10 coisas que o povo do Butão faz diferente e que faz dele o povo mais feliz do mundo

10 coisas que o povo do Butão faz diferente e que faz dele o povo mais feliz do mundo

Por JOSEPH HINDY

Dez coisas que diferenciam os habitantes do Butão, e que os fazem particularmente felizes

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Para quem não sabe, o Butão é um país localizado no sudeste da Ásia, ao sul da China. O país é famoso por ser minúsculo, e pela genuína felicidade de seus habitantes. Qual é o segredo deles? Aqui estão algumas de suas atitudes, que os diferenciam das pessoas de outros países.

1. Eles buscam um equilíbrio entre a felicidade espiritual e a material

No Ocidente, damos demasiada importância aos bens materiais. Se tivermos o iPhone mais moderno, ou objetos da última moda, seremos felizes. Não há muita sensatez nisso, que pode nos causar um estresse indesejado; se não pudermos comprar tais objetos, a infelicidade baterá à nossa porta. Faz somente dez anos que a globalização tem afetado o Butão, mas isso ocorreu de um modo que permite seus cidadãos a encontrar um equilíbrio entre as posses materiais e a espiritualidade, o que os torna mais felizes. Eles não se importam em ter o iPhone mais moderno. O simples fato de estarem vivos lhes traz felicidade.

2. O PIB do Butão é um dos que mais crescem no mundo

Quando ganham dinheiro, todos ficam felizes. Há vários anos, o PIB (Produto Interno Bruto) do país tem tido um crescimento constante. Ao permitir que a Índia faça investimentos maciços em energia hidrelétrica em seu país, o Butão está enriquecendo com rapidez, sem ter de realizar grandes esforços. São os resultados de um bom gerenciamento dos recursos internos de uma nação!

3. Eles não se interessam por tv, rádio ou internet

Convenhamos: estas tecnologias nos causam uma sensação terrível. Na TV, assistimos a pessoas de bela aparência ganhando rios de dinheiro, e isso nos causa ciúmes e inveja. Na internet, encontramos a provocação dos “trolls”, um fluxo constante de notícias desagradáveis, e todo tipo de coisas ruins. Nossa obsessão com as mídias sociais é cada vez maior, e ficamos frustrados quando nossas postagens não repercutem no Twitter, ou não são “curtidas” no Facebook. Quando você não tem necessidade de lidar com todas estas bobagens, geralmente a vida melhora.

4. Metade do território do país é de área protegida, de um parque nacional

Para os butaneses, o meio ambiente é uma prioridade. Tanto que metade do território do país está em área de parque nacional. Vigoram leis rígidas de proteção às florestas, aos animais e ao meio ambiente; recentemente, o país anunciou que 60% de sua área estaria permanentemente protegida do desmatamento. Tal preocupação com o planeta contribui para a felicidade das pessoas.

5. A maioria de seus habitantes é budista

O budismo é uma das religiões que mais inspiram a calma e a felicidade. Os budistas creem no carma. Segundo a interpretação budista do carma, as pessoas que vivem uma vida boa estão mais próximas da iluminação e, ao renascer, reencarnam como seres humanos melhores. Isto os estimula a viver uma vida boa, a praticar o bem, e a serem boas pessoas. Em geral, quando as pessoas evitam brigas e discussões, tendem a ser mais felizes.

6. Eles têm um indicador próprio para medir a felicidade

É sempre útil poder contar com a ajuda governamental, mas… você já acreditou, de fato, que o governo de seu país deseja a sua felicidade? No Butão, isto não é simplesmente uma quimera. O governo deste país mede a felicidade de seus habitantes por meio de um indicador chamado Felicidade Interna Bruta (FIB). Não que os butaneses já tenham atingido a felicidade plena, mas o simples fato de seu governo ter a preocupação de medir a dimensão deste sentimento tende a intensificar a sensação de felicidade entre as pessoas.   

7. A paisagem natural do país é maravilhosa

O Butão está localizado em meio às montanhas do Himalaia, e mais de 60% de seu território é composto de natureza selvagem. As pessoas costumam ir a lugares como este, em suas férias. É de se supor que a experiência de viver rodeado por esta paisagem deve ser muito mais agradável, tranquila e esteticamente bela do que enfrentar a selva de pedra que é o cotidiano da vida urbana.

8. As diferenças sociais entre a realeza e o cidadão comum não são acentuadas

Graças à tendência do país ao isolamento, os habitantes do Butão têm um estreito contato entre si. Certa vez, um jornalista estrangeiro, em visita ao país, pôs-se a observar um jovem que jogava basquete com um grupo de adolescentes, numa quadra pública. Posteriormente, foi apresentado a este jovem, e os dois jogaram juntos. Muito tempo depois, ficou sabendo que aquele homem era, na verdade, um príncipe do Butão. É muito provável que o vice-presidente brasileiro não jogue futebol em público, na companhia de um grupo de adolescentes quaisquer. Este contato entre as classes alta e baixa do país muito provavelmente contribui para estreitar os laços entre as pessoas.

9. Eles dormem bem

Pesquisas realizadas no país apontam que cerca de 2/3 de seus habitantes dormem, no mínimo, oito horas diárias. É uma média muito melhor do que a da maioria dos países, particularmente entre as nações industrializadas. Os benefícios do sono para a felicidade, a produtividade e a saúde de modo geral já foram amplamente comprovados. O hábito cultural de estimular as pessoas a dormir o número necessário de horas é certamente um diferencial do Butão.

10. Os índices de poluição do país são mais baixos

Um dos efeitos positivos da consciência ambiental é que os butaneses vivem num lugar menos poluído do que muitos países. Sim, eles convivem com fontes de poluição, como o automóvel. Porém, não há uma enorme quantidade de indústrias poluentes no país. Com isso, o ar, a água e o solo locais são muito mais limpos. Não è à toa que as fotografias da natureza selvagem parecem tão belas e inspiradoras: estes lugares não são poluídos com gases potencialmente tóxicos.

O Butão é um país relativamente novo, já que o país optou por manter-se isolado, muito tempo depois de todas as demais nações terem se integrado ao planeta. Assim, foram capazes de preservar valores antigos, que podem parecer antiquados para os padrões contemporâneos. Alguns destes valores talvez nem sejam moral ou eticamente corretos. Isto não significa que não possamos aprender com seus valores tradicionais!

Do original:  10 Things Bhutan People Do Differently That Make Them The Happiest People

Um texto de JOSEPH HINDY

Traduzido exclusivamente para CONTI outra pelo tradutor e revisor LUIS GONZAGA FRAGOSO

A desumanização do humano, por Nara Rúbia Ribeiro

A desumanização do humano, por Nara Rúbia Ribeiro
Fotografia de Alessandro Bergamini

Por Nara Rúbia Ribeiro

Acordo sempre bem cedo e, por força da necessidade de me ver integrada ao mundo em que vivo, ligo a tv e abro o notebook, enquanto a água ferve para o café da manhã:

“Milhares de crianças na Nigéria foram mortas, raptadas ou expostas a violência inimaginável (nota da Unicef).” Mudo de site: “Mulher tem os olhos perfurados pelo marido durante discussão do casal”. Outro site notícia: “Adolescente é apedrejado por populares após ser pego ao tentar furtar um  aparelho celular”. Abro o Facebook: “Carta aberta de Mia Couto ao Presidente da África do Sul sobre o genocídio de moçambicanos naquele país”. Na tv: “Naufrágio no mediterrâneo pode ter causado centenas de mortes de imigrantes”.

Ainda sem conseguir mensurar a quantidade de dor a que fui exposta logo no início do dia, resolvo, já com olhos embaçados e voz embargada, comprar o meu pão. A caminho da padaria, deparo-me com uma senhora que dorme na calçada abraçada a uma criança, ambas cobertas por um imundo cobertor. Como se não bastasse a cena em si, um senhor bem vestido e seguramente muito apressado quase nelas tropeça e reverbera: “Desgraça! Trabalhar não quer, não… Fica aí entulhando a rua”.

Perco o chão e me sinto petrificada ao observar, na gravidade de tudo o que vi nos noticiários e agora bem diante de mim, naquela cena, o paradoxo de viver, na era áurea dos direitos, a flagrante desumanização do humano.

Tratados e Acordos Internacionais estabelecem que dados direitos são preciosidades inalienáveis de cada um dos humanos. O Direito Constitucional de cada Estado traz ao seu ordenamento interno garantias a esses direitos que são diretamente ligados aos ditos “direitos naturais”, compreendendo o direito à vida, à integridade física, ao respeito à dignidade de cada ser humano.

Mas a sociedade, que bem sabe evocar as leis quando é colocado em xeque algum de seus direitos patrimoniais, vale-se de um mecanismo muito sutil para mentalmente subverter os valores que ela própria instituiu. Ela hierarquiza os seres humanos valendo-se de indicadores diversos, mas preponderantemente econômicos, de modo que quanto mais alto alguém esteja na dita “pirâmide social”, mais humano ele seja e o quanto mais baixo estiver, menos humano ele é. Ocorre, então, a desumanização do humano.

E, se não é humano, é considerado indigno de ser protegido pelos direitos inerentes à nossa espécie, momento em que tantos enxergam como legítimos atos de absoluta barbárie.

Esse método já é antigo. Europeus, em pleno “século das luzes”, equipararam indígenas americanos a animais, dizimando-os. Equipararam também a animais ou a “coisas” os africanos, escravizando-os.

Na tentativa de legitimar toda a sorte de maus tratos à mulher, religiosos, na Idade Média, travaram severas discussões: a mulher teria ou não teria uma alma?

Para algumas religiões, aqueles que professam a sua fé são filhos, os demais, meras criaturas de Deus. Ora, se não são filhos de Deus, se não possuem filiação e proteção divinas, caso recusem a fé que tanto estimam são hostilizados e havidos como inferiores. Por vezes a inferioridade é tamanha que as suas existências ofendem os “santos corações religiosos”, que reagem com torturas e homicídios. Quem não leu sobre as cruzadas, as inquisições e tantas outras de mortes por motivação religiosa no curso da História e na atualidade?

É na desumanização do homem que se apoia o genocídio, tanto no passado quanto nos dias de hoje. Na visão fanática que deu ao nazismo contornos similares ao fanatismo religioso, os judeus nada mais eram que porcos a serem sangrados para a higienização do planeta; e assim o fizeram com esmerado sadismo, legando à humanidade a vergonha do holocausto.

É fácil perceber as incongruências históricas no tocante ao desrespeito aos Direitos Humanos e, não raro, envergonhamo-nos de nossos antepassados. Contudo, devemos estar atentos, pois raro, sim, é a sociedade conseguir enxergar as mazelas do seu próprio tempo.

Contudo, devemos estar atentos, pois raro, sim, é a sociedade conseguir enxergar as mazelas do seu próprio tempo.

Hoje, a passividade com que vemos a segregação dos negros, a discriminação dos pobres, o desprezo aos imigrantes, a demonização do infrator, a subjugação da mulher, a estigmatização de homossexuais, o desrespeito às comunidades indígenas e a perseguição de religiões e cultos diversos (no Brasil, especialmente às religiões de origem africana)  condena-nos a todos.

Aquele que se conforma com a injustiça é tão injusto quanto aquele que a pratica. Somos coautores da miséria moral de um tempo onde o sangue francês vale lágrimas e comoção de todo o mundo (e vale mesmo), enquanto o sangue de centenas de africanos se derrama anônimo, embora o derramamento se dê pela mesma motivação religiosa e sob o mesmo discurso de desumanização.

Ontem, ao ler os comentários acerca da xenofobia e do genocídio que vitimam moçambicanos na África do Sul, uma adolescente moçambicana comentou: “o nosso único pecado é sermos miseráveis”. Sim, ela entendeu o mecanismo: desumanizamos o pobre culpando-o por sua pobreza. Na visão doentia de muitos, ele é um estorvo. Um nada. “É um entulho na calçada do mundo”, diria o moço apressado que  quase tropeçou na senhora e na criança que dormiam na rua.

Sim, é nesses pobres a quem desumanizamos que tropeça a hipocrisia de uma pseudocivilização de Direitos. É neles que tropeça a religiosidade ociosa e o fanatismo sádico. Neles tropeça a nossa política não inclusiva e o nosso capitalismo: sempre cego a quem não lhe  mostrar os cifrões.

É junto a esses pobres mendigos a quem roubamos o direito de ser gente que se entulham também o humano que somos e a consciência que renegamos.

contioutra.com - A desumanização do humano, por Nara Rúbia Ribeiro
Fotografia de Alessandro Bergamini

Quanto vale uma vida humana, por Gustl Rosenkranz

Quanto vale uma vida humana, por Gustl Rosenkranz

Por Gustl Rosenkranz

Em certos momentos, não consigo ser tolerante. E neste momento não tenho nenhuma tolerância em relação à indiferença da Europa e do mundo com o que está acontecendo no Mar Mediterrâneo: a morte de pessoas que estão fugindo de guerra, fome e diversos conflitos. Desesperadas, tentando salvar as próprias vidas, muitos tentam atravessar o mar para entrar na Europa, já que não há alternativa, não há uma forma legal. Em barcos não apropriados para a travessia, chegar à Europa é uma questão de sorte, sorte que muitos não têm. Há gente morrendo afogada e a Europa, que tanto prega a proteção da dignidade humana, não reage devidamente, nega-se a salvar essas vidas e a massa, o povo, a geração Facebook não está nem aí, já que são “somente” africanos.

QUANTO VALE UMA VIDA HUMANA?

Sim, são “somente” africanos. Mas será que a vida deles não tem o mesmo valor que a vida de um europeu? Não, não tem! Há pouco tempo, caiu um avião alemão nos Alpes. O mundo inteiro ficou chocado, comovido e solidário, nas mídias não se falava de outra coisa. E agora? Agora não sinto a mesma empatia, o mesmo interesse. E vou até mais longe: se algum jovem alemão (ou francês, ou inglês…), filhinho de papai, irresponsável, entrasse no mar com uma prancha de surf, por estar entediado, só por falta do que fazer, e fosse engolido pelas ondas, estariam todos falando disso e já haveria helicópteros, navios e tudo possível procurando pelo imprudente. Mas salvar a vida de refugiados? Só hoje foram 700! Mas,e daí? E daí é que uma vida humana não tem o mesmo valor, pois sempre depende de quem se trata. Pois é, desta vez foram “só” africanos. Nada de tão importante. Assustador, não?

 

MAIS TEMPO PARA FUTEBOL QUE PARA UMA CATÁSTROFE HUMANA

Hoje morreram 700 refugiados afogados. Isso foi assunto no jornal Tagesthemen, um dos principais noticiários da televisão alemã. Mas o mesmo noticiário dedicou mais tempo ao futebol do que a essa catástrofe humana, o que para mim é uma inversão perversa de valores e prioridades. E isso fala por si.

DEIXAR GENTE MORRER É PERVERSIDADE E CINISMO

A política de refugiados da Europa é cínica: deixar morrer para espantar os outros, para que eles não queiram vir para cá também. Sim, essa é a política europeia e também da Alemanha. A Europa apoia ditaduras e governantes corruptos, vende armas para governos e milícias opressores, dita regras econômicas que contribuem para aumentar a fome mundo afora e se nega a assumir sua responsabilidade pelas consequências disso. Há muito que a política europeia só busca uma coisa: defender de uma forma imediatista, egoísta e burra seus próprios interesses.

É claro que a Europa não tem como abrigar todos os refugiados do mundo (atualmente são 50 milhões – o maior número desde a segunda guerra mundial!) – esse é um argumento usado por gente mesquinha, que acha que lugar de refugiado é qualquer lugar, menos aqui. Mas a Europa pode fazer muito mais. E ela não pode simplesmente deixar que pessoas morram em sua porta.

A Europa tem é que assumir sua responsabilidade, mudar sua política externa, ajudar a combater os problemas nas suas origens (ao invés de fomentá-los!), o que não seria tarefa fácil e nem da Europa sozinha. Mas, enquanto isso, é necessária uma atitude imediata de respeito pela vida humana e que a Europa pratique o que ela mesma prega. É hora de salvar vidas!

QUE NÃO ME VENHAM COM COMENTÁRIOS BESTAS!

Compartilhei um texto sobre o assunto e ele logo foi comentado por alguém carregado de preconceitos e argumentos fracos. “Os que vem procurar melhores condições geralmente não agregam valor à sociedade”, comentou essa pessoa. Ah, quer dizer que essas pessoas, por não agregarem valor à sociedade, podem morrer assim no Mar Mediterrâneo, na porta da Europa? Não, refugiados não são criminosos, não são pessoas de segunda categoria, eles são é gente, como você e eu. Muitos são engenheiros, médicos, pessoas que tinham uma vida organizada, mas que tiveram que fugir. E, independente da formação, qualquer ser humano tem o direito de migrar, de buscar uma vida melhor. Se eles estão fugindo de suas terras, então porque uma vida digna por lá não é mais possível. Ninguém entra em um barquinho para atravessar o mar só porque quer passear por aqui. E mesmo que muitos sejam “refugiados econômicos” (como dizem os cínicos), que querem vir para cá “apenas” para buscar uma vida melhor, não podemos criticá-los – só lembrando: muitos brasileiros vêm para cá pelo mesmo motivo!!! E antes de criticá-los, seja sincero com você mesmo e responda: você não faria o mesmo se estivesse vivendo em um lugar onde predomina a guerra, a fome ou conflitos políticos e religiosos sérios, onde não há qualquer perspectiva de vida para sua família, para seus filhos? Bom, eu faria. Eu também daria no pé e viria provavelmente para a Europa, já que é um continente que costuma bradar mundo afora que aqui a dignidade humana tem valor.

PS – A mesma pessoa voltou a comentar o post, desta vez dizendo que “o mundo tem hoje 7 bilhões de habitantes. Com o atual padrão de consumo comportaria 2 bilhões…é simples assim..há pessoas demais!”, ou seja, há gente demais, por isso é bom que morram alguns. Cúmulo do cinismo! E ainda é mal informada, pois o mundo tem hoje recursos para dar um padrão de vida aceitável a TODOS os 7 bilhões de habitantes. O problema do mundo não é excesso de gente, mas de egoísmo e indiferença.

PARA MIM, A EUROPA ESTÁ MOSTRANDO SEU ROSTO VERDADEIRO E QUEM ELA REALMENTE É. E O MESMO VALE PARA TODOS QUE REAGEM COM INDIFERENÇA PERANTE À MORTE DE TANTA GENTE.

Tem gente, muita gente morrendo. É possível que haja mais algum barco naufragando agora mesmo. Independente dos poréns e dos porquês, está mais que na hora de agir. Chega de cinismo, chega de perversidade. Não bastam discursos bonitos sobre a dignidade humana. Está na hora é de respeitá-la na prática.

O presente recusado

O presente recusado

Um insensato ouviu dizer que o Buda pregava que devemos devolver o bem pelo mal e o insultou.

O Buda guardou silêncio. Quando o outro acabou de insultá-lo, perguntou: “Meu filho, se um homem recusasse um presente , de quem seria o presente?” O outro respondeu “De quem quis oferecê-lo”. “Meu filho” replicou o Buda, “Tu me insultaste, eu recuso o teu insulto e este fica contigo. Não será isso por acaso um manancial de desventura para ti?”. O insensato se afastou envergonhado, porém voltou para refugiar-se no Buda.

Extraído do livro “Buda” de Jorge Luiz Borges, Editora Bertrand Brasil

contioutra.com - O presente recusado

Conheça a inspiração da comunidade Gullah nos trabalhos da aquarelista Mary Whyte

Conheça a inspiração da comunidade Gullah nos trabalhos da aquarelista Mary Whyte

Residente de Johns Island, Carolina do Sul, Mary Whyte é uma renomada aquarelista de pinturas figurativas.

Grande parte de sua inspiração tem sido retratada em imagens inspiradas nos descendentes dos Gullah, população de afro-americanos que moram nas ilhas e regiões litorais da Carolina do Sul, Georgia e nordeste da Flórida.

Seus trabalhos estão incluídos em numerosas coleções des universidades corporativas, privadas, bem como nas coleções permanentes dos mais famosos museus da região.

Conheça sua Página Oficial.

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Quando a busca por um sentido torna-se maior do que viver sem sentido

Quando a busca por um sentido torna-se maior do que viver sem sentido

Por Gabriela Gasparin

Eu não lembro exatamente o caminho que eu fiz, mas há alguns dias eu estava dando aquela “zapeada” na internet quando me deparei lendo a respeito de um livro chamado “O Sentido da vida: uma viagem em busca de um propósito.”

Eu sequer sabia da existência do livro e muito menos conhecia a autora, a aventureira brasileira Jus Prado, de 28 anos. Formada em Educação Física e especializada em Hatha Yoga, aos 25 anos ela sentiu uma inquietação muito grande sobre o propósito de sua vida, até que chegou uma hora que não conseguiu mais ignorar a questão e foi viajar mundo afora em busca de uma resposta.

Grande parte das suas viagens foi para fazer trilhas e subir montanhas – já chegou ao cume de várias delas e garante: a maior graça está no caminho! Coincidências à parte, o fato é que fiquei bastante curiosa para conhecer a história dela e a procurei para dar um depoimento, claro, sobre o sentido da vida. Jus aceitou participar e me respondeu as perguntas por e-mail, já que está vivendo na França há um ano e oito meses.

Pulga atrás da orelha

contioutra.com - Quando a busca por um sentido torna-se maior do que viver sem sentido
A decisão de se sentir bem é sua e está disponível para você agora’, diz Jus Prado (Foto: Emma Copestake)

Nascida em Campinas, no interior de São Paulo, Jus disse que foi ainda durante a faculdade que se conectou com o montanhismo. “Foi quando tive os meus primeiros insights sobre a vida através de experiências intensas de superação de limites, desafios, viagens, pessoas e lugares incríveis.”

Ela contou que sempre teve uma “pulga atrás da orelha” para as questões mais profundas da nossa existência, que se manifestava na forma de dúvidas e questionamentos. De acordo com a aventureira, muitas das crenças que ela tinha como “verdade” não refletiam o que sentia, causando incômodo. “Era um ponto vazio dentro de mim que precisava ser preenchido”, explicou.

A inquietude foi ficando cada vez mais difícil de ser ignorada e Jus não se conformava com o que via como uma “normalidade dos objetivos de vida socialmente estabelecidos”. Foi quando percebeu: “buscar por um sentido na minha vida tornou-se maior do que viver sem sentido”, revelou.

Segundo ela, a viagem que resolveu fazer aos 25 anos foi para expandir os conhecimentos sobre o mundo, aprender com outras culturas e novos idiomas. “Colocar as minhas novas crenças em prática e me conhecer melhor para ter mais claridade sobre o que eu queria para a minha vida”, explicou.

Mas Jus sempre gostou de viajar. No Brasil já visitei algumas cidades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná. Pelo mundo já esteve em regiões da Bolívia, Argentina, Holanda, Irlanda, Irlanda do Norte, Noruega, Escócia, Inglaterra, França, Suíça, Itália, Portugal, Espanha, China e Nepal.

Sem contar as montanhas. Disse que a maioria das viagens que fez desde que começou no montanhismo foi para fazer trilhas e subir montanhas. “Conheci e escalei algumas rochas pelo Brasil, entre elas Pão de açúcar, Morro da Urca e Pedra do Baú. Fiz travessias de dias pela Serra da Mantiqueira. Trilhas pelas colinas irlandesas. Conheci a cordilheira dos Andes, escalei uma montanha de mais de 6 mil metros de altitude (Huayna Potosí, na Bolívia, foi a mais alta que já subi). Fui duas vezes parao campo base do Aconcágua, vi ao vivo o Monte Everest e a magnífica cordilheira do Himalaia e me encantei pelos Alpes franceses, suíços e italianos”, descevre.

Ela revelou que cada trilha, montanha e tipo de escalada traz uma sensação única que só vivenciando para explicar. “Para mim, subir uma montanha muitas vezes era como uma meditação intensa em que todas as partes de mim estavam presentes no agora e fundida com a natureza, mas não era sempre que me sentia conectada e me sentia bem”, explicou, e chegou a questionar até mesmo o montanhismo. Disse que chegar ao cume é legal: “traz paz e serenidade num suspiro e em seguida a lembrança de que tem um caminho de volta a ser percorrido antes de relaxar geral, mas o mais interessante está no durante, na escalada, na concentração em cada movimento, na leitura específica da rocha que desenvolvemos para procurar agarras para as mãos e para os pés. É no caminho que está toda a graça.”

Sobre viajar
Eu perguntei a ela de que forma as viagens dão sentido à vida e, segundo Jus, uma viagem não é somente ir do ponto A para o ponto B, não é somente ticar mais um destino da lista. “Viajar é presença, entrega ao desconhecido e receptividade a tudo e todos, é se conhecer e acima de tudo respeitar todo e qualquer modo de vida sem julgar. É ser e se divertir com as pessoas que atraio para as minhas experiências de vida, é encontrar num desconhecido um amigo e dar risadas”, afirmou. “As viagens me complementam e relembram que a vida deve ser boa o tempo todo.”

Está na França há 1 ano e 8 meses, morando e trabalhando com uma família. Revelou que a experiência tem sido importantíssima no sentido de trazer mais claridade e integridade sobre tudo o que vem concluindo nessa jornada. Jus acredita que tudo tem um significado e confessou que no começo não foi muito fácil entender as “mensagens do Universo”, que estava ansiosa para conquistar certas coisas na vida que ainda não estava madura para vivenciar. “Aqui tenho obtido muitas das respostas que eu estava procurando e foi onde o livro nasceu.”, relatou.

Sentido da vida

Para a autora do livro “O sentido da vida”, todos nós estamos em algum ponto desta busca, de forma consciente ou inconsciente. Para ela a procura é inevitável e natural. “Não adianta se pressionar por respostas ou querer um atalho para conseguir manifestar na vida aquilo que você acha que lhe faria mais feliz, pois tudo o queremos, queremos porque acreditamos que vamos nos sentir melhor pelo fato de possuí-los, portanto, por que não sentir-se bem antes de ter tudo aquilo que deseja? E tudo aquilo que deseja encontrará o seu caminho até você.”
Na opinião dela, o bem-estar e o preenchimento que procuramos nunca esteve do lado de fora (de nós) e nunca foi condicional. “É uma questão de determinação em se sentir bem de verdade e colocar isso como prioridade”.

Disse acreditar que as emoções têm grande importância em nossas vidas. “É a única coisa sobre a qual temos controle, inclusive as emoções negativas, que são indicadoras de que desviamos a atenção daquilo que realmente somos. E isso é lei universal, é a lei da atração que é tão real quanto a lei da gravidade. Posso dizer que encontrei o sentido da vida e que a partir de agora estou me aprimorando nessa nova realidade.”

Ao final da entrevista, realizada por e-mail, fez questão de ressaltar que “a jornada é eterna e a vida é clichê”, e explicou: “em outras palavras, não tem lugar algum a se chegar para somente então ser feliz e se permitir curtir a vida, vamos sempre estar numa posição a qual queremos mais (…). A decisão de se sentir bem é sua e está disponível para você agora! Você pode sentir-se miserável na ausência do seu desejo ou você pode se divertir nesse processo, mas palavras não ensinam, experiências de vida é que nos dão entendimento. Vá em busca da sua verdade e acredite nela mesmo sem ninguém mais acreditar, escreva a sua história e divirta-se!”

Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a Jus, além do livro ela ainda tem um blog onde posta textos sobre suas descobertas, é o www.lotusviajante.com. Vale acompanhar!

Vidaria é um projeto parceiro CONTI outra.

Os dourados da vida: sobre a essência do Pequeno Príncipe que existe em você

Os dourados da vida: sobre a essência do Pequeno Príncipe que existe em você

Por Patrícia Pinheiro

Esses dias, dando uma bisbilhotada na biblioteca da faculdade – gastar tempo escolhendo livros nas prateleiras é quase tão divertido quanto lê-los -, me deparei com um exemplar de “O Pequeno Príncipe” e, então, decidi que havia chegado o momento de, pela primeira vez, lê-lo.

A leitura me proporcionou um entendimento mais profundo e contextualizado de passagens mágicas como “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”; “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz” e “O essencial é invisível aos olhos”, que já me eram familiares há anos e das quais sempre gostei bastante.

Mas, foi a seguinte passagem, que ainda não era do meu conhecimento, que mais me intrigou e me convidou a refletir: “Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…”

“Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…”

O trigo que, antes, não passava de uma gramínea para a raposa, nunca mais será visto com os mesmos olhos: seu dourado, que é o mesmo dos cabelos daquele que o cativou, o impregnará de significado; fará com que evoque sentimentos de amor, pois ele passará a ser, também, – e para sempre- o Pequeno Príncipe.

O dourado do trigo está nos cheiros: certa vez, fui cumprimentar um desconhecido e, ao abraçá-lo, ele rapidamente constatou que eu usava o mesmo perfume que sua namorada. “Nossa, a Karine está aqui”, ele disse. Está no cheiro do cloro que me remete às tardes da minha infância em que murchava na piscina. No cheiro de gasolina que entra pelas minhas narinas e que instantaneamente me transporta para as longas viagens de carro que já fiz com meus pais.

O dourado do trigo está nos sons: você pode até não gostar muito de uma determinada música, mas, a partir do momento em que ela for – por acaso ou não – trilha sonora de momentos, ou, até mesmo, de fases da sua vida, observe como seu corpo reagirá fisicamente a ela das mais diferentes formas.

O dourado do trigo está no vermelho do banco que testemunhou nosso primeiro beijo; no amarelo da casa que abrigou nossa infância; no azul das paredes do hospital que zelaram a doença do seu pai.

O dourado do trigo está em tudo aquilo que, por remeter – ainda que inconscientemente – a algo que é nosso, que nos toca, deixa de ser apenas objeto, som, cheiro ou cor e vira materialização do que é invisível.

Nossa história de vida vai deixando marcas e modificando a forma com que significamos tudo aquilo que nos rodeia, e esse é um dos preços mais bonitos que pagamos por estarmos vivos e nos deixarmos cativar; é o que nos faz capazes de amar os barulhos do vento no trigo.

A belíssima simbologia por trás das estátuas japonesas vestidas com boinas, coletes e cachecóis vermelhos

A belíssima simbologia por trás das estátuas japonesas vestidas com boinas, coletes e cachecóis vermelhos

Jizou Bosatsu, as estátuas guardiãs das crianças

As estátuas de Jizō Bosatsu podem ser encontrados por todo o Japão, como jardins, parques, cemitérios, em cruzamentos e em pequenos altares em templos e santuários, onde são colocados oferendas de velas, brinquedos e flores. As estátuas são enfeitadas, muitas vezes com boinas, coletes e cachecóis vermelhos.

Mas o que essas estatuetas significam? Jizou (bodhisattva) é considerado uma das divindades budistas mais queridas no budismo, onde é referido como o guardião das crianças, inclusive, as abortadas, desencarnadas e aquelas que ainda estão por nascer. Também é patrono das grávidas e das mulheres em trabalho de parto.

Conta a lenda de Sai no Kawara que os espíritos das crianças, por terem feito seus pais sofrerem, devem construir torres de pedras retiradas do leito do rio. Por isso, pais que perderam os seus filhos costumam depositar aos pés das estátuas de Jizo, montes de pedras empilhadas, para ajudar os seus filhos em sua tarefa.

contioutra.com - A belíssima simbologia por trás das estátuas japonesas vestidas com boinas, coletes e cachecóis vermelhos
Outra lenda diz que todos os rios levam águas de prata. Assim, mães que perderam seus filhos, escrevem orações em pequenas tiras de papel e coloca-os nas águas, para que seja levado até ele, que irá responder às suas solicitações com um sorriso amigável. É por isso que é chamado de deus do sorriso, inimigo dos espíritos malignos e o único que pode confortar uma mãe cujo filho morreu.

Também são considerados protetores dos viajantes, tanto em viagens físicas como espirituais. Por isso é comum encontrarmos as seis estátuas enfileiradas, uma do lado da outra, nas beiras das estradas, cruzamentos, nos caminhos para as montanhas e nas entradas dos cemitérios, pois são guardiãs das crianças e viajantes.
É frequentemente representado como um monge errante, muito jovem ou mesmo criança. Tem a possibilidade de viajar através dos reinos dos animais e dos infernos e ajudar os que lutam para se libertar do sofrimento. Também é o deus dos casos “perdidos” e é aclamado por acalmar tempestades.

Jizo representa a sabedoria da terra, manifestando-se no otimismo espiritual, compaixão e salvação universal. Ele se apresenta em seis diferentes formas para aliviar o sofrimento dos vivos e dos mortos, cada uma associada a um dos Seis Reinos da Existência, chamados de Roku Jizō (Seis Jizō).
Essa é a razão das seis estátuas de Jizo estarem sempre juntas, onde muitas vezes, cada uma carrega um instrumento diferente: o cajado, a pedra da cura, o rosário budista, incenso, flores ou tem as mãos palma com palma. Em outros casos, o Jizō carrega apenas um cajado com seis anéis, que simbolizam os seis estados do desejo.

Sua origem está provavelmente ligada a um grupo similar de Seis Kannon, que apareceu no início do século 10 na seita japonesa 天台 Tendai.

Os Seis Reinos seriam estes:

Infernos (sânsc. Naraka, Jp = Jigokudō 地狱 道)
Fantasmas famintos (sânsc. Preta, Jp = Gakidō 饿鬼 道)
Animais (sânscrito Tiryasyoni, Jp = Chikushōdō 畜生 道)
Belicosa Demônios (sânscrito Asura, Jp = Ashuradō 阿 修罗 道)
Os seres humanos (em sânscrito Manusya, Jp = Jindo 人道)
Seres celestiais (sânscrito Deva, Jp = Tendo 天道)

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contioutra.com - A belíssima simbologia por trás das estátuas japonesas vestidas com boinas, coletes e cachecóis vermelhosVocê, assim como nós aqui da Conti outra, é um grande admirador da cultura japonesa?

Acompanhe também o site de origem dessa matéria: o “Japão em Foco

Apanhados no vale da memória

Apanhados no vale da memória

Por Lourival Antonio Cristofoletti

Todo começo de texto é constrangedor. Falar é mais relaxante: ninguém precisa escolher palavras. A linguagem oral – assim com a vida – sente falta do backspace e nem sempre aceita bem as reformulações, já que o dito está feito.

A história e a sina de cada texto já foram traçadas no momento exato em que foram pulsadas – não precisa de linha, tecido ou agulha, para haver a trama. Tudo o que cabe fazer é trazer à tona os fatos que insinuaram as concepções, principalmente as atemporais.

Gente estudada diz que “toda versão é verdadeira”. As tais versões em aberto existem para alimentar celeumas, trazer encantamentos, soprar inveja, oferecer possibilidades, só que sempre à espera de um desfecho.

Mesmo que, em algum contexto específico, se solidarize aqui, que se revisite ali ou se ressinta acolá, não há como negar que foram situações que justificam uma farsa, um drama ou a pompa da existência.

Na dúvida, avançar; sob pressão, insistir. Para quê? Quem sabe, para querer realizar o melhor ao alcance: pode-se querer um gabarito, se os eventos são complementares?

Cada indivíduo inagiu, sentiu, fez e desfez segundo seu estágio – maturidade, ousadia, humildade, sabedoria, naturalidade. Se pedissem para um filósofo de lá de perto de casa fazer uma síntese, diria: “Cada qual aconteceu segundo o seu grau de acabamento interior”.

O condicional gosta de ser visto como um lúdico recurso de quem pede sonhar. A ação, mesmo despropositada ou estapafúrdia, é mais intensa, poderosa, reverberante, do que a mais pretensiosa intenção.

Se for para abrir espaço, que o seja no vigor do fazimento, mesmo que temperado de equívocos. Se for para sentir, que o seja na intensidade da ausência de freios e no liberto desprezo das amarras.

No breve espaço de tempo em que acontece a história em cada existência há clima e intensidade para reverberações pela eternidade, pedindo instigantes ingredientes: atitude, fantasia, coragem, rebeldia, originalidade, credibilidade, ousadia, intensidade, desejo (parente do lampejo).

Não é necessário ter o tino de acertar da primeira vez. Tem um porém: se não ousar insistir quando ninguém acredita, terá que se contentar com a mornidez da insossa existência nutrida pelos tais estéreis aprendizados.

Nas muitas vidas que se vive nesta levada pede-se encarecidamente que se troque à revelia de papel: atento observador, contumaz leitor, paciente ouvinte, incansável pesquisador, solidário amigo, impetuoso protagonista.

Cabe à ficção o papel de farsante, fingindo-se realidade nos momentos em que desencadeia suspiros e arrebata aplausos desse tipo de plateia carente (triste do ficcionista cujas obras são compostas apenas de fatos tristemente inventados).

Muitos dos que compartilharam esta sua história, ainda devem estar por lá – nem que seja em repouso ou escondidos em sinuosos becos da memória. Os menos inábeis reescreveram o passado, maquiando as identidades originais, como se fizessem de conta que a vida deles sempre foi de aluguel.

Pouco importa, agora: não é hora de se dizer nomes e nem compensa constituir um acerto de contas. Cada um que se ouse colocar nas narrativas e vivencie o personagem que lhe veste melhor. Para tudo a lacônica frase: “É possível – ou não”.

Mais importantes que as identidades costumam mostrar-se as entidades que teceram os diferentes sentimentos – paixão, indiferença, ódio, passividade, cumplicidade, arrebatamento – e tramas que invadem, sorrateiros, algumas das dependências da distraída imaginação.

Falar – muito – cansa, tanto quem não ouve como aquele que colore narrativas ou as inventa. Vista sua alma com roupa de rave: o agito vai começar.

Em breve uma nova turma será formada: se o desejar, como uma criança que não se cansa de se deleitar com a surrada e repetida – e por isso encantadora – fábula, volte outras vezes, tantas quantas seu desavisado coração consentir passeios pela cronologia.

A cada etapa da narrativa haverá um sorteio de oportunidades de mergulho à memória, desencanado pelo sopro da aventura, em diferentes entonações, com variações de profundidade.

Poderá caber à saudade a tarefa de invadir a festa – sessão colação -, entremeando um arrazoado de abordagens com serelepes questionamentos, reféns das irreflexões:

– Se eu tivesse tentado um pouco mais, tudo teria sido diferente!;
– Hoje eu sei de coisas que me fizeram falta naquele momento;
– E o orgulho estragou tudo!;
– Eu bem que sei do que se está falando: poderia ser minha essa história!;
– É, quem a vê hoje tão referência fica sem saber – e nem imagina – a “pinta brava” que ela já foi;
– Se tivesse jogado limpo naquela época, não teria chegado a esse desfecho;
– Por que fui dar tanta importância ao que a outra mãe pensava sobre mim?;
– Meu Deus: como eu soube ser lerdo e insensível!;
– Se naquele momento a gente tivesse exibido um tanto mais de maturidade … ;
– Com aquela pessoa ainda está bonita! Com charme e dignidade! Formidáveis os banhos de cultura e de civilidade que tomou! E ela poderia estar aqui, comigo!;
– Incrível essa minha capacidade de chutar o balde de forma tão inconseqüente;
– Era uma pessoa tão simplória. Quem, em são consciência, poderia imaginar que iria transformar-se em tudo isso?;
– Eu queria poder voltar ao passado para tirar umas coisas a limpo: quanta coisa eu não jogaria fora, quanto valor eu daria de maneira diferente!

Alguém consegue perceber que essa ladainha poderia não ter fim? Quantas outras indagações e conclusões não deveriam ser inventadas? Então, tá: mudemos, pois, de ilusões.

Uma boa fábula diz que, para que a verdade aconteça, é preciso que nela se creia – desejoso corpo, criativa mente, suspirante alma. Que a leitura seja rica, a viagem, farta, o desejo, despertado: muita coisa ainda clama por se feita.

É, elas são na batida linha “que a sua vida valha a pena e deixe de ser amena”. De coração (emprestado), deseja-lhe quem escreve – e que nem quis se identificar.

LOURIVAL  ANTONIO CRISTOFOLETTI

contioutra.com - Apanhados no vale da memóriaPaulista de Rio Claro e residente em Vitória/ES. É mestre em Administração pela UnB – Universidade de Brasília, Analista Organizacional e Consultor em Recursos Humanos. Atualmente atua como professor na Graduação e MBA na FAESA – Faculdades Integradas Espírito-Santenses; Instrutor na UFES – Universidade Federal do ES e na ESESP– Escola de Governo do ES.

Livro publicado: COMPORTAMENTO: INQUIETAÇÕES & PONDERAÇÕES
Livraria Logos (vendas pelo site)

E-mail de contato: : [email protected]
No Facebook: Lourival Antonio Cristofoletti No Instagram: lourivalcristofoletti

O que eu conto para você, eu não conto para mais ninguém!

O que eu conto para você, eu não conto para mais ninguém!

Sobre a importância da entrega e da confiança na relação terapêutica.

Por Marcela Alice Bianco

– O que eu conto para você, eu não conto para mais ninguém! Essa é uma fala que muitas vezes nós terapeutas escutamos dentro do ambiente psicoterápico. Um processo de grande entrega e intimidade, que permite a pessoa que se dispõe a travessia da descoberta e do autoconhecimento uma verdadeira viagem para dentro de si mesma.

Algumas características da relação terapêutica permitem essa atitude. A primeira delas é o próprio despertar para o processo, que se inicia quando a pessoa, por estar envolvida em algum problema ou sofrimento para o qual desconhece a solução, resolve procurar uma ajuda profissional. Neste ponto, ela fantasia seu potencial terapeuta e projeta nele – assim como projetamos imagens numa tela de cinema – as características necessárias a um curador.

O contato começa e a primeira impressão será essencial para a conexão! Empatia, sensação de acolhimento, ausência de julgamentos, sigilo, ética e neutralidade – requisitos indispensáveis para o início de uma boa relação.

E, a partir disso, uma verdadeira dança terapêutica vai se concretizando no espaço da terapia.

Assim, como ocorre quando dançamos em pares, o paciente conduz os passos, dá o tom e o ritmo da dança. Cabe ao terapeuta, a partir da sua escuta diferenciada e do seu olhar atento compreender esse bailado e ressoar na dança, através de questionamentos, ampliações e orientações que possibilitem a expansão da consciência.

Alguns pacientes dançam tango, outros rock, samba, bolero ou bossa nova. Dentro do próprio espaço da terapia o ritmo e a dança vão mudando, conforme o momento, o caminhar do processo e as descobertas que a dupla vai fazendo.

A cada dança, a afinação do par terapêutico é percebida e com isso a entrega acontece. É possível tentar outros passos, outras músicas e assim, tudo vai, cada vez mais, se tornando espontâneo. Dança terapêutica que promove o encontro profundo do Ser consigo mesmo e com sua intimidade.

E nesta troca, o paciente conta aquilo que nunca contou para mais ninguém e descobre sua humanidade quando escuta do parceiro de dança, seu terapeuta, que suas fantasias, vivências, sombras e mais profundos sentimentos fazem parte de toda a multiplicidade das manifestações do Ser completo e profundo que somos nós.

Assim, o paciente descobre que não dança mais sozinho e que, faz parte de uma grande dança, de uma verdadeira ciranda que é a Vida!

Descobrir-se nessa roda da vida é libertador! Abre-se o espaço para uma dança mais consciente e “encorporada”.  Dança da vida, dança da alma, dança da relação!

Namore um trouxa

Namore um trouxa

Estive pensando sozinho e tive uma ideia para ti. Namore um trouxa. Eles são fáceis de achar. Estão chamando tua atenção e te procuram quando estás escondida. Nos dias mais difíceis do teu cabelo, lá estão os tais. Jorrando elogios pelos olhos. Sentem-te bela, ainda que o espelho fale absurdos.

Por favor, fujas dos durões orgulhosos, quando tu xingas, se vão bravos e decididos a nunca mais voltarem. Melhor é ter um trouxa. Tu o mandarás ir para o quinto dos infernos, mas ele só iria aos diabos se fosse contigo. É mais sensato ter alguém que, quando tu pedes distância, continue por perto. Pois, se sempre atenderem teus gritos, e fugirem, quem restará?

Estou bambo com tamanha revelação. Os trouxas, tão criticados e sofridos, difamados pelos propagadores do “ame muito a si mesmo”, são quem mais sabe amar. Perdoam, dão o braço a torcer, chutam a caixinha do egoísmo e dizem “fique aqui”, quando aquela outra parte quer partir.

Tu dirás deles palavras vãs. Acharás que estão, assim, desvairados e loucos, porque és única. Nada tem a ver com isso, não é uma questão de vaidade. Os bons trouxas descobriram beleza em ti, que nem tu mesma viste. E, se a beleza está nos olhos de quem vê, és tu quem precisa dos olhos deles para ser um deslumbre.

Namore-o. Reinvente tuas ideias e encontre neles teu amor tranquilo. Ou mastigue a dura verdade (talvez seja mentira, mas prova o sabor dela ao menos):

– Quem não ama o amor dos trouxas é bem mais trouxa ainda.

Sensível experimento mostra a conexão única entre mães e seus filhos

Sensível experimento mostra a conexão única entre mães e seus filhos

São inumeráveis as abordagens que, de diferentes formas, explicam a genuína conexão entre mães e seus filhos.

Toque, calor, cheirinho, tudo o que é vivenciado durante os cuidados e o momentos de total cumplicidade e afeto são registrados desde sempre pela criança.

O resultado disso fica claro nesse pequeno experimento realizado pela marca de jóias Pandora.  Mães posicionadas em fileira, crianças vendadas, mas o encontro, como esperado, é emocionante!

O menino e a rosa – Helen Buckley

O menino e a rosa – Helen Buckley

Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.
Uma manhã, a professora disse:
– Hoje nós iremos fazer um desenho.
“Que bom!”- pensou o menininho. Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos… Pegou a sua caixa de lápis-de-cor e começou a desenhar.

A professora então disse:
– Esperem, ainda não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
– Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores.

“Que bom!”. Pensou o menininho. Ele gostava de fazer flores. E começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.

A professora disse:
– Esperem! Vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com caule verde.
– Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.

O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso… Virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora.
Era vermelha com caule verde.

Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:
– Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.
“Que bom!”. Pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua bola de barro.

Então, a professora disse:
– Esperem! Não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
– Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.
“Que bom!” – pensou o menininho.
Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.

A professora disse:
– Esperem! Vou mostrar como se faz. E ela mostrou para todos como fazer um prato fundo.
– Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.

O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia dizer isso. E fez um prato fundo, igual ao da professora.

E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar, e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho teve que mudar de escola. Essa escola era ainda maior que a primeira.

No primeiro dia a professora disse:
– Hoje nós vamos fazer um desenho.
“Que bom!”- pensou o menininho e esperou que a professora dissesse o que fazer.
Mas a professora não disse nada. Apenas andava pela sala.

Então, ela foi até o menininho e disse:
– Você não quer desenhar?
– Sim, disse o menininho, e o que é que nós vamos fazer?
– Eu não sei, até que você o faça, disse a professora.
– Como eu posso fazê-lo?
– Da maneira que você quiser.
– E de que cor?
– Qualquer cor, disse a professora.
– Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber o que cada um gosta de desenhar?
– Eu não sei… disse o menininho.

E então, ele começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde.

Helen Buckley

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Os cegos e o elefante, folclore hindu

Os cegos e o elefante, folclore hindu

Certa vez, um rei reuniu alguns homens cegos ao redor de um elefante e perguntou o que lhes parecia ser.

O primeiro deles apalpou a presa e disse que o elefante se parecia com uma gigantesca cenoura; outro, tocando-lhe a orelha, disse que se parecia como um enorme leque; outro, apalpando-lhe a tromba, concluiu que o elefante se parecia com um pilão; outro, tocando-lhe a perna, disse que se parecia com um almofariz; outro ainda, agarrando-lhe a cauda, disse que o elefante era semelhante a um corda.

Nenhum deles foi capaz de descrever ao rei a forma real do elefante.

Da mesma maneira, pode-se descrever parcialmente a natureza do homem, mas não se pode perceber a verdadeira e total natureza de um homem, em sua integralidade.

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