Tudo tem seu tempo

Tudo tem seu tempo

O tempo é mágico, cura feridas, amortiza as dores, traz conhecimento e sabedoria, fortalece o que sentimos, enterra o que deixamos de sentir e traz as verdades por que tanto ansiamos. Um dos maiores favores que podemos fazer a nós mesmos é saber aguardar a passagem do tempo – enquanto agimos, jamais passivamente -, pois sempre haveremos de colher de acordo com o que plantamos, e na hora certa.

Há tempo para falar. Para expressarmos nossos sentimentos a quem amamos, colocarmos nossos pontos de vista, ensinarmos nossos filhos, discutirmos nossos relacionamentos. Acumular sentimentos dentro de nós o tempo todo adoecerá nossa alma e nosso corpo. É necessário dizermos o que e como nos sentimos, com as pessoas certas, nos momentos apropriados. Temos sempre muito a dizer, por menos que acreditemos nisso, pois somos únicos e especiais à nossa própria maneira.

Há tempo para silenciar. Encontrarmos os momentos adequados para nos expressarmos vai fazer toda a diferença em nossas vidas. É preciso que o outro esteja aberto a receber o que temos a oferecer; caso contrário, estaremos fadados a ecoar no vazio inútil do qual ninguém sai fortalecido, muito pelo contrário. No calor das emoções, por exemplo, tendemos a proferir palavras ofensivas, rancorosas e, muitas vezes, não correspondentes às nossas verdades. Nada disso vale a pena nesses momentos, apenas o silêncio.

Há tempo para plantar. É preciso cultivar e cativar as pessoas que nos amam verdadeiramente, dia após dia, pois com elas poderemos contar quando precisarmos de mãos amigas nos afastando dos fantasmas de dentro de nós. Discernir entre quem precisa do que somos e quem apenas precisa nos usar em proveito próprio nos ajudará a caminhar mais tranquilamente por caminhos mais transparentes. Somente assim conseguiremos preencher os vazios de nossa essência, de forma a que não nos percamos na solidão da amargura e do arrependimento.

Há tempo para colher. Ninguém fugirá ao enfrentamento das conseqüências de tudo o que fez ao longo do caminho. Todos colheremos exatamente o que plantamos. Todos estaremos rodeados pelo tipo de gente com quem priorizamos conviver enquanto caminhávamos. Todos nos encontraremos no lugar que fizemos por merecer. Diariamente, temos de escolher, dentre as muitas opções que se nos descortinam, e essas escolhas determinarão o tipo de vida que viveremos e que nós mesmos escolhemos viver. Vale lembrar que, como diz o ditado, quem semeia ventos colhe tempestades. Semeie paz.

Há tempo para ser. Temos que ser crianças, adolescentes, jovens e idosos na idade certa. Não adianta querer correr contra o tempo ou lamentar-se sem parar pelo que não fizemos, não dissemos. Vestir-se tal qual um adolescente, quando na meia idade, por exemplo, partindo em busca de um tempo perdido que não volta mais, não trará felicidade, tampouco compensará o que se perdeu pelo caminho. Certas coisas podem ser obtidas, não importando a idade que se tenha, porém, algumas delas terão que ser esquecidas – é necessário saber do que abrir mão para sempre.

Há tempo para sofrer. Inevitavelmente, passaremos por muitos momentos de dor, decepções, perdas e sofrimentos enquanto construímos nossos caminhos. Teremos que nos permitir sofrer a dor de nossas angústias, o frio das escuridões que nos rodeiam, enfrentando os dissabores desnudados de simulacros, para que possamos recolher nossos cacos e nos reerguer com dignidade, a cada amanhecer. Estaremos cada vez mais fortes e certos de nossas verdades após os reveses que avassalam, mas não matam. Enquanto houver vida, nossos sonhos nos alimentarão.
Há tempo para sorrir. Ninguém será feliz o tempo todo, sobretudo porque nossa felicidade é uma meta a ser buscada continuamente, portanto, não deverá nunca estar completa. Do contrário, estacionaríamos no tédio, pois nada mais teríamos a alcançar em nossas vidas. Somos felizes exatamente enquanto buscamos satisfazer nossas necessidades e sonhos; somos felizes enquanto o raio de nossas boas ações alcançam várias pessoas. Porque a felicidade é contagiosa e se espalha rapidamente.

Há tempo para se entregar. Não poderemos nos doar o tempo todo, incondicionalmente, ou nos perderemos de nós mesmos e daquilo que nos define. É preciso saber o que e quem merece nossa entrega, de forma a que nos lancemos a relacionamentos que nos tornem melhores e mais humanos. Sempre precisaremos estar atentos ao nosso bem estar, pois dele dependerá estarmos felizes em nossos compartilhamentos de vidas. Certos momentos nos pedirão distanciamento do outro, pois estaremos bens e completos sozinhos, nos preparando para receber novamente alguém em nossas vidas, na hora certa. Unir-se deve implicar sempre ganhos e soma, jamais perdas ou subtração.

Há tempo para adeus. É preciso despedir-se de pessoas, de coisas, de momentos, de sentimentos. Veremos muitos que amamos partindo, para outra cidade, para novas amizades, novos amores, para outro país, ou mesmo partindo de sua existência aqui na terra. Teremos que estar preparados para as separações, sempre acreditando em novos recomeços e guardando, em nossa memória, momentos especiais junto àqueles que nos são importantes – tais lembranças ajudarão a acalmar nosso coração em meio à dor da saudade, bem como também estaremos presentes e perpetuados nas memórias de quem nos amou, quando partirmos.

Como se vê, o tempo é o mestre de nossas vidas, pois nos disponibiliza infinitas possibilidades de nos aprimorarmos e de nos reinventarmos, aprendendo com os erros e crescendo com os acertos. Embora ele também seja impiedoso e não nos poupe das inevitáveis colheitas, por mais dolorosas que possam ser, possui uma capacidade consoladora e reconfortante que nos é deveras útil na sobrevivência após os maremotos emocionais. Caso estejamos agindo de acordo com propósitos honestos, sem atropelar a dignidade alheia, e nos cercando de pessoas com amor recíproco e sincero, o tempo sempre correrá em nosso favor, tornando-nos, dia após dia, mais sábios, verdadeiros e prontos para buscar a felicidade, cheios de esperança e de amor para dar e receber.

Imagem de capa: Denis Andricic/shutterstock

Goste-se MAIS. O resto é o de menos.

Goste-se MAIS. O resto é o de menos.

“Amável”. Aquele que se faz digno de receber amor. Funciona assim: água potável a gente bebe, letra legível a gente lê, dia memorável a gente lembra. E gente amável a gente ama. São as pessoas que se prestam ao sentimento amoroso do outro. Amáveis. Esses seres estranhos que nos dão motivos para sentir amor.

Você sabe. Amar não é coisa que a gente faz assim, à toa, sem mais nem menos. Ninguém ama do nada. A gente ama porque alguém, mesmo sem se dar conta, nos abre caminhos para o amor. Ora são razões pequeninas, invisíveis a olho nu. Ora são incentivos imensos, escandalosos, irrecusáveis. Mas não tem jeito. Há sempre uma causa de amor ali. Escancarada ou escondidinha, ela sempre está ali.

Não, eu não me refiro aos bajuladores, autocomplacentes, ególatras, falsos gentis, hipócritas, dissimulados e canastrões de toda sorte que estouram em qualquer canto gritando “gostem de mim! Gostem de mim!” Não. Eu me refiro a pessoas amáveis. Aquelas que fazem por merecer amor.

É certo que o verdadeiro ser amável quase nunca percebe o seu ofício encantador de sair pela vida distribuindo fundamentos para que o outro lhe queira bem. Ele simplesmente vai por aí sendo o que é: um ser humano bom. Sem mais. Não tem a intenção descarada de que alguém lhe dê amor. Não impõe amor ou exige amor em troca. Porque amor ele já tem. Ele já se ama. Ele se ama como quem respira, como quem vive. Então dá na gente uma vontade poderosa de amar também. Gente amável é assim. Provoca amor nos outros.

Exceto os masoquistas, os perversos e os mal intencionados de todo tipo, não há quem ame tendo mais motivos para não amar. E não há quem ame sem razão nenhuma. Vez ou outra, a gente não encontra ou então desconhece as razões do amor. Mas isso não significa que elas não existam. Elas estão lá, em algum lugar, germinando amor na gente. Agora, cá entre nós, despertar amor no outro é coisa de quem tem amor em seu “lá dentro”.

Não há cristo que vá gostar de nós se nós mesmos não nos fizermos amar. Sejamos amáveis, pois. Conosco e com o outro. De toda pessoa boa, o mínimo que se espera é que ela dê ao mundo motivos para ser amada. Isto não é querer demais, não. Nem é pretender “ser legal” com toda gente. É ser alguém decente. Abrir o coração e se dispor a amar o outro como a si mesmo.

Já viu quanta gente por aí pedindo “mais amor, por favor” e, ao mesmo tempo, se comportando de um jeito odioso consigo mesma e com os outros? Aí não dá.

Ser amável não é a coisa mais fácil do mundo. Dá trabalho. É peleja de todo dia. Requer paciência, tolerância, humildade. Tem sempre alguém tentando fazer o ser amável sair do rumo. Sempre um espírito de porco manufaturando ódio em fabriquetas de fundo de quintal ou em imensas linhas de produção. Mas é preciso coragem. O amor é para quem tem peito!

Uns vão nos amar em troca. Outros vão nos lançar seu ódio assim, no colo. E nós decidiremos entre tomar esse ódio nos braços ou deixá-lo cair e morrer à míngua. Porque não importa a sanha odiosa e pequena do outro: façamos a nossa parte! Primeiro a gente se ama, depois deixa que o outro nos ame ou nos odeie. E isso é tudo!

Quanto mais a gente se gosta, mais atrai quem nos goste, mais repele quem nos odeia e mais aprende a gostar do outro. Quem se ama com honestidade produz tanto amor em seu lá dentro que precisa dividir com alguém. Então, gostemo-nos mais. O resto, todo resto é o de menos. A gente precisa é de mais amor próprio. E isso é muito, muito diferente de ser tão somente egoísta. É estar disposto a ser alguém capaz de dar e receber amor.

Futuro amor, estou quase pronta, tenha paciência.

Futuro amor, estou quase pronta, tenha paciência.

Meu futuro amor, estou quase pronta para você. Só te peço um pouquinho de paciência. Estou finalizando a organização da minha bagunça interna. Sabe, você até poderia chegar agora, mas é que desejo te receber com a minha casa interior toda ornamentada, quero capricho em todos os detalhes, você entende? Eu preciso disso, preciso fazer diferente dessa vez.

Eu entendo que você esteja ansioso, mas, acalme-se, vai valer a pena, confia em mim. Está quase tudo pronto, desmontei a minha velha estrutura com calma e, pouco a pouco, transformei-a num recôndito simples, aconchegante e arejado. Foi uma reforma necessária, aqui tinha muita coisa que já não fazia mais sentido.

Não, eu não estou demorando para ficar pronta para te receber em minha vida. Não me apresse. Não acelere o processo, por favor. Esse tempo, aparentemente longo, é necessário. Você não faz ideia da bagunça que estava em minha alma. Eu não queria te receber daquele jeito, não ia valer a pena, seria um desperdício. Eu não queria ficar me explicando o tempo todo. Eu não queria ficar falando de mágoas. Eu não acho justo estar com alguém ao lado transbordando amor e eu sem ter condições de acolher isso com inteireza de alma. Entende?

Não pense que é fácil administrar essa vontade que tenho de obedecer à essa intensidade cravada em meu DNA. Contudo, optei por brecar um pouco essa impulsividade, afinal, já fiz muita coisa norteada por ela e posso afirmar que colhi muitos dissabores. Eu não tinha a devida paciência para fechar os ciclos. Eu não esperava a ferida cicatrizar. Tudo era urgente demais. Visceral demais. Tudo era para ontem. Era como se eu fosse governada pelos hormônios.

Está mais perto do que você imagina, já fechei o ciclo anterior. Só faltam pequenos ajustes, na realidade, estou na fase da decoração. Quero deixar tudo impecável para quando você chegar. Quero te ofertar o meu sorriso mais espontâneo e genuíno. Quero abraçar seu corpo e também sua alma. Quero beijar-te como nunca beijei ninguém. Vou te apresentar lugares da minha alma que ninguém conheceu, pois são lugares sagrados e, ninguém, até então, foi digno de adentrá-los.

Amor, meu grande amor, aguarde só mais um pouquinho. Prometo fazer valer cada segundo longe de mim. Obrigada por não ter desistido de me encontrar. Teremos o resto da vida juntos, vai dar tempo de dividirmos tudo o que estocamos, na alma, em forma de amor. Teremos nossas noites com sol e nossas manhãs de aconchego. Prometo o café mais gostoso que você já provou na vida. Não vai te faltar cafuné e abraços de urso. Só peço que não fique chateado se eu dormir no meio de um filme que não me interessa muito. Ah, não entendo nada de futebol, nem tenho interesse, mas serei capaz de assistir contigo, só para te fazer companhia. Ah, prepare-se para encontrar bilhetes de amor espalhados pela casa, de vez em quando.

Obrigada por confiar em mim…esperei a minha vida por você. Mas, por favor, chegue na hora que o Universo marcou, sem atrasar nenhum minuto.

Imagem de capa: KieferPix/shutterstock

Tomar café com um amigo: uma das melhores terapias do mundo!

Tomar café com um amigo: uma das melhores terapias do mundo!

É cada vez mais difícil alguém conseguir ter algum tempinho de sobra ao longo do dia. Tudo é tão corrido, tão urgente, que as pessoas não mais têm tempo para desfrutar de um passatempo, de uma amizade, para não fazer absolutamente nada, apenas descansar. Trabalha-se mais, acumula-se serviço, enquanto os relacionamentos humanos se esvaziam cada vez mais.

Ninguém aguenta, por muito tempo, passar as horas tão somente num pique atarefado e comprometido com responsabilidades que não trazem algum sossego. Por mais que se goste de trabalhar, o corpo e a mente precisam de descanso, de um intervalo em que se consiga tirar um pouco de peso dos ombros. E nada melhor do que um amigo verdadeiro para ajudar essa vida a se tornar menos densa e pesada.

Não há quem possa manter um mínimo de equilíbrio sem ter ao menos uma pessoa com quem dividir momentos de descontração e divertimentos, mesmo que simples, como um cafezinho ou uma cervejinha, para espairecer e se esquecer, por breves momentos que sejam, do montante de dissabores que fazem parte da vida. Rir com verdade, conversar sobre amenidades, lembrar-se de momentos especiais, tudo isso alivia a carga massacrante que o cotidiano nos obriga a enfrentar.

Amigos não devem servir somente para consolar e ouvir nossas agruras, mas também podem ser ótimas companhias para as ocasiões em que dividimos amenidades frugais, sem nada de sério pairando sobre a conversa, apenas sorvendo aquele ócio que recarrega nossas baterias e nossas energias. Amigos nos ajudam nos momentos de escuridão, mas também nos alegram quando precisamos apenas estar com alguém para dividir café e risadas.

Não podemos deixar de lado a necessidade de desfrutar momentos de lazer, junto a pessoas boas e verdadeiras, para que não sucumbamos diante dos inúmeros problemas que lotam nossa vida de entraves. Nosso emocional precisa de refresco e serão as pessoas que nos amam sem ressalvas os calmantes especiais que tornarão nossos passos mais seguros. Nada como um café com a pessoa certa.

O Natal está chegando! Prepare seus melhores sentimentos.

O Natal está chegando! Prepare seus melhores sentimentos.

Estamos vivendo o período mais festivo do ano. Tempo de confraternização, presentes, encontros e reencontros. Deixe-se levar pelos bons sentimentos que estão no ar e aproveite a festa; permita-se contagiar por eles.

Sinta o prazer de estar mais perto, apreciando a companhia de quem lhe quer bem. O Natal é exatamente isso: um tempo em que as pessoas permitem-se ficar mais próximas umas das outras e experimentar as boas emoções de forma mais intensa.

Nenhuma época do ano é tão propícia para reflexão quanto essa. Nesse momento são feitos pequenos balanços e tudo é colocado na ponta do lápis; a alegria pelo que deu certo é exposta, o que faz deste um tempo de sorrisos abundantes; e novas expectativas são lançadas, em favor de acertar o que não deu certo até então. Permita-se entrar neste clima e analisar como foi o desenrolar desses últimos meses.

No Natal as pessoas tornam-se mais abertas ao diálogo e mais dispostas a retomar as relações que não foram bem-cuidadas ao longo do ano. Aproveite para rever as suas e fazer os ajustes necessários para que sejam mais prazerosas daqui para frente. É a época perfeita para resgatar a proximidade com familiares e amigos que andam meio distantes de você.

Aproveite também para fazer as pazes consigo mesmo, com a balança e com o espelho. Não perca tempo contrariando o fato de que você é uma pessoa especial por ser exatamente como é.

Pense também nos sentimentos que quer cultivar. Neste tempo o que mais se quer é Paz e Amor no coração. Projete os mesmos desejos para os meses que se seguirão. Busque acima de tudo, viver de forma pacífica com as pessoas que estão à sua volta. Livre-se de intrigas e relacionamentos pouco saudáveis. Isso o ajudará a viver em paz consigo e a sentir-se mais amado.

Por fim, comemore com entusiasmo e leveza. Pense em quanto você é afortunado em poder celebrar mais este Natal. E seja grato! Você recebeu uma dádiva e deve celebrá-la. Afinal, a vida é o presente mais incrível que existe.

– Para você, Paz e Luz neste Natal!

Imagem de capa:  Roman Samborskyi/shutterstock

Una Furtiva Lácrima

Una Furtiva Lácrima

Era tarde da noite e eu assistia televisão – na verdade zapeava todos os canais, sem nenhuma paciência e completamente entediado –. Não tinha vontade de ver nada, só precisava fingir estar fazendo alguma coisa para não me sentir tão culpado por não estar dormindo. Eu acordaria cedíssimo no dia seguinte. Até que a programação de um dos canais me chamou a atenção, Era o filme “A hora da estrela”, da diretora Suzana Amaral, baseado no romance homônimo de Clarice Lispector. Eu nunca tinha lido o romance, mas, nas aulas de literatura do curso pré-vestibular já tinha ouvido falar sobre a trama e os personagens. O filme já tinha começado e eu fui introduzido a uma cena que, logo de cara, me intrigou: Macabéa, a protagonista da história, tentava, com seus parcos recursos linguísticos, estabelecer um diálogo com Olímpico de Jesus, seu namorado. Pareciam não ter nada a dizer um ao outro, ou ter muito o que dizer, mas sem saber como fazê-lo. A dificuldade de comunicação entre eles me causou uma agonia indescritível. E a agonia me acompanhou nas cenas seguintes, afinal a heroína da história era alguém que eu conseguia reconhecer entre as pessoas do meu convívio; jovem, desamparada, terrivelmente ingênua, muito pobre e ignorante, então os infortúnios dela ao longo do filme me doíam, me envergonhavam… Tive raiva de Macabéa. Como pode ser tão estúpida? Como pode ser tão ignorante? Mas a raiva vinha atrelada à compaixão. Sentimentos controversos despertou em mim a personagem. Em resumo, não consegui desgrudar os olhos da tela da TV.

Mas não é resenhar o filme a intenção desse texto. A intenção é chegar à cena do filme que desencadeou em mim uma série de lembranças, análises e autoanálises. A cena em questão é prosaica para alguns, mas cheia de significados para outros; nela, Macabéa está trancada no seu quarto de pensão ouvindo o rádio relógio pela madrugada, quando começa a tocar Una Furtiva Lácrima, ária do último ato da ópera L’elisir d’amore, de Gaetano Donizetti, composição belíssima e triste. Macabéa, a princípio uma ouvinte displicente, aos poucos se deixa tocar pela beleza da música, se emociona genuinamente e chora, mesmo sem entender ao certo por que o faz. Na cena seguinte, já no outro dia, ela relata ao namorado que na noite anterior escutou uma música linda, cantada por “um homem que já morreu”. Macabéa é uma legítima representante das camadas mais baixas da população brasileira, inculta e ignorante. Mas a sua ignorância não a impede de se emocionar com uma música bonita. A beleza, então, atinge a todos, indiscriminadamente. E foi justamente a partir dessa cena que eu entendi quem é que eu mais reconhecia na figura da protagonista de “A hora da estrela”. Era meu pai.

Homem simples, de origem humilde, com pouquíssimo estudo, meu pai trabalhou como pedreiro por toda a sua vida. – dizia ser essa a única coisa que sabia fazer. Mas, contrariando às expectativas daqueles que imaginam que uma pessoa que ganha a vida fazendo trabalho braçal é alguém que transfere a rudeza das práticas do seu ofício para as relações interpessoais, era doce e carinhoso e tinha uma alma sensível. Era alguém capaz de passar horas em silêncio contemplando um céu estrelado e que se interessava pelas artes, mesmo sem ser um conhecedor do assunto. Me lembro com nitidez de vê-lo todas as noites recolhido no seu quarto assistindo a algum documentário sobre Mozart, Bethoven, Picasso ou Van Gogh, enquanto minha mãe agregava os filhos em frente à TV da sala para ver novelas mexicanas. Às vezes acho que ouço de novo a voz dele me chamando para o quarto com extrema empolgação para acompanhar um programa sobre a Revolução Francesa. Eu sempre atendia ao seu chamado com prontidão, mas o fazia muito mais por obrigação do que por vontade própria. Não tínhamos uma relação muito próxima, afinal ele trabalhava muito e quando estava em casa parecia alheio aos problemas da família. Talvez eu o enxergasse como alguém que não fazia a menor ideia de quem eu era, ou que, na melhor das hipóteses, sabia de mim apenas o pouco que eu revelava. E eu nem sabia ao certo se esse pouco que eu revelava era verdade ou invenção. Mas talvez eu estivesse enganado . Hoje começo a acreditar que meu pai me enxergava tão bem que foi capaz de me decifrar sem que eu tivesse lhe dado nenhuma pista.

No início da minha adolescência eu decidi que queria ser escritor. Não foi uma surpresa para a minha família, que me viu desde criança interessado nos livros e exercitando exaustivamente a minha criatividade, mas era uma decisão no mínimo pouco convencional para um garoto que é filho de um pedreiro que estudou até a quarta-série e de uma dona de casa que nunca demonstrou interesse pela literatura. E eu pus na cabeça que, se eu não podia, por motivos óbvios, ter um computador para produzir meus textos, precisava de uma máquina de escrever, equipamento que há tempos tinha caído em desuso e por isso podia ser comprado de segunda mão a um preço consideravelmente mais acessível. Quando disse isso aos meus pais era uma manhã de domingo. Todas as manhãs de domingo na minha casa eram iguais, nos reuníamos na cozinha. Minha mãe fazendo o almoço, meu pai ajudando como podia – seja preparando a salada ou destrinchando o frango – , meu irmão e eu ao redor da minha mãe perguntando a cada cinco minutos se o almoço já estava pronto, e em cima da mesa da cozinha o rádio de pilhas ligado na Rádio Socorro AM, em que um locutor de voz grave e sotaque interiorano carregado atendia aos ouvintes e anunciava músicas sertanejas. Eu naquela manhã interrompi a já conhecida dinâmica familiar e disse com a maior propriedade do mundo, “Preciso de uma máquina de escrever porque vou escrever um livro.”. Minha mãe achou graça, mas meu pai reagiu diferente, ele quase que imediatamente pegou o telefone e ligou para a Rádio Socorro pedindo que o locutor anunciasse que estávamos à procura de uma máquina de escrever. O locutor fez o anúncio e minutos depois recebemos o telefonema de uma senhora que estava disposta a vender por vinte reais a máquina de escrever que tinha sido do seu filho, falecido há quase vinte anos. Meu pai então me levou à casa dessa senhora no mesmo dia e, com notório orgulho, comprou para mim a Olivetti Studio 46 maltratada pelo tempo e já sem duas teclas, que seria, nas palavras dele, meu instrumento de trabalho. O equipamento e eu, ao contrário das expectativas do meu pai, nunca nos demos bem, mas é claro que eu nunca disse isso a ele. E a partir daquele dia ele passou a me perguntar quase diariamente, “E o livro?”, no passo que eu respondia, “Tá indo, pai…”.

Hoje, seis anos após a morte do meu pai, sinto que o compreendo muito mais do que conseguia quando ele era vivo. Ele pouco fazia por si mesmo, mas dava tudo de si pelas pessoas que amava, pois se realizava nas nossas alegrias e conquistas. O brilho nos olhos dele quando me deu a máquina de escrever é uma lembrança que me emociona profundamente. Que alma sensível e generosa! Às vezes me pergunto, como alguém pode levar uma vida tão dura, cheia de privações e decepções e ainda preservar no espírito a doçura de alguém que vive no melhor dos mundos? Ainda preciso achar essa resposta. Meu pai não me viu chegar à vida adulta, mas no pouco tempo que teve comigo foi capaz de me entender quando eu mesmo não me entendia. Quando me chamava no quarto para ouvir música clássica tocando na TV, por exemplo, ele estava tentando saciar aquela minha fome de cultura, de conhecimento. Sim, ele sabia quem eu era. E ele é parte importante de quem sou hoje. Eu é que não o conhecia. Mas não me culpo. Sei que as coisas acontecem como tem que acontecer. Ainda hoje sinto a presença dele em alguns cantos da casa onde ele deixava as suas ferramentas de trabalho. Não sei explicar, só sei que sinto… E toda vez que eu olho para a Olivetti Studio 46 em uma estante no canto do meu quarto, sinto se renovar dentro de mim a vontade de realizar meus sonhos, afinal não devo isso somente a mim, devo a ele, que acreditava nessa minha vocação. A minha escrita, essa recém adquirida coragem de falar de mim mesmo, essa consciência de coisas que me eram tão confusas, não existiriam se não fosse por ele, se não fosse por Macabéa… E a única palavra que me vem em mente para encerrar esse texto é gratidão.

Imagem de capa:  Pemaphoto/shutterstock

Quem quer, dá um jeito! O amor só dá certo se houver reciprocidade!

Quem quer, dá um jeito! O amor só dá certo se houver reciprocidade!

“Não estou preparado para um relacionamento“. “Não sou a pessoa certa para você”. “Não quero te machucar”. São algumas das típicas desculpas de uma pessoa que não quer se envolver.

Quem já ouviu frases como essas, sabe que não adianta insistir, a pessoa já deixou mais do que claro que não quer nada sério.

Você pode se considerar um cara legal ou uma garota bacana, mas se ouviu frases como essas, sai que é barco furado!

Sei que não é fácil engolir um fora, mas tenho que ser sincera: por mais que você tente, mostre o melhor de si, é um caso ou outro que têm a sorte de dar uma reviravolta.

Penso que coisas que estão destinadas a acontecer, acontecem. E se não for, é livramento.

Acredite, o melhor está por vir e o universo sabe quando será o momento certo de chegar até você.

Esses dias saí com um casal de amigos e os observei. Notei a forma como ele cuida dela e ela cuida dele. A recíproca é verdadeira. A ligação que existe entre eles é linda de se ver. O sorriso bobo estampado na cara de ambos fez-me acreditar ainda mais que o amor existe e que é possível sim vive-lo.

Perguntei a eles como se conheceram. Eles disseram que foi em uma ciclo faixa, sim, em um ciclo faixa. Minha amiga saiu para andar de bike e exatamente nesse dia, a marcha dela resolveu dar problema. E para quem ela pediu ajuda? Sim, para seu atual namorado.

Meus amigos, o amor é assim, chega do nada, e torna-se tudo. Não é necessário correr atrás do amor. O amor vem atrás de você.

Relacionamento é estrada de mão dupla. Há movimento nas duas pistas. Se o afeto só vai ou vem, cuidado, têm acidente na pista!

Por isso, não gaste suas energias investido em alguém que não quer se envolver. Você merece muito mais. O amor só dá certo se houver reciprocidade!

Não é o sol, a chuva, a distância ou falta de tempo, se não tiver sentimento de ambas as partes, siga em frente.

Quem quer dá um jeito, quem não quer inventa uma desculpa.

Imagem de capa: 4Max/shutterstock

Seja fiel a seus princípios e não será difícil ser em seus relacionamentos

Seja fiel a seus princípios e não será difícil ser em seus relacionamentos

Ouso dizer que a infidelidade é um dos piores defeitos do ser humano, já que a falta de princípios abre as portas para outros piores como a mentira, o desamor e a falsidade. Ser infiel é muito mais do que trair. É ferir quem, além de te amar, um dia, confiou em você.

Nem na Literatura, o tema deixou de ser apresentado. De Shakespeare à Jorge Amado, as traições foram temas de várias obras e, curiosamente, eram baseadas em vingança, desamor e morte.

Há várias formas de traição e, em todas elas, há uma covardia sem tamanho envolvida. Há traições amorosas, sociais, familiares e profissionais e, em todas elas, as consequências são definitivas.

Traição nunca foi deslize ou acaso. Quem trai, faz sabendo do mal que irá causar no outro e das consequências da ação. O problema é que o traidor prefere satisfazer um desejo momentâneo à controlar-se a não cometê-lo. Drummond dizia que “no adultério há pelo menos três pessoas que se enganam”.

Engana-se quem acredita que a traição acontece apenas nos relacionamentos amorosos. Disfarçada de negligência, omissão ou medo, faz no trabalho, nos relacionamentos ou na vida social, as relações são mantidas pela reciprocidade que as envolve. Quando isso se quebra, a sensação é de um vazio imenso na alma.

A traição se apresenta de diversas formas: traímos um amigo quando deixamos de avisá-lo do perigo que o cerca. Traímos quando preferimos dizer ‘eu avisei” em vez de ajudá-lo a se levantar. Quando você sabe do mal que virá sobre ele, mas prefere “não se envolver”.

Traímos a nós mesmos quando, por medo da solidão, ficamos em relacionamentos abusivos. Quando negligenciamos os próprios sonhos e deixamos de vivê-los acreditando não merecê-los.

Não traia, não se traia, nem se engane. Lembre-se que a traição dói porque nunca vem de um estranho.

Confiança não é dado da noite para o dia, mas pode ser tirada em um piscar de olhos. John Maxwell , autor de mais de sessenta livros sobre liderança, afirmou exatamente isso: “não esperem que os outros confiem em você se sabe que pode trair essa confiança. Trabalhe seu caráter antes de trabalhar seus relacionamentos”.

Um conselho: não traia e não se traia. Antes de qualquer ação, lembre-se que a traição só dói porque nunca vem de um desconhecido.

Imagem de capa: YuriyZhuravov/shutterstock

O amor e sua natureza incontrolável

O amor e sua natureza incontrolável

É quase impossível falarmos sobre amor, ou sobre histórias de amor, sem fazermos menção a um clássico da literatura: Romeu e Julieta – de Shakespeare. Em todo o seguimento do romantismo, vemos a estrutura do ser humano sendo de certa forma, lapidada, quando se fala do amor romântico.

Não existe cláusula de sanidade para o amor, principalmente quando há a expectativa de uma convivência a dois. Vemos tudo isso no romantismo, que começou a ser difundido no século 19, (Até então, o único amor aceito no mundo euro-centralizado era o amor divino – fonte: Internet) Foi aí que o amor passou a se visto de forma diferenciada, com ideias motivadoras. Um homem e uma mulher num conjunto explosivo de emoções que afloram do coração vindo até a pele, causando arrepios. A adequação desse sentimento então, nos remete ao desejo de “ter um ao outro” e assim, viver a fantástica sensação de amar e ser amado. É reconfortante termos em cada um, individualmente, o amor em sua natureza pura. Vivemos a liberdade de amar, porque cada um tem sua forma e visão característica sobre o amor. À medida que vamos descobrindo suas fontes, a convivência justifica o objetivo a alcançar, porque muitas vezes, o esforço é sempre revestido de um prazer – a conquista da pessoa amada. É humanamente impossível vivermos sem uma pessoa com a qual nos importamos. Percebemos o quão importante é esse sentimento que inunda o coração dos amantes, esse sentimento que faz com que ouçam canções nos lugares mais inusitados e que desperta nos corações, o desejo de falar sobre ternura, sobre felicidade e porque não, sobre paixões impossíveis. Afinal, não se pode controlar a natureza do amor.

Ele chega na hora menos esperada, da forma menos imprópria, porque muitas vezes, deixa um coração despedaçado, noutras vezes, a mais pura alegria. Precisamos tomar cuidado apenas para que o amor encontre aconchego no coração certo, que alcance voo na direção certa, que faça diferença nos pequenos detalhes, que se emocione ao ouvir pequenas palavras, ou mesmo um simples “eu te amo”. Um amor que reverta a situação da lógica, mas que traga a realidade para dentro do coração, com a diferença da entrega consciente da grandeza de amar para fazer feliz, e não apenas ser feliz com esse amor. Porque amar é mais que receber, é principalmente doar. Porque amar exige renúncias e implica em oferecer razões para lutar por algo que pareça perdido. Podemos dizer que o amor tem o controle de tudo, mas não tem a posse de si mesmo, porque o amor “não é possessivo”, tampouco dominador, é apenas diferente. É… O amor é uma probabilidade de felicidade mútua. Sem medo, sem constrangimento, sem lacunas, só observação, mas que pode ser uma também razão, um crescimento individual, porque o relacionamento tende a crescer apenas com o suprimento na medida certa. E nada impede que o amor seja vivido em sua plenitude, porque amar sempre valerá a pena.

O amor é apenas um sonho, que depois de uma noite bem dormida, se torna uma realidade.

Imagem de capa: KatarinaPalenikova/shutterstock

Existem pessoas que enxugam as suas lágrimas, mas não querem te ver sorrindo.

Existem  pessoas que enxugam as suas lágrimas, mas não querem te ver sorrindo.

Eu tenho percebido um comportamento intrigante por parte de algumas pessoas. Há tempos, venho analisando isso. Elas são sempre solícitas e solidárias na hora do sofrimento. Elas são especialistas em enxugar lágrimas e proferir palavras de conforto àqueles que, por alguma razão, compartilham sua dor com elas. Contudo, quando as mesmas pessoas, que foram acolhidas, se refazem e voltam a sorrir, aquelas que as acolheram se escondem, ficam silenciosas e, passam, inclusive, a impressão de que estão ressentidas.

Seria essa, uma impressão equivocada da minha parte? Será que você, querido(a) leitor(a), já vivenciou algo semelhante? Ou seria coisa da minha cabeça? Imagine o seguinte contexto: uma pessoa foi demitida de uma hora para outra e ficou sem chão. E a depressão a visitou no meio dessa dificuldade. Então, alguém muito próximo a ela mostrou-se profundamente comovido e solidário, demonstrando atitudes de encorajamento e otimismo. A pessoa em sofrimento sentia-se profundamente amparada e grata pelo apoio recebido. Daí, as coisas foram se ajustando, a pessoa arregaçou as mangas e foi à luta. Ela foi admitida num novo emprego e a fase difícil ficou para trás.

Que maravilha, né? A pessoa, sentindo-se vitoriosa, saiu, eufórica, atrás da pessoa que tanto a apoiou na fase das vacas magras. Ela queria compartilhar a gratidão dela, ela queria agradecer pelo apoio recebido, enfim, ela desejava ofertar sorrisos àquele que enxugou suas lágrimas. Contudo, nessa hora, estranhamente, algo soou contraditório. Alguma coisa não se encaixou. A atmosfera mudou de repente. A pessoa que enxugou as lágrimas mostrou-se “entalada” diante do contentamento da outra. A alegria de quem superou uma fase difícil não encontrou acolhimento no coração de quem demonstrava solidariedade nos dias sombrio.

Existem casos em que a “amizade” fica estremecida ou acaba se desfazendo. Isso porque o sentimento de superação de um passa a incomodar demais o outro. Muito estranho, não é mesmo? É como se a pessoa que se diz acolhedora se sentisse afrontada ao ver o “coitadinho” alçando voos. Ao que parece, para algumas pessoas, é prazeroso ter alguém vitimizado ao lado. Como se isso representasse o empoderamento delas. Elas sentem-se poderosas ao enxugar lágrimas, contudo, sentem-se frustradas ao perceber que o outro passou a caminhar com as próprias pernas.

Essa postura pode ser percebida nas redes sociais, quando você posta algo triste ou doloroso, os comentários de apoio e solidariedade “bombam”. O oposto do que ocorre quando você posta algo feliz. Nessas horas, a maioria parece fazer cara de paisagem e ignora mesmo. Na realidade, o que fica claro é que notícia boa não dá ibope. Detalhe: as pessoas que ficam silenciosas diante de uma boa notícia a seu respeito, são as primeiras a espalharem acontecimentos que te prejudicam. Espalham e ainda acrescentam mentiras para agravar ainda mais a situação.

Enfim, são comportamentos que fazem parte da complexidade das relações humanas. Contudo, é, por demais, desconcertante perceber que aquilo que tanto nos alegra causa desconforto em quem acreditávamos comemorar conosco. Há casos em que nos sentimos culpados por estarmos felizes, pois a postura do outro provoca isso em nós. Então, optamos por sorrirmos sozinhos ou moderarmos o som da nossa risada para não afrontar o outro.

Entretanto, devemos carregar a certeza de que tudo o que sentimos e expressamos entra em sintonia, por afinidade, nesse universo. Todos os sentimentos humanos funcionam como um ímã. Não devemos nos intimidar com a mesquinhez que se manifesta ao nosso redor. Devemos, sim, pensar grande e compreender que a nossa felicidade há de ecoar em outros corações, ainda que seja nos corações de pessoas que não conhecemos. E essa vibração nos é devolvida e multiplicada.

Eu vivo isso, diariamente, com os meus textos. Recebo incontáveis mensagens de pessoas que se alegram com as minhas mensagens e que me enchem de carinho. São pessoas que eu não conheço, mas, que fazem a diferença em minha vida. É por elas que eu tenho motivação para escrever. É por você, leitor(a) querido(a). Aos meus adoráveis desconhecidos…muita gratidão.

Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock

Nunca se esqueça disto: você não achou o seu coração no lixo!

Nunca se esqueça disto: você não achou o seu coração no lixo!

Se não conseguirmos estabelecer limites e emitir nossa opinião, acabaremos sufocados pelas imposições de quem se acha dono da verdade. Se não valorizarmos o que somos, nossos sonhos, nossas verdades, aceitaremos qualquer coisa para amizade, para companhia, para amar.

Infelizmente, muitos de nós não nos sentimos confortáveis, quando alguém demonstra estar chateado conosco ou não ter gostado do que dissemos ou da forma como agimos. E, mesmo que estejamos certos, ainda que aquela fosse a única atitude a ser tomada, a única palavra a ser dita, acabamos nos sentindo mal pelo que falamos ou pelo que fizemos.

Isso é um sinal claro de que nossa autoestima está fragilizada. Como é que podemos nos sentir mal por sermos verdadeiros, por termos dito o que nosso coração mandou, por termos agido de acordo com nossa essência? Quem agiu errado, quem fez o que não devia, quem é desagradável, esses é que devem se sentir desconfortáveis, pois são eles que iniciam essa coisa toda. Se não fomos nós os causadores dos contratempos, fiquemos em paz.

E isso deve pautar nossas vidas em todos os setores: no trabalho, em casa, na rua, no amor, na vida. Se não conseguirmos estabelecer limites e emitir nossa opinião, acabaremos sufocados pelas imposições de quem se acha dono da verdade. Se não valorizarmos o que somos, nossos sonhos, nossas verdades, aceitaremos qualquer coisa para amizade, para companhia, para amar. Dessa forma, sempre estaremos caminhando com passos pesados, com a sensação de que falta algo, alguém, alguma coisa.

Se quisermos agradar a todos, teremos que sempre nos sujeitar a acatar as opiniões alheias, em detrimento de nossas verdades, tornando-nos reféns do que os outros esperam que sejamos, que façamos, que digamos. Com isso, anularemos, a pouco e pouco, tudo o que é nosso, tudo o que temos dentro de nós, colhendo sorrisos alheios e matando nossos sonhos mais especiais. Viveremos, então, uma vida de mentira rodeada por falsidade.

Não podemos nos permitir sufocar as nossas verdades, por medo do enfrentamento do mundo lá fora. Não podemos maltratar o nosso coração, a ponto de torná-lo um mero fantoche nas mãos de quem não reconhece o nosso valor. Para que sejamos valorizados e respeitados, teremos que aprender a lidar com a contrariedade de algumas pessoas. Teremos que saber lidar com o fato de que nunca seremos unanimidade. É somente assim que nosso coração se fortalecerá, para repousar suas verdades junto a gente sincera, com a reciprocidade que ele merece.

Imagem de capa: taramara78/shutterstock

Os dispostos se atraem.

Os dispostos se atraem.

Muitas vezes, acabamos nos sentindo atraídos por pessoas que jamais esperávamos, haja vista serem totalmente opostas ao que imaginávamos como o ideal para nossas vidas. São as surpresas que o universo nos prepara, para que possamos ter a chance de ultrapassar a zona de conforto e expandir o potencial que temos dentro de nós.

É preciso coragem para desfrutar de todas as benesses que temos à nossa disposição, uma vez que se lançar ao encontro do que move os sonhos significa impor-se, a despeito de todas as contrariedades que se firmarão pelo caminho. Assumirmos as próprias verdades é dolorido, pois requer encararmos a nós próprios, também no que diz respeito aos fantasmas que habitam aqui dentro.

Poucos estão dispostos a enfrentar o seu pior, a lutar por suas verdades, a experenciar os objetos de seus desejos, porque viver o que se é implica o enfrentamento de muito do que pais, amigos, familiares e sociedade condenam. Construir uma jornada isenta de entulhos emocionais nos cobrará o amargar de muitas decepções com as pessoas que amamos, pois muitas delas deixarão de nos acompanhar nesse trajeto.

Da mesma forma, tomarmos a iniciativa de assumir o que sentimos em relação a alguém pode nos trazer muita dor, uma vez que nem todos nos apoiarão, nem todos concordarão e bem poucos torcerão pelo nosso sucesso. No entanto, temos que estar dispostos a trazer o amor, bem como toda dor e alegria que ele carrega, para junto de nós, para que o arrependimento do não tentar não consiga acumular peso nocivo em nossas vidas.

Caso não estejamos ferindo a ninguém, é preciso que nos entreguemos à paixão que arrepia a pele, gela a espinha, dilata as pupilas, acende fagulhas, pois esses momentos é que eternizarão em nós as lembranças que acalentarão o nosso partir tranquilo. E, se não der certo, sempre haverá novas oportunidades, novos caminhos, novos amores. Precisamos, pois, estar dispostos ao que se encontra à nossa disposição. Porque fomos feitos para amar e sermos amados, com entrega verdadeira e corajosa, dia e noite, noite e dia, sem tardar, sem hesitar.

Imagem de capa: Stock-Asso/shutterstock

Aprenda a se perdoar

Aprenda a se perdoar

A vida é um processo de perdas e ganhos, o que nem sempre é tão fácil de entender e administrar. Planejamos coisas, sonhamos e a vida trata de nos levar por outros caminhos. Às vezes, nós mesmos saímos daquilo que planejamos por erros que cometemos. Assim, a nossa vida parece ficar sem sentido, sem razão de ser. Ficamos distantes daquilo que nosso coração deseja e nos tornamos estranhos de nós mesmos.

Com o tempo, esse estranhamento torna-se permanente, de modo que não conseguimos olhar para o que um dia queríamos da vida. Dessa forma, tornamo-nos almas vazias, incapazes de sonhar. Presos aos acontecimentos do passado, não conseguimos manter a chama dos sonhos viva no presente, para que busquemos realizá-los.

É preciso aprender a se perdoar, para que se possa seguir em frente. Ficar preso àquilo em que erramos apenas nos retira o ânimo de que necessitamos para viver. Todos nós erramos, pois não sabemos de tudo e precisamos cair para aprender a levantar. Além disso, como disse, existem coisas que não controlamos, de maneira que não devemos nos martirizar pelos empecilhos impostos pela própria vida.

Deixar de sonhar e de acreditar que os seus sonhos são possíveis de serem alcançados é tão somente anular-se enquanto ser humano e passar a viver o fantasma de uma vida que outrora tinha fé e sabia sorrir e dançar. Não digo fé do ponto de vista religioso, mas a fé que devemos ter em nós mesmos, a qual é essencial para que nos mantenhamos animados e fortes para enfrentar as dificuldades inerentes a qualquer caminhada.

Por mais que queiramos, o passado não pode ser alterado. Sendo assim, ter excesso de passado apenas retira a energia necessária ao presente. Não se deve esquecer o passado, as memórias, pois os nossos erros servem como crescimento emocional e amadurecimento, a fim de que, em novas situações, saibamos como agir.

Ademais, devemos aprender a olhar para o passado e enxergar onde acertamos também. Ninguém apenas acerta, assim como não existe um erro perene. O suicídio emocional que fazemos cria uma seletividade, na qual apagamos tudo o que fizemos de bom e nossos acertos.

Por mais que tudo pareça não funcionar e ninguém acredite em nós, precisamos manter o tesão pela vida, por aquilo que há de belo, e sermos a nossa própria fonte de energia. Parece besteira, mas é muito mais fácil perdoar os outros do que se perdoar e dar um voto de confiança a si próprio. Se erramos, por mais que queiramos, isso não pode ser modificado, portanto, deixe de ser o seu próprio inquisidor e acredite que, mesmo com asas machucadas, ainda pode voar.

A vida nunca será fácil para quem busca realizar os seus sonhos. Sempre haverá dificuldades, obstáculos e pessoas que lhe farão desacreditar em você mesmo. No entanto, culpar-se não resolve o problema, bem como pode levar a depressões distantes das montanhas.

Perdoe-se, dê colorido aos seus sonhos e se mantenha animado. Não se torne apenas um rabisco, pois, com o tempo, este se torna tão fraco, que passamos a não enxergá-lo. Acredite em quem é e tenha coragem de arriscar, pois, como bem disseram:
“O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e de correr o risco de viver os seus sonhos.”

Imagem de Capa: PhotoMediaGroup/shutterstock

Felicidade, Facebook e solidão contemporânea

Felicidade, Facebook e solidão contemporânea

Ou você está no “face” ou não está no mundo. Essa é a era da comunicação, em que se deve estar conectado para que haja o sentimento de pertencimento ao grupo. Todos vivemos na chamada grande rede e nela tudo parece fazer sentido, afinal, todos estão sorrindo. A rede parece garantir a felicidade, logo, se você não está na rede, você não só não está no mundo, como também não é feliz. Mas será que essa “felicidade facebook” é real?

Como dito, no face, todos estão sorrindo (você já viu alguém triste?), tudo parece fazer sentido, é como se a vida real tivesse se tornado uma extensão, um plug-in da rede, melhor, um aplicativo que se baixa no play store. Entretanto, se a vida se deslocou para o face, se a felicidade está no face, o que acontece na vida real?

Esses são questionamentos para quem conseguiu manter-se na superfície. A resposta para as perguntas é simples – a “felicidade facebook” não é real  e apenas esconde a solidão em que nos encontramos. O sucesso do facebook é determinado pela facilidade em desconectar, de modo que não há uma preocupação em criar laços, mas apenas em se manter “conectado”. Sendo assim, como não crio laços, tenho a necessidade de o mundo me oferecer algo novo o tempo inteiro.

Em outras palavras, passamos pela vida sem que nós e os outros tenham importância e, portanto, tentamos substituir a qualidade dos relacionamentos pela quantidade. Desse modo, precisamos postar 48 fotos por dia, como se precisássemos da aprovação do outro, quando, na verdade, vivemos apenas uma representação e, diante disso, não vivemos nada.

Ou seja, como, na verdade, não sou feliz, preciso compartilhar tudo, a fim de que, pelo olhar do outro, haja a aprovação de que a minha vida possui o valor necessário para se sustentar. E, como todos vivem uma fantasia, todos mentem uns para os outros, como se fosse condição necessária para manter a felicidade de todos.

Pelo medo de encarar o vazio que nos tornamos, preenchemos esse vazio com ligações e wathsapp. Assim, toda barafunda do facebook é apenas para esconder aquilo que eu não quero ver, isto é, o meu vazio e como estamos cada vez mais sozinhos, muito embora, paradoxalmente, viva-se na era da grande rede, tenho a necessidade de postar e compartilhar o maior número de coisas a fim de que os likes preencham o meu vazio existencial.

É preciso que as pessoas curtam a vida que eu não estou curtindo; digo mais: é condição necessária ter pessoas legitimando aquilo que eu gostaria que fosse, para que o teatro seja mantido. Buscando o melhor enquadramento nas fotos, escondo o vazio que sou, a solidão que atormenta e o distanciamento das relações.

Essa urgência em ter pessoas legitimando aquilo que eu gostaria que fosse me impede de refletir sobre a própria vida, ou seja, não há uma tomada de consciência, em que o indivíduo é o dono do próprio destino, já que está sempre submetido ao espetáculo, pois este garante aplausos, mesmo que não passe de uma simulação.

Enquanto não acordarmos, estaremos mais ligados à internet, ao teatro, mais sozinhos e, portanto, desligados do real e das pessoas. É necessário ter a consciência do ser, pois não é fingindo ser, e, logo, não sendo, que há relações, tampouco felicidade, pois essa reafirmação de um eu que não existe implica apenas a solidão que nos aflige e as ilhas emotivas que nos tornamos.

Imersos nesse espetáculo, talvez não consigamos perceber que, quanto mais desesperados por likes, mais sozinhos estamos e que, embora a internet e o facebook sejam instrumentos poderosíssimos, os quais podem ser utilizados como ferramentas de aproximação, estamos os usando em troca da vida real e, pior, por uma vida que não existe.

Esse desespero por likes só representa indivíduos cada vez mais solitários. Isso acontece pela dificuldade em estabelecer relações reais e, por conseguinte, fortes; de encarar a si mesmo, a própria consciência, e admitir que a vida não está passando de uma encenação.

A “felicidade facebook” representa uma sociedade doente, mas que busca esconder-se. É necessário coragem para encarar-se e viver o que realmente somos, dizer o que realmente estamos sentido, fazer da rede uma extensão da vida real e não o contrário. Sabemos o quanto isso é difícil, pois temos medo de nos encarar, mas, enquanto esse medo não for superado, continuaremos alimentando o palco em que a vida se transformou, pois, como diz o poeta:

“Esse mundo é um saco de fingimento.”

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