Carta de um doente de Alzheimer para sua mulher

Carta de um doente de Alzheimer para sua mulher

“Leninha, meu amor.

Escrevo-te esta carta, mas a única viagem que ela fará, será da minha mão para a tua. Escrevo-ta porque vais precisar de a ler muitas vezes, e eu também vou precisar que a leias. Não é à toa que me esqueço constantemente das coisas, não é à toa que de um momento para o outro a minha personalidade muda, não é à toa que por vezes o meu discurso não faz sentido. Mas que Deus me ajude a terminar esta carta, pelo menos esta carta, sem que a memória se vá embora e me deixe perdido a olhar para esta folha. Hoje sei que em breve não saberei quem sou, disseram-me os médicos. Tenho alzheimer.
Deixarei de viver antes do dia da minha morte, a vida escolheu-me para ter este fim, mas antes disso, escolheu-me para ser o marido mais feliz do mundo, o pai mais feliz do mundo, e por isso não consigo ficar desiludido com ela. Aceito, só posso aceitar.

Não fiques triste por mim, meu amor, pois eu não irei sofrer, não me irei lembrar sequer da dor. Os nossos filhos estão bem e tu és forte o suficiente para superares isto, não sintas pena de mim, por favor, sente amor, só, e toma conta de mim se puderes. Mas eu não quero atrapalhar a tua vida, não te quero prender em casa para não me deixares fazer asneiras, não te quero prender ao lado da cama para saberes se está tudo bem comigo, nem te quero prender a mim quando já não for mais a pessoa que amaste tantos anos. Não quero nada disto mas também sei que, por menos que queira ou por mais que te peça, tu nunca me irias abandonar, nunca irias desistir de mim. Tantas vezes me perguntaste porque é que eu te tinha escolhido para viver ao meu lado, porque é que eu te amava se tu não eras bonita nem tinhas nada de especial. Nunca desistirias de mim, nunca me abandonarias, queres maior beleza que isto? Queres maior motivo para te amar e querer viver contigo para sempre? Sei que nunca os pequenos-almoços que te levei à cama poderão compensar os dias a fio em que me darás o comer à boca, sei que nunca os momentos em que te confortei poderão compensar as preocupações que terás comigo, mas lembra-te, já que eu não irei conseguir, que eu serei o homem mais sortudo do mundo por te ter a tomar conta de mim.

Só eu posso sentir tristeza por não me lembrar de tantas coisas bonitas que vivemos, só eu posso sentir tristeza por não reconhecer mais o teu lindo sorriso, só eu posso sentir tristeza por não poder sentir mais nada. Lembra-te de tudo isto por mim, sorri por mim, sê feliz por mim, por favor! E lá no fundo, mesmo sem saber, eu também serei, prometo.

Estou-me a ir embora mas ainda aqui estou, perco-me lentamente numa memória que o tempo desvanece, caio no vazio do esquecimento e não posso fazer nada, dói amor, claro que dói, mas enquanto me dói, sei que vivo, e sei que deixarei de o saber.

Esta doença levar-me-á daqui e deixará apenas o meu corpo a estorvar e a dar trabalho. É triste, muito triste. Por isso peço-te que me perdoes Leninha. Perdoa-me quando não te reconhecer a ti e aos nossos filhos, perdoa-me quando estiveres mal e eu ficar indiferente, perdoa-me quando disseres que me amas e eu não retribuir, perdoa-me quando não sentir mais a tua falta, perdoa-me quando me olhares nos olhos e não vires nada, perdoa-me quando eu me for embora e não disser adeus.

Mas prometo-te, meu amor, que vou amar-te para sempre, vou amar-te sem fim, vou amar-te para sempre num cantinho de mim. Vou amar-te para sempre, prometo… só não me vou lembrar.”

 Texto de Raul Minh’alma

Nota da CONTI outra: Texto reproduzido nesse espaço com a autorização do autor e de nossa página parceira Ela e Ele.

Síndrome do pensamento acelerado: conheça o problema e saiba como contorná-lo

Síndrome do pensamento acelerado: conheça o problema e saiba como contorná-lo

Uma das principais causas desse distúrbio é o excesso de informação a que somos expostos hoje em dia

Tem dificuldade em relaxar a mente e acalmar os pensamentos? Está sempre em busca de estímulos, precisando de cada vez mais informações para satisfazer essa vontade? Esse pode ser não apenas um caso de uma pessoa agitada, mas a representação de sintomas dasíndrome do pensamento acelerado.

“O excesso de informações satura o córtex cerebral, produzindo uma mente hiper pensante, agitada, com baixo nível de tolerância, impaciente e sem criatividade”.

Essa é uma condição moderna que tem origem com o ritmo alucinante das grandes cidades, com overdoses diárias de informações e obrigações que afetam a saúde emocional de uma boa quantidade de gente. Depressão, estresse, síndrome do pânico e nomofobia (medo de ficar sem celular) são outros exemplos de situações que ocorrem com muito mais frequência nas últimas décadas.

Especialistas dizem que a síndrome do pensamento acelerado não é uma doença, mas sim um sintoma vinculado a um quadro de transtorno de ansiedade. As pessoas mais vulneráveis geralmente são aquelas que são avaliadas constantemente por conta das suas obrigações profissionais, não podendo desligar um minuto sequer, caso contrário o trabalho é comprometido. Bons exemplos são executivos, jornalistas, escritores, publicitários, professores e profissionais da saúde.

As possíveis causas são, além dessa ansiedade devido à pressão profissional, o excesso de informações às quais somos submetidos durante o dia, condição considerada normal nos dias de hoje.

Quem lê livros não só é mais inteligente como também é o melhor tipo de pessoa para se apaixonar

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Sintomas da síndrome do pensamento acelerado

É comum entre quem tem a síndrome do pensamento acelerado ter a sensação de estar sendo esmagado pela rotina, com aquela impressão de que 24 horas são insuficientes para cumprir tudo o que você tem planejado para o dia. Há o sentimento persistente de apreensão, falta de memória, déficit de atenção, irritabilidade e sono alterado. O humor flutuante é outra característica bem comum.

O esgotamento mental da pessoa que não consegue desacelerar o seu pensamento normalmente se converte em cansaço físico também. Isso porque o córtex cerebral, a camada mais evoluída do cérebro, “rouba” energia que deveria ser utilizada em músculos e outros órgãos.

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Fotografia Teresa Queirós. O uso da imagem é meramente ilustrativo.

Tecnologia

Um componente que colabora muito para o aumento nos casos de síndrome do pensamento acelerado e para a piora no quadro é a tecnologia. Primeiro, com a popularização da televisão, há décadas, as crianças começaram a ter menos atenção na escola e os educadores mais dificuldade para influenciar o universo psíquico dos jovens.

Depois, vieram os computadores e videogames. Hoje, as redes sociais são um mundo que oferece um excesso de estímulos e informações. Passar uma noite inteira no Facebook significa uma quantidade absurda de textos (lidos e escritos) e imagens passando pelo nosso cérebro em um tempo curto. Além disso, ser usuário de uma rede social colabora para a ansiedade – cria-se o costume de consultá-las o tempo todo para checar se há novas mensagens.

A Síndrome do Pensamento Acelerado foi denominada e vem sendo estudada pelo psiquiatra, pesquisador e escritor, Dr.Augusto Cury. Um de seus livros mais lidos é Ansiedade, o mal do século. Ele também é autor da Teoria da Inteligência Multifocal e descobriu a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), ao estudar o pensamento como ciência.

Tratamento

Se você fecha com tudo o que foi dito acima é provável que tenha a síndrome do pensamento acelerado. Nesse caso, é recomendável buscar a ajuda profissional de um especialista.

7 dicas para viver melhor

1. Treine sua mente para admirar algo que o dinheiro não compra, como observar seu filho a desenhar ou pintar, abraçar mais, beijar mais, trocar experiências com os filhos, dar carinho a quem se ama.

2. Tenha mais contato com a natureza. Caminhe ao ar livre, admire as árvores e os animais, aprecie o silêncio e o vento no rosto…

3. Faça alguma atividade lúdica. Vale praticar um esporte, ler um livro e contar histórias.

4. Proteja a sua emoção. Não cobre demais os outros (seja marido, sejam filhos ou amigos) nem a si mesma, isso torna a vida angustiante. Não exija demais das pessoas. Ao contrário, elogie mais, aponte as características boas, os pontos fortes de quem está ao seu lado.

5. Aprenda a relaxar. Pare um momento do dia, esqueça tudo ao redor, respire fundo, solte o corpo e esvazie a mente.

6. Perdoe o outro e se auto perdoe.

7. Dê mais risada, não leve a vida tão a ferro e fogo. Sorria!

 Excertos de matérias publicadas nos sites Vivo mais Saudável, Medplan

Um poema de Herberto Helder

Um poema de Herberto Helder

Imagem de capa: Retrato do Poeta Herberto Helder, 2009 © MARIA HENRIQUES

Faleceu hoje, 25 de março de 2015, em Portugal, aos 84 anos de idade, o poeta Herberto Helder, por muitos comparado ao próprio Fernando Pessoa. 

Fora também, ao longo da carreira,  jornalista, editor e redator publicitário.

Eis um de seus poemas:

A Bicicleta pela Lua Dentro – Mãe, Mãe

A bicicleta pela lua dentro – mãe, mãe –
ouvi dizer toda a neve.
As árvores crescem nos satélites.
Que hei-de fazer senão sonhar
ao contrário quando novembro empunha –
mãe, mãe – as tellhas dos seus frutos?
As nuvens, aviões, mercúrio.
Novembro – mãe – com as suas praças
descascadas.A neve sobre os frutos – filho, filho.
Janeiro com outono sonha então.
Canta nesse espanto – meu filho – os satélites
sonham pela lua dentro na sua bicicleta.
Ouvi dizer novembro.
As praças estão resplendentes.
As grandes letras descascadas: é novo o alfabeto.
Aviões passam no teu nome –
minha mãe, minha máquina –
mercúrio (ouvi dizer) está cheio de neve.Avança, memória, com a tua bicicleta.
Sonhando, as árvores crescem ao contrário.
Apresento-te novembro: avião
limpo como um alfabeto. E as praças
dão a sua neve descascada.
Mãe, mãe — como janeiro resplende
nos satélites. Filho — é a tua memória.E as letras estão em ti, abertas
pela neve dentro. Como árvores, aviões
sonham ao contrário.
As estátuas, de polvos na cabeça,
florescem com mercúrio.
Mãe — é o teu enxofre do mês de novembro,
é a neve avançando na sua bicicleta.O alfabeto, a lua.Começo a lembrar-me: eu peguei na paisagem.
Era pesada, ao colo, cheia de neve.
la dizendo o teu nome de janeiro.
Enxofre — mãe — era o teu nome.
As letras cresciam em torno da terra,
as telhas vergavam ao peso
do que me lembro. Começo a lembrar-me:
era o atum negro do teu nome,
nos meus braços como neve de janeiro.Novembro — meu filho — quando se atira a flecha,
e as praças se descascam,
e os satélites avançam,
e na lua floresce o enxofre. Pegaste na paisagem
(eu vi): era pesada.O meu nome, o alfabeto, enchia-a de laranjas.
Laranjas de pedra – mãe. Resplendentes,
estátuas negras no teu nome,
no meu colo.Era a neve que nunca mais acabava.

Começo a lembrar-me: a bicicleta
vergava ao peso desse grande atum negro.
A praça descascava-se.
E eis o teu nome resplendente com as letras
ao contrário, sonhando
dentro de mim sem nunca mais acabar.
Eu vi. Os aviões abriam-se quando a lua
batia pelo ar fora.
Falávamos baixo. Os teus braços estavam cheios
do meu nome negro, e nunca mais
acabava de nevar.

Era novembro.

Janeiro: começo a lembrar-me. O mercúrio
crescendo com toda a força em volta
da terra. Mãe – se morreste, porque fazes
tanta força com os pés contra o teu nome,
no meu colo?
Eu ia lembrar-me: os satélites todos
resplendentes na praça. Era a neve.
Era o tempo descascado
sonhando com tanto peso no meu colo.

Ó mãe, atum negro —
ao contrário, ao contrário, com tanta força.

Era tudo uma máquina com as letras
lá dentro. E eu vinha cantando
com a minha paisagem negra pela neve.
E isso não acabava nunca mais pelo tempo
fora. Começo a lembrar-me.
Esqueci-te as barbatanas, teus olhos
de peixe, tua coluna
vertebral de peixe, tuas escamas. E vinha
cantando na neve que nunca mais
acabava.

O teu nome negro com tanta força —
minha mãe.
Os satélites e as praças. E novembro
avançando em janeiro com seus frutos
destelhados ao colo. As
estátuas, e eu sonhando, sonhando.
Ao contrário tão morta — minha mãe —
com tanta força, e nunca

— mãe — nunca mais acabava pelo tempo fora.

Herberto Helder, in ‘Poemas Completos’

Rir é o melhor remédio!

Rir é o melhor remédio!

ByNina |Carolina Carvalho

“Cada pensamento gera uma emoção e cada emoção mobiliza um circuito hormonal que terá impacto nas trilhões de células que formam nosso organismo.

As condutas “S”: serenidade, silêncio, sabedoria, sabor, sexo, sono, sorriso, promovem secreção de serotonina, enquanto que as condutas “R”: ressentimento, raiva, rancor, repressão, resistência, facilitam a secreção de Cortisol, um hormônio corrosivo para as células, que acelera o envelhecimento.

As condutas “S” geram ATITUDES “A”: ânimo, amor, apreço, amizade, aproximação, entretanto, as condutas “R” geram ATITUDES “D”: depressão, desânimo, desespero, desolação.

Aprendendo este alfabeto emocional, lograremos viver mais tempo e melhor, porque o sangue “ruim” (muito cortisol e pouca serotonina) deteriora a saúde fisica e mental e acelera o envelhecimento.

O bom humor e a realização de atitudes que nos faz bem, é a chave para a longevidade saudável.

Então tenhamos uma excelente vida, repleta de Serotonina!”
(Dr. Juan Hitzig)

“A risada faz aumentar a secreção de endorfina que relaxa as artérias, melhora a circulação e beneficia a reação imunológica. Além disso estimula a produção de adrenalina o que ocasiona mais irrigação nos tecidos que recebem mais oxigênio. O bom humor aumenta a capacidade de resistir à dor.”

Rir é o melhor remédio

Com certeza você já ouviu dizer que rir é o melhor remédio. E isto não é apenas teoria. A Terapia do Riso vem sendo utilizada como método terapêutico para o tratamento de depressão, melancolia, mau-humor (distimia), estresse e diversas outras doenças. Está comprovado que o riso auxilia na recuperação e na cura dos pacientes, reduzindo o tempo de tratamento e de internação em até 20%.

Freud, o criador da Psicanálise, mostrou em um de seus trabalhos que, as cenas cômicas e o riso, ajudam a melhorar a saúde. Desde a década de 60, o médico norte-americano Hunter “Patch” Adams, considerado o “pai da Terapia do Riso”, vem utilizando o riso como agente de cura. Sua história foi retratada no filme “Patch Adams – O Amor é Contagioso”.

Segundo o Dr. Eduardo Lambert, clínico geral, homeopata e terapeuta, autor do livro “Terapia do Riso – A Cura pela Alegria”, o riso e sua onda vibratória transmitem energia e uma química que se espalha por todo o corpo, provocando o relaxamento muscular de todos os órgãos. “Mesmo o simples esboçar de um sorriso ou uma gargalhada, estimulam o cérebro a produzir endorfinas, substâncias químicas com poder analgésico, que proporcionam uma enorme sensação de bem-estar.” Além disso, as endorfinas estimulam o sistema imunológico contra reações alérgicas, bactérias e vírus; protegem o aparelho circulatório contra enfartes e derrames; ajudam a melhorar a pressão arterial, ampliam a capacidade respiratória e promovem uma ação antienvelhecimento.
“Quando sorrimos ou damos uma gargalhada emitimos uma ordem ao cérebro para que ele aumente a produção de endorfinas, substâncias químicas com poder analgésico e que dão a sensação de bem estar físico”
É provado em muitos hospitais norte americanos e brasileiros que a terapia do riso diminui em cerca de 20 por cento o tempo médio de internação. Quando se dá uma gargalhada, o ritmo do sangue acelera e aumenta a circulação de sangue no organismo, melhorando a oxigenação dos tecidos. O maior bombardeamento faz com que os vasos se dilatem e a pressão arterial baixe. Durante uma risada, acontece um aumnto de absorção de oxigénio pelos pulmões e o movimento de inspiração e expiração fica mais profundo. Com isso, eliniminamos com mais facilidade o excesso de dióxido de carbono presente no orgão. O riso também massageia o sistema gastrointestinal, já que o músculo mais exercitado durante a risada é o diafragma que fica perto do estômago e do intestino. Por fim, quem ri também fortalece o sistema inunólógico pois a risada promove uma baixa no nível de cortisol e adrenalina, dois hormônios associados ao estresse.
E você sabia que a alegria e o riso também podem ajudar a emagrecer? Isto mesmo! Para rir, acionamos 28 músculos da face, queimando de 10 a 11 calorias.

Seja feliz todos os dias

“O riso é uma conseqüência, um efeito da felicidade”, afirma Leila Navarro, conferencista, autora e especialista comportamental. Para viver com felicidade, o importante antes de tudo, é se gostar, se respeitar, ter auto-estima, aceitar a vida com ela é e tentar tirar o melhor de cada situação.

De acordo com Leila, 80% do que acontece durante todo o dia está ligado aos primeiros 10 minutos da manhã. Sendo assim, ter bons pensamentos ao acordar pode tornar o seu dia mais feliz. Logo pela manhã, você pode adotar um ritual de felicidade, seja respirando profundamente, se espreguiçando, rezando e até meditando. Ela ensina a escrever no teto ou num local que você visualize assim que acordar a seguinte frase: “Hoje tomei uma decisão: vou ser feliz assim mesmo”. Repita a frase todos os dias em voz alta. Se você pode ser condicionado a coisas boas, porque pensar no que é ruim?

No dia-a-dia, você pode estimular o riso de várias formas. “Treine o sorriso diante do espelho, leia bons livros, ouça e conte boas piadas e enxergue o lado bom das coisas, pois por mais negativa que seja uma experiência de vida, sempre tem a lição positiva que podemos aprender e ensinar”, ensina Lambert.

Sorriso é antídoto para mau-humor e problemas

O mau-humor e a infelicidade nos tornam tristes e até deprimidos. Pensamentos prejudiciais, sentimentos inferiores e emoções negativas geram um campo energético nocivo, que pode ser absorvido pelo organismo, provocando doenças que afetam até o estado físico. “A alegria e o otimismo geram simpatia e esta energia positiva contagiante nos ajuda a viver muito mais”, ensina o Dr. Lambert. Para estimular a alegria ele aconselha, ainda, a fazer com freqüência uma faxina interior. “Limpe os porões e jogue o passado fora, pois não existe mais. O passado é aprendizado, do qual nos interessa apenas as boas lembranças e lições”, completa.

Tente resolver os problemas pela ordem de prioridade e siga a filosofia tibetana: “Se o problema tem solução não se preocupe. Se o problema não tem solução, não há motivo para se preocupar.”

No trabalho, o riso estimula a produtividade. As pessoas que gostam do que fazem, do ambiente em que trabalham e dos colegas de equipe, produzem mais e melhor. “Quem ri é mais produtivo, mais criativo, mais comunicativo, toma as decisões mais rápido, fica menos doente e até comete menos acidentes, já que ama a vida e não quer perdê-la”, explica Leila.

Confira algumas dicas extraídas do livro “Terapia do Riso – A Cura pela Alegria”, do Dr. Eduardo Lambert:

– Viva em paz com a sua consciência,
– Com entusiasmo viva o presente,
– Cultive e pratique o bem e a caridade,
– Dê um sentido positivo e de qualidade à vida,
– Tenha sempre atitudes positivas,
– Fale de assuntos alegres, conte piadas sadias,
– Não guarde rancor, nem ressentimento,
– Faça para outrem o que querem que te façam,
– Tenha mais fé em si mesmo e em Deus,
– Sorria sempre, pois rir é o melhor remédio.

NOTA da CONTI outra: A reprodução deste texto é uma cortesia ByNina 

ByNina |Carolina Carvalhocontioutra.com - Rir é o melhor remédio!

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Nina tem 40 anos, é Professora de Yoga e SUP Yoga, surfista e escritora.
Trabalha com Social Media e ama tudo o que faz.

A violência em filmes e jogos influencia a violência na vida real?

A violência em filmes e jogos influencia a violência na vida real?

Por Octavio Caruso

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons.” (Martin Luther King)

A sociedade caminha para um futuro de incertezas e violência. Basta ligarmos a TV para que percamos a esperança, se não são nossos jovens admirando produtos de pouca ou nenhuma qualidade, são os crimes e assassinatos horrendos. Há aqueles que colocam a culpa na violência exibida em filmes e jogos. A violência é inerente ao ser humano, canalizada serve a propósitos maiores, porém se aliada a uma total ausência de cultura, torna-se uma arma letal.

Em “Taxi Driver” de Martin Scorsese, podemos testemunhar a degradação mental do personagem de Robert De Niro, cada vez mais inconsequente em sua jornada. Insatisfeito com os rumos da sociedade, a qual ele vê como totalmente corrupta e vendida, decide fazer justiça com as próprias mãos e salvar ao menos uma alma, a da jovem prostituta, vivida por Jodie Foster. Em “Laranja Mecânica“, Stanley Kubrick nos apresenta um futuro composto de jovens descontrolados em sua fúria. Seu líder é apaixonado pela Nona Sinfonia de Beethoven (ideia genial do escritor Anthony Burgess), o que é extremamente contraditório com sua conduta. Após o seu tratamento torna-se incapaz de realizar qualquer ato violento, nem mesmo em defesa própria, assim como escutar sua composição favorita. No ótimo “A Outra História Americana“, temos o exemplo de um jovem (Edward Norton) que integra um grupo de neonazistas, preso após matar dois negros. Os preconceitos alimentados por sua família extremamente racista o transformaram ao longo dos anos em um sociopata. O racismo nada mais é que a ignorância cultural elevada à “enésima” potência. Um exímio matemático pode se tornar um psicopata. A violência atinge qualquer classe social. Mas nunca conheci um filósofo que tenha assassinado alguém. Acredito que quanto mais cultura geral uma pessoa tenha, mais difíceis são as chances dela cometer algum ato de violência extrema.

Hitler queimava livros. Os que faziam parte de sua biblioteca pessoal (Nietzsche e Schopenhauer) ele deve ter lido superficialmente, interessando-se apenas pela instrumentalização da filosofia. A cineasta alemã Leni Riefenstahl chegou a citar ter escutado do próprio ditador, que ele não conseguia entender as propostas de Nietzsche. Traduzindo em miúdos: ele era um estúpido que tentava passar uma imagem intelectualmente superior. Ousando utilizar a psico-história criada por Isaac Asimov em sua “Trilogia da Fundação”, baseando-me pela sociedade que vejo hoje, com os jovens que mundialmente consomem porcaria audiovisual e afastam-se cada vez mais dos livros (isso sem falar no avanço impressionante das manipuladoras religiões com contas bancárias no exterior), podemos esperar um futuro pleno em avanços tecnológicos e sem alma. Analogamente, tal qual um jogador de futebol de origem humilde, que de uma hora para a outra aumenta consideravelmente sua conta bancária, apenas para ostentar com brinquedos caros e relógios de ouro. Necessitamos de um futuro em que esses jogadores, ao receber estes salários altíssimos, percebam a oportunidade de crescer como seres humanos, adquirir cultura.

Do jeito que a coisa anda, o futuro é mais uma crônica de uma tragédia anunciada. E ainda me aparecem psicólogos oportunistas na televisão colocando a culpa da violência atual nos filmes e jogos. A culpa real pesa nos ombros dos pais que ensinam aos filhos pequenos, que se o coleguinha é de um time contrário ao dele, deve ser motivo de deboche. Naqueles que não instigam pelo exemplo o prazer pela leitura e pela busca de conhecimento. No pai que agride a mãe, física ou verbalmente, na frente do filho. Assistem “CQC” e se consideram politizados; leem psicografias e se consideram espiritualizados; fazem o sinal da cruz e se consideram religiosos; citam frases populares de filósofos cujos livros nunca leram e se consideram cultos. Divulgam nas redes sociais vídeos de danças bizarras, músicas de mau gosto e pessoas escorregando em cascas de banana, enquanto largam na obscuridade trabalhos belos (que por vezes são resultado do suor de equipes criativas e dedicadas). Salientam o grotesco e reclamam da ausência do que é belo. Esses são os seres humanos, sempre dispostos a se engajarem em causas nobres (quando em lugares públicos, onde isso possa lhes trazer notoriedade), porém incapazes de perdoar aquele motorista que sem querer lhes corta na estrada ou ajudar uma idosa a atravessar a rua.

O mundo seria melhor se o pai ao invés de presentear o filho com uma camiseta de time de futebol, desse a ele um livro. Ao invés de jogar a responsabilidade total nos ombros das escolas, sentasse com seu filho pré-adolescente e fizesse um festival de cinema em casa (como relatado no ótimo livro biográfico: “O Clube do Filme” de David Gilmour). Por intermédio da Sétima Arte e com a ajuda do pai, o jovem aprenderia sobre a história do mundo. Com “Patton – Rebelde ou Herói”, “O Mais Longo dos Dias” e “O Resgate do Soldado Ryan“, aprenderia sobre a Segunda Guerra Mundial. Logo após, veria as consequências da bestialidade humana em “O Pianista” e “A Lista de Schindler“. A riqueza cultural advinda de simples tardes valeria por anos de estudos universitários. A Sétima Arte é uma ferramenta cultural importantíssima. Caso quiserem respostas para o nível de violência que se alastra sem limites aparentes, olhem-se no espelho.

Nunca me esqueço do que ocorreu no evento paulista “virada cultural”, onde os organizadores convidaram José Mojica Marins para se apresentar como “Zé do Caixão” e abrir o show da banda de punk rock: Misfits. O cineasta de 75 anos foi colocado em um caixão preso a um guindaste, para das alturas poder se apresentar ao público e conduzir seu trabalho. Além dos vários xingamentos proferidos, os vândalos presentes acabaram jogando garrafas no cineasta, que lá de cima pedia desesperado aos organizadores que contivessem o público, inclusive informando que estava machucado e que um dos objetos quase o havia cegado. Revoltante assistir esta demonstração de violência gratuita com um senhor de idade avançada e que representa tanto para o cinema nacional. Mas o que mais me revoltou foi perceber que não existia o menor sinal de arrependimento nesses jovens, que ainda se vangloriaram depois no Twitter (recebendo a aprovação de outros marginais). Um recado para os pais irresponsáveis: tomem cuidado com os monstros que estão criando.

Enganam-se aqueles “politizados” que acreditam estar em uma decisão eleitoral o futuro da nação. Pouco importa quem ganhe, se o povo continuar preguiçoso e promovendo os maus exemplos. Hoje em dia não tem mais o falso glamour de grupos de “esquerda”, “direita”, pois todos roubam da mesma forma. Nenhum candidato irá cumprir nem 2% das coisas que prometem, já que o mais importante ato político não é utilizado. Política não é decidir votar em “X” ou “Y”, política é discutir assuntos que tem que ser discutidos, questionar crenças (sem medo de perder votos), tentar realmente modificar o ambiente em que habita e torcer para que seu exemplo insira em outros o desejo de fazer o mesmo. Isto sim, em longo prazo, pode trazer reais resultados. Existem pessoas de caráter e boas intenções, mas que ao serem inseridas no sistema político, visualizam duas opções: a “prostituição” ética ou continuarem lutando até serem “apagadas”, como queima de arquivo. Como o xerife Will Kane do faroeste “Matar ou Morrer“, sozinho em uma cidade de medrosos que lhe viraram as costas. São as pequenas decisões que nos tornam exemplos. Beber socialmente ou beber até cair, sorrir para os outros ou franzir a testa, dar valor à cultura ou celebrar a mediocridade. Se todos tentarmos agir assim, os políticos (e o sistema político como um todo) terão que se adequar a nós.

Correu o mundo na época, em todas as manchetes de jornais. Um jovem entrou fortemente armado em uma sessão do filme “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge“, promovendo uma chacina que tirou a vida de doze pessoas e deixou várias outras gravemente feridas. A mídia sensacionalista aproveitou a oportunidade e debateu sobre a possível relação entre este atentado terrorista e a violência no próprio filme (assim como fizeram à época, em um caso similar com “Clube da Luta“), questionando se deveria haver um limite no que pode ser mostrado em filmes e jogos eletrônicos.

A violência é inerente ao ser humano, um impulso primitivo que reside no inconsciente de cada um (até mesmo um notório pacifista como Gandhi), precisando ser disciplinada, nunca reprimida. A repressão utópica leva apenas ao descontrole emocional, que aliado a alguns fatores (como educação e cultura) pode agir como uma bomba-relógio pronta para explodir a qualquer momento. Freud acreditava que todos nós possuímos uma dupla personalidade, uma constante batalha entre o nosso inconsciente (id) e a consciência (superego) moral (que pode ou não, ser moldada pela crença em algo), onde o resultado mais satisfatório é sempre a coexistência harmônica, nunca a supressão de um pelo outro. Trocando em miúdos, trata-se do clássico caso do homem que nunca caminhou descalço e mostra-se incapaz de cruzar um deserto. Uma sociedade ascética, onde somente livros, jogos eletrônicos e filmes que inspirem paz e conforto são aceitáveis, não produziria menos assassinos que uma sociedade que aja de forma radicalmente contrária. Precisamos adentrar no cerne da questão, da forma mais objetiva possível: Quais os malefícios da violência mal disciplinada? Como um jovem de vinte e quatro anos pode entrar em uma loja e legalmente sair com um arsenal (incluindo colete à prova de balas, um fuzil AR-15, uma escopeta calibre 12, duas pistolas calibre 40 e 6.000 balas de munição), sem porte de arma? Questões que não são tão instigantes politicamente quanto reverberar a afirmação feita pelo jovem, de que ele era o “Coringa“. Ele poderia ter ido mais a fundo e afirmado ser também “Travis Bickle” (personagem de Robert De Niro em “Taxi Driver”), “Alex DeLarge” (Malcom McDowell em “Laranja Mecânica”), “Harry Calahan” (Clint Eastwood em “Dirty Harry”), “Tony Montana” (Al Pacino em “Scarface”) e qualquer outro personagem violento cuja história já foi contada pela Sétima Arte. Como se esquecer dos personagens que nasceram do universo literário, do gato “Tom” (da animação infantil “Tom e Jerry”) e de cada soldado que já participou de alguma guerra no mundo? O obrigatório dever militar reservado ao imaturo adolescente que acaba de completar dezoito anos, não seria um incentivo à violência? Seria utópico imaginar uma sociedade em que jovens de dezoito anos adentrassem obrigatoriamente em um liceu que abrangesse filosofia e psicologia? Ensinamentos que formariam homens de forma mais recompensadora que um simplório treinamento que os leva a rastejar na lama e aceitar berros de superiores (designação concedida por medalhas de latão), ao invés do estímulo diário à técnica da argumentação.

A realidade é que o cinema, a literatura e os jogos eletrônicos são necessárias fontes de escapismo. Os pais que criam seus filhos afastando-os de filmes e jogos violentos estão realizando um desserviço em longo prazo. Eles se tornarão no futuro pessoas medrosas, dependentes e incapazes de suportar as frustrações inerentes ao ato diário de viver. Adultos emocionalmente frágeis, com possível conduta antissocial (como o recluso jovem abordado neste texto) e propensão a vícios, sempre buscando fugir das responsabilidades naturais de uma mente madura. A mitologia grega era intrinsecamente violenta (leia “Ilíada” de Homero, por exemplo), assim como a mitologia nórdica, egípcia, aborígene, védica, o antigo testamento cristão e obviamente a mitologia moderna formada pela Nona Arte (os heróis das revistas em quadrinhos). Impossível desassociar o instinto violento do ser humano, assim como ignorar sua importância (quando disciplinado) no progresso do mesmo. Precisamos parar de culpar o “carteiro” pelo conteúdo da “carta”.

Finalizo respondendo a pergunta feita no título com um sonoro: “NÃO”! Muito pelo contrário, eu torço para que a violência (leve ou excessiva) tenha sempre espaço nas narrativas literárias, cinematográficas e nos enredos dos jogos eletrônicos, pois esta cômoda forma de negar a responsabilidade (educação familiar, estabelecendo condutas íntegras e éticas) na vida real, colocando a culpa no escapismo, não somente dificulta o entendimento da simples diferença entre eles, como também forma uma sociedade covarde e incapaz de se defender.

OCTAVIO CARUSO: colunista Conti outra

contioutra.com - A violência em filmes e jogos influencia a violência na vida real?
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Carioca, apaixonado pela Sétima Arte. Ator, autor do livro “Devo Tudo ao Cinema”, roteirista, já dirigiu uma peça, curtas e está na pré-produção de seu primeiro longa. Crítico de cinema, tendo escrito para alguns veículos, como o extinto “cinema.com”, “Omelete” e, atualmente, “criticos.com.br” e no portal do jornalista Sidney Rezende. Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, sendo, consequentemente, parte da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica.

Blog: Devo tudo ao cinema / Octavio Caruso no Facebook

“O segredo de nossa casa”, uma fábula africana.

“O segredo de nossa casa”, uma fábula africana.

Há muito valemo-nos das fábulas para dizer, de modo eufêmico, verdades cotidianas.

Assim, quando objetos e animais ganham vozes e se submetem a acontecimentos diversos, melhor podemos analisar, na alegoria da história contada, ações e reações nossas. Momento em que repensamos os nossa hábitos e nossos crenças.
Abaixo, uma fábula africana que nos dá oportunidade de ponderamos sobre a real
necessidade de noticiar aquilo que ocorre no íntimo dos nossos lares.
“Certo dia, uma mulher estava na cozinha e, ao atiçar a fogueira, deixou cair cinza em cima do seu cão.
O cão queixou-se:
– A senhora, por favor, não me queime!

Ela ficou muito espantada: um cão a falar! Até parecia mentira…Assustada, resolveu bater-lhe com o pau com que mexia a comida. Mas o pau também falou:- O cão não me fez mal. Não quero bater-lhe!

A senhora já não sabia o que fazer e resolveu contar às vizinhas o que se tinha passado com o cão e o pau.

Mas, quando ia sair de casa a porta, com um ar zangado, avisou-a:

– Não saias daqui e pensas no que aconteceu. Os segredos da nossa casa não devem ser espalhados pelos vizinhos.

A senhora percebeu o conselho da porta. Pensou que tudo começara porque tratara mal o seu cão. Então, pediu-lhe desculpa e repartiu o almoço com ele.”

Lenda via O Ponto

Editorial CONTI outra

“A graça natural de uma sociedade sem grades”, uma crônica da moçambicana Hirondina Joshua

“A graça natural de uma sociedade sem grades”, uma crônica da moçambicana Hirondina Joshua

Título original: “Chapa- sem falas”

Hirondina Joshua

O chão foge debaixo dos pés. A pressa torna-se a melhor companheira.

São sete da manhã; mas é como se ainda fosse madrugada nas cabeças da gente que tortura os dias para esquecer a fome.

Apanhar o chapa é mais difícil que ir à pé, pensei. Mesmo que esta verdade não constitua a realidade.

– ” Xipamanine-Praça dos Combatentes”

-Uma voz gutural anunciava.

Depois de muitas horas de luta, finalmente entro no chapa, a primeira coisa que procuro é sossego.

“Saia daqui. Se não queres ser tocada, por que não sobes o teu carro?”  Alguém reclamou muito nervoso.

Calei-me os nervos para não arranhar a razão.

Há muita coisa nesta vida de que se pode e deve reclamar: menos dos cheiros que há num chapa. Ali vale tudo; uma dança de cheiros sem fim.

Encosta não encosta, pisa e não pisa, ali a regra é outra: ser-se servo da incompreensão.

Na paragem seguinte, sobe uma senhora e em voz alta fala com o motorista:

“João uhu bom?! Há quanto tempo. Pensei que não era mais você esta via.”

O silêncio reinou naquele espaço, fez Vida e luz na curiosidade roubada dos viajantes. Todos admirados com a fala da senhora.

Era atraente e todos queriam saber como ela conseguia se expressar daquele jeito tão particular, próprio das coisas diferentes.

E o motorista responde segurando a boca para não soltar uma gargalhada mal-educada:

“Isso é impossível. Esta via me dá sorte dona Luísa.”

Estendi os ouvidos para o ferro que separava as cadeiras de trás, queria enganar a distância com a conversa alheia.

Nesse dia, não era sobre política nem desporto… diálogos típicos de um chapa.

Era sobre sexo.

Alguém que mal dormiu resolveu fazer aula no chapa.

Um rapaz a descrever de forma pouco educada as “maçãs” que já experimentara. É verdade, para este assunto há indisciplina mesmo com arranjos gramaticais, figuras estilísticas e singulares entoações vocais.

Será que devemos dizer tudo e a todos e em todo lugar? Modos, moldes e opiniões habitam em cada um de nós. Mas certamente não seja esse o mal. Certamente o mal haja na própria acção de termos que nos encontrar sem dar por isso em nós.

Mostrando-nos em primeiro lugar, a nós próprios, rostos anónimos e, dando aos outros as suas reais aparências.

Um refúgio para os que querem desabafar com desconhecidos sem riscos correr de ver as suas vivências publicadas a terceiros.

Um esconderijo bastante rijo. Gozamos da autonomia da fala completa: diz-se tudo sem se olhar a quem.

A graça natural de uma sociedade sem grades, o Tempo a acontecer, as pessoas a fruírem o que a sua suposta liberdade lhes traz e trai.

No chapa há Vida sem tabus nas vidas dos passageiros. O verdadeiro domicílio de uma parte da sociedade flutuante.

contioutra.com - "A graça natural de uma sociedade sem grades", uma crônica da moçambicana Hirondina Joshua


Hirondina Joshua

contioutra.com - "A graça natural de uma sociedade sem grades", uma crônica da moçambicana Hirondina JoshuaNasceu em Maputo, Moçambique, a 31 de Maio de 1987.
Está integrada em várias antologias, revistas, jornais, sites, blogues nacionais e internacionais. Teve Menção Extraordinária no Premio Mundiale di Poesia Nósside 2014.

Hirondina Joshua no Facebook

Lição da abelha, sobre o DESAPEGO

Lição da abelha, sobre o DESAPEGO

“As abelhas nos dão um grande exemplo de DESAPEGO.
Após construírem a colmeia, elas abandonam-na.
E não a deixam morta, em ruínas, mas viva e repleta de alimento.
Todo mel que fabricaram além do que necessitavam é deixado. Batem asas para a próxima morada sem olhar para trás.
Num ato incomum, abandonam tudo o que levaram a vida para construir.
Simplesmente, o soltam sem preocupação se vai para outro.
Deixam o melhor que têm, seja pra quem for – o que é muito diferente de doar o que não tem valor ou dirigir a doação para alguém de nossa preferência.
Se queremos ser livres, parar de sofrer pelo que temos e pelo que não temos, devemos abrigar um único desejo: o de nos transformar. Assim, quando alguém ou algo tem de sair de nossa vida, não alimentamos a ilusão da perda.
O sofrimento vem da fixação a algo ou a alguém.
O apego embaça o que deveria estar claro: por trás de uma pretensa perda está o ensinamento de que algo melhor para nosso crescimento precisa entrar.
Se não abrirmos mão do velho, como pode haver espaço para o novo?”

Autor desconhecido

contioutra.com - Lição da abelha, sobre o DESAPEGO

Nota da CONTI outra: Esse texto foi uma cortesia ByNina.

O que e quanto suportar? Flávio Gikovate

O que e quanto suportar? Flávio Gikovate

A tolerância com sofrimentos é virtude quando somos obrigados a suportar contextos que independem da nossa vontade.

É o caso das dores inexoráveis da vida e das dores psíquicas.

Para mais informações sobre Flávio Gikovate
Site: www.flaviogikovate.com.br
Facebook: www.facebook.com/FGikovate
Twitter: www.twitter.com/flavio_gikovate
Livros: www.gikovatelojavirtual.com.br

Esse blog possui a autorização de Flávio Gikovate para reprodução deste material.

O Jogo é Amar, Robert Happé

O Jogo é Amar, Robert Happé

Reedição com áudio em Português da video-entrevista de Robert Happé legendada.

Nesse vídeo foi mantida a legenda e adicionado o voice-over em Português.

Happé fala com propriedade sobre religiões, a alma humana e o momento mundial da humanidade de um modo geral. Excelente vídeo para reflexão – muitas verdades – para muitos, verdades inconvenientes. Narração Ricky Elblink

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Verdades e Mentiras

Verdades e Mentiras

Por Elika Takimoto

A mulher, negra, forte, mal vestida e suja pede clemência para Juliana que insiste em não abaixar o vidro da janela. Juliana acabou de entrar em seu carro que estava estacionado na Avenida Afrânio de Melo Franco a alguns metros de onde morava. Parara ali porque, por sorte, tinha encontrado uma vaga quando voltava do trabalho e resolveu comprar pão na antiga padaria do bairro.

– Por favor, senhora, por favor! Tenha bondade nesse coração!

Juliana movimentou o vidro o suficiente para que um dedo passasse.

– Por favor, senhora, eu trabalhava de acessorista de elevador no prédio aqui perto há dez ano, mas desde que fizeram a reforma me mandaram embora e eu não consigo emprego em nenhum lugar. Tenho fome e queria um dinheirim só para comer alguma coisa. Não sou vagabunda nem filho eu tenho não senhora. Tenho dormido na rua porque não tenho mais como pagar o aluguel do barraco onde morava tenha piedade senhora.

A brecha do vidro era pequena como já registrado, mas não impediu que o bafo de cachaça da mendiga entrasse no carro perfumado de Juliana.

– A senhora está bêbada!

– Não estou não senhora, não tenho dinheiro para comer, senhora, tenha piedade. Juro que não é pra bebida não senhora.

– Em que prédio você trabalhava? De que rua? – Juliana morava no Leblon desde que nasceu e conhecia o bairro como conhecemos não a nós próprios porque isso é mentira, e muito menos a palma de nossas mãos porque isso é bobagem, mas como conhecemos, bem, como conhecemos… como bem conhecemos a nossa mesa de trabalho.

– Ali naquela rua, senhora. – E apontou para lá, qualquer lugar, lugar nenhum.

– Qual rua, moça? Fale o nome da rua!

– Me esqueci, senhora.

– Trabalhou há dez anos no mesmo prédio e se esqueceu do nome da rua? Ah, vá ver se estou na esquina, sua bêbada! Você mente descaradamente!

Quando foi levantar o vidro, a indigente colocou, na tentativa de impedir o gesto da madame, seus dedos no pequeno espaço aberto entre elas.

– Senhora peloamordedeos me dê qualquer coisa, tenho fome.

– Isso não justifica você mentir e abusar da boa vontade das pessoas! Poderia te processar por impostura!

Juliana havia descoberto na semana anterior a traição do namorado com uma colega da sua própria repartição. Juliana era gerente e acabou demitindo uma boa engenheira para não ter que lidar com a vergonha e as fofocas em seu trabalho. No mais, a outra aprenderia a não se meter no caminho de Juliana. Quanto a ele, o traidor, Juliana o amava e estava sofrendo, dizia, porque se tem uma coisa que eu não gosto é de mentiras! Eu não perdoo mentiras!

– Eu vou te processar! Você mentiu pra mim, sua bêbada mentirosa! Com um bafo desses e vem me dizer que não bebe! Ah vá…

– Tá bom, senhora! Eu menti! Eu menti! Mas o que a senhora faria no meu lugar? Por Deus, senhora! Como vou viver sem mentir! Se eu contar a verdade que tento procurar trabalho há vinte ano e ninguém me dá uma oportunidade sequer ninguém acredita! Só sabem me dizer que sou forte, gorda, mas ninguém emprega ninguém que não sabe ler nos dias de hoje! Querem sempre referença! Como vou arrumar referença se nunca trabalhei, senhora?

– O que fazer? Vai trabalhar ora!

– Onde, senhora? Se a senhora me arrumar onde eu trabalho, eu vou! Onde?

– Vai lavar roupa pra fora!

– Lavo, senhora! Mas quais roupas? A senhora confiaria as suas roupas para que eu lavasse elas?

Juliana pensou. Pegou um pão e deu para a senhora. Mas antes de sair com o carro, disse-lhe que fosse no condomínio tal, na casa tal procurar por Juliana e que se ela lá chegasse, teria trabalho para fazer.

Chegando em casa, resolveu fazer uma sauna, avisou a empregada para colocar na mesa perto da piscina os pães recém-comprados com sucos e tudo o mais para compôr o lanche. Ao subir para o seu quarto, ouviu o som da campainha e logo depois a empregada veio lhe avisar que seu Jorge, o porteiro, estava diante de uma mulher negra e suja que estava procurando por ela na porta do condomínio, conforme ele foi avisado por dona Juliana que isso poderia acontecer.

– Kátia, vá buscá-la. Leve a mulher para a garagem e dê-lhe todos os tênis dos meninos para ela lavar no tanque. E quando ela terminar, me chame!

A maltrapinha acompanhou a moça de uniforme branco até a casa de dona Juliana. Da janela de seu quarto, Juliana conseguiu perceber a chegada das duas. A mulher mentirosa vinha atrás de Kátia, mas nada feliz como aqueles que arrumam uma saída na vida. Vinha porque estava com o orgulho ferido por ter sido chamada de mentirosa e queria mostrar para Juliana que o que ela havia feito tinha uma justificativa. Pois sim que tem. Pois sim!

Juliana desceu sem fazer barulho. Kátia havia percebido que a mulher imunda estava cheirando vodca e fraca de tanta bebida. Ao mostrar-lhe os tênis dos meninos que eram três e jogavam futebol na lama toda semana, Kátia explicou-lhe o que teria que ser feito. Da cozinha, andando nas pontas dos pés e com os ouvidos esticados para a porta, Juliana escutou:

– Dona Lourdes, a senhora tem esses tênis para lavar. Dona Juliana gosta deles brilhando, está entendendo? Não sei onde ela está com a cabeça ao colocar a senhora aqui dentro! Até parece que uma mulher como a senhora, que não consegue nem se limpar, vai conseguir lavar esses tênis dos filho dela! Se não ficar direito, ela mandou avisar que não paga! E se eu fosse a senhora nem perdia seu tempo! Dona Juliana é chata com as coisa dela!

Juliana riu para dentro e tornou a subir para o seu quarto como se tivesse andando nas nuvens. Por pisar suave para que as duas não a ouvissem, mas também porque estava com o corpo mais leve por estar perto de comprovar que quando se quer, tem jeito sim e quem se esforça para fazer tudo certinho tem suas recompensas. Que podemos viver sem mentirmos uns para os outros. Que não precisamos arrumar justificativas por termos mentido. Não há desculpas para qualquer mentira! Que se Carlos chegasse e contasse para ela que não gostava dela e que estava interessado por outra que ela entenderia perfeitamente, quer dizer, que seria muito melhor do que ele ter mentido e tê-la obrigado a demitir uma excelente engenheira como a Tatiana.

Após uma hora mais ou menos, Kátia pediu que Juliana descesse, pois a mulher tinha terminado o serviço. E que tinha ficado bom como dona Juliana gosta.

– Muito bem, dona Lourdes. – Juliana rateou. Como sabia o nome da bêbada se jamais havia perguntado? – A senhora volte aqui na semana que vem e fará o mesmo serviço.

Deu-lhe trinta reais. Dez por cada par de tênis.

Na semana seguinte, Lourdes apareceu de novo com o mesmo bafo de cachaça e foram-lhe entregues os mesmos tênis imundos. Kátia recebeu a esmolambada com a mesma impaciência novamente ouvida pela danada da Juliana que espreitava atrás da porta da cozinha.

– De novo com essa cara imunda?!? Como dona Juliana permite que a senhora entre assim aqui? Pois bem, aqui a esponja, aqui os tênis dos menino e comece a lavar porque a senhora não pode ficar aqui muito tempo! Dona Juliana pediu para que eu não deixasse a senhora fazer hora nos serviço de lavági dos tênis!

Juliana não poderia ter ficado mais satisfeita com a sua ideia. Nem contava com essa da Kátia que estava se saindo melhor do que encomenda. Quem diz que quer, quem diz que precisa, quem diz que ama, suporta os trancos da vida e segue em frente mantendo o foco. Só os fracos, os infelizes, os que não têm mais jeito arrumam uma desculpa para a incompetência de respeitar e amar o próximo! Vamos ver se essa negra bêbada volta de novo! Vamos ver! Pois sim que volta, pois sim!

Os tênis ficaram de novo limpíssimos. Lourdes voltou durante três meses, todas as semanas. Juliana arrumou-lhe roupas e sapatos novos. Permitiu-lhe banho no banheiro dos empregados. Após esse tempo, Carlos foi perdoado e Juliana resolveu oferecer algo maior para Lourdes que já não mais cheirava a vodca, run ou cachaça. Pediu para que Kátia ensinasse a ela como cuidar dos cachorros. Depois pediu para Kátia ensinar-lhe a passar roupas. Depois acabou indicando Lourdes para sua amiga.

Ao visitar Andréia, quem atendeu a porta foi Lourdes vestida com um uniforme alvo e cheirando a produtos de limpeza.

– Muito bem, Lourdes! – disse juliana muito feliz – Fico muito contente por você! De certa forma, me sinto como uma madrinha, sabe? Fui eu afinal de contas que perdoei a sua mentira, se lembra? E que te ajudei a ter hoje dignidade que antes parecia que te faltava! Fico realmente muito feliz em ver você livre do vício da bebida, dona Lourdes, e perceber o quanto eu contribuí para isso.

– Muito gradecida, dona Juliana. Por suas palavra bonita e suas atitude. Por ter oferecido os tênis dos menino pra mim lavar. Muito gradecida. Mas quem me tirou do viço foi aquela alma boa da menina que trabalha com a senhora.

Juliana que bem tinha ouvido todo o tratamento dado de uma para a outra, riu-se:

– A Kátia? Alma boa? Com você? Pois sim, dona Lourdes! E eu não sei como ela te tratava? Vivia te chamando de bêbada, de suja e ofendendo a senhora!

– Ela gritava muito comigo. Principalmente no iniço. Desde o primeiro dia. Mas depois que ela me chamava de fedorenta, de bêbada e de tudo o mais e via que eu não fazia nada mesmo, acho porque não tinha as força nos braço por causa das bebida mesmo que a senhora bem sabe que eu bebia e muito, ela vinha e lavava tudim pra mim. Vou te dizer, dona Juliana, eu só fui lavar os tênis dos meninos depois de muitos dia indo na casa da senhora! Põe mês nisso! Ela todo dia brigava muito sim senhora, mas vinha depois chorando, secando o nariz com as mão e lavava tudim pra mim. Por qual motivo eu parei de beber olhando a dona Kátia fazer essas coisas comigo, eu não sei. Mas foi por causa dos xingamento dela e por causa que depois ela vinha fazer os serviço que era pra mim fazer e eu não ia fazer mesmo porque não queria saber de lavar tênis dozoto, alguma coisa aconteceu dendimim. Ela me acorrigiu e nunca mais eu quis beber. Alguma coisa, aquilo significou pra mim. A senhora aceita um cafezim?

Laços de sangue não são necessariamente de amor

Laços de sangue não são necessariamente de amor

Por Adriana Vitória

Além de ter lido muito a respeito e ter experimentado vários tipos de terapia, como um quadro inerte na parede, durante anos, observei atentamente historias que amigos e desconhecidos me relatavam e, sem sombra de duvida, nossas questões principais são, o que chamo de ” o equívoco da fonte”.

No cerne familiar nascem as carências, culpas, frustrações e esperanças de que o outro mude de alguma forma.

Muitos de nós passam a vida esperando para sermos amados. Tendemos a esperar que o amor venha de fontes muitas vezes secas para nós. Crescemos esperando que nossos pais, irmãos e avós nos amem incondicionalmente e que a reciproca seja a mesma, mas não é. Queremos acreditar que o amor deve vir, quase que obrigatoriamente, das pessoas denominadas “família”, e esta é a causa do maior sofrimento para a maioria de nós, e sua ausência, geradora de culpas quase indeléveis.

Nossa civilização, mais especificamente a ocidental, determinou funções a serem exercidas a todos os papéis dentro da hierarquia familiar.

As sociedades vem passando estes conceitos errôneos e equivocados geração após geração. Até que alguém se questione e interrompa este processo neurótico e passe a entender que afetos não se determinam geneticamente, inúmeras famílias estão fadadas a viverem no caos.

Podemos querer bem a aqueles com os quais convivemos nos primeiros anos de nossa vida e NÃO necessariamente amá-los ou sermos amados.

Muitos padastros, madrastas, tios, estranhos, podem amar mais os filhos de seus conjuges e amigos do que seus supostos pais muitas vezes ausentes.

Podemos ter um avô como figura paterna, um amigo que amamos mais que todos nossos irmãos e por ai vai.
Ah! O amor ! Este sentimento mal compreendido e freqüentemente confundido pelas nossas carências.

Ouço amiúde pessoas atônitas exclamando sobre como pode um filho não amar um pai, a mãe ignorar um filho e etc.

Julgamos pessoas com nossos preconceitos quando, muitas vezes gostaríamos de ter a coragem delas e nos libertarmos das amarras dos laços sanguíneos que, muitas vezes nos sufocam.

Compreender que aprendemos com a adversidade, que a realidade, apesar de muitas vezes parecer dolorosa é sempre melhor que a fantasia, que as figuras que nos foram impostas também têm a nos ensinar e que aceitar a inexistência do amor não é o fim do mundo, nos da a chance de encontrá-lo e tornar nossas vidas mais consistentes e felizes.

Em 25 segundos, Einstein diz sobre a educação infantil o que muitos levam a vida toda para compreender

Em 25 segundos, Einstein diz sobre a educação infantil o que muitos levam a vida toda para compreender

Abaixo, você veja um fragmento de um discurso de Albert Einstein referente a educação que as crianças recebem.

Será que tivemos grandes mudanças?

Definitivamente, em 25 segundos, Einstein diz sobre a educação infantil o que muitos levam a vida toda para compreender.

Nota: Após a publicação fomos informados de que a legenda não é compatível com o conteúdo da fala. Entretanto, optamos por deixar a postagem no ar para que as pessoas saibam deste fato mas, o mais importante, para que a reflexão possa permanecer uma vez que a fala é muito interessante.

Agradecemos à Adriana Vitória Cabral Kazaz, amiga, parceira e colunista dessa página pela indicação desse vídeo.

A lenda do boto rosa, da Série: Recontando as lendas brasileiras

A lenda do boto rosa, da Série: Recontando as lendas brasileiras

Por Nara Rúbia Ribeiro

Dizem que há, nas águas dos rios, botos de extraordinária inteligência e profundo conhecimento da arte encantatória. Eles têm poderes especiais e os utilizam para visitar o mundo dos homens e trazer amor às mulheres.

Nas noites de junho, em meio às festas juninas, quando um boto rosa entende ser o certo momento, ele se transforma num homem forte, alto, de espantosa beleza. Suas palavras são poéticas e a sua voz, embora grave, tem a doçura dos rios em que vive. Seus olhos trazem a sede às mulheres. É assim que ele as convence.

Ele vai a festas juninas, sempre de chapéu para encobrir parte do rosto e esconder o único e último vestígio de sua forma antiga: o seu grande nariz.   Assim ele escolhe, dentre todas as mulheres desacompanhadas, a mais bela. Ele a chama para dançar e diz aos seus ouvidos  o que há de mais terno. Seus olhos de boto a deixam com sede de amor e, então, ele a convida para um passeio no fundo rio. E ela o aceita.

Sobre as águas, num feito mágico, boto e humana se amam. Finda a noite, ela retorna ao mundo dos homens e ele retoma a sua forma de boto e desaparece para sempre nas águas.

Contudo, entrega aos humanos algo sem preço. A mulher apalpa o ventre e compreende: o boto lhe deixara um rebento. E assim a humanidade se vê enfeitada de humanos meio homem, meio boto. E a mulher entrega ao mundo dos botos um coração, pois, diz a lenda, que após provar o amor de um boto rosa, a mulher se faz incapaz de a um homem amar.

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Leia outras lendas em:  Recontando as Lendas Brasileiras

Nara Rúbia Ribeiro: colunista CONTI outra

contioutra.com - A lenda do boto rosa, da Série: Recontando as lendas brasileiras

Escritora, advogada e professora universitária.
Administradora da página oficial do escritor moçambicano Mia Couto.
No Facebook: Escritos de Nara Rúbia Ribeiro
Mia Couto oficial

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