Num mundo onde as religiões ainda se vestem de altivez e cujos líderes muitas vezes são defensores da intolerância, é chegado mais um aniversário do Nazareno.
Após mais de dois mil anos do seu nascimento, os homens já se encontram aptos à compreensão da essência das suas boas novas. É chegado o tempo em que o intolerante será banhado de Luz e as vozes que professam credos diferentes se integrarão numa canção que ecoará por toda a Terra.
Para celebrar esse novo mundo, conheçamos um pouco da história de Alabê. Trata-se de um negro que, há 2000 anos, nascera e fora criado para ser sacerdote do seu credo. Mas ele foge e, dezoito anos depois, chega à Palestina, conhece e segue o Cristo e se apaixona por uma judia, Judite. É uma obra de Altay Veloso cuja riqueza presenteia os nossos corações neste mês de Natal.
Defesa do Alabê
Já que você deu licença pra esse nego falar,
Não duvide da cabeça que tem coroa ou cocar.
Nenhuma auréola resiste ao tempo sem se apagar,
Se não tiver a serviço de Deus ou de um Orixá.
Preto-velho vem de longe, minha crença tem estrada.
Moço, exijo respeito, a sua voz é “macriada”!
Não seja tão leviano, respeite minha Aruanda!
Tem quase cinco mil anos de existência a minha banda!
Às vezes, corações que ‘creem’ em Deus
São mais duros que os ateus.
Jogam pedras sobre as catedrais
Dos meus deuses iorubás.
Não sabem que a nossa Terra é uma casa na aldeia.
Religiões na Terra são archotes que “clareia”!
Ah, essa nossa Terra é uma casa na aldeia.
Religiões na Terra são archotes que “clareia”!
Num canto da casa, quem com fervor procura ajuda,
Tem um archote de Buda
Pra iluminar sua fé.
Lá onde a terra pouco verdeia,
Pra não se perder na areia,
Tem que ter lá na candeia
A chama de Maomé.
OS INTOLERANTES
“Ah, meu Deus! Assisto com muita tristeza a pena da aspereza dilacerando a beleza de uma linda sinfonia. A aguarrás de juízes, ciumentos inflexíveis, descolorindo as matizes de uma linda pintura, só porque não gostam da assinatura?”
“E vai com uma bailarina, com a inocência de menina, dançando em volta do sol, a Grande Mãe Terra. Enquanto muitas nações, governos, religiões ensaiam a dança da guerra.”
“Na verdade a bola azul quase nunca foi amada; é sempre penalizada. Tem um trabalho enorme, dedicação e talento para preparar a mistura, juntar os seus elementos para dar forma às criaturas, e elas, depois de paridas, desconhecem a matriarca e dizem, mal agradecidas: que a carne é fraca.”
“E quando o planeta gera um Avatá, um iluminado assim como o Nazareno, tem logo quem se apresenta com conhecimento profundo e diz logo: não é desse mundo, só pode ser extraterreno.”
“Ah, é difícil entender porque é que o homem, até hoje, cospe no prato que come. Algumas religiões, não sei por qual motivo, dizem que a Terra é um território com vocação pra purgatório, não passa de sanatório… E que nós só seremos felizes longe dela, bem distante, lá onde os delirantes chamam de paraíso.”
“Olha, eu vou dizer de coração. Na minha simples, dia após dia, me perdoem a liberdade, mas religião de verdade, mais parecida com a que Jesus queria, talvez seja sentimento de ecologia. Para esse sentimento não tem fronteiras e só reza um mandamento: preservação das espécies com urgência, sem adiamento.”
“Hoje, ela pensa nas plantas, nos rios, no mar, nos bichos. Amanhã, com certeza, com a mesma dedicação e capricho, pensará com muito cuidado nos meninos abandonados.”
“Ah, se ela tivesse mais força para sustentar sua zanga, evitaria, com certeza a fome cruel de Ruanda. Não tinha maturidade, ainda era uma menina, quando a impertinência sangrou, com a bola de fogo, a pobre Hiroshima. Mas ela cresce, se instala como uma prece no coração das crianças. Tenho muitas esperanças…”
“Eu tenho toda a certeza que nosso planeta um dia, mesmo cansado, exausto, terá toda a garantia e guardado por uma geração vigia, nunca mais verá a espada fria no Holocausto.”
“A intolerância, repito, é a mais triste das doenças. Não tem dó, não tem clemência. Deixa tantas cicatrizes nas pessoas, nos países, até as religiões, guardiãs da Luz Celeste, abandonam seus archotes para empunhar cassetete. E o que, na verdade, refresca o rosto de Deus, é um leque, que tem uma haste de Calvino e outra de Alan Kardec.”
“Na outra haste, as brisas, que vêm das terras de Shivas, são uma, dos franciscanos, e outra, dos beduínos. Não precisa ir muito longe… Jesus nasce entre os rabinos.”
“Às vezes corações que creem em Deus, são mais duros que os ateus. E jogam pedra sobre as catedrais dos meus deuses Yorubás. Não sabem que a nossa terra é uma casa na aldeia, religiões na Terra são archotes que clareiam.”
Observo os homens e suas religiões, seu ritualismo, seus dogmas, suas crenças blindadas, suas verdades absolutas. Em meio a essa observação, penso:
Coisa complicada para o homem é saber-se pássaro. Sentir suas asas pequeninas e observar a amplidão do horizonte. É muito céu. É tanta luz! Mas tanta amplidão estremece o coração.
Ele olha o céu, olha as asas, sabe-se criado para vislumbrar o mundo do alto do azul, mas teme. Diante desse medo, muitos pássaros decidem, a cada dia, criar cada qual a sua pequena e falsa gaiola de prata. Após criá-la, eles encarceram a si próprios e fingem jogar fora a chave da razão, única capaz de abrir a gaiola.
Só então se sentem seguros, glorificam a gaiola e enaltecem a sua máxima proteção. E o pássaro não voa, não sonha, não é. Desmente a si mesmo e se desnatura, inexistindo um tanto mais a cada dia, na gaiola que ele mesmo construiu para si.
E concluo que coisa assombrosa deve ser ainda, a muitos homens, saberem-se potencialmente pensantes, mas viverem aprisionados em sua falsa segurança. Tantos sequer tiveram da vida o incentivo de vislumbrarem o seu céu interior, sentindo-se desde cedo cerceados pelas mazelas do mundo. Asas inertes: talvez seja isso que tanto entristeça e adoeça a humanidade.
Muito triste deve ser o pássaro que constatar que borboletas, embora tenham nascido sem asas, tão mais frágeis e puras, colorem, destemidas, o céu que um passarinho de gaiola jamais ousaria tocar.
A hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou mais tarde a designar moralmente pessoas que representam que fingem comportamentos.
Abaixo, 5 grande sintomas de uma sociedade hipócrita. Com certeza você se lembrará de outros durante a leitura. 😉
1.Achar que a responsabilidade por uma rua cheia de menores infratores é do menor, pregar um discurso de ódio e defender a redução da idade penal ao invés de trabalhar nos pilares da assistência a população e na educação de qualidade.
Recomendo a leitura do artigo Um menino, um juiz, uma história real de Nara Rúbia Ribeiro e os comentários feitos após o texto. Nele, a escritora relata uma situação real ocorrida durante o exercício da advocacia quando um adolescente de 17 anos é julgado pelo crime de roubo de alimento Em sua ficha, um histórico de estupro, agressões e o abandonado nas ruas que teria acontecido aos 6 anos. Os comentários do texto trazem ódio e culpabilização apenas do menor que “fez a própria sorte” . Então pergunto, que tipo de estrutura uma criança dessas poderia ter quando toda a humanidade lhe negou o direito a assistências básicas e afeto?
2. Acreditar que para os próprios atos sempre existe exceção, enquanto os outros devem seguir regras.
Aí reina o tão vangloriado chavão do “jeitinho brasileiro” onde a pessoa se acha especial por conhecer maneiras de driblas regras. A pessoa sabe como não pegar filas, como subornar um agente do governo, como se aproveitar de brechas legais, orgulha-se de cada farol amarelo que ultrapassou no último segundo ou da vantagem que levou quando alguém lhe passou um troco maior do que era o correto.
Os comentário acima foi selecionado a partir do artigo “O perfeito idiota brasileiro”, texto de Adriano Silva, publicado nessa página em agosto de 2014.
3. Hipocrisia religiosa.
Os comentário acima foi selecionado a partir do artigo “O perfeito idiota brasileiro”, texto de Adriano Silva, publicado nessa página em agosto de 2014.
4. Achar que tudo pode ser comprado.
Não só os bens materiais, mas o silêncio de alguém, a integridade de outro. A sociedade hipócrita está repleta de pessoas que acham que, com dinheiro ou influência, podem passar na frente de uma fila de transplante, podem ingressar em uma faculdade sem passar no vestibular ou mesmo no serviço público sem prestar um concurso. E o pior de tudo isso é que muitas delas conseguem.
5. Acreditar que a corrupção é algo normal, quase uma característica cultural.
A impunidade recorrente alimenta a ideia de que a corrupção é algo normal e imutável. As pessoas veem, ficam indignadas mas, a grosso modo, não tomam ações concretas para a mudança. Talvez a aceitação esteja relacionada a cegueira situacional que impede que a sociedade enxergue que a macro corrupção é consequência da micro, dos “jeitinhos cotidianos” que alcançaram altos cargos e hoje detém grande poder. Penso se a omissão da comunidade não seria uma admiração inconsciente por aqueles que conseguiram “dar um jeitinho” melhor do que todo mundo.
Por que fazemos as coisas que fazemos? Não obstante nossos esforços mais sinceros para seguir a máxima “conhece-te a ti mesmo”, a verdade é que muitas vezes sabemos surpreendentemente pouco sobre nossa própria mente, e menos ainda sobre como pensam os outros. Como disse Charles Dickens, “um fato assombroso que merece reflexão é que cada ser humano é feito de modo a ser um segredo e mistério profundo para cada outro”.
Não é de hoje que os psicólogos buscam entender melhor como apreendemos o mundo e o que motiva nossos comportamentos, e eles já avançaram muito para desfazer esse véu de mistério. Além de fornecer assunto para bate-papos instigantes em festas, alguns dos experimentos psicológicos mais famosos do século passado revelam verdades universais e muitas vezes surpreendentes sobre a natureza humana. Veja a seguir dez estudos psicológicos clássicos que podem mudar seu entendimento sobre si mesmo.
1. Todos possuímos alguma capacidade de cometer o mal.
Possivelmente o experimento mais famoso na história da psicologia, o estudo da prisão de Stanford, de 1971, se deteve sobre como situações sociais podem afetar o comportamento humano. Os pesquisadores, comandados pelo psicólogo Philip Zimbardo, montaram uma falsa prisão no subsolo do prédio do departamento de psicologia da Universidade Stanford e selecionaram 24 estudantes (que não tinham ficha policial e foram avaliados como psicologicamente saudáveis) para representar os papéis de presos e carcereiros. Pesquisadores observaram os presos (que tinham que ficar nas celas 24 horas por dia) e os guardas (que dividiam turnos de oito horas), usando câmeras ocultas.
O experimento estava programado para durar duas semanas, mas teve que ser abortado depois de apenas seis dias devido ao comportamento abusivo dos guardas – que chegaram a cometer tortura psicológica – e o estresse emocional e ansiedade extremos manifestados pelos presos.
“Os guardas foram intensificando as agressões contra os prisioneiros, obrigando-os a ficar nus, colocando sacos sobre suas cabeças e, finalmente, os fizeram praticar atividades sexuais mais e mais humilhantes”, Zimbardo contou à American Scientist. “Depois de seis dias tive que encerrar a experiência porque estava fora de controle. Eu ficava acordado à noite, preocupado com o que os guardas poderiam estar fazendo com os detentos.”
2. Não notamos o que está bem à nossa frente.
Você pensa que sabe o que se passa à sua volta? Talvez não tenha tanta consciência disso quanto imagina. Em 1998, pesquisadores de Harvard e da Kent State University convocaram pedestres que transitavam por um campus de faculdade para determinar quanto as pessoas notam do ambiente imediato à sua volta. No experimento, um ator abordava um transeunte e pedia indicações para chegar a um local. Enquanto o transeunte estava dando as indicações, dois homens carregando uma grande porta de madeira passavam entre o ator e seu interlocutor, bloqueando completamente a visão que um tinha do outro por alguns segundos. Durante esse período, o ator era substituído por outro ator de altura e aparência diferente, com penteado, voz e roupa diferentes. Nada menos que metade dos participantes não notou a substituição.
O experimento foi um dos primeiros o ilustrar o fenômeno da chamada “cegueira a mudanças”, que mostra como somos seletivos em relação ao que apreendemos em qualquer cena visual dada. Parece que nos pautamos muito mais do que talvez imaginemos pela memória e o reconhecimento de padrões.
3. Adiar a recompensa é difícil, mas somos mais bem-sucedidos quando o fazemos.
Um experimento famoso feito na Universidade Stanford no final dos anos 1960 testou a capacidade de crianças da pré-escola de resistir à atração da recompensa instantânea –e rendeu algumas informações úteis sobre a força de vontade e a autodisciplina. No experimento, crianças de 4 anos foram colocadas sozinhas numa sala com um marshmallow sobre um prato diante delas. Foi dito a elas que podiam comer o doce na hora ou, se esperassem até a pesquisadora voltar, em 15 minutos, poderiam ganhar dois marshmallows.
A maioria das crianças disse que preferia esperar, mas muitas acabaram cedendo à tentação, comendo o doce antes de a pesquisadora voltar, disse a TIME. As crianças que conseguiram esperar por 15 minutos usaram táticas para evitar a tentação, por exemplo, dando as costas para o doce ou cobrindo os olhos. As implicações do comportamento das crianças foram significativas: aquelas que conseguiram adiar a recompensa tiveram muito menos chances de chegar à adolescência obesas, dependentes de drogas ou com problemas comportamentais e tiveram mais sucesso mais tarde na vida.
Um estudo famoso (e um pouco alarmante) de 1961 do psicólogo de Yale Stanley Milgram testou até onde as pessoas se dispunham a ir para obedecer a figuras de autoridade quando estas lhes pediam para fazer mal a outras pessoas, além do intenso conflito interno entre a moral pessoal e a obrigação de obedecer às figuras de autoridade.
Milgram quis fazer o experimento para descobrir como foi possível que criminosos de guerra nazistas perpetrassem atos hediondos durante o Holocausto. Para isso, ele testou uma dupla de participantes, um dos quais designado o “professor” e o outro o “aprendiz”. O professor foi instruído a aplicar choques elétricos ao aprendiz cada vez que este errava a resposta a uma pergunta. O aprendiz supostamente estava sentado em outra sala, mas na realidade não recebia os choques. Em vez disso, Milgram tocava gravações que soavam como se o aprendiz estivesse sofrendo dor. Se o “professor” manifestava o desejo de parar de aplicar choques, o pesquisador o incentivava a continuar. No primeiro experimento, 65% dos participantes chegaram a aplicar um choque final e doloroso de 450 volts (rotulado o choque “XXX”), apesar de muitos ficarem visivelmente estressados e incomodados por fazê-lo.
O estudo tem sido visto como um aviso sobre os perigos da obediência cega à autoridade, mas a Scientific American o reviu recentemente e sugeriu que os resultados são mais indicativos de conflito moral profundo.
“A natureza moral humana inclui a propensão a sermos empáticos, gentis e bons com nossos familiares e os membros de nosso grupo, além de uma tendência a sermos xenófobos, cruéis e perversos com membros de ‘outras tribos'”, escreveu o jornalista Michael Shermer. “Os experimentos com choques revelam não obediência cega, mas tendência morais conflitantes profundamente enraizadas nas pessoas.”
Recentemente alguns observadores questionaram a metodologia de Milgram. Um crítico observou que os registros do experimento realizado em Yale sugerem que na realidade 60% dos participantes tenham desobedecido às ordens de aplicar o choque mais forte.
5. Somos facilmente corrompidos pelo poder.
Há uma razão psicológica por trás do fato de as pessoas no poder às vezes tratarem as outras com desrespeito e agirem como se tivessem direitos adicionais. Um estudo de 2003 publicado no periódico Psychological Review juntou estudantes em grupos de três para escreverem um trabalho curto juntos. Dois estudantes deviam escrever o texto, enquanto o terceiro deveria avaliá-lo e determinar quanto seria pago a cada um dos estudantes redatores. No meio do trabalho, um pesquisador trazia um pratinho com cinco biscoitos. Embora o último biscoito quase nunca fosse comido, o “chefe” quase sempre comia o quarto – e o fazia de modo desleixado, mastigando com a boca aberta.
6. Buscamos a lealdade a grupos sociais e nos envolvemos facilmente em conflitos entre grupos.
Este experimento social clássico dos anos 1950 lançou uma luz sobre a possível razão psicológica pela qual grupos sociais e países se envolvem em conflitos – e como podem aprender a cooperar novamente.
O líder do estudo, Muzafer Sherif, levou dois grupos de 11 meninos, todos de 11 anos, para o Parque Estadual Robbers Cave, no Oklahoma, supostamente para um acampamento de férias. Os grupos (chamados “Águias” e “Cascavéis”) passaram uma semana separados. Seus integrantes se divertiram juntos e ficaram amigos, sem terem conhecimento da existência do outro grupo. Quando os dois grupos finalmente interagiram, os garotos começaram a xingar uns aos outros. Quando começaram a competir em várias brincadeiras, surgiram mais conflitos, e em seguida os dois grupos se recusaram a comer juntos. Na fase seguinte da pesquisa, Sherif criou experimentos para tentar reconciliar os meninos, fazendo-os compartilhar atividades de lazer (o que não deu certo) e depois fazendo-os resolver um problema juntos. Foi isso o que finalmente levou à suavização do conflito.
7. Só precisamos de uma coisa para sermos felizes.
O estudo Harvard Grant, um dos estudos longitudinais mais abrangentes jamais realizado, foi feito ao longo de 75 anos com 268 estudantes homens da Universidade Harvard que se formaram entre 1938 e 1940 (hoje eles estão na casa dos 90 anos), promovendo uma coleta regular de informações sobre aspectos diversos de suas vidas. Qual foi a conclusão universal? Que o amor realmente é a única coisa que importa, pelo menos quando se trata de determinar a felicidade e satisfação com a vida no longo prazo.
O psiquiatra George Vaillant, que dirigiu o estudo durante muitos anos, disse ao Huffington Post que existem dois pilares da felicidade: “Um deles é o amor. O outro é encontrar uma maneira de lidar com a vida que não afaste o amor.” Por exemplo, um participantes começou o estudo com o escore mais baixo entre todos os participantes em matéria de chances de estabilidade futura. E já tinha tentado o suicídio anteriormente. Mas, perto do final da vida, ele era um dos mais felizes. Por que? Como explica Vaillant, “ele passou sua vida procurando o amor”.
8. Vivemos bem e nos sentimos fortalecidos quando temos autoestima forte e status social.
Alcançar a fama e o sucesso não é apenas algo que dá um reforço ao ego – também pode ser uma chave da longevidade, segundo o notório estudo dos ganhadores do Oscar. Pesquisadores do Sunnybrook and Women’s College Health Sciences Centre, de Toronto, constataram que os atores e diretores premiados com o Oscar tendem a viver mais tempo que seus colegas que são nomeados, mas perdem o prêmio. Os atores e atrizes ganhadores vivem quase quatro anos mais que seus pares que não ganham.
“Não estamos dizendo que você viverá por mais tempo se receber um Oscar”, disse à ABC News Donald Redelmeier, autor principal do estudo. “Nem que as pessoas deveriam sair para fazer aulas de atuação. Nossa conclusão principal é simplesmente que os fatores sociais são importantes… O estudo sugere que um senso interno de autoestima é um aspecto importante da saúde e do cuidado com a saúde.”
9. Procuramos constantemente justificar nossas experiências, para que façam sentido para nós.
Qualquer pessoa que já tenha feito a matéria de psicologia básica sabe o que é a dissonância cognitiva, uma teoria segundo a qual os seres humanos têm propensão natural a evitar conflitos psicológicos baseados em crenças incompatíveis ou mutuamente excludentes. Num experimento de 1959 que é citado com frequência, o psicólogo Leon Festinger pediu a participantes que realizassem uma série de tarefas monótonas, como virar cavilhas numa maçaneta de madeira, durante uma hora. Em seguida, elas eram pagas ou US$1 ou US$20 para dizer a um “participante” (ou seja, um pesquisador) que a tarefa era muito interessante. Aqueles que recebiam US$1 classificaram as tarefas como mais agradáveis que aqueles que receberam US$20. A conclusão: os participantes que receberam mais dinheiro sentiram que tinham tido justificação suficiente para realizar a tarefa entediante por uma hora, mas aqueles que receberam apenas US$1 sentiram que precisavam justificar o tempo gasto (e reduzir o nível de dissonância entre suas crenças e seu comportamento), dizendo que a atividade tinha sido divertida. Em outras palavras, temos o hábito de mentir a nós mesmos para fazer o mundo parecer um lugar mais lógico e harmonioso.
10. Acreditamos muito em estereótipos.
Quase todos nós estereotipamos diversos grupos de pessoas com base em grupo social, etnia ou classe social, mesmo que nos esforcemos para não fazê-lo. E isso nos pode levar a conclusões injustas e potencialmente prejudiciais sobre populações inteiras. Os experimentos sobre o “automatismo de comportamentos sociais” feitos pelo psicólogo John Bargh, da Universidade de Nova York, revelaram que com frequência julgamos pessoas com base em estereótipos dos quais não temos consciência – e que não conseguimos deixar de agir com base nesses estereótipos. Também tendemos a acreditar nos estereótipos relativos a grupos sociais dos quais consideramos que fazemos parte. Em um estudo, Bargh pediu a um grupo de pessoas que organizasse palavras relacionadas à velhice, como “Flórida” (onde vivem muitos aposentados americanos), “impotente” e “enrugado”. Depois disso, eles caminharam por um corredor, andando bem mais devagar que os membros de um grupo que tinham organizado palavras não relacionadas à idade. Bargh teve os mesmos resultados em dois outros estudos comparáveis em que eram aplicados estereótipos baseados em raça e cortesia.
“Os estereótipos são categorias levadas longe demais”, disse Bargh à Psychology Today. “Quando usamos estereótipos, apreendemos o gênero, a idade e a cor da pele da pessoa que está diante de nós, e nossa mente responde com mensagens dizendo ‘hostil’, ‘estúpido’, ‘lento’, ‘fraco’. Essas características não estão presentes no ambiente. Elas não refletem a realidade.”
A época das festas marca o findar de mais um ano, embora sempre fique, ao menos para mim, a estranha sensação de que o último natal aconteceu há apenas alguns dias.
Em vez de me proporcionar apenas alegria e entusiasmo, devo confessar que as luzes e papais noéis espalhados pela cidade parecem mexer com os meus sentimentos de uma forma um pouco estranha.
Não sei ao certo o porquê do desconforto e da melancolia que essa época do ano me traz. Seria pela comercialização de algo que, supostamente, deveria ser motivo de reflexão? Não seria hipócrita a ponto de dizer que sim, pois presentear e ser presenteada ainda me alegra da mesma maneira que quando eu tinha 7 anos de idade.
Acho que o problema está no conjunto de pequenas imposições que foram, ao longo do tempo, socialmente construídas e que fazem, ainda que disfarçadamente, parte destas datas.
É a ceia de natal em que o chester, as frutas e os fios de ovos jamais podem faltar, e a festa de ano novo com taças cheias de champanhe que tilintam ao som de fogos de artifício.
Não que tudo isso não seja importante. Acredito que quaisquer motivos que sirvam para aproximar familiares, renovar e estreitar a intimidade das relações e trazer o mínimo de alegria e esperança sejam totalmente válidos e justificáveis por si só.
Aqueles que podem e sentem prazer em honrar tais tradições, têm mais é que o fazer. Devem mesmo investir e procurar por tudo aquilo que lhes traga à tona sentimentos bons.
A questão é que, sinto que somos ensinados a crer que tudo que foge a estes padrões não é mágico, não é completo e muito menos feliz.
Me pergunto se as guirlandas impecavelmente penduradas nas portas de algumas pessoas não estão lá unicamente pelo fato de que os seus vizinhos também as têm.
E, nessa obrigação de sermos felizes, me preocupo com aqueles que acabam, não de forma genuína, mas por pura influência externa, automaticamente priorizando os comes e bebes e a quantidade de pessoas que estarão ao seu redor e esquecendo de relaxar, de curtir aquilo que realmente é importante para eles, de prolongar o abraço.
Talvez, se não despejássemos nessas datas uma importância maior do que a que depositamos no restante de nossos dias, a saudade dos que já partiram e a tristeza da menina que não pôde ganhar um presente porque os pais não tinham condições de comprar seriam menores.
Se, ao contrário, pegássemos essa necessidade de abundância, de estar perto, de confraternizar e dizer palavras bonitas e buscássemos aplicá-la também ao nosso cotidiano, as pobres das datas festivas não carregariam tamanha responsabilidade, o estômago não seria o único a ficar cheio e os fogos brilhariam no olhar das pessoas.
Patrícia Sebastiany Pinheiro
Colunista CONTIoutra
21 anos,é gaúcha de Santa Maria, onde estudou Psicologia na UFSM por três anos. É escritora e revisora de textos na empresa Sociedade Racionalista e escreve, de forma independente, para os sites Brasil Post, Blogueiras Feministas, Benfazeja, Psiconline Brasil e Pensadores Clandestinos. É feminista, apaixonada por moda e assumidamente viciada em filmes e séries. Ainda irá viver da escrita.
(…) a razão deste mundo estava num outro mundo inexplicável.
Mia Couto
Quando paramos para perceber as pequenas coisas da vida e usamos nossa imaginação, podemos voar mesmo sem asas…
Esse pequeno curta metragem produzido em 2006 pela Dreamworks, conta a história de um passarinho que quer aprender a voar e no caminho reensina um homem a sorrir.
Quando peguei o documento que relatava os antecedentes do adolescente, fiquei impressionada. Dezoito processos se acumulavam nas prateleiras daquele Juizado da Infância e Juventude. Furto, roubo, lesão corporal, ameaça, e mais furto e mais roubo. A lista de condutas praticadas por ele que são descritas, pela lei, como “crime” era, de fato, muito considerável.
É um daqueles casos em que olhamos para o adolescente com total desesperança, sem conseguir deixar de lado o olhar de desaprovação. Um jovem estudante de Direito chegou a comentar: “Num caso desse, só matando”. O que ele não sabia é que aquele adolescente já havia morrido há, pelo menos, 11 anos.
Aquele “bandidinho repugnante”, assim se referia a ele uma das vítimas, “é um lixo, Doutor, ele fede. Isso nem é gente”, fora abandonado pela mãe quando tinha apenas 6 anos de idade. Deixado nas ruas de uma cidade com cerca de 300 mil habitantes, num semáforo. Segundo me disseram, a mãe foi morar com um senhor que, embora tivesse o bom senso de sustenta-la, não aceitava o menino.
A partir de então, essa criança cresceu na rua, praticando favores sexuais aos meninos maiores em troca de alimento, furtando uma coisinha aqui e ali. Sofreu toda sorte de abusos, toda forma de violência que se possa imaginar.
A nossa Constituição Federal estabelece que é dever da família, do Estado e de todos nós, a “sociedade”, fazer com que cada uma de nossas crianças tenha os seus direitos integralmente garantidos. Mas parece-me que esse discurso não é muito popular. Nas recentes eleições, não percebi qualquer séria discussão sobre políticas públicas de amparo a crianças e adolescentes que necessitem de proteção e cuidados específicos do Estado. Vi, com sangue nos olhos, diversos candidatos destilarem seu ódio pleno aos menores infratores, falando na necessidade de penas duras e redução da maioridade penal.
Mas ninguém fala (será por quê?) em prender quem passe de olhos fechados diante dessas inúmeras crianças e adolescentes abandonados à própria sorte, cuja vida só ensinou sentenças de dor, de morte e de revolta íntima.
A testemunha, então, verberou:
-“Doutor, tem que prender esse troço. Não dá pra andar na rua seguro com isso solto, não. Daí perguntei:
– Ele ameaçou o Senhor de que jeito?
– Colocou a mão dentro da blusa, Doutora. Falou que se eu não obedecesse eu ia me dar mal.
– E o que ele exigiu do Senhor, pode dizer? Ele queria o quê?
– Sim, Doutora. Ele queria água e comida.
Senti uma imensa vontade de rasgar o papel com os antecedentes do menino. Aquele papel não servia à condenação ou à absolvição dele. Aquele papel condenava a todos nós. Documento inconteste da hipocrisia do mundo e da precariedade, da inconsistência de uma palavra tão recorrente na boca dos “cidadãos honestos”: justiça.
Caráter é um conjunto de características e traços relativos à maneira de agir e de reagir de um indivíduo ou de um grupo. É um feitio moral. É a firmeza e coerência de atitudes.
O conjunto das qualidades e defeitos de uma pessoa é que vai determinar a sua conduta e a sua moralidade, o seu caráter. Os seus valores e firmeza moral definem a coerência das suas ações, do seu procedimento e comportamento.
O que é falha de caráter:
As falhas de caráter são características naturais do ser humano. Errar faz parte do desenvolvimento e é graças aos erros que muitas de nossas aprendizagens, e mesmo evolução como pessoas, acontece. A falha está relacionada com consciência e busca sincera por mudanças.
E o que é FALTA de caráter:
A falta de caráter é percebida quando, mesmo errando repetidamente com os outros, causando prejuízo a terceiros, e ferindo sentimentos através de manipulações e mentiras, a pessoa insiste no ato. A falta de caráter é característica de pessoas com baixa consciência moral, uma vez que essas pessoas não objetivam melhorar, pelo menos não sinceramente.
Alguns exemplos de FALTA de caráter:
Mentiras:
Todos nós mentimos, quer admitamos, quer não. As mentiras podem ser coisas banais do dia a dia, como dizer que vamos para casa, quando realmente não queremos sair com alguém. (nesse caso, até uma maneira de tentar abrandar um mal-estar), como podem ser mentiras mais graves, e que envolvem consequências importantes. Entretanto, como eu disse no começo, todos estamos sujeitos a um erro grave. A diferença entre uma mentira acontecer em uma pessoa normal (cheia de falhas, mas que tem consciência), e em uma pessoa com falta de caráter, será a repetição e a não correção do ato, mesmo após ter passado por situações delicadas com as mentiras anteriores. Uma, duas mentiras são aceitáveis. Entretanto, um mentiroso (a) frequente mostra sérios sinais de falta de caráter.
Traição:
Longe de ser um tópico moralista, a traição pode ser entendida como falta de caráter, quando também acontece recorrentemente em uma relação em que o pacto do casal é de fidelidade. A traição também deve ser lembrada nos contextos de sociedade, no trabalho e amizade, em que o raciocínio é o mesmo: quebra de acordos e confiança.
Dívidas:
Uma coisa é a pessoa passar por situações complexas e que impossibilitem o pagamento de suas contas, outra coisa é a má administração do dinheiro, o consumismo desnecessário e o “comprar sem ter a intenção de pagar”. Um exemplo que deve ser observado são as pessoas que emprestam dinheiro de familiares e/ou amigos e não se veem na obrigação de pagar, aproveitando-se do vínculo afetivo existente. Mais uma vez, a falta e caráter será observada na frequência das ações.
Tratamento diferenciado:
O que motiva alguém a tratar bem algumas pessoas em detrimento de outras? O que pensar de alguém que só trata bem àqueles que têm dinheiro ou que podem lhe oferecer algo em troca? A arrogância, a hipocrisia e comportamento interesseiro também são, sem dúvidas, sinais de falta de caráter.
Manipulação:
Tentar convencer alguém a pensar ou fazer algo de maneira diferente são coisas completamente diferentes de manipular pessoas a fazerem coisas que elas, se estivessem em plena consciência de seus atos, talvez não fizessem. A manipulação é um comportamento egoísta, uma vez que tira o direito de escolha do outro, e mostra falta ou total ausência de consideração pelo outro. O manipulador sempre visa driblar vontades e regras para favorecimento pessoal.
Falta de palavra:
A falta de palavra pode caminhar próximo à mentira e à manipulação. Quando alguém combina algo ou assume um compromisso, a espera social é que o mesmo seja cumprido. Mais uma vez, descartando os casos isolados, uma “Palavra” quebrada com frequência oferece sérios indícios de falta de caráter.
Não assumir as próprias responsabilidades:
Um dos maiores sinais de maturidade que pode ser encontrado em alguém é a capacidade de assumir as próprias responsabilidades. A falta de caráter pode ser observada se uma pessoa repetidamente atribui a outros a responsabilidade por atos que deveriam ser assumidos pessoalmente, principalmente, no que se refere às quebras de regras e leis que infringem com frequência.
Nota da página: Não é por acaso que as características acima são frequentes em sociopatas, pessoas com ausência de consciência e consideração pelos outros.
Com elevadas formações rochosas, paisagens onduladas, esplêndidos percursos pedestres, cidades subterrâneas misteriosas e igrejas esculpidas na rocha, a Capadócia é um destino obrigatório na Turquia. Localizada a apenas uma hora de distância de avião desde Istambul ou Izmir, acredita-se que o nome provenha do vocábulo hitita Katpadukya (terra de cavalos de raça) ou do persa Katpatuka (“terra de belos cavalos”).
Alguns povos floresceram nesta região, como os Hititas, além de outras civilizações originárias da Europa e da Ásia Menor que deixaram suas marcas. A situação geográfica da Capadócia tornou-a encruzilhada de importantes rotas comerciais ao longo dos séculos e alvo de contínuas invasões. Para se protegerem, os habitantes construíram refúgios subterrâneos, por vezes verdadeiras cidades. Estas cidades têm vários níveis e dispõem de canais de ventilação, cavalariças, padarias, poços de água e tudo o mais necessário para que os seus ocupantes, cujo número podia alcançar os 20 000, pudessem resistir durante vários meses sem que fossem detectados pelos invasores.
Cristianismo na Capadócia
A região tem um papel muito especial na tradição cristã. Durante os primeiros anos do cristianismo, a Capadócia foi um terreno fértil para a expansão da nova religião, em parte pela sua proximidade das Sete igrejas da Ásia e de Antioquia, onde Pedro fundou a primeira comunidade cristã. São Paulo efetuou três viagens à Capadócia e muitos dos primeiros cristãos habitavam a região, tendo as cidades subterrâneas sido usadas como refúgio por eles durante as perseguições de que foram alvo durante os séculos II, III e IV. Apesar de o assunto ser controverso, segundo a lenda, São Jorge também teria nascido na região, embora tenha ido para a Palestina, de onde a mãe era originária, ainda em criança. A lenda de São Jorge e do dragão tomou forma na Idade Média, sendo o santo convertido em padroeiro de muitos estados e coroas da Europa, nomeadamente de Aragão, Portugal, Inglaterra e Génova, entre outros. A Cruz de São Jorge ainda hoje está presente nas bandeiras da Geórgia, Inglaterra, Sardenha, Barcelona e Aragão e nos brasões de Génova e Pádua.
Geografia e geologia
Em 1985, o Parque Nacional de Göreme na Capadócia foi declarado Património Mundial pela UNESCO.
Toda a região se encontra num planalto de 1 000 m de altitude, com clima continental caracterizado por verões quentes e secos e invernos frios com neve. A precipitação é esparsa e a maior parte da região é semiárida. A sua paisagem única é o resultado da ação de forças naturais. Há 60 milhões de anos formou-se a cordilheira de Tauro, na Anatólia meridional, ao mesmo tempo em que se formavam os Alpes. A formação daquela cordilheira deu origem a numerosas elevações e depressões na Anatólia central. A atividade dos vulcões da Capadócia cobriu a região de estratos de diferentes densidades. No início do Quaternário, depositaram-se lavas basálticas bastante mais duras.
Sob o efeito do arrefecimento do clima no Quaternário, a crosta basáltica abriu fendas e o solo desagregou-se, permitindo que a água e neve se infiltrassem e acentuassem a erosão, mais acentuada nos estratos mais macios, isolando cones de material mais resistente e escavando vales. Durante os períodos mais secos, foi a erosão dos ventos e da areia por eles levantada que foi mais determinante na modificação da paisagem. Este tipo de erosão é mais notável na superfície dos cones. Quando na parte superior destas elevações existe rocha basáltica, são formadas as chamadas chaminés de fadas, as quais são cones coroados por grandes pedras praticamente planas, que tanto aparecem isoladas, como em grupo, criando paisagens insólitas. Com a continuação do efeito da erosão, os pedestais dos blocos basálticos acabam por colapsar.
As zonas sem basalto deram origem a vales, as zonas de tufo macio desagregaram-se completamente, formando zonas planas poeirentas, enquanto que nas encostas, a erosão esculpiu desfiladeiros, mesas, escarpas, pirâmides de 15 a 30 metros, picos, agulhas que por vezes lembram minaretes, cones e chaminés de fadas. A erosão continua nos nossos dias: os picos e cones atuais vão desaparecendo lentamente, ao mesmo tempo em que outros se estão a formar nas encostas à beira dos planaltos.
O QUE FAZER
O ideal é ficar pelo menos três dias para dar conta das diversas atrações. Cada setor tem sua característica própria. Em alguns as rochas são extremamente interativas, formando um playground natural para adultos. Em outras as chaminés de fadas tomaram forma de cogumelo, ou lembram animais.
Percorrer tudo é simples. As opções vão desde cavalgadas a quadriciclos, passando por aluguel de motos e voos de balão. A Capadócia é certamente um dos lugares mais interessantes do mundo para seguir a direção do vento. Os voos saem 320 dias por ano devido às boas condições climáticas. E isso mesmo no inverno, com neve. Em cada balão cabem 20 pessoas. Atingem-se cerca de 1000 metros altura e circula-se por uma área de 10 km em cada passeio, em média. Os passeios terminam antes das 9h, então é possível aproveitar o resto do dia para conhecer outras atrações, como o castelo de Uchisar a 5 km de Göreme. Ele fica no topo de uma montanha, garantindo uma vista magnífica dos vales. Pode-se voltar a Göreme caminhando pela estrada, e aproveitar para fazer paradas estratégicas nos mirantes para apreciar o lindo pôr do sol que tinge as rochas.
Para distancias curtas resulta útil viajar de dolmus, um pequeno ônibus de cores creme e azul que segue um percurso fixo e sai assim que lota. Paga-se com liras turcas. Alugar um carro seria uma boa opção, mas a sinalização das rodovias é com frequência insuficiente.
Igreja de Santa Bárbara
Da segunda metade do século 11, em forma de cruz, com duas colunas. Os motivos religiosos foram pintados em vermelho diretamente sobre a rocha, e há também representações de padrões geométricos, animais mitológicos e símbolos militares. Nesta igreja há uma representação de São Jorge e o Dragão.
TURQUIA – CAPADOCIA | FAMÍLIA GOLDSCHMIDT (vídeo em português 10 minutos)
Professora de francês e português, trabalha com grupos de estudantes a partir dos 16 anos em cursos abertos à comunidade. Acredita que a atividade docente, a interação com os alunos e as amizades conquistadas ampliam horizontes e alimentam sonhos. Escreve sobre sua terra natal, a Argentina, assim como sobre tudo o que tenha a ver com desenho, pintura, viagens e literatura, temas que permitem conhecer e compreender outros jeitos de ser e viver, outros olhares.
Existe um texto que está circulando pela internet há um tempo, afirmando que a geração y é uma geração frustrada. Eu poderia concordar com o texto todo, inclusive com suas teorias de gerações e o fato de que a geração Y se acha especial. Mas gostaria de ir mais fundo nessa história.
Afinal, por que a maioria das pessoas de uma geração se acharia especial? O texto afirma que os jovens de hoje não vão em busca do que querem porque estão esperando o mundo descobrir como eles são geniais. Eu tenho uma teoria um pouquinho diferente sobre nossas expectativas e frustrações. Primeiro de tudo: sempre suspeito quando colocam características psicológicas em uma geração. Na verdade, a geração Y não nasceu espertinha, multifuncional e antenada com o mundo. A nossa geração foi obrigada a se transformar assim aos poucos, por causa de todos esses novos recursos tecnológicos e de comunicação que surgiram na última década e continuam aparecendo. Na realidade, o mercado foi quem mudou completamente de cenário e, se você não seguir o que ele pede, não preciso nem dizer que você está fora dele. Pelo menos fora do mundo dos terninhos e ar condicionado.
Afirmam que nós somos jovens que conseguem lidar com um monte de coisas ao mesmo tempo e que gostaríamos de trabalhar com o que gostamos o tempo inteiro. Óbvio, quem não? Eu adoraria ficar escrevendo e atuando para sempre, mas as coisas não funcionam assim. Primeiro de tudo, a maioria de nós é medíocre. A única de diferença entre um bom e um mau profissional é que o bom profissional se dedica e corre atrás do que quer, ralando muito, fazendo 50 vezes de novo. Mas o mundo, a mídia, os bobos e nossos pais querem nos convencer de que somos todos especiais. Mas sinto informar que não somos. Continuamos inseguros e inquietos, como sempre.
A questão é que, com toda essa bagunça de categorizar gerações, fizeram-nos acreditar que trabalho prazeroso é o mesmo que estar de férias, mas isso não é verdade. O grande filósofo Confúcio afirmou: “trabalhe com algo de que você goste e nunca mais precisará trabalhar na sua vida” – mal sabia que estava falando uma das maiores bobagens do século, porque, mesmo trabalhando com algo que ame, alguns dias você vai querer ficar dormindo um pouco mais, ou ir à praia, ou viajar para uma cidade de interior para ficar quietinho, mas você não vai poder. Porque é trabalho e, para você ser bem sucedido no trabalho, é preciso, em primeiro lugar, trabalhar. É claro que trabalhar com algo que nos dê prazer é uma experiência incrível, mas é muita ingenuidade achar que isso não dependerá de esforço. Dá até muito mais trabalho, mas a diferença é que o esforço é muito bem recompensado. E você se sente vivo e sente que realmente faz parte de alguma coisa, que, naquele momento da recompensa, você não precisa de mais nada.
O problema é que a gente, principalmente o pessoal do meio artístico, muitas vezes trabalha muito mais e por muito menos, por querer se inserir nesse meio e para conseguir trabalhar com o que quer. Somos enganados o tempo inteiro e trabalhamos de graça, esforçamo-nos muito mais e, sim, somos obrigados a lidar com multitarefas, porque quem consegue fazer isso é mais legal. Só que se esqueceram de nos contar que demitiram cinco pessoas, para contratar apenas uma, por um preço muito, mas muito menor, para fazer o trabalho que essas cinco pessoas faziam. E a gente aceita, porque a gente quer chegar ao topo e acha que não tem opção, mas sempre existe outra opção.
Não é a geração Y que simplesmente é uma geração descolada, que liga mais para ser feliz do que para dinheiro e se esforça muito para conseguir o que quer. Isso é o que o mundo quer que a gente seja. Porque é mais barato e mais produtivo, é claro. A geração Y foi transformada, assim como tem acontecido com todas as outras gerações, visto que o mundo impõe o tipo de profissional que você tem que ser.
Por isso, talvez a geração Y seja mais frustrada mesmo, mas não porque achamos que somos geniais ou porque sempre vemos que nosso amigo do Facebook tem uma vida mais sensacional que a nossa. Os seres humanos são muito mais profundos do que tentam nos convencer de que somos. Por isso eu afirmo que, se nossa geração é mais infeliz, é porque estamos todos perdidos e sem saber o que fazer com essa nova fase do mundo em que todas as informações chegam para nós em um piscar de olhos. Não sabemos lidar com todas essas opções e chances. Ninguém aprendeu a viver nesse mundo ainda. A nossa geração está no meio de uma mudança radical da sociedade e isso é lindo, mas, ao mesmo tempo, assustador. Os meios de comunicação pensam mais rápido que nós, as distâncias encurtaram substancialmente e tudo é tão rápido, mas tão rápido, que não entendemos que TUDO tem um processo para acontecer e ser concluído. A nossa geração nasceu em uma época onde os processos são todos invisíveis e por isso nos esquecemos deles e, aí sim, frustramo-nos. Porque não entendemos nada de processos.
Tudo chega para nós de uma maneira muito fácil e rápida. Quero um produto, posso procurar na internet, comprá-lo online e, em poucos dias, ele aparece na minha casa, como em um passe de mágica. Não pensamos que alguém vai receber aquele pedido, vai colocá-lo manualmente em uma caixa, fará a nota, o recibo e uma porção de processos burocráticos. Ainda não são as máquinas que fazem tudo. Sempre tem alguém mexendo nos processos para as coisas funcionarem. E isso é só um exemplo. Talvez você já tenha pensado sobre tudo isso, sobre o processo das coisas, mas ninguém, de fato, saboreia esse processo. Não dá tempo de saboreá-lo. O mundo é muito urgente. O mundo pede que a gente seja urgente e aproveite tudo ao máximo. Mas como vamos aproveitar o máximo de tudo se um zilhão de opções são oferecidas o tempo inteiro. Como vamos apreciar a conquista de alguma coisa, se o processo foi esquecido?
Grande parte das pessoas da nossa geração pode ser realmente frustrada, mas, nas gerações passadas, também existiram outros tipos de infelicidade. Não adianta atribuir essa característica a uma geração e não observar que estamos no meio de uma ruptura entre uma época sem internet para uma época com internet. Eu arrisco dizer que estamos passando por um processo de transformação de comportamento tão forte quanto o que aconteceu na revolução industrial. Tivemos que repensar tudo, inclusive o conceito de arte. A sociedade ficou completamente perdida, bolando teorias e modos de viver, exatamente como estamos fazendo agora. Estamos em um momento de transformação maravilhoso no qual podemos triunfar ou afundarmos o barco de vez. Mas, um momento: não era exatamente isso que pensavam há 200 anos? É isso mesmo, continuamos os mesmos. Mas, dessa vez, esquecemos que as coisas têm um tempo para serem amadurecidas. Como tudo precisa de um processo, quando nossa vida não deslancha do modo como imaginávamos, frustramo-nos por achar que o meio do caminho, na verdade, é o final dele.
Alguns dados apontam que, nos últimos anos, os casos de Déficit de Atenção triplicaram entre nossas crianças. Eu estou entre uma dessas crianças. Com uns treze anos, comecei a tomar um remédio com tarja preta chamado Ritalina, que, para mim, de fato fazia uma diferença enorme. Quando eu era criança, fui chamada várias vezes de hiperativa, desconcentrada. Meus professores adoravam falar como eu me dispersava rápido. Engraçado, continuo assim, mas hoje tento usar isso ao meu favor. O remédio vai soltando doses ao longo do dia e pode durar até 8 horas. Tomava antes de ir para a escola, para ficar ligada na aula. Nunca fui boa em matemática, física, química, mas me esforçava o bastante pra não ficar de recuperação. Lembro que eu achava que o remédio fazia uma diferença significativa na hora de fazer uma prova. Eu realmente me transformava, durante 8 horas, em uma pessoa mais focada. O déficit de atenção é mais comum do que se imagina.
Assim que entrei na faculdade, resolvi largar o remédio. Fui percebendo, ao longo dos anos, que eu não precisava dele para escrever uma boa redação, ou para ler um livro de que eu gostava, nem para fazer prova de história. Não precisei do remédio para decorar um dos meus primeiros textos de teatro. Eu nem tomava o remédio para ir à aula de teatro e eu era uma pessoa igualmente focada nessas aulas. Foi aí que minha mãe resolveu perguntar à minha médica por que eu ficava concentrada nas coisas que eu gostava de fazer. Ela disse que isso era normal. Nas áreas em que eu tinha mais habilidade, os sintomas não apareciam de modo que me atrapalhassem. Que doença engraçada, né? Mal do século, eu diria. A nossa sociedade está criando doenças para quem estiver fora do padrão de comportamento esperado.
Então, vi que o problema não estava em mim e nem na maioria das crianças que precisa tomar um remédio para entrar num padrão social. O problema está no nosso ensino totalmente precário, que se preocupa mais se o aluno vai passar em medicina do que se ele será um bom cidadão. É claro que, em alguns casos específicos, o uso da Ritalina é de extrema importância e eficácia, mas acredito que, na maioria das vezes, o Déficit de Atenção poderia ser tratado de outras formas. Estudei minha vida toda numa escola diferente, que se importava com a cabeça dos seus alunos e valorizava o que eles tinham de melhor, incentivando a arte, o esporte e a ciência. Lembro que as notas eram divididas em 40% de provas e os outros 60% eram de comportamento. Se você soubesse lidar bem com um grupo, participasse da aula, fosse educado e responsável, já era o suficiente para passar de ano. E ninguém deixava de estudar, afinal, queríamos ter notas boas. Depois, fui para uma escola em que havia tantos alunos, que os professores não conseguiam gravar o nome nem da metade deles. Nunca mais falamos em preconceito ou em direitos humanos. Nunca mais falamos sobre ler livros sem ser por obrigação. Depois, mais tarde, os professores reclamavam que líamos pouco, mas como, se tínhamos tão pouco incentivo? Lembro que, na minha outra escola, ganhei gosto pela leitura quando eu ainda era bem pequena. Devorava livros e mais livros, afinal, a gente tinha uma aula só de leitura.
Mudei-me para essa nova escola porque eu precisava passar no vestibular, mas eu não via sentido nenhum em nada daquilo. Fui me sentindo cada vez mais idiota, porque eu não conseguia ir bem em nenhuma matéria de exatas, mas falaram que, para passar no vestibular, era preciso saber mais exatas do que humanas. Aumentei a dose do remédio Ritalina para poder ficar pelo menos na média. Fico pensando quantas crianças vão ter que se sentir burras e diferentes e tomar um remédio tarja preta para ficar na média na escola, para ficar na média na vida, para ser sempre medíocre, porque a educação não nos dá a oportunidade de sermos brilhantes. No ensino médio, os adolescentes são constantemente comparados, como em uma empresa, para que haja, desde cedo, um espírito de competição. Infelizmente essa competição é completamente injusta, pois as pessoas têm habilidades diferentes. Como já disse Albert Einstein, “todo mundo é um gênio, mas se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em árvores, ele passará sua vida inteira acreditando ser estúpido” – e é exatamente isso que nosso ensino faz.
A qualidade de uma escola é medida pelo número de aprovações que seus alunos têm no vestibular e não pela pessoa que ela está formando para o mundo. Como queremos ter profissionais mais dedicados se, desde pequenos, somos ensinados que se importar com o outro não é o que importa, mas sim ser sempre melhor que todo mundo? Infelizmente, nossa educação forma pessoas cada vez mais quadradas, que pensam dentro de uma caixinha. Não se permitem ir atrás das informações e nem na melhor forma de resolver problemas. As aulas de artes são totalmente técnicas e insuportáveis. Não nos dão oportunidade de sermos realmente quem queremos ser e crescemos adultos chatos, controladores e depressivos.
Infelizmente, nosso comportamento é resultado da educação que tivemos e isso só vai mudar quando todas as áreas foram igualmente valorizadas nas escolas e entre os alunos. Cada vez teremos mais crianças com déficit de atenção. Principalmente agora, com a tecnologia, pela qual todas elas podem ter acesso rápido a tudo. Por que elas ficariam prestando atenção em uma aula chata? Por que elas ficariam prestando atenção em algo que elas podem aprender em um segundo procurando no Google? O nosso sistema educacional precisa mudar rapidamente, pois não podemos achar que o ensino pode continuar o mesmo de 20 anos atrás, quando não existia tanta informação com facilidade. As crianças estão perdendo o interesse pela escola. Elas estão vendo o mundo de possibilidades que existe ao redor delas, vendo tudo o que elas podem criar e transformar e os colégios continuam insistindo naquele velho formato. Todas as pessoas têm uma genialidade, mas o mundo insiste, por algum motivo, que sejamos medíocres, dentro de um padrão. Não valorizam o aluno bagunceiro, nem o que vive no mundo da lua. Esses que, no futuro, provavelmente serão os adultos mais criativos.
A nossa educação mata a nossa criatividade. Na escola, não temos nenhuma oportunidade de nos mostrar e nem de crescer intelectualmente, pois, quanto mais velhos ficamos, mais taxam de ridículo aquilo que fazemos de diferente, mas que, se for estimulado, poderia ser genial. É triste a situação em que vivemos, mas já foram inauguradas escolas com uma proposta totalmente diferente de ensino, onde as matérias não são separadas, mas aprendidas juntas, como se fossem uma só. Os alunos também não são separados por turmas de acordo com a idade, mas sim por habilidades que os alunos apresentam. Espero que esse realmente seja o futuro do nosso ensino e que não criemos mais doenças para fazer as crianças se sentirem anormais. “Somos todos folhas da mesma árvore”, esse era o lema da minha primeira escola. Ainda bem que aprendi assim.
Nota da CONTI outra: a reprodução desse material foi autorizada pela autora.
Toda minha vida eu me senti como se meu coração fosse uma casca de ovo que se quebraria ao mais leve toque. Isso fazia com que eu me achasse um fracasso, como se eu simplesmente não fosse capaz de suportar o as mazelas da vida normal com tudo o que ela contém.
Durante toda a minha infância e adolescência, eu encontrava nas notícias uma dor angustiante.Famílias mortas em incêndios, acidentes de carro, suicídios, guerra, terrorismo entre outro atos de violência. Passei muitas horas no meu quarto chorando ao sentir a tristeza dessas pessoas.
Meus pais tentaram me ajudar. Eles me disseram para “deixar de ser sensível.” Meu pai dizia: “Você não pode carregar o peso do mundo sobre seus ombros.”
Quando eu tinha 15 anos, um ônibus de crianças em idade escolar caiu em uma represa, e a maioria delas se afogou. Na escola, no dia seguinte, os amigos estavam fazendo piadas sobre esta tragédia. “Como você pode brincar com as crianças se afogando?” Eu perguntei, incapaz de esconder as lágrimas. As pessoas me disseram que eu só não tinha senso de humor.
Por um longo tempo eu imaginei que havia algo de errado comigo. Eu tinha vergonha de como me sentia – mesmo quando a minha própria vida estava indo bem.
Foi somente com 20 anos, quando conheci minha mestre budista e discutimos o meu problema, que encontrei um pouco de alívio.
Ela me disse que a maioria das pessoas tem que trabalhar duro para sentir empatia e compaixão pelo sofrimento dos outros -que isso faz parte do trabalho espiritual. Ela me sugeriu que sentir a dor do mundo era um sinal de uma alma evoluída e, embora eu não tenho nenhuma prova de que isto é assim, pela primeira vez, eu não senti “errada”. Eu comecei a entender a minha sensibilidade como um presente.
Aqui estão algumas das bênçãos de ser sensível. Se você também já se perguntou como a “se corrigir” ou anestesiar um pouco da dor, aqui estão algumas razões para amar o seu coração aberto:
1. Nós podemos dizer como alguém está se sentindo apenas olhando para essa pessoa ou ouvindo ela falar.
Nós não fazemos ouvir “o que” elas dizem e sim sentindo e percebendo o som e as entonações de sua voz. Notamos tristeza, e por causa disso, nós julgamos menos.
2. Se somos escritores, somos capazes de entrar na pele de nossos personagens e imaginar o seu sofrimento, mesmo que nunca tenhamos experimentado isso em nós mesmos.
À medida que escrevemos, sentimos a dor de alguém cuja amante morreu, ou que perdeu um filho na guerra, ou cujos sonhos nunca se tornaram realidade.
3. Nós sentimos gratidão por nossas vidas e por suas bênçãos porque estamos conscientes da dor no mundo o tempo todo.
Quando meus filhos voltam para casa em segurança da escola, ou meu marido pega a minha mão, eu fico chocada com a abundante e simples alegria que eu sinto.
4. Porque nós somos indefesos, não se coíbe de tragédia ou perda.
Quando alguém está sofrendo, nós somos capazes de “ESTAR” verdadeiramente com essa pessoa.
5. Nos sentimos conectados à rede da vida, e com a energia que corre através de todos nós.
Isso nos dá perspectiva de pequenas irritações diárias.
6. Somos facilmente capazes de orar pela segurança, bem-estar e da cura de outras pessoas quando nós mesmos não temos nada a ganhar.
Sabemos que a cura de outras pessoas nos cura.
7. Nunca estamos sem uma história para contar.
Porque nós fazemos parte das histórias que estão em torno de nós.
Pessoas hipersensíveis são facilmente dominadas – especialmente por eventos que estão acontecendo ao seu redor. Eu encontrei a bela prática budista de Tonglen (respirando o sofrimento dos outros e expirando amor e compaixão) que me ajuda quando eu me sinto impotente em face do sofrimento.
Para as outras pessoas altamente sensíveis que estão lendo esta matéria, saibam que vocês não estão sozinhos e que não existe nenhum problema com vocês. Sejam gratos por sua sensibilidade diferenciada.
Muitas vezes, evitamos alguns de nossos próprios comportamentos pensando que eles não são saudáveis.
Veja estes comportamentos comuns que muitas vezes são considerados negativos mas que na verdade podem ser muito saudáveis.
1. Raiva
A raiva é algo que muitos de nós evitamos expressar mesmo que muitas vezes ela possa ser libertadora. Estar com raiva e expressá-la de forma saudável pode criar uma mudança positiva e poderosa em nossas vidas. A raiva é simplesmente um tipo de energia emocional que se forma em nós quando somos injustiçados ou quando atravessamos um limite pessoal. Essa energia tem como objetivo desfazer a situação inadequada que causou o nosso sofrimento.
Assim, é possível aprender a abraçar essa energia e direcioná-la para um uso positivo.Quando você ficar com raiva, examine como você pode expressar essa raiva de uma forma que promova uma mudança para melhor. É quando negamos ou evitamos a raiva que ela pode se transformar em formas não saudáveis, tais como explosões mal direcionadas ou até mesmo a depressão. Saber que a raiva é um sentimento também saudável permitirá que você a canalize de maneira libertadora.
2. Sentir-se perdido (a)
Nos sentimos perdidos quando perdemos nosso senso de direção. No entanto, quando estamos perdidos isso nos leva a prestar atenção no momento presente e em nossos instintos. Se você já esteve perdido em uma cidade grande ou uma terra estrangeira, você provavelmente já fez algumas descobertas maravilhosas, enquanto tentava encontrar seu caminho.
O mesmo é verdadeiro para a vida. É importante nos lembrarmos que o importante é a jornada, e, por vezes, estar perdido e seguir por caminhos que você nunca teria pensado em escolher, nos mostra coisas sobre nós mesmos que são surpreendentes. Podemos descobrir talentos desconhecidos em nós mesmos, encontrar amigos ou aliados que de outra forma teriam permanecido um mistério. Estar perdido agora não significa que você estará perdido para sempre. Significa simplesmente que você está analisando perspectivas para encontrar o seu caminho, e também permite que o mundo ao seu redor pare de ditar os seus caminhos. Uma estrada que você nunca sonhou em seguir poderá te colocar em seu caminho verdadeiro.
3. Chorar
O choro, assim como a raiva, é uma resposta emocional saudável para determinadas situações. Embora poucos de nós gostemos de de chorar, as lágrimas são necessárias para honrar aqueles momentos da vida em que as palavras podem ser inúteis. Há lágrimas de perda, mas também de alegria. Quando choramos, ajudamos a nossa psique a liberar uma energia que, se fôssemos segurar dentro de nós mesmos, poderia se tornar tóxica.
Chorar também suaviza nossas personalidades, bem como a nossa aparência para o mundo exterior, deixando os outros saberem que temos sentimentos. Chorar não só nos permite liberar nossa dor e tristeza, mas também envia um sinal para os outros de que estamos abertos e vulneráveis, como seres humanos, tornando-nos mais atraentes como amigos e parceiros do que aqueles que nunca derramaram uma lágrima por qualquer motivo.
Nota da CONTI outra: quando percebemos choro frequente que excede às situações vividas ou mesmo está presente sem motivo aparente, se acontece uma mudança significativa no humor em relação a como a pessoa era anteriormente afetando sua rotina e também vindo acompanhada de fortes sentimentos de tristeza, a pessoa deve buscar ajuda para uma avaliação profissional.
4. Estar sozinho (a)
Estar sozinho não tem de ser visto de uma forma negativa senso que muitas vezes pode até significar que estamos cortando algumas das atividades sociais para podermos mergulhar em um nível mais profundo de nosso ser. É verdade que existem algumas situações em que uma pessoa se isolar pode ser um motivo de preocupação, mas também existem formas de ser mais introspectivas. Artistas, escritores e pensadores são exemplos de pessoas que encontrarão um valor supremo na solidão em busca de uma inspiração mais profunda e que ative o seu sentido de criatividade. Às vezes precisamos desligar os estímulos externos para estarmos com nós mesmos.
Se você sente a necessidade de estar sozinho, confie nele. Às vezes, uma caminhada solitária no parque, ou mesmo uma viagem de férias desacompanhada pode levar a um nível de auto-reflexão capaz de renovar completamente o nosso senso de propósito. Em algumas situações, a coisa mais saudável que você pode fazer por si mesmo é estar sozinho.
5. Desligar-se do mundo ao redor.
Não ouvir os outros pode ser visto como uma forma anti-social ou até mesmo arrogante de comportamento. Manter o foco, por vezes, requer que você ignore ou se sintonize à vozes que não sabem ou não estão em alinhamento com a visão. Confie em si mesmo.
Não escutar também pode exibir um nível de discernimento mais elaborado. Seja sábio e saiba quando ouvir os outros e quando não. Se um alerta interno diz para seguir seus próprios sentimentos, apesar do que dizem os outros, então confie nele.
6. Quebrar as regras
Quebrar as regras, por vezes, pode melhorar a sua vida, assim como a vida dos outros. As regras são feitas por pessoas imperfeitas como nós. Assim, a confiança em sua própria capacidade de encontrar uma razão por trás da regra pode levá-lo a um caminho melhor. A maioria das inovações na arte, ciência e sociedade aconteceram porque alguém deixou de seguir as regras como elas foram escritas e teve a coragem de desafiá-las. Alguns desses grandes infractores do mundo foram Rosa Parks, Gandhi, John Lennon, e Martin Luther King Jr. Não tenha medo de ser como eles.
7. Não se enquadrar.
Não se enquadrar na sociedade pode ser doloroso e difícil, especialmente durante a adolescência, mas também pode significar que você possui algo inovador e que tem algo a oferecer além da norma. Quando nos encaixamos bem nos contextos isso significa que nossos pensamentos, sentimentos e até mesmo a nossa imaginação está em sintonia com a nossa comunidade. Sair da caixa e romper com o que os outros esperaram de nós pode nos levar a um lugar de exclusão, mas também pode nos permitir explorações que vão além das crenças e dos pensamentos comumente aceitos: esse é o terreno fértil para novas ideias e reais mudanças.
Abrace quem você é agora, mesmo que não se encaixe tão bem com os outros. Saiba que suas inovações podem forjar um novo caminho.
Antes do contato direto com o “paciente”, os estudos de caso talvez sejam a maneira mais prática e eficiente de trazer a teoria para o entendimento prático. Entretanto, penso que as biografias são as mais ricas fontes de informação para quem quer entender como realmente uma patologia pode afetar a vida de uma pessoa em seus aspectos mais globais. Além disso, as biografias proporcionam a real oportunidade para o leitor compreender empaticamente os sentimentos, dores e dificuldades que uma pessoa passa para se adaptar (ou tentar se adaptar) apesar do adoecimento.
Conhecer a história permite que nos conectemos com o ser humano que existe por trás de um diagnóstico, que sintamos cada etapa de sua jornada.
Definitivamente um bom profissional de psicologia nunca deve abrir mão da leitura de biografias.
Abaixo indico algumas leituras que fizeram diferença na minha vida. Espero que elas possam tocar mais pessoas..
Essa biografia apresente com louvor o testemunho pessoal da médica e psicóloga Kay Redfield Jamison, autoridade internacional em doença maníaco-depressiva e uma das poucas mulheres catedráticas de medicina em universidades norte-americanas. A obra é a revelação da sua própria luta, desde a adolescência, com a doença, e de como a doença moldou sua vida.
Nesse livro o leitor será capaz de perceber claramente como as bruscas oscilações de humor acontecem em ondas, mudando drasticamente a rotina e maneira de pensar da autora. Mostra como ela lidou com o tratamento, o abismo dos episódios de profunda depressão e os picos de humor maníaco. Aborda também questões relacionadas ao suicídio.
A mesma autora escreveu um livro específico sobre o suicídio onde também usa os exemplos pessoais como base para o desenvolvimento teórico do tema chamado“Quando a noite cai: entendendo o suicídio.”
Na minha opinião, uma biografia realmente imperdível para qualquer um (a linguagem é acessível) que tenha interesse pelo tema.
“Os leitores deste livro são transportados, onda após onda, pelo poder de contar história de uma escritora, por sua mente lúcida e consciente de si mesma, por sua corajosa recusa a abraçar a auto-comiseração. Aqui está um sofrimento psiquiátrico tornado acessível, descrito numa prosa vigorosa, carregada, cativante.” Robert Coles
Autobiografia da engenheira e bióloga Temple Grandin, que bem cedo foi diagnosticada como autista. Conversando com o neurologista Oliver Sacks, ela pronunciou uma frase que dá bem a medida de como o mundo lhe parece estranho: “A maior parte do tempo eu me sinto como um antropólogo em Marte”*.
Até os três anos e meio, Temple só se comunicou por intermédio de gritos, assobios e murmúrios de boca fechada. Sua mãe percebeu que já aos seis meses ela não se aninhava no colo: ficava rígida, rejeitava o corpo que queria abraçá-la. Na escola, batia na cabeça das outras crianças. Em vez de argila ou massinha sintética, usava as próprias fezes para modelar e espalhava suas criações pelo quarto. Às vezes ignorava sons altíssimos, mas reagia com violência aos estalidos de uma folha de celofane. O cheiro de uma flor recém-colhida podia deixá-la descontrolada ou fazê-la refugiar-se em seu mundo interior. Somente quando já tinha quase trinta anos conseguiu dar um aperto de mão e olhar nos olhos de outra pessoa. Construiu uma “máquina de abraço” para pressioná-la sem o desconforto intenso que um outro corpo humano provoca nela. O grau de autismo de Temple Grandin não é o mais alto, e por isso o mundo que ela criou não se parece com uma fortaleza onde ninguém pode entrar.
Temple se tornou uma profissional extremamente bem-sucedida. Projeta equipamentos e instalações para a pecuária. Todos os corredores e currais que desenha são redondos, pois o gado tem mais facilidade em seguir um caminho curvo – primeiro porque, não vendo o que há no fim do caminho, fica menos assustado; segundo porque o desenho curvo aproveita o comportamento natural do animal, que é descrever círculos. Ela faz uma analogia: com as crianças autistas é preciso agir do mesmo modo, isto é, trabalhando a favor delas, ajudando-as a descobrir e desenvolver seus talentos ocultos. De certa forma, esta autobiografia nos diz que as pessoas todas podem se tornar menos “estranhas”.
Nota da página: Essa expressão usada por Temple Graudin foi utilizada pelo neurologista Oliver Sacks como título de um dos seus livros mais famosos: “Um antropólogo em marte“. Para quem, como eu, tem interesse por neuropsicologia, esse é um dos autores mais indicados pois, como excelente escritor, é capaz de descrever com maestria casos de extrema complexidade. Foi baseado em um de seus livros que o filme “Tempo de despertar” (estrelado por atores como Robert de Niro e Robin Willians) foi realizado.
Segunda nota: A história de Temple também foi gravada em cinema com o filme “Temple Graudin” lançado em 2010. No filme o enfoque é dado a como Temple revolucionou as práticas para o tratamento racional de animais em fazendas e abatedouros.
A extraordinária história real de Jean-Dominique Bauby, editor da revista ELLE que, aos 43 anos, sofreu um derrame que paralisou todo seu corpo, com exceção do seu olho esquerdo. Preso em um corpo sem movimento, mas completamente lúcido, ele se adapta para contar sua incrível história de vida.
Essa história mostra como a empatia de um profissional é capaz de proporcionar a ponte que liga uma pessoa lúcida, mas prese em um corpo inerte, de volta a realidade.
Ainda me arrepio ao lembrar das descrições do livro quanto a realidade do autor e de seu mundo paralelo de fantasias. Uma aprendizagem incrível para nos lembrar que NUNCA, jamais devemos subestimar o poder de compreensão de uma pessoa esteja ela no estado em que estiver.
Para os cinéfilos a boa notícia é que o filme homônimo foi lançado em 2007 e também pode ser encontrado.