Preguiça de Pensar?

Preguiça de Pensar?

O que está por trás das opiniões irredutíveis, dos comentários raivosos e da recusa de algumas pessoas em aceitar fatos concretos e científicos?

Por Lara Vascouto

Eu tenho uma mania pouco saudável: ler comentários em notícias e artigos na internet. Eu sei, esse é um erro básico de quem usa a internet regularmente, mas eu não resisto. Uma parte de mim ainda acredita que os comentários podem servir ao seu propósito: acrescentar informações, iniciar discussões mais profundas, questionar de maneira equilibrada e trazer novos e esclarecedores pontos de vista. Ao invés disso, no entanto, o que eu costumo encontrar são opiniões irredutíveis e agressivas, muitas vezes atacando o autor do artigo ou os autores de outros comentários. Além disso, a impressão que eu tenho, frequentemente, é a de que grande parte dos leitores mais agressivos nem chegou a entender o texto. Ou pior, nem chegou a lê-lo na íntegra.

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Que absurdo! Esse filho da put* precisa saber o que eu acho disso! – disse o comentarista médio de internet depois de ler o título de um texto de dez parágrafos.

Conversando sobre isso com uma amiga recentemente, eis que ela solta, frustrada: argh, esse pessoal tem preguiça de pensar! Concordei vigorosamente com ela e, contentes com a nossa sintonia de pensamento, demos o assunto por encerrado. Mais tarde, no entanto, não consegui parar de pensar nisso. Será mesmo que as pessoas têm preguiça de pensar? Afinal, mesmo entre as pessoas que claramente leram determinado texto, você vai encontrar recusas agressivas e opiniões furiosas. O que está por trás, de verdade, das opiniões irredutíveis e agressivas que poluem a internet? Além disso, o que faz com que algumas pessoas se recusem a aceitar fatos científicos, reflexões bem embasadas e experiências vivenciadas no próprio dia-a-dia? Encontramos por aí milhares de pessoas que se recusam a acreditar na evolução; que não levam a sério o suicídio coletivo que estamos cavando com a destruição do planeta; que acham que as mulheres reclamam de boca cheia quando falam sobre desigualdade de gênero; que argumentam que o racismo não existe no Brasil e que quem fala sobre isso é racista…contra os brancos!; etc, etc, etc. Simplesmente não consegui acreditar que tudo isso fosse o resultado de simples preguiça de pensar e, pesquisando o assunto, eis que descubro que o buraco é realmente mais embaixo.

Em 1950, o célebre psicólogo Leon Festinger publicou um estudo que se tornou famoso no campo da psicologia. Para tal, ele e seus colegas se infiltraram nos Seekers, um pequeno culto que acreditava que extraterrestres estavam se comunicando com a líder do grupo através de mensagens psicografadas. Através de uma dessas mensagens, os aliens haviam passado a data em que a Terra seria destruída: 21 de dezembro de 1954. Com a aproximação do evento, muitos seguidores do culto largaram seus empregos, venderam seus bens e se prepararam para ser resgatados por discos voadores, tomando o cuidado até de remover zíperes de calças e casacos, pois o metal poderia ser perigoso dentro da nave alienígena. Taí um motivo inusitado para os pais não deixarem seus filhos usarem piercings.

Quando a data marcada veio e se foi e nada do que foi prometido aconteceu, a equipe de Festinger estava junto com os Seekers e pôde observar em primeira mão a sua reação. Surpreendentemente, ao invés de rejeitar a crença absurda depois da prova irrefutável de sua inexistência, os Seekers rapidamente começaram a racionalizar os acontecimentos. Logo, uma nova mensagem chegou através da líder do grupo: o pequeno grupo, que esperara a noite inteira, havia espalhado tanta luz que deus resolveu salvar o mundo da destruição. Ou seja, o fato de eles terem acreditado na profecia salvou a Terra da profecia! Mais bizarro ainda foi que aconteceu depois disso. Ao invés de continuarem, então, sua existência quieta e pacífica, os Seekers começaram a tentar converter outras pessoas para o culto. De repente, porque a sua crença foi tão brutalmente desafiada, ela se tornou ainda mais urgente e verdadeira para eles.

Desde então, muitos outros estudos comprovaram que as nossas crenças preexistentes, por mais ilógicas que sejam, são tão poderosas que são capazes de influenciar as nossas opiniões, mesmo quando novos fatos e descobertas são apresentados. Basicamente, nós tendemos a acreditar em informações que confirmam as nossas crenças e a ignorar, fazer pouco caso, ou até vociferar contra informações que as desafiam. O problema, chamado de raciocínio motivado, pode ser explicado pela descoberta neurocientífica de que as nossas emoções são ativadas antes do nosso raciocínio, quando somos confrontados com novas pessoas, situações e ideias. A repulsa natural que sentimos contra informações que desafiam a nossa visão de mundo, por sua vez, contamina o nosso raciocínio, fazendo com que ao invés de raciocinar sobre um determinado assunto, nós o racionalizemos, buscando pensamentos e memórias falsos que reforcem as nossas crenças preexistentes. É por isso que, às vezes, ao invés de uma frase agressiva, você vai ver um verdadeiro texto agressivo nos comentários, empenhado em justificar a opinião contrária com fatos, relatos e informações facilmente refutáveis (às vezes até pelo próprio texto que está sendo criticado).

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É o famoso ‘falou, falou e não disse nada’.

Baseados em crenças preexistentes, nós também decidimos se uma fonte é confiável ou não. Ou seja, nós costumamos invalidar uma fonte, seja ela científica ou não, caso essa fonte apresente informações que vão contra as nossas crenças. Por esse motivo, infelizmente, é extremamente difícil conseguir convencer as pessoas de algo diretamente, através de dados claros e cálculos irrepreensíveis, se esse algo desafia a visão de mundo dessas pessoas. Pior: muitas vezes, quando confrontadas com fatos irrefutáveis, elas se tornam ainda mais radicais e fervorosas.

Pensando em tudo isso, não pude deixar de concluir: não é exatamente preguiça de pensar – apesar de ela ter, sim, um papel nessa história toda – mas sim medo de pensar o responsável principal por muitas aberrações que vemos, não só na internet, como no mundo. Afinal, pensar – raciocinar mesmo – além de muitas vezes exigir que a pessoa confronte e abandone suas próprias crenças, frequentemente exige que ela assuma responsabilidades e aceite mudanças. E este é um processo doloroso, contra o qual a nossa própria biologia luta o tempo todo.

No entanto, felizmente nós também somos seres extremamente sociais. Com isso, nós sentimos forte a necessidade de validação de nossas atitudes e crenças, o que torna oraciocínio motivado vulnerável para processos racionais de debate e crítica. O questionamento constante e o pensamento crítico, portanto, devem ser incentivados por todos e em todas as esferas da sociedade. Afinal, como apontado pela célebre filósofa e cientista política Hannah Arendt, a recusa em refletir, em se fazer perguntas difíceis, em dialogar frequentemente consigo próprio e a nossa propensão a sucumbir a falhas de pensamento e de julgamento são todos fatores que já levaram – e levam todos os dias – o ser humano a realizar atrocidades inimagináveis.

E contra isso nós devemos lutar, nem que isso signifique ter que lutar contra si próprio.

Leia também sobre outras coisa assustadoras que você não sabia sobre si mesmo; e sobre coisas bizarras das quais as pessoas costumam se orgulhar.

Nota da Conti outra: o texto acima foi publicado com a autorização da autora.

Lara Vascouto

contioutra.com - Preguiça de Pensar?Internacionalista, ex-Googler e fanática por ler e escrever textos bem-humorados. Optou por ser pobre e feliz na praia ao invés de rica e triste em São Paulo.

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Amar o cinema, sem vaidade, aguçando os sentidos

Amar o cinema, sem vaidade, aguçando os sentidos

Por Octavio Caruso

A palavra “crítica” vem do grego krinein/kriticos e do latim criticu, que diz respeito à crise: provocar a ruptura. Desde o filósofo grego Aristóteles, com sua “Poética”, o primeiro a fazer um balanço crítico, o ser humano se acostumou a analisar uma forma de arte com seus sentidos aguçados. Porém, a prática dessa vertente da filosofia nunca foi compreendida no Brasil. O olhar mais arguto que pretende fragmentar o trabalho na procura de qualidades e defeitos acabou se tornando sinônimo de chatice, o extravasamento de um cineasta frustrado, entre outras definições mais grosseiras. A culpa não é somente do público, daquele raro receptor que se interessa em ler sobre cinema. Esses, sem exagero, merecem uma maior valorização, quando percebemos que o simples hábito da leitura do jornal diário, em nossa nação, já é atitude de poucos.A culpa recai mais sobre os ombros dos próprios profissionais da crítica cinematográfica, aqueles que tratam o tema como se escrevessem de dentro de uma loja maçônica, objetivando mais acarinhar seu ego, que prestar um serviço em favor da Arte.

Não se deve entregar o peixe, exercendo o exibicionismo teórico, mas, sim, ensinar a pescar, ajudar o interessado a aprimorar cada vez mais seu olhar. A maior recompensa para um crítico é perceber que seus leitores estão aprimorando seus gostos, aprendendo a enxergar além da superfície, entendendo como suas emoções foram geradas. Ao mesmo tempo, quando o texto estimula uma atenção exagerada aos aspectos teóricos, pode acarretar ao leitor um prejudicial desprendimento emocional, arruinando parte considerável da experiência. É preciso simplificar ao máximo, sem banalizar a informação. E a paixão, onde entra nessa equação? Meu grande ídolo na crítica cinematográfica é François Truffaut, um homem que era completamente apaixonado por filmes, fazia da Sétima Arte sua religião, colocava o coração na frente da razão. Ele enxergou em Hitchcock uma riqueza autoral que os críticos americanos ignoravam, elevou o diretor ao posto de mestre do suspense. Os críticos franceses da época buscavam o tesouro escondido nas obras menos pretensiosas, uma atitude que acabou sendo copiada pelo mundo afora.

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“Elsa e Fred”

A razão que me fez escolher esse tema foi rever “Elsa e Fred”, filme argentino que levou muita pedrada dos críticos, porém, foi abraçado carinhosamente pelo público brasileiro. O diretor Marcos Carnevale regeu em 2005 essa preciosidade que, uma vez presenciada, faz com que nos lembremos para o resto da vida. Não por sua perfeição técnica ou por atuações exemplares, mas por sua enorme sensibilidade e lirismo ao tratar de um tema difícil. Fred (Manoel Alexandre) é um viúvo septuagenário apaixonado por sua vida rotineira, organizado e avesso a qualquer tipo de aventura ou novidade. Sua ambição é viver o resto de sua vida em paz, porém seu caminho se cruza com o de sua vizinha Elsa (China Zorrilla), outra septuagenária viúva que é o completo oposto dele, ama viver a vida intensamente, muito comunicativa e irreverente. Desse encontro raro nasce uma amizade incomum, onde um aprende com o outro e acabam se apaixonando, da maneira mais verdadeira e bela possível. Carnevale aborda o tema com extrema coragem, sem perder o bom humor e a leveza que elevam esta obra um nível além dos romances usuais que nos acostumamos a ver. Ele salienta que a trama não é apenas sobre um amor entre duas pessoas, mas, sim, sobre um sentimento maior que o puro amor, um elemento transcendental que os torna sócios de um projeto de vida, que dá luz a final muito tocante. Aqui não existe clichê algum, nenhum personagem estereotipado, como é o costume em obras românticas. Sua ideologia baseia-se apenas na vontade essencialmente humana do casal que pretende desfrutar o máximo de amor que podem viver pelo tempo que lhes é dado. Uma experiência imperfeita e inesquecível, que fala direto ao coração, renova as esperanças e a confiança no ser humano em um tempo onde precisamos desse tipo de bálsamo.

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“Cantando na Chuva”

E quando o preconceito, na própria crítica profissional, ocorre com gêneros, como o terror, a ficção-científica, ou os musicais? Costumo escutar que o gênero musical não é feito para todos. Muitos dizem que odeiam quando o protagonista interrompe um diálogo e começa a cantar. Seriam o canto ou a dança, um complemento natural ou algo desnecessariamente forçado? Em um filme de ação, vibramos quando o protagonista consegue guiar seu carro com apenas duas rodas, realizando manobras impossíveis, saindo ileso e ainda conseguindo enfrentar o vilão e seus asseclas armados de mãos vazias, vencendo ao final. Por que seria tão absurdo compreender a felicidade do personagem de Gene Kelly, dançando e cantando na chuva, após ver realizados todos os seus sonhos? Ele entoa sorridente: “I’m happy again”. A superação dos problemas é o que o impulsiona naquele momento. A vida como aparentemente intermináveis gotas de chuva, cuja queda ele faz questão de não impedir com sua sombrinha. Oferecendo a um desconhecido aquele guarda-chuva, ele segue despreocupado rumo aos próximos obstáculos que precisará atravessar. Ambos são exemplos de uma mesma categoria. A Sétima Arte tentando tocar o intangível, procurando formas de expressar radicalismos artísticos. Caso sejam utilizados com inteligência, podem resultar em cenas como a de “Perfume de Mulher”. Uma simples dança resolveu provavelmente o que tomaria uma página e meia de roteiro. A maneira sutil com que o personagem cego de Al Pacino demonstra sua dignidade ao dançar, seu comprometimento com sua parceira e o olhar de admiração de Chris O´Donnel já expressam todas as intenções, elevando a qualidade do filme como um todo.

Existem cenas de dança que nos apresentam um personagem, de maneira tão espetacular, que não haveria roteiro no mundo que o fizesse melhor em diálogos. Como Tony Manero (John Travolta) em “Os Embalos de Sábado à Noite”. Por mais que o diretor John Badham tenha realizado um incrível trabalho, só conseguimos nos lembrar da mítica sequência de dança, que representa não apenas o extravasamento de todas as angústias pessoais do personagem de Travolta, como serve para demonstrar sua maior fraqueza: seu orgulho. Definitivamente, não é apenas uma cena de dança. Mesmo em musicais grandiosos como “Sete Noivas para Sete Irmãos”, “Chicago”, “Moulin Rouge”, “Hair” e “A Noviça Rebelde”, o papel da música é o de tentar expressar o inexpressável, assim como o herói que em uma guerra se apossa sozinho de um tanque de guerra e destrói o covil do inimigo. E, convenhamos, acho mais verossímil cantar e dançar na chuva, que tentar sozinho, com um facão, eliminar um exército.

A arrogância na escrita não combina com um profissional que verdadeiramente ame essa Arte, é algo antagônico à sensibilidade que se faz necessária ao analisar alguma obra. Como desprezar gêneros, atores, ou cinematografias de qualquer nacionalidade? Até mesmo no filme mais imperfeito existe beleza. O dever do crítico profissional é procurar, com amor e contínuo estudo, abrir as portas e conduzir a luz.

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Cena do filme “Perfume de Mulher”

OCTAVIO CARUSO: colunista Conti outra

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Carioca, apaixonado pela Sétima Arte. Ator, autor do livro “Devo Tudo ao Cinema”, roteirista, já dirigiu uma peça, curtas e está na pré-produção de seu primeiro longa. Crítico de cinema, tendo escrito para alguns veículos, como o extinto “cinema.com”, “Omelete” e, atualmente, “criticos.com.br” e no portal do jornalista Sidney Rezende. Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, sendo, consequentemente, parte da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica.

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A Compaixão, segundo Milan Kundera

A Compaixão, segundo Milan Kundera

O que faz uma pessoa ajudar um desconhecido ou, até mesmo, um desafeto? O que move alguém a mudar sua vida para lutar  por uma causa, salvar um animal ou amenizar a dor de alguém? A compaixão.

Trata-se de uma virtude ao alcance da maioria, mas, infelizmente, vivenciada por poucos.

Milan Kundera realiza uma descrição da origem da palavra e de suas correlações com “sentimentos menores” antes de chegar a sua máxima conclusão. Veja.

“[…]   Todas as línguas derivadas do latim formam a palavra “compaixão” com o prefixo “com” – e o radical “passio”, que originalmente significa “sofrimento”. E, outras líguas, por exemplo, em tcheco, em polonês, em alemão, em sueco, essa palavra se traduz por substantivo formado com prefixo equivalente seguido da palavra “sentimento” (em tcheco: “sou-cit”; em polones: “wspol-czucie”; em alemão “Mitge-fuhl”; em sueco: “med-kansla”)
   Nas línguas derivadas do latim, a palavra “compaixão” significa que mão se pode olhar o sofrimento do próximo com o coração frio; em outras palavras: sentimos simpatia por quem sofre. Uma outra palavra que tem mais ou menos o mesmo significado é “piedade” (em inglês “pity”, em iataliano “pietà”, etc.) que sugere mesmo uma espécie de indulgência sem relação ao ser que sofre. Ter piedade de uma mulher significa sentir-se mais favorecido do que ela ela, é inclinar-se, abaixar-se até ela.

   É por isso que a palavra “compaixão” inspira, em geral, desconfiança; designa um sentimento considerado de segunda ordem que não tem muito a ver com o amor. Amar alguém por compaixão não é amar de verdade.

   Nas línguas que formam a palavra “compaixão” não com o radical “passio”, “sofrimento”, mas com o substantivo “sentimento”, a palavra é empregada mais ou menos no mesmo sentido, mas dificilmente se pode dizer que ela designa um sentimento mau ou medíocre. A força secreta de sua etimologia banha a palavra com uma outra emoção: alegria, angústia, felicidade, dor. Essa compaixão (no sentido de soucit, wspolczucie, Mitgefuhl, medkansla) designa, portanto, a mais alta capacidade de imaginação afetiva – a arte da telepatia das emoções. Na hierarquia dos sentimentos, é o sentimento supremo.”

(Trecho de A Insustentável Leveza do Ser, capitulo 9, Primeira parte: A leveza e o peso, p.20 e 21, Milan Kundera.)

Encontre o livro aqui.

MAIORIDADE PENAL– Fabio Brazza

MAIORIDADE PENAL– Fabio Brazza

Clique AQUI e assista a declamação na voz e interpretação do autor.

Abaixo, segue o texto:

É uma pena, querem aumentar a pena e diminuir a idade
Como se isso fosse diminuir a criminalidade
Mas isso só diminui a nossa sociedade, que não entende
Que o Brasil já é o 4º país do mundo que mais prende
Se prender resolvesse o problema, o problema já teria tido uma pausa
Mas nosso maior defeito é querer combater o efeito e não a causa
Quase metade da população não tem o fundamental completo
Mais de 13 milhões de jovens no Brasil são analfabetos
É fácil virar insano quando não se tem ensino
É fácil julgar o menino e pedir que a pena dobre
Ainda mais quando você descobre que é quase sempre preto e pobre
A diminuição não resolve a questão, só encobre
O moleque já é mil grau e nem tem o primeiro grau
Assassino em série, que nem passou da primeira série
Nunca foi levado a sério, mas só quando o ferro fere
É que o Estado finalmente interfere
Porque ninguém previne, só reprime?
Será mesmo que diminuir a maioridade, diminui o crime?
Por mais que o moleque não agrade, por mais que a punição seja necessária,
Não seria mais fácil colocá-lo na grade escolar que na grade carcerária
Repare! Nosso problema é bem maior
Afinal menos de 1% dos crimes são cometidos por um menor
E se o argumento é que o jovem já tem informação pra saber o que é o certo e o errado
Então que aumentem a pena dos políticos, pois eles são os mais bem informados!
Mas não, pra eles a pena continua leve.
Acho que isso é só uma cortina de fumaça, pra não se mexer onde realmente deve
Talvez o tema da pena valesse a pena se nossos jovens fossem cultos
Mas já que não podemos cuidar das nossas crianças decidimos tratá-las como adultos…
É um pena!

Fábio Brazza

contioutra.com - MAIORIDADE PENAL– Fabio Brazza

40 segundos de vídeo provam o valor de uma simples companhia

40 segundos de vídeo provam o valor de uma simples companhia

Que a atenção ao tema ecoe além do tempo do vídeo!

Que nossas companhias afetivas sejam constantes e presentes…

Facebook Raul Minh’alma: https://www.facebook.com/raulminhalma
Argumento: Raul Minh’alma Interpretação: Augusta Babo
Apoios: CSPSR e Câmara Municipal de Marco de Canaveses
Imagem: Marcelo Silva Voz

O fundo do poço, por Diego Engenho Novo

O fundo do poço, por Diego Engenho Novo

Por Diego Engenho Novo

Joãozito é cheio dos dizeres interessantes. Dia desses todos chorávamos as pitangas quando ele anunciou “Meu fundo do poço não tem mola, gente, no fundo do meu poço tem um ralo. Ou seja, quando eu chego no fundo do poço, ainda desço pelo ralo e entro pelo cano”, exagerou enquanto todos riam. E eu só conseguia pensar: o que tem lá, no fundo do meu poço?

Quando estou afundando, caindo, não costumo pensar muito nisso. A gente só consegue pensar em como foi parar lá, em queda livre. Uma resposta mais torta de quem amamos, um não que vem no lugar do sim que andávamos precisando, um ato ingrato, tudo vai alargando a boca do poço. Nossa insistência em negar o óbvio, nossa fé exagerada em quem não merece outra chance, nossos desejos vazios que alimentamos como quem enche uma peneira inteira de água. Burrice.

contioutra.com - O fundo do poço, por Diego Engenho NovoO que é que tem lá? Fico ali entretido com o que está ficando para trás, admirando tudo o que vou perdendo aos poucos, junto com a minha razão. Nem dentro, nem fora, mesmo quando estamos sofrendo, insistimos em não estarmos presentes. A gente passa muito tempo admirando a queda, beijando nossos dias cinzas, reunindo as culpas pelo caminho íngreme e inverso do cair.

A gente alarga, cava, ensaia o salto, dança na borda, a gente pede pra cair e cai. Se pararmos pra pensar, no fundo de todo poço há uma verdade, que teimamos em negar, para a qual viramos as costas, como se fosse possível evitar o que se mantém desconhecido. De fato é terrível cair, mas a cada dia me parece mais certo que a melhor forma de sair do poço é entendê-lo. No final de todo poço há um reflexo de nós mesmos.

Fuga da armadilha das energias desagregadoras

Fuga da armadilha das energias desagregadoras

Por Lourival Antonio Cristofoletti

Tenho à disposição a possibilidade de escolher o tipo de Energia que quero desfrutar em cada momento da vida nos eventos em que resolvo me envolver. A qualidade dessa Energia Pessoal, como acontece na Curva de Gauss, oscila em um Quantun de “Menos, menos, menos” (Elevado estado de desajuste emocional e de tensão) a “Mais, mais, mais” (Paz na gestão das minhas emoções).

Minhas ações, das impulsivas às ponderadas, afetam sobremaneira a minha existência: cabe-me avaliar e decidir que tipo de Energia quero emanar e em qual ponto da Curva prefiro ficar, ciente de que têm impacto decisivo no meu ser: o estado de ânimo, a capacidade de realização das coisas, os relacionamentos, o próprio bem-estar e o nível de satisfação interior com a vida que tenho.

Se escolho controlar a impulsividade, distante de ansiedades e precipitações, conseguindo ter um olhar mais condescendente do oponente, poderei atenuar a raiva e a carga de tensão a que me submeterei, impedindo ou, pelo menos, controlando a intensidade da geração e manifestação de uma corrente desagregadora de sentimentos.

Ao sentir-me mais centrado posso, com isso, ter ascendência sobre as emoções e mobilizá-las em eventos mais favoráveis e talvez mais prazerosos. Evitarei discutir em clima de animosidade, deixando de mobilizar carga energética pesada, destrutiva, em que prevalecem a irritação, a bronca, o ódio – sentimentos naturais em processos de rotulação e julgamento do próximo.

As energias desestabilizantes tenderão a se aproximar da dissolução, permitindo que minha realidade ajeite-se de um modo mais ameno, suave, em mais favorável configuração, exibindo evidentes e estimulantes sinais de que estou aprendendo a falar de um novo lugar do meu ser.

Sem estar sendo subserviente, sem curvar-me ou dar-me por vencido, como quem “entrega os pontos”, estarei liberto do impulso de ativar a lista de mágoas, desfazendo-me dos links mobilizadores de desavenças, rótulos, juízos de valor precipitados, distorcidos.

Ficarei mais atento comigo e irei me respeitar mais, trilhando caminhos de moderação, de desprendimento, de certa condescendência, para não perder desnecessariamente Energia, evitando, assim, alimentar o impulso e a vontade de “tomar doses de veneno tendo a expectativa de que o meu desafeto passe mal”.

Será uma decorrência natural escapar da armadilha de tentar provar à força que tenho razão nas discussões – que é algo muito subjetivo e que costuma espreitar o terreno escorregadio do ego -, contentando-me em ser apenas um pouco mais bem resolvido com minha verdade interior.

Ao dar um basta às perguntas excessivas e desconfiadas, deixando de duvidar dos outros sem fundamento, de implicar com questões que não me dizem respeito e de ter a pretensão de construir soluções para problemas que estão fora do meu campo de intervenção, poupo-me de uma série de dissabores psicológicos, que trezem riscos de transtornos psíquicos, tendendo a transformar-se, também, para mim, em problemas físicos através das inevitáveis e consequentes somatizações.

A sabedoria popular ensina que, “quando mais se fuça, mais coisas que não devia, das que não lhe dizem respeito, se descobre”: assim, como eu resolvo manifestar o desejo de maior harmonização, desvio-me das rotas que atraem desagregadoras Energias.

Faço, assim, escolhas fundamentadas e mais harmoniosas no que diz respeito à diversidade, deixando os outros livres para as suas pessoais escolhas – reflexos de suas verdades interiores -, com base no princípio de que cada ser é o resultado das Energias que decide mobilizar.

LOURIVAL  ANTONIO CRISTOFOLETTI

contioutra.com - Fuga da armadilha das energias desagregadorasPaulista de Rio Claro e residente em Vitória/ES. É mestre em Administração pela UnB – Universidade de Brasília, Analista Organizacional e Consultor em Recursos Humanos. Atualmente atua como professor na Graduação e MBA na FAESA – Faculdades Integradas Espírito-Santenses; Instrutor na UFES – Universidade Federal do ES e na ESESP– Escola de Governo do ES.

Livro publicado: COMPORTAMENTO: INQUIETAÇÕES & PONDERAÇÕES
Livraria Logos (vendas pelo site)

E-mail de contato: : [email protected]
No Facebook: Lourival Antonio Cristofoletti No Instagram: lourivalcristofoletti

10 dicas de livros que viraram filme para você assistir no feriado prolongado

10 dicas de livros que viraram filme para você assistir no feriado prolongado

Por Octavio Caruso

Algumas dicas de ótimas adaptações literárias, de variados gêneros e épocas, para você desfrutar nesse feriadão, sem ordem de preferência:

Grandes Esperanças (Great Expectations – 1946)

O clássico trabalho de Charles Dickens, em sua melhor versão para cinema, comandada pelo genial diretor David Lean, de “Lawrence da Arábia”.

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O Sol é para Todos (To Kill a Mockingbird – 1962)

Gregory Peck vive o pai que todos gostariam de ter, o nobre advogado Atticus Finch, no lindo tratado contra o racismo, escrito por Harper Lee.

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A Primavera de uma Solteirona (The Prime of Miss Jean Brodie – 1969)

Adaptado da obra de Muriel Spark, com uma interpretação magistral de Maggie Smith, vivendo a professora que inspira suas estudantes com suas ideias sobre arte, música e política.

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Bravura Indômita (True Grit – 2010)

Esqueça o original com John Wayne, essa é a versão mais fiel à obra de Charles Portis, dirigida pelos Irmãos Coen.  A beleza da trama reside na progressiva transformação interna do pistoleiro, vivido por Jeff Bridges, cada vez mais admirando a impetuosidade inconsequente daquela menina que aprende que deve proteger.

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Em Algum Lugar do Passado (Somewhere in Time – 1980)

O espírita absorve o que ocorre no filme como uma metáfora sobre reencarnação, mas este elemento além de simplificar demais a sensibilidade do tema, não existe na obra original “Bid Time Return” (1975), de Richard Matheson. Não existe cena mais bela que aquela em que o personagem de Christopher Reeve percebe estar fora de seu tempo, vivendo uma ilusão, sendo brutalmente transportado para sua realidade.

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A Noite dos Desesperados (They Shoot Horses, Don’t They? – 1969)

Com direção inspirada de Sidney Pollack, a obra pungente de Horace McCoy toma vida e se mantém para sempre na mente do espectador. Uma crítica social ambientada no período da Grande Depressão americana, porém, incrivelmente atual.

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A Mulher do Tenente Francês (The French Lieutenant’s Woman – 1981)

Com impecável atuação de Meryl Streep, vivendo a personagem de época e, no tempo moderno, a atriz que a interpreta, essa elegante adaptação da peça de Harold Pinter, baseada na obra de John Fowles, merece maior reconhecimento.

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À Sombra do Vulcão (Under The Volcano – 1984)

O protagonista da obra-prima de Malcolm Lowry, uma impecável atuação de Albert Finney, está obstinado em sua jornada de autodestruição, amargurado com a traição das duas pessoas que mais amou: sua esposa e seu meio-irmão. O seu objetivo maior, seu triste sacrifício, sua descida ao inferno, serve como punição para eles. O constante anestesiar, a supersensibilidade que sucede os tremores da dependência do álcool, a faustiana perda da inocência às vésperas da Segunda Guerra Mundial, elementos que vão elucidando, em revisões, o quebra-cabeça cheio de simbolismos proposto pelo autor, e complementado pelo diretor John Huston.

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Garota Exemplar (Gone Girl – 2014)

Ótima adaptação do livro de Gillian Flynn. A desconstrução de um modo de vida, onde o diretor David Fincher flerta cinicamente com os clichês do suspense, exibindo a ferida aberta na imprensa sensacionalista, a manipulação da opinião pública, a teatralidade das investigações do desaparecimento da jovem, elemento que se confunde à teatralidade nos relacionamentos, simbolizado pelo ritual do casamento.

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Pelos Olhos de Maisie (What Maisie Knew – 2012)

Vivemos em uma sociedade imediatista na qual o ato de ter filhos de forma impensada é irresponsavelmente incentivado pelo governo, pela igreja e pelos vizinhos. Crescei e multiplicai-vos. Buscando satisfazer de forma prazerosa um capricho emocional, muitos se esquecem da tremenda responsabilidade que acompanha o nascimento de uma criança. A inserção de um novo elemento transformador, cujas ações e omissões futuras irão afetar, para o bem ou para o mal, a vida de outros. E é disso que trata o romance de Henry James, escrito em 1897, mas que se mostra incrivelmente atual nessa inteligente adaptação comandada pelos diretores Scott McGehee e David Siegel.

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OCTAVIO CARUSO: colunista Conti outra

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Carioca, apaixonado pela Sétima Arte. Ator, autor do livro “Devo Tudo ao Cinema”, roteirista, já dirigiu uma peça, curtas e está na pré-produção de seu primeiro longa. Crítico de cinema, tendo escrito para alguns veículos, como o extinto “cinema.com”, “Omelete” e, atualmente, “criticos.com.br” e no portal do jornalista Sidney Rezende. Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, sendo, consequentemente, parte da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica.

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Jogando o mal pela janela…

Jogando o mal pela janela…

Por Joana Nascimento

Defenestrando males tácitos*

Numa época em que boa parte da população brasileira – não somente parcela de cidadãos que faz panelaço em suas varandas gourmet -, se reúnem em grandes mobilizações sociais (?) a fim de pedir o impeachment da presidente Dilma Roussef, certos de que estarão banindo do mais alto grau administrativo da república brasileira um mal maior, vou me dedicar a dissertar sobre como é possível promover uma melhoria inimaginável na vida, apenas se livrando de miudezas imbuídas de um prejuízo velado a você mesmo. 

Abrindo aqui parênteses para deixar claro que não tenho menor intuito de me posicionar quanto a estar do lado dos que foram às ruas, dos que criticaram os que foram às ruas ou ainda dos que estão em outro caminho diferente dos dois grupos.

Retomando… não é preciso, parar a tão sonhada leveza do ser (tão sonhada que intitulou um daqueles Best-sellers de auto ajuda) de que algo de grandes proporções nos acometa para que, como consequência inevitável, nossa vida se reoriente.

Muitas vezes, não é necessário que reinventemos a roda. Para que conquistemos a tal paz interior, que, a cada vez mais tem estado no cerne de anseios da sociedade contemporânea, basta pensar com razoabilidade.

A panaceia do mundo, salvas as devidas proporções, reside no mero auto conhecimento acompanhado de um poder de análise.

Somos capazes de apontar diversos males do universo, aqueles que atingem multidões e provocam mazelas em todo um povo e uma época. Mas talvez, se solicitados, não saibamos sinalizar os nossos pequenos vícios que geram moléstias individuais e até coletivas. A nossa capacidade de nos fazer mal é muito maior do que os danos que um terceiro pode nos causar. Essa potencialidade negativa nos passa despercebida. E é mais perigosa, pois é tácita.

DEFENESTRE*!

Elimine o que não é produtivo, engraçado, pacificador, tranquilizante, provocador de risos, edificante, elucidativo. Jogue para longe o que te induz a pensar que és menos do que realmente é.

Como aquela obsessão que você tem de postar selfies, quase implorando por curtidas; não é isso que vai te fazer se sentir querido. Ou quando você publica todos os momentos que você julga imperdíveis aos seus contatos, acompanhados de hashtags mirabolantes (infeliz mecanismo de comunicação das redes sociais que teve sua razão totalmente diluída nas inutilidades dos usuários); isso é o que você demonstra virtualmente, mas não é o verdadeiro panorama de sua vida.

Ou quando você insiste em sair com aquela turma que te faz se sentir inferior, sob qualquer que seja o aspecto; não são eles os seus amigos que entendem o real conceito de amizade. Ou no trabalho, quando você acredita nos que maximizam seus erros e tornam seus feitos como coisas pífias; não são esses o que vão te dar um feed backcerteiro de sua vida profissional.

Ou quando você se anula para poder agradar seus familiares; não é essa a aprovação que você precisa. Ou quando você projeta seus sentimentos e todos seus esforços em tentar fazer alguém feliz numa pessoa que mal sabe quem é você e que te coloca em órbita, fora de todos os círculos de sua vida; essa não é, nem de longe, a pessoa a quem você deve entregar o melhor que guardou de si.

Auto sabotagem. É isso. Ceder a todos essas imposições do imaginário coletivo – e de seu próprio – como as situações supracitadas. É como você boicotar a si mesmo. Não é difícil entrar nesse redemoinho pernicioso. Também não é fácil compreender que você está nessa situação e, menos ainda, se livrar desse imbróglio silencioso.

Nessa mesma toada, vivia Holden Caulfield, o protagonista de ‘O apanhador do campo de centeio’ (J. D. Salinger), um adolescente norte americano, aborrecido e rebelde pela causa obrigatória de ser assim, naquele contexto em que vivia – a discordância era característica intrínseca ao jovem da época.  O descontentamento que sentia em relação à sua vida, principalmente em relação aos pais, nada mais era do que a sua mania vazia de contestar por contestar.

Na mesma armadilha secreta caiu Jerry Falk, personagem vivido por Jason Biggs, no longa metragem ‘Igual a tudo na vida’, de Woody Allen. O jovem se via preso em duas amarras que tolhiam todo o fluxo de sua trajetória: não conseguia se desapaixonar da temperamental e leviana Amanda (Christina Ricci), nem largar o empresário bufão Harvey (Danny DeVito) que cuidava da sua carreira. O paradoxo era que, temendo sofrer de amor e ter fracasso na vida profissional, Jerry vivia nesse emaranhado cíclico: sofrendo de amor e sendo um fracasso, sem ter consciência disso.

Portanto, o primeiro dos males a ser eliminado é o tácito.

*Tácito: Implícito; que está subentendido e, por isso, não precisa ser dito; que não se pode traduzir por palavras.

*Defenestração é o ato de atirar algo por uma janela. Refere-se, contudo, mais especificamente ao ato de atirar pessoas de uma janela com a intenção de as assassinar ou ao caso de suicídio. O termo provém da palavra latina para janela, fenestra.

contioutra.com - Jogando o mal pela janela...Joana Nascimento 

Sou jornalista e aspirante a produtora e crítica cultural, e, bem incipiente, roteirista de cinema.
Acredito piamente no conhecimento do maior número de textos teóricos, narrativos e imagens como forma de evolução mental e espiritual.
Embora tenha vontade, sei que uma pessoa não muda o mundo, mas creio que cada cabeça individual é um universo diferente, e este, nós podemos melhorar sempre. O impacto positivo no todo externo será sempre progressivo e crescente.
Gosto de escrever sobre existencialismo e condutas de vida, sempre fazendo analogias com filmes, livros, música e teatro. Conheça mais em www.joananasc.blogspot.com.br.

A tv produz o lixo que o povo gosta ou o povo consome o lixo que a tv produz por que não tem escolha?

A tv produz o lixo que o povo gosta ou o povo consome o lixo  que a tv produz por que não tem escolha?

Por Adriana Vitória

Depois de anos observando a humanidade e a mídia, não tenho duvidas que a segunda opção é a verdadeira.
Os “formadores de opinião” que controlam as mídias ao redor do mundo, entenderam que grande parte da população é vulnerável e facilmente manipulada.

Isto é um fato dado que, milhares de pessoas, de diferentes classes sociais tiveram suas personalidades fragilizadas e enfraquecidas na infância tornando-as adultos inexpressivos e indecisos, mas isto não justifica absolutamente tratar o povo como rebanho.

Que mídia é essa que despeja toneladas de puro lixo de domingo a domingo em suas tvs e revistas, pra depois os acusarem de ignorantes sem cultura ?

Seja de que lado for, é fato que o mundo carece de qualidade e bom gosto, mas também é fato que os melhores canais de tv são pagos e as melhores revistas inacessíveis a maioria.

Ao longo da minha vida tive o desprivilégio de encontrar pessoas “instruídas” absolutamente ignorantes e o privilegio de conhecer outras, muito humildes plenas de sabedoria.

Infelizmente, e principalmente nos países de terceiro mundo, do qual nós, pobres brasileiros fazemos parte, aqueles que comandam a mídia, parecem querer ignorar o fato de que todos não só tem o direito, mas querem ter acesso ao conhecimento, aos livros, ao mundo, as diferentes culturas, as artes.

A crescente erotização na música e nos programas de tv mostra a enorme pobreza de espirito e falta de criatividade dos que comandam este universo e apesar de não parecer, o povo esta farto disto.

Experimente dar ou ler um bom livro a quem nunca teve um, pra ver o que acontece. Mágica !

Manter um povo com conhecimentos limitados é cruel, é tolher a liberdade de se formar sua própria opinião, e pior, é destinar um pais a sua própria miséria.

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Você escuta os seus filhos?

Você escuta os seus filhos?

Por Viviane Lajter Segal

Crescer, ter filhos e formar uma família costuma fazer parte dos projetos de vida da maioria das pessoas. Junto à realização desses sonhos vem as responsabilidades, preocupações, falta de tempo para si e para o companheiro e, consequentemente o estresse diário. No meio dessa correria toda quando chegamos em casa após um dia de trabalho queremos encontrar com a família e relaxar um pouco. Certo? Nem sempre é tão simples assim! Principalmente quando se tem criança pequena, pois é quando elas querem contar as suas experiências e exigem total atenção dos pais. É nesse momento que muitas vezes precisamos desligar das preocupações pendentes do dia ou desistir daquele banho relaxante que gostaríamos de tomar para ouvir as histórias dos pequenos! Esse pode ser, para muitos, um processo difícil. Requer paciência, autocontrole e muito cuidado. E você? Como age quando o seu filho quer te contar algo? Será que você dá a atenção que gostaria?

A linguagem corporal é uma forma de comunicação muito importante e, por várias vezes, fala mais que muitas palavras. Um exemplo muito claro disso é quando o pai senta para conversar com o filho, mas o seu olhar não sai da frente do celular checando as mensagens instantâneas ou as novidades nas redes sociais. Qual a mensagem que esses pais estão passando, sem perceberem, ao agirem dessa forma? Provavelmente, que as suas opiniões não tem importância ou que não se interessam pela vida dos seus filhos.

Permita-se parar e ouvir

O afeto vai muito além dos cuidados de higiene e alimentação, que também são importantes, claro! É algo bem maior que exige atenção, cuidado, disponibilidade e dedicação. É poder se disponibilizar a escutar o outro de verdade, desligar dos seus próprios problemas e ser empático com as questões alheias. Prestar atenção realmente no que é dito, conversar, trocar experiências e aconselhar seus filhos. Esses gestos, teoricamente pequenos e simples fazem muita diferença na formação da personalidade e na autoestima dos pequenos.

Acolher o seu filho naquilo que ele te conta, perceber a importância que isso tem em sua vida, acompanhar suas experiências de perto, permitem que se construa uma relação mais próxima entre vocês. O resultado desses atos gera segurança, interesse e sensação de pertencimento dos pequenos na família.

O diálogo entre pais e filhos possibilita que as crianças aprendam a se expressar, a reconhecerem seus sentimentos e a lidarem com as frustrações e dificuldades que venham surgir pela frente ao longo da vida.

Ela é só uma criança! Ainda não entende.

Um engano muito comum dos pais é acreditar que, por serem crianças, elas não compreendem o que está acontecendo e que, portanto, esse tipo de comportamento não vai prejudicá-las. Porém, ocorre exatamente o oposto! Quando pensamos na constituição psíquica de uma pessoa ainda em formação percebemos como esse processo é delicado e pode deixar marcas para toda a vida.

Os impactos disso na psique dos pequenos vão variar de acordo com diversos fatores e com o ambiente em que se desenvolverão. Alguns comportamentos poderão ser desencadeados ao longo do tempo, uma vez que essas então crianças tendem a começar a se calar evitando conversar com os pais. Aos poucos vão se fechando, acreditando ser menos interessantes ou inteligentes que os demais a sua volta. Como consequência podemos ver o desenvolvimento de uma timidez excessiva. Outro possível impacto psicológico é uma baixa na autoestima que faça com que essa criança cresça e se torne um adulto inseguro e receoso em tomar decisões. Exemplos disso poderão ser percebidos nos seus relacionamentos afetivos ou na construção da sua própria família.

Cuidado e atenção

O relacionamento entre pais e filhos é muito delicado e requer um cuidado diário, nas pequenas atitudes. As crianças são muito atentas ao o que ocorre a sua volta e, apesar de pequenas, tem sensibilidade para perceber quando seus pais estão prestando atenção nelas verdadeiramente.

Pare, reflita, respire e converse com os seus filhos! Você estará ajudando a formar uma pessoa mais segura de si e capaz de tomar boas decisões ao longo da vida, além de fortalecer o relacionamento de amizade, cumplicidade e afeto entre vocês.

A fragilidade dos laços modernos

A fragilidade dos laços modernos

Por  Igor Melo Gulledge

Quantas vezes temos escutado “estou apaixonado” e da mesma pessoa, em pouco tempo: “acabou”? E facilmente escutamos, da mesma, que ela voltou a se apaixonar? Com certeza muitas vezes e de quase todos que conhecemos (inclusive de nós mesmos). Podemos perceber que esta condição é facilmente repetida, recorrente. E muitas vezes chamamos de amor, situações repetidas de envolvimento, mesmo que seja de apenas 1 dia.

A mudança da sociedade nos fez de fato desvalorizar por completo a sentença “até que a morte nos separe”. Assim, baixamos os padrões deste sentimento, podendo chamar de amor qualquer experiência de envolvimento. Experiência intensa e impactante, porém de curta duração. Sendo o amor uma ideia de eterno, duração perpétua, a habilidade de experimentar muitos amores poderia ser vista como incapacidade de amar.

Bauman vai nos lembrar em seu livro “amor líquido” do diálogo da profetisa Diotima, no banquete de Platão. Ela diz: “o amor não se dirige ao belo, dirige-se à geração e ao nascimento no belo”. Amar é querer “gerar e procriar”, e assim o amante “busca e se ocupa em encontrar a coisa bela na qual possa gerar”. O amor é um impulso criativo, ao movimento de gerar, fazer, criar. E por se tratar de duas pessoas, está marcado pela eventualidade e assim, pelo mistério. Mistério do encontro, pelo destino, pelo sublime, que vem da conquista, do ganhar, do prazer da vitória.

Aqui conflitamos nossa sociedade capitalista com a eternidade do amor. Sociedade consumista, dos produtos prontos, descartáveis, satisfação instantânea, prazer rápido, garantias, seguros e devolução. Caímos aqui no comportamento aprendido do mundo pós-moderno, capitalista e consumista, e fazemos do amor, experiências passageiras, rápidas, instantâneas e descartáveis, a que estamos acostumados.

A descartabilidade das acoes da modernidade, recairá nas ações do relacionamento interpessoal. Se aprendemos a descartar, usar tudo para satisfação de nosso prazer, aprendemos a ter este comportamento quanto a tudo, e também quanto aos outros, em nossos relacionamentos.

E podemos aqui nos perguntar, se temos tanta consciência do uso que fazemos do outro na busca de nosso prazer, porque ainda buscamos relacionamentos? Porque a instituição do casamento ainda é procurada, desejada e sonhada?

O sonho aqui é fonte de grande parte do desejo do homem, e falando em sonho, estamos falando na fantasia, alimentada pelo que recebemos como certo a fazer ou como resquícios de um projeto de vida, com o qual nosso superego foi construído.

É a ideia da construção familiar de que fomos fruto, que muitas vezes nos dá, sem mesmo querermos, o modelo de vida que teremos que ter. Crescer, estudar, trabalhar, casar, ter filhos… É o caminho que certamente grande parte da sociedade entende como o normal. Deste projeto de vida, de que fomos alvo e que recebemos como meta a ser realizada, é certamente a razão de grande parte da busca pelo modelo tradicional de família.

Podemos ainda relembrar daquela eterna falta, inquietação e angústia de que somos alvo e que falávamos antes. Estar com alguém relaxa a cobrança do superego a ter alguém e também a angústia vinda do medo da solidão.

 

A dificuldade moderna não é em não ter esta necessidade, e sim não conseguir calar as vozes dos desejos pela busca do prazer, narcísica, e perturbadas pela fantasia, que nos leva a enganação que há sempre algo bem melhor ainda a ser experimentado.

Paramos aqui num medo que está presente na humanidade desde seu inicio, e que provavelmente irá continuar nos acompanhando por muito tempo. A dificuldade moderna nao é em não ter esta necessidade, e sim nao conseguir calar as vozes dos desejos pela busca do prazer, narcísica, e perturbadas pela fantasia, que nos leva a enganacao que há sempre algo bem melhor ainda a ser experimentado.

O comprometimento e a responsabilidade com o que nos propomos, nos faz coerentes com as opções e decisões que tomamos. Isso nos faz entender que toda decisão requer uma série de renúncias, e isso é o que Freud quis dizer ao falar em maturidade, em casar e trabalhar. Estar pronto para isso, para Freud, é estar maduro para dizer não ao que a fantasia nos inquietar. Renúncia é essencial da maturidade, do entendimento que nos pertence apenas uma parte, e que não estar numa eterna busca de satisfação, em novidades, e que em parte nao pertence senão ao mundo imaginário.

O imaginário está cheio de ideias de liberdade e que entram em contradição com a busca de um alguém ideal. Grande parte da sociedade vive neste conflito. Sabemos que a pessoa ideal, ou o Príncipe encantado não existe, mas sim uma pessoa certa que pode nos compreender, ser capaz de caminhar conosco, ser parte de nossa felicidade, de nossa alegria e nossa satisfação. O problema é que na lista de requisitos para a pessoa certa, os itens sao absurdos, incapazes de serem preenchidos, permitindo assim ao Id sua busca perpétua de novidades e prazer e ao Superego a satisfação de que sim, buscamos a família perfeita, conforme quiseram nossos pais.

Poderíamos falar aqui em enganar nosso ego, dando livres asas ao id, mas sabemos a que preço temos pago. A angústia e insatisfação geradas desta busca, são de grande prejuízo. O descontentamento e infelicidade desta geração está claramente vista.

Nem mesmo 30% dos encontros passam no primeiro dia ou do primeiro sexo.

Se algo se quebrou, joga-se fora, e compra-se outro. Se um problema veio, findamos um relacionamento e partimos para a busca de outro. Falamos em terminar algo quando foi iniciado, mas que nos dias de hoje, segundo pesquisas, nem mesmo 30% dos encontros passam no primeiro dia ou do primeiro sexo.

É que no mercado capitalista todo dia temos novidades e estas nos envolvem, nos estimulam, nos prendem. No relacionamento, todo dia é dia que alguém novo, novas experiências, afinal, com quem estamos hoje nao estamos 100% feliz… nao foram satisfeitos 100% da lista de exigências da pessoa ideal.

É a segurança do amor eterno com a liberdade do pássaro que voa rapidamente em diferentes pombais, que consiste a grande guerra travada neste século.

A oferta e a facilidade de troca, alimenta a fantasia o eterno príncipe encantado de que fomos alvo na infância, pelos contos de fadas, e que de alguma maneira ainda buscamos.

Contatos com Igor Melo Gulledge pelo e-mail [email protected]
Publicado na Conti outra com autorização do autor.

Quer saber mais? Leia o artigo completo pelo link abaixo:

Procura-se um amor

Procura-se um amor

Procura-se um amor que adore pessoas mais por suas histórias que por suas conquistas. Procura-se um amor que seja feliz cercado de abraços por todos os lados, mas que também saiba navegar pelo espaço dos próprios pensamentos, sem culpa.

Procura-se um amor que goste de cozinhar para si. Desse jeito, em nossos jantares serei sempre companhia de um prazer que você já tem. Procura-se um amor que conheça bem os caminhos da doçura, os mistérios provocantes, os sabores da vida.

Procura-se um amor que entenda que líquidos são as melhores bases para diluir longas conversas. Chá, café, vinho, cerveja ou mesmo nossos beijos, que tudo seja pretexto para saber mais de você.

Procura-se um amor que seja paciente quando eu não conseguir sê-lo. Que perca a paciência quando precisar, que me mande ao inferno quando eu merecê-lo, mas que sempre me queira de volta, envoltos de um leve cinismo bobo das crianças, vazantes da culpa do outro.

Procura-se um amor que se debruce sobre mim quando precisar, como quem sobe nas pedras para ver o céu tocando delicadamente os cabelos ondulados dos mares, sem nada a dizer.

Procura-se um amor que convide com os olhos enquanto diz e que nade nos meus enquanto escuta. Procura-se um amor que tenha suas próprias manias, para que às vezes também se distraia e me deixe viver as que já são tão minhas.

Procura-se um amor que tenha dedos apaixonados por cabelos e que esses dedos abobalhados se percam em meio a eles, nas trilhas ancestrais do topo dos meus pensamentos.

Procura-se um amor que me faça rir como se eu fosse adepto de uma nova droga, ou dotado de um tipo raro de doença mental – Veja aquele pobre coitado, lá vai rindo-se. Dizem que ele sofre de um caso raro de Amorismo Cerebral – comentarão as vizinhas que brotam nas calçadas.

Não, não busco mais perfeição. Busco quem também suavize meus pesos e releve meus erros que se multiplicam sempre em tantos e tantos e tantos. Não, não mais me distraio tanto com os errados enquanto não me chega o certo. Quero estar com os olhos bem abertos e o pátio do meu coração bem limpo para convidá-lo ao centro, quando o encontrar por perto.

Mainha tem sempre razão.

Mainha tem sempre razão.

Imagem: saudosa Dona Canô

Mãe é o personagem de nossas vidas que mais marca. Primeiro, por questões biológicas. O útero nos abriga e nos forma. Lá, somos apenas crescimento. Segundo, por questão de roteiro. A nossa história progride na medida em que somos envolvidos em seus cuidados.

Mas nem toda mãe ama. É um mito forte aquela história de que “mãe é mãe.” Basta observar o abandono. Não nos cabe, também, aquela arma de julgamento, porque nada é mais difícil do que ser mãe. Há quem não suporte a dificuldade e fuja.

Atire a primeira condenação quem nunca fugiu diante de um obstáculo!

Eu mesmo nasci homem porque não suportaria ter um útero.

A mulher tem um órgão, no corpo, que gera uma infinidade de outros órgãos. Assustador. Talvez disso nasçam os machismos. O homem tenta diminuir o papel delas na sociedade, pois sabe que é mais frágil. Mal gera os próprios desejos…

Se existe algum sexo fraco e perdido, só pode ser o nosso, meus amigos, e não adianta a gente ficar por aí querendo humilhá-las. Impondo a cor do batom, o tamanho da saia, com quem elas devem sair ou quais pensamentos necessitam ter. Essas agressões só revelam o quanto somos caídos.

Se quisermos levantar, valorizemos as mainhas, inclusive as que decidiram não ter filhos. As que decidiram ser nada do que nossos receios quiseram que fossem.

E, se você anda reclamando do preço da gasolina, fica o aviso: mainhas são os combustíveis do mundo. Tão caras que o dinheiro se envergonha de tentar comprá-las.

Inspirado em Mainha Me Ensinou, de Maria Rita

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