Somos sempre modificados por aquilo que amamos

Somos sempre modificados por aquilo que amamos

Há alguns dias estive na minha cidade de origem para a festa de Natal. Fazia exatamente um ano que eu não a visitava, e nos três dias em que estive por lá pude rever casas e ruas da minha infância e relembrar momentos doces que vivi.

Porém, pela primeira vez desde que saí da cidade para fazer faculdade, aos dezessete anos, não senti nostalgia, nem melancolia, nem orfandade. Pela primeira vez me senti feliz por ser filha do interior, por ser cria das Minas Gerais, mas não sofri por ter que retornar ao meu mundo, ao meu jardim, à vida que construí longe dali.

Descobri então que fui modificada. Aos poucos, fui sendo moldada pelas novas paisagens, pelos novos encontros, pelo novo momento. Devagar, bem devagar, deixei as antigas vestes para trás e assumi contornos mais autênticos. Suavemente, me tornei uma pessoa muito mais coerente com meu coração. Serenamente, descobri que aquilo que amamos tem a capacidade de nos transformar.

Você percebe que foi modificado quando aquilo que te afetava tanto não te afeta mais. Quando olha uma fotografia antiga e sente saudade, mas a lembrança não é mais dolorida. Quando escuta uma música que mexia tanto com você e percebe que existem melodias muito mais bonitas. Quando passa a gostar muito mais da realidade que está vivendo do que aquilo que deixou pra trás. Você percebe que está transformado quando não dói mais saber “daquele” alguém. Quando a possibilidade desse alguém ter virado a página já não causa mágoa nem desconforto. Quando percebe que está cercado de pessoas que acrescentam tanto à sua vida que não precisa mais sofrer por aqueles que se despediram. Você descobre que foi modificado quando percebe que a casa onde morou na infância não é tão grande quanto você imaginava, nem que seu pai é tão bravo quanto você pensava, nem que seu amor da adolescência é tão incrível quanto você julgava.

A vida nos apresenta novas chances o tempo todo. Novas chances de amar, de perdoar, de esquecer, de recomeçar. Porém, somente quando amamos pra valer, algo dentro de nós se modifica pra sempre. E com isso sossegamos. Temos paz e tranquilidade. Descobrimos que estamos no lugar certo. Que pertencemos. Que estamos escrevendo nossa história com lucidez e certeza. E isso não nos permite mais olhar pra trás com saudosismo e nostalgia. Aceitamos os passos que demos, reconhecemos as alegrias que tivemos, mas não há mais o desejo de voltar. Não há mais a vontade de perpetuar alegrias esgotadas e memórias desbotadas.

Às vezes a gente gosta tanto de um perfume que, mesmo que ele acabe, continua guardando o frasco com aquele restinho lá no fundo na esperança de que ainda saia um vaporzinho com o aroma conhecido. Porém, um dia somos presenteados com um perfume novo, de fragrância sedutora e acolhedora. E aos poucos vamos percebendo que é hora de desapegar do antigo perfume e começar a valorizar o novo. Hora de decidir que o tempo do velho bálsamo acabou e aprender a enaltecer o aroma presente e suas dádivas.

Somos sempre modificados por aquilo que amamos. Que venha o ano novo e com ele a possibilidade de um dia acordarmos e descobrirmos que já não somos mais os mesmos que se blindavam, se escondiam ou se defendiam da vida e de suas imperfeições. Que a coragem e a leveza nos alcancem, e que a passagem do tempo apazigue dores, mágoas e ressentimentos. Que as histórias ruins sejam encerradas, e que, amando muito alguém ou alguma coisa, possamos deixar pra trás rastros de um passado que não nos representa mais.

Imagem de capa: GuilhermeMesquita/shutterstock

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Crônica das nossas mortes anunciadas

Crônica das nossas mortes anunciadas

Vivemos em um mundo de ordem inversa, em que as palavras são ressignificadas a todo momento para que as tragédias cotidianas que nos oprimem não sejam percebidas, embora estejam expostas para quem deseja enxergar. Se outrora as tragédias se apresentavam primeiro como tragédias, depois como farsas, em nossos tempos as tragédias se repetem como tragédias, todos os dias, em cada esquina, em cada olhar, em cada sentimento que se esvai pelos ralos ou pelos esgotos.

Vivemos em um tempo sombrio. Fomos arrebatados pelo medo, pela insegurança, pela indiferença, pelo egoísmo, pelo ódio, pelo terror, pela resignação. Vemos todas as misérias que acontecem ao nosso redor, mas fingimos não ver. Ou quando vemos, preferimos acreditar que não é possível se fazer nada, que aquela é a ordem natural do mundo, que devemos apenas aceitar.

Entretanto, não é porque nos resignamos, que as violências brutais que nos abatem deixam de acontecer. Parece paradoxal, irônico, surreal, mas enquanto mergulhamos nas maravilhas tecnológicas, que a cada segundo pulsam em nossas telas, milhares de pessoas morrem por falta de comida. Será que isso não merece a nossa compaixão ou, pelo menos, a nossa reflexão? Será correto aceitar a injustiça como coisa fortuita, como direito divino, para não contrariarmos ao deus capital?

Talvez seja difícil se compadecer de quem sofre a distância, ou compreender algo sem ter passado, de algum modo, pela experiência. Mas, e quanto aos nossos sofrimentos diários, às lagrimas que escorrem em silêncio, às cobranças e dores que nos têm feito adoecer? Será que é tudo “natural”? Será que é realmente saudável se adaptar a uma sociedade doente? Qual o preço que nós e o planeta, do qual somos parte, estamos pagando por fazer parte de uma ordem criminosa de mundo?

Se o crescimento da desigualdade social, da fome, da miséria, da violência, dos casos de depressão, de ansiedade e de suicídios for um indicativo da resposta, creio que ela não é muito agradável. Mas, por mais desagradável que seja, devemos enfrentá-la, a fim de que possamos invertê-la, de que possamos criar novas possibilidades, de que possamos, juntos, sonhar um novo mundo, porque se há alguma chance de mudar as coisas e tirar a poeira da história, é preciso que sejamos revoltosos e o sejamos já, sem demoras, porque o mundo urge por mudanças que o façam resplandecer suas belezas.

Enquanto estivermos inertes e convencidos de que nada pode ser feito, de que somos pequenos demais, de que somos apenas homens e mulheres tentando sobreviver ao drama da existência, continuaremos afogados entre lágrimas e suor, nossos e dos outros, continuando a viver por fora e apodrecendo por dentro. Continuando a viver a tragédia de mortes anunciadas, que todos sabem, mas que insistem em não ver e, por isso, a permitir que elas se repitam ora como tragédias, ora como tragédias.

Imagem de capa: Sergey Shubin/shutterstock

A revolução contida na pergunta

A revolução contida na pergunta

Me pego rindo quando me lembro da época em que meu irmão tinha seus 6/7 anos e passava o dia perguntando sobre tudo. Tudo, tudo, tudo. Eu, no auge dos meus 11 anos já estava com minha paciência “esgotada”. Reclamava. Não aguentava.

Uma categoria de perguntas que ele fazia me incomodava especificamente: a categoria dos “E se…?”. Vou exemplificar. “E se você fosse morrer? Preferiria morrer de calor ou de frio?”. Aplique esse esquema de pergunta a todos os assuntos possíveis e terá uma amostra do que Plínio Filho nos fazia passar.

O tempo correu, Plínio diminuiu sua cota de perguntas diárias, mas uns aninhos pra frente, convivi com outro garoto que perguntava muito o tal do “E se…”. Este meu colega, jogava esse tipo de pergunta especialmente durante as aulas de História. “Professor, e se a Alemanha tivesse ganhado a II Guerra Mundial?”. Meu professor, como eu, quando pequena, se irritava. “Na História não existe esse tipo de pergunta, fulano”, disse ele secamente uma vez, castrando toda a disposição que fulaninho tinha para fazer perguntas durante suas aulas.

É interessante perceber o quanto o automatismo da modernidade nos leva a nos incomodar com situações que exigem que pensemos fora da caixa. Hoje olho para trás e vejo o quanto nós mesmos contribuímos diariamente para repressão e bloqueio da curiosidade e do poder de criação de nossas crianças.

O “e se…?” nos perturba justamente por não estarmos “treinados” para ele. Ele nos coloca em contato com o desconhecido, nos coloca numa posição de “não-saber”, quando estamos sendo avisados cotidianamente que TEMOS que saber, porque simplesmente não podemos errar, nas questões do vestibular, no trabalho, nos relacionamentos, na vida. Será?

Não, não. Isso não é uma apologia ao erro. Mas o fato do erro ter uma conotação tão negativa em nossa sociedade nos leva a “jogar seguro” sempre, a não arriscar e consequentemente a não criar. É uma sociedade sem graça essa… Condenada ao acerto, a mesmice, à falta de criatividade e imaginação.

É num mundo como este que queremos mesmo viver?

A verdade é que hoje vejo o pessoal do “e se…?”, vulgo meu irmão e o fulano da sala, como revolucionários. A dúvida é criativa, é imaginativa, ela nos tira dessa repetição chata a qual estamos habituados. Sim, nesse sentido, toda criança tem um quê de revolução.

Nesse sentido, todos temos, adormecidos em nós um tanto de “e se…?”, não é? O que nos resta, no primeiro caso, é não reprimirmos esse tais “e se…?”, no segundo, a solução é reaviva-los.

Pois é. Em tempos de mentes fechadas e disciplinadas, faz-se necessário a subversão de abrirmos mais e mais cabecinhas. Isso é, afinal, criar a possibilidade de um mundo diferente, melhor talvez, do que o que vivemos hoje.

Imagem de capa: Karramba Production/shutterstock

O amor tem que ser uma escolha e não uma necessidade

O amor tem que ser uma escolha e não uma necessidade

Antes aguardar um amor verdadeiro do que se apressar e trazer um embuste para junto de si. Leve o tempo que for, o amor há de ser verdadeiro e pleno.

Li por aí que é necessário ser corajoso para ficar solteiro nos dias de hoje. Há uma carência muito grande se espalhando pelas redes sociais, uma necessidade de chamar a atenção pela forma como a pessoa se sente sozinha, sem ninguém. Várias postagens virtuais focam a solidão, o “ninguém me ama, ninguém me quer”, e recebem milhares de curtidas, sendo amplamente compartilhadas.

Isso porque parece que a sociedade cobra de todo mundo a necessidade de viver uma vida a dois, como se pessoas solteiras estivessem, na verdade, incompletas.Abundam sites de relacionamentos, aplicativos que prometem o encontro com a alma gêmea, acirrando a visão distorcida das relações amorosas. É preciso perceber que estar sozinho ou acompanhado não torna ninguém mais ou menos feliz, simplesmente porque a felicidade começa dentro de cada um.

A partir do momento em que o amor passa a ser uma necessidade, e não uma escolha, corre-se o perigo de se aceitar qualquer companhia, pelo temor à solidão. Na verdade, o amor verdadeiro jamais se aloja em corações inseguros ou indecisos. Amor requer certeza, inteireza, disposição e comprometimento. Amor se alimenta de verdades, do que não caminha junto com medo, fragilidade, carência. Tudo bem não estar pronto para o amor. A vida é de cada um e o amor também.

Não há nada de errado em estar solteiro, não importando sua idade, ou qualquer outra coisa, pois importa, sim, é ser feliz e estar satisfeito com a vida que se vive, da maneira como cada um se sente bem. Existe felicidade na vida a dois e na vida com um só. Existe, da mesma forma, tristeza na vida a dois e na vida com um só. Antes aguardar um amor verdadeiro do que se apressar e trazer um embuste para junto de si. Leve o tempo que for, o amor há de ser verdadeiro e pleno.

Já temos que lidar com tanta falsidade lá fora, enquanto trabalhamos e saímos pelos bailes da vida. Nada mais justo do que, ao menos dentro de nosso lar, vivermos a plenitude de um amor verdadeiro, sem máscaras, completo e sereno. Temos que manter nossa dignidade ao fim do dia, seja junto a alguém, seja junto à nossa própria companhia. Não nos esqueçamos: o amor tem que ser uma escolha e não uma necessidade.

Imagem de capa: Masson/shutterstock

Para uma vida com mais ritos de passagem diários

Para uma vida com mais ritos de passagem diários

Acredito que é bom e bonito que os acontecimentos e as transformações na vida passem por algum tipo de rito de passagem. Celebrar uma mudança de fase, criar um ritual que marca um acontecimento, fazendo-o não passar batido e que nossos corpos e mentes percebam um novo sentido surgindo na vida.

Penso na importância dos ritos não apenas nos ‘grandes’ acontecimentos: nascimentos e mortes físicas, casamentos, formaturas… Penso nos ritos não como formas necessariamente religiosas e muito menos como eventos fabulosos e gigantescos que muitas vezes acabam se tornando mais importantes do que o próprio momento e as pessoas envolvidas.

Gosto de pensar nos ritos num nível cotidiano: celebrar e valorizar pequenos momentos que são significativos nos nossos dias. Simbolizar e marcar as pequenas mortes no nosso caminho, olhar com atenção para as mudanças e transformações, tanto as que acontecem apenas dentro da gente, quanto as que mudam as paisagens externas.

Porque acontece regularmente em nossas vidas de emoções nascerem e morrerem, de nos sentirmos renovados e destruídos, de florescermos e adoecermos.

Muitas vezes, datas aleatórias manifestam mais a nossa importância no mundo do que o dia do nosso aniversário. Amadurecemos muito antes dos 15 anos ou bem depois dos 30. O frio da barriga do primeiro dia no jardim da infância continua ao longo da vida todas as vezes que entramos num ambiente novo.

Então, por que não celebrar, mesmo que sozinho, um amor novo que nasceu no peito? Um dia de ‘aniversário’ que ninguém nos deu parabéns, mas a gente se sente renascendo? Um casamento de corações que mutuamente se entregaram?

Por que não passar um dia sorrindo, escrever umas palavras para expressar a beleza disso, enfeitar a casa de flores, comprar um novo vestido?

Criar o nosso próprio rito para expressar o nosso momento.

E por que não também simbolizar o fim de um namoro, ou a morte de um sentimento, o esfacelamento de uma história, o rompimento de uma ilusão, a frustração de algo não feito?

É bom também viver o luto, tirar do coma e transformar em cinzas ideias e afeições, simbolizar algo que morreu para que possamos fazer o nosso rito de passagem. Rasgar uma foto, chorar no travesseiro, fazer uma oferenda, mudar os roteiros do pensamento e as músicas da playliste seguir em frente, deixando novos ventos varrer a alma.

Que a gente saiba nascer com alegria e reconhecer e aceitar as mortes e que os ritos sejam uma forma de simbolizar e valorizar a consistência da nossa história e a importância da nossa vida.

Imagem de capa: Zolotarevs/shutterstock

Só fere quem está ferido. Só é atingido quem precisa curar-se.

Só fere quem está ferido. Só é atingido quem precisa curar-se.

“Em tempos de ódio, é bom andar amado.”

Algum lugar do mundo, 24 de maio de 2016

Só fere o outro, seja com palavras, atitudes ou indiferença, quem tem na alma um machucado. Fere numa atitude desesperada de livrar-se da dor ou de compartilhá-la, pois até mesmo doentes buscamos companhia em nossa profunda carência.

Só fere quem ainda não percebeu que qualquer ataque é fruto de vazio interno, de dor calada, muitas vezes escondida embaixo de um castelo de convicções e certezas, castelo de areia, imponente até o primeiro toque suave.

Só agride quem ainda não descobriu sua verdade e clama por ajuda em forma de atenção, mesmo que negativa, por não saber outra forma de fazê-lo. Por não entender que o que sente não é raiva, mas dor. Sentida aparentemente sem motivo, sem por que.

Só machuca quem não se ama o suficiente. Pois, amando-se, saberia a importância de amar o outro, saberia que tudo que vai, volta imediatamente e inunda nosso ser. Seja amor, seja dor. Na mesma intensidade enviada. Como diz a lei.

Só critica e humilha quem não aceita a si mesmo. Incomoda-se com o semelhante por lembrar-se de suas próprias correntes e com o diferente, de suas próprias fraquezas.

Entretanto, perceba, só é ferido quem precisa curar-se. Quem ainda não integrou todo seu ser e deixou lacunas, fáceis de serem atingidas com a dor do outro.

Só é machucado quem não encontrou a paz de ser somente o que se é, de aceitar-se sem culpa e sem desculpas. E, por isso, é cortado pela espada do julgamento alheio enquanto sufoca-se em necessidade de aceitação.

Só é humilhado quem não entende que qualquer ataque recebido não precisa ser acolhido, pois da porta do nosso ser, só nós temos a chave e somos o único porteiro.

Quando acolho a dor do outro, acolho a minha própria. Lembro-me do vazio que precisa ser preenchido com luz. Seguro a dor do outro em mim e deixo ela fluir para onde mais dói, como um sinalizador. É lá onde ainda preciso de cura.

Naquela lacuna esquecida, sufocada, na parede do porão do meu ser, ainda escasso de amor. Na trinca que passou despercebida ou que era, aparentemente, inofensiva, mas que permitiu que a dor do outro infiltrasse em mim. Justo naquele dia de chuva, quando eu mais precisava de proteção.

Como a vida é sábia. Ferido ou agressor, ambos carregam a oportunidade de sair desse círculo de dor. Quebrar correntes de ódio e formar laços de amor. Primeiro, reconhecendo suas trincas internas, depois, parando de refletir a própria dor no outro.

Finalmente, o comportamento reativo dá lugar à compaixão por quem ainda sofre e ataca sem saber. Não aquela de quem é superior, mas de quem já muito fez (e faz) o mesmo sem querer. E daquela fenda infiltrada, outrora, de dor, transborda perdão. Dessa vez, de dentro para fora, por si e pelo outro. Perdão esse que preenche todas as trincas e buracos com o único material permeável somente ao que faz bem:

– Amor.

Imagem de capa: pathdoc/shutterstock

Por favor, não me deixe apenas a mentira como alternativa!

Por favor, não me deixe apenas a mentira como alternativa!

Porque mentir é da vida, acontece, sai involuntariamente algumas vezes. Mas a reação esperada é o arrependimento da mentira, a confissão, perdão, libertação, o que couber na situação.

Mentira não é primeira opção para nada que pretenda ser verdadeiro um dia. Mentira é a cartada rápida, a palavra que sai firme sob o comando de uma cabeça atordoada. Mentir é tomar um analgésico de efeito rápido, cujo efeito também vai embora rápido. A consciência promove a desintoxicação e só sobra o mal estar depois da limpeza.

Por vezes existem perguntas cujas respostas não estamos preparados para encarar, mas também não saberemos tolerar as mentiras que virão em lugar. São as perguntas que ainda não estão prontas para distribuir seus frutos.

A gente força uma conclusão, quer na hora, mas a coisa vem com ranço, com a casca verde e sem néctar algum. Daí nasce a mentira que, neste caso, embora bem intencionada, acaba por azedar ainda mais a mistura.

Há dúvidas que só estão vivas porque são dúvidas. Quando tentam virar certezas, frágeis e vacilantes, recorrem à mentira para fortalecer os argumentos.

Ilusão é uma amiga íntima das mentiras. Ela é daquelas amigas que tudo pede emprestado, que acha que lhe cai bem tudo o que pertence à outra. De ilusão em ilusão vai crescendo o mito da mentira que consola e faz carinho nas almas que não querem sofrer, não cogitam encarar a verdade ou o que ela pode representar.

Eu teria muitas mentiras para contar, outras tantas para inventar, algumas ainda para sofisticar, porque todos nós somos bons nisso, mas, nessa altura, querendo muito assinar meu nome com liberdade e sem esmagar a ponta da caneta no papel da vida, tenho repetido um apelo, como se um mantra fosse, primeiro a mim, depois ao mundo:

Por favor, não me deixe apenas a mentira como alternativa!
Respeite as minhas verdades, mesmo que frágeis, ou, os vazios, ainda sem uma certeza que se encaixe nelas confortavelmente.

Imagem de capa: Rock and Wasp/shutterstock

Não deixe ninguém estragar o seu dia com problemas que não são seus

Não deixe ninguém estragar o seu dia com problemas que não são seus

Não vivemos sozinhos, pois nossa vida encontra-se entrelaçada às vidas de quem está ao nosso lado, em casa, no trabalho, aonde quer que vamos. Com isso, acabamos nos envolvendo, em maior ou menor grau, com muitas coisas que, na verdade, não nos dizem respeito. Sendo assim, para que possamos seguir em frente sem carregar demais o peso de nossas passadas, é preciso que tenhamos a consciência de que nem tudo o que acontece tem a ver com o que a gente faz.

Embora seja difícil não nos envolvermos com o que acontece bem ali do nosso lado, principalmente quando se trata de algo relacionado a quem amamos, como, por exemplo, nossos familiares, deveremos conseguir guardar um espaço de calmaria dentro de nós, para que não estejamos sempre com o coração pesado. Caso contrário, não viveremos em paz em nenhum lugar, carregando uma carga negativa em todos os ambientes em que estivermos.

Existem pessoas que nunca estão tranquilas, como se precisassem de preocupação para poder viver. Não conseguem enxergar solução para nada e acabam destinadas a sofrer todos os dias, seja pela sujeira na calçada, por conta de um filho rebelde, da torneira que pinga, prendendo-se a qualquer dissabor, tornando-se presa somente do que não está dando certo. Jamais serão capazes de enxergar o tanto de coisas boas que possuem.

Além de se sentirem a pior das criaturas, tentarão, a todo custo, culpar o mundo por tudo o que lhes acontece, recusando-se a refletir sobre o papel delas próprias naquilo tudo. Muitas vezes, inclusive, elas culpam a nós por aquilo que elas mesmas provocaram, pois não aceitam que o outro não esteja tão infeliz quanto elas e querem nos levar para junto de sua própria escuridão. É assim que muitos parceiros, colegas de trabalho, amigos, acusam uns aos outros e é assim que os relacionamentos se deterioram e findam.

Portanto, é preciso que sempre estejamos fortalecidos e certos quanto ao que somos e fazemos, para que não sejamos influenciados com a negatividade dos outros. Sabermos o que é nosso e o que não nos diz respeito nos livrará da negatividade alheia, blindando-nos contra as tentativas de fora de nos puxar em direção à tristeza e à miséria que não são nossas. Já temos bagagens demais; desnecessário carregarmos as malas de quem só guarda quinquilharia emocional. Sejamos felizes, por causa de e apesar de certas pessoas. É isso.

Imagem de capa: arosoft/shutterstock

Entre o arrepio na alma e o arrepio na pele…escolha os dois!

Entre o arrepio na alma e o arrepio na pele…escolha os dois!

E de repente você se vê diante de um desalinho na pretensa organização que ansiava para sua vida. Imprevistos. Esses meninos travessos que reviram tudo e trocam tudo de lugar. Fizeram de seus planos algo que não se tornará algo concreto, ou lógico. Assim, o obrigaram a buscar dentro de si uma outra rota, um caminho novo, um desvio.

Desvios são uma espécie de segunda chance, uma oportunidade de se reinventar, um ensejo para encontrar em nossos cantinhos guardados algo que nos faça sentir um arrepio na alma. Arrepios na alma são momentos raros que nos conectam diretamente aos nossos desejos, sejam reconhecidos ou absolutamente surpreendentes.

Viver sem arrepios na alma é como passar a não sentir mais o sabor, o cheiro, a textura, o som das coisas, tudo ao mesmo tempo. É como não ser mais capaz de se entregar à excitação de um prazer antecipado, daqueles que a gente consegue sentir em ondas quando está prestes a nos encontrar.

É desse prazer que a gente precisa, seja numa experiência física, afetiva ou espiritual. A falta desse prazer vai nos deixando refratários à alegria e íntimos da melancolia. Passamos a funcionar como bonequinhos de corda, só que movidos por expectativas vazias em nome do alcance de uma felicidade plástica, reproduzida, artificial.

Expectativa é uma coisinha traiçoeira que deixa a gente com uma sede específica de uma coisa idealizada, sem a qual temos a absoluta certeza de que morreremos de sede. Corremos o risco de cultivar um ardor crônico na garganta, afixados numa teimosia de não ver nada além daquele idílico devaneio.

O que não sabíamos (porque esse tipo de coisa ninguém conta mesmo!), é que estar nu de expectativas é uma das experiências mais libertadoras que podemos provar. Ver cair ao chão uma armadura pesada e rígida, para ensaiar uns passos insolentes na direção de algo cujo resultado é absolutamente imprevisível, é abrir espaço para o improvável… o delicioso improvável.

E não há nada mais belo que uma alma que se arrepia de prazer, morando dentro de um corpo que experimenta a mesma sensação. Reconhecimento. Entrega. Comunhão. A pele arrepiada nos faz lembrar sabores doces, intrigantes, desafiadores. Fechemos os olhos para esperar que a onda nos atinja, até que a gente se dissolva feito espuma. Uma vez experimentada essa catarse de emoções, não haverá mais lugar para almas quietinhas, doces, obedientes. Por isso, entre o arrepio na alma e o arrepio na pele… escolha os dois!

Imagem de capa: Irina oxilixo Danilova/shutterstock

Estar feliz e solteira me ensinou a ser mais exigente

Estar feliz e solteira me ensinou a ser mais exigente

“Em relação ao amor, hoje sou menos iludida, mas também muito mais criteriosa. Não que eu tenha desistido deste sentimento, mas aquela empolgação juvenil e até inocente já não existe mais.

O X da questão é que já vivi situações o suficiente para perceber que relacionamento amoroso não envolve só sentimento. Envolve diferenças, envolve família, envolve vizinho, cachorro, smartphone e papagaio. Dois deixam de ser dois e passam a ser um número incontável de gente, torcendo por sua felicidade ou não. Envolve paciência, pressão, frustração, desconfiança. Claro que envolve também coisas maravilhosas, como vida compartilhada, companheirismo, afeto, amor, confiança.

Eu me lembro muito bem quando eu tinha 15 anos e sonhava em namorar. Achava que era o melhor que me poderia acontecer na época, mas não aconteceu… Fiquei frustrada, mas fui levando. Quando eu finalmente tive um relacionamento mais profundo posso dizer que a vida me deu um tapa na cara.

Namorar não era nada daquilo que eu criava fantasiosamente. Não fiquei amarga ou desesperançosa. Fiquei realista.

Hoje, após alguns relacionamentos profundos e aos 27 anos, eu vejo o quanto ser solteira representa liberdade e aprendizado pra mim. Não tenho medo de ficar sozinha em casa em pleno sábado à noite. Não tenho medo de ir a eventos sociais sem um cara a tiracolo. Eu construí a vida com os meus passos. Um atrás do outro, aos trancos e barrancos. Mas hoje eu sou eu. Natália. Quem entrar na minha vida não será o protagonista pois a protagonista já existe. Quem entrar na minha vida se tornará referência e não a coordenada. A recíproca, é claro, é verdadeira.

A questão é que as frustrações me ensinaram a me amar mais, a valorizar mais meus momentos comigo mesma. Estar feliz e solteira me ensinou a ser mais exigente. E alguém para adentrar no meu mundo tem que fazer por merecer. Se ficar com joguinho, se ficar com palavras fartas e atitudes vazias eu, simplesmente, perco o interesse.

Eu gosto tanto de escrever, eu gosto tanto de estar e conversar comigo mesma que não dá pra trocar isso aqui por um “Oi, gata” ou pior: “Oi, sumida” sendo que sumida eu nunca fui. Não dá para trocar assistir Downton Abbey na Netflix por uma conversa superficial ou sem afinidades.

Só vai entrar na minha vida quem realmente merecer. Porque vida é mais íntimo que quarto, vida é mais íntimo que cama. As pessoas costumam relacionar intimidade com sexualidade. Mas intimidade é sonho, é medo, é esperança, é falar do passado, da infância, é planejar um futuro, é olhar juntos para a mesma direção. Intimidade requer tempo, requer dedicação, requer interesse profundo. Intimidade é oposto de superficialidade. Intimidade não é saber a cor da calcinha ou do sutiã. Intimidade é saber a cor dos sonhos, a cor dos olhos quando choram, a forma exata dos lábios quando sorriem. Intimidade não é ver alguém de lingerie… Isso você pode ver a qualquer momento, com alguém que você conhece há muitos anos ou há poucas horas. Intimidade não é ver alguém se despir das roupas. Intimidade é ver alguém se despir das barreiras, dos medos, das suas verdades incontestáveis, das suas certezas absolutas. Intimidade é a entrega, mas não a entrega do corpo. Intimidade é a entrega mais difícil: a entrega da alma e do coração.”

Imagem de capa: MRProduction/ shutterstock

Receita para dias tristes e irritantes

Receita para dias tristes e irritantes

Sigo uma regra: se começar a dar tudo errado, volto. Volto para casa e deixo tudo para depois. Não importa se era importante, o dia seguinte também será, então eu paro, apenas paro, porque sei que se não conseguir mudar a frequência tudo continuará meio torto. A receita é simples: parar também faz parte do caminhar, lembrando que para cada clima há uma vestimenta.

Se o incômodo for tristeza, lave louças, arrume a casa, mas jamais as gavetas; tristeza e gavetas não combinam, pois a quietude de uma se choca ao agito das calcinhas e camisas em ebulição gerando a preguiça. Preguiça é tristeza sem vocação.

Se a querela existencial for mau humor desligue telefones, arrume gavetas e leia um livro. Nunca, jamais, procure resolver qualquer pendência afetiva, aliás essa regra vale para todas os estados emocionais que não sejam de absoluta tranquilidade. Melhor fazer um bolo.

Se o peito apertar, banho longo, chocolates e filmes bobos; cozinhar é absolutamente proibido, peça algo no delivery mais próximo. Se der pânico, não preste atenção no corpo, porque se a mente está confusa o corpo se comunica em língua estrangeira, geralmente em língua morta.

Para todas as condições, reze. Rezar é antes de tudo silenciar. Reze para Deus, Nossa senhora, um santo, um amigo, uma árvore, Buda ou seu avô, não importa, silencie os cômodos e incômodos de seu corpo.

Foi a partir destas receitas que me ensinei uma grande lição: cuidar de cada dor separadamente. É preciso cuidar de cada dor separadamente de modo a embalá-la com cuidado. Verificar cada infiltração, cada amasso. Reconhecer suas desordens, insistências e excessos, e apenas após tamanho cuidado, deixá-la ir.

Sentimentos devem ser embalados em acalantos particulares, não se deve olhar as dores como quem soluciona equações nem tampouco apenas organizar os sentimentos em gavetas adequadas; cada dor deve ser observada, silenciosamente, sem grandes alardes. Tudo o que está em seu quintal de algum modo é seu, e sendo assim a resposta também será sua, ainda que surja lentamente.

É preciso cuidar de cada dor separadamente, de modo a embalá-la com cuidado. Verificar cada infiltração, cada amasso. Reconhecer suas desordens, insistências e excessos, e após tamanho cuidado, deixá-la ir, mas não sem antes guardar sua lição, e a maior lição que as dores nos deixam é a de que um dia fatalmente as deixaremos ir.

Imagem de capa: Dudarev Mikhail/shutterstock

Valorize as pequenas alegrias. Um dia elas se tornam uma grande felicidade.

Valorize as pequenas alegrias. Um dia elas se tornam uma grande felicidade.

Assim como os lobos de uma alcateia, as ilhas nos arquipélagos, as aves voando em bando, os peixes em seus cardumes e os cachorros de uma matilha, as pequenas alegrias de uma vida é que fazem a sua grande felicidade.

Todo mundo sente tristeza, chora, sofre, sangra. Mas aí chega do nada um instante de ternura, um carinho da vida, um encanto breve. Uma alegria passa correndo, lambe a cara da gente como um cachorro desastrado e leva a tristeza embora, pendurada na boca.

Se ainda resta felicidade no mundo, ela é nada senão um substantivo coletivo: um conjunto de pequenas alegrias. São elas, as euforias à toa, os instantes de leveza, as risadas escapadas da couraça sisuda em que nos protegemos do mundo, são elas que fazem uma vida feliz.

Alegria a gente não guarda no banco, não aplica na bolsa nem troca por bens de consumo. A gente leva no coração. Gente feliz não joga alegria fora, não desperdiça um momento de riso, não perde uma chance de alegria aqui e ali.

Tem alegria de todo jeito, toda cor, todo tipo, mas as pequeninas, ahh… as alegrias minúsculas são enormes! A visita de uma velha amiga, o filho que melhora da febre alta, a gentileza inesperada, o banho em boa hora, o sono franco, o riso fácil, as fotografias reencontradas, o prato favorito, tudo, tudo aquilo que não vai nos deixar mais ricos, mas melhora nossa vida como nada mais há de fazer.

Então um dia, de tanto viver diminutas satisfações, a gente se dá conta do quanto é grande a nossa felicidade. Ligeira, fugidia, passageira. Mas enorme. Gigantesca! Grandiosa por ser feita de pequenas alegrias que vão, vêm e ficam para sempre.

Imagem de capa: Sunny studio/shutterstock

Não me interessa a área vip. Eu quero a mistura.

Não me interessa a área vip. Eu quero a mistura.

Eu já fiquei na área vip. Eu já fui para a sala vip. Eu só nunca me senti vip.

Para algumas pessoas eu sou importante, muito importante, que bom! Essa é a ideia desde o começo da vida.
Mas eu sou mais uma na multidão e ponto. E assim me sinto à vontade.

Não me encanta a exclusividade. Gosto de coisas que todo mundo tem, não ligo se uso roupas iguais às outras pessoas.

Não me convencem algumas classificações. Quem determina, quem julga, quem conclui? Papéis comprados, posições negociadas, muita propaganda, pouca verdade.

Não quero recompensas pelo que não fiz para merecer. Não sou melhor porque conheço as pessoas certas, não me torno mais encantadora porque estou para o lado de dentro da cordinha.

Eu quero a mistura, a liberdade de ficar ou sair, o sufoco de não ser tão especial nem exclusiva, mas ser quem bem entendo.

Quem quiser a área vip, que lute por ela, que a conquiste, que se entrose. É bom lá, é exclusivo. Mas para mim, é solitário.
Eu não quero olhar de cima, nem para trás. Eu quero olhar nos olhos, descobrir nuances que só acontecem com a mistura. Mistura de cores, de línguas, de peles, de gostos, de dúvidas.

Não quero ser diretoria, quero ser parte da romaria. Quero a rua, as risadas altas, a cerveja do boteco naquele copo pequeno.

Quero o cachorro-quente, o acarajé da baiana, a pipoca, doce embaixo, sal em cima.

Não quero ter rosto de vinte anos a menos. Quero as marcas do tempo que me pertencem, que guardam as vezes em que franzi o rosto, que me arrebentei no choro, que gargalhei até soluçar.

Não quero ser vip para uma plateia que não me interessa. Quero ser importante para quem é importante para mim. Sem cordinha, sem pulseirinha. Selecionados só pelas afinidades.

Imagem de capa: Reprodução

Preste atenção às suas ações, pois a vida é um castelo de cartas

Preste atenção às suas ações, pois a vida é um castelo de cartas

Embora eu tenha tido experiências em cidades e países diferentes ao longo da vida, minha criação primária aconteceu em uma cidade pequena. Não faltaram para mim o alimento, tive acesso a escola e ia a missa como iam as pessoas do meu meio. É claro que existiam dificuldades, mas elas aconteciam dentro de um ambiente razoavelmente protegido socialmente por amigos e família. Essa criação deixa suas marcas e ainda afeta minha percepção de realidade em diversos momentos (para o bem e para o mal). Entretanto, sempre que um olhar moralista ou a “culpa católica” ameaça deturpar minha compreensão de mundo, eu paro e reavalio minha posição. Quem está opinando sou eu ou o que sobrou de um olhar mais provinciano e pouco realista? Se, por exemplo, eu não gosto de cantoras sertanejas sem roupa no palco, isso não as torna erradas e eu certa, se não me agradam algumas posturas mais agressivas nas mais diversas áreas, isso não me torna a dona da verdade em absolutamente nada (pelo menos não necessariamente). Se hoje o mundo tem outras posturas e ouvimos funk, temos Pabllo Vittar representante da melhor música do ano isso não me obriga a gostar de nada, mas também não exime a minha responsabilidade de ponderar minhas reações e pensamentos para que eu não reproduza conceitos que hoje, em 2018, podem ter se tornada ultrapassados.

Radicalidades não me interessam simplesmente porque as pessoas têm o direito de escolha de gosto pessoal independente do que eu gosto. Essas mesmas pessoas têm seus gostos porque tiveram outras criações, outras vidas e outras realidades (Talvez até bem mais interessantes do que as minhas. Quem sabe?). Por que será que é tão ofensivo para tantos lidar com a diferença? Afinal, por que tanto sentimento de ameaça da “moral e dos bons costumes” perante o novo? Não seria um moralismo ultrapassado e fora do tempo falando mais alto? Seria medo de ver seus castelos de cartas desmoronar? Como disseram hoje meus amigos durante um cafezinho: “Você pode ser solidário a uma causa, mas isso não te permite sentir o que o outro sente na pele. Você não sabe o que é racismo se não for negro, mesmo que tenha empatia.” Penso que está na hora de baixarmos nossos narizes empinados e entendermos que as pessoas merecem respeito em suas escolhas, gostos e lutas. E se você não gosta disso, isso é algo que você deveria pensar lidar, pois muitas cartas do castelo já estão a voar.

Imagem de capa:  Haywiremedia/shutterstock

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