Gilda de Murilo Mendes: poema sobre maldições através do nome

Gilda de Murilo Mendes: poema sobre maldições através do nome

Por Alan Lima

Usamos substantivos para conseguirmos falar de uma coisa na ausência da mesma. Não tenho o mundo inteiro no momento, mas ao utilizar “mundo” consigo trazê-lo até aqui, a este texto, através de sua representação.

Há, além dessa característica, entranhada na evocação, outra ainda mais espetacular. O substantivo tem a façanha de conferir atributos aos seres que dele se apropriam. Por exemplo, Ronaldo era Ronaldo, mas quando virou Ronaldo Fenômeno entrou na lista de grandes esportistas.

Esse mecanismo de interação entre o nome e o nomeado, é discutido no Poema Gilda do poeta mineiro Murilo Mendes. Com pessimismo, os versos atribuem os fracassos de uma família ao batismo de seus membros.

Se por acaso, você se chama Gilda, ou carrega substantivos de maldição, por favor, não esquente. A língua é viva e é possível reinventar os significados impostos pela nossa história. Basta procurar aquele terapeuta maneiro e também, quem sabe, encomendar de algum poeta  um poema bendizendo seu nome.

Gilda

Não ponha o nome de Gilda

na sua filha, coitada,

Se tem filha pra nascer

Ou filha pra batisar.

Minha mãe se chama Gilda,

Não se casou com meu pai.

Sempre lhe sobra desgraça,

Não tem tempo de escolher.

Também eu me chamo Gilda,

E, pra dizer a verdade

Sou pouco mais infeliz.

Sou menos do que mulher,

Sou uma mulher qualquer.

Ando à-toa pelo mundo.

Sem força pra me matar.

Minha filha é também Gilda,

Pro costume não perder

É casada com o espelho

E amigada com o José.

Qualquer dia Gilda foge

Ou se mata em Paquetá

Com José ou sem José.

Já comprei lenço de renda

Pra chorar com mais apuro

E aos jornais telefonei.

Se Gilda enfim não morrer,

Se Gilda tiver uma filha

Não põe o nome de Gilda,

Na menina, que não deixo.

Quem ganha o nome de Gilda

Vira Gilda sem querer.

Não ponha o nome de Gilda

No corpo de uma mulher.

As estações do cérebro e outros trabalhos da coleção “Nature”, de Igor Morski

As estações do cérebro e outros trabalhos da coleção “Nature”, de Igor Morski

Quais os mistérios que guardamos em nossas mentes? Como as alterações de humor afetam nossa visão de mundo e relação com a vida?

Igor Morski é um ilustrador e artista gráfico polonês que se utiliza frequentemente da temática do que “temos guardados dentro de nossas mentes” no desenvolvimento de seus trabalhos criativos.

Atualmente, ele mantém seu foco de trabalho em técnicas mistas em artes gráficas ,com base na manipulação de fotos , desenhos e, recentemente, também em 3D.

As estações apresentadas abaixo encontram dentro da coleção “Nature”.

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Primavera

 

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Verão

 

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Outono

 

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Inverno

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Sozinha
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Encontro
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Selva

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A caligrafia da chuva

A caligrafia da chuva

Quando chove – entre nós – é sinal de um milagre que se avizinha, diz-se; e hoje choveu bastante. Cá dentro reverbera o murmúrio da chuva; seus traços oblíquos e líquidos, o seu falar intermitente. É pois o fio da sua húmida caligrafia, o redesenhar do destino a cada badalada do seu sino. A metamorfose, o renovar, o vivificar; é tudo quanto se espera depois da chuva preencher o chão com a sua escrita.

A chuva representa em muito a esperança, seja de uma boa colheita ou de uma sementeira promissora. As pessoas campestres – como eu – gostam da chuva, para além de atenuar o calor que por aqui se faz e humedecer a relva para os pastos, a chuva é por si só um sinal, um símbolo de fertilidade e de fartura. Um sentimento de alívio ressoa sempre que chove: haverá, de certeza, água para um, dois ou três dias, e os banhos não mais serão austeros, e as flores envoltas ao quintal libertar-se-ão da esquálida magreza imposta pelos fulminantes raios do sol.

[quote_box_left]Um sentimento de alívio ressoa sempre que chove[/quote_box_left]

A chuva só deixa de ser boa quando inunda tudo em volta, quando chove torrencialmente ou quando faz transbordar os rios, deslizando a terra ou quando arrasa os vales, derruba as pontes e viadutos. Aí sim, causa tristeza e torna-se um bem desnecessário! Aliás, diz o ditado que tudo em excesso faz mal.

Há vezes que ocorre cruzarmo-nos com um parente ou um amigo que o tempo há tanto nos separara e dizemos convictos “hoje vai chover”, porém não é a chuva – fenómeno físico ou natural – que esperamos mas queremos apenas enfatizar o encontro, o seu lado “miraculoso”.

Conota-se com isso a falta da chuva, a saudade, a secura que é isso, e traduzimos, portanto, na falta que esse parente ou amigo nos faz.
Hoje choveu muito, eu dizia, e um cinzento esbateu-se por dentro, tão baço quanto era o próprio dia. Quanto era, digo, porque, súbito, o telefone tocou:

– Alô, quem fala?

E uma lâmpada acendeu a vela memorial de tempos idos, tempo antigo, em que o amor tinha outro sabor.

Fosforesceu o dia em mim, e de repente uma vontade de me molhar, de dançar à chuva.

A chuva fez tanto sentido e, enquanto pingava, era como se o fizesse no tecto do meu coração. Uma pessoa que eu tanto quero bem sem saber que a mim ela quisesse também, ligou-me e isso era tudo o que faltava para o meu dia explodir de beleza, nesses dias que só a nostalgia e velhas lembranças dão sentido ao meu viver.

Álvaro Taruma, escritor moçambicano

O texto acima foi publicado na CONTI outra com autorização do autor.

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Sete erros dos pais na hora de impor limites

Sete erros dos pais na hora de impor limites

Por Renata Losso

“Filho, se você não parar com isso agora…”. Muitos pais já devem ter usado esse conhecido início de frase em tentativas frustradas de impor limites aos filhos. Logo depois, pode seguir uma ameaça de palmada ou de castigo. Funcionaria? Provavelmente não. Ser permissivo tampouco é uma solução…

– Não faça ameaças se não for cumpri-las.
– Não ceda por sentimento de culpa.
– Evite recompensas.
– Não dê ordens dúbias para a criança.
– Seja firme e paciente.
– Não se prolongue demais nas explicações.
– Não insista se não tiver razão.

Os equívocos mais comuns dos adultos quando as crianças precisam ouvir um “não” – e as dicas para evitá-los

“Filho, se você não parar com isso agora…”. Muitos pais já devem ter usado esse conhecido início de frase em tentativas frustradas de impor limites aos filhos. Logo depois, pode seguir uma ameaça de palmada ou de castigo. Funcionaria? Provavelmente não. Ser permissivo tampouco é uma solução.

Para os pais não acharem que estão em um beco sem saída, listamos alguns dos erros mais comuns cometidos nestas horas. Saiba quais são e como evitá-los.

1. Não faça ameaças se não for cumpri-las

Antes de dizer que o filho desobediente ficará sem sorvete até o ano que vem, os pais precisam pensar – de verdade – se poderão cumprir a promessa. Ameaçar e não cumprir, para o psicólogo Caio Feijó, autor do livro “Pais Competentes, Filhos Brilhantes – Os Maiores Erros dos Pais na Educação dos Filhos e os Sete Princípios Fundamentais para Prevenir essas Falhas” (Novo Século Editora), gera filhos que perdem o respeito pelos pais. Se ele não se comportou direito, melhor vetar aquela festinha do amigo que está próxima – e cumprir – do que proibir que ele jogue videogame para sempre.

Dica: Transforme ameaças em avisos, passando a mensagem sem violência.

2. Não ceda

Não vale ser indulgente com a indisciplina do filho porque você trabalha fora e se sente culpada, nem por achar que ele deixará de amá-la – medos bem comuns, segundo a psicóloga Dora Lorch, autora do livro “Superdicas para Educar bem seu Filho” (Editora Saraiva). Se uma posição foi determinada, não volte atrás. A postura, segundo Caio Feijó, é essencial para as crianças não serem tão resistentes com os limites impostos.

Dica: Leve em consideração se o seu filho está passando por um momento difícil – como a perda de um animal de estimação.

3. Evite recompensas

O comportamento adequado não é uma moeda de troca. Os pais não devem prometer um brinquedo novo para o filho se comportar em um restaurante. “Dessa forma ele acreditará que tudo na vida se resolve negociando”, afirma a psicóloga e pedagoga Regina Mara Conrado, autora do livro “Filhos e Alunos sem Limites: Um Desafio para Pais e Professores” (Editora WAK) ao lado de Lucy Silva.

Dica: Não coloque a recompensa como um prêmio, mas saiba reconhecer a boa conduta da criança com palavras. Presentes não são proibidos, mas o psicólogo e terapeuta familiar João David Cavallazzi Mendonça sugere dá-los só às vezes.

4. Não dê ordens dúbias para a criança

Para o psicoterapeuta e educador Leo Fraiman, os pais que não decidem juntos os padrões da educação do filho cometem um grande erro. Se a mãe diz que o filho não deve ir dormir mais tarde em dia de jogo do time preferido e o pai acaba deixando, a criança não irá entender o que deve fazer.

Dica: Os pais devem decidir as regras a dois – e cumpri-las.

 

5. Seja firme e paciente

Frustrar a criança a ajudará a lidar com as adversidades da vida no futuro. “Dizer ‘não’ é prerrogativa e obrigação dos pais quando necessário”, diz Caio Feijó. Portanto, os pais devem ser firmes em suas ações e não deixar para resolver um problema depois que ele já passou. Resolver de cabeça quente também não adianta: diante de um comportamento inadequado, insista e, se necessário, conte até mil. Mas sempre evite dizer que a criança é malcriada e não faz nada direito.

Dica: “É mais seguro sugerir que aquilo que ela fez foi errado e é melhor não se repetir”, diz João David.

contioutra.com - Sete erros dos pais na hora de impor limites6. Não se prolongue demais nas explicações

De acordo com Regina Mara Conrado, é importante pontuar o porquê dos limites, mas não é necessário contar uma novela enquanto a criança reluta. “Se os pais se estendem na justificativa, acabam se perdendo e cedem à insistência da criança”, diz.

Dica: Seja claro e objetivo sobre por que a criança ouviu um “não”, mas adapte a explicação à capacidade de compreender dela.

7. Não insista se não tiver razão

Existem coisas que não se obriga. Se seu filho não gosta das aulas de judô, não há razões para insistir. Dora Lorch recomenda aos pais perceber quando a criança precisa de acolhimento em vez de imposição. Ela pode estar sendo intransigente por estar sofrendo bullying na escola, por exemplo.

Dica: Esteja próximo a seu filho para saber diferenciar indisciplina de apreensão.

Fonte: www.delas.ig.com.br, via Antroposofy

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O afogado mais bonito do mundo, por Rubem Alves

O afogado mais bonito do mundo, por Rubem Alves

 (De novo o silêncio. E, de novo, a voz de outra mulher… “Essas mãos… Como são grandes! Que será que fizeram?” )

SOU ANTROPÓFAGO. DEVORO livros. Quem me ensinou foi Murilo Mendes: livros são feitos com a carne e o sangue dos que os escreveram. Os hábitos de antropófago determinam a maneira como escolho livros. Só leio livros escritos com sangue. Depois que os devoro, deixam de pertencer ao autor. São meus porque circulam na minha carne e no meu sangue.

É o caso do conto “O afogado mais bonito do mundo”, de Gabriel García Marquez. Ele escreveu. Eu li e devorei. Agora é meu. Eu o reconto.

É sobre uma vila de pescadores perdida em nenhum lugar, o enfado misturado com o ar, cada novo dia já nascendo velho, as mesmas palavras ocas, os mesmos gestos vazios, os mesmos corpos opacos, a excitação do amor sendo algo de que ninguém mais se lembrava…

Aconteceu que, num dia como todos os outros, um menino viu uma forma estranha flutuando longe no mar. E ele gritou. Todos correram. Num lugar como aquele até uma forma estranha é motivo de festa. E ali ficaram na praia, olhando, esperando. Até que o mar, sem pressa, trouxe a coisa e a colocou na areia, para o desapontamento de todos: era um homem morto.

Todos os homens mortos são parecidos porque há apenas uma coisa a se fazer com eles: enterrar. E, naquela vila, o costume era que as mulheres preparassem os mortos para o sepultamento. Assim, carregaram o cadáver para uma casa, as mulheres dentro, os homens fora. E o silêncio era grande enquanto o limpavam das algas e liquens, mortalhas verdes do mar.

Mas, repentinamente, uma voz quebrou o silêncio. Uma mulher balbuciou: “Se ele tivesse vivido entre nós, ele teria de ter curvado a cabeça sempre ao entrar em nossas casas. Ele é muito alto…”.

Todas as mulheres, sérias e silenciosas, fizeram sim com a cabeça.

De novo o silêncio foi profundo, até que uma outra voz foi ouvida. Outra mulher… “Fico pensando em como teria sido a sua voz… Como o sussurro da brisa? Como o trovão das ondas? Será que ele conhecia aquela palavra secreta que, quando pronunciada, faz com que uma mulher apanhe uma flor e a coloque no cabelo?” E elas sorriram e olharam umas para as outras.

De novo o silêncio. E, de novo, a voz de outra mulher… “Essas mãos… Como são grandes! Que será que fizeram? Brincaram com crianças? Navegaram mares? Travaram batalhas? Construíram casas? Essas mãos: será que elas sabiam deslizar sobre o rosto de uma mulher, será que elas sabiam abraçar e acariciar o seu corpo?”

Aí todas elas riram que riram, suas faces vermelhas, e se surpreenderam ao perceber que o enterro estava se transformando numa ressurreição: um movimento nas suas carnes, sonhos esquecidos, que pensavam mortos, retornavam, cinzas virando fogo, desejos proibidos aparecendo na superfície de sua pele, os corpos vivos de novo e os rostos opacos brilhando com a luz da alegria.

Os maridos, de fora, observavam o que estava acontecendo e ficaram com ciúmes do afogado, ao perceberem que um morto tinha um poder que eles mesmos não tinham mais. E pensaram nos sonhos que nunca haviam tido, nos poemas que nunca haviam escrito, nos mares que nunca tinham navegado, nas mulheres que nunca haviam desejado.

A história termina dizendo que finalmente enterraram o morto. Mas a aldeia nunca mais foi a mesma.

Rubem Alves

Dica da Conti outra: Conheça o Instituto Rubem Alves e acompanhe seus projetos.

Dica de livro: Sete Vezes Rubem (Fruto do trabalho de uma década, esta obra reúne sete livros de Rubem Alves publicados pela Papirus entre 1996 e 2005.)

Diversos artistas transformam um hospital em Londres em um espaço mais colorido e divertido

Diversos artistas transformam um hospital em Londres em um espaço mais colorido e divertido

Por 

Fonte indicada Mistura Urbana

Sons, imagens e cheiros de um hospital podem fazer do espaço um lugar terrível para a maioria das pessoas, especialmente para as crianças. Mas, quem disse que um hospital tem que ser sempre assim? Pensando em fazer do hospital um ambiente mais agradável e colorido, a Vital Arts, uma organização de artes britânica que é encarregada de introduzir arte nos hospitais da Grã Bretanha reuniu 15 artistas, que juntos deram uma cara mais colorida e divertida ao local.

O Hospital de Londres Royal Children tornou-se mais divertido, e apesar de ser um pouco limitado pelo fato de que ambientes hospitalares precisam ser fáceis de limpar, os artistas usaram diversas técnicas, vinil, cerâmica, madeira, criando as diferentes alas.

As criações trazem elementos do circo, art deco, cultura asiática, orgânico e muitos outros. O objetivo de toda essa criatividade é trazer um pouco mais de alegria e esperança no dia a dia das crianças, e tornar o espaço com mais vida e mais acolhedor; fazer do hospital um pouco menos hospital, e um lugar onde pais, pacientes e enfermeiros possam se sentir mais relaxados, estimulados e em um ambiente para levantar o humor.

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Vídeo de 2 minutos demonstra o real significado da palavra INCLUSÃO

Vídeo de 2 minutos demonstra o real significado da palavra INCLUSÃO

Moradores de um bairro em Istambul aprenderam a língua dos sinais para surpreender Muaharrem, um dos seus vizinhos, que é surdo e usa essa linguagem para se comunicar.

Sem saber, Muaharrem participou da gravação de um comercial sobre o primeiro centro especial de atendimento a pessoas com deficiência auditiva da Samsung.

No dia marcado, ele foi caminhar com sua irmã e ficou surpreso ao ver tantas pessoas desconhecidas conseguindo falar com ele.

O vídeo foi filmado no final de dezembro e compartilhado no YouTube na semana passada.

Desde então, foi assistido milhões de vezes: basta assistir que você entenderá o motivo.

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As esculturas de Bob Quinn esperam por seu olhar

As esculturas de Bob Quinn esperam por seu olhar

Nascido em 1948, o escultor irlandês Bob Quinn teve uma longa carreira como artista comercial , designer e como chefe de uma empresa de design e produção de sucesso .

Ele agora trabalha em tempo integral como um escultor .

Como podem ver abaixo, as esculturas de Bob Quinn esperam por seu olhar!

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Como é o mundo do meu terceiro filho, Sávio, portador da Síndrome de Asperger

Como é o mundo do meu terceiro filho, Sávio, portador da Síndrome de Asperger

Por Lourival Antonio Cristofoletti

Amigos, estou compartilhando a informação sobre Asperger para que entendam um pouco sobre a vida de alguém acometido pela Síndrome. Vou me expressar amparado no que observo no meu filho: toma remédios controlados desde que nasceu, tem muita ansiedade e inocência, tem pensamentos repetitivos – muitas vezes obsessivos  e dificuldade de noção espacial (nem sempre sabe que direção tomar quando sai de casa).

Uma inquietação incrível para as manifestações artísticas: embora não tenha domínio das técnicas (transparece certa ingenuidade), quer fazer e experimentar diferentes possibilidades artísticas: compor músicas, criar gêneros musicais através de fusões dos já existentes, pesquisar vários idiomas (alemão, italiano, além dos tradicionais inglês e espanhol). É, também, quadrinista, desenhista, escultor, pesquisador das culturas japonesa, latina, popular, filosofia e de 78 gêneros musicais – e muitas outras coisas.

Coleciona cartas de jogos, lacres das latas de refrigerante, cartões telefônicos, tampas de garrafas, revistas, gibis, tudo em grande quantidade. Prefere comprar livros de pessoas que você não sabe que existem (e olha que eu leio muito), falando de assuntos que não chamariam a sua atenção (Legislação do Senado, por exemplo).

Somente vai sozinho a lugares já conhecidos e geralmente precisa ser acompanhado ou pelo menos deixado em eventos e depois alguém vai buscá-lo (muitas vezes esse cara sou eu): vai de ônibus a alguns lugares mais previsíveis e seguros. É tímido, tem dificuldade de comunicação com estranhos.

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SV COSPLAY DANIEL BOONE

Adora participar dos “Animes” (não perde um e jeito nenhum: já o levei em Guarapari, Coqueiral de Itaparica, e nos mais variados bairros de Vitória) e eles acontecem quase que uma vez por mês: eu o levo às dez da manhã e ele fica lá até às dezenove horas.

Nesses eventos tem concurso Cosplay (os concorrentes vão fantasiados de personagens predominantemente de desenhos animados da cultura japonesa: ele participa de todos, alternando os personagens Daniel Boone, Harry Porter, Cowboy Italiano). Tem, também, Animekê (um tipo de karaokê oriental), estandes de vendas de camisetas com estampas de Personagens e Bandas afins, palcos de músicas pop e rock, dentre outras atrações, jogos de cartas tipo RPG (e um Bazar de troca e venda dessas cartas). Um público fiel desses eventos são os profissionais de T.I. (é comum eu encontrar quase uma dezena de alunos a cada evento).

Quando quer ir a algum lugar, não me pede diretamente (à exceção da ida aos Animes). Faz-me indagações do tipo: “Pai … sabe que ônibus eu pego para ir a tal lugar?” (e é no fim do mundo, em que teria que pegar 2 ou 3 ônibus); “Pai … você vai passar perto de tal lugar?”. E geralmente eu o levo de carro aonde quer ir. Para ele, quando discorda da mãe, em qualquer situação, eu sou o Juiz: minha decisão fica valendo, sem reclamar.

Não se limita a escrever estórias: ele cria uma personagem que fala castelhano uruguaio com outra que fala português castiço, só para dar um exemplo. Já escreveu centenas de histórias (e até há pouco tempo, registrava todas, para preservar os direitos autorais, pois tem uma preocupação de ser plagiado). Seus personagens têm nomes singulares e seu traço é inimitável e único: o dia em que eu tiver coragem vou providenciar a criação de produtos (canecas, camisetas) com a obra dele.

Leva muito a sério tudo o que eu falo (que vira Lei para ele): tenho consciência da minha imensa responsabilidade nesse aspecto e procuro ter a competência possível que minha maturidade permite. Pede as coisas para mim, mas não força a barra: tem um alto grau de aceitação quando ouve “Não”. Após minha resposta às suas perguntas frequentes, geralmente diz: “Certo, pai. Obrigado”.

Nem sempre pensa nas consequências das coisas que quer fazer ou faz. Quando eu lhe pergunto: “Pensou nesta consequência?” – alertando-o dos riscos -, invariavelmente diz: “Pior que não”. Quando lhe perguntam, você está bem, responde: ” Um pouco”.

Exige muito de mim, em termos de paciência: eu me esforço sempre, mas não com a competência necessária. Faz-me perguntas de toda ordem: escolha de nome e nacionalidade de personagens, qual vestimenta combina mais, apresenta-me três palavras para eu dizer a diferença entre elas, etc. Exige de mim variados exercícios de empatia, de orientá-lo quando faz alguma coisa errada nas redes sociais.

Às vezes fico indignado e tenho dificuldade de controlar minhas ações para não perder a linha com garotos imbecis que o perturbam, xingam, fazem Bullying, criam páginas fakes (falsas) dele, fazem posts depreciativos. Atormentam-no sem que ele tenha feito nada para provocá-los. O pior é que são covardes: quando eu os confronto ou falo com os seus pais, eles negam tudo.

Ele mora a uma distância de 200 metros de casa, com a mãe e tem apoio total dela para tudo (um amor incondicional, protetor),que faz o impossível por ele. Sávio recebe, também, muita atenção dos tios e primos maternos.

Tem uma vontade muito grande de “vencer” nessas atividades que executa e não aceita com naturalidade que parentes, principalmente os mais próximos, não se entendam bem e não gostem de ficar juntos. Pede a minha opinião para tudo: liga para mim mais de uma vez ao dia e me manda mensagens, e-mails, fazendo as consultas mais inusitadas. Sempre que acho necessário, dou uns “choques de realidade” nele, para que entenda as limitações que tem.

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“As aventuras dos investigadores Albert & Einstein”, revistas de Sávio

Eu brinco dizendo que, dentre outras habilidades, ele é portador de uma incrível “cultura inútil”, pois sabe detalhes das bandeiras dos países, curiosidades da língua portuguesa, conhece dados biográficos não tão relevantes de personalidades, pesquisa sobre história, geografia em geral, muitas vezes trilhando o viés dos assuntos, ou seja, coisas que passam despercebidas para a maioria.

Entendo que o Sávio seja um belo exemplo para os portadores de necessidades especiais, pois batalhou, por iniciativa própria e estará lançando – na noite do dia 27-03-15, sexta feira, nas instalações da Livraria Logos, no Shopping Norte-Sul, em Vitória/ES – dois livros (revistas em quadrinhos), em decorrência de seu projeto ter sido selecionado pela Lei Rubem Braga (ele que acreditou no potencial da obra e inscreveu esses dois trabalhos), que incentiva a publicação de livros de autores capixabas ou aqui radicados. No mínimo, ele é uma lição de vida.

contioutra.com - Como é o mundo do meu terceiro filho, Sávio, portador da Síndrome de Asperger
Na imagem eu e meu filho Sávio, hoje com 30 anos.

 

Saiba mais: Sávio Christi no Facebook

Lourival Antonio Cristofoletti, colunista Conti outra

LOURIVAL  ANTONIO CRISTOFOLETTI

contioutra.com - Como é o mundo do meu terceiro filho, Sávio, portador da Síndrome de AspergerPaulista de Rio Claro e residente em Vitória/ES. É mestre em Administração pela UnB – Universidade de Brasília, Analista Organizacional e Consultor em Recursos Humanos. Atualmente atua como professor na Graduação e MBA na FAESA – Faculdades Integradas Espírito-Santenses; Instrutor na UFES – Universidade Federal do ES e na ESESP– Escola de Governo do ES.

Livro publicado: COMPORTAMENTO: INQUIETAÇÕES & PONDERAÇÕES
Livraria Logos (vendas pelo site)

E-mail de contato: : [email protected]
No Facebook: Lourival Antonio Cristofoletti No Instagram: lourivalcristofoletti

Veja como a pintura de Van Gogh representa uma alteração de percepção possível em um surto psicótico

Veja como a pintura de Van Gogh representa uma alteração de percepção possível em um surto psicótico

Às vezes é necessário que uma vida se passe para que uma simples conclusão seja tomada. Outras constatações podem levar séculos.

O físico Werner Heisenberg uma vez disse, “Quando eu encontrar Deus, vou fazer-lhe duas perguntas: ‘Por que a relatividade?’ e ‘Por que a turbulência?’. Acredito que ele terá uma resposta para a primeira”.

Com essa frase o alemão não estava desafiando Deus, mas mostrando como é matematicamente complexo entender a turbulência. E é aqui que Vincent van Gogh  entra nessa história.

Durante as alterações perceptivas ocorridas nos surtos psicóticos de pintores como Vincent van Gogh e Munch, os mesmos eram capazes de perceber e representar o fenômeno da turbulência pois provavelmente “viam” o que representavam.

O vídeo abaixo mostra que a genialidade de Van Gogh vai além das Artes e auxilia até mesmo na compreensão da natureza.

Fonte indicada: Awebic

Quem conhecer mais sobre VAN Gogh? Visite nossas outras postagens!

Liberdade, por Cecília Meireles

Liberdade, por Cecília Meireles

Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm levantado estátuas e monumentos, por ela se tem até morrido com alegria e felicidade.

Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam “Liberdade, Igualdade e Fraternidade! “; nossos avós cantaram: “Ou ficar a Pátria livre/ ou morrer pelo Brasil!”; nossos pais pediam: “Liberdade! Liberdade!/ abre as asas sobre nós”, e nós recordamos todos os dias que “o sol da liberdade em raios fúlgidos/ brilhou no céu da Pátria…” em certo instante.

Somos, pois, criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.
Ser livre como diria o famoso conselheiro… é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo de partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho… Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autômato e de teleguiado é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Suponho que seja isso.)
Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes.

Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sonho das crianças deseja ir (As vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso…)
Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!…) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento! …

Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.
E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos! …

São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.

Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que falam de asas, de raios fúlgidos linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel…

Texto extraído do livro “Escolha o seu sonho”, Editora Record  Rio de Janeiro, 2002, p. 07.

Uma animação sobre quando o nosso “tempo” tinha mais valor (deliciosamente nostálgico)

Uma animação sobre quando o nosso “tempo” tinha mais valor (deliciosamente nostálgico)

Um animação sobre quando a rua era cenário de interação social e as pessoas mantinham seu interesse voltado para o que acontecia além de seus “próprios umbigos”

Deliciosamente nostálgico!

Granny (ბებო) é uma animação do diretor Sandro Katamashvili.

ბებო (Granny) from 20 Steps Productions on Vimeo.

Um homem de um olho só

Um homem de um olho só

Por Lúcia Costa

É que todos tinham dois olhos, mas ele, apenas ele, não podia dormir com o par de pálpebras cerrados; nascera apenas com um olho, o esquerdo, no espaço do olho direito, havia uma escuridão.

Na infância, os amigos zombavam, xingando-lhe de “caolho”, “esquerdinha”, “lanterna queimada”. Nunca se importou muito com essa algazarra; via o igual e não sentia a necessidade que o direito lhe corrigisse por uma razão simples: como sentir falta de algo que nunca teve? Sentia desejo por um olho direito, não falta.

Cresceu, cursou faculdade, conheceu o amor pelas costas, chorou único a dor que é de muitos: o desprezo de quem nos parece arco-íris. Ainda se apaixonou uma meia dúzia de vezes, também lhe foi negado o perfume do corpo, o lábio molhado, o suor do enlace.

Trabalhou muito, comprou casa, adotou um cão, adotou a idosa mãe, enterrou o pai dois meses depois. Sentiu perder uma de suas pernas, aquela que lhe mostrou o passo primeiro dos homens. Chorou em desespero, e o olho-escuridão derramou a única lágrima que conseguiu formar. A lágrima entardeceu e escureceu enquanto rolava pelo rosto magro. No olho direito, milhares de lágrimas eram manhãs.

Usou óculos escuros, uma fenda de pirata durante o carnaval, um boné esquisito que camuflava o parente esquerdo. Agora desejava dois olhos, agora que já tinha visto todo o Mundo e definia bem as cores, agora que não lhe faltava reconhecimento geométrico e sabia onde se acumulavam essências masculina e feminina, agora que sabia que o menino, mais tarde, é o homem.

A mãe enxugou-lhe a lágrima no olho único e fechou para sempre os próprios. O cão acompanhou sua companheira idosa até a última morada e decidiu residir entre as cruzes.

Ele não era mais um homem de um olho só, era o homem de um olho só, só. Considerou sua casa uma lápide esquerda, o amor, uma vereda à esquerda. Morreu do lado esquerdo, tombou do lado esquerdo e foi enterrado à esquerda da mãe, de onde lhe espiava, com dois olhos bem abertos, o cão.

Respeito romântico, por Fabrício Carpinejar

Respeito romântico, por Fabrício Carpinejar

Eu amo tanto minha mulher que temo dizer que estou feliz quando estou sem ela. Até porque não sou inteiro mesmo. Não considero justo. Não condiz com à realidade.

No momento em que ficamos distantes, por viagem ou motivos profissionais, não esnobo, não me gabo, não exagero a felicidade. A saudade não deixa.

Respondi que o passeio foi dentro das expectativas, o restaurante foi gostoso, a noite com os amigos foi agradável. Nada demais. Não faço propaganda da minha eventual saída, não existe nostalgia da autonomia de solteiro, muito menos a necessidade de gerar ciúme e criar comparações. A discrição é demonstrar cuidado com o nosso par.

Não omito, realmente não me sinto confortável em ser melhor quando ela não está junto. E não sou. Sou um quase bem simpático.

É uma questão de respeito romântico. Elogiar excessivamente o desapego equivale a subestimar sua presença tão marcante ou subentender que ela não é necessária.

É uma questão de respeito romântico. Elogiar excessivamente o desapego equivale a subestimar sua presença tão marcante ou subentender que ela não é necessária.

Não me envergonho da dependência, posso ser classificado como alguém sem liberdade e submisso. Alguém sem vida própria. Não acho que é isso. Talvez seja antiquado, herdei valores familiares e uma etiqueta de relação que não abdico. Privacidade corresponde a proteger quem amamos de nosso orgulho e soberba. Escolhi viver com ela e, apesar de afastado por alguns dias, continuo vivendo com ela. Longe ou perto, não mudo em nada da minha mentalidade casada.

Qual a graça de contar vantagem? Nenhuma. É mais uma implicância do que uma verdade.

Há sempre uma ponta de melancolia em minhas andanças sozinho, uma brisa fria a sussurrar em meus ouvidos o quanto ela gostaria daquele espaço.

Eu me torno um olheiro sentimental de nosso casamento, conheço paisagens e locais só para depois mostrar para ela. Minha função é recrutar alegria para nós – e descobrir o que provocará seu arrebatamento. Transformo a visita solitária em convite a dois: “Passei por um lugar que vai adorar, pensei na gente”.

E o mais bonito é que ela faz o mesmo, sem jamais combinarmos a troca de gentilezas.

Fabrício Carpinejar

Publicado originalmente na Revista IstoÉ Gente

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