Tatiana Belinky: “A própria existência dos meus pais me educou”

Tatiana Belinky: “A própria existência dos meus pais me educou”

“A importância da Educação na minha vida? Qual é a importância da educação na vida de quem quer que seja?

Eu tive uma infância muito interessante, tive um pai performático que lia para mim, dizia poesia, falava cinco línguas! Minha mãe cantava em várias línguas também e lia livros de todos os assuntos, desde novelas até a revolução. Havia livros pela casa toda, nunca vi avôs e avós sem livro na mão. Aprendi a ler com quatro anos e a escrever com cinco, e isso para mim foi educação.

Quando vim para o Brasil, meus pais me levaram para ouvir música, ir ao balé, ao solista, à opereta, à orquestra. Tive uma vida muito interessante e agitada para criança. Comecei a ler e escrever muito cedo, em casa, de tanto ouvir meus pais, decorava. Meu pai lia uma vez e eu já sabia de cor. Aprendi brincando.

Sou canhota, comecei a escrever com a esquerda e meu pai disse para experimentar a outra. Experimentei e deu certo e hoje sou ambidestra: eu tenho a esquerda e a direita que escrevem, cortam o bife, ajudam.

Continuo agora com livros e crianças. Educação é isso. A própria existência dos meus pais me educou. Eles não me ensinavam nada. Eu via tudo. Lia e ouvia. Todo mundo lia e todo mundo conversava. Meus pais nunca me apontaram: faça isso, faça aquilo, era a vida de todo dia que era assim, educacional, naturalmente. Você me pergunta o que é Educação e não dá nem para responder. É só tudo!”

Fonte indicada: Educar para Crescer

contioutra.com - Tatiana Belinky: "A própria existência dos meus pais me educou"

Tatiana Belinky (1919-2013) é um dos principais nomes de nossa literatura infanto-juvenil.  Com mais de 270 livros publicados entre traduções, adaptações e obras inéditas. Tatiana nasceu na Rússia em 1919, mas mudou-se para o Brasil com apenas dez anos de idade, acompanhando os pais.

Você achou esse conteúdo relevante? Compartilhe!

Nem o Alzheimer apaga o abuso infantil

Nem o Alzheimer apaga o abuso infantil

Alzheimers” é um comercial português premiado com o Leão de Ouro na categoria Educação Pública do Festival de Cannes 2006.

Agência: Leo Burnett Lisboa Anunciante: Institute for Support of Abused Children Produtora: Republika Brasil Diretor do filme: Carlos Manga Junior Música: Indigo

Fonte indicada: Gerontologia

Você achou esse conteúdo relevante? Compartilhe!

Uma lenda do Polo Norte: sobre a importância da palavra

Uma lenda do Polo Norte: sobre a importância da palavra

Conta uma lenda esquimó que na aurora do mundo não havia qualquer diferença entre homens e animais: todas as criaturas viviam em harmonia sobre a face da Terra, e cada uma podia transformar-se na outra, a fim de entendê-la melhor. Os homens viravam peixes, os peixes viravam homens, e todos falavam a mesma língua.

“Nesta época”, continua a lenda, “as palavras eram mágicas, e o mundo espiritual distribuía fartamente suas bênçãos. Uma frase dita ao acaso podia ter estranhas consequências; bastava pronunciar um desejo que este se realizava”.

Foi então que todas as criaturas começaram a abusar deste poder. A confusão se instalou, e a sabedoria se perdeu.

“Mas a palavra continua mágica, e a sabedoria ainda concede o dom de fazer milagres a todos que a respeitam”, conclui a lenda.

Essa lenda foi recontada pelo escritor Paulo Coelho em sua coluna no Globo.

contioutra.com - Uma lenda do Polo Norte: sobre a importância da palavra

Você achou esse conteúdo relevante? Compartilhe!

Meu nome é Lisa: uma filha de 13 anos que cuida da mãe com Alzheimer

Meu nome é Lisa: uma filha de 13 anos que cuida da mãe com Alzheimer

“Como uma menina de 13 anos pode lidar com a necessidade de ser a cuidadora da mãe com doença de Alzheimer? Nem sempre o cuidador familiar de um adulto  dependente é alguém que está preparado  para assumir esta função , mas quando se trata de uma criança a situação pode ser ainda mais especial.

Filmado em Pasadena na Califórnia, este curta-metragem de 6 minutos  retrata com grande sensibilidade , um cotidiano  que  pode ser mais  frequente do que se pensa: a necessidade de crianças lidarem com as emoções e a responsabilidade de cuidar de um familiar que apresenta transtornos cognitivos ou comportamentais.  Produzida pelos irmãos Ben e Josh Shelton, a obra foi premiada como o melhor curta do youtube em 2007 e já  teve mais de 3,5 milhões de acessos on line. Também recebeu indicações para premiação em Cannes e  no Chicago Intl. Children’s Film Festival dentre outros.” (Gerentologia em Pauta)

Ficam claros o desgaste frente à repetição, a luta para esclarecer os equivocos, a revolta em cuidar de quem deveria estar cuidando mas, acima de tudo, o zelo e a preocupação de alguém que saber que a pessoa amada precisa de ajuda.

Você achou esse conteúdo relevante? Compartilhe!

DESEJO-TE TEMPO, por Elli Michler

DESEJO-TE TEMPO, por Elli Michler

DESEJO-TE TEMPO
Elli Michler

Não te desejo todos os presentes do mundo.
Apenas te desejo aquilo que mais falta faz:
Desejo-te tempo para rires e seres feliz,
e, se ajudar, para dares também algo em troca.

Desejo-te tempo para ações e pensamentos,
não só para ti, mas também para os outros.
Desejo-te tempo, não para pressas e correrias,
mas tempo para que brote a verdadeira felicidade.

Desejo-te tempo, não apenas para esbanjares.
Desejo que os teus dias transbordem
de momentos maravilhosos e de confiança absoluta,
em vez de te fixares na lentidão dos ponteiros do relógio.

Desejo-te tempo para alcançares as estrelas,
e tempo para cresceres, para atingires a plenitude.
Desejo-te tempo para novas esperanças, para viver.
Pois não adianta deixar esse tempo para depois.

Desejo-te tempo para descobrires
felicidade em cada hora, em cada dia.
Desejo-te tempo e até pessoas para perdoar.
Desejo simplesmente que tenhas tempo para viver.

contioutra.com - DESEJO-TE TEMPO, por Elli Michler

Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita

Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita

A artista plástica portuguesa Maria Rita esbanja delicadeza em suas obras. Em seu atelier, em Minde, utiliza-se de diversos matérias e técnicas para dar dimensões aos seus mais variados sonhos.

Abaixo alguns exemplos de seu trabalho da coleção Lolitas. Para ver mais trabalhos e saber mais, visite seu site.

 

contioutra.com - Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita contioutra.com - Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita

contioutra.com - Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita

contioutra.com - Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita contioutra.com - Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita contioutra.com - Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita contioutra.com - Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita contioutra.com - Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita contioutra.com - Lolilas: um trabalho da artista plástica portuguesa Maria Rita

Você achou esse conteúdo relevante? Compartilhe!

DeclarAção, por Nara Rúbia Ribeiro

DeclarAção, por Nara Rúbia Ribeiro

Fica assegurado o direito à utopia.
E que as armas e os brasões da pátria respeitem
o nosso poder-dever de delírio.

Saibam que o nosso sonho
ganhou força em seus mil ocasos
e que hoje a sua voz
tem contornos de infinito.

Que o homem seja medido pela grandeza do que ama
e que sua estatura moral se registre
pelo tempo em que persevera
no estender de sua mão.

Que o sexo seja concebido sem pecado
e que todo homem seja nascido
do coração da Humanidade inteira.

Que tenhamos a decência de amar o humano
em sua grandeza ímpar, tenha ele a cor,
a dor ou nacionalidade que tiver.

E que nós, os loucos, os poetas
os sonhadores imprestáveis do mundo,
escrevamos um amanhã
que ainda pode ser hoje.

Nara Rúbia Ribeiro

contioutra.com - DeclarAção, por Nara Rúbia Ribeiro

Nara Rúbia Ribeiro: colunista CONTI outra

contioutra.com - DeclarAção, por Nara Rúbia Ribeiro

Escritora, advogada e professora universitária.
Administradora da página oficial do escritor moçambicano Mia Couto.
No Facebook: Escritos de Nara Rúbia Ribeiro
Mia Couto oficial

Você achou esse conteúdo relevante? Compartilhe!

Poesia através de parafusos

Poesia através de parafusos

Poesia através de parafusos: Um ferreiro evoca formas surpreendentemente humanas utilizando-se de parafusos. O Ferreiro e fotógrafo norueguês Tobbe Malm consegue criar esculturas extraordinariamente emocionantes usando parafusos antigos.

 

contioutra.com - Poesia através de parafusos contioutra.com - Poesia através de parafusos contioutra.com - Poesia através de parafusos contioutra.com - Poesia através de parafusos contioutra.com - Poesia através de parafusos contioutra.com - Poesia através de parafusos

 

Editorial CONTI outra.

Você achou esse conteúdo relevante? Compartilhe!

Amor sob medida

Amor sob medida

Por Luis Gonzaga Fragoso

A matéria do jornal informa que um grupo de cientistas americanos se debruçou sobre as respostas dadas à pergunta “Quanto tempo dura o amor?”. A pesquisa, realizada na Universidade de Wisconsin, ouviu moradores de 10 mil casas. Conclusão definitiva do estudo: o amor dura, no máximo, três anos. Determinada, portanto, a data de validade do deslumbramento, da paixão. Passada esta fase, garantem os cientistas, o arrebatamento dos primeiros meses se transforma em carinho, amizade, respeito, em qualquer outra coisa.

Lentamente, a ciência tenta derrubar as fronteiras entre a realidade objetiva e a alma. Há muito se canta este sentimento em prosa e verso; vãs tentativas de lhe dar sentido. Agora, colocado sob a lupa científica, ele recebe uma data de validade. Ultrapassada tal data, o “que não tem receita, nem nunca terá” corre o risco de embolorar, mofar.

Vivemos sob a ditadura das estatísticas e dos rankings. Hoje, uma partida de futebol ou um esporte qualquer é analisada à luz dos números. Na academia, o desempenho do docente ou pesquisador é medido pelo número de trabalhos publicados, pela quantidade de congressos de que participou. É a chamada “produtividade”. Você pode ser brilhante; se não produz, se arrisca a ficar fora do jogo.

Curiosa, a precisão da ciência ao determinar este período. O cara ou a garota fazem de tudo para a coisa dar certo, até que um dia deparam com o prazo categórico do cientista: três anos. Encontros tórridos, com troca de presentes e juras de amor podem se estender por mil e poucas noites, se tanto. Terminado este período, segundo os cientistas, a vida do casal será invadida pelo bafo quente da rotina.

Suponho que a geração atual esteja mais sossegada, neste sentido. Seguindo um carpe diem instintivo, talvez simplesmente namorem, e deixem rolar. Há quem opte por ficar – verbo recente em nosso léxico afetivo. Eu só fico curioso em saber a faixa etária de quem elabora esse tipo de pesquisa; saber mais sobre o perfil do leitor que realmente dá trela a tais conclusões científicas.

Em que medida a ansiedade e o medo de perder o parceiro são produtos da indústria de Hollywood, e de seus mitos do amor romântico?, talvez valha a pena perguntar. Afinal, sem o ideal do amor romântico, a indústria do cinema e da canção popular que se alimenta de temas como a ausência da pessoa amada, a dor de cotovelo e a “fossa”, simplesmente entraria em colapso.

Determinar a duração deste sentimento indefinível me soa como uma das muitas pretensões do ego. De tudo que já li sobre o amor, guardo o eco de uma frase de J. Krishnamurti, que provocou em mim uma ressonância de catedral. Não lembro as palavras exatas, mas a essência é esta: você é realmente capaz de amar alguém somente quando consegue eliminar da memória qualquer vestígio do passado desta pessoa. Endosso, e vou além: quando se livra de toda e qualquer ideia pré-concebida, de todos os preconceitos, da imagem cristalizada deste indivíduo, formada a partir de atitudes e comportamento do passado.

Ora, na medida em que o passado é constantemente destruído para ceder espaço ao amor, a própria concepção de tempo perde o sentido – o que, consequentemente, invalida este tal estudo científico. Assim, o verdadeiro amor nasce da intensa experiência do aqui-e-agora, que rompe qualquer vínculo com o passado (arrependimentos, culpa) ou com o futuro (ansiedade, expectativas).

Por trás desta obsessão em medir o tempo de tudo talvez esteja o desejo de controlar o curso dos acontecimentos, de atribuir alguma lógica às coisas do coração. A tentativa de explicar e dar sentido à vida e aos sentimentos traz uma sensação (ilusória) de segurança. Sensação que leva à preocupação com a estabilidade no emprego, o plano de saúde, o seguro de vida, a aposentadoria, e, por fim, com o tipo de jazigo. Basta saber quanta energia física e mental vale a pena investir neste processo. Pois a vida – corda bamba de riscos e aventuras – costuma ignorar planejamentos e qualquer tipo de certeza. E dá razão a Guimarães Rosa: “viver é muito perigoso”.

LUIS GONZAGA FRAGOSO

Tradutor e Revisor

[email protected]

Nota da CONTI outra: A publicação do texto acima foi autorizada pelo autor.

contioutra.com - Amor sob medida

Sou África…um poema de Énia Lipanga

Sou África…um poema de Énia Lipanga

sou África…

de olhos brancos
Que sente nos poros
A nascença da humanidade
Vidas do transacto tempo
Que nascem do rio da minha respiração
África sou
Meu pretérito ferido pela escravidão
Meus olhos com sonhos da imensidão
Outrora fustigada pela solidão
Sólida hoje, viva na vida dos meus filhos
África rasgada em lágrimas na então esfera
Renascida e cheia de esperança
Em meu ventre…
frutos da minha perseverança
Sou mãe…
pois ofereço a atmosfera
Bela e cheia de corres da natureza
Colorida de águas, banhada de infância
África de bela beleza
Sou África

Énia Stela Lipanga

Nota da CONTIoutra: O poema acima foi reproduzido com a autorização da autora.

contioutra.com - Sou África…um poema de Énia Lipanga

Lugar de Mulher, por Elika Takimoto

Lugar de Mulher, por Elika Takimoto

Por Elika Takimoto

Eu sou mulher, mas não tenho bundão, nem peito durinho nem coxas sem celulite. Eu sou mulher, mas não sirvo para embelezar estádios, para ser candidata a musa de torcida e aparecer em propaganda de cerveja. A minha sensualidade não pode ser vendida como atrativo porque ela está na minha inteligência. Entenda: não é a minha arquitetura que me define e sim a minha biblioteca. Sou mulher, mas a minha existência não gira ao redor da aprovação e da satisfação sexual masculina. Não deixo o mundo mais bonito quando uso uma roupa justa e sim quando falo, quando escrevo e quando trabalho.

Não vou negar que fico feliz quando alguém generosamente me acha bonita. Mas sei que a beleza enxergada o tempo já está levando e, em breve, pouco restará. Portanto, se me alegro quando elogiam a carcaça, regozijo-me quando enaltecem o que produzo intelectualmente: minhas aulas, meus textos e meus filhos.

Sou uma mulher madura pois gargalho por besteira. Sou delicada, não como um jarro de vidro mas tal e qual as manhãs: expulso a escuridão não somente ao colocar um salto alto e um vestido estampado de vez em quando, mas também – e principalmente – quando abro um livro ou a minha mente.

Sou mulher e não sou obrigada, por isso, a ter algum grau de parentesco com a Nossa Senhora. Sou dona de mim e rainha do meu Castelo. Não ostento jóias. Mereço mais profundidades. Sou o pássaro que canta não para comunicar-se e sim para permitir a primavera. De reta fiz-me curva ao olhar diariamente meu reflexo tão refratado e pleno de passados. Estou, paradoxalmente, cada vez mais presa aos que me libertam. Meu corpo carrega a história de tantas outras mulheres. Meu pretérito é imperfeito.

Meu tempo é hoje e ele não se mede por extenso. Mede-se pelas explosões e pela intensidade e complexidade dos momentos.

O meu lugar é onde eu quiser.

contioutra.com - Lugar de Mulher, por Elika Takimoto
Sérgio Ricciuto

O toque com sentido: o exemplo do banho dos bebês na India

O toque com sentido: o exemplo do banho dos bebês na India

Um vídeo que nos impacta pelas diferenças culturais, mas por esta mesma razão nos permite uma reflexão!

Uma das principais contribuições de Jung à psicologia, foi defender a ideia de que os símbolos são elementos prospectivos que carregam significados que vão muito além de seu aspecto literal. A Índia é um país com um cultura extremamente rica e complexa na expressão de suas vivências e rituais, portanto, é necessário considerar que a dimensão sagrada, formas e normas da sociedade e o papel social dos gêneros atingem o núcleo da personalidade da pessoa. Desse modo, as peculiaridades femininas e culturais da Índia não devem ser olhadas à nossa medida, mas sim de modo a compreender que tipo de indivíduo deve ser formado para aquela sociedade.

O vídeo num primeiro momento pode parecer assustador e, até mesmo violento para algumas pessoas. Mas a cena consiste num ritual milenar praticado pelas mulheres indianas. Não é apenas um banho, mas uma massagem que coloca a mãe em comunicação com seu bebê. O contato através das mãos, além de estimular a circulação sanguínea, energiza o corpinho no novo Ser e oferece-lhe segurança e tranquilidade.

Se pesquisarmos na internet encontraremos uma Índia cheia de problemas sociais: dependência e submissão extremas das mulheres, pobreza, falta de políticas públicas e tantas outras questões. Num ambiente extremamente hostil, o ritual de banhar os seus bebês pode ser interpretado arquetipicamente como uma capacidade humana de proteção e equilíbrio. No toque das mãos, as almas se conectam!

Além da relação com os bebês, o espaço ritual do grupo de mulheres, se torna o lugar do encontro do individual com o coletivo. Na acolhida de umas com as outras, as mulheres mobilizam as forças curativas da psique, despertando o potencial equilibrador e transformador da vida.

Joseph Campbell, um renomado estudioso da mitologia universal diz que o homem intelectual afasta-se de sua natureza. Este pensamento de Campbell nos leva a pensar o quanto nós do ocidente nos afastamos da natureza, dos rituais e da espiritualidade.

Carlos Byington, um dos principais junguianos do Brasil, contou certa vez em uma de suas aulas que uma determinada tribo indígena rezava todos os dias para que o sol nascesse. Poderíamos pensar: Que tolos índios! O sol não depende deles! Mas esquecemos que o Sol para aquele povo apreendia um significado muito maior, onde se não rezassem para o sol aparecer, passariam um dia sem “Sol”. Era preciso que o “Sol”, nascesse dentro deles para que o Dia pudesse começar.

Tal exemplo nos mostra uma conexão ritual com a natureza e a percepção do Ser de uma maneira mais integrada ao Todo e a tudo que o cerca. A Neurociências, cada vez mais tem abordado a importância da estimulação da relação mãe-bebê para o desenvolvimento afetivo e pleno da criança. Portanto, independente da cultura, esse vídeo nos fala da importância de um toque com significado, que acolhe e prepara o bebê para a vida! O banho deixa de ser um ritual básico da vida diária e se torna um momento significativo na vida do bebê, que irá contribuir para sua formação como pessoa e do seu corpo como sua casa sagrada!

Autoras:

contioutra.com - O toque com sentido: o exemplo do banho dos bebês na IndiaJuliana Pereira dos Santos – Psicóloga, especialista em Psicologia Clínica Junguiana. Aprimoranda em Psicopatologia e Psicologia Simbólica pelo Instituto Sedes Sapientiae e Coach formada pela Sociedade Brasileira de Coaching. CRP: 06/ 108582
 

contioutra.com - O toque com sentido: o exemplo do banho dos bebês na IndiaMarcela Alice Bianco – Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Junguiana formada pela UFSCar. Especialista em Psicoterapia de Abordagem Junguiana associada à Técnicas de Trabalho Corporal pelo Sedes Sapientiae. CRP: 06/77338

Como tocar instrumentos musicais beneficia o seu cérebro?

Como tocar instrumentos musicais beneficia o seu cérebro?

O simples fato de ouvir música ativa diversas áreas do seu cérebro, mas quando você toca um instrumento a atividade é tão intensa que é como se existissem fogos de artifício em plena explosão. E, como você deve imaginar, todo esse estímulo tem consequências positivas.

Por Anita Collins, animação de Sharon Colman Graham.
Ah, e não se esqueça de ativar as legendas.

Você achou esse conteúdo relevante? Compartilhe!

Que lindo seria se nós pudéssemos ensinar a nossas crianças que é preciso esperar

Que lindo seria se nós pudéssemos ensinar a nossas crianças que é preciso esperar

Por Carolina Delboni

“Simbolicamente, estão trocando os alimentos. Alimentar uma criança com comida é alimentá-la com amor e de amor. Alimentá-la com imagens e sons de iPad é alimentá-las de impaciência, falta de respeito, falta de dialogo, falta de interação e principalmente, falta de tédio. A médica fonoaudióloga carioca Maria Lúcia Novaes Menezes fala da quantidade assustadora de crianças que têm recebido em seu consultório com a queixa de não se comunicarem por volta dos 2/3 anos de idade. Ela diz que em 80% dos casos a criança simplesmente não fala porque não recebe estímulos dos pais. Porque não existe dialogo, não existe troca. Existem ipads nas mesas dos restaurantes e com isso crianças que crescem mudas e sem a capacidade de aprender a esperar.”

Criança não espera. Elas enlouquecem a gente até que cedemos e damos algo, literalmente, pra que fiquem quietas. Mas nós adultos já aprendemos a esperar (e aprendemos quando criança). Hoje, nossa espera é vivida. A deles é com o iPad ou a TV na cara ligada – e com som ainda. Pais não sentam mais a mesa num restaurante sem que antes já liguem o desenho para a criança. Muitas vezes colocam o iPad dentro do prato.

Simbolicamente, estão trocando os alimentos. Alimentar uma criança com comida é alimentá-la com amor e de amor. Alimentá-la com imagens e sons de iPad é alimentá-las de impaciência, falta de respeito, falta de dialogo, falta de interação e principalmente, falta de tédio. Porque pode ser extremamente tedioso ficar a mesa “sem fazer nada” esperando a comida chegar. Mas é nessa espera que aprendemos a transformar tédio em algo maior como a conversa com os pais.

Recentemente saiu uma entrevista muito interessante no R7 (que repercutiu pacas em sites e blogs), onde a médica fonoaudióloga carioca Maria Lúcia Novaes Menezes fala da quantidade assustadora de crianças que têm recebido em seu consultório com a queixa de não se comunicarem por volta dos 2/3 anos de idade. Ela diz que em 80% dos casos a criança simplesmente não fala porque não recebe estímulos dos pais. Porque não existe dialogo, não existe troca. Existem ipads nas mesas dos restaurantes e com isso crianças que crescem mudas e sem a capacidade de aprender a esperar.

Aparentemente, tentar agradar toda hora (ou muitas vezes temer o próprio filho) é o primeiro passo pra rejeição. Você tira dele a possiblidade de fazer ninhos, fazer laços. A criança se isola primeiro dos pais e logo mais do restante da família e até mesmo dos amigos. Ela perde, aos poucos, a capacidade de se relacionar e se comunicar. Acredite se quiser, tudo isso porque interrompemos o processo da espera. Porque estamos sempre ansiosos para preencher o tempo de nossos filhos e não deixa-los entediados. Etimologicamente, o verbo “esperar” vem de “esperança” que significa contar com, confiar em. Quando a criança espera e tem pais ao lado dela reafirmando a necessidade da espera, ela ganha confiança. E um pouquinho de tédio não mata ninguém.

Ah, a espera…. Que lindo seria se nós pudéssemos ensinar a nossas crianças que é preciso esperar as pessoas saírem do elevador antes de nós entrarmos, que é preciso esperar os que estão na nossa frente para chegar nossa vez, que é preciso esperar todos terminarem na mesa para poder levantar, que é preciso esperar crescer para ter o que se quer… Que é preciso aprender a esperar para respeitar o próximo, para convivermos, minimamente, melhor num mundo onde não existe mais o outro porque o “eu” é tão imediatista que se eu não suprir minhas vontades já eu morro. Daí ensinamos nossas crianças que o outro não importa, que conseguimos fácil e rápido tudo que queremos com um gritar, com um chilique. Tiramos a espera e junto tiramos a possibilidade da conquista. Ganhar de mão beijada não tem graça. Logo a criança encosta e pede outro e a insatisfação vai crescer. E para suprir será cada mais difícil.

A espera gera expectativa do que está por vir. Espera gera respeito, gera noção do próximo, gera dialogo, gera estímulos, gera confiança, gera amizades e, com certeza, gera um mundo melhor. Desculpem a frase feita, mas é isso mesmo: crianças que aprenderem a esperar vão aprender a viver em sociedade e na sociedade. Como parte dela e não no centro dela. Requisito básico para um futuro que todos queremos.

Carolina Delboni Favoritar

Jornalista, diretora da small.co, gestora do SP Future Kids e mãe de 3 meninos

Fontes indicadas: publicado originalmente em Brasil Post, via Antroposofy

INDICADOS