Para assistir 2 vezes: a verdadeira amizade

Para assistir 2 vezes: a verdadeira amizade

Esse comecial foi um dos escolhidos como os 10 melhores vídeos de 2013 da Revista Adweek. Demostra uma relação de afeto e cuidado entre dois amigos. No final, algo muda e essa é a hora de ver o vídeo novamente pois vários detalhes farão mais sentido.
Vale conferir!

Por que no meio da dor os negros, dançam, cantam e riem?

Por que no meio da dor os negros, dançam, cantam e riem?

O falecimento de Mandela, um dos maiores expoentes da história africana, levou toda a atenção do mundo para esse continente que, históricamente vem sendo negligenciado interna e externamente. Entretanto, Leonardo Boff* faz uma leitura do povo africano e de sua ligação com as NOSSAS raizes como seres humanos. Fala de nossa evolução e desenvolve, como sempre, uma excelente crítica social, afinal, todos somos africanos!
Abaixo, transcrevo a crônica que foi publicada em seu blog no último dia 12-12-2013 e sugiro a leitura para quem acompanha a Contioutra.

Por que no meio da dor os negros, dançam, cantam e riem?
Por Leonardo Boff

Milhares de pessoa em toda a Africa do Sul misturam choro com dança, festa com lamentos pela morte de Nelson Mandela. É a forma como realizam culturalmente o rito de passagem da vida deste lado para a vida do outro lado, onde estão os anciãos, os sábios e os guardiães do povo, de seus ritos e das normas éticas. Lá está agora Mandela de forma invisível mas plenamente presente acompanhando o povo que ele tant ajudou a se libertar.

Momentos como estes nos fazem recordar de nossa mais alta ancestralidade humana. Todos temos nossas raízes na Africa, embora a grande maioria o desconheça ou não lhe dê importância. Mas é decisivo que nos reapropriemos de nossas origens, pois elas, de um modo ou de outro, na forma de informação, estão inscritas no nosso código genético e espiritual.

Refiro-me aqui tópicos de um texto que há tempos escrevi sob o título:”somos todos africanos” atualizado face à situação atual mudada. De saída importa denunciar a tragédia africana: é o continente mais esquecido e vandalizado das políticas mundiais. Somente suas terras contam. São compradas pelos grandes conglomerados mundiais e pela China para organizar imensas plantações de grãos que devem garantir a alimentação, não da Africa, mas de seus países ou negociadas no mercado especulativo. As famosas “land grabbing” possuem, juntas, a extensão de uma França inteira. Hoje a Africa é uma espécie de espelho retrovisor de como nós humanos pudemos no passado e podemos hoje ainda ser desumanos e terríveis. A atual neocolonização é mais perversa que a dos séculos passados.

Sem olvidar esta tragédia, concentremo-nos na herança africana que se esconde em nós. Hoje é consenso entre os paleontólogos e antropólogos que a aventura da hominização se iniciou na África, cerca de sete milhões de anos atrás. Ela se acelerou passando pelo homo habilis, erectus, neanderthalense até chegar ao homo sapiens cerca de noventa mil anos atrás. Depois de ficar 4,4 milhões de anos em solo africano este se propagou para a Asia, há sessenta mil anos; para a Europa, há quarenta mil anos; e para as Américas há trinta mil anos. Quer dizer, grande parte da vida humana foi vivida na África, hoje esquecida e desprezada.

A África além de ser o lugar geográfico de nossas origens, comparece como o arquétipo primal: o conjunto das marcas, impressas na alma de todo ser humano. Foi na África que este elaborou suas primeiras sensações, onde se articularam as crescentes conexões neurais (cerebralização), brilharam os primeiros pensamentos, irrompeu a criatividade e emergiu a complexidade social que permitiu o surgimento da linguagem e da cultura. O espírito da África, está presente em todos nós.

Identifico três eixos principais do espírito da África que podem nos inspirar na superação da crise sistêmica que nos assola.

O primeiro é o amor à Mãe Terra, a Mama Africa. Espalhando-se pelos vastos espaços africanos, nossos ancestrais entraram em profunda comunhão com a Terra, sentindo a interconexão que todas as coisas guardam entre si, as águas, as montanhas, os animais, as florestas e as energias cósmicas. Sentiam-se parte desse todo. Precisamos nos reapropriar deste espírito da Terra para salvar Gaia, nossa Mãe e única Casa Comum.

O segundo eixo é a matriz relacional (relational matrix no dizer dos antropólogos). Os africanos usam a palavra ubuntu que singifica:”eu sou o que sou porque pertenço à comunidade” ou “eu sou o que sou através de você e você é você através de mim”. Todos precisamos uns dos outros; somos interdependentes. O que a física quântica e a nova cosmologia dizem acerca de interconexão de todos com todos é uma evidência para o espírito africano.

À essa comunidade pertencem os mortos como Mandela. Eles não vão ao céu, pois o céu não é um lugar geográfico, mas um modo de ser deste nosso mundo. Os mortos continuam no meio do povo como conselheiros e guardiães das tradições sagradas.

O terceiro eixo são os rituais e celebrações. Ficamos admirados que se dedique um dia inteiro de orações por Mandela com missas e ritos. Eles sentem Deus na pele, nós ocidentais na cabeça. Por isso dançam e mexem todo o corpo enquanto nós ficamos frios e duros como um cabo de vassoura.

Experiências importantes da vida pessoal, social e sazonal são celebrados com ritos, danças, músicas e apresentações de máscaras. Estas representam as energias que podem ser benéficas ou maléficas. É nos rituais que ambas se equilibram e se festeja a primazia do sentido sobre o absurdo.

Notoriamente é pelas festas e ritos que a sociedade refaz suas relações e reforça a coesão social. Ademais nem tudo é trabalho e luta. Há a celebração da vida, o resgate das memórias coletivas e a recordação das vitórias sobre ameaças vividas.

Apraz-me trazer o testemunho pessoal de um dos nosos mais brilhantes jornalistas, Washington Novaes:”Há alguns anos, na África do Sul, impressionei-me ao ver que bastava se reunirem três ou quatro negros para começarem a cantar ea dançar, com um largo sorriso.Um dia, perguntei a um jovem motorista de taxi:”Seu povo sofreu e ainda sofre muito. Mas basta se juntarem umas poucas pessoas e vocês estão dançando, cantando, rindo. De onde vem tanta força?” E ele: “Com o sofrimento, nós aprendemos que a nossa alegria não pode depender de nada fora de nós. Ela tem de ser só nossa, estar dentro de nós.”

Nossa população afrodescendente nos dá a mesma amostra de alegria que nenhum capitalismo e consumismo pode ofecer.

*Leonardo Boff, pseudônimo de Genézio Darci Boff (Concórdia, 14 de dezembro de 1938), é um teólogo brasileiro, escritor e professor universitário, expoente da Teologia da Libertação no Brasil. Foi membro da Ordem dos Frades Menores (franciscanos). Ficou conhecido pela sua história de defesa das causas sociais. Atualmente dedica-se sobretudo às questões ambientais.

Indicação do texto: Iná Lima
Fonte Indicada: LeonardoBOFF.com

Um pedido, seu voo e um milagre de Natal! (15 milhões de visualização no youtube)

Um pedido, seu voo e um milagre de Natal! (15 milhões de visualização no youtube)

A Westjet, companhia aérea canadense, surpreendeu dezenas de passageiros, oferecendo-lhes aquilo que mais queriam neste Natal. Na partida colocaram um Papai Noel a perguntar um a um o que queriam. Enquanto o avião estava no ar, dezenas de funcionários correram para conseguir todos os presentes.  À chegada, em vez de malas,  tinham presentes.  Uma campanha deliciosa que vai te deixar com um sorriso.
São presentes materiais, mas bem que você também gostaria de estar nesse voo!!!! Eu queria!!!

Papai Noel no psicólogo: animação e tirinhas

Papai Noel no psicólogo: animação e tirinhas

Uma as maiores críticas contra o Natal é referente a perda do real significado da data em prol da banalização do consumismo e de outros objetivos meramente comerciais.
Essa animação coloca o Papai Noel, que encontra-se numa situação difícil, num divã de psicólogo…veja o que acontece!


Pai Natal no psicologo por pararir

E, para a crítica não ser pequena, seguem as tirinhas:

contioutra.com - Papai Noel no psicólogo: animação e tirinhas

contioutra.com - Papai Noel no psicólogo: animação e tirinhas

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contioutra.com - Papai Noel no psicólogo: animação e tirinhas

contioutra.com - Papai Noel no psicólogo: animação e tirinhas

A plenitude uterina visualizada através de um clipe de Kate Bush

A plenitude uterina visualizada através de um clipe de Kate Bush

As teorias psicanalíticas nos falam que o primeiro trauma de uma criança é o seu próprio nascimento. Isso aconteceria porque o bebê, quando no útero da mãe, estaria em um estado da mais completa plenitude onde todas as suas necessidades são supridas e há uma conexão direta com o corpo da mãe- mãe e bebê são um só.
Nesse clipe, a cantora inglesa Kate Bush, conhecida por suas interpretações performáticas, apresenta uma leitura do bebê no período de gestação. A própria cantora também ficou conhecida mundialmente por afastar-se da carreira para tentar dar uma infância normal ao filho, o qual foi escondido da imprensa até os 2 anos de idade.

Kate Bush “This woman’s work”

Abaixo, para quem não conhece, o lindo vídeo:
Gêmeos nascem e não percebem que nasceram”

Contradições necessárias: histórias que inspiram

Contradições necessárias: histórias que inspiram

“É preciso provocar sistematicamente confusão. Isso promove a criatividade. Tudo aquilo que é contraditório gera vida.”
Salvador Dali

A foto foi tirada em 23 de julho de 2010. Nela, Joséphine Nsimba Mpongo, 37, pratica o violoncelo no bairro Kimbanguiste de Kinshasa, República Democrática do Congo. Ela é um dos membros da Orchestre Symphonique Kimbanguiste (OSK). Durante o dia, Joséphine vende ovos no principal mercado de Kinshasa, a noite ensaia com a orquestra. A OSK foi fundada pelo seu atual maestro Armand Diangienda em 1994. Inicialmente, apenas algumas dezenas de músicos dividiram o pequeno número de instrumentos que tinham à sua disposição. Hoje, a OSK pode reunir 200 instrumentistas para um concerto. A maioria são amadores autodidatas que possuem trabalhos bastante simples durante o do dia.
Histórias como a Joséphine nos inspiram pois mostram que, com o trabalho correto, é possível criar e desenvolver um futuro que pode ser melhor apesar da pobreza e de nossos governantes. A arte, a criatividade e o amor definitivamente fazem milagres.

contioutra.com - Contradições necessárias: histórias que inspiram

Fonte IMAGEM
Pesquisa: Maércio Leandro Fadini

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A espera do Natal 2013 pelo mundo: um show de luzes numa super seleção

A espera do Natal 2013 pelo mundo: um show de luzes numa super seleção

“Natal ou Dia de Natal é um feriado e festival religioso cristão comemorado anualmente em 25 de Dezembro (nos países eslavos e ortodoxos cujos calendários eram baseados no calendário juliano, o Natal é comemorado no dia 7 de janeiro), originalmente destinado a celebrar o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno (natalis invicti Solis), e adaptado pela Igreja Católica no terceiro século d.C., para permitir a conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano,passando a comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré. O Natal é o centro dos feriados de fim de ano e da temporada de férias, sendo, no cristianismo, o marco inicial do Ciclo do Natal que dura doze dias.” (Wikipédia)
Abaixo, uma seleção de vídeos com os preparativos de Natal em vários locais do mundo. Eu sei que teriam muitos mais, mas fica difícil em uma única postagem.
Espero que gostem!

Iluminação de Natal em Belém

Iluminação de Natal em Belém por afpportugues

Luzes de Natal em Hong Kong

Luzes de Natal em Hong Kong por afpportugues

Luzes de Natal em todo o mundo

Luzes de Natal em todo o mundo por afpportugues

Natal para todos os gostos

Natal para todos os gostos por afpportugues

O mundo em clima de natal

O mundo em clima de natal por afpportugues

Praça Vermelha já vive Natal- Moscou

Praça Vermelha já vive Natal por afpportugues

Varsóvia em clima de natal- Polônia

Varsóvia em clima de natal por afpportugues

Árvore de Natal na Lagoa, Rio de Janeiro- Brasil

Árvore de Natal na Lagoa encanta Cidade… por afpportugues

A menina que colecionava abraços…

A menina que colecionava abraços…

Por Guilherme Antunes

Era uma vez menina que colecionava abraços. Da terra distante de onde veio, dizia ela que abraço era assunto apenas dos adultos, como a lista de compras da mãe, as notícias do jornal que lia o avô ou os negócios do seu pai. Menina acreditava que abraço, além de ser coisa de crescidas gentes, era proibido como palavrão! Uma vez espetou dedo numa farpa e falou bem alto dor vestida de palavra, que aprendeu escondida ouvindo seu pai quando desacontecia algo com ele. Achava guria engraçado mas aprendeu que sua mãe não, dizendo que repeti-las faria menina diminuir até para sempre desaparecer. Ficou com medo e pensou que abraço fosse igual porque ninguém em casa praticava esses interessantes apertos. Deveriam mesmo causar coisa ruim. Só soube o que era quando perdendo sono no meio da noite, foi até a sala e viu filme em que um casal de fala esquisita se olhava com olhar de parar o tempo, e de bocas coladas se abraçaram. Parecia algo bonito, e foi guria começar a sorrir com a cena que veio seu pai todo bravo desligar televisão. Mas como tudo que é proibido dá vontade, um dia menina correu no quintal e abraçou árvore enfeitada de passarinhos. Esqueceu-se de si quando fechou os olhos e sentiu que ser abraço era gostoso. Sentiu-se a árvore, o passarinho, o por-do-sol, o infinito. Passou a cometer escondidas proibições no quintal para poder amar de pertinho a natureza e em silêncio florescer. Começou a descobrir que abelha abraçava flor, oceano abraçava rio, chão abraçava os pés, noite abraçava luz, Amor abraçava medo. Suspeitou que abraço era feito de mundo e o mundo feito de abraço. Uma tarde ouviu de longe seus pais brigarem triste como um final de férias. Suspirou e resolveu resolver aquilo lá. Correu em direção do pai e abraçou suas pernas, calando-o. Depois se virou e abraçou a mãe, derretendo-a. Aí então sorriu e apontou ordem para fazerem o mesmo. Abraçaram-se. A briga parou, a dor cessou e soube menina, abraço ser remédio sem gosto ruim de xarope. Servia para nos melhorar mas com jeito de sobremesa. Dali em diante menina começou colecionando abraços a combinar com seus sorrisos, para distribui-los todos na sua rua, a ensinar na escola e a falar de afeto que gostoso aperta quando alguém deslembra que no outro a gente pode crescer e ser feliz.

Guilherme Antunes é amante das palavras, da filosofia e dos temas da Alma. Sinestésico e musical, buscador, contraditório, intenso, vasto. Sommelier de groselha, servidor público, poeta e farsante. Ele é aquilo que ninguém vê.

contioutra.com - A menina que colecionava abraços...

Pacientes com câncer recebem tratamento “radical” e, após o susto, se divertem

Pacientes com câncer recebem tratamento “radical” e, após o susto, se divertem

“Sabe o que eu mais sinto falta? Ser despreocupado.”
Estas são as palavras que inspiraram um novo projeto que tem como objetivo ajudar pacientes com câncer a esquecer da sua doença – “mesmo que apenas por um segundo.”
A Fundação Mimi, em colaboração com a Leo Burnett, reuniu 20 pacientes com câncer, em junho. Os homens e as mulheres pensavam que estariam recebendo uma mudança de visual comum, e foram convidados a fechar os olhos durante a transformação.
Quando eles abrem os olhos, eles vêm em um espelho uma mudança radical, “escandalosa”. E, ao abrirem os olhos, são fotografados e filmados.
Muito bom!!!


Fonte indicada: Reab

Flashmob Carmina Burana

Flashmob Carmina Burana

Solistas, coro e orquestra de Viena realizaram performance especial nesse Flashmob.
Fantástico!

Crie um labirinto para o seu cão: eu também quero!!!

Crie um labirinto para o seu cão: eu também quero!!!

Cães amam desafios! Nesse vídeo, alguns amigos aproveitaram a neve acumulada para fazer um labirinto e brincar com seus cães. O resultado, apesar de algumas trapaças dos cãezinhos, foi uma brincadeira muito divertida para todos.

Dores e Prazeres – Flávio Gikovate

Dores e Prazeres – Flávio Gikovate

Dor é a tristeza que deriva da transição de uma situação melhor para uma situação pior. Prazer é exatamente o inverso: uma alegria relacionada a uma mudança do pior para o melhor.
Como distinguir prazeres positivos de negativos.

Para mais informações sobre Flávio Gikovate
Site: www.flaviogikovate.com.br
Facebook: www.facebook.com/FGikovate
Twitter: www.twitter.com/flavio_gikovate
Livros: www.gikovatelojavirtual.com.br


Esse blog possui a autorização de Flávio Gikovate para reprodução desse material.

Basta uma fração de segundo para levar seu filho: o perigo dos sequestros

Basta uma fração de segundo para levar seu filho: o perigo dos sequestros

A Málasia possui uma média de 4000 raptos de crianças por ano, chegando a uma média de 3 crianças sequestradas por dia.
Por causa desses números alarmantes, a agência publicitária TBWA, de Kuala Lumpur, desenvolveu um trabalho com objetivo de alertar pais e familiares sobre os riscos e facilidades de um sequestro.
No vídeo, um ator oferece doces às crianças e as orienta a correrem e mostrarem o que ganharam aos pai. No “pirulito” existe uma mensagem:
“Basta uma fração de segundo para levar seu filho. Mantenha-se atento antes que seja tarde demais.”
Embora assustador, o objetivo da campanha é aumentar a atenção de todos com relação a esse risco uma vez que crianças são facilmente seduzidas com atenção e pequenos presentes.
Vale conferir e refletir.

“Cuidado com os burros motivados”- entrevista com Roberto Shinyashiki

“Cuidado com os burros motivados”- entrevista com Roberto Shinyashiki

A revista “Isto é” publicou esta entrevista do jornalista Camilo Vanucci entrevistando Roberto Shinyashiki e que vale a pena ser compartilhada:

Observador contumaz das manias humanas, Roberto Shinyashiki está cansado dos jogos de aparência que tomaram conta das corporações e das famílias. Nas entrevistas de emprego, por exemplo, os candidatos repetem o que imaginam que deve ser dito. Num teatro constante, são todos felizes, motivados, corretos, embora muitas vezes pequem na competência. Dizem-se perfeccionistas: ninguém comete falhas, ninguém erra. Como Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) em Poema em linha reta, o psiquiatra não compartilha da síndrome de super-heróis. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada na vida (…) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, nunca foi senão príncipe”, dizem os versos que o inspiraram a escrever Heróis de verdade. Farto de semideuses, Roberto Shinyashiki faz soar seu alerta por uma mudança de atitude. “O mundo precisa de pessoas mais simples e verdadeiras.”

ISTOÉ – QUEM SÃO OS HERÓIS DE VERDADE?

Roberto Shinyashiki — Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe.

O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura.
Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.

E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa.

Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.

Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.

São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

ISTOÉ — O SR. CITARIA EXEMPLOS?

Shinyashiki — Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos,empregado em uma farmácia .

Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis.

Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem.

Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito “100% Jardim Irene”.

É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes.

O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana.

Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata?

Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTOÉ — Qual o resultado disso?

Shinyashiki — Paranóia e depressão cada vez mais precoces.

O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim.
Aos nove ou dez anos a depressão aparece.

A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança.
Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos.
Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas.
Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTOÉ – Por quê?

Shinyashiki — O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento.

É contratado o sujeito com mais marketing pessoal.

As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.
Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras.

Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa.

Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora.
Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTOÉ — Há um script estabelecido?

Shinyashiki — Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um Presidente de multinacional no programa O aprendiz ?
“Qual é seu defeito?”

Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:
“Eu mergulho de cabeça na empresa.
Preciso aprender a relaxar”.
É exatamente o que o Chefe quer escutar.

Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?

É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse:

” Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir”.
Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

ISTOÉ — Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki — Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento.

Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.

CUIDADO COM OS BURROS MOTIVADOS.

Há muita gente motivada fazendo besteira.

Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado.
Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.

Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado.

Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia.

O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTOÉ — Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki — Falta às pessoas a verdadeira auto-estima.
Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.

Antes, o ter conseguia substituir o ser.
O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom.

Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer.

As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam.

E poucos são humildes para confessar que não sabem.

Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim.
Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTOÉ — Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Shinyashiki — Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis.

Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
Quem vai salvar o time? O técnico.
Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.

O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia:

“Quando você quiser entender a essência do ser
humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham”.
Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia.
Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.

A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTOÉ — O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki — Exatamente.
A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso.

Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar
suas vidas e se decepcionaram.

A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTOÉ — Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki — Tenho minhas angústias e inseguranças.
Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente.
Há várias coisas que eu queria e não consegui.
Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos).

Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos.
Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.
Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo.

O resto foram apostas e erros.
Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo.

Um amigão me perguntou:
” Quem decidiu publicar esse livro?”
Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu.
Não preciso mentir.

ISTOÉ – Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki — O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las.

São três fraquezas.

A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança.

Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno.

Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.
Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.

O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTOÉ — Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki — A sociedade quer definir o que é certo.

São quatro loucuras da sociedade.
A primeira é instituir que todos têm de ter
sucesso, como se ele não tivesse significados individuais.

A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias.

A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder.

O resultado é esse consumismo absurdo.

Por fim, a quarta loucura:
Você tem de fazer as coisas do jeito certo.

Jeito certo não existe!

Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.

Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.

Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.

Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema.

Quando era recém-formado em São Paulo,
trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.

Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.
A maior parte pega o médico pela camisa e diz:

“Doutor, não me deixe morrer.
Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz”.
Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada.

Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas.

Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida .

Roberto Shinyashiki,  médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.

Fonte recomendada: Revista Isto é

INDICADOS