Jogando o mal pela janela…

Jogando o mal pela janela…

Por Joana Nascimento

Defenestrando males tácitos*

Numa época em que boa parte da população brasileira – não somente parcela de cidadãos que faz panelaço em suas varandas gourmet -, se reúnem em grandes mobilizações sociais (?) a fim de pedir o impeachment da presidente Dilma Roussef, certos de que estarão banindo do mais alto grau administrativo da república brasileira um mal maior, vou me dedicar a dissertar sobre como é possível promover uma melhoria inimaginável na vida, apenas se livrando de miudezas imbuídas de um prejuízo velado a você mesmo. 

Abrindo aqui parênteses para deixar claro que não tenho menor intuito de me posicionar quanto a estar do lado dos que foram às ruas, dos que criticaram os que foram às ruas ou ainda dos que estão em outro caminho diferente dos dois grupos.

Retomando… não é preciso, parar a tão sonhada leveza do ser (tão sonhada que intitulou um daqueles Best-sellers de auto ajuda) de que algo de grandes proporções nos acometa para que, como consequência inevitável, nossa vida se reoriente.

Muitas vezes, não é necessário que reinventemos a roda. Para que conquistemos a tal paz interior, que, a cada vez mais tem estado no cerne de anseios da sociedade contemporânea, basta pensar com razoabilidade.

A panaceia do mundo, salvas as devidas proporções, reside no mero auto conhecimento acompanhado de um poder de análise.

Somos capazes de apontar diversos males do universo, aqueles que atingem multidões e provocam mazelas em todo um povo e uma época. Mas talvez, se solicitados, não saibamos sinalizar os nossos pequenos vícios que geram moléstias individuais e até coletivas. A nossa capacidade de nos fazer mal é muito maior do que os danos que um terceiro pode nos causar. Essa potencialidade negativa nos passa despercebida. E é mais perigosa, pois é tácita.

DEFENESTRE*!

Elimine o que não é produtivo, engraçado, pacificador, tranquilizante, provocador de risos, edificante, elucidativo. Jogue para longe o que te induz a pensar que és menos do que realmente é.

Como aquela obsessão que você tem de postar selfies, quase implorando por curtidas; não é isso que vai te fazer se sentir querido. Ou quando você publica todos os momentos que você julga imperdíveis aos seus contatos, acompanhados de hashtags mirabolantes (infeliz mecanismo de comunicação das redes sociais que teve sua razão totalmente diluída nas inutilidades dos usuários); isso é o que você demonstra virtualmente, mas não é o verdadeiro panorama de sua vida.

Ou quando você insiste em sair com aquela turma que te faz se sentir inferior, sob qualquer que seja o aspecto; não são eles os seus amigos que entendem o real conceito de amizade. Ou no trabalho, quando você acredita nos que maximizam seus erros e tornam seus feitos como coisas pífias; não são esses o que vão te dar um feed backcerteiro de sua vida profissional.

Ou quando você se anula para poder agradar seus familiares; não é essa a aprovação que você precisa. Ou quando você projeta seus sentimentos e todos seus esforços em tentar fazer alguém feliz numa pessoa que mal sabe quem é você e que te coloca em órbita, fora de todos os círculos de sua vida; essa não é, nem de longe, a pessoa a quem você deve entregar o melhor que guardou de si.

Auto sabotagem. É isso. Ceder a todos essas imposições do imaginário coletivo – e de seu próprio – como as situações supracitadas. É como você boicotar a si mesmo. Não é difícil entrar nesse redemoinho pernicioso. Também não é fácil compreender que você está nessa situação e, menos ainda, se livrar desse imbróglio silencioso.

Nessa mesma toada, vivia Holden Caulfield, o protagonista de ‘O apanhador do campo de centeio’ (J. D. Salinger), um adolescente norte americano, aborrecido e rebelde pela causa obrigatória de ser assim, naquele contexto em que vivia – a discordância era característica intrínseca ao jovem da época.  O descontentamento que sentia em relação à sua vida, principalmente em relação aos pais, nada mais era do que a sua mania vazia de contestar por contestar.

Na mesma armadilha secreta caiu Jerry Falk, personagem vivido por Jason Biggs, no longa metragem ‘Igual a tudo na vida’, de Woody Allen. O jovem se via preso em duas amarras que tolhiam todo o fluxo de sua trajetória: não conseguia se desapaixonar da temperamental e leviana Amanda (Christina Ricci), nem largar o empresário bufão Harvey (Danny DeVito) que cuidava da sua carreira. O paradoxo era que, temendo sofrer de amor e ter fracasso na vida profissional, Jerry vivia nesse emaranhado cíclico: sofrendo de amor e sendo um fracasso, sem ter consciência disso.

Portanto, o primeiro dos males a ser eliminado é o tácito.

*Tácito: Implícito; que está subentendido e, por isso, não precisa ser dito; que não se pode traduzir por palavras.

*Defenestração é o ato de atirar algo por uma janela. Refere-se, contudo, mais especificamente ao ato de atirar pessoas de uma janela com a intenção de as assassinar ou ao caso de suicídio. O termo provém da palavra latina para janela, fenestra.

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Sou jornalista e aspirante a produtora e crítica cultural, e, bem incipiente, roteirista de cinema.
Acredito piamente no conhecimento do maior número de textos teóricos, narrativos e imagens como forma de evolução mental e espiritual.
Embora tenha vontade, sei que uma pessoa não muda o mundo, mas creio que cada cabeça individual é um universo diferente, e este, nós podemos melhorar sempre. O impacto positivo no todo externo será sempre progressivo e crescente.
Gosto de escrever sobre existencialismo e condutas de vida, sempre fazendo analogias com filmes, livros, música e teatro. Conheça mais em www.joananasc.blogspot.com.br.

A tv produz o lixo que o povo gosta ou o povo consome o lixo que a tv produz por que não tem escolha?

A tv produz o lixo que o povo gosta ou o povo consome o lixo  que a tv produz por que não tem escolha?

Por Adriana Vitória

Depois de anos observando a humanidade e a mídia, não tenho duvidas que a segunda opção é a verdadeira.
Os “formadores de opinião” que controlam as mídias ao redor do mundo, entenderam que grande parte da população é vulnerável e facilmente manipulada.

Isto é um fato dado que, milhares de pessoas, de diferentes classes sociais tiveram suas personalidades fragilizadas e enfraquecidas na infância tornando-as adultos inexpressivos e indecisos, mas isto não justifica absolutamente tratar o povo como rebanho.

Que mídia é essa que despeja toneladas de puro lixo de domingo a domingo em suas tvs e revistas, pra depois os acusarem de ignorantes sem cultura ?

Seja de que lado for, é fato que o mundo carece de qualidade e bom gosto, mas também é fato que os melhores canais de tv são pagos e as melhores revistas inacessíveis a maioria.

Ao longo da minha vida tive o desprivilégio de encontrar pessoas “instruídas” absolutamente ignorantes e o privilegio de conhecer outras, muito humildes plenas de sabedoria.

Infelizmente, e principalmente nos países de terceiro mundo, do qual nós, pobres brasileiros fazemos parte, aqueles que comandam a mídia, parecem querer ignorar o fato de que todos não só tem o direito, mas querem ter acesso ao conhecimento, aos livros, ao mundo, as diferentes culturas, as artes.

A crescente erotização na música e nos programas de tv mostra a enorme pobreza de espirito e falta de criatividade dos que comandam este universo e apesar de não parecer, o povo esta farto disto.

Experimente dar ou ler um bom livro a quem nunca teve um, pra ver o que acontece. Mágica !

Manter um povo com conhecimentos limitados é cruel, é tolher a liberdade de se formar sua própria opinião, e pior, é destinar um pais a sua própria miséria.

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Você escuta os seus filhos?

Você escuta os seus filhos?

Por Viviane Lajter Segal

Crescer, ter filhos e formar uma família costuma fazer parte dos projetos de vida da maioria das pessoas. Junto à realização desses sonhos vem as responsabilidades, preocupações, falta de tempo para si e para o companheiro e, consequentemente o estresse diário. No meio dessa correria toda quando chegamos em casa após um dia de trabalho queremos encontrar com a família e relaxar um pouco. Certo? Nem sempre é tão simples assim! Principalmente quando se tem criança pequena, pois é quando elas querem contar as suas experiências e exigem total atenção dos pais. É nesse momento que muitas vezes precisamos desligar das preocupações pendentes do dia ou desistir daquele banho relaxante que gostaríamos de tomar para ouvir as histórias dos pequenos! Esse pode ser, para muitos, um processo difícil. Requer paciência, autocontrole e muito cuidado. E você? Como age quando o seu filho quer te contar algo? Será que você dá a atenção que gostaria?

A linguagem corporal é uma forma de comunicação muito importante e, por várias vezes, fala mais que muitas palavras. Um exemplo muito claro disso é quando o pai senta para conversar com o filho, mas o seu olhar não sai da frente do celular checando as mensagens instantâneas ou as novidades nas redes sociais. Qual a mensagem que esses pais estão passando, sem perceberem, ao agirem dessa forma? Provavelmente, que as suas opiniões não tem importância ou que não se interessam pela vida dos seus filhos.

Permita-se parar e ouvir

O afeto vai muito além dos cuidados de higiene e alimentação, que também são importantes, claro! É algo bem maior que exige atenção, cuidado, disponibilidade e dedicação. É poder se disponibilizar a escutar o outro de verdade, desligar dos seus próprios problemas e ser empático com as questões alheias. Prestar atenção realmente no que é dito, conversar, trocar experiências e aconselhar seus filhos. Esses gestos, teoricamente pequenos e simples fazem muita diferença na formação da personalidade e na autoestima dos pequenos.

Acolher o seu filho naquilo que ele te conta, perceber a importância que isso tem em sua vida, acompanhar suas experiências de perto, permitem que se construa uma relação mais próxima entre vocês. O resultado desses atos gera segurança, interesse e sensação de pertencimento dos pequenos na família.

O diálogo entre pais e filhos possibilita que as crianças aprendam a se expressar, a reconhecerem seus sentimentos e a lidarem com as frustrações e dificuldades que venham surgir pela frente ao longo da vida.

Ela é só uma criança! Ainda não entende.

Um engano muito comum dos pais é acreditar que, por serem crianças, elas não compreendem o que está acontecendo e que, portanto, esse tipo de comportamento não vai prejudicá-las. Porém, ocorre exatamente o oposto! Quando pensamos na constituição psíquica de uma pessoa ainda em formação percebemos como esse processo é delicado e pode deixar marcas para toda a vida.

Os impactos disso na psique dos pequenos vão variar de acordo com diversos fatores e com o ambiente em que se desenvolverão. Alguns comportamentos poderão ser desencadeados ao longo do tempo, uma vez que essas então crianças tendem a começar a se calar evitando conversar com os pais. Aos poucos vão se fechando, acreditando ser menos interessantes ou inteligentes que os demais a sua volta. Como consequência podemos ver o desenvolvimento de uma timidez excessiva. Outro possível impacto psicológico é uma baixa na autoestima que faça com que essa criança cresça e se torne um adulto inseguro e receoso em tomar decisões. Exemplos disso poderão ser percebidos nos seus relacionamentos afetivos ou na construção da sua própria família.

Cuidado e atenção

O relacionamento entre pais e filhos é muito delicado e requer um cuidado diário, nas pequenas atitudes. As crianças são muito atentas ao o que ocorre a sua volta e, apesar de pequenas, tem sensibilidade para perceber quando seus pais estão prestando atenção nelas verdadeiramente.

Pare, reflita, respire e converse com os seus filhos! Você estará ajudando a formar uma pessoa mais segura de si e capaz de tomar boas decisões ao longo da vida, além de fortalecer o relacionamento de amizade, cumplicidade e afeto entre vocês.

A fragilidade dos laços modernos

A fragilidade dos laços modernos

Por  Igor Melo Gulledge

Quantas vezes temos escutado “estou apaixonado” e da mesma pessoa, em pouco tempo: “acabou”? E facilmente escutamos, da mesma, que ela voltou a se apaixonar? Com certeza muitas vezes e de quase todos que conhecemos (inclusive de nós mesmos). Podemos perceber que esta condição é facilmente repetida, recorrente. E muitas vezes chamamos de amor, situações repetidas de envolvimento, mesmo que seja de apenas 1 dia.

A mudança da sociedade nos fez de fato desvalorizar por completo a sentença “até que a morte nos separe”. Assim, baixamos os padrões deste sentimento, podendo chamar de amor qualquer experiência de envolvimento. Experiência intensa e impactante, porém de curta duração. Sendo o amor uma ideia de eterno, duração perpétua, a habilidade de experimentar muitos amores poderia ser vista como incapacidade de amar.

Bauman vai nos lembrar em seu livro “amor líquido” do diálogo da profetisa Diotima, no banquete de Platão. Ela diz: “o amor não se dirige ao belo, dirige-se à geração e ao nascimento no belo”. Amar é querer “gerar e procriar”, e assim o amante “busca e se ocupa em encontrar a coisa bela na qual possa gerar”. O amor é um impulso criativo, ao movimento de gerar, fazer, criar. E por se tratar de duas pessoas, está marcado pela eventualidade e assim, pelo mistério. Mistério do encontro, pelo destino, pelo sublime, que vem da conquista, do ganhar, do prazer da vitória.

Aqui conflitamos nossa sociedade capitalista com a eternidade do amor. Sociedade consumista, dos produtos prontos, descartáveis, satisfação instantânea, prazer rápido, garantias, seguros e devolução. Caímos aqui no comportamento aprendido do mundo pós-moderno, capitalista e consumista, e fazemos do amor, experiências passageiras, rápidas, instantâneas e descartáveis, a que estamos acostumados.

A descartabilidade das acoes da modernidade, recairá nas ações do relacionamento interpessoal. Se aprendemos a descartar, usar tudo para satisfação de nosso prazer, aprendemos a ter este comportamento quanto a tudo, e também quanto aos outros, em nossos relacionamentos.

E podemos aqui nos perguntar, se temos tanta consciência do uso que fazemos do outro na busca de nosso prazer, porque ainda buscamos relacionamentos? Porque a instituição do casamento ainda é procurada, desejada e sonhada?

O sonho aqui é fonte de grande parte do desejo do homem, e falando em sonho, estamos falando na fantasia, alimentada pelo que recebemos como certo a fazer ou como resquícios de um projeto de vida, com o qual nosso superego foi construído.

É a ideia da construção familiar de que fomos fruto, que muitas vezes nos dá, sem mesmo querermos, o modelo de vida que teremos que ter. Crescer, estudar, trabalhar, casar, ter filhos… É o caminho que certamente grande parte da sociedade entende como o normal. Deste projeto de vida, de que fomos alvo e que recebemos como meta a ser realizada, é certamente a razão de grande parte da busca pelo modelo tradicional de família.

Podemos ainda relembrar daquela eterna falta, inquietação e angústia de que somos alvo e que falávamos antes. Estar com alguém relaxa a cobrança do superego a ter alguém e também a angústia vinda do medo da solidão.

 

A dificuldade moderna não é em não ter esta necessidade, e sim não conseguir calar as vozes dos desejos pela busca do prazer, narcísica, e perturbadas pela fantasia, que nos leva a enganação que há sempre algo bem melhor ainda a ser experimentado.

Paramos aqui num medo que está presente na humanidade desde seu inicio, e que provavelmente irá continuar nos acompanhando por muito tempo. A dificuldade moderna nao é em não ter esta necessidade, e sim nao conseguir calar as vozes dos desejos pela busca do prazer, narcísica, e perturbadas pela fantasia, que nos leva a enganacao que há sempre algo bem melhor ainda a ser experimentado.

O comprometimento e a responsabilidade com o que nos propomos, nos faz coerentes com as opções e decisões que tomamos. Isso nos faz entender que toda decisão requer uma série de renúncias, e isso é o que Freud quis dizer ao falar em maturidade, em casar e trabalhar. Estar pronto para isso, para Freud, é estar maduro para dizer não ao que a fantasia nos inquietar. Renúncia é essencial da maturidade, do entendimento que nos pertence apenas uma parte, e que não estar numa eterna busca de satisfação, em novidades, e que em parte nao pertence senão ao mundo imaginário.

O imaginário está cheio de ideias de liberdade e que entram em contradição com a busca de um alguém ideal. Grande parte da sociedade vive neste conflito. Sabemos que a pessoa ideal, ou o Príncipe encantado não existe, mas sim uma pessoa certa que pode nos compreender, ser capaz de caminhar conosco, ser parte de nossa felicidade, de nossa alegria e nossa satisfação. O problema é que na lista de requisitos para a pessoa certa, os itens sao absurdos, incapazes de serem preenchidos, permitindo assim ao Id sua busca perpétua de novidades e prazer e ao Superego a satisfação de que sim, buscamos a família perfeita, conforme quiseram nossos pais.

Poderíamos falar aqui em enganar nosso ego, dando livres asas ao id, mas sabemos a que preço temos pago. A angústia e insatisfação geradas desta busca, são de grande prejuízo. O descontentamento e infelicidade desta geração está claramente vista.

Nem mesmo 30% dos encontros passam no primeiro dia ou do primeiro sexo.

Se algo se quebrou, joga-se fora, e compra-se outro. Se um problema veio, findamos um relacionamento e partimos para a busca de outro. Falamos em terminar algo quando foi iniciado, mas que nos dias de hoje, segundo pesquisas, nem mesmo 30% dos encontros passam no primeiro dia ou do primeiro sexo.

É que no mercado capitalista todo dia temos novidades e estas nos envolvem, nos estimulam, nos prendem. No relacionamento, todo dia é dia que alguém novo, novas experiências, afinal, com quem estamos hoje nao estamos 100% feliz… nao foram satisfeitos 100% da lista de exigências da pessoa ideal.

É a segurança do amor eterno com a liberdade do pássaro que voa rapidamente em diferentes pombais, que consiste a grande guerra travada neste século.

A oferta e a facilidade de troca, alimenta a fantasia o eterno príncipe encantado de que fomos alvo na infância, pelos contos de fadas, e que de alguma maneira ainda buscamos.

Contatos com Igor Melo Gulledge pelo e-mail [email protected]
Publicado na Conti outra com autorização do autor.

Quer saber mais? Leia o artigo completo pelo link abaixo:

Procura-se um amor

Procura-se um amor

Procura-se um amor que adore pessoas mais por suas histórias que por suas conquistas. Procura-se um amor que seja feliz cercado de abraços por todos os lados, mas que também saiba navegar pelo espaço dos próprios pensamentos, sem culpa.

Procura-se um amor que goste de cozinhar para si. Desse jeito, em nossos jantares serei sempre companhia de um prazer que você já tem. Procura-se um amor que conheça bem os caminhos da doçura, os mistérios provocantes, os sabores da vida.

Procura-se um amor que entenda que líquidos são as melhores bases para diluir longas conversas. Chá, café, vinho, cerveja ou mesmo nossos beijos, que tudo seja pretexto para saber mais de você.

Procura-se um amor que seja paciente quando eu não conseguir sê-lo. Que perca a paciência quando precisar, que me mande ao inferno quando eu merecê-lo, mas que sempre me queira de volta, envoltos de um leve cinismo bobo das crianças, vazantes da culpa do outro.

Procura-se um amor que se debruce sobre mim quando precisar, como quem sobe nas pedras para ver o céu tocando delicadamente os cabelos ondulados dos mares, sem nada a dizer.

Procura-se um amor que convide com os olhos enquanto diz e que nade nos meus enquanto escuta. Procura-se um amor que tenha suas próprias manias, para que às vezes também se distraia e me deixe viver as que já são tão minhas.

Procura-se um amor que tenha dedos apaixonados por cabelos e que esses dedos abobalhados se percam em meio a eles, nas trilhas ancestrais do topo dos meus pensamentos.

Procura-se um amor que me faça rir como se eu fosse adepto de uma nova droga, ou dotado de um tipo raro de doença mental – Veja aquele pobre coitado, lá vai rindo-se. Dizem que ele sofre de um caso raro de Amorismo Cerebral – comentarão as vizinhas que brotam nas calçadas.

Não, não busco mais perfeição. Busco quem também suavize meus pesos e releve meus erros que se multiplicam sempre em tantos e tantos e tantos. Não, não mais me distraio tanto com os errados enquanto não me chega o certo. Quero estar com os olhos bem abertos e o pátio do meu coração bem limpo para convidá-lo ao centro, quando o encontrar por perto.

Mainha tem sempre razão.

Mainha tem sempre razão.

Imagem: saudosa Dona Canô

Mãe é o personagem de nossas vidas que mais marca. Primeiro, por questões biológicas. O útero nos abriga e nos forma. Lá, somos apenas crescimento. Segundo, por questão de roteiro. A nossa história progride na medida em que somos envolvidos em seus cuidados.

Mas nem toda mãe ama. É um mito forte aquela história de que “mãe é mãe.” Basta observar o abandono. Não nos cabe, também, aquela arma de julgamento, porque nada é mais difícil do que ser mãe. Há quem não suporte a dificuldade e fuja.

Atire a primeira condenação quem nunca fugiu diante de um obstáculo!

Eu mesmo nasci homem porque não suportaria ter um útero.

A mulher tem um órgão, no corpo, que gera uma infinidade de outros órgãos. Assustador. Talvez disso nasçam os machismos. O homem tenta diminuir o papel delas na sociedade, pois sabe que é mais frágil. Mal gera os próprios desejos…

Se existe algum sexo fraco e perdido, só pode ser o nosso, meus amigos, e não adianta a gente ficar por aí querendo humilhá-las. Impondo a cor do batom, o tamanho da saia, com quem elas devem sair ou quais pensamentos necessitam ter. Essas agressões só revelam o quanto somos caídos.

Se quisermos levantar, valorizemos as mainhas, inclusive as que decidiram não ter filhos. As que decidiram ser nada do que nossos receios quiseram que fossem.

E, se você anda reclamando do preço da gasolina, fica o aviso: mainhas são os combustíveis do mundo. Tão caras que o dinheiro se envergonha de tentar comprá-las.

Inspirado em Mainha Me Ensinou, de Maria Rita

Um médico chorando pela dor de perder um paciente! A força do vínculo entre quem cuida e quem é cuidado.

Um médico chorando pela dor de perder um paciente! A força do vínculo entre quem cuida e quem é cuidado.

Por Marcela Alice Bianco

Um médico chorando pela dor de perder um paciente! Essa foi uma das imagens que um dia inundou as redes sociais. Mas como abarcamos essa condição atualmente?

Não se restringindo apenas ao profissional da medicina, mas estendendo para toda a equipe de saúde, qual o espaço que os mais puros sentimentos e emoções humanas encontram nos hospitais, enfermarias, ambulatórios, prontos-socorros e UTIs?

Que conjunto de comportamentos são esperados pela sociedade e pelos próprios profissionais, diante da enorme gama de situações de extrema emoção despertadas pela vivência diária com seus pacientes?

Frustrações, desamparo, medo, incerteza, ansiedade, esperança, amor, cuidado, envolvimento…esses são apenas alguns dos sentimentos que nós profissionais que lidamos com seres humanos nos deparamos no dia a dia.

O lugar do cuidado é também o lugar da crise! Espaço de polaridades, onde são experienciadas a doença, a dor, a dúvida, o sofrimento, a perda, o estresse, a morte, o luto. Mas também o recinto da saúde, da esperança, da informação, da comunicação, do conforto, do alívio, do cuidado e da cura. Cenário de nascimentos, morte e renascimentos. Onde ocorrem mudanças, divisões de fases e a emergência de inúmeros processos individuais, familiares e coletivos.

Para Jung, “o encontro de duas personalidades é como uma mistura de duas substâncias químicas diferentes: no caso de se dar uma reação, ambas se transformam.”

Dentro de tamanha complexidade, por mais que o profissional quisesse, ele não conseguiria ficar imune as emoções e aos sentimentos despertados pelas inúmeras situações com a qual se envolve.

Todavia, ainda existe em algumas instituições a ideia de que o profissional precisa ser técnico e para isso tem que separar suas emoções no local do trabalho.

O que temos nesses casos, são relatos de profissionais endurecidos ou que sofrem isolados, choram nos banheiros, abusam de substâncias psicoativas e adoecem! Diga-se pelo número de pessoas acometidas pela Síndrome de Burnout e muitas sem o devido tratamento.

A força do vínculo entre quem cuida e quem é cuidado é o fator que mais me toca nessa imagem! Um vínculo que pode ser o maior motor que impulsiona a cura e a vontade de curar. Afinal quem de nós não se sente especial e acolhido quando encontramos um profissional da saúde que nos olha nos olhos, se importa com a gente e está realmente interessado no nosso bem-estar?

Mas é preciso também cuidar de quem cuida! Estender esse olhar humano e acolhedor para a pessoa que está por baixo do jaleco branco e oferecer a ela todo o amparo que precisa para exercer bem sua profissão.

Para Miguel de Unamuno, “do seu trabalho, você conseguirá um dia colher a si mesmo“.

O grande ganho de trabalhar com pessoas é que através das experiências colhemos também em nós o ferido que somos, e isso é essencial para o processo de cura e transformação aos qual estamos destinados.

Marcela Alice Bianco, colunista e parceira Conti outra

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Médico da Califórnia, nos Estados Unidos, chorando na calçada da rua depois da morte de um paciente de 19 anos.

BBC entrevista fotógrafo da menina síria que se rende à câmera, imaginando tratar-se de uma arma

BBC entrevista fotógrafo da menina síria que se rende à câmera, imaginando tratar-se de uma arma

Nos últimos dias, milhares de pessoas compartilharam a imagem de uma criança com as mãos para cima, a entregar-se,  confundindo a câmera fotográfica com o cano de uma arma.

A imagem começou a viralizar no Twitter na terça-feira da semana passada, quando foi tuitada por Nadia Abu Shaban, uma fotógrafa baseada em Gaza.

Viralizada no Twitter, diversos  questionamentos surgiram quanto ao crédito da imagem e quanto à veracidade da história.

Após desvendar a autoria da foto, o fotógrafo turco Osman Sağırlı, a BBC o entrevistou. Ele agora trabalha na Tanzânia, e, sengundo  afirma, a criança da foto é uma menina, chama-se Hudea, de apenas 4 anos de idade. A foto foi tirada no campo de refugiados de Atmeh na Síria, em dezembro do ano passado. O campo fica a cerca de 10 km da fronteira turca – e a criança teria ali se refugiado com a mãe e dois irmãos, a 150 km da cidade deles, Hama.

“Eu usei uma lente de telefoto e ela pensou que fosse uma arma”, disse Sağırlı.

“Depois que eu tirei eu olhei (para a foto) e percebi que ela (a criança) estava assustada, porque ela mordeu os lábios e levantou as mãos. Normalmente, crianças correm, escondem os rostos ou sorriem quando veem uma câmera”, disse.

Inicialmente publicada no jornal Türkiye em janeiro, a foto foi amplamente compartilhada pelas redes sociais em turco, mas só na semana passada tornou-se viral em mídias na língua inglesa.

Para finalizar, afirma o fotógrafo:

“Você sabe que há pessoas que foram desalojadas nos campos. Faz mais sentido ver o que elas sofreram através das crianças e não dos adultos. São as crianças que refletem os sentimentos com a inocência que têm”.

A Conti outra lamenta que narrativas como essa não sejam, de fato, ficção. Bom seria se casos de guerra, de medo, de insegurança e de dor permeassem tão somente o imaginário de escritores a descreverem mundos fantásticos e improváveis. Mas, a realidade é mesmo essa: a inocência de mãos levantadas diante da insegurança e do medo do homem: este ser por vezes tão esquecido das virtudes humanas.

Leia também: Sobre a menina síria que se rende ao confundir câmera fotográfica com uma arma

contioutra.com - BBC entrevista fotógrafo da menina síria que se rende à câmera, imaginando tratar-se de uma arma

Educar não é formatar, por Gustl Rosenkraz

Educar não é formatar, por Gustl Rosenkraz

Por Gustl Rosenkraz

Nasceu! É menino ou menina? É enorme alegria dos pais, avós, tios, tias, enfim, de toda a família. Uma criança, um novo ser neste mundo, um novo projeto de vida. E desde cedo se começa a traçar o futuro dessa pequena pessoa, um futuro ainda não escrito, mas que não fica uma página em branco por muito tempo. Planos e expectativas dos pais vão moldando esse futuro com as tantas e tantas coisas que desejam para sua criança. Mariazinha vai ser médica, pensa a mãe, já que ela mesma quis ser médica, mas sua trajetória não permitiu. Sim, ela vai estudar e ser doutora, gente importante e respeitada. Joãozinho, ah, o Joãozinho! Tão bonitinha sua “cara de lua”, a cabeça redonda, os olhos grandes e curiosos, cara de gênio, com certeza a criança mais inteligente do mundo! “O que será dele?“, perguntam-se os pais, “Esse menino vai longe!“, engenheiro, advogado, piloto, astronauta ou mesmo presidente da república? No mínimo!

E assim os pais começam a fazer de tudo que está ao seu alcance para que nada falte. Qual é a melhor escola? Escola não, jardim de infância, pois o pai leu que quanto mais cedo a formação começar, melhor. “Então”, diz a mãe, “se é assim, vamos começar já na creche”. E dito e feito: começa o projeto “filho” ou “filha” e aquela criança, que por direito de nascimento é um projeto de vida de si mesma, é transformada em projeto de vida dos pais. E já cedo é formado o molde, o caminho é traçado, pedagogias especiais, inglês e informática ainda na pré-escola, aulas de música, ballet, escolas particulares, conceitos e preconceitos e tudo que o pequeno herdeiro ou a pequena herdeira tem direito para chegar onde os pais desejam. A criança é então formatada, colocada no molde com o formato escolhido pelos pais.

Ou mesmo o contrário: pai ou mãe ou ambos não dão muita importância a esse negócio de estudar, menino tem que ser é macho, menina tem que se preparar para um dia casar. Profissão? A mesma dos pais serve. Nada de experimentos, nada de frescuras…

De um jeito ou de outro, a criança não tem chance de escapar de um esboço feito e selado, um molde, uma forma, na qual será prensada até caber. Ou não caber e quebrar-se. Ou rebelar-se antes.

Sim, eu sei: levo o tema aos extremos. Não são todos os pais que já planejam toda a carreira e a vida dos filhos. Mas os extremos nos ajudam a reconhecer melhor o que fazemos com nossos filhos quando esquecemos que eles são seres livres, com uma vida própria, com um próprio plano, com um futuro que eles podem construir, em princípio, como bem quiserem e entenderem. “Como assim? Como é que uma criança vai saber o que quer? Ela não sabe nada da vida?”, pensou você talvez, e com razão, pois é isso mesmo: sozinha ela terá dificuldade de descobrir o que ela quer da vida. É aí que está o papel principal dos pais: nossos filhos são seres que nos são “emprestados”, nós pais temos a honra de recebê-los e acompanhá-los em seu desenvolvimento, orientando, ajudando, sofrendo… Mas eles não nos pertencem. Assim, é nossa tarefa ajudá-los a descobrirem o que querem e não forçá-los a ser o que NÓS queremos. Exemplos extremos ajudam a reconhecer isso melhor.

Ser mãe ou pai não é coisa fácil. Para quase tudo nesta vida precisamos de aprendizado e até de autorização, como para dirigir um carro, por exemplo: é preciso aprender a dirigir primeiro e depois fazer a carteira de motorista. Ou para exercer uma profissão: aqui também é necessário aprender antes e ter um diploma ou certificado. Mas para ter filhos não há preparação, não há escola e os pais não recebem nenhum diploma que os capacite a educar uma criança. As únicas referências são a própria infância e a educação de outras crianças na família e na vizinhança, e todos nós sabemos que essas referências podem ser excelentes, mas também uma verdadeira catástrofe! Muitos pais (talvez ainda bem jovens) são praticamente jogados na água fria. Eles educam então seus filhos com base naquilo que viveram na própria infância, na educação que eles mesmos receberam e repetem o mesmo esquema praticado por seus pais. Assim, a educação recebida é passada aos filhos, com seu lado bom, mas também com suas falhas, fazendo com que terminemos repetindo os mesmos “erros” de nossos pais. Pais que foram prensados em um molde quando eram crianças tentam fazer a mesma coisa com os próprios filhos.

Sei que é difícil para um pai ou uma mãe que quer o melhor para seus filhos aceitar que eles talvez tenham outros planos, outros desejos, querendo uma trajetória diferente daquelas projetada pelos genitores. A decepção é então grande e o conflito certo quando aquela menina que deveria ser médica prefere ser artista ou qualquer outra coisa diferente. E o menino “com cara de inteligente”, que deveria atingir um status altíssimo na sociedade, o que acontece então se ele preferir vender cachorro quente na praça?

Conheço pessoas adultas que sofrem por terem “escolhido” a profissão errada por pressão dos pais (na verdade, foram os pais que escolheram!) ou por terem tido peito para fazer algo diferente do que os pais esperavam e agora sofrem com acusações do tipo “você desperdiçou seus talentos”, “você poderia ter ido mais longe” ou até mesmo “você fracassou”. A “formatação” das crianças não se limita somente ao âmbito profissional. Muitos pais vão bem mais longe: filho ou filha homossexual? Nem pensar! Nada disso, pois eles (os pais) planejaram ser avós um dia. Tatuagem? Que nada, pois isso não corresponde a nossos planos… E assim por diante.

E que ninguém pense que os pais param com essa doidice quando os filhos deixam de ser crianças, pois muitos prosseguem, tentando formatar, buscando determinar como eles devem viver, não aceitando as decisões tomadas pelo filho adulto. Conheço uma mulher que está sofrendo muito após a separação do marido. Ela sofre pela separação em si, mas também pela pressão da mãe, que não aceita essa sua decisão de forma alguma, pois para ela a mulher tem que ficar casada, custe o que custar, sofrendo ou não. Aqui vemos um exemplo claro de alguém mais preocupado com convenções e com a formatação planejada do que com a felicidade da filha.

Estou convicto de que a maioria dos pais quer realmente o bem dos filhos, agindo dessa ou daquela forma por acreditar que está fazendo bem à criança. E é claro que faz parte de nossa tarefa como pai ou mãe exercer um pouco de pressão para que a criança frequente a escola e conclua os estudos, para que tenha uma boa conduta, etc., mas não devemos exagerar. E devemos ter sempre em mente que nossos filhos são seres livres, que precisam aprender a andar com as próprias pernas para que possam seguir o caminho que acharem melhor. Forçar a barra e tentar enfiar uma criança às forças em um molde qualquer é pré-programar problemas sérios em sua vida mais tarde. Não é nossa obrigação criar engenheiros, médicos, advogados, astronautas ou presidentes. Nossa obrigação é apoiar nossos filhos a desenvolverem suas aptidões, é fortalecê-los em suas próprias decisões (de acordo com a idade, claro) e criar seres humanos livres e felizes. Nossos filhos não são responsáveis por nossa satisfação pessoal, por nossos desejos e planos, mas sim por suas próprias vidas. Penso que se nós adultos respeitássemos mais essa liberdade das crianças de serem o que elas são ou desejam ser, teríamos no futuro adultos mais saudáveis e felizes e os psicoterapeutas teriam bastante menos trabalho.

Poema de Milarepa

Poema de Milarepa

Flores de azul turquesa, inundação no vale abaixo
Abundância de seda, uma joia de valor
A lua crescente, e o filho querido
São comparações

Ninguém antes cantou palavras tão soltas
Ninguém pode compreender seu significado
Sem escutar toda a canção

A pintura dourada se desbota ao ser completada
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência.

A inundação varre o vale abaixo
Logo torna-se fraca e dócil na planície abaixo
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

Arroz cresce no vale abaixo
Logo pela foice é colhido
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

A roupa suave de seda logo é cortada pela faca
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

A joia preciosa que você admira
Logo pertencerá a outros
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

Os pálidos raios da lua logo se desvanecem
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

Um filho querido nasce e logo se vai para sempre
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

Estas são comparações que canto
Espero que você se recorde e as pratique
Preocupação e trabalho sempre existirão
Então, deixe-os de lado e pratique agora a grande consciência

Se você pensa que amanhã é o momento de praticar,
Logo descobrirá que a vida passou.
Quem pode dizer quando virá a morte?
Pense sempre nisso e dedique-se à prática.

Amém.

Jetsum Milarepa (1052 — 1135, aprox.) foi um dos mais famosos iogues e poetas tibetanos.

No vídeo acima, apresentação de poema de Milarepa durante Sarau Cultural pelo Tibete, por Mit Mujalli & Francine Canto.
Teatro Álvarez de Carvalho. Florianópolis. Abril de 2012.
Realização: Centro de Cultura Tibetana

Texto compartilhado por Paulo Sérgio Sarra, indicação Luis Gonzaga Fragoso

Sobre a menina síria que se rende ao confundir câmera fotográfica com uma arma

Sobre a menina síria que se rende ao confundir câmera fotográfica com uma arma

Por Nara Rúbia Ribeiro

Quando ainda menina, lia muito Drummond. Achava um exagero ele dizer que chegaria um tempo de absoluta depuração, em que “(…) os olhos não choram./E as mãos tecem apenas o rude trabalho./E o coração está seco.” Mas hoje eu vi no noticiário uma cena muito peculiar, e a verdade do poema me veio à alma, imediatamente. Um fotógrafo, ao tentar retratar a vida das crianças sírias, conseguiu captar não a frieza deste mundo, mas já a sua consequência. Ele enquadra a criança em sua lente e essa levanta os braços, rendida, pensando ser uma arma.

Deus! Que mundo é este, onde a inocência caminha de mãos levantadas e a alma do mundo não sangra, e os olhos dos homens não choram, e a dor já não nos pode chocar? Que mundo é este cujos avanços tecnológicos não encontram eco na evolução moral dos indivíduos e onde só o que conta são os cifrões?

Um mundo cujo colorido já não é convidativo aos olhos. Onde a beleza é preterida. Onde a pureza dos pequeninos ainda é roubada e banhada do sangue de seus pares, de seus pais e, não raro, do seu próprio sangue. Um mundo cujas crianças já têm a esperança prematuramente envelhecida pela dor que transborda dos noticiários e que não raro floresce ao seu lado. Um mundo em que, a cada dia, o homem teme mais e mais o próprio homem.

Frequentei um curso, há um tempo, e algo me deixou sobremodo perplexa. O instrutor mostrava-nos diversos vídeos com acidentes causados por veículos. Em dada situação, um homem fora atropelado por não olhar para a sua direita quando um carro vinha na contra mão.  Alguns dos colegas, a maioria jovens entre 18 e 25 anos, riram da cena. Noutro atropelamento, a maioria riu. Esboçaram alguma comoção, leve, quando uma criança foi atropelada. Mas, pasmem: um cachorro foi atropelado e, nesse momento, houve uma comoção geral: “Ah, pobrezinho! Tadinho dele!”.  

A banalização da dor do outro é hoje tamanha que os jovens se identificam mais e se comovem mais com a dor de um animal que com a dor de um homem ou de uma criança.

A dor do outro é estatística. “Quanta mortes, mesmo, na Síria? Quantos desabrigados no Acre? Quantas mulheres são agredidas por ano? Quantas crianças são estupradas por parentes próximos?” Não! Essa postura desmerece o infinito que somos, desautoriza a angelitude a que estamos destinados, desmente a centelha do Eterno que permeia a alma de cada um de nós!

Necessitamos ver o outro como parte desprendida, mas ainda ligada a nós por lanços infindáveis de natureza espiritual. Ninguém pode ser plenamente feliz enquanto um só de nós estiver de braços levantados, rendida criança assustada pelos estrondos da guerra, cativa da dor e da morte. Esfomeada de uma Justiça que ela não pode compreender ou dizer, mas, humana que é, já a pode desejar e de sua falta se ressentir.

Que esta criança que hoje vi de mãos levantadas por confundir a câmera com uma arma possa ainda, é o que utopicamente desejo, levantar novamente as suas mãos, mas não por medo. Que ela ainda possa, na pontinha dos pés, elevar os seus braços para brincar com as estrelas.

contioutra.com - Sobre a menina síria que se rende ao confundir câmera fotográfica com uma arma
Há alguns dias um fotógrafo capturou, na Síria, a imagem de uma criança que se rendeu em frente sua câmera. Segundo informações do site Huffington Post, a pequena levantou os braços ao confundir a câmera com um rifle.

Você nunca tem obrigação, mas sempre tem opção…

Você nunca tem obrigação, mas sempre tem opção…

Por Fátima Jacinto
via Uma  Mulher em Construção

Muitas vezes explicamos nosso sofrimento pela “obrigação”. Acreditamos que se cumprirmos nossa obrigação estaremos justificados perante o mundo, perante nós mesmos, e os outros. A consciência de dever cumprido causa em nós todo tipo de reconhecimento e estima: como mãe, como pai, como carteiro, como funcionário público, como militar ou seja lá a profissão que você tenha escolhido e os papéis que também escolheu viver nessa vida.

Quando cumprimos nossa obrigação fazemos o que deve ser feito. Mas a obrigação vem na maioria das vezes dentro de um saco escuro, o saco da privação, e acompanha o saco da privação a sensação de auto sacrifício que compreende uma boa formação para nossos filhos, se possível, e para tanto também a aceitação de um segundo emprego, cuidar de um familiar doente, e renunciar as nossas férias, mesmo estando machucado fazer um bom jogo e ganhar para evitar o rebaixamento do nosso time.

Todos nós conhecemos o sentimento de dever cumprido e também suspiramos debaixo do seu enorme peso em nossos ombros. Mesmo querendo outra coisa, nos sentimos no dever de… E assim ficamos mal com a vida porque o “dever” vem de fora, e obrigação, nesse caso, muitas vezes é uma desculpa, que nos poupa de definirmos os nossos verdadeiros objetivos e tomarmos decisões que sabemos que serão desagraveis de início. Então o grande pulo na água fria deixa de acontecer para que possamos cumprir nossa obrigação e dizermos: “meus compromissos não me permitem…”.

Acreditamos que assim vamos extrair direitos e deveres e, com esse recurso, então iremos extorquir de moral elevado, as outras pessoas. Mas quando conseguimos pensar objetivamente, não há obrigações, porque toda a imposição vinda de fora é objeto de nossa opção. Caso você esteja “na obrigação” é porque assim você escolheu.

Mas você não está vendo que é possível decidir diferente a qualquer momento, ninguém pode nos tirar a liberdade, mesmo que o preço seja a prisão. Toda a obrigação é auto imposta por nós.

Por isso nunca faça nada por obrigação, porque o ódio encontra-se profundamente arraigado na obrigação. Ódio daquele que exige sua mobilização, e, com isso, provavelmente dificulte que você viva a sua vida. Muitos de nós temos o sentimento de estarmos “devendo” para alguém, talvez para nossos pais, porque afinal eles fizeram tudo por nós. Mas mesmo nesse caso não há obrigação que seus pais não tenham decidido por eles mesmos.

Se você se sente responsável pelo bem estar da sua família, essa foi uma opção sua de ser responsável pelo bem estar de sua família, mas da mesma forma que você fez essa opção, você poderá a qualquer momento mudar de ideia e fazer outra opção. Se isso seria ou não correto, ou moralmente acertado ou não, não estamos debatendo aqui. Estamos debatendo aqui as opções que você tem em sua vida.

A maioria de nossas opções são valores morais que nos foram concedidos pela sociedade onde vivemos, e exercem uma enorme pressão para que nos coloquemos sob seus comandos.

Não podemos esquecer, no entanto, que em nome da moral e dos bons costumes muito sangue tem sido derramado e os mais duvidosos meios santificados, não só antigamente mas hoje nossa sociedade, parece que abriu a tampa da panela de pressão e está deixando sair tudo o que ficou inconsciente por séculos. A moral que sempre ditou os limites, a moral que sempre tentou elevar o outro. É a moral que nos diz: “Tenho mais direito que participar do que você”

Colocamo-nos como vitimas sem nunca ter sofrido, como se as próprias vitimas nos tivessem conferido esse poder.

Mas tudo o que fazemos para nós mesmos, porque é importante para nós, porque parece certo para nós, e porque corresponde a valores e normas que sempre aprendemos a seguir. Agimos assim por uma necessidade de nos sentirmos úteis.

E muitas vezes isso nos leva a nos empenharmos pelo bem alheio pelos motivos mais falsos e torpes possíveis.

A realidade é que não fazemos nada por ninguém apenas por nós mesmos!

Pense nisso!

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5 músicas que são contos, por Alan Lima

5 músicas que são contos, por Alan Lima

Por Alan Lima

As histórias mais antigas da literatura mundial, eram transmitidas acompanhadas de algum arranjo. Dessa forma seus autores conseguiam propagar um enredo bastando alguns versos e batidas.

Separamos cinco músicas modernas que são espécies de contos musicados.

Vale gastar ouvido com mais uma playlist do Conti Outra.

Geni e o Zepelim, Chico Buarque

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co’os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo – Mudei de idéia
– Quando vi nesta cidade
– Tanto horror e iniqüidade
– Resolvi tudo explodir
– Mas posso evitar o drama
– Se aquela formosa dama
– Esta noite me servir

Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
– e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Dezesseis, Legião Urbana.

João Roberto era o maioral
O nosso Johnny era um cara legal

Ele tinha um Opala metálico azul
Era o rei dos pegas na Asa Sul
E em todo lugar

Quando ele pegava no violão
Conquistava as meninas
E quem mais quisesse ver
Sabia tudo da Janis
Do Led Zeppelin, dos Beatles e dos Rolling Stones

Mas de uns tempos prá cá
Meio sem querer
Alguma coisa aconteceu

Johnny andava meio quieto demais
Só que quase ninguém percebeu

Johnny estava com um sorriso estranho
Quando marcou um super pega no fim de semana
Não vai ser no CASEB
Nem no Lago Norte, nem na UnB

As máquinas prontas
Um ronco de motor
A cidade inteira se movimentou

E Johnny disse:
“- Eu vou prá curva do Diabo em Sobradinho e vocês ?”

E os motores sairam ligados a mil
Prá estrada da morte o maior pega que existiu
Só deu para ouvir, foi aquela explosão
E os pedaços do Opala azul de Johnny pelo chão

No dia seguinte, falou o diretor:
“- O aluno João Roberto não está mais entre nós
Ele só tinha dezesseis.
Que isso sirva de aviso prá vocês”.

E na saída da aula, foi estranho e bonito
Todo o mundo cantando baixinho:

Strawberry Fields Forever
Strawberry Fields Forever

E até hoje, quem se lembra
Diz que: “Não foi o caminhão”
Nem a curva fatal
E nem a explosão

Johnny era fera demais
Prá vacilar assim
E o que dizem é que foi tudo
Por causa de um coração partido

Um coração

Bye, bye Johnny
Johnny, bye, bye
Bye, bye Johnny.

A chegada de Raul e Lampião no FMI, Tom Zé.

É Raul, Raul, Raul,
É Raul Seixas, é Lampião
Chegaram no FMI
Que nem tentou resistir

É Raú, Raú, Raú,
Lampião não anda só
Trouxe Deus e o diabo
Raul, a terra do sol

Lampião com o clavinote
Raul trouxe o Ylê Ai Ê
Tiraram os colhões do rock
Enrabaram o iê-iê-iê.

Chegaram na Casa Branca
Os dois de carro-de-boi
Tio Sam fugiu de tamanca
Ninguém viu para onde foi

Wall Street fechou
E a ONU não deixou pista
O presidente jurou
Que sempre foi comunista

Mano Brown disse a Raul
O dinheiro a gente investe
No Banco Carandiru
Xingu, favela e Nordeste

Todo-poderoso e rico
O grande senhor dali
Cagou-se, pediu pinico
Aflito, fora de si

Pois o FMI
Viu que não tinha mais jeito
E entregou todo o dinheiro
Para o pobre dividir

E o mundo se viu diante
De grande felicidade:
Trabalho pra todo o dia
Comida pra toda a tarde

Mas entre os países pobres
Não houve fazer acordo
Para dividir os cobres
E a guerra pegou fogo

Marvin, Titãs

Meu pai não tinha educação
Ainda me lembro, era um grande coração
Ganhava a vida com muito suor
Mas mesmo assim não podia ser pior

Pouco dinheiro pra poder pagar
Todas as contas e despesas do lar
Mas Deus quis vê-lo no chão
Com as mãos levantadas pro céu
Implorando perdão

Chorei, meu pai disse: “Boa sorte”,
Com a mão no meu ombro
Em seu leito de morte
E disse

“Marvin, agora é só você e
não vai adiantar
Chorar vai me fazer sofrer”

Três dias depois de morrer
Meu pai, eu queria saber
Mas não botava nem um pé na escola
Mamãe lembrava disso a toda hora

Todo dia antes do sol sair
Eu trabalhava sem me distrair
As vezes acho que não vai dar pé
Eu queria fugir, mas onde eu estiver
Eu sei muito bem o que ele quis dizer
Meu pai, eu me lembro, não me deixa esquecer
Ele disse

“Marvin, a vida é pra valer
Eu fiz o meu melhor
E o seu destino eu sei de cor”

E então um dia uma forte chuva veio
E acabou com o trabalho de um ano inteiro
E aos treze anos de idade eu sentia
todo o peso do mundo em
minhas costas
Eu queria jogar mas perdi a aposta, e
Trabalhava feito um burro nos campos
Só via carne se roubasse um frango
Meu pai cuidava de toda a família
Sem perceber segui a mesma trilha
Toda noite minha mãe orava

“Deus, era em nome da fome
que eu roubava”

Dez anos passaram, cresceram
meus irmãos
E os anjos levaram minha mãe
pelas mãos
Chorei, meu pai disse: “Boa sorte”
Com a mão no meu ombro
Em seu leito de morte
Ele disse

“Marvin, agora é só você
E não vai adiantar
Chorar vai me fazer sofrer”.

“Marvin, a vida é pra valer
Eu fiz o meu melhor
E o seu destino eu sei de cor”

Desaparecido, O Terno.

Minha vida sempre foi tranquila
Não tem do que reclamar
Tenho uma família, bons amigos
Algo pra chamar de lar
E eu aqui fazendo vinte anos nunca ia imaginar
Que uma ligação misteriosa a minha vida ia mudar

Nos anunciados de desaparecidos
Viram o meu rosto no jornal
Alguém ligou
Pra procurar
Ver se era eu
Fiquei sem entender

Depois desse acontecimento
Eu comecei a investigar
Sobre a minha origem
E a origem dos que dizem ser meus pais
Resolvi chamar os dois na sala pra pedir explicação
Explicar o significado do retrato em questão
Sei da verdade e dessa novidade
Juro que não sei o que pensar
Pensar de mim
Quem são vocês?
Da onde eu vim?
O que eu faço aqui?

“Filho, como sabe sou cientista
Não quero te apavorar
Numa experiência que eu fazia
Exatos vinte anos atrás
Sequestrei um garoto perdido que eu encontrei por aí
Pra reconstruir o filho que eu com a sua mãe perdi”

Escandalizado
O garoto foi criado
Como um tipo de um frankenstein
Como um boneco
De um casal
Reagiu mal
Partiu pra não voltar
Os pais procuraram sem sucesso
Ele nunca mais voltou
“A verdade foi demais pra ele
Bem, por que você contou? ”
Dizem que até hoje o cientista sai vagando por aí
Atrás de um novo garotinho pra quem sabe conseguir

Ciar um filho
Igual àquele filho
Que criou igual a um filho seu
No desespero doentio
De quem não sabe
Enfrentar o vazio

Formulário para solicitação de amizade no Facebook

Formulário para solicitação de amizade no Facebook

Por Luis Gonzaga Fragoso

Eu, ……………………….., residente na cidade de ………………………………………, venho por meio desta solicitar o estreitamento de nosso vínculo afetivo. A presente solicitação se deve ao(s) motivo(s) abaixo assinalado(s):

(  )  fomos amigos na infância, e sofro de nostalgia

(  )  falta de alternativa sob o verniz da diplomacia: somos colegas na firma

(  )  fomos casados/namorados; convém estar a par de sua vida afetiva – nunca se sabe

(  )  você sempre foi um ótimo ouvinte, e terapia custa os olhos da cara

(  )  estabelecer um canal de comunicação profissional – uma garantia de que você leu a mensagem que lhe enviei

(  )  a utilidade de saber onde encontrar o inquilino de meu imóvel, em caso de atrasos

(  )  sou seu fã incondicional, uma tietagem à beira da histeria

(  )  você é o(a) guru que sempre busquei

(  )  o upgrade que o seu nome dará à minha lista de amigos do Facebook

(  )  participar ativamente – e elevar o nível – das discussões na caixa de comentários aos seus posts sobre política nacional

(  )  não perder mais os vídeos de gatos, cachorros e pandas que você tem postado

(  )  outro (especificar):

Renovando meus protestos de estima e consideração, peço deferimento.

———————————————————————————————————————————

Para uso exclusivo do destinatário

(  )  Pedido deferido

(  )  Pedido indeferido

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Luis Gonzaga Fragoso

Nascido em Sampa, mora numa chácara. Tradutor, músico amador, tem uma espécie de jukebox na mente, que toca o repertório que bem entende.

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