Perceba como comentários maldosos afetam a vida das pessoas

Perceba como comentários maldosos afetam a vida das pessoas

A Hypeness publicou há um tempo o trabalho da ilustradora radicada na Polônia  Katarzyna Babis. Nelas podemos ver as representações de algumas situações em que pessoas fazem comentários estúpidos sem ter a real noção do quanto eles podem afetar a pessoa que é alvo das palavras.

Veja os desenhos, reflita e nos diga se você já escutou ou falou algo parecido. As traduções e provavelmente a primeira publicação do material em português foi feita pelo pessoal do Papo de Homem.

Agradeço aos colegas das páginas supracitadas e tomo a liberdade de reproduzir as imagens, afinal, nunca é tarde para que aumentemos nossas próprias consciência, divulguemos coisas boas e exercitemos a nossa empatia.

contioutra.com - Perceba como comentários maldosos afetam a vida das pessoas

contioutra.com - Perceba como comentários maldosos afetam a vida das pessoas contioutra.com - Perceba como comentários maldosos afetam a vida das pessoas contioutra.com - Perceba como comentários maldosos afetam a vida das pessoas

 

contioutra.com - Perceba como comentários maldosos afetam a vida das pessoas contioutra.com - Perceba como comentários maldosos afetam a vida das pessoas

10 coisas para deixar para trás antes do Ano Novo

10 coisas para deixar para trás antes do Ano Novo

Por SHANNON KAISER

Já estamos na reta final de 2018: época de mudar de ares e de energia. Dezembro é um mês importante porque prepara o terreno para o próximo ano . Use esse tempo para refletir sobre seus objetivos e entre nessa nova fase com foco e clareza!

Este é um momento ideal do ano para se liberar de velhos padrões de pensamento, medos, relações, situações e coisas que não lhe servem mais.

Ao invés de gastar tempo com o que não está mais funcionando, direcione toda a sua energia para o que está indo bem e se concentre no que você quer.

Aqui estão 10 coisas para deixar para trás antes de 2019.

1. Deixe de pensar que você tem menos do que merece.

Tudo o que você já fez até hoje o (a) ajudou a se tornar quem você é. Se ainda não está contente, movimente-se, mas não fique estagnado (a) com pena de si mesmo (a).

2. Abandone todos os padrões de pensamento que o (a) prendem.

Negatividade nunca trouxe flores para ninguém. Será que não está na hora de ser mais positivo (a) e fazer as coisas aconteceram para realizar seus sonhos?

3. Esqueça a ideia de que tudo o que você quer está “Longe de mais”.

 

Nossos objetivos devem ser traçados em metas a curto, médio e longo prazo. É importante que tenhamos objetivos mentais gradativos para que percebamos e valorizemos nossos progressos ao longo do tempo.

Todos os contratempos são apenas temporários, mas as lições aprendidas são para sempre e sempre farão parte da sua história. Aliás, você já conheceu alguém interessante que não contasse uma boa história de fracasso e superação?

4. Deixe de lado a necessidade de ter tudo planejado.

Essa não é uma contradição ao item anterior e sim uma soma. Ter metas dever ser como olhar para um horizonte onde você quer chegar, entretanto, o caminho apresentará diversos cenários que podem atrasar ou até mesmo mudar todo o rumo de seus objetivos. Você NUNCA será capaz de controlar tudo e querer fazê-lo só te deixará para trás.

5. Deixe de lado a ideia de que as coisas não estão dando certo para você.

Algumas coisas podem realmente não ter saído como você queria, mas pode ter certeza, muitas outras saíram. Preste atenção se você não está valorizando apenas as falhas e momentos ruins.

6. Pare de perguntar “por que” isso está acontecendo com você.

Em vez disso, pergunte o que você pode aprender com a situação e fazer diferente para acertar.

7. Abandone a necessidade de controlar os resultados.

Às vezes, a real felicidade estará apenas na capacidade de usufruir do que se tem.

8. Pare de acreditar que você e seus erros são a mesma pessoa.

Não existem erros, apenas o crescimento. Os erros não definem uma pessoa ao menos que ela se identifique com eles.

9. Abandone a necessidade de estar certo (a).

Tentar provar aos outros que eles estão errados não lhe faz bem. Em vez disso, concentre-se em si e alinhe-se com seus objetivos maiores. Deixe que o tempo encarregue-se de mostrar quem está certo. Quando você está confiante em suas próprias escolhas, você não tem que provar nada.

10. Deixe de pensar que é tarde demais para você.

Seus sonhos sempre serão importantes. Siga o seu coração, e você será livre.

Por SHANNON KAISER 

Traduzido e adaptado por Josie Conti

Do original: 10 Things To Let Go Of Before The End Of The Year

No ano passado, Mario Quintana

No ano passado, Mario Quintana

No ano passado…

Já repararam como é bom dizer “o ano passado”? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem…Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse “tudo” se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraodinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um despacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte:

“Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados”.

Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos…

Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição – morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.

Mario Quintana

“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.”

“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.”

Por Josie Conti

Mãos que tocam, que lavam, que bordam e que buscam…

Mãos que ensinam, que acariciam e que salvam…

Mãos presentes em almas ausentes.

Mãos famintas, bem vindas ou enrugadas.

Mãos que sorriem e elevam…

“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.”

Carlos Drummond de Andrade

contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Elle Elskamp
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Drummer, Senegal
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Eric Rose
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Glitter hands by KPatouhas
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Hand of an Aboriginal artist (Papunya)
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Hands on green by Julia Trotti
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Les fleurs et les filles by Silvia Maria
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Memorie tramandate by Giovanni
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
My Father and My Son, 1969 by Raghu Rai
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Nadav Kander
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Onomichi, Japan, 2005 by Donata Wenders
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Peter Mussels and Pierrick Moulès
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Ralph Stanley’s fingers on his banjo by Jim Herrington
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
The composition of myself by Meg Reilly
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Untitled by Betina La Plante
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
We hold the future by Irene Suchocki
contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."
Young woman touching straws by Mark Korecz

contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo." contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo." contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo." contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo." contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo." contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo." contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo." contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo." contioutra.com - "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."

Todas as imagens foram selecionadas do álbum de Jude W. no Pinterest.

O milagre da intenção tem 4 folhas

O milagre da intenção tem 4 folhas

Por Josie Conti e Nara Rúbia Ribeiro

Ao contrário do que muitos pensam, as boas intenções podem sim operar milagres.

Existem momentos na vida em que sincronismos ocultos ganham vida e fazem com que vidas se cruzem.

Isso acontece quando recebemos um abraço quando mais precisamos, quando pensamos em alguém especial e a pessoa nos liga ou mesmo quando sinceramente desejamos algo bom a alguém e a pessoa e alguma forma entende e recebe toda aquela energia boa: a energia do amor.

As pessoas sempre buscaram formas de demonstrar seus afetos e intenções:

[quote_box_left]Diz a lenda que no ano de 200 antes de Cristo, mestres, juízes e sacerdotes na Inglaterra e Irlanda consideravam o trevo de quatro folhas sagrado por formar a imagem da CRUZ pelas quatro folhas, significando perfeita unidade e equilíbrio. Ou seja, para eles, achar um trevo de quatro folhas era não ter dificuldades na vida, apenas SORTE e SUCESSO.Além da imagem da Cruz, cada folha também possui um significado, que pode ser interpretado de algumas maneiras, por exemplo, como as quatros estações do ano, as quatro fases da Lua, os quatro elementos da Natureza e ainda traz um significado de: Esperança, Fé, Amor e Sorte.[/quote_box_left]

O erro humano, entretanto, sempre foi deslocar o poder da intenção pessoal e genuína para o objeto utilizado para representá-la.

Recentemente o padre Fábio de Melo recebeu uma forte reprimenda da Igreja Católica após exaltar a necessidade de que as pessoas voltassem sua fé e intenção para Deus. Sua crítica, que não foi bem aceita, pedia que as pessoas diminuíssem o culto a objetos como medalhinhas ou mesmo a Maria, mãe de Jesus, quando o mesmo acontece de maneira consumista e exagerada e perde-se o sentido da fé.

Boas intenções são atos de sutileza, delicadezas não relacionadas a um valor monetário e funcionam a medida que, quem as recebe, está aberto para a mudança.

Abaixo a história de um trevinho de 4 folhas que levou a alguém as mais sinceras intenções:

[quote_box_center]

Ter sorte, na minha opinião, não é uma escolha do destino. Ter sorte depende da escolha cotidiana de estar ao lado dela. Na minha casa em Floripa, nascem trevos de 4 folhas e  há 4 anos fui para França e levei 500 trevos comigo. Na época pretendia vende-los pois planejava comprar equipamentos para realizar um sonho de ser Dj. Mas já na segunda noite em Paris uma menina foi até a casa onde eu estava com amigos. Sua expressão era profundamente triste e, durante a conversa, ela nos relatou que fazia 4 meses que estava desempregada , sem dinheiro já pedia até ajuda na rua…

Demos comida a ela e antes que ela fosse embora eu lhe entreguei um dos meus trevos de quatro folhas.  Junto com o trevo presenteei-a com as melhores intenções de que as coisas melhorassem em sua vida. Frente a sinceridade do gesto, ela começou a chorar e a dizes, ainda incrédula, que há 4 dias tinha desenhado um trevo e que agora estava ganhando um trevo de verdade de alguém que nem conhecia. 
Feliz ela foi embora com um sorriso e um entusiasmo que mexeu muito comigo. Ela exalava esperança!
No dia seguinte, quando saí para ir ao supermercado, ao invés de entrar no primeiro que encontrei, senti-me motivado a continuar. Caminhei por cerca de 30 minuto quando vi um mercado do outro lado da rua. Quando lá entrei, deparei-me com a mesma menina. Ela correu em minha direção e me um grande abraço enquanto contava que tinha acabado de voltar de uma reunião e tinha conseguido um emprego!!!
A cena seguinte, para quem viu, foi a de dois jovens abraçados e chorando em profundo reconhecimento.

Depois daquele dia não consegui vender os trevos e comecei a entregá-los às pessoas que passavam pelo meu caminho. Hoje, 4 anos depois, ainda me dedico a isso…Criei uma fanpage chamada Rede Trevo do Amor onde compartilho as incríveis histórias que foram surgindo. Essa foi a maneira mais pura e verdadeira que encontrei de demonstrar meu amor!
Cauê Sagae de Oliveira

[/quote_box_center]

Seja com um trevinho, com um abraço ou mesmo um olhar terno, a intenção direcionada e sincera, atingi seu objeto, basta que o outro esteja atento e aberto para recebê-la.

contioutra.com - O milagre da intenção tem 4 folhas

Nota da CONTI outra: A história acima foi reproduzida neste espaço com a autorização de Cauê Saga de Oliveira.

Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Por Josie Conti e Nara Rúbia Ribeiro 

A arte dá voz e traduz realidades que muitas vezes podem parecer sem sentido.

O trabalho de street art que o premiado fotógrafo francês JR vem desenvolvendo pelo mundo nos últimos anos apresenta a colocação de painéis gigantes com fotografias de pessoas que moram em localidades socialmente excluídas. JR torna visível o “invisível” através de verdadeiras galerias de arte a céu aberto: favelas do Rio de Janeiro como as do Morro da Providência, ruínas em Xangai, a periferia de Paris e comunidades de Serra Leona, na África são alguns exemplos de alguns dos lugares onde esse artista humanista dá olhos a quem precisa ser visto e, com esses olhos, mostra ao mundo que há vida e que ela tem uma força maior do que qualquer exclusão.

Já o brasileiro Joilson Kariri é professor, escritor e traz em si a capacidade sublime de dar voz à realidade nacional. Em seu recém lançado livro “A noite do despejo”, descreve a história de uma noite marcante nas vidas dos miseráveis moradores de uma favela fundada por Dado, narrador dos fatos, e Júlio, quando toda a favela se vê ameaçada de despejo por uma ordem judicial.

Não bastasse isso, percorre uma outra noite ainda mais sombria: a noite das almas daquela gente que tivera desabrigados os sonhos já mirrados pela vida.

Abaixo a intersecção de olhares e palavras mostram nosso objetivo de chegar a essência.: do olhar a fala, do impessoal ao pessoal, do invisível ao presente.

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri
Morro da Providência- Rio de Janeiro

Aqui não se esmorece, senão morre. E morre de jeito ruim, que é um morrer em que se segue respirando. Tenho pra mim que Calixto morreu dessa morte malvada. Ele é agora só um morto que respira, que grunhe dores e só conversa pelos olhares.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Na sala, Calixto ainda era um alheado, falando só pelos olhos, que diziam de um querer de morte. A perna aleijada, cheia de arames, repousava esticada por cima de uma almofada velha. Os remédios deixados ali do lado, sobre uma cadeira, serviam para tirar umas dores e dar outras mais doloridas, lá na alma.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Paramos diante de um barraco onde duas crianças disputavam um chiclete mastigado. A menina nos olhou com grandes olhos de susto, desistindo da disputa. O menino, um pouco menor, enfiou depressa a borracha suja na boca de dentes falhados. (…)Subimos até o asfalto. Júlio agora guardava para si as queixas da fome depois de ver as crianças disputarem a borracha imunda do chiclete achado.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Eu sabia o que ela ia me contar, sabia já do destino que a filha se dera. Priscila se dera para o mundo, pra vida difícil e pros homens famintos de amores pagos, caíra na imundice do mundo pela única brecha que lhe coube passar. 

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

A vida enrola e a morte desenrola, era o que sempre dizia Carminho, esclarecendo que lá na frente uma se emendava com a outra. E quando esse encontro acontece, a morte toma o serviço da vida, mas recusa as cargas e as agruras. Carminho era sabido, mas também enganador.  

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

De repente se ouve um batuque surdo, depois outro, e outros mais. Com os cassetetes os homens da polícia dão nos escudos, numa percussão aterrorizante. O mundo estremece, as pessoas estremecem. Os cães abandonam a vadiagem de capturar moscas nas poças de lama, e correm assustados.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Prosseguiu desenrolando o novelo das lembranças, contou de outras vivências dificultosas, de desemprego, doenças e fome, das tentativas desesperadas de se acertarem em outros cantos. E essas coisas ela contava como quem se esvazia, botando pra fora numa ânsia de se livrar logo, mas saía dela e me adentrava pelos ouvidos cansados, e me enchia. 

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Quase já não se via nenhuma sobra das claridades da tarde. A noite aos poucos chegava para o serviço de escurecer o mundo.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Agora a garoa era quase uma chuva, tingindo de branco o escurecido da noite. Eles mandaram cortar a energia da favela. Desci novamente o morro apinhado de casebres, dessa vez por outra viela estreita e lamacenta, me apoiando nos barracos ao mesmo tempo em que tentava em vão me proteger da garoa.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Calixto não, esse não sonhava com nada, pois só desejava era morrer, eu acho. Ainda temos nos desmantelos dessa vida um arco-íris lá nos horizontes, que perseguimos sem nunca alcança-lo, mas que corremos atrás como gatos que tentam agarrar uma réstia de luz, mas ele, coitado, não tem é nada, nem o horizonte.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Priscila se desgastava no banho, se esfregando, se ensaboando e se esfregando, numa desordem sem sentido, querendo limpar a dignidade maculada. Isso nunca ia dar jeito, tem sujeira do mundo que se dá é na alma da gente, gruda ali como piche derretido, que não se dilui com água e sabão.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Esse terreno todo aqui é casa de João de barro e vocês é que são os periquitos. Deus fez a terra para todo mundo, cada um com seu pedaço. Mas esse pedaço é de outro filho dele, não é de vocês.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

Mas ele era só um morto de alma aprisionada num corpo vivo, que males lhes seriam mais danosos? E amanhã então é que estaria mais morto, enfeando as ruas com suas misérias, esperando a vez de mastigar um bocado de comida qualquer, desejando que fosse o último.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri
Street art de JR às margens do Senna, Paris

A mãe se arriou, foi se desmoronando pela parede até encolher-se toda num montinho de gente no chão, as mãos cobrindo o rosto que já fora bonito. Doeu-me aquela música, me doeu muito. O preto aleijado nem me olhava mais, voltara seus olhos mortiços para o fogo da vela.

“A noite do despejo”– Joilson Kariri

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri
Imagem do projeto “Women are heroes, Sierra Leone
contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri
JR_Shanghai

Mas a atuação do artista francês JR vai muito além da exposição dos painéis gigantes. Seu trabalho tem um fundo humanitário, e seu projeto mais recente, “Women are Heroes” é uma denuncia à situação dramática a que são submetidas as mulheres africanas como mostra o vídeo abaixo.

TRAILER ” WOMEN ARE HEROES” from SOCIAL ANIMALS on Vimeo.

contioutra.com - Vejam o que acontece quando combinamos a street art de JR e os textos de Joilson Kariri

 

Já para adquirir o livro “A noite do despejo” acesse  No Facebook- Sertão Urbano ou envie e-mail diretamente para [email protected]

Saiba mais sobre Joilson Kariri

+ JR– página oficial

 

“A Lógica da Criação”, de Oswaldo Montenegro. Trecho do filme “Solidões”

“A Lógica da Criação”, de Oswaldo Montenegro. Trecho do filme “Solidões”

Lançado em 2013, o filme “Solidões”, dirigido e estrelado por Oswaldo Montenegro apresenta as histórias cruzadas de diversas pessoas solitárias: uma mulher (Vanessa Giácomo) que recusa o contato com qualquer ser humano desde que perdeu a memória, o Demônio (Oswaldo Montenegro) errante com saudades de Deus, uma mulher no bar cujo namorado nunca chega, um cantor sertanejo que não obtém sucesso na cidade grande e um palhaço idoso, ainda em atividade. (dados da sinopse)

Abaixo a música “A Lógica da Criação” com cenas do filme.

Boa viagem!

Josie Conti


A música foi um presente -indicação de Fernanda Rodrigues

Gostou dessa música? Compartilhe!

As Vagas e os Lumes de Mia Couto

As Vagas e os Lumes de Mia Couto

Por Nara Rúbia Ribeiro

Confesso que sempre que me deparo com qualquer obra nova do Mia eu me sinto um tanto conturbada. Ansiosa pela leitura, não raro a procrastino, ou começo a ler e não concluo de imediato, postergando, sempre. Desta vez não foi diferente. Recebi, há alguns dias, o livro “Vagas e Lumes”, de Mia Couto. Hoje, após concluir a leitura, devo dizer que o livro me surpreendeu.

Apesar de ter nascido em Moçambique, um dos países mais pobres do mundo, marcado por profundas desigualdades sociais e assolado, na segunda metade do século passado, por duas grandes guerras, Mia Couto sempre nos traz, na noite escura que permeia toda a sua obra, algum luzeiro de esperança. No livro “Vagas e lumes” esse luzeiro aparenta ter sido momentaneamente ofuscado na dor, na dúvida, na saudade.

O poeta que sempre celebrou o sua condição de ave “em alguma vida fui ave”, hoje, no poema “autobiografia”, prefere esconder suas asas que, talvez, sejam afrontosas aos circunstantes, posto que onde nasceu “há mais terra que céu./Tanto leito é uma bênção/para mortos e sonhadores”.

Mia Couto sofreu a perda do pai em janeiro de 2013 e, em setembro deste ano, sua mãe também veio a falecer. O livro, parece-me, então, uma catarse. Um grito dilacerado. O seu modo de despedir-se dos seus. Assim o faz em “O habitante”, poema dedicado ao seu pai, no qual descreve as sensações de que inexiste a morte e a ausência do ser amado. Dirigindo-se diretamente ao pai, afirma o poeta: “Moras dentro”. Afinal, “só morre quem nunca viveu” – assinala no poema “Incertidão de óbito”. Acena a saudade de sua mãe, homenageia Drummond, João Cabral de Mello e Neto, Manoel de Barros e também Carlos Cardoso, seu amigo.contioutra.com - As Vagas e os Lumes de Mia Couto

Em “Vagas e lumes” o poeta continua a valer-se de metáforas muito suas. Sente-se árvore, no poema com o mesmo nome, assim como no poema Raiz.  Permanece pássaro, no poema “Gaiola”. É pedra no poema “Estátua”: “Da abandonada estátua/ partilho o mineral destino”.

Sua paixão pela água: rios, mares e lágrimas, encontra variados registros. Em “Exíguos Anseios”, o poeta balbucia: “Um redondo de lágrima me basta”.

O Tempo está sempre presente, mas o poeta sabe sondá-lo e diz, no poema “Idade”: “a idade que tenho/ só se mede por infinitos/ Pois eu não vivo por extenso”. Enquanto no poema “Errata”, Mia assegura: “Quem é mortal, mente”.

E Mia Couto, exímio contador de histórias, valeu-se dos poemas para contar algumas. Tal qual em “Guerra”, “O naufrágio”, “A vez e a voz”, “A bela e o espelho”, “A casa”, “A mulher insone” e “O homem que amava a estrada”.

A morte reina absoluta em “Vagas e lumes”. Nos primeiros 12 poemas do livro, só para termos uma noção da recorrência temática, tivemos mais de dez alusões diretas à morte. É uma  reflexão poética não sistematizada, caótica como a mente do poeta quando o coração sangra, sobre a vida, a morte que a integra e o pós-morte; a eternidade.

Assim como a morte é uma constante no livro, Deus também é. Esta última presença tão marcada me deixou de fato pensativa. A insistência em afirmar-se ateu, em demonstrar o seu descrédito na divindade, acaba por produzir um efeito invertido. Assim, do mesmo modo que seu pai é habitante da casa e habitante de seu íntimo sem que lá de fato o esteja, Deus também percorre todo o livro e o habita, sempre em letra minúscula: “deus”, mas onipresente.

No poema que dá nome ao livro, Mia Couto confessa:

“Há quem se deite

em fogo

para morrer.

Pois eu sou

Como o vagalume:

– só existo

quando me incendeio.”

Neste livro, embora se sinta vagalume, Mia me parece Fênix. Ave envergonhada de sua condição, ferida de morte na incandescência da vida, ardente em fogo, e em iminente ressurreição.

Material escolar: um assunto que nem sempre se encaixa

Material escolar: um assunto que nem sempre se encaixa

Por Adriana Vitória

É indiscutível. O Brasil definitivamente é um país que não tem nenhum comprometimento com a Educação.

Aqui, somos obrigados a colocar os nossos filhos em escolas particulares, com mensalidades que variam de 500 a absurdos milhares de reais porque, apesar dos altos impostos que pagamos, os governos das últimas décadas se esforçaram em deteriorar de tal maneira o ensino das escolas públicas que ficamos praticamente sem alternativa.

No começo do ano já sabemos, além da mensalidade e da taxa de rematrícula, também recebemos a lista de material escolar com itens que, muitas vezes, nossos filhos nem vão usar. Alguns dos materiais listados chegamos a nem conhecer.

Mas a coisa não para por aí, pois, além de todo esse abuso, e parece que já estamos acostumados com isso, ainda temos que gastar em torno de mil reais com apostilas, o que, na minha opinião, já é abuso demais!
Não sei nos outros Estados, mas no Rio a editora que reina no mercado é a FTD. Cada apostila gira em torno de noventa reais, enquanto um bom romance de 300 páginas custa, em média, quarenta e cinco reais.
Onde fazem estes livros? Será que são importados? Por mais que saibamos dos direitos autorais e outros recursos complementares disponibilizados online ainda não consigo deixar de me questionar sobre qual seria a margem de lucro nisso tudo. E reforço, eu mencionei uma editora, mas ela é só um exemplo do que acontece em escala nacional.

O pior de tudo isso é ver a atitude arrogante de pais que acham um absurdo a reciclagem desse material porque, embora se recusem a usar esses termos, pensam que aproveitar o material no ano seguinte para outra turma, é “coisa de pobre”. Não reciclar, sim, é pobreza de espírito e denota falta de compromisso com o equilíbrio ecológico em nosso planeta. Mas, claro! Bons exemplos vindos do chamado primeiro mundo são “fora de moda”, por isso continuamos sendo do terceiro mundo.

E me vejo falando sozinha quando reivindico o óbvio, porque nesta nação tupiniquim reivindicar também é coisa de pobre. E, enquanto a classe média assim entender, não só a Educação, mas todos os serviços essenciais do Estado estarão entregues às traças da corrupção, cabendo aos pobres infelizes que não conseguem custear tais serviços meras sobras, sujas e infectadas da miséria moral de quem nos governa.

Dá status gastar mil e duzentos reais em material escolar e é chique se calar diante dos absurdos.
Com certeza o dinheiro mudou de mãos, os valores éticos e morais foram invertidos e a Educação neste país virou coisa do passado. E, se me permitem uma última consideração, diria que aquele que pode, que tem voz e se cala, não se solidarizando com os seus, por mais que se julgue maior ou mais, mesmo que de tudo o que digo ache graça: ele também é traça.

Revisão de conteúdo: Nara Rúbia Ribeiro e Josie Conti

O mundo alcoolizado

O mundo alcoolizado

Por Gustl Rosenkranz

Sobre o álcool como droga do mundo moderno e a naturalidade de seu consumo excessivo

Foi no final da década de 60/no início da década de 70 que a Organização Mundial da Saúde iniciou estudos para provar que o cigarro faz mal à saúde, mas isso não foi fácil, pois, como tanto políticos como médicos fumavam, eles boicotavam os estudos, relativizando os perigos do fumo. Somente décadas depois isso foi possível, quando os fatos não podiam mais ser contestados. Hoje vivemos a mesma coisa em relação ao consumo excessivo de álcool, já que a maioria bebe, também políticos e médicos, e vemos uma contradição absurda: o cigarro é combatido com fervor (com razão, pois prejudica a saúde!), enquanto aceitamos ver as pessoas se destruindo aos poucos com bebidas alcoólicas. Proibimos propaganda de cigarros, mas vemos constantemente propagandas de bebidas, não raramente direcionada ao público jovem.

Escrevo sem qualquer moralismo. Acho que na vida não devemos demonizar nada e não me refiro a uma cervejinha ou um vinho de vez em quando. Refiro-me à naturalidade com que bebemos quase que diariamente, qualquer evento social tem hoje que ser “regado” com bebidas, muitas vezes bem fortes, as pessoas parecem que desaprenderam a se divertir sem se anestesiar com “água de fogo” e qualquer ocasião parece ser uma boa desculpa para beber e não raramente “encher a cara”. Preocupa-me a naturalidade do exagero, a bebida cotidiana, no almoço, no jantar, em qualquer balada de fim de semana. Conheço gente que não dança antes de tomar alguma coisa “para relaxar e criar coragem”, conheço gente que só se abre depois de beber, vejo gente que fica bêbada regularmente, consumindo álcool até cair pelos cantos, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo… E é isso que preocupa.

O fenômeno do consumo excessivo de álcool não afeta somente o Brasil ou a Alemanha, não é um fenômeno local, mas sim global, sendo inibido com algum sucesso somente em sociedades de extremo controle religioso. Mesmo em países onde se tenta uma inibição por lei, como nos países da Escandinávia, por exemplo, se bebe do mesmo jeito, escondido, contrabandeando, mas se bebe. Álcool é a droga do mundo moderno. E esse consumo excessivo tem seus efeitos, ainda negados pela sociedade, já que o vício coletivo, como qualquer outro vício, não quer de forma alguma ser inibido. E esses efeitos não são nada inofensivos, mesmo que muitas vezes só se manifestem anos depois. Aqui apenas um resumo dos principais:

  • Danos à saúde: O consumo de bebidas alcoólicas afeta praticamente todos os órgãos do organismo e está relacionado a mais de 60 doenças, cirrose hepática e pancreatite crônica são apenas algumas delas, sem falar dos riscos psicossociais, derrame, por ser um depressor do sistema nervoso central, alterações no sono, câncer no trato intestinal, bexiga, próstata e doenças cardiovasculares como a hipertensão e aterosclerose. Por gerar alterações fisiológicas no trato gastrointestinal, o consumo de álcool prejudica a absorção de nutrientes como as vitaminas do complexo B, vitamina D, além de interferir no metabolismo e aumentar a excreção de vitamina C, magnésio, zinco, selênio, podendo causar danos cerebrais graves. Pessoas que bebem regularmente tendem perder a vontade de praticar atividades físicas, o que só aumenta os riscos para a saúde. Também a estética sofre: o consumo de álcool afeta a pele devido a um estresse oxidativo que provoca a degradação do colágeno (responsável pela elasticidade da pele) e acúmulo de elastina (presentes na pele envelhecida). Álcool engorda, pois, à medida que envelhecemos, nosso metabolismo fica mais lento e o consumo a longo prazo do álcool compreende calorias em excesso que são convertidas em gordura, acumulando-se principalmente na região abdominal, o que pode aumentar também a incidência para doenças cardiovasculares. Também interfere na absorção do cálcio deixando os ossos mais frágeis, o que pode acarretar em fraturas ou mesmo na osteoporose. Associado ao cigarro, os danos do álcool aumentam ainda mais.
  • Distúrbios emocionais e problemas sociais: O consumo de álcool ocasiona a perda da inibição, sendo que pessoa intoxicada com álcool pode fazer coisas que normalmente não faria, como, por exemplo, dirigir um carro em alta velocidade ou provocar pessoas na rua. A pessoa pode ter seu humor afetado, ocasionando raiva, comportamento violento, tristeza, depressão e até mesmo suicídio. O risco de perda de memória pode ter consequências sérias, já que não saber mais o que fez em público pode ser traumatizante. A vida familiar do alcoolista sofre, ocasionando desentendimentos. A longo prazo, os filhos podem sofrer de problemas emocionais e relações íntimas e importantes podem ser totalmente destruídas. O consumo de álcool diminui a produtividade no trabalho, a assiduidade, podendo levar ao desemprego. A perda de controle sobre os próprios atos pode gerar conflitos sociais sérios, chegando até mesmo isolar a pessoa, o que, por sua vez, pode aumentar o consumo de álcool, formando um círculo vicioso, difícil de ser quebrado.
  • Aumento de perigo de acidentes: O consumo abusivo de álcool está diretamente ligado ao aumento de risco de acidentes de trânsito, quedas, queimaduras, ferimentos em atividades esportivas e recreativas e resultantes de violência interpessoal.

contioutra.com - O mundo alcoolizado

Não é uma coisa triste ver gente babando, vomitando, urinando em qualquer lugar, deitada por aí, procurando briga, falando besteira, se expondo ao rídiculo, dirigindo, causando acidentes, ferindo, matando, maltratando os filhos, etc., etc., em nome do álcool, usando-o como desculpa, sem se envergonhar desse papel? De forma alguma, estou supondo que quem consome álcool é automaticamente um alcóolatra e se verá necessariamente confrontado com os problemas acima citados. Mas o perigo existe, a depender da frequência com que se bebe, da predisposição pessoal ao vício, da qualidade e do tipo de bebida ingerida e do estilo de vida em geral. Álcool é uma droga que, como qualquer outra, pode causar dependência. E essa dependência pode ir se desenvolvendo aos poucos, sem que se perceba. Como se trata de uma droga aceita socialmente, pode ser que um alcóolatra e as pessoas à sua volta só percebam o problema já tarde demais, quando a saúde já foi afetada de forma irreversível e uma libertação do vício só seja possível através de internamento e ajuda de profissionais.

Repito que não há moralismo no que escrevo. Não julgo ninguém e acho que não há nada demais em tomar uma bebida alcóolica de vez em quando, mas deixo meu apelo à inteligência de cada um: não exagere, fique atento e reaja quando perceber que está perdendo o controle e que a bebida já faz parte “inseparável” de sua vida, de seu dia-a-dia. Quer beber, beba, mas beba com moderação, ciente dos riscos e, se você acredita que estou exagerando e que beber não é nada demais, lembre-se que o cigarro também era socialmente aceito como algo inofensivo até relativamente pouco tempo atrás. Ignorar um perigo, seja ele qual for, é a melhor forma de um dia ser vítima dele contioutra.com - O mundo alcoolizado

Links:

5 VILÕES DA DEPRESSÃO – Revista Viva Saúde

Consumo exagerado de álcool traz danos à saúde – Jornal A Tarde

Que danos o álcool faz para os nossos corpos? – Portal da Saúde

Alcoolismo – Prof. Dr. Mario Rodrigues Louzã Neto

ALCOOLISMO – ABC da Saúde

Efeitos à saúde causados pelo álcool e status global de doenças – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA)

Alcohol – Organização Mundial da Saúde (inglês)

Foto: www.huffingtonpost.de

A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

Por Josie Conti

Beleza, simplicidade e apreço aos detalhes da vida são temas comuns entre pessoas sensíveis.

A profundidade do pensamento é encontrada na luz natural que dá ênfase as cores e as ideias, a relação com a natureza é valorizada e delicadamente apresentada.

Assim é a combinação de dois mestres da arte:  Fernando Pessoa e Vicente Romero Redondo.

Permitam-me um convite para uma viagem sensitiva por um mundo de imagens inspiradoras e pelas diversas vozes de Fernando Pessoa:

E, perdoem-me os insensíveis,

Mas eu SINTO muito.

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não se dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta, é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“Tudo quanto fazemos, na arte ou na vida, é a cópia imperfeita do que pensamos em fazer. Desdiz não só da perfeição externa, senão da perfeição interna; falha não só à regra do que deveria ser, senão à regra do que julgávamos que poderia ser. Somos ocos não só por dentro, senão também por fora, párias da antecipação e da promessa.”

Fernando Pessoa

 

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“A maioria pensa com a sensibilidade, e eu sinto com o pensamento.
Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é o desumano porque o humano é imperfeito.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“O pensamento pode ter elevação sem ter elegância, e, na proporção em que não tiver elegância, perderá a ação sobre os outros. A força sem a destreza é uma simples massa.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos.”

Fernando Pessoa

 

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“Sinto-me nascido a cada momento / Para a eterna novidade do Mundo…”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“Tenho em mim todos os sonhos do mundo.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“O fim da arte inferior é agradar, o fim da arte média é elevar, o fim da arte superior é libertar.”

Fernando Pessoa

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

“Para viajar basta existir.”

Fernando Pessoa

 

contioutra.com - A combinação de textos de Fernando Pessoa com as obras de Vicente Romero Redondo é algo que você precisa ver

+  Vicente Romero Redondo

Cinco verbos da sorte para a virada do ano

Cinco verbos da sorte para a virada do ano

Por Nara Rúbia Ribeiro

A virada do ano é aquela hora em que você para e reavalia a vida. Olha as metas traçadas no final do ano anterior e não raro percebe que deixou muito a desejar e se culpa, e se angustia, e escreve uma tonelada de metas para o ano vindouro.

Quero propor, aqui, uma pequenina meditação quanto à existência, a virada do ano e as metas a serem traçadas. Proponho cinco verbos (da sorte):

1 – Agradecer. Gratidão por todas as oportunidades que surgiram ao longo de 2015. De tudo o que vivemos, fica uma lição para a vida toda. As escolhas que fizemos, certas ou “erradas”, fazem parte de nós. Aceitá-las é parte importante do aprendizado no Caminho.

2 – Perdoar. Primeiro, perdoar-se: eis um ato de profunda e inequívoca libertação, pois nada nos prenda mais que aquela culpa talvez silenciosa que nos agride constantemente a alma com acusações infrutíferas.

Somos ainda meninos, não importa a idade que tenhamos, a ensaiar os primeiros passos na senda da solidariedade e da compreensão. Tropeçar, cair, ralar os joelhos, esbarrar nos coleguinhas, isso tudo é cenário do nosso Jardim da Infância existencial. Se bem observarmos, nossos erros sequer deveriam ofender-nos, desde que o nosso coração esteja aberto ao aprendizado em face do comportamento equivocado.

Segundo, você quer mesmo ficar remoendo as dores causadas pelos esbarrões, mordidas, cotoveladas dos seus colegas do Jardim da Infância? Saiba que quando crescer, você rirá de todas essas coisas. Então, se você se ofendeu, o melhor é perdoar logo.

contioutra.com - Cinco verbos da sorte para a virada do ano

3 – Saber-se. Conhecer a si mesmo é a chave para libertar, em nós, a ave aprisionada da ignorância. Saber o que nos move. O que nos estagna. O que nos enternece. Saber o porquê de nossas dores, a origem do sofrimento, a origem da esperança, os alicerces da fé… Isso é o que nos liberta.

4 – Desejar o essencial. O mundo em que vivemos é uma fábrica ininterrupta de vaidades vazias. Nele, o desejo de ter o supérfluo tem causado severas doenças emocionais.

Para grande parte dos homens, você só é na medida em que você tem posses materiais. Então o homem crê nessa inverdade e cria necessidades falsas, originadas na competição e no individualismo, e isso nada de bom nos acrescenta.

Desejemos, pois, o essencial. Aquilo que nos seja imprescindível à alegria: que haja crianças correndo no jardim, cheiro de café fresco logo ao levantar da cama, nuvem engraçada do céu… pão, água, teto, alegria e esperança, e que você possa dividir tudo isso com alguém, pois as essências, sempre que divididas, multiplicam-se.

5- Ser você mesmo. No ano de 2.016,  seja VOCÊ MESMO! Conhecendo-se, perdoando-se, grato por existir, desejoso do essencial e sempre apto a buscar a sua própria essência, em sintonia com a Vida, com o próximo, com o Planeta.

 Afinal, você é, a um só tempo, o lapidador e o diamante. Joia rara, cara e única com que o Universo presenteou a Humanidade. Estilhaço de estrela… Centelha invisível do raio mais perfeito do Sol. Que o seu 2016 tenha a sorte de contar com você!

O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas

O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas

Michel Rauschercontioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas é um pintor francês, autodidata, nascido em Alsace.

Grande viajante, ele leva sua infinita curiosidade para as regiões que o fascinavam. Lá ele busca cor, luz e autenticidade. Como mostram as imagens abaixo, sua predileção para o continente Africano.

Os poemas que intercalam as obras foram selecionados por Nara Rúbia Ribeiro e representam a voz da poesia feminina africana.


contioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas
Michel Rauscher

Éramos tu e eu

Éramos eu e tu
Dentro de mim
Centenas de fantasmas compunham o espectáculo
E o medo
Todo o medo do mundo em câmara lenta nos meus olhos.

Mãos agarradas
Pulsos acariciados
Um afago nas faces.

Éramos tu e eu
Dentro de nós
Suores inundavam os olhos
Alagavam lençóis
Corriam para o mar.
As unhas revoltam-se e ferem a carne que as abriga.

Éramos tu e eu
Dentro de nós.

As contracções cada vez mais rápidas
O descontrolo
A emoção
A ciência atenta
O oxigénio
A mão amiga
De repente a grande urgência
A Hora
A Violência
Éramos nós libertando-nos de nós.
É nossa a dor.

São nossos o sangue e as águas
O grito é nosso
A vida é tua
O filho é meu.

Os lábios esquecem o riso
Os olhos a luz
O corpo a dor.

A exaustão total
O correr do pano
O fim do parto.

Dina Salústio

contioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas
Michel Rauscher

Infelizmente jamais

No instintivo temor das ruas
Maria hesitava nos passeios
até não pressentir
o mais fugaz
presságio.

Contorno de sombra
à berma de uma além –asfalto
fatal presságio da rua
infelizmente já não
a intimida.

Cumprido o funesto prenúncio
já atravessava uma avenida
infortunadamente já nenhum risco
intimida o espírito
de Maria.

Doentiamente eu amaria ver
Maria ainda amedrontada
e nunca como depois
em que já nada a intimida.

Noémia de Sousa

contioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas
Michel Rauscher

Testamento

À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro…
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda…
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus…
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada…
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor…
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora…
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua…

Alda Lara

contioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas
Michel Rauscher

Adorno

Toda a noite chorei na casa velha
Provei, da terra, as veias finas,
Um nome um nome a causa das coisas
Eu terra eu árvore eu sinto
todas as veias da terra
em mim e
o doce silêncio da noite.

Ana Paula Tavares

contioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas
Michel Rauscher

Meu Moçambique

Minha África suburbana.
Eu sei-me Moçambique,
cisterna no pecúlio dos deuses.
Um Zambeze inteiro escala a língua
escorre-me pelas pernas
ramifica nos canhoneiros,
laça os peixes inquietos nas sementes
engolfa-se nos mpipis bêbados nas timbilas.
Eu sei-me Moçambique,
no cume das árvores, na sede incontinente
da minha falange, do Rovuma ao Incomati,
no xigubo terrestre dos pés descalços
e em todos os tambores que surdem
das mãos coloridas nos braços em chaga.

Tânia Tomé

contioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas
Michel Rauscher

Minha casa, minha Africa

Lembra-me Africa
O sol escaldante queimando a pele negra dos homens nos campos
O rosto reluzente das crianças, a cada sorriso branco refletido no olhar delas, correndo pela imensidão do mundo lançado papagaios(pipa)

Lembra-me Africa
Aquelas mulheres lavrando a terra, com os seus filhos atados ao colo
Elas buscando agua a milhas de distancia

Lembra-me Africa
As historias contadas pelos avos a volta da fogueira, ao cair da noite
As danças rítmicas ao som do tambor, corpos suados, espíritos dançantes no centro da roda

Lembra-me África
Aquele o chilrear dos pardais, o roncar dos galos, a morte do milho no pilao ao beijar da alvorada

Lembra-me África
Aqueles mistos, negros, albinos, brancos, num abraco fraterno de manter a união
Bebendo água ardente para estreitar suas relações diplomáticas

Lembra-me Africa
A unica casa de onde as raízes permanecerão vivas no sangue

Hera de Jesus

contioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas
Michel Rauscher

Construção Horizontal

Na tangente horizontal do olhar escrevo a matéria
num ápice desdobro o silêncio das coisas
e sem me levantar no tempo
moldo os cometas.

Hirondina Joshua

contioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas

Motivo

Tudo o que vês
não é nada:
ou uma nuvem
ou uma palavra.

Tudo o que ouves
nada mais é:
o vento é lesto
e corre breve.

O que não vês
nem sabes mesmo
é que importava
se houvesse tempo.

Glória de Sant’Anna

contioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas
Michel Rauscher

NOVEMBER WITHOUT WATER

Olha-me p´ra estas crianças de vidro
cheias de água até às lágrimas
enchendo a cidade de estilhaços
procurando a vida
nos caixotes de lixo.

Olha-me estas crianças
transporte
animais de cargas sobre os dias
percorrendo a cidade até os bordos
carregam a morte sobre os ombros
despejam-se sobre o espaço
enchendo a cidade de estilhaços.

*

Chegas
eu digo sede as mãos
fico
bebendo do ar que respiras
a brevidade

assim as águas
a espera
o cansaço.

Ana Paula Tavares

contioutra.com - O cotidiano da África na pintura de Michel Rauscher e na voz de poetisas africanas
Michel Rauscher

Seleção de imagens Josie Conti.

+ Nara Rúbia Ribeiro

+ Michel Rauscher– página oficial

Você achou esse conteúdo relevante? Compartilhe!

INDICADOS