Os ceguetas somos nós

Os ceguetas somos nós

OS CEGUETAS SOMOS NÓS

(Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara)

A.E.C Souza

Nós temos medo do escuro. As criancinhas têm medo quando a luz apaga e o breu invade seu quarto por inteiro. A cama envolta na escuridão faz com que o choro seja a única saída. Os monstros debaixo da cama são a consubstanciação do terror. É Instinto. O ser humano não gosta do escuro, não gosta de se sentir só, não aceita ter de viver sem as luzes guiando sua vida, sem enxergar cada passo, rosto, cada gesto e até cada sentimento. Os olhos, em perfeito estado, dão ao homem a confiança no que ele é e no que os outros ao seu redor devem ser, fingem ser. A falta de luz, a córnea desmantelada, um olho sem função condenam o indivíduo ao declínio de sua condição de ser humano plenamente capaz. São tidos como inválidos, ceguetas, dignos de cair no esquecimento. A cegueira negra não desperta no homem coisa além da loucura ou menor que a própria insanidade. Ele corre atordoado, primeiro no mundo físico e depois dentro de si mesmo. A cegueira consome os olhos e em seguida leva o espírito para longe com uma tragada só. A cegueira torna o homem ciente de sua fragilidade. Conhecedor do próprio medo. A escuridão é o fim enquanto a brancura é salvação. Não é por menos que é atribuído ao bem, ao paraíso, ao céu, a pureza do alvo e ao mal, ao fim, ao inferno, o terror das trevas.

Nós preferimos a luz. No entanto, como proceder quando a cegueira da qual falamos não consiste na escuridão, mas sim na brancura constante, alucinante e total? Sim, amigos, falo em  uma cegueira leitosa, onde o homem está sujeito ao medo daquilo que mais o acalma, que mais o deixa seguro de si, mas ainda assim, cega. É nesse sentido que José de Saramago brilhantemente desenvolve a vida literária de suas personagens na obra ”Ensaio Sobre A Cegueira”, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. Os cegos são partes de nós.

A trama se desenrola quando um motorista, parado no trânsito esperando o sinal mudar para o verde, se vê instantaneamente cego. A sensação é como se estivesse mergulhado em um copo de leite, claro, luminoso, viscoso. Os cegos devem estar enganados já que dizem que a cegueira é escura, pensa o motorista, o que vejo é branco.  Os impacientes condutores, que esperam o carro se locomover uma vez que o sinal mudou, buzinam freneticamente, mas percebem que nada acontece. O carro está lá. Está parado. Dentro dele alguém nota um homem desorientado, em pânico, murmurando coisas inaudíveis até que, em dado momento, alguém percebe um movimento recorrente dos lábios. ”Estou cego”, dizem seus lábios através de gestos precisos. O mal branco faz a sua primeira vítima. Primeiro um motorista, em meio ao caos do trânsito de uma grande cidade. Um caso banal. Um médico oftomologista, enquanto folheia os seus livros para descobrir algo sobre o mal que acomete seu primeiro paciente, o motorista/primeiro cego, se vê imerso na brancura de um copo de leite. Está cego, ironicamente cego. Um caso brutal. Assim, vítimas de uma cegueira branca, todos se encontram diante de uma situação assustadora e de um dilema humano que é rotineiramente vivenciado. Todos estão cegos. Todos estão sozinhos. A lei que costumava reinar apenas na selva agora também se aplica à cidade. É cada um por si e o Estado contra todos. O governo, que deveria prover, não faz outra coisa senão determinar que todos os infectados, cegos, e contagiados, os que tiveram contato com os cegos sejam depositados um manicômio de forma temporária, até que haja uma explicação plausível, uma cura, uma forma de parar o mal branco. O alto falante, durante os primeiros dias, trazia as instruções e as justificativas para aquele comportamento.

O Governo lamenta ter sido forçado a exercer energicamente o que considera ser seu direito e seu dever, proteger por todos os meios as populações na crise que estamos a atravessar, quando parece verificar-se algo de semelhante a um surto epidémico de cegueira-provisoriamente designado por mal-branco – e desejaria poder contar com o civismo e a colaboração de todos os cidadãos para estancar a propagação do contágio – supondo que de um contágio se trata. Supondo que não estaremos apenas perante uma série de coincidências por enquanto inexplicáveis (Página 24)

Nenhuma comunidade, por mais cega que ela seja, vive sem regras.  Mesmo naquele microcosmo deviam existir certos comportamentos a serem observados a fim de garantir o mínimo de dignidade aos encarcerados. Logo até isso cessou. Logo eles estavam sozinhos, apesar de uns terem o carinho, a solidariedade e até os olhos emprestados dos outros. Também isso não dura muito. As relações e convenções sociais começam a ser desconstruídas a partir do primeiro fornecimento das rações. O homem cego começa a mostrar a selvageria que os a visão esconde. Estão condenados.

Lá, na câmara, o homem começa a demonstrar suas várias cascas, cores, rostos, sons, máscaras, imundices. Os novos cegos são curiosos e pouco falantes. Se adaptam bem. São únicos. Cegos perdidos na brancura que mais tarde se revela seu verdadeiro encontro com aquilo que são; homens não são mais apenas homens, estão em meio a uma categoria híbrida. Homens e bichos. Homens porque ainda pensam e bichos pois não encontram mais razão e nem seguem princípio além da proteção do que é seu, além do desejo de sua carne e das necessidades de seu corpo ainda mais fragilizado.

A abordagem não apenas gira em torno do medo de inesperadamente deixar de enxergar, de perceber o mundo como se julga que ele é, sobre como é ter e perder o que lhe era natural, mas a obra também deixa claro que no momento em que se torna cega, a personagem automaticamente se torna também invisível. Cego para si, cego para o mundo. Isso pode ser afirmado ao perceber a reação dos cegos aos outros cegos ,companheiros de câmara,  no quê diz respeito às necessidades fisiológicas e aos mortos decorrentes do ambiente insalubre ao qual os contagiados e infectados foram abandonados. Claro que, em um primeiro momento, os mortos são enterrados devidamente e as necessidades feitas em latrinas, locais indicados, mas, ao passo que mais cegos aparecem, que as relações sociais ganham complexidade, a sensibilidade dos infectados é dilacerada pela cegueira e suas conseqüências. Logo não se enterra mais os mortos, não apenas porque se trata de um trabalho quase impossível dadas as condições dos coveiros, mas porque a morte não importa mais. É habitual. Para uns é até melhor do que viver na agonia da cegueira leitosa.  Logo não aliviam mais onde é devido, mas em qualquer lugar, pois pouco importa o que se faça, ”ninguém verá”.  Aos poucos os cegos viram bichos que não podem ver. Bichos, apenas.

Saramago utiliza uma ”cegueira branca” e contagiosa como metáfora orientadora da obra, justamente por ser uma alegoria das mais felizes no que diz respeito à condição dos homens quando ”vítimas da convivência”, ou seja, quando os membros do microcosmos são colocados lá contra a sua vontade.  Seria o medo, não do que temos como escuridão, mas do que temos como nítido e bom.  O medo de confiar o outro e em si mesmo é o foco da discussão. Até que ponto os sentidos são aliados e até que ponto a visão é desimportante? Ficar cego na obra do português seria apenas uma condição social e não teria apenas uma implicação meramente física. Quando colocados os novos cegos em um ambiente comum, eles percebem que lá sozinhos estão e assim exprimem em suas falas toda a fragilidade que o homem cotidianamente esconde até dele mesmo pelo simples pudor de ser notado. Ali os homens estão vivendo como no princípio de sua criação. Cada um busca o que satisfaça melhor suas necessidades. Não existe confiança no outro, pois a cegueira leva embora também o discernimento. Primeiro os menos esclarecidos e em seguida os que possuem um  maior grau de instrução, são tomados por instintos primitivos. Falam que não é possível viver sozinho, que o ser humano é um ser social, que deve viver em comunidade, mas esquecem que algumas vezes o homem é privado de integrar a sociedade, de ter voz ativa, de escrever a própria história por outros homens. Não passam de cegos manipulados pelos que, igualmente cegos, se adaptam melhor à condição e conseguem coercitivamente impor suas vontades. Saramago deixa isto claro ao colocar na obra uma espécie de gangue de cegos que troca comida por bens que ali deveriam ser considerados de segunda necessidade, ou seja, dispensáveis (jóias, relógios, dinheiro) e tem como aliado um ”antigo cego”, ou seja, um cego que não enxerga a brancura, mas a escuridão, um cego que foi doutrinado desde criança para sobreviver sem os olhos. Eis  importância dos que vêem, dos que mesmo de maneira reduzida, vêem e são capazes ainda de sentir o mundo a sua volta e a hostilidade das pessoas sem precisar enxergar o que está acontecendo. Os homens geralmente se escondem sob os personagens se criam, quando cegam perdem também a capacidade e a vontade de fingir.

Em termos de linguagem, corrobora com a semântica um recurso bastante interessante para a dinâmica da obra. O escritor não atribui nomes aos personagens, mas se refere a eles usando expressões que denunciam o que as próprias personagens julgavam ser  quando ainda não compartilhavam a condição de infectados pelo mal branco. O médico, a mulher do médico, a rapariga de óculos escuros, o primeiro cego/o motorista, o ladrão, o velho da venda preta, o rapaz, o farmacêutico, a camareira. No decorrer  da obra essas alcunhas começam a ser substituídas por um único adjetivo que claramente expressa o que todos ali são, cegos. Não mais uma condição, mas aquilo que os define agora é a própria cegueira branca. Logo não há distinção entre o médico, o ladrão, o motorista ou qualquer outro, todos que lá estão experimentam a mesma cegueira e são igualmente privados do mundo, logo, no seu novo universo, não passam de cegos.

As mulher  também ganha  papel de destaque na obra de Saramago, uma vez que é uma mulher a única que, em meio aos cegos, consegue milagrosamente não ser afetada pelo mal branco estando assim em condições de perceber como estão vivendo os demais e como deveriam viver. A mulher que vê  está sujeita a um dos maiores dilemas da trama. Fingir ver e ser parte igualmente débil da câmara ou anunciar que é capaz de enxergar e se sujeitar, ou aos mais diversos abusos, ou à expulsão do manicômio em virtude de sua falsa condição. As duas situações não são atrativas. Então, discretamente, tenta, em prol dos outros cegos, estabelecer o mínimo de ordem possível. Em diversas passagens a personagem enuncia o que vem a se tornar sua máxima. “Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos façamos tudo para não viver inteiramente como animais”. A mulher vê a imundice, os corpos jogados pelo chão, as pessoas agindo como animais satisfazendo seus instintos primitivos, a falta de palavras, a falta de carinho. É exaltada a sensibilidade da mulher, tanto daquela que não pode ver e cuida dos outros infectados, fazendo o possível para que estes não se comportem inteiramente como animais, quanto daquela que usa óculos escuros (é cega) e cuida de um rapaz que chama pela mãe dia e noite.

A crítica à sociedade está presente em todo o livro em consonância com os dramas filosóficos das personagens, sobretudo das mulheres, que não possuem mais a capacidade de discernir. A sobrevivência é o que importa. O que aconteceria se você cegasse?  Acreditaria se eu dissesse que também você está cego? Sobreviveria? Conseguiria enxergar?

Nossa cegueira não é branca nem escura, não é leitosa ou assustadora, não é sequer perceptível. Estamos cegos apenas diante uns dos outros. Há os visíveis, de paletó, gravata e sapato de couro legítimo e os invisíveis que andam paupérrimos pelas esquinas e sinais fazendo malabarismos em troca de centavos ou comida.  Atrás do volante do teu carro parado no sinal, quando limpam o teu vidro com esfregões e detergente dentro de uma garrafa pet, pode ser que você também tenha cegado tal como sucedeu ao primeiro cego. Talvez tenhamos um pouco de primeiro cego da mesma forma que temos um pouco do médico oftomologista, uma vez que apenas observamos, falamos e propomos soluções mas, quando o problema muda e  nos acomete, não sabemos sequer resolvê-lo e também do sentimento de culpa que aflige a rapariga dos óculos escuros. Nossos próprios conselhos, dados aos outros na mesma condição, são agora insuficientes. Os ceguedas sem bengala, cão guia ou óculos escuros somos nós. Os ceguetas de olhos perfeitos somos nós.  Os cegos mostram que a sociedade que não os vê , têm mais defeitos na córnea do que pensa. Os ceguetas, que somos nós, parecem ter problemas de percepção e de sensibilidade.

Nota: O texto acima foi publicado nesse espaço com a autorização do autor.

contioutra.com - Os ceguetas somos nós
Na imagem uma cena de “Blindness”, a adaptação do livro “Ensaio sobre a cegueira ” para o cinema

Sobre o autor

”Theu Souza não sabe se é escritor ou se finge ser. Pensa que compor às vezes não seja o bastante para merecer a alcunha de alguém que maneja as palavras. As palavras que o movimentam e ele prefere assim. Gosta de todas as coisas que não acabam, não pausam e não recomeçam. É, ele é um amante eterno do infinito, um admirador de suas voltas, de seus ciclos viciosos, das linhas que ele, como verdadeiro poeta, compõe todos os dias, desde antes dos homens serem homens e das crianças berrarem pela primeira vez. Porque antes de tudo, antes do mundo, houve uma palavra que deu a vida a todas as coisas, transformou o pó em carne e o sonho em coisa real. É um geminiano que segue esperando que os dias melhorem e que a poesia aflore nesse asfalto de descrença que vem tornando nossos dias tão cinzentos quanto uma São Paulo irrespirável e apressada.”

Quem são e como se comportam os pedófilos

Quem são e como se comportam os pedófilos

Por Paula Beck Andrade

Ao contrario do que muitas pessoas pensam, os pedófilos nem sempre cometem crimes, abusam e/ou maltratam crianças. Muitas vezes eles reprimem esse desejo e se casam, tem filhos, enteados, trabalham próximos a crianças e não fazem mal nenhum a elas. Na maioria das vezes a transformação do pedofilo em molestador ocorre quando ele é exposto a um estresse com pressões psíquicas.

Esse tipo de crime é premeditado, o autor o planeja um tempo antes de acontecer, e acredita que a criança sente atração por ele, como o morador de Simão Dias, Zé de Cuté afirmou em seu depoimento “que era seduzido pelas crianças”.

São divididos em dois tipos:

Tipo 01 – PEDÓFILO ABUSADOR

Tem tendência a ser uma pessoa solitária com dificuldades sociais, age somente acariciando as vitimas, o que dificulta a notificação do abuso pelos pais ou pessoas próximas à criança, gosta de assistir filmes infantis e sempre os tem guardados.

Tipo 02 – PEDÓFILO MOLESTADOR

Tem comportamento invasivo e violento, dividido em dois grupos:

  • Molestador Situacional (pseudopedófilo):

São aqueles que nem sempre veem o sexo como satisfatório, quando passam por uma situação difícil escolhem uma criança para acariciar e satisfazer sua excitação e desejo. Existem três perfis para molestadores situacionais: o regredido (aquele que regride a estágios anteriores de desenvolvimento e fica fragilizado, atacando outras pessoas que já estejam fragilizadas, como crianças, idosos e deficientes físicos ou mentais, costuma buscar suas vitimas na internet onde há mais facilidade de contato), o inescrupuloso (individuo que mente e não vê motivo para não molestar a vitima, só pensa em satisfazer seu desejo sexual e não vê problemas em envolver filhos ou enteados em seus abusos, cometendo incesto sem culpa) e o inadequado (sofre transtorno mental e não distingue o certo do errado, não é agressivo e raramente consuma o ato sexual).

  • Molestador Preferencial:

Só fica satisfeito se a vitima for uma criança, normalmente tem uma vida econômica boa e é muito violento, levando em alguns casos, até ao homicídio. Pode ser sedutor (corteja, presenteia e seduz seu alvo, não machuca a criança e se aproxima dela lentamente antes de abusar), sádico (a satisfação está em ver o sofrimento da criança, usando muita violência, costumam ser antissociais e mudar muito de endereço) ou introvertido (escolhe crianças pequenas por não tem lábia para convencer os maiores, aqueles que entendem o que está acontecendo, mas só costumam concretizar a relação sexual usando da prostituição infantil).

O termo psicopatia é muito usado neste ambiente por que trata-se de insensibilidade afetiva e elevado comportamento antissocial. O que defini a psicopatia no molestador ou pedófilo é a violência e crueldade com a vitima, não se importando com o sofrimento dela, sendo o prazer dele adquirido pela violência (que chega a levar ao assassinato e mutilação) e não pelo ato sexual em si.

 Nota: A Conti outra agradece à autora pelo envio do material e autorização da publicação

contioutra.com - Quem são e como se comportam os pedófilos

contioutra.com - Quem são e como se comportam os pedófilosPaula Beck Andrade

Meu nome é Paula, moro em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Sou estudante do curso de psicologia.

O Guardião do Legado

O Guardião do Legado

Por Octavio Caruso

A Partida (Okuribito – 2008)

O que morre é o corpo, desaparece nas labaredas da cremação ou é dissolvido de volta à mãe terra. Sobrevive o legado, as boas atitudes que continuarão inspirando próximas gerações, o sentimento passado e que, de tão sincero, continua a ressoar em todos aqueles que foram tocados por sua presença. Como aceitar que a máquina responsável por essa infinidade de sensações, após seu desligamento, seja manipulada com desleixo por estranhos? Daigo (Masahiro Motoki) precisava aprender essa lição, quando aceitou sobrepujar seus preconceitos e medos, voltando ao trabalho após uma primeira experiência traumática. Ele sonhava em encantar o mundo com seu talento como violoncelista, mas teve que se contentar em ser o responsável por preparar os mortos para o velório, uma função que sua esposa inicialmente despreza.

O sensível roteiro de Kundo Koyama, que estreava em longas, merece ser ressaltado. São muitas as metáforas espalhadas no filme, como os salmões que, como Sísifo, seguem lutando para atravessar a correnteza de um rio, sabendo que todo o esforço será retribuído eventualmente com a morte. Caso não houvesse a finitude, não seríamos capazes de valorizar essa experiência mágica. O diretor Yojiro Takita não evita pesar sua mão nos momentos emotivos, mas nunca soa gratuito ou forçado. Ele consegue tratar um tema complicado com extrema leveza, focando nas modificações internas que ocorrem no rapaz. O trabalho de Daigo como músico é celebrar a Arte daqueles que já morreram, eternizando em suas melodias o trabalho e a vida de artistas que ele sequer conheceu pessoalmente, exatamente o mesmo que acontece quando ele se encarrega de embelezar um cadáver, reverenciando em gestos delicados e pura gentileza aquele corpo estranho que outrora amou e foi amado. A alegoria é belíssima, quando ele percebe que seu sonho não foi anulado pelos percalços da vida, apenas se intensificou. E essa constatação é mostrada em uma montagem, emoldurada pela linda trilha sonora de Joe Hisaishi, que alterna sua ritualística rotina profissional com algumas cenas suas tocando seu querido instrumento na solidão do topo de uma onírica colina.

O conflito que o protagonista carrega por toda a vida, o afastamento precoce de seu pai, um borrão em sua memória, pode ser visto como o elemento menos interessante na trama. O que realmente importa é a evidência de uma sociedade que está sendo enterrada pelo tempo, com suas tradições sendo desrespeitadas. A casa de banho que se mantém apenas pela disposição de sua dona, o progressivo desinteresse do público pela música clássica, símbolos de decadência. E, por incrível que pareça, o jovem que foi atraído por engano ao trabalho, acaba se tornando o guardião desse rico passado, o responsável por guiar essa tocha para a próxima geração. Todo o resto é eficiente melodrama, mas essa bonita mensagem principal é que opera a mágica da multiplicação de lágrimas, o elemento que mantém o filme na memória de quem assiste.

contioutra.com - O Guardião do Legado

OCTAVIO CARUSO: colunista Conti outra

contioutra.com - O Guardião do Legado
Leia mais artigos

Carioca, apaixonado pela Sétima Arte. Ator, autor do livro “Devo Tudo ao Cinema”, roteirista, já dirigiu uma peça, curtas e está na pré-produção de seu primeiro longa. Crítico de cinema, tendo escrito para alguns veículos, como o extinto “cinema.com”, “Omelete” e, atualmente, “criticos.com.br” e no portal do jornalista Sidney Rezende. Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, sendo, consequentemente, parte da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica.

Blog: Devo tudo ao cinema / Octavio Caruso no Facebook

Cinco tipos de ciumentos na música brasileira. Você é algum deles?

Cinco tipos de ciumentos na música brasileira. Você é algum deles?

Por Alan Lima

Ouça todas as músicas organizadas em nossa Playlist do Youtube!

  1. O ciumento onipresente.

O ciúme que obscurece a paisagem e a vida de seu alvo. Aquele rapaz que tem medo da estrada profissional ou intelectual de sua namorada. A menina que tem medo dos ambientes em que seu namorado possa se sentar e assistir. Incapazes de iluminar o caminho de suas companhias, pairam como sombra monstruosa em todos os lugares.

“Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme.”
O Ciúme (Caetano Veloso)

  1. O ciumento embaraçoso.

O outro faz algo. O ciumento acha fantástico e atraente. Mas, por medo de o outro descobrir novos admiradores, diz que está tudo sem graça. Torna-se excessivamente crítico. O que antes era elogio vira observações negativas. Quantas vezes você faz isso sem se dar conta?

“Se você põe aquele seu vestido
Lindo e alguém olha pra você
Eu digo que já não gosto dele
Que você não vê que ele está ficando démodé”

Ciúme de Você (Roberto Carlos.)

  1. O ciumento espiritual

Num passeio, na praia, num luar. Ele quer ser o centro e, quando a atenção é dada a qualquer outra coisa, até mesmo a elementos da natureza, sente-se mal amado. Não sabe, ainda, que, melhor do que ter a atenção, é compartilhar os momentos. Que o sol, a lua, o mar, a roupa que ela admira também podem fazer parte da felicidade deles.

“Tenho ciúme do sol, do luar, do mar
Tenho ciúme de tudo
Tenho ciúme até
Da roupa que tu vestes.”

Tenho ciúme de tudo (Orlando Dias)

  1. O ciumento convicto

Tem certeza de que está sendo ou irá ser traído. Vê pistas em todo lugar. No andar, no olhar, nas roupas. Torna o relacionamento aos moldes de algum seriado investigativo. É detetive que produz provas, elas existindo ou não. Parece loucura? Avalie suas suposições a respeito do seu parceiro. Você pode se surpreender.

“Leio as mensagens do celular
E sei que vou achar algo
Eu ouvi quando chamou
E ele se apressou em desligar.”

Ode ao Ciúme (Bardoefada)

  1. O ciumento sincero.

Sabe quando sente ciúmes e admite. Ainda evolui lentamente. Porém, se temos a chance de sermos sinceros e nossos esforços valorizados, é possível melhorar uma relação. Nesse caso, ele se morde, mas não está mordendo ninguém. Já é um grande começo para quem deseja perpetuar um amor.

“Meu bem me deixa
Sempre muito à vontade
Ela me diz que é muito bom
Ter liberdade
E que não há mal nenhum
Em ter outra amizade
E que brigar por isso
É muita crueldade…
Mas eu me mordo de ciúme.”

Ciúme (Ultraje a rigor.)

 

Ouça todas as músicas organizadas em nossa Playlist do Youtube!

Quem é quem em nossa vida

Quem é quem em nossa vida

Por Adriana Vitória

Um aspecto importante do amadurecimento é entender que a vida é feita de trocas de interesses e que não há nada de mal nisso.

São elas que fazem o mundo girar, as mudanças ocorrerem, as plantas crescerem, nossos objetivos serem alcançados.

Pessoas entram e saem da nossa vida o tempo todo. Umas passam por segundos, outras por minutos e algumas permanecem durante toda a vida, mas a verdade  é que com quase todas não estabelecemos nenhum vinculo afetivo.

Elas  chegam, passam seus recados e se vão, levando com elas algo que lhes demos e ficamos nós com o que foi colhido.

É uma lista interminável de pessoas que, num dado momento da nossa vida, nos ajudou de alguma forma e nós também ajudamos a elas.

O problema começa quando, em nosso vazio infantil,  queremos transformar todos em amigos, ou pior, amantes e ate parceiros da vida, gerando filhos e uma vida infeliz pra todos.

É comum ouvirmos expressões de decepção de pessoas diante da indisponibilidade da outra, do tipo:  fulano(a) é falso, duas caras, não esperava isso dele(a)  e por ai vai.

O fato é que, trocarmos algo com alguém por alguns minutos, dias ou anos, não faz de ninguém nosso amigo ou vice versa.

Tem um momento na nossa vida em que temos que crescer, é inevitável.

Crescer significa compreender como tudo funciona dentro de nós e ao nosso redor. É entender que todos necessitamos de ajuda para seguir em frente. Que somos, sim, limitados e que um único ser humano não é capaz de, sozinho, nos fornecer tudo que precisamos.

Aceitarmos esta realidade da vida é fundamental.

Os verdadeiros  afetos são raros, mas todos têm algo a contribuir para o nosso desenvolvimento.

Jornalista que deu a volta ao mundo pedindo carona diz que a vida é ‘uma viagem com data para acabar’, onde ‘tentamos aprender e ajudar os outros a aprender’

Jornalista que deu a volta ao mundo pedindo carona diz que a vida é ‘uma viagem com data para acabar’, onde ‘tentamos aprender e ajudar os outros a aprender’

Por Gabriela Gasparin

Aos 26 anos, a jornalista mineira Kívia Mendonça Costa resolveu deixar o emprego que tinha em um banco em São Paulo, pegar suas economias e transformar seu sonho em realidade: dar a volta ao mundo.

A partida foi em maio de 2013. Em 13 meses, ela visitou 38 países, na maioria das vezes de carona. Disse que reservou o equivalente a R$ 1,5 mil por mês para gastar durante a jornada. “Eu tinha como meta gastar 20 dólares por dia. Às vezes gastava mais, às vezes menos, mas ficava nessa média. Isso não inclui passagens aéreas, seguro de saúde e reserva para emergências”, contou.

Eu conheci a história dela por meio de uma reportagem que uma amiga minha fez sobre a viagem de Kívia para o G1 (leia aqui). Como é começo de ano, quando costumamos repensar a vida que levamos, eu imaginei que a experiência de Kívia poderia servir como inspiração para muitos de nós. Então a procurei e ela topou dar uma entrevista para o meu blog, o www.vidaria.com.br.

contioutra.com - Jornalista que deu a volta ao mundo pedindo carona diz que a vida é 'uma viagem com data para acabar', onde 'tentamos aprender e ajudar os outros a aprender'
‘Você tem que ser você, oras. E talvez esteja em uma rotina massacrante, porque não se conhece ou não se assume.’

Enviei as perguntas um pouco antes do Natal de 2014, quando Kívia estava na Grécia passando um tempo com o namorado grego que conheceu durante sua volta ao mundo – a jornada terminou em junho de 2014, mas ela voltou a viajar por aí. Ao todo, já conhecia aproximadamente 60 países.

Perguntei à viajante se foi difícil se desprender da vida e rotina que levava antes da viagem. Pela sua resposta, percebi que nem um pouco. “Sou uma pessoa desprendida, não rolou nenhum drama de partida. Também não tinha muito o que deixar para trás. Não tinha carro, apê, móveis… Nem colchão!”

Ela comentou que as pessoas gostam de usar o termo “largar tudo”, mas que, para ela, não foi isso: “Foi uma continuação de quem sou, uma aprendiz. A volta ao mundo sempre foi um sonho e, no fim das contas, virou realidade.”

E para o começo deste ano, depois de conhecer tantos países mundo afora, a jornalista ainda pretendia viajar de carona pelo Nordeste do Brasil, em busca de novas histórias.

Aos que quiserem acompanhar sua saga, Kívia divide as experiências que vive no blog Kiviagem (leia aqui) – até o nome dela termina onde começa a viagem. “Pretendo dar contornos mais antropológicos do que turísticos ao projeto. É o que pretendo fazer nesta próxima etapa do Kiviagem”, afirmou.

A jornalista reforça bastante que não viaja apenas pelo turismo. É por isso que gosta de pegar caronas, conhecer outras realidades e conversar com diferentes pessoas.

Revelou que não tem medo de viajar com desconhecidos. “Eu sempre peguei carona, desde criança, com a minha mãe. Também já tinha pegado várias caronas na Europa (morei um ano na Alemanha e três meses na Itália), então não teve muita novidade, a parte as particularidades culturais de cada lugar. Gosto de pegar carona para ouvir histórias, interagir com os locais.”

Tudo em uma sacola de supermercado

Para a volta ao mundo, Kívia, aliás, sequer fez as malas. Ela deixou o Brasil com poucas coisas dentro de uma sacola de supermercado. Durante a viagem foi comprando o que precisava.

Contou que, quando saiu, tinha uma lista de países que queria visitar e data para voltar, mas não sabia o que fazer em cada lugar, nem qual cidade visitar. No Kiviagem há uma longa lista com os países que conheceu e textos que fez sobre os destinos em todos os continentes. Há desde destinos da América do Sul, como Argentina, Equador e Chile, a lugares mais exóticos, como Albânia, Camboja, Honduras, Laos e Índia. Até para a Palestina ela foi.

Perrengues

É claro que Kívia passou por alguns contratempos durante a viagem, afinal, faz parte, né? Entre eles estão ser roubada, ficar doente, dores na coluna e até uma cirurgia de última hora (por suspeita de apendicite, que não se confirmou). Contudo, afirma que encarou todos os “perrengues” como aprendizado.

“Hoje, quando olho para o mapa que percorri, não penso no que gostei ou no que não gostei. Todas as experiências me ensinaram e sou grata a cada uma delas.”

contioutra.com - Jornalista que deu a volta ao mundo pedindo carona diz que a vida é 'uma viagem com data para acabar', onde 'tentamos aprender e ajudar os outros a aprender'
“Todas as experiências me ensinaram e sou grata a cada uma delas”, diz Kívia

Sentido da vida

E na sua resposta sobre o sentido da vida, Kívia deixou bem claro que realmente viajar é o que mais importa para ela: “A vida é uma viagem com data para acabar”, afirmou. “Um estágio, em que tentamos aprender e ajudar os outros a aprender. Muito mais do que isso, não dá tempo de fazer.”

Ao final das respostas, a jornalista mandou um texto inspirador de seu blog sobre as pessoas que a procuram pedindo dicas para viajar (leia aqui). Disse que não tem como fazer uma lista com “cinco coisas que você tem que ser para viajar”. E afirma: “Você tem que ser você, oras. E talvez esteja em uma rotina massacrante, porque não se conhece ou não se assume.”

Com relação à questão financeira, ela afirma que hoje em dia presta alguns serviços como freelancer na área de tradução e jornalismo. “Ganho pouco, mas depois que percebi que quando você está em movimento precisa de muito pouco para viver, não esquento muito a cabeça com dinheiro. Também, as pessoas estão mais dispostas a ajudar do que a gente imagina e eu sou expert em controle de gastos”.

Hoje, o que tira seu sono não é como ganhar dinheiro para pagar as contas, que são mínimas, afirmou, “mas como fazer alguma coisa para distribuir melhor toda essa renda que há no Brasil e no mundo, de modo que ninguém precise se comportar como um escravo só para sobreviver.”

Vidaria é um projeto parceiro CONTI outra.

A relação entre casa bagunçada, excesso de bugigangas e depressão

A relação entre casa bagunçada, excesso de bugigangas e depressão

Por Lisa Kaplan Gordon

As bugigangas são uma joça – em todas as acepções desta palavra. As conclusões de um estudo, que mostra a relação entre a depressão e a quantidade de objetos de uma casa, talvez possam convencê-lo a livrar-se de suas bugigangas.

Conheça os melhores planos Nextel Internet e contrate agora mesmo a melhor operadora do Brasil.

Louça suja na pia, brinquedos espalhados por toda a casa, objetos que cobrem cada centímetro de espaço vazio; além de deixar a casa com um aspecto horrível, isso tudo também afeta nosso estado de humor.

Esta é a conclusão de pesquisadores do CELF (sigla em inglês para Centro de Estudo das Vidas Cotidianas e das Famílias), da Universidade da Califórnia, que se dedicaram a estudar a relação que 32 famílias californianas mantêm com os milhares de objetos de suas casas. Fruto desta pesquisa, o livro Life at Home in the The Twenty-First Century [A vida nos lares do século 21] revela um retrato incomum do modo como a classe média americana ocupa o espaço de suas casas, e como interagem com os objetos que acumulam ao longo da vida.

Sobrecarregados, nossos armários e closets estão cheios de objetos que raramente usamos.

Revelou-se que o acúmulo de bugigangas causa um enorme impacto em nosso humor e autoestima. Antropólogos, sociólogos e arqueólogos do CELF chegaram às seguintes conclusões.

Uma relação entre os altos níveis de cortisol (hormônio do estresse) nas donas de casa e a grande quantidade de objetos na casa. Quanto mais objetos houver na casa, mais estressada será a mulher. Os homens, por sua vez, não parecem se incomodar com a bagunça – uma das razões para os conflitos entre as esposas organizadas e seus maridões habituados à desarrumação e ao acúmulo de bugigangas.

Para as mulheres, a imagem de uma casa organizada corresponde à de uma família feliz e bem-sucedida. Quanto maior a pilha de louça na pia, mais estressadas elas tendem a ser.

Até mesmo as pessoas dispostas a livrar-se de parte de seus cacarecos são acometidas por uma espécie de paralisia emocional na hora de fazer uma triagem nos objetos e jogá-los fora. Não conseguem se desapegar, ou então acreditam que eles possam ter algum valor de mercado.
Embora os consumidores americanos sejam pais de apenas 3% das crianças do planeta, eles são responsáveis pela compra de 40% dos brinquedos infantis fabricados no mundo. E tais brinquedos estão presentes em cada cômodo da casa, disputando espaço com os troféus das crianças, objetos de arte e fotos da última partida de futebol que jogaram.

Embora aborde os sintomas do problema, o livro não apresenta soluções. De todo modo, listamos algumas medidas simples que você pode adotar para livrar sua casa das bugigangas e, com isso, melhorar o seu astral.

1. Adote a regra dos “cinco”. A cada vez que deixar sua escrivaninha, ou que entrar num dos cômodos da casa, guarde cinco objetos em seu devido lugar. Uma opção alternativa: a cada intervalo de 60 minutos, dedique cinco para livrar-se de objetos inúteis. No final do dia, você terá dedicado 1 hora para esta atividade.

2. Desocupe o espaço da pia, todos os dias. Lavar a louça não leva mais do que alguns minutos. A pia limpa lhe dará a sensação instantânea de um astral melhor, e reduzirá sua ansiedade.

3. Revisite o passado somente quando fotografias de seus antepassados, ou de casamentos, já têm um lugar de destaque numa estante. Coloque as fotografias em álbuns; isso automaticamente dará mais espaço às prateleiras e outras superfícies planas.

4. Remova o excesso de ímãs na porta de sua geladeira. Pesquisadores constataram uma correlação entre o número de tais ímãs e a quantidade de bugigangas espalhadas pela casa. Faça uma triagem dos ímãs, guarde cardápios de restaurantes delivery e calendários em lugares mais discretos.

5. Encontre espaço para guardar objetos em lugares que não obstruam a passagem, por exemplo, debaixo da escada.

6. Encha uma caixa com objetos de que você não gosta, ou que não tem usado. Feche bem a caixa e coloque-a num closet. Se você não abri-la no período de um ano, doe tudo para uma instituição de caridade.
E você? Que medidas você adota para evitar o acúmulo de bugigangas?

Do original: The Link Between Clutter and Depression, de  Lisa Kaplan Gordon

Traduzido exclusivamente para CONTI outra pelo tradutor e revisor LUIS GONZAGA FRAGOSO

 

Um certo prazer pelo navegar impreciso

Um certo prazer pelo navegar impreciso

Por Lourival Antonio Cristofoletti

A palavra dita tem força criadora, a profetizar desejos que anseiam por materializações. O que é proferido não mais se desmancha: tem como sina ecoar pelos tempos, renovando desejos, fazendo predições, sem nunca perder sua força, além de depurar continuamente seu significado.

E diante dessa imensidão de expectativas existe você, com seu singular pulsar, com todas as ferramentas de que precisa, escondidas, talvez, no sótão da memória, carentes, entretanto, de serem redescobertas.

Basta fazer sua escolha – bem que poderia ser agora -, pois, ao, contemplar, impávido(a), esse encantador mundo que se abre á sua frente, oferecendo-lhe um leque infinito de possibilidades, sua energia optará por uma renovação.

E se lhe faltam inspiração e jeito para reformular seus caminhos, quem sabe alguns estímulos sirvam de singela inspiração? Sua sabedoria e energia não lhe dão tréguas: talvez tenham apenas optado por leve período de entressafra.

Agora, já refeitas, elas afinam as vozes para entoar os versos que lhe incitam a retemperar a sua história de vida, colocando-o(a) na dimensão que lhe cabe com as realizações que sempre lhe foram reservadas:

procura os sinais escondidos em cada alegoria
delimita no tempo e no espaço a dor sentida
filtra tuas sementes com prudente sabedoria
replanta-as como quem ora, grato, pela vida
foge mais vezes do sentimento de desentendido
reserva-te alguns momentos para um sossego
compreenda o mistério do relacionamento ido
encontra gozo em exercícios suaves de desapego
vê a pertinência do que é relatado no sermão
sê comedido na consideração dos teus deslizes
ignora o que teima em se esconder na omissão
impede que os pensamentos ruins criem raízes

olha à distância as armadilhas das indecisões
encara com coragem e ardor as oportunidades
oferece espaço para que se formem as visões
capta o flexível plural que existe nas verdades

sente boas sensações sem querer ver o porquê
opta, certas vezes, colocar tua vida no “Mudo”
captar encanto na vida depende de quem a vê
permite-te analisar como quem ignora tudo
mistura-te a perder-te entre pessoas de bem
mantém no campo de mira a lua e nuas estrelas
sabe que são poucas as coisas que te mantêm
entende que há doce magia em querer tê-las
flui perguntas se ainda não fechou a questão
acessa as saudades em busca do terno sorriso
intui as vezes que convites agitam o coração
tem certo prazer em teu navegar impreciso.

LOURIVAL  ANTONIO CRISTOFOLETTI

contioutra.com - Um certo prazer pelo navegar imprecisoPaulista de Rio Claro e residente em Vitória/ES. É mestre em Administração pela UnB – Universidade de Brasília, Analista Organizacional e Consultor em Recursos Humanos. Atualmente atua como professor na Graduação e MBA na FAESA – Faculdades Integradas Espírito-Santenses; Instrutor na UFES – Universidade Federal do ES e na ESESP– Escola de Governo do ES.

Livro publicado: COMPORTAMENTO: INQUIETAÇÕES & PONDERAÇÕES
Livraria Logos (vendas pelo site)

E-mail de contato: : [email protected]
No Facebook: Lourival Antonio Cristofoletti No Instagram: lourivalcristofoletti

“De quando o leão sabia voar”, uma lenda africana

“De quando o leão sabia voar”, uma lenda africana

O leão, segundo se conta, tinha a capacidade de voar, e naquele tempo nada escapava dele.  Como ele não queria que os ossos de suas presas fossem quebrados em pedaços, ele fez com que um par de corvos brancos vigiasse os ossos, deixando-os para trás no seu covil, enquanto ele ia para a caça.

Mas um dia Sapo Grande foi até lá, e quebrou todos os ossos em pedaços, e disse: “Por que os homens e animais não podem viver muito?” E acrescentou estas palavras: “Quando ele vier, diga a ele que eu vivo naquele lago, se ele quiser me ver, ele deve vir aí.”

O Leão, estava caçando na floresta, e quis voar, mas ele descobriu que não podia voar. Então ele ficou com raiva, pensando que alguma coisa no covil  estava errado, e voltou para casa. Quando ele chegou, ele perguntou: “O que você fez que eu não voasse?” Então, respondendo, os corvos disse: “Alguém veio aqui, quebrou os ossos em pedaços, e disse: “Se ele me quiser, ele pode procurar por min naquele lago lá longe!”

O Leão se foi, e chegou quando sapo estava sentado na margem, e ele tentou saltar furtivamente em cima dele. Quando ele estava prestes a pegá-lo, o Grande Sapo disse: “Ah!” e mergulhou, foi até o outro lado da piscina, e sentou-se lá. O Leão o perseguiu, mas como ele não conseguiu,  ele voltou para casa.

Conheça a Claro TV e aproveite o NOW e a programação com os melhores canais com filmes, séries e muito esporte!

A partir desse dia, se diz, o Leão caminhou somente sobre seus pés, e também começou a se arrastar (quando espreitava e caçava), e os Corvos Brancos tornaram-se totalmente mudos desde o dia em que disseram: “Nada pode ser dito sobre esse assunto.”

Tradução via Casa de Chá- Lendas e Contos

Do original em inglês Sacred 

Até quando a ideologia da vergonha vai prevalecer no trabalho?

Até quando a ideologia da vergonha vai prevalecer no trabalho?

A ideologia da vergonha é um termo usado por Christophe Dejours, um dos mais importantes estudiosos sobre psicodinâmica e psicopatologia do trabalho para falar de uma ideologia elaborada coletivamente e defensivamente contra a ansiedade de estar doente ou de estar num corpo incapacitado.

Ela é o reflexo da dificuldade de se aceitar a doença no espaço de trabalho. Pois, o corpo só é aceito quando saudável e produtivo.

Isso ocorre para qualquer tipo de doença, mas o peso é maior quando se trata de uma dor ou de problemas emocionais.

Diferente de uma doença física que pode ser comprovada por exames de sangue, imagens, etc., as doenças emocionais são muitas vezes, invisíveis aos olhos e por isso carregam um grande estigma e preconceito. Em muitos casos, a pessoa é desacreditada em sua dor, sua depressão é tratada como frescura, sua fobia e comportamentos compulsivos ganham apelidos e viram motivos de piadas. Outras vezes, os sintomas são confundidos com uma personalidade excêntrica, ou a agressividade como um comportamento competitivo e até desejado no ambiente de trabalho. Estresse até virou algo comum, como se fizesse parte da rotina e da normalidade da vida!

Quando alguém adoece mentalmente, muitas vezes se sente ainda pior por ter que esconder dos outros a sua dor e parecer bem ou forte. As exigências sociais, os papéis que devemos desempenhar, o risco da exposição e até a perda do emprego podem provocar isolamento e fazer com que a pessoa resista em procurar ajuda.

– Vai passar! – ela pensa.

– Levanta essa cabeça! Se anima! Olha as coisas que você tem! Vai passar! – ela ouve.

E se passa, o sofrimento era então uma invenção, era frescura! E se continua, a pessoa pode passa a ser mal vista no trabalho, piorando ainda mais o cenário estabelecido. Sente-se um “Fraco”!

A negação do próprio sofrimento leva a pessoa a uma dificuldade em ter uma atitude terapêutica que ajude na luta contra o problema. E o que vemos no consultório é que, muitas vezes, quando a pessoa procura um tratamento a situação já está muito mais exacerbada. O limite já foi excedido levando a um sofrimento maior que pode alcançar o corpo físico.

O que acontece é que não se trata apenas de evitar as doenças, mas de domesticá-las, contê-las, controlá-las e viver com elas. Tenta-se evitar ao máximo a constatação de que corpo e mente não estão mais sadios, até porque um não está separado do outro, o Ser adoece por inteiro!

O afastamento do corpo do trabalho, as mudanças decorrentes da doença e o desemprego tornam-se um fantasma que assombra em tempo integral. Traz a consciência que somos apenas humanos e como tal, temos nossos limites!

As empresas cobram produção, metas, acertos e não toleram falhas. O funcionário sente-se apenas mais um, igual à todos os outros colegas de trabalho. Corre atrás de cumprir suas metas, trabalha de 10 a 12 horas por dia para atingir o que lhe é exigido e não demonstrar fraqueza.  Ao chegar em casa, cansado, continua com o pensamento no trabalho e não consegue se desligar sentindo-se ainda sob pressão. Acaba por isolar-se da família, pois esta não o compreende e “atrapalha” seu raciocínio. Ele precisa cada dia, mais e mais, mostrar seu comprometimento no trabalho sob o risco de perder o emprego e não conseguir arcar com suas despesas e manter o status. Pagar uma excelente escola particular para os filhos, a casa na praia, os carros, as viagens, e tudo mais. Não pode falhar, mas negligencia a si próprio.

Até que soa um alarme! Algo não vai bem! O que fazer? A empresa precisa de alguém produtivo e não de alguém adoecido e em sofrimento.

Temos aqui a doença como sendo o aspecto contrário do trabalho. E assim, o profissional sente-se envergonhado por não se sentir encaixado, por sentir-se improdutivo, não pertencer ao grupo dos “normais”.

Mas precisamos encarar os fatos reais! As pessoas estão adoecendo cada vez mais! As doenças emocionais já estão entre as três maiores causas de afastamento do trabalho nos últimos anos e a expectativa esse percentual aumente ainda mais.

Precisamos repensar a maneira como tratamos a saúde emocional nas organizações e na nossa sociedade. Precisamos evitar o sub tratamento ou a eclosão de atitudes desmedidas e desesperadas porque não houve espaço para a escuta e para o acolhimento.

Do mesmo jeito que “o trabalho enobrece o homem”, a saúde física e emocional é imprescindível para que ele desempenhe bem sua tarefa e possa contribuir para o futuro da nossa sociedade.

 Nota da página: Psique em Equilíbrio é uma parceria Conti outra.

contioutra.com - Até quando a ideologia da vergonha vai prevalecer no trabalho?

Autoras:

contioutra.com - Até quando a ideologia da vergonha vai prevalecer no trabalho?Lilian Marin Zuchelli – Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Junguiana pela PUC-SP. Especialista em Psicoterapia de Abordagem Junguiana associada à Técnicas de Trabalho Corporal pelo Institiuto Sedes Sapientiae. CRP: 06/23768

 

 

contioutra.com - Até quando a ideologia da vergonha vai prevalecer no trabalho?Marcela Alice Bianco – Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Junguiana formada pela UFSCar. Especialista em Psicoterapia de Abordagem Junguiana associada à Técnicas de Trabalho Corporal pelo Sedes Sapientiae. CRP: 06/77338

Entrevista com Mário Sérgio Cortella – Programa EPC da Rádio Catve 91,7 FM (Cascavel)

Entrevista com Mário Sérgio Cortella – Programa EPC da Rádio Catve 91,7 FM (Cascavel)

Entrevista com Mário Sérgio Cortella, feita pelos entrevistadores rge Guirado, Luiz Nardelli e Sérgio Ricardo.

Programa EPC da rádio Catve 91,7 FM (Cascavel).

Sobre a educação atual das crianças e a real tarefa da escola e dos pais.

Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski

Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski

Rafal Olbinski é um artista polonês que imigrou para os Estados Unidos em 1981, onde logo se estabeleceu como um pintor de destaque, ilustrador e designer.

O trabalho de Olbinski é muito semelhante ao trabalho do famoso surrealista belga René Magritte; Olbinski descreve sua abordagem à pintura como  um “surrealismo poético”.

Observe a imagens que a Conti outra selecionou para você e delicie-se com a poesia das abordagens.

contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski

contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski

contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski

contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski contioutra.com - Conheça o surrealismo poético de Rafal Olbinski

Sobre a apatia e o efeito espectador…

Sobre a apatia e o efeito espectador…

Por Marcella Starling

Em março de 1964, a primeira página do new york times estampava : “durante mais de meia hora, 38 cidadãos respeitáveis, cumpridores da lei, no queens, viram um assassino perseguir e esfaquear uma mulher, em três investidas separadas e sucessivas, no Kew Gardens, ninguém chamou a polícia durante o assalto; uma testemunha telefonou depois que a mulher estava morta.“. O episódio do assassinato de Kitty Genovese, ficou mundialmente famoso e acabou gerando mais estudos sobre a apatia humana do que o próprio holocausto.

Estudiosos de todas as áreas das ciências sociais se debruçaram sobre o caso em questão, e assim nasceu o que foi chamado de ‘Efeito Espectador’, segundo o qual a presença de vários voyeur’s durante espetáculos questionáveis pode efetivamente inibir intervenções. É o famoso ‘deixa que o outro faz’. Acho que o brasileiro hoje em dia sofre disso.

Perdemos a capacidade de nos admirarmos frente à corrupção. Perdermos a capacidade de nos admirarmos frente à impunidade. O ‘jeitinho brasileiro’ tornou-se regra ao invés de exceção. E todas as pequenas e profícuas condutas dominadas pela antiética diária começaram a se tornar normais. E aí meu caro cidadão, o resultado da equação não poderia ser outro, senão o nosso cenário político atual.

Uma das grades maravilhas de ser criança, e um dos motivos pelos quais as suas mentes são tão perceptivas é a capacidade de se admirar. Isso ocorre porque elas vivem em um mundo no qual tudo é novidade, possuem a mente livre de pré-conceitos e ideologias e reconhecem que estão ali para absorver e criticar o que o mundo está lhe oferecendo.

É devido a esta capacidade de se admirar que elas conseguem aprender o certo e o errado. Mas além disso, conseguem distingui-los com precisão e sagacidade,  muitas vezes colocando os seus pais frente a posições embaraçosas por não entenderem que podem existir mentiras boas, por exemplo.

Porque comecei o texto falando de um assassinato e agora estou falando sobre a benção de ser criança? Porque acredito que os dois exemplos traçam os limites antagônicos entre a apatia e o afã. Porque hoje milhares de brasileiros viraram crianças novamente. Pararam de olhar pela janela imobilizados enquanto o governo se apoderava despropositadamente e desmedidamente dos recursos públicos. Pararam de esperar dos outros telespectadores ação e decidiram agir por conta própria.

Que a apatia não faça mais parte das nossas vidas. Não só para ir a rua e protestar. também para não perdermos a capacidade de nos impressionarmos com aquilo que nos causa aversão. mas acima de tudo para termos a esperança renovada e a coragem de agir pelo que acreditamos.

Eu acredito em um Brasil melhor.

Nota da página: O texto acima foi escrito no último 15 de março, quando o povo se uniu apartidáriamente e por autoconvocação para demonstrar a insatisfação com a atual conjuntura econômica e política.

Texto reproduzido com a autorização da autora.

contioutra.com - Sobre a apatia e o efeito espectador...Marcella Starling

É mineira e paulista de coração. É advogada e estudante de economia. Está tentando ser aquela pedra jogada ao rio, que gera pequenas ondas ao redor.

Leia mais textos da autora em seu blog The Shrinking Pants 

Carta de um soldado

Carta de um soldado

Por Raul Minh´alma

“Olá princesa.

Amanhã vai ser um dia complicado aqui, há movimentações a leste e o inimigo deve estar próximo. Temos muitas baixas no nosso batalhão e eu sou um dos poucos soldados com forças suficientes para pegar numa arma. Mas a pátria estará sempre em primeiro e a minha vida vem depois… se houver lugar. Mas a minha arma agora é apenas um bocado de madeira e grafite com que disparo palavras de amor, na esperança de te atingir o coração e deixar-te a morrer de saudades minhas.

Sabes amor, não te amava menos quando me zangava contigo e te desejava, sem querer, o pior do mundo. Não te amava menos quando acordavas com aquela cara de sono e um mau humor que afugentava meio mundo. Não te amava menos quando passavas o dia despenteada e com aquele pijama em que cabiam duas de ti. Não, nunca te amei menos em nenhum desses momentos e sabê-lo é a prova de que realmente te amei. Só sabia amarte mais, mais e mais, sabes que nunca fui inteligente como tu, deram-me uma arma para a mão em vez de um livro, mas amar-te cada vez mais é tudo o que eu preciso de saber. O teu olhar, o teu toque, o teu abraço, o teu beijo, foram as melhores batalhas que conquistei, e se algum dia venci uma guerra, essa guerra foi o teu amor.

Desculpa não estar aí ao teu lado, desculpa não poder levar-te o pequeno-almoço à cama naqueles dias de preguiça, desculpa não estar aí para apagar a luz do quarto quando está muito frio fora dos lençóis. Desculpa não estar aí para te contar aquelas piadas sem graça mas que te faziam sempre rir. Desculpa não estar aí para te amar de perto.

Pareço um parvo a falar, não é? Deixa-me ser parvo desta vez, só desta vez, deixame parecer uma criança a escrever uma carta de amor com aquelas frases simples, que na sua inocência e ingenuidade transmitem tanto carinho. Tu sabes que eu nunca fui muito bom com as palavras, gostava muito de saber escrever bem tudo o que sinto, já que as palavras são a única forma de te amar daqui.

Queria cometer uma loucura contigo, sabes? E que tal vivermos juntos para sempre? Parece-me uma boa loucura já que amar-te foi a forma mais saudável que encontrei de ser louco. O amor é sempre uma boa desculpa para cometer loucuras. Sim, chama-me doido, chama-me parvo, chama-me infantil, chama-me louco, acho que o amor tem de tudo isso um pouco. E é amor, que mais poderia ser? E é tão grande que o universo ao lado dele ficaria envergonhado. Tão grande que precisaríamos de uma outra pessoa para o transportar, uma daquelas bem pequenininhas de pegar no colo. Tu sabes que eu gostava muito de ter um filho, pelo menos um, mas teríamos todos aqueles que quisesses, e não te preocupes com as estrias que isso pode causar, prometo que eu iria gostar, pois seriam a lembrança das novas vidas que criamos. Desculpa a minha parvoíce, mas sou um parvo sincero. Amo-te tanto e o tanto que te amo parece tão pouco.

Estou a chorar princesa, estou a chorar porque tenho uma má notícia para te dar. Se estás a ler esta carta é sinal de que eu não poderei mais apagar-te a luz do quarto nas noites frias, levar-te o pequeno-almoço à cama ou dar-te um filho que tanto queria. Mas não fiques triste, estava a cumprir o meu dever. Posso já não estar cá mais, mas lembra-te que tu foste a melhor oportunidade de viver que a vida me deu. Não chores princesa.”

Nota da Conti outra: Agradecemos ao autor português Raul Minh´alma por nos enviar esse texto e autorizar a publicação nesse espaço.

INDICADOS