Um menino, um juiz, uma história real

Um menino, um juiz, uma história real

Por Nara Rúbia Ribeiro

Quando peguei o documento que relatava os antecedentes do adolescente, fiquei impressionada. Dezoito processos se acumulavam nas prateleiras daquele Juizado da Infância e Juventude. Furto, roubo, lesão corporal, ameaça, e mais furto e mais roubo. A lista de condutas praticadas por ele que são descritas, pela lei, como “crime” era, de fato, muito considerável.

É um daqueles casos em que olhamos para o adolescente com total desesperança, sem conseguir deixar de lado o olhar de desaprovação. Um jovem estudante de Direito chegou a comentar: “Num caso desse, só matando”. O que ele não sabia é que aquele adolescente já havia morrido há, pelo menos, 11 anos.

 Aquele “bandidinho repugnante”, assim se referia a ele uma das vítimas, “é um lixo, Doutor, ele fede. Isso nem é gente”, fora abandonado pela mãe quando tinha apenas 6 anos de idade. Deixado nas ruas de uma cidade com cerca de 300 mil habitantes, num semáforo. Segundo me disseram, a mãe foi morar com um senhor que, embora tivesse o bom senso de sustenta-la, não aceitava o menino.

A partir de então, essa criança cresceu na rua, praticando favores sexuais aos meninos maiores em troca de alimento, furtando uma coisinha aqui e ali. Sofreu toda sorte de abusos, toda forma de violência que se possa imaginar.contioutra.com - Um menino, um juiz, uma história real

A nossa Constituição Federal estabelece que é dever da família, do Estado e de todos nós, a “sociedade”, fazer com que cada uma de nossas crianças tenha os seus direitos integralmente garantidos.  Mas parece-me que esse discurso não é muito popular.  Nas recentes eleições, não percebi qualquer séria discussão sobre políticas públicas de amparo a crianças e adolescentes que necessitem de proteção e cuidados específicos do Estado. Vi, com sangue nos olhos, diversos candidatos destilarem seu ódio pleno aos menores infratores, falando na necessidade de penas duras e redução da maioridade penal.

Mas ninguém fala (será por quê?) em prender quem passe de olhos fechados diante dessas inúmeras crianças e adolescentes abandonados à própria sorte,  cuja  vida só ensinou sentenças de dor, de morte e de revolta íntima.

A testemunha, então, verberou:

-“Doutor, tem que prender esse troço. Não dá pra andar na rua seguro com isso  solto, não. Daí perguntei:

– Ele ameaçou o Senhor de que jeito?

– Colocou a mão dentro da blusa, Doutora. Falou que se eu não obedecesse eu ia me dar mal.

– E o que ele exigiu do Senhor, pode dizer? Ele queria o quê?

– Sim, Doutora. Ele queria água e comida.

Senti uma imensa vontade de rasgar o papel com os antecedentes do menino. Aquele papel não servia à condenação ou à absolvição dele. Aquele papel condenava a todos nós. Documento inconteste da hipocrisia do mundo e da precariedade, da inconsistência de uma palavra tão recorrente na boca dos “cidadãos honestos”: justiça.

Aprenda a identificar pessoas que possuem real falta de caráter.

Aprenda a identificar pessoas que possuem real falta de caráter.

Por Josie Conti

O que é caráter?

Caráter é um conjunto de características e traços relativos à maneira de agir e de reagir de um indivíduo ou de um grupo. É um feitio moral. É a firmeza e coerência de atitudes.

O conjunto das qualidades e defeitos de uma pessoa é que vai determinar a sua conduta e a sua moralidade, o seu caráter. Os seus valores e firmeza moral definem a coerência das suas ações, do seu procedimento e comportamento.

O que é falha de caráter:

As falhas de caráter são características naturais do ser humano. Errar faz parte do desenvolvimento e é graças aos erros que muitas de nossas aprendizagens, e mesmo evolução como pessoas, acontece. A falha está relacionada com consciência e busca sincera por mudanças.

E o que é FALTA de caráter:

A falta de caráter é percebida quando, mesmo errando repetidamente com os outros, causando prejuízo a terceiros, e ferindo sentimentos através de manipulações e mentiras, a pessoa insiste no ato. A falta de caráter é característica de pessoas com baixa consciência moral, uma vez que essas pessoas não objetivam melhorar, pelo menos não sinceramente.

Alguns exemplos de FALTA de caráter:

Mentiras:

Todos nós mentimos, quer admitamos, quer não. As mentiras podem ser coisas banais do dia a dia, como dizer que vamos para casa, quando realmente não queremos sair com alguém. (nesse caso, até uma maneira de tentar abrandar um mal-estar), como podem ser mentiras mais graves, e que envolvem consequências importantes. Entretanto, como eu disse no começo, todos estamos sujeitos a um erro grave. A diferença entre uma mentira acontecer em uma pessoa normal (cheia de falhas, mas que tem consciência), e em uma pessoa com falta de caráter, será a repetição e a não correção do ato, mesmo após ter passado por situações delicadas com as mentiras anteriores. Uma, duas mentiras são aceitáveis. Entretanto, um mentiroso (a) frequente mostra sérios sinais de falta de caráter.

Traição:

Longe de ser um tópico moralista, a traição pode ser entendida como falta de caráter, quando também acontece recorrentemente em uma relação em que o pacto do casal é de fidelidade. A traição também deve ser lembrada nos contextos de sociedade, no trabalho e amizade, em que o raciocínio é o mesmo: quebra de acordos e confiança.

Dívidas:

Uma coisa é a pessoa passar por situações complexas e que impossibilitem o pagamento de suas contas, outra coisa é a má administração do dinheiro, o consumismo desnecessário  e o “comprar sem ter a intenção de pagar”. Um exemplo que deve ser observado são as pessoas que emprestam dinheiro de familiares e/ou amigos e não se veem na obrigação de pagar, aproveitando-se do vínculo afetivo existente. Mais uma vez, a falta e caráter será observada na frequência das ações.

Tratamento diferenciado:

O que motiva alguém a tratar bem algumas pessoas em detrimento de outras? O que pensar de alguém que só trata bem àqueles que têm dinheiro ou que podem lhe oferecer algo em troca? A arrogância, a hipocrisia e comportamento interesseiro também são, sem dúvidas, sinais de falta de caráter.

Manipulação:

Tentar convencer alguém a pensar ou fazer algo de maneira diferente são coisas completamente diferentes de manipular pessoas a fazerem coisas que elas, se estivessem em plena consciência de seus atos, talvez não fizessem. A manipulação é um comportamento egoísta, uma vez que tira o direito de escolha do outro, e mostra falta ou total ausência de consideração pelo outro. O manipulador sempre visa driblar vontades e regras para favorecimento pessoal.

Falta de palavra:

A falta de palavra pode caminhar próximo à mentira e à manipulação. Quando alguém combina algo ou assume um compromisso, a espera social é que o mesmo seja cumprido. Mais uma vez, descartando os casos isolados, uma “Palavra” quebrada com frequência oferece sérios indícios de falta de caráter.

Não assumir as próprias responsabilidades:

Um dos maiores sinais de maturidade que pode ser encontrado em alguém é a capacidade de assumir as próprias responsabilidades. A falta de caráter pode ser observada se uma pessoa repetidamente atribui a outros a responsabilidade por atos que deveriam ser assumidos pessoalmente, principalmente, no que se refere às quebras de regras e leis que infringem com frequência.

Nota da página: Não é por acaso que as características acima são frequentes em sociopatas, pessoas com ausência de consciência e consideração pelos outros.

Capadócia, entre o esplendor artístico da natureza e o engenho do ser humano.

Capadócia, entre o esplendor artístico da natureza e o engenho do ser humano.

Por María Beatriz Valdívia

Com elevadas formações rochosas, paisagens onduladas, esplêndidos percursos pedestres, cidades subterrâneas misteriosas e igrejas esculpidas na rocha, a Capadócia é um destino obrigatório na Turquia. Localizada a apenas uma hora de distância de avião desde Istambul ou Izmir, acredita-se que o nome  provenha do vocábulo hitita Katpadukya (terra de cavalos de raça) ou do persa  Katpatuka (“terra de belos cavalos”).

Alguns povos floresceram nesta região, como os Hititas, além de outras civilizações originárias da Europa e da Ásia Menor que deixaram suas marcas. A situação geográfica da Capadócia tornou-a encruzilhada de importantes rotas comerciais ao longo dos séculos e alvo de contínuas invasões. Para se protegerem, os habitantes construíram refúgios subterrâneos, por vezes verdadeiras cidades. Estas cidades têm vários níveis e dispõem de canais de ventilação, cavalariças, padarias, poços de água e tudo o mais necessário para que os seus ocupantes, cujo número podia alcançar os 20 000, pudessem resistir durante vários meses sem que fossem detectados pelos invasores.

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Cristianismo na Capadócia

A região tem um papel muito especial na tradição cristã. Durante os primeiros anos do cristianismo, a Capadócia foi um terreno fértil para a expansão da nova religião, em parte pela sua proximidade das Sete igrejas da Ásia e de Antioquia, onde Pedro fundou a primeira comunidade cristã. São Paulo efetuou três viagens à Capadócia e muitos dos primeiros cristãos habitavam a região, tendo as cidades subterrâneas sido usadas como refúgio por eles durante as perseguições de que foram alvo durante os séculos II, III e IV.  Apesar de o assunto ser controverso, segundo a lenda, São Jorge também teria nascido na região, embora tenha ido para a Palestina, de onde a mãe era originária, ainda em criança. A lenda de São Jorge e do dragão tomou forma na Idade Média, sendo o santo convertido em padroeiro de muitos estados e coroas da Europa, nomeadamente de Aragão, Portugal, Inglaterra e Génova, entre outros. A Cruz de São Jorge ainda hoje está presente nas bandeiras da Geórgia, Inglaterra, Sardenha, Barcelona e Aragão e nos brasões de Génova e Pádua.

Geografia e geologia

Em 1985, o Parque Nacional de Göreme na Capadócia foi declarado Património Mundial pela UNESCO.

Toda a região se encontra num planalto de 1 000 m de altitude, com clima continental caracterizado por verões quentes e secos e invernos frios com neve. A precipitação é esparsa e a maior parte da região é semiárida. A sua paisagem única é o resultado da ação de forças naturais. Há 60 milhões de anos formou-se a cordilheira de Tauro, na Anatólia meridional, ao mesmo tempo em que se formavam os Alpes. A formação daquela cordilheira deu origem a numerosas elevações e depressões na Anatólia central. A atividade dos vulcões da Capadócia cobriu a região de estratos de diferentes densidades. No início do Quaternário, depositaram-se lavas basálticas bastante mais duras.

Sob o efeito do arrefecimento do clima no Quaternário, a crosta basáltica abriu fendas e o solo desagregou-se, permitindo que a água e neve se infiltrassem e acentuassem a erosão, mais acentuada nos estratos mais macios, isolando cones de material mais resistente e escavando vales. Durante os períodos mais secos, foi a erosão dos ventos e da areia por eles levantada que foi mais determinante na modificação da paisagem. Este tipo de erosão é mais notável na superfície dos cones. Quando na parte superior destas elevações existe rocha basáltica, são formadas as chamadas chaminés de fadas, as quais são cones coroados por grandes pedras praticamente planas, que tanto aparecem isoladas, como em grupo, criando paisagens insólitas. Com a continuação do efeito da erosão, os pedestais dos blocos basálticos acabam por colapsar.

As zonas sem basalto deram origem a vales, as zonas de tufo macio desagregaram-se completamente, formando zonas planas poeirentas, enquanto que nas encostas, a erosão esculpiu desfiladeiros, mesas, escarpas, pirâmides de 15 a 30 metros, picos, agulhas que por vezes lembram minaretes, cones e chaminés de fadas. A erosão continua nos nossos dias: os picos e cones atuais vão desaparecendo lentamente, ao mesmo tempo em que outros se estão a formar nas encostas à beira dos planaltos.

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O QUE FAZER

O ideal é ficar pelo menos três dias para dar conta das diversas atrações. Cada setor tem sua característica própria. Em alguns as rochas são extremamente interativas, formando um playground natural para adultos. Em outras as chaminés de fadas tomaram forma de cogumelo, ou lembram animais.

Percorrer tudo é simples. As opções vão desde cavalgadas a quadriciclos, passando por aluguel de motos e voos de balão. A Capadócia é certamente um dos lugares mais interessantes do mundo para seguir a direção do vento. Os voos saem 320 dias por ano devido às boas condições climáticas. E isso mesmo no inverno, com neve. Em cada balão cabem 20 pessoas. Atingem-se cerca de 1000 metros altura e circula-se por uma área de 10 km em cada passeio, em média. Os passeios terminam antes das 9h, então é possível aproveitar o resto do dia para conhecer outras atrações, como o castelo de Uchisar a 5 km de Göreme. Ele fica no topo de uma montanha, garantindo uma vista magnífica dos vales. Pode-se voltar a Göreme caminhando pela estrada, e aproveitar para fazer paradas estratégicas nos mirantes para apreciar o lindo pôr do sol que tinge as rochas.

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Para distancias curtas resulta útil viajar de dolmus, um pequeno ônibus de cores creme e azul que segue um percurso fixo e sai assim que lota. Paga-se com liras turcas. Alugar um carro seria uma boa opção, mas a sinalização das rodovias é com frequência insuficiente.

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Igreja de Santa Bárbara

Da segunda metade do século 11, em forma de cruz, com duas colunas. Os motivos religiosos foram pintados em vermelho diretamente sobre a rocha, e há também representações de padrões geométricos, animais mitológicos e símbolos militares. Nesta igreja há uma representação de São Jorge e o Dragão.

TURQUIA – CAPADOCIA | FAMÍLIA GOLDSCHMIDT (vídeo em português 10 minutos)

Capadócia e o passeio de balão, 3 minutos

Para saber mais:

CONHEÇA A CIDADE SUBTERRÂNEA NA TURQUIA ONDE JÁ VIVERAM MAIS DE 20 MIL PESSOASESSOAS

Capadócia surpreende com rochas inusitadas e cidades subterrâneas

Capadócia

Wikipédia

 

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Leia mais artigos

María Beatriz Valdívia

Professora de francês e português, trabalha com grupos de estudantes a partir dos 16 anos em cursos abertos à comunidade. Acredita que a atividade docente, a interação com os alunos e as amizades conquistadas ampliam horizontes e alimentam sonhos. Escreve sobre sua terra natal, a Argentina, assim como sobre tudo o que tenha a ver com desenho, pintura, viagens e literatura, temas que permitem conhecer e compreender outros jeitos de ser e viver, outros olhares.

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Geração Y, a geração que se esqueceu dos processos

Geração Y, a geração que se esqueceu dos processos

Por Marcela Picanço

Existe um texto que está circulando pela internet há um tempo, afirmando que a geração y é uma geração frustrada. Eu poderia concordar com o texto todo, inclusive com suas teorias de gerações e o fato de que a geração Y se acha especial. Mas gostaria de ir mais fundo nessa história.

Afinal, por que a maioria das pessoas de uma geração se acharia especial? O texto afirma que os jovens de hoje não vão em busca do que querem porque estão esperando o mundo descobrir como eles são geniais. Eu tenho uma teoria um pouquinho diferente sobre nossas expectativas e frustrações. Primeiro de tudo: sempre suspeito quando colocam características psicológicas em uma geração. Na verdade, a geração Y não nasceu espertinha, multifuncional e antenada com o mundo. A nossa geração foi obrigada a se transformar assim aos poucos, por causa de todos esses novos recursos tecnológicos e de comunicação que surgiram na última década e continuam aparecendo. Na realidade, o mercado foi quem mudou completamente de cenário e, se você não seguir o que ele pede, não preciso nem dizer que você está fora dele. Pelo menos fora do mundo dos terninhos e ar condicionado.

Afirmam que nós somos jovens que conseguem lidar com um monte de coisas ao mesmo tempo e que gostaríamos de trabalhar com o que gostamos o tempo inteiro. Óbvio, quem não? Eu adoraria ficar escrevendo e atuando para sempre, mas as coisas não funcionam assim. Primeiro de tudo, a maioria de nós é medíocre. A única de diferença entre um bom e um mau profissional é que o bom profissional se dedica e corre atrás do que quer, ralando muito, fazendo 50 vezes de novo. Mas o mundo, a mídia, os bobos e nossos pais querem nos convencer de que somos todos especiais. Mas sinto informar que não somos. Continuamos inseguros e inquietos, como sempre.

A questão é que, com toda essa bagunça de categorizar gerações, fizeram-nos acreditar que trabalho prazeroso é o mesmo que estar de férias, mas isso não é verdade. O grande filósofo Confúcio afirmou: “trabalhe com algo de que você goste e nunca mais precisará trabalhar na sua vida” – mal sabia que estava falando uma das maiores bobagens do século, porque, mesmo trabalhando com algo que ame, alguns dias você vai querer ficar dormindo um pouco mais, ou ir à praia, ou viajar para uma cidade de interior para ficar quietinho, mas você não vai poder. Porque é trabalho e, para você ser bem sucedido no trabalho, é preciso, em primeiro lugar, trabalhar. É claro que trabalhar com algo que nos dê prazer é uma experiência incrível, mas é muita ingenuidade achar que isso não dependerá de esforço. Dá até muito mais trabalho, mas a diferença é que o esforço é muito bem recompensado. E você se sente vivo e sente que realmente faz parte de alguma coisa, que, naquele momento da recompensa, você não precisa de mais nada.

O problema é que a gente, principalmente o pessoal do meio artístico, muitas vezes trabalha muito mais e por muito menos, por querer se inserir nesse meio e para conseguir trabalhar com o que quer. Somos enganados o tempo inteiro e trabalhamos de graça, esforçamo-nos muito mais e, sim, somos obrigados a lidar com multitarefas, porque quem consegue fazer isso é mais legal. Só que se esqueceram de nos contar que demitiram cinco pessoas, para contratar apenas uma, por um preço muito, mas muito menor, para fazer o trabalho que essas cinco pessoas faziam. E a gente aceita, porque a gente quer chegar ao topo e acha que não tem opção, mas sempre existe outra opção.contioutra.com - Geração Y, a geração que se esqueceu dos processos

Não é a geração Y que simplesmente é uma geração descolada, que liga mais para ser feliz do que para dinheiro e se esforça muito para conseguir o que quer. Isso é o que o mundo quer que a gente seja. Porque é mais barato e mais produtivo, é claro. A geração Y foi transformada, assim como tem acontecido com todas as outras gerações, visto que o mundo impõe o tipo de profissional que você tem que ser.

Por isso, talvez a geração Y seja mais frustrada mesmo, mas não porque achamos que somos geniais ou porque sempre vemos que nosso amigo do Facebook tem uma vida mais sensacional que a nossa. Os seres humanos são muito mais profundos do que tentam nos convencer de que somos. Por isso eu afirmo que, se nossa geração é mais infeliz, é porque estamos todos perdidos e sem saber o que fazer com essa nova fase do mundo em que todas as informações chegam para nós em um piscar de olhos. Não sabemos lidar com todas essas opções e chances. Ninguém aprendeu a viver nesse mundo ainda. A nossa geração está no meio de uma mudança radical da sociedade e isso é lindo, mas, ao mesmo tempo, assustador. Os meios de comunicação pensam mais rápido que nós, as distâncias encurtaram substancialmente e tudo é tão rápido, mas tão rápido, que não entendemos que TUDO tem um processo para acontecer e ser concluído. A nossa geração nasceu em uma época onde os processos são todos invisíveis e por isso nos esquecemos deles e, aí sim, frustramo-nos. Porque não entendemos nada de processos.

Tudo chega para nós de uma maneira muito fácil e rápida. Quero um produto, posso procurar na internet, comprá-lo online e, em poucos dias, ele aparece na minha casa, como em um passe de mágica. Não pensamos que alguém vai receber aquele pedido, vai colocá-lo manualmente em uma caixa, fará a nota, o recibo e uma porção de processos burocráticos. Ainda não são as máquinas que fazem tudo. Sempre tem alguém mexendo nos processos para as coisas funcionarem. E isso é só um exemplo. Talvez você já tenha pensado sobre tudo isso, sobre o processo das coisas, mas ninguém, de fato, saboreia esse processo. Não dá tempo de saboreá-lo. O mundo é muito urgente. O mundo pede que a gente seja urgente e aproveite tudo ao máximo. Mas como vamos aproveitar o máximo de tudo se um zilhão de opções são oferecidas o tempo inteiro. Como vamos apreciar a conquista de alguma coisa, se o processo foi esquecido?

Grande parte das pessoas da nossa geração pode ser realmente frustrada, mas, nas gerações passadas, também existiram outros tipos de infelicidade. Não adianta atribuir essa característica a uma geração e não observar que estamos no meio de uma ruptura entre uma época sem internet para uma época com internet. Eu arrisco dizer que estamos passando por um processo de transformação de comportamento tão forte quanto o que aconteceu na revolução industrial. Tivemos que repensar tudo, inclusive o conceito de arte. A sociedade ficou completamente perdida, bolando teorias e modos de viver, exatamente como estamos fazendo agora. Estamos em um momento de transformação maravilhoso no qual podemos triunfar ou afundarmos o barco de vez. Mas, um momento: não era exatamente isso que pensavam há 200 anos? É isso mesmo, continuamos os mesmos. Mas, dessa vez, esquecemos que as coisas têm um tempo para serem amadurecidas. Como tudo precisa de um processo, quando nossa vida não deslancha do modo como imaginávamos, frustramo-nos por achar que o meio do caminho, na verdade, é o final dele.

O Déficit de Atenção está no comportamento da nossa sociedade e não nas nossas crianças

O Déficit de Atenção está no comportamento da nossa sociedade e não nas nossas crianças

Por Marcela Picanço

Alguns dados apontam que, nos últimos anos, os casos de Déficit de Atenção triplicaram entre nossas crianças. Eu estou entre uma dessas crianças. Com uns treze anos, comecei a tomar um remédio com tarja preta chamado Ritalina, que, para mim, de fato fazia uma diferença enorme. Quando eu era criança, fui chamada várias vezes de hiperativa, desconcentrada. Meus professores adoravam falar como eu me dispersava rápido. Engraçado, continuo assim, mas hoje tento usar isso ao meu favor. O remédio vai soltando doses ao longo do dia e pode durar até 8 horas. Tomava antes de ir para a escola, para ficar ligada na aula. Nunca fui boa em matemática, física, química, mas me esforçava o bastante pra não ficar de recuperação. Lembro que eu achava que o remédio fazia uma diferença significativa na hora de fazer uma prova. Eu realmente me transformava, durante 8 horas, em uma pessoa mais focada. O déficit de atenção é mais comum do que se imagina.

Assim que entrei na faculdade, resolvi largar o remédio. Fui percebendo, ao longo dos anos, que eu não precisava dele para escrever uma boa redação, ou para ler um livro de que eu gostava, nem para fazer prova de história. Não precisei do remédio para decorar um dos meus primeiros textos de teatro. Eu nem tomava o remédio para ir à aula de teatro e eu era uma pessoa igualmente focada nessas aulas. Foi aí que minha mãe resolveu perguntar à minha médica por que eu ficava concentrada nas coisas que eu gostava de fazer. Ela disse que isso era normal. Nas áreas em que eu tinha mais habilidade, os sintomas não apareciam de modo que me atrapalhassem. Que doença engraçada, né? Mal do século, eu diria. A nossa sociedade está criando doenças para quem estiver fora do padrão de comportamento esperado.

Então, vi que o problema não estava em mim e nem na maioria das crianças que precisa tomar um remédio para entrar num padrão social. O problema está no nosso ensino totalmente precário, que se preocupa mais se o aluno vai passar em medicina do que se ele será um bom cidadão. É claro que, em alguns casos específicos, o uso da Ritalina é de extrema importância e eficácia, mas acredito que, na maioria das vezes, o Déficit de Atenção poderia ser tratado de outras formas. Estudei minha vida toda numa escola diferente, que se importava com a cabeça dos seus alunos e valorizava o que eles tinham de melhor, incentivando a arte, o esporte e a ciência. Lembro que as notas eram divididas em 40% de provas e os outros 60% eram de comportamento. Se você soubesse lidar bem com um grupo, participasse da aula, fosse educado e responsável, já era o suficiente para passar de ano. E ninguém deixava de estudar, afinal, queríamos ter notas boas. Depois, fui para uma escola em que havia tantos alunos, que os professores não conseguiam gravar o nome nem da metade deles. Nunca mais falamos em preconceito ou em direitos humanos. Nunca mais falamos sobre ler livros sem ser por obrigação. Depois, mais tarde, os professores reclamavam que líamos pouco, mas como, se tínhamos tão pouco incentivo? Lembro que, na minha outra escola, ganhei gosto pela leitura quando eu ainda era bem pequena. Devorava livros e mais livros, afinal, a gente tinha uma aula só de leitura.

Mudei-me para essa nova escola porque eu precisava passar no vestibular, mas eu não via sentido nenhum em nada daquilo. Fui me sentindo cada vez mais idiota, porque eu não conseguia ir bem em nenhuma matéria de exatas, mas falaram que, para passar no vestibular, era preciso saber mais exatas do que humanas. Aumentei a dose do remédio Ritalina para poder ficar pelo menos na média. Fico pensando quantas crianças vão ter que se sentir burras e diferentes e tomar um remédio tarja preta para ficar na média na escola, para ficar na média na vida, para ser sempre medíocre, porque a educação não nos dá a oportunidade de sermos brilhantes. No ensino médio, os adolescentes são constantemente comparados, como em uma empresa, para que haja, desde cedo, um espírito de competição. Infelizmente essa competição é completamente injusta, pois as pessoas têm habilidades diferentes. Como já disse Albert Einstein, “todo mundo é um gênio, mas se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em árvores, ele passará sua vida inteira acreditando ser estúpido” – e é exatamente isso que nosso ensino faz.

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A qualidade de uma escola é medida pelo número de aprovações que seus alunos têm no vestibular e não pela pessoa que ela está formando para o mundo. Como queremos ter profissionais mais dedicados se, desde pequenos, somos ensinados que se importar com o outro não é o que importa, mas sim ser sempre melhor que todo mundo? Infelizmente, nossa educação forma pessoas cada vez mais quadradas, que pensam dentro de uma caixinha. Não se permitem ir atrás das informações e nem na melhor forma de resolver problemas. As aulas de artes são totalmente técnicas e insuportáveis. Não nos dão oportunidade de sermos realmente quem queremos ser e crescemos adultos chatos, controladores e depressivos.

Infelizmente, nosso comportamento é resultado da educação que tivemos e isso só vai mudar quando todas as áreas foram igualmente valorizadas nas escolas e entre os alunos. Cada vez teremos mais crianças com déficit de atenção. Principalmente agora, com a tecnologia, pela qual todas elas podem ter acesso rápido a tudo. Por que elas ficariam prestando atenção em uma aula chata? Por que elas ficariam prestando atenção em algo que elas podem aprender em um segundo procurando no Google? O nosso sistema educacional precisa mudar rapidamente, pois não podemos achar que o ensino pode continuar o mesmo de 20 anos atrás, quando não existia tanta informação com facilidade. As crianças estão perdendo o interesse pela escola. Elas estão vendo o mundo de possibilidades que existe ao redor delas, vendo tudo o que elas podem criar e transformar e os colégios continuam insistindo naquele velho formato. Todas as pessoas têm uma genialidade, mas o mundo insiste, por algum motivo, que sejamos medíocres, dentro de um padrão. Não valorizam o aluno bagunceiro, nem o que vive no mundo da lua. Esses que, no futuro, provavelmente serão os adultos mais criativos.

A nossa educação mata a nossa criatividade. Na escola, não temos nenhuma oportunidade de nos mostrar e nem de crescer intelectualmente, pois, quanto mais velhos ficamos, mais taxam de ridículo aquilo que fazemos de diferente, mas que, se for estimulado, poderia ser genial. É triste a situação em que vivemos, mas já foram inauguradas escolas com uma proposta totalmente diferente de ensino, onde as matérias não são separadas, mas aprendidas juntas, como se fossem uma só. Os alunos também não são separados por turmas de acordo com a idade, mas sim por habilidades que os alunos apresentam. Espero que esse realmente seja o futuro do nosso ensino e que não criemos mais doenças para fazer as crianças se sentirem anormais. “Somos todos folhas da mesma árvore”, esse era o lema da minha primeira escola. Ainda bem que aprendi assim.

Nota da CONTI outra: a reprodução desse material foi autorizada pela autora.

Imagem de capa: Amir Bajrich/shutterstock

7 grandes vantagens de ser uma pessoa altamente sensível

7 grandes vantagens de ser uma pessoa altamente sensível

Toda minha vida eu me senti como se meu coração fosse uma casca de ovo que se quebraria ao mais leve toque. Isso fazia com que eu me achasse um fracasso, como se eu simplesmente não fosse capaz de suportar o as mazelas da vida normal com tudo o que ela contém.

Durante toda a minha infância e adolescência, eu encontrava nas notícias uma dor angustiante.Famílias mortas em incêndios, acidentes de carro, suicídios, guerra, terrorismo entre outro atos de violência. Passei muitas horas no meu quarto chorando ao sentir a tristeza dessas pessoas.

Meus pais tentaram me ajudar. Eles me disseram para “deixar de ser sensível.” Meu pai dizia: “Você não pode carregar o peso do mundo sobre seus ombros.”

Quando eu tinha 15 anos, um ônibus de crianças em idade escolar caiu em uma represa, e a maioria delas se afogou. Na escola, no dia seguinte, os amigos estavam fazendo piadas sobre esta tragédia. “Como você pode brincar com as crianças se afogando?” Eu perguntei, incapaz de esconder as lágrimas. As pessoas me disseram que eu só não tinha senso de humor.

Por um longo tempo eu imaginei que havia algo de errado comigo. Eu tinha vergonha de como me sentia – mesmo quando a minha própria vida estava indo bem.

Foi somente com 20 anos, quando conheci minha mestre budista e discutimos o meu problema, que encontrei um pouco de alívio.

Ela me disse que a maioria das pessoas tem que trabalhar duro para sentir empatia e compaixão pelo sofrimento dos outros -que isso faz parte do trabalho espiritual. Ela me sugeriu que sentir a dor do mundo era um sinal de uma alma evoluída e, embora eu não tenho nenhuma prova de que isto é assim, pela primeira vez, eu não senti “errada”. Eu comecei a entender a minha sensibilidade como um presente.

Aqui estão algumas das bênçãos de ser sensível. Se você também já se perguntou como a “se corrigir” ou anestesiar um pouco da dor, aqui estão algumas razões para amar o seu coração aberto:

1. Nós podemos dizer como alguém está se sentindo apenas olhando para essa pessoa ou ouvindo ela falar.

Nós não fazemos ouvir “o que” elas dizem e sim sentindo e percebendo o som e as entonações de sua voz. Notamos tristeza, e por causa disso, nós julgamos menos.

2. Se somos escritores, somos capazes de entrar na pele de nossos personagens e imaginar o seu sofrimento, mesmo que nunca tenhamos experimentado isso em nós mesmos.

À medida que escrevemos, sentimos a dor de alguém cuja amante morreu, ou que perdeu um filho na guerra, ou cujos sonhos nunca se tornaram realidade.

3. Nós sentimos gratidão por nossas vidas e por suas bênçãos porque estamos conscientes da dor no mundo o tempo todo.

Quando meus filhos voltam para casa em segurança da escola, ou meu marido pega a minha mão, eu fico chocada com a abundante e simples alegria que eu sinto.

4. Porque nós somos indefesos, não se coíbe de tragédia ou perda.

Quando alguém está sofrendo, nós somos capazes de “ESTAR” verdadeiramente com essa pessoa.

5. Nos sentimos conectados à rede da vida, e com a energia que corre através de todos nós.

Isso nos dá perspectiva de pequenas irritações diárias.

6. Somos facilmente capazes de orar pela segurança, bem-estar e da cura de outras pessoas quando nós mesmos não temos nada a ganhar.

Sabemos que a cura de outras pessoas nos cura.

7. Nunca estamos sem uma história para contar.

Porque nós fazemos parte das histórias que estão em torno de nós.

Pessoas hipersensíveis são facilmente dominadas – especialmente por eventos que estão acontecendo ao seu redor. Eu encontrei a bela prática budista de Tonglen (respirando o sofrimento dos outros e expirando amor e compaixão) que me ajuda quando eu me sinto impotente em face do sofrimento.

Para as outras pessoas altamente sensíveis que estão lendo esta matéria, saibam que vocês não estão sozinhos e que não existe nenhum problema com vocês. Sejam gratos por sua sensibilidade diferenciada.

Por  JOANNE FEDLER  , Via: Mind Body Green 

Traduzido e ADAPTADO por Josie Conti

Do original: 7 Unexpected Gifts Of Being Highly Sensitive

7 comportamentos que as pessoas acham negativos mas que também são saudáveis.

7 comportamentos que as pessoas acham negativos mas que também são saudáveis.

Os comportamentos mais saudáveis costumam estar relacionados com a sinceridade com que tratamos nossos próprios sentimentos.

Muitas vezes, evitamos alguns de nossos próprios comportamentos  pensando que eles não são saudáveis.

Veja estes comportamentos comuns que muitas vezes são considerados negativos mas que na verdade podem ser muito saudáveis.

1. Raiva

A raiva é algo que muitos de nós evitamos expressar mesmo que muitas vezes ela possa ser libertadora. Estar com raiva e expressá-la de forma saudável pode criar uma mudança positiva e poderosa em nossas vidas. A raiva é simplesmente um tipo de energia emocional que se forma em nós quando somos injustiçados ou quando atravessamos um limite pessoal. Essa energia tem como objetivo desfazer a situação inadequada que causou o nosso sofrimento.

Assim, é possível aprender a abraçar essa energia e direcioná-la para um uso positivo.Quando você ficar com raiva, examine como você pode expressar essa raiva de uma forma que promova uma mudança para melhor. É quando negamos ou evitamos a raiva que ela pode se transformar em formas não saudáveis, tais como explosões mal direcionadas ou até mesmo a depressão. Saber que a raiva é um sentimento também saudável permitirá que você a canalize de maneira libertadora.

2. Sentir-se perdido (a)

Nos sentimos perdidos quando perdemos nosso senso de direção. No entanto, quando estamos perdidos isso nos leva a prestar atenção no momento presente  e em nossos instintos. Se você já esteve perdido em uma cidade grande ou uma terra estrangeira, você provavelmente já fez algumas descobertas maravilhosas, enquanto tentava encontrar seu caminho.

O mesmo é verdadeiro para a vida. É importante nos lembrarmos que o importante é a jornada, e, por vezes, estar perdido e seguir por caminhos que você nunca teria pensado em escolher, nos mostra coisas sobre nós mesmos que são surpreendentes. Podemos descobrir  talentos desconhecidos em nós mesmos, encontrar amigos ou aliados que de outra forma teriam permanecido um mistério. Estar perdido agora não significa que você estará perdido para sempre. Significa simplesmente que você está  analisando perspectivas para encontrar o seu caminho, e também permite que o mundo ao seu redor pare de ditar os seus caminhos. Uma estrada que você nunca sonhou em seguir poderá te colocar em seu caminho verdadeiro.

contioutra.com - 7 comportamentos que as pessoas acham negativos mas que também são saudáveis.3. Chorar

O choro, assim como a raiva, é uma resposta emocional saudável para determinadas situações. Embora poucos de nós gostemos de de chorar, as lágrimas são necessárias para honrar aqueles momentos da vida em que as palavras podem ser inúteis. Há lágrimas de perda, mas também de alegria. Quando choramos, ajudamos a nossa psique a liberar uma energia que, se fôssemos segurar dentro de nós mesmos, poderia se tornar tóxica.

Chorar também suaviza nossas personalidades, bem como a nossa aparência para o mundo exterior, deixando os outros saberem que temos sentimentos. Chorar não só nos permite liberar nossa dor e tristeza, mas também envia um sinal para os outros de que estamos abertos e vulneráveis, como seres humanos, tornando-nos mais atraentes como amigos e parceiros do que aqueles que nunca derramaram uma lágrima por qualquer motivo.

Nota da CONTI outra: quando percebemos choro frequente que excede às situações vividas ou mesmo está presente sem motivo aparente, se acontece uma mudança significativa no humor em relação a como a pessoa era anteriormente afetando sua rotina e também vindo acompanhada de fortes sentimentos de tristeza, a pessoa deve buscar ajuda para uma avaliação profissional. 

4. Estar sozinho (a)

Estar sozinho não tem de ser visto de uma forma negativa senso que muitas vezes pode até significar que estamos cortando algumas das atividades sociais para podermos mergulhar em um nível mais profundo de nosso ser. É verdade que existem algumas situações em que uma pessoa se isolar pode ser um motivo de preocupação, mas também existem formas de ser mais introspectivas. Artistas, escritores e pensadores são exemplos de pessoas que encontrarão um valor supremo na solidão em busca de uma inspiração mais profunda e que ative o seu sentido de criatividade. Às vezes precisamos desligar os estímulos externos para estarmos com nós mesmos.

Se você sente a necessidade de estar sozinho, confie nele. Às vezes, uma caminhada solitária no parque, ou mesmo uma viagem de férias desacompanhada pode levar a um nível de auto-reflexão capaz de renovar completamente o nosso senso de propósito. Em algumas situações, a coisa mais saudável que você pode fazer por si mesmo é estar sozinho.

5. Desligar-se do mundo ao redor.

Não ouvir os outros pode ser visto como uma forma anti-social ou até mesmo arrogante de comportamento. Manter o foco, por vezes, requer que você ignore ou se sintonize à vozes que não sabem ou não estão em alinhamento com a visão. Confie em si mesmo.

Não escutar  também pode exibir um nível de discernimento mais elaborado.  Seja sábio e saiba quando ouvir os outros e quando não. Se um alerta interno diz para seguir seus próprios sentimentos, apesar do que dizem os outros, então confie nele.

6. Quebrar as regras

Quebrar as regras, por vezes, pode melhorar a sua vida, assim como a vida dos outros. As regras são feitas por pessoas imperfeitas como nós. Assim, a confiança em sua própria capacidade de encontrar uma razão por trás da regra pode levá-lo a um caminho melhor. A maioria das inovações na arte, ciência e sociedade aconteceram porque alguém deixou de seguir as regras como elas foram escritas e teve a coragem de desafiá-las. Alguns desses grandes infractores do mundo foram Rosa Parks, Gandhi, John Lennon, e Martin Luther King Jr. Não tenha medo de ser como eles.

7. Não se enquadrar.

Não se enquadrar na sociedade pode ser doloroso e difícil, especialmente durante a adolescência, mas também pode significar que você possui algo inovador e que tem algo a oferecer além da norma. Quando nos encaixamos bem nos contextos isso significa que nossos pensamentos, sentimentos e até mesmo a nossa imaginação está em sintonia com a nossa comunidade. Sair da caixa e romper com o que os outros esperaram de nós pode nos levar a um lugar de exclusão, mas também pode nos permitir explorações que vão além das crenças e dos pensamentos comumente aceitos: esse é o terreno fértil para novas ideias e reais mudanças.

Abrace quem você é agora, mesmo que não se encaixe tão bem com os outros. Saiba que suas inovações podem forjar um novo caminho.

Por  BRETT BEVELL , Via: Life Hack

Traduzido e ADAPTADO por Josie Conti

Do original: 7 Behaviors Most People Think Are Negative That Are Actually Healthy

Imagem de capa: Peachskin by Nirrimi Joy Hakanson 

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3 biografias para aprender psicologia de maneira empática

3 biografias para aprender psicologia de maneira empática

Por Josie Conti

Antes do contato direto com o “paciente”, os estudos de caso talvez sejam a maneira mais prática e eficiente de trazer a teoria para o entendimento prático. Entretanto, penso que as biografias são as mais ricas fontes de informação para quem quer entender como realmente uma patologia pode afetar a vida de uma pessoa em seus aspectos mais globais. Além disso, as biografias proporcionam a real oportunidade para o leitor compreender empaticamente os sentimentos, dores e dificuldades que uma pessoa passa para se adaptar (ou tentar se adaptar) apesar do adoecimento.

Conhecer a história permite que nos conectemos com o ser humano que existe por trás de um diagnóstico, que sintamos cada etapa de sua jornada.

Definitivamente um bom profissional de psicologia nunca deve abrir mão da leitura de biografias.

Abaixo indico algumas leituras que fizeram diferença na minha vida. Espero que elas possam tocar mais pessoas..

contioutra.com - 3 biografias para aprender psicologia de maneira empática“Uma mente inquieta: memórias de loucura e instabilidade de humor”

Essa biografia apresente com louvor o testemunho pessoal da médica e psicóloga Kay Redfield Jamison, autoridade internacional em doença maníaco-depressiva e uma das poucas mulheres catedráticas de medicina em universidades norte-americanas. A obra é a revelação da sua própria luta, desde a adolescência, com a doença, e de como a doença moldou sua vida.

Nesse livro o leitor será capaz de perceber claramente como as bruscas oscilações de humor acontecem em ondas, mudando drasticamente a rotina e maneira de pensar da autora. Mostra como ela lidou com o tratamento, o abismo dos episódios de profunda depressão e os picos de humor maníaco. Aborda também questões relacionadas ao suicídio.

A mesma autora  escreveu um livro específico sobre o suicídio onde também usa os exemplos pessoais como base para o desenvolvimento teórico do tema chamado “Quando a noite cai: entendendo o suicídio.”

Na minha opinião, uma biografia realmente imperdível para qualquer um (a linguagem é acessível) que tenha interesse pelo tema.

“Os leitores deste livro são transportados, onda após onda, pelo poder de contar história de uma escritora, por sua mente lúcida e consciente de si mesma, por sua corajosa recusa a abraçar a auto-comiseração. Aqui está um sofrimento psiquiátrico tornado acessível, descrito numa prosa vigorosa, carregada, cativante.”  Robert Coles

contioutra.com - 3 biografias para aprender psicologia de maneira empáticaUma menina estranha – autobiografia de uma autista

Sinopse

Autobiografia da engenheira e bióloga Temple Grandin, que bem cedo foi diagnosticada como autista. Conversando com o neurologista Oliver Sacks, ela pronunciou uma frase que dá bem a medida de como o mundo lhe parece estranho: “A maior parte do tempo eu me sinto como um antropólogo em Marte”*.

Até os três anos e meio, Temple só se comunicou por intermédio de gritos, assobios e murmúrios de boca fechada. Sua mãe percebeu que já aos seis meses ela não se aninhava no colo: ficava rígida, rejeitava o corpo que queria abraçá-la. Na escola, batia na cabeça das outras crianças. Em vez de argila ou massinha sintética, usava as próprias fezes para modelar e espalhava suas criações pelo quarto. Às vezes ignorava sons altíssimos, mas reagia com violência aos estalidos de uma folha de celofane. O cheiro de uma flor recém-colhida podia deixá-la descontrolada ou fazê-la refugiar-se em seu mundo interior. Somente quando já tinha quase trinta anos conseguiu dar um aperto de mão e olhar nos olhos de outra pessoa. Construiu uma “máquina de abraço” para pressioná-la sem o desconforto intenso que um outro corpo humano provoca nela.
O grau de autismo de Temple Grandin não é o mais alto, e por isso o mundo que ela criou não se parece com uma fortaleza onde ninguém pode entrar.

Temple se tornou uma profissional extremamente bem-sucedida. Projeta equipamentos e instalações para a pecuária. Todos os corredores e currais que desenha são redondos, pois o gado tem mais facilidade em seguir um caminho curvo – primeiro porque, não vendo o que há no fim do caminho, fica menos assustado; segundo porque o desenho curvo aproveita o comportamento natural do animal, que é descrever círculos. Ela faz uma analogia: com as crianças autistas é preciso agir do mesmo modo, isto é, trabalhando a favor delas, ajudando-as a descobrir e desenvolver seus talentos ocultos.
De certa forma, esta autobiografia nos diz que as pessoas todas podem se tornar menos “estranhas”.

Nota da página: Essa expressão usada por Temple Graudin foi utilizada pelo neurologista Oliver Sacks como título de um dos seus livros mais famosos: “Um antropólogo em marte“. Para quem, como eu, tem interesse por neuropsicologia, esse é um dos autores mais indicados pois, como excelente escritor, é capaz de descrever com maestria casos de extrema complexidade. Foi baseado em um de seus livros que o filme “Tempo de despertar” (estrelado por atores como Robert de Niro e Robin Willians) foi realizado.

Segunda nota: A história de Temple também foi gravada em cinema com o  filme “Temple Graudin”  lançado em 2010.  No filme o enfoque é dado a como Temple revolucionou as práticas para o tratamento racional de animais em fazendas e abatedouros.

contioutra.com - 3 biografias para aprender psicologia de maneira empáticaO Escafandro e a Borboleta

A extraordinária história real de Jean-Dominique Bauby, editor da revista ELLE que, aos 43 anos, sofreu um derrame que paralisou todo seu corpo, com exceção do seu olho esquerdo. Preso em um corpo sem movimento, mas completamente lúcido, ele se adapta para contar sua incrível história de vida.

Essa história mostra como a empatia de um profissional é capaz de proporcionar a ponte que liga uma pessoa lúcida, mas prese em um corpo inerte, de volta a realidade.

Ainda me arrepio ao lembrar das descrições do livro quanto a realidade do autor e de seu mundo paralelo de fantasias. Uma aprendizagem incrível para nos lembrar que NUNCA, jamais devemos subestimar o poder de compreensão de uma pessoa esteja ela no estado em que estiver.

Para os cinéfilos a boa notícia é que o filme homônimo foi lançado em 2007  e também pode ser encontrado.

Nota: Para quem quiser entender mais sobre o AVC existe uma outra biografia interessante chamada A cientista que curou seu próprio cérebro: o relato da neurocientista que viu a morte de perto, reprogramou sua mente e ensina o que você também pode fazer. de autoria de Jill Bolte Taylor.

“Como viver apaixonadamente… Não importa sua idade.” Por Isabel Allende

“Como viver apaixonadamente… Não importa sua idade.” Por Isabel Allende

“Se escrevo alguma coisa, temo que ela aconteça, se amo demais alguma pessoa, tenho medo de perdê-la; no entanto, não posso deixar de escrever, nem de amar… ” Isabel Allende

A escritora chilena Isabel Allende está com 71 anos. Sim, ela tem algumas rugas; mas tem também um incrível ponto de vista. Nesta palestra franca dirigida a espectadores de todas as idades, ela fala de seus temores ao envelhecer e conta como planeja continuar a viver de modo apaixonado.

Nota: com seus 71 anos uma das escritoras mais consagradas da contemporaneidade descreve a sensação de invisibilidade que tem frente a uma sociedade que só valoriza os jovens. Vale conferir.

Versão com legendas em espanhol.

Clique aqui e assista com legendas em PORTUGUÊS.

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7 poemas moçambicanos ilustrados por obras de Malangatana

7 poemas moçambicanos ilustrados por obras de Malangatana

Muitos são aqueles que, em Moçambique, se dedicam à Literatura. Mesmo em meio a dificuldades para a publicação de suas obras, grandes poetas dão voz à poesia moçambicana, como bem poderemos conferir nos versos seguintes.

As obras de arte que intercalam as poesias são de Malangatana, artista plástico e poeta moçambicano reconhecido internacionalmente por suas obras que englobam trabalhos de desenho, pintura, escultura, cerâmica, murais, poesia e música.

AFORISMO

Havia uma formiga
compartilhando comigo o isolamento
e comendo juntos.

Estávamos iguais
com duas diferenças:

Não era interrogada
e por descuido podiam pisá-la.

Mas aos dois intencionalmente
podiam pôr-nos de rastos
mas não podiam
ajoelhar-nos.

José Craveirinha

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Um homem nunca chora

Acreditava naquela história
do homem que nunca chora.

Eu julgava-me um homem.

Na adolescência
meus filmes de aventuras
punham-me muito longe de ser cobarde
na arrogante criancice do herói de ferro.

Agora tremo.
E agora choro.

Como um homem treme.
Como chora um homem!

José Craveirinha

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Moçambique

Quando me sento descalça
sobre o sapato do menino pobre
que me enche o pé
muito mais que outro qualquer
me lembro que existir
não é sozinha
é com toda gente.
E me lembro
que tenho de embebedar-me de ti
Moçambique
Porque tenho saudades de mim

Tania Tomé

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ESTIAGEM

Com o peito em estiagem
chove choro materno .

Na boca ciosa do nado
minhoca o seio murcho.

Nem suor nem ar
lhe salgam a fome.

Amamentar-se só na doçura
das lágrimas da mãe.

Helder Faife

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És a vela içada

És a vela içada
a quilha que contorna
a carne das águas.
És a tempestade
a chuva premeditada
e eu o náufrago
que não se permite afogado. 

Eduardo White

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IDENTIDADE

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
sou o vento que a desgasta
sou pólen sem insecto
e areia sustentando
o sexo das árvores

Existo, assim, onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
receando a esperança do futuro

No mundo que combato
morro
no mundo por que luto
nasço.

Mia Couto

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VERDADES QUE JAMAIS REVELASTE


Olho nos teus olhos mãe, vejo para além dos que me dizes
Mentes-me, sinto, mesmo assim acredito
O que seria do mundo se todas as verdades viessem a branco? Catástrofe, uma catástrofe universal

O lar é pilão, dizes-me tu com os olhos carregados de lágrimas
Vejo mistérios assombrosos nessas palavras
Um silêncio ensurdecedor sobrevoa o meu ingênuo rosto

Olho para ti mãe, o teu rosto segreda-me enigmas que a sua boca recusam-se a dizer
No seu rosto, dilemas tatuados

Hás de servir o teu homem, todos os dias da tua vida
Embora estas palavras fossem doces, no seu íntimo levavam decerto uma agonia sem sujeito
Uma aflição sem (desa) sossego

Se o lar é pilão
Se vou servir o meu homem, todos dias da minha vida, por que choras mãe?
Por que te empalideces, por quê?
Quantas verdades pernoitam no teu vazio?

Hoje, hoje, percebo a razão das lágrimas que te desciam o rosto, do corpo franzido que te cobre a pele, das verdadeiras razões que te calejaram o coração, a alma.

Nada mais tenho para acreditar, senão a realidade que me circunda.
Inútil é ser mulher, o ser a quem recai toda a desgraça do mundo.

Hera de Jesus

Silenciar sentimentos pode colocar sua saúde em risco. Conheça os perigos

Silenciar sentimentos pode colocar sua saúde em risco. Conheça os perigos

Quantas coisas reprimimos diariamente? Guardamos sentimentos como quem esconde um tesouro roubado, no entanto, não roubamos sentimentos, portanto, não faz sentido escondê-los de uma forma tão dura assim. Não é mesmo?

“Você pode se enganar e enganar muitas pessoas fazendo o papel de bonzinho, de coitadinho ou contar mentiras para não ferir essa ou aquela pessoa. Você pode esconder tudo de todo mundo, mas o seu corpo sente e reage as agressões que você tem cometido contra ele.

Se você continua naquele relacionamento que não suporta mais, naquela rotina que tira a sua alegria, naquela sociedade que já se desgastou, naquele emprego que rouba o seu prazer, ou naquela amizade mais falsa que nota de R$ 60,00, o seu corpo vai sentir essas emoções e como uma bateria, vai carregar e armazenar esses sentimentos, até que um dia vai explodir como bomba atômica.

Desde crianças, somos obrigados a segurar ás emoções. Muitos pais ensinam que chorar é “sinal de fraqueza”, “masturbação é pecado”, “sexo é vergonhoso e ter prazer é coisa de pessoas sem vergonha”. Desde muito pequeno, vamos sendo castrados em nossos sentimentos e emoções e quando podemos tomar nossas próprias decisões, em nome de “convenções da sociedade”, seguramos nossa raiva, nossa indignação, não abraçamos nossos amigos, não beijamos mais por uma vergonha besta e ridícula. A menina não abraça a menina por ter medo de ser chamada de “sapatão”, o menino não abraça o menino com medo de ser chamado de “bicha” e os homossexuais, escondem seus sentimentos com medo de serem rechaçados pela família e pela “comunidade”.

Assim, vamos armazenando sentimentos que precisam sair de alguma forma, e normalmente, todas as emoções se traduzem em raiva e/ou tristeza, uma sombra que se esconde por trás de sua aparente figura. Quanto mais tempo você sofrer calado, mais doente vai ficar…” – Paulo Roberto Gaefke

É, de fato, no final das contas, o maior prejudicado é você.

1. O meio-termo entre a necessidade da fala e o silêncio

Sabemos que o silêncio é sábio, e é sempre bom pensar antes de falar, afinal, ante algumas palavras ignorantes, ante um comentário fora do lugar ou ante uma expressão inadequada, optemos sempre por fechar a boca e agir com mais inteligência do que aquele que fala sem pensar.

Mas devemos encontrar um equilíbrio entre o silêncio e defesa de nossas necessidades:

Silenciar nossos sentimentos ou nossos pensamentos deixa que, a pessoa que está na nossa frente, não saiba que está nos machucando, ou que está ultrapassando alguns limites. Ninguém consegue adivinhar o pensamento dos outros, por isso se não dizermos aquilo que nos faz mal ou que nos ofende, as outras pessoas não o saberão.
Existem silêncios sábios e palavras sábias. Saber quando se calar e quando falar é, possivelmente, a melhor habilidade que podemos aprender a desenvolver. Não se trata, de modo algum, de estar sempre caldo ou de dizer aquilo que temos em mente. Os extremos nunca são bons. Mantenha o equilíbrio, mas lembre-se sempre que esconder os sentimentos pode nos machucar. Você permite que outros invadam seu espaço pessoal, que atravessem os limites e que falem por você ou que escolham por você. No final, você será quase uma marionete guiada por fios alheios.

2. As palavras silenciadas convertem-se em doenças psicossomáticas

Você não ficará surpreso em saber que a mente e o corpo estão intimamente relacionados e conectados. A conexão é tão grande que os especialistas advertem que quase 40% da população sofre ou sofreu em sua vida com alguma doença psicossomática.

O nervosismo, por exemplo, altera nossas digestões, causa diarreias ou a clássica dor de cabeça. Muitos herpes labiais são desencadeados por processos de estresse elevados, de nervosismo e febre. Logo, ficar calado todos os dias e internalizar o que sentimos e o que pensamos gera em nosso organismo uma alta carga de ansiedade.

Pense em todas aquelas palavras que não deseja dizer aos seus pais ou aos seus amigos para não ferir seus sentimentos. Eles fazem as coisas por você pensando que estão ajudando, quando na verdade não estão contribuindo. Por que você não conta a verdade?

Tudo isso, no final, irá originar doenças psicossomáticas, enxaquecas, pressão alta, cansaço crônico.

3. Dizer em voz alta suas palavras: a chave do desabafo emocional

Não tenha medo de escutar sua própria voz, e muito menos que os outros também o façam. É algo tão necessário como respirar, como comer, dormir. A comunicação emocional é ideal para o nosso dia a dia, para estabelecer relações mais saudáveis com os demais e, logicamente, com nós mesmos.

Aqui vão algumas dicas básicas para obter sucesso:

– Pense que tudo tem um limite. Se não dizermos em voz alta tudo aquilo que pensamos e sentimos, não estaremos atuando com dignidade, perderemos nossa autoestima e o controle de nossa vida. Primeiramente, tome consciência de que dizer o que está pensando e precisando é um direito.
– Dizer o que você pensa não é causar danos a ninguém. Significa se defender e, por sua vez, informar aos demais de uma realidade que deveriam conhecer.

–Não fique preocupado com a reação das outras pessoas, não tenha medo. Porém, se você se preocupa muito com o que pode acontecer, pode se preparar ante as possíveis reações. Um exemplo: está cansado do fato de que seus pais apareçam em sua casa todos os finais de semana e que não está tendo relações com seu companheiro. De que maneira você acredita que irão reagir? Se você acredita que eles irão ficar chateados, prepare-se para justificar que não existe razão para magoas. Caso você pense que eles ficarão machucados, prepare também o modo como irá argumentar, para não feri-los.

Pense que as palavras, dizer em voz alta aquilo que sentimos e pensamos é, na verdade, o melhor modo de liberação emocional que existe. Pratique-o com sabedoria, cuide de si mesmo.

Referências:

Melhor com Saúde, via Equilíbrio em Vida

E o abraço o que é, laço ou nó?

E o abraço o que é, laço ou nó?

No início são apenas duas linhas solitárias, enroladas sobre si mesmas, até que se avistam descobrindo o tempo do encantamento. A seguir vem o encontro, um tempo de delicadezas ou de intensidades depende, e, então, acontece a paixão, verdadeira atração pelo abismo, é o tempo do mergulho de um no outro, de forma tão completa que parece existir apenas um. E aí, depois de um tempo caminhando juntos, de mãos dadas pela vida afora, as linhas das mãos, que antes eram puro laço, começam se entrelaçar virando nó.

E, com o passar do tempo, e por certas razões, acontece um pequeno afastamento. É o tempo da crise, que acaba se resolvendo com a percepção de que o afastamento é apenas para o acerto do laço e do nó, é o tempo do amor.

contioutra.com - E o abraço o que é, laço ou nó?

Se quase tudo na vida é pulsação, inspiração e expiração; sístole e diástole; encontro e recolhimento, sono e vigília, movimento e repouso, sol e lua, dia e noite, por que a vida amorosa haveria de ser diferente?

O nó também pulsa, é móvel, vaivém, aperta e afrouxa ao sabor de muitas variáveis. A regulagem do nó é um espécie de dança, tem movimentos de contato e momentos de afastamento calculado,  e é somente quando essa dança sutil perde o ritmo, e as pessoas se fixam em um dos polos, congelados, que os grandes problemas começam; solidão, simbiose, dependência, medo do encontro, medo da rejeição, ciúme, possessividade e por aí em diante.

Olhando o gráfico, podemos perceber que a paixão é da ordem da fusão, enquanto o amor é intersecção; quer dizer, para o amor é preciso um pouco de individualidade. coisa que a paixão parece dispensar.

Segundo Sêneca, filósofo romano da escola dos estoicos, devemos aprender a misturar (e a alterar) a solidão e o encontro. Ela nos dá o desejo do convívio social, e ele, o desejo de nós mesmos. Um será o remédio da outra. A solidão cura nossa aversão á multidão, e o encontro cura nosso tédio da solidão.

Por Alfredo Simonetti
Em “O Nó e o Laço: desafios de um relacionamento amoroso.”
p. 31-33

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Sua vida possui mais paradigmas limitantes ou libertadores?

Sua vida possui mais paradigmas limitantes ou libertadores?

“De onde vem essa cegueira eterna que nos faz lidar com o novo  usando os velhos padrões?” nos pergunta Basarab Nicolescu, perplexo. O físico romeno, eleito pela Unesco como uma das vinte personalidades que mais influenciaram a educação no século XX, fala dos modelos mentais que nos incapacitam a viver experiências mais plenas.

Por vezes persistimos em um caminho cheio de dificuldades e barreiras que desaceleram ou até mesmo nos impedem de prosseguir por não sermos capazes de ver outros caminhos, trilhas ou desvios possíveis, as alternativas.

A forma como enxergamos a realidade é que a modela. Vivemos dentro dos limites de nosso olhar, de nossa percepção. Cada um de nós modelou uma lente, uma forma de ver a realidade, ou o que a ciência chama de paradigma. Essa formatação não é a verdade, é apenas um modelo pessoal da verdade.

Não há perda, desafio, problema ou circunstância com a qual não possamos lidar. Tudo é possível de ser integrado a novos níveis de consciência e, dessa forma, seremos capazes de transcender o desafio sem transgredir com nossos valores e posicionamentos. Aliás, só resolvemos verdadeiramente uma questão se estivermos em alinhamento com nossa própria consciência e guiados por nossos valores mais caros.

É preciso coragem para ser feliz. Escolher essa condição como desejável, abrir mão de tudo o que não querermos para sermos capazes de obter o que querermos.

Muitos dos valores herdados e das crenças aprendidas foram construídos a partir da perspectiva de outro tempo, mais restrito, de escassez, de medo ou, até mesmo, de intolerância.

Edificamos uma sociedade baseada nessa escassez e aprendemos a desconfiar do sucesso e a não acreditar na condição de uma felicidade perene. “O que é bom dura pouco.” é algo que repetimos como um mantra ou uma oração, sem ter a noção de que tudo o que se repete o cérebro aprende e opera .

Mesmo em relação àquilo que fazemos com prazer, que é fácil fazer, que adoramos, costumamos dar uma “reclamadinha” para ninguém achar que é fácil.

Esse estado de escassez, a crença de que não há para todos, gera três atitudes pessoais, da seguinte ordem:

1. Se é escasso, então primeiro vou cuidar de mim e de minha família e, só depois, se houver tempo e condições, vou ajudar os outros.

Essa primeira atitude gera o egocentrismo ou egoísmo, em que a solidariedade passa a ser uma prática eventual, sem prioridade, compromisso ou responsabilidade.

2. Se é escasso, então alguém vai ganhar e alguém vai perder, assim precisaremos competir para ver quem vai ganhar ou perder.

Essa segunda atitude gera competição. A competição exacerbada levará a um grande volume de “perdedores” ou excluídos.

3. Se é escasso, um dia vai faltar e é preciso acumular hoje para não faltar amanhã.

Essa terceira atitude gera o acúmulo. Essa necessidade de acúmulo gera o consumismo, que provoca ainda maior escassez para os que não possuem recursos e, assim , uma desigualdade crescente.

Agindo com base no egoísmo, na competição e no acúmulo, criamos uma sociedade desigual, injusta e excludente, que leva a uma realidade violenta e insegura. É por isso que estamos vivendo o estado social atual. Uma crença cria todo um sistema de mundo.

Porém, se sairmos da escassez e acreditarmos na abundância, na ideia de que há para todos, de que o sol nasce para todos, de que “o planeta é uma só nação e cada ser humano é seu cidadão”, como nos ensina o fundador da fé Bahá´´i, então poderemos transformar a realidade vigente .

Se desenvolvermos o paradigma da abundância, teremos atitudes diversas ao paradigma da escassez:

1. Se há para todos, então não preciso me preocupar comigo mesmo e posso contribuir com todos.

Essa atitude gera altruísmo, em que o centro da experiência passa a ser a solidariedade.

2. Se há para todos, não haverá perdedores ou vencedores, portanto a competição não é necessária. Todos podem ganhar.

Essa atitude gera a cooperação, que vai levar a uma nova forma de convivência e de relacionamento, muito mais fraterna e de ajuda mútua.

3. Se há para todos, não é preciso acumular e não há por que ter mais do que se necessita com a confiança de que não vai faltar.

Essa atitude gera a partilha, em que as potencialidades e dificuldades individuais são absorvidas pela comunidade, criando uma condição de mais igualdade de oportunidade.

Se os valores de base das pessoas forem o altruísmo, a cooperação e a partilha, essa será uma sociedade justa, inclusiva e próspera. Esse é o estado-base da paz.

contioutra.com - Sua vida possui mais paradigmas limitantes ou libertadores?

Por Dulce Magalhães
Em “O foco define a sorte: a forma como enxergamos o mundo faz o mundo que enxergamos.”
Fragmentos da p 24- 32.

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Excesso de permissividade com os filhos pode criar adultos agressivos

Excesso de permissividade com os filhos pode criar adultos agressivos

Quanto os país têm muita empatia sem o equilíbrio de outros atributos, tendem a ser permissivos com os filhos. É comum ouvirmos pais superprotetores dizendo frases como “Não é uma gracinha? Menino é assim mesmo, muito ativo, não é? Puxa, como eles têm energia”, quando essas explicações são apenas justificativas para comportamentos inadequados. Atitudes assim tendem a ocultar problemas de caráter que, se não forem encarados, terão repercussões negativas nas interações sociais da criança.

Todos os dias, pais superprotetores negociam com os filhos em supermercados e shoppings e, na maioria das vezes, a criança conquista um prêmio e mais um reforço a favor dessa limitação emergente. Não deixou de significar não, assim como pare não quer dizer mais pare. Para os pais excessivamente empáticos, as palavras não têm significado e são empregadas sem nenhuma consequência, até que a criança deixa de dar atenção a tantas ameaças vazias.

contioutra.com - Excesso de permissividade com os filhos pode criar adultos agressivos

Não é de estranhar que uma das limitações mais frequentes em casa sejam os acessos de raiva. Como eles surgem? Por que continuamos tendo dificuldade em controlar nosso temperamento na idade adulta, quando devíamos ter aprendido isso na adolescência? De onde vêm esses problemas e por que eles continuam a se manifestar?

Os problemas pertinentes a cada idade precisam ser abordados nas diversas etapas da vida. Mas o que acontece quando certas questões relativas à idade não são resolvidas no período adequado? Os problemas não desaparecem simplesmente porque envelhecemos. Eles continuam a se manifestar e se tornam mais prejudiciais com a idade, até que tomemos alguma providência. às vezes aprendemos a ocultar algumas questões e a conviver com elas durante anos, ms em algum momento essas limitações virão à tona. Esse é o caso da agressividade. A raiva não vai embora; fica adormecida e explode nos momentos mais inapropriados.

E o pior dessas ocasiões em que as pessoas perdem a cabeça é que muitas vezes dá certo. É como a criança que não quer fazer o dever na sala de aula e acaba brigando com a professora e sendo mandado para a diretoria. Dessa maneira, o truque funciona!

De certo na escola, assim como deu certo em casa. A criança faz um escândalo, briga e é mandada para o quarto, em vez de ter que terminar de lavar a louça. A agressividade dá resultado. Em pouco tempo as crianças percebem que podem se livrar das mais diversas situações armando um chilique monumental , com gritos, chutes e choradeira. Quando crescem, continuam fazendo aquilo que sempre deu certo. Certamente você pensará em um chefe ou um colega de trabalho, ou talvez um parente que mantém o controle das pessoas ou das situações por meio da intimidação ou de sua reputação de estourado.

Para todos os envolvidos, é muito mais fácil encarar a agressividade enquanto ela ainda usa fraldas do que esperá-la amadurecer e ganhar a forma de abuso doméstico, direção agressiva ou crime passional.

Por Flip Flippen

em “Pare de se sabotar e dê a volta por cima:

como se livras de comportamentos que atrapalham a sua vida”

p. 170-173

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