e, apesar de todos os bons momentos vividos juntos, perceber que aquela pessoa não se encontra mais disposta e interessada em seguir dividindo abraços. Daí você se pega numa tristeza que parece não ter fim. E pensa, como fui ter tanto azar? Como não enxerguei os sinais? Não se culpe. A gente acha que é fácil vendo de fora, mas só quem está dentro conhece os verdadeiros detalhes do desapego.

Eu sei que você é um alguém com amor demais. Tem espaço de sobra nesse coração e nada mais justo que ele receba um bocado de aconchego. Mas ninguém que não sabe como ficar vale a sua desistência em seguir em frente. Lembra que você se saiu muito bem antes de alguém pedir descanso na sua vida. Agora, lava essa alma e faça o necessário para reencontrar os sorrisos que sempre teve.

Não pense em arrependimentos. Não comemore no caso dessa pessoa reaparecer e confessar que perdeu o amor de uma vida. Não sei te contaram, mas amor de uma vida é aquele que soma no agora. Um dia, talvez não muito longe, você conseguirá olhar para o lado e ver que quem está contigo entende exatamente do que se trata uma relação; troca, liberdade e vontade de ficar.

Imagem de capa: Alexandra Lande, Shutterstock

Você vai se curar dessa pessoa

Você vai se curar dessa pessoa

Lembro do primeiro dia em que o vi do seu lado. Ele me estendeu a mão e apertou meus dedos com força como quem diz: ela é minha. Passei os olhos pelo seu rosto e você não parecia a mesma.

A menina que eu conhecia não estava ali. A menina de riso fácil com um brilho especial nos olhos estava em algum outro lugar.

Lembro de ter te perguntado sobre sua série preferida e você disse, assustada, que não a assistia mais. Nunca mais a encontrei nas rodas literárias. Disseram que você estava ocupada com a mudança. Que tinha ido morar com ele.

Nunca mais a vi no café do fim da rua. Disseram que você não curtia mais o lugar. Que seus amigos eram outros, que sua vida tinha mudado.

Um conhecido me puxou para o lado e disse que eu precisava fazer algo. Que eu tinha sido seu melhor amigo nos últimos anos. Que você sempre me escutava. E eu contei para ele que você não atendia mais minhas ligações.

Ele coçou a cabeça e afirmou que esse cara era expert em quebrar as pessoas. Que ele transformava todas elas em outras e depois partia deixando os cacos para trás. Eu retruquei que você era forte. Que isso não aconteceria. Mas por dentro eu senti meu coração apertar.

Pessoas assim são perigosas. Pessoas assim não sabem amar. Pessoas assim só ficam quando tudo estiver exatamente como querem e você está movimentando sua vida para deixá-la agradável para ele. Na minha cabeça eu me pergunto se a sua vida está confortável para você. Não sei mais.

Deixei há pouco um bilhete embaixo da sua porta. Sei que ele não gosta que você converse com quem antes te fazia bem, mas eu preciso te dizer que um dia você vai se curar dessa pessoa. Um dia você vai enxergar tudo de uma forma estupidamente clara. Em uma manhã qualquer você vai acordar e se perguntar: como eu vim parar aqui?

Nesse dia talvez você olhe para o lado e não reconheça o homem deitado ao seu lado. Nesse dia talvez você ouça um ou mais filhos te chamando de mãe. Nesse dia você vai lembrar que os pesos sobre suas costas aumentaram de forma exorbitante desde que ele entrou em sua vida.

Nesse dia uma coisa mágica vai acontecer: você vai se lembrar de quem você é. Vai encontrar aquela menina aí dentro e vai abraçá-la. Vai ter coragem para admitir que lá atrás você decidiu confiar em alguém que não dava a mínima para você. Que lá atrás você mudou para agradar. Que lá atrás você decidiu ficar ao lado de alguém que se incomodava até mesmo com a sua felicidade.

Nessa manhã talvez você chore. É compreensível. Dá um medo danado acordar do lado de uma pessoa estupidamente insensível. Você sabe do que estou falando. Quando as coisas não saem como ele quer, ele diz coisas insanas sobre você.

No fundo tudo que ele fala é dele mesmo. Ele sabe manipular os fatos e nunca se esquece de te dizer que você é muito pouco sem ele.

Nessa manhã eu quero te dizer que você pode me chamar. Me chame como e quando quiser. Sem cerimônias. Não importa quanto tempo tenha passado. Nessa manhã eu vou até você com todo amor que sempre tive e vou ser suas pernas. Vou te levar de volta para você e vou te ajudar a se lembrar da pessoa maravilhosa que você é.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain

É possível viver um relacionamento “longe dos olhos, mas perto do coração”?

É possível viver um relacionamento “longe dos olhos, mas perto do coração”?

Vivemos tempos de globalização, quando as pessoas não pensam duas vezes em sair da sua terra de origem, às vezes, deixando ali a pessoa que ama, à procura de novos ares. Sabemos que hoje há uma enorme facilidade de se manter um relacionamento. A internet permite os encontros chamados “virtuais”, que ajudam a manter relacionamentos amorosos com aquela pessoa que não está na mesma região geográfica, ajudando a fazer com que uma relação à distância possa dar certo.

Na atualidade, vive-se relacionamentos efêmeros, infrutíferos e sem conteúdo, e com o avanço da tecnologia, as redes sociais se tornaram os“cupidos” do momento, mas são também aos olhos de muitos, as maiores destruidoras de relacionamentos. Isso porque muitas pessoas resolvem adicionar ou despejar seus problemas e “aparentes desejos”, como postagens, para que todos tomem conhecimento.
Bem, hoje as pessoas vivem uma nova realidade no que diz respeito a relacionamentos, principalmente quando se trata de pessoas que optaram por um relacionamento a distância.

Antigamente, em muitos casos, num relacionamento a distância, algumas pessoas se sentiam deslocadas e perdidas apenas no tempo/espaço. Essa distância se tornava uma espécie de “concorrente” da solidão, salvo em alguns momentos, nos quais eram surpreendidos por um telegrama ou uma cartinha de amor. Isso era exclusividade dos casais apaixonados e dedicados, que se mantinham firmes numa espera angustiante e motivadora, pois seriam um dia, um casal feliz. Afinal eram as promessas e expectativas do amor para um relacionamento,.
Hoje, a maioria das pessoas, se tornaram fúteis em seus relacionamentos considerados “descartáveis”. Não se alegram mais com a magia da espera de um reecontro, e não pensam em proteger e defender o amor, com a sua importância, porque querem apenas o imediatismo do “prazer sexual”.

Não podemos afirmar, entretanto, que isso seja a realidade na vida de todos os casais que vivem distantes, que num relacionamento a distância. Alumas pessoas lidam com o relacionamento a distância de forma diferente. Pensam apenas nos momentos que passarão juntos e que se repetirão no momento oportuno – estarem juntos, dormirem abraçados, resolverem problemas de modo que satisfaça as expectativas de ambos – como referencial de paciência. Isso ajuda a controlar a ansiedade da espera, e manter os sentimentos intocáveis. É claro que às vezes, poderão aparecer impulsivamente, desejos contrários, mas nada que não seja resolvido com um telefonema, uma mensagem carinhosa, ou mesmo uma visita ao velho álbum de fotografias. Ai tiramos alguns minutos para pensarmos e reorganizarmos os pensamentos. Pronto! Recobramos as nossas forças e aguardamos por ele (a).

Há um complexidade quando tratamos de relacionamentos a distância porque temos que aprender a lidar com a ansiedade, a saudade e alguns medos que atormentam a nossa alma. Claro que de alguma forma bate aquela curiosidade que podemos chamar mesmo de ciúmes. De querer saber onde a outra pessoa está, sem deixar transparecer que está pegando no pé, mas isso faz parte do relacionamento, mesmo que estivéssemos sob o mesmo teto. Nessas horas não podemos é perder o equilíbrio.
Bem, para testar a resiliência de um relacionamento a distância, o casal tem provar que o que existe é AMOR. Esse a distância jamais poderá derrotar ou exterminar.

Acredito que barreiras físicas não serão impedimento para um compromisso verdadeiro. Afinal depende das nossas escolhas. Caso contrário continuaremos vivendo com a filosofia de marinheiro. Então basta apenas um sentimento de cumplicidade.
Pode ser que a felicidade more bem distante; ou bem ao nosso lado e nem percebemos.

Imagem de capa: Dean Drobot/shutterstock

Aprendi a não bater de frente com quem só entende o que lhe convém

Aprendi a não bater de frente com quem só entende o que lhe convém

Uma das coisas mais desagradáveis que ocorrem é sermos mal entendidos, quando o outro deturpa nossas palavras ou nossas atitudes, descontextualizando-as e utilizando-as em proveito próprio, enquanto nos coloca como o vilão da história. A gente acaba até ficando sem saber se nós é que não soubemos nos colocar ou se o outro é que não sabe interpretar um texto.

Infelizmente, quanto mais tentarmos provar o nosso ponto de vista, quanto mais nos explicarmos, pior ficaremos, porque quem não entende da primeira vez raramente compreenderá dali em diante. Quem se faz de bobo e de vítima jamais será capaz de assumir seus erros, de se responsabilizar por seus atos, de se colocar no lugar de alguém. Tentar fazê-los enxergar além de seu umbigo é inútil.

Na verdade, teremos que sempre ser verdadeiros e claros, com todo mundo, pois, assim, quem nos conhece de fato e gosta de nós não se abalará com as maledicências que alguém tentar espalhar sobre nossa pessoa. Temos que ter a tranquilidade de que vivemos de acordo com o que somos, sem dissimulações e meias verdades, para que a mentira alheia não nos atinja nunca, tampouco possa ser levada em conta por quem nos é importante.

Eu costumava bater de frente, quando entendiam errado o que eu dizia, quando maldiziam minhas atitudes. Hoje, não perco mais tempo tentando provar nada a ninguém, de jeito nenhum. O meu tempo é por demais precioso e resolvi aproveitá-lo fazendo o que eu gosto, junto com quem me faz bem. Hoje, tenho a certeza de que muitas pessoas só entenderão aquilo que quiserem e da maneira que melhor lhes convier.

Não importa o que eu diga ou o que eu faça, muitas pessoas somente interpretarão minha vida de acordo com o nível de percepção delas mesmas, para que possam se justificar através dos erros que transferem ao mundo – segundo elas mesmas, elas nunca erram. Não tenho muito tempo livre, portanto, não gastarei mais energia com quem não merece. Vivamos!

A tristeza é como aquela visita incômoda: chega sem avisar.

A tristeza é como aquela visita incômoda: chega sem avisar.

A tristeza pode ser perfeitamente comparável àquela visita incômoda que gosta de aparecer sem ser convidada, e que raramente tem a elegância de avisar que vai dar o “ar da graça”. Conviver com uma visita indesejável é muito desagradável, pior ainda quando ela cisma de frequentar a nossa casa com muita frequência, forçando uma intimidade que rouba a nossa paz e nos irrita profundamente. Nem sempre é fácil nos desvencilharmos desses intrusos, mas é possível adotarmos alguns comportamentos que, ao longo do tempo, desmotive esses inconvenientes de nos importunar.

A tristeza, tal qual uma visita indesejada, pode aparecer sem aviso prévio. Ela pode surgir numa manhã de domingo, ainda que o sol esteja brilhando lá fora, bem como no meio da madrugada com o intuito de amanhecer conosco e atravessar o dia em nossa companhia. Essa visita, tão incômoda, gosta de chegar sem pressa para ir embora, tudo o que ela deseja é um lugar em nossa alma para se infiltrar e permanecer o máximo de tempo possível. Então, faz-se necessário adotarmos alguns comportamentos para que ela sinta-se cada vez mais desconfortável e constrangida ao se aproximar de nós.

Comecemos por não dar muita atenção a ela, certamente, em alguns casos, não será possível impedir que ela nos visite, mas podemos abreviar ao máximo a sua permanência conosco. Considerando que, em se tratando de pessoas, elas tendem a se sentir acolhidas quando ofertamos alimentos saborosos e quando somos atenciosos, podemos fazer uma analogia com a visita da tristeza. Então, façamos o contrário, sempre que a tristeza chegar, demonstremos o mínimo de acolhimento a ela. Sejamos formais, e deixemos claro que estamos ocupados ou indispostos para que ela não se achegue de vez. De preferência, faça alguma atividade durante a visita dela, seja tirar a poeira de um móvel ou arrumar uma gaveta. Não convém convidá-la para sentar-se numa poltrona confortável, aliás, pensando bem, o ideal é que ela nem se sente. Pergunte a ela o que ela pretende e de onde veio, e, dependendo da origem dela, cometa uma afronta: coloque uma música bem contagiante e comece a dançar enquanto você olha dentro dos olhos dela, deixando claro que ela está sobrando naquele ambiente. Então, aos poucos, ela irá dissipar-se como uma neblina no pico da montanha quando o sol vai surgindo bem arregalado.

A tristeza é como aquela visita folgada, ela vai tornar-se frequente se for bem recepcionada e se receber um banquete a cada vez que chegar na casa de alguém. Então, ao invés de ofertar aquele sorvete cremoso, oferte, no máximo, um copo com água natural. Evite dar ouvido ao que ela tem a dizer, geralmente não vale a pena. Contudo, há dias em que, talvez, ela mereça ser olhada nos olhos. Em determinados momentos, não convém ignorá-la, pois pode ser que ela esteja trazendo um comunicado muito importante, algo de relevância, que mereça uma intervenção e um cuidado especial.

Então, cabe-nos diante desse sentimento tão assolador, o exercício de uma percepção cada vez mais apurada. Precisamos saber exatamente quando dar atenção a ele e quando devemos simplesmente ignorá-lo. Por vezes, ele merece um acolhimento todo especial. Mas há momentos em que ele chega apenas para tentar tumultuar onde reina a paz. Então, cabe-nos esse olhar atento para dar, a cada um, a atenção ou a indiferença que merecer.

Imagem de capa: Mark Nazh/shutterstock

A chave da sua felicidade está com você

A chave da sua felicidade está com você

E muito embora você possa não saber como lidar com esta informação, eu preciso lhe dizer. E depois disso, espero que pare de ficar por aí se iludindo, se entregando a felicidades falsificadas.

Pare de resistências, de reticências, de desistir de procurá-la porque não sabe onde ela foi se esconder.

Engana-se quem pensa que a felicidade é algo difícil de encontrar. É que a maioria das pessoas ainda não entendeu onde ela está guardada.

Mas como abrir as portas, se não se sabe nem mesmo onde procurar?

Às vezes ela se exibe mal disfarçada de gestos simples e de boa-vontade. Às vezes ela passeia onde ficam guardados o por favor, o obrigado e o com licença. Onde estão as mãos dadas e as risadas gostosas, é onde ela mais se diverte.

Não que a felicidade não esteja à vista. É que quase sempre os olhos estão fechados para este tipo de busca. Os relógios inquietos, com seus ponteiros apressados, não têm paciência para o esconde-esconde que a felicidade gosta de fazer. Ela vive à espreita de horas bem aproveitadas, onde o prazer de viver é tecido fio-a-fio, minuto a minuto.

Os pensamentos negativos e os pés apertados nada sabem sobre o paradeiro dela. Ao contrário das longas conversas, realizadas sob o fim de tarde. As primeiras gotas de chuva sempre sabem, na primeira infância não se tem dúvida, os enamorados juram que jamais se separarão dela. Eles já sabem que a felicidade não quer tanto assim, ficar escondida. Sabem que ela quer se revelar, devagar e por inteiro, pra completar a alma, trazer a calma, pra dissolver os mal-entendidos da vida.

Não fique rodando por aí, procurando com quem está a sua chave, nem tente descobrir um mapa que te leve até lá. Sua chave não foi perdida, a felicidade está ao seu alcance e ninguém a encontrará por você. Esta missão te pertence.

Não ande por aí com seus fardos de inquietudes, perguntando onde foi que ela se meteu. Ela gosta de silêncios, mais de respostas do que de perguntas, de menos cobranças, de mais plenitude.

Ela está onde sempre esteve. Onde mais estaria, se ela é toda sua? A felicidade está bem aí, guardada no seu peito. A chave está com você. Sempre esteve e sempre estará. Procure-a nas coisas mais simples da vida, com paciência e olhar atento. Se entregue e seja feliz!

A felicidade está doida pra te mostrar as caras, mas tem um detalhe: As portas são destrancadas de dentro pra fora.

Imagem de capa: My Good Images/shutterstock

A todas as mulheres com mais de 60 anos

A todas as mulheres com mais de 60 anos

Era o dia do seu aniversário e aquela mulher, alta, de cabelos grisalhos, pergunta-se assombrada: 63 anos?

Repete baixinho e pausadamente para acreditar.

Esforça-se para manter a calma, respira profundamente…

O inquilino, inconveniente que reside em seu sótão grita:

–Onde você esteve em todo esse tempo, minha cara senhora?

Na defensiva e buscando pelo humor que tardava a chegar, responde:

— Vivendo e andando como a centopeia que não olha os pés para não cair!

Instantaneamente, seu olhar curioso passa em revista todo o seu corpo, como se fosse um general conferindo a cavalaria. A pele revela sem pudor a sua idade, no entanto, quando os olhos dirigem-se à sua face, o sorriso desmente.

Ah! Não tem dúvidas: aprecia a mulher que é.

Em hipótese alguma deseja voltar a ser aquela adolescente com sardas e pisando em ovos junto aos seus amigos de escola.

Agora, move-se com liberdade e autenticidade! Quando tropeça em dificuldades, não mais se esconde, nem inventa desculpas, simplesmente, admite o erro, aceita que a ficha demora a cair e dá gostosas gargalhadas.

Saboreia cada dia que ganha com gratidão e com uma gula imensa!

Gula de viagens, de netos, dos almoços com os filhos, dos chás com suas amigas, das aulas de dança e canto, das horas consigo mesma e, é claro, das guloseimas que, por muito tempo, se privou para acompanhar os padrões de beleza.

Suas juntas doem ao levantar-se ou ao abaixar-se, no entanto as janelas de sua alma não estão enferrujadas; abrem-se com facilidade para o jardim interno e lá vislumbra brotos que esperam por suas mãos para desabrocharem.

Não há mentiras, nem autoengano. Sabe que o tempo é exímio em sua função, porém, também sabe que é uma exímia jardineira de ilusões…

Ainda há muito que realizar… Lixos emocionais que devem ser reciclados, tarefas inacabadas e horizontes a serem desvendados…

Está ciente de que é chegada a hora da colheita e, por nada neste mundo, deixará de encher seus bolsos com os frutos cultivados.

Assovia, rodopia, dá três pulinhos, pedindo a São Longuinho não deixá-la perder a chave do assombro e do encantamento pelo mundo.

Veste-se de azul, abre os braços para o Céu e grita feliz: “Senhor, eu estou aqui!”

Imagem de capa: Dubova/shutterstock

Amor de verdade melhora a gente. Se piora as coisas é alarme falso.

Amor de verdade melhora a gente. Se piora as coisas é alarme falso.

Então tá combinado. Fica assim. O amor só é verdadeiro quando nos faz pessoas melhores. Toda disposição contrária é um mero e vulgar alarme falso.

A gente ama quando se pega torcendo pelo bem do outro, dos outros, de todo mundo. Ama quando sente um gosto grandioso pela vida. Quando perde o medo, quando toda dúvida e insegurança fogem apavorados do nosso desejo impetuoso de melhorar, de fazer o que é certo, reproduzir e espalhar sentimento bom, fazer por merecer.

Sentir amor dá na gente uma alegria incontrolável, criadora, construtiva. Vontade de fazer trabalho voluntário, aprender outro idioma, reencontrar velhos amigos, pedir perdão a alguém, dispensar a mágoa no latão de lixo. Melhorar a vida.

Se o nosso amor será retribuído, não importa. Amor não é moeda. Quem ama no duro está nem aí se vai ser correspondido ou vai ficar no vácuo. Toda alma tomada de amor verdadeiro evolui e deixa o ser amado livre para ficar a seu lado ou ir embora. Amar é compreender que a dor da rejeição não é a dor do amor. É a dor da rejeição. Ferida que só cura com amor próprio na veia, em doses para elefante.

Quem ama mesmo não perde um só segundo remoendo mesquinharia, fazendo cobrança, esperando sentado. Quem ama toca a vida em frente e quem quiser que o acompanhe. Uma hora virá alguém do jeitinho que deve ser e tudo há de fluir como Deus quer. Em franco e sublime exercício de amor.

Sentimento divino que só melhora a gente, refina nossos gestos, equilibra nossos passos, aprimora nosso jeito de estar no mundo, o amor é tudo o que ilumina o caminho. Amor de verdade liberta e enriquece. O resto é engano, sentimento de posse, patacoada egoísta, dramalhão interesseiro. Alarme falso. Fujamos disso e sigamos em frente. Você e eu temos muito mais o que fazer e amar nesta vida.

Imagem de capa:  wavebreakmedia/shutterstock

Pelo direito de descaber 

Pelo direito de descaber 
 

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