“Um psicanalista sensível sugeriria que o ninho nos reconduz ao útero.”, Rubem Alves

“Um psicanalista sensível sugeriria que o ninho nos reconduz ao útero.”, Rubem Alves

“Eu e a galinha”

Eu e a galinha. Ela, deitada no ninho, me olhava com seus olhos cor de laranja. Eu, agachado diante dela, a observava. Ela não se mexia. Tinha um ovo para ser botado. Não se mexia talvez porque estava ciente da gravidade do momento. Ou, talvez, porque soubesse que não precisava ter medo de mim. Crianças não matam galinhas para fazer canja. Só os adultos. Ela tinha se recolhido de suas ciscações pro minhocas e correrias em fugas fingidas do galo, como se não quisesse. Agora estava no seu pequeno espaço, o ninho. O ninho, leito redondo feito com palha de milho rasgada, estava dentro de um balaio. Fascinava-me a galinha botando ovo. Fascinava-me o seu pequeno espaço, o ninho.

Bachelard dedicou ao ninho quatorze páginas do seu livro A poética do espaço. “Descobrir um ninho leva-nos de volta à nossa infância, a uma infância. A infância que deveríamos ter tido.Como compreendo agora a página que Toussel escreveu: ‘A lembrança do primeiro ninho de pássaros que encontrei completamente sozinho ficou mais profundamente gravada em minha memória do que a do primeiro prêmio de redação que obtive no colégio. Fui imediatamente invadido por uma comoção de prazer indizível que paralisou-me durante mais de uma hora o olhar e as pernas'”. O ninho é “sonho da proteção mais próxima, da proteção ajustada ao nosso corpo”.

Um psicanalista sensível sugeriria que o ninho nos reconduz ao útero. Pois o útero não é um ninho? Pequeno espaço ajustado ao corpo, sem ansiedades. Talvez seja daí que venha o fascínio das crianças pelos pequenos espaços. Os pequenos espaços são espaços de aconchego. O colo. O colo envolve e aperta suavemente. Lembro-me com alegria das brincadeiras na cama, as cobertas transformadas em cabaninha sustentada pelo dedão do pé. O sonho da casa no alto da árvore, onde os adultos não podem subir. A possibilidade da intromissão dos adultos que estraga o espaço das crianças.

Guimarães Rosa, comentando a sua infância, diz que o terrível era a presença permanente dos adultos em tudo o que fazia. Só encontrou descanso quando conseguiu uma chave para fechar-se no seu quarto. Lembro-me da menininha que não tinha um único lugar que fosse só seu, longe do olhar investigador da mãe. Aí ela descobriu, num canto de corredor, um taco solto. Ela transformou o espaço entre o cimento e o taco no seu refugio secreto. Só ela sabia da sua existência. Ali guardava os seus tesouros, longe do olhar da mãe. Que tesouros guardaria ela? Na minha casa em Varginha havia um enorme forno de barro no quintal. Eu me esgueirava pela abertura e ficava lá dentro. Lá dentro não tinha nada. O que era bom naquele espaço semi-esférico era que os adultos não podiam ir lá. E o fascínio do “Quarto do Mistério”, no sobrado do meu avô? Entrada proibida.

Haverá coisa que mais tente que o proibido? “Nitimur in vetitum”, esforçamo-nos na direção do proibido – escreveu Nietzsche citando Ovídio. Lá dentro era o mistério das teias de aranha, do pó que se acumulava sobre tudo, das canastras cheias de tranqueiras, das cítaras silenciosas, das bisnagas de tinta endurecidas abandonadas pelas pintoras. Eu roubava a chave, daquelas chaves grandes, pretas, que se compram nos antiquários, abria a porta, entrava, trancava-me – e desaparecia por horas. É bom estar num espaço onde os adultos não entram. Era um bom ninho para um menino. Uma solidão feliz, solidão mansa.

Entristeço-me ao perceber que essa experiência está ficando cada vez mais rara, cada vez mais impossível. Não há ninhos no mundo das crianças. O seu mundo é cheio de eventos gregários onde o amor à solidão é uma doença.

Mas há também a solidão feliz dos grandes espaços: uma criança correndo sozinha pelo campo… Guimarães Rosa, que amava a solidão pequena, amava também a solidão grande, o sertão. “Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador… O sertão está em toda parte…” E o Carlos Brandão jogou com as palavras: “Ser tão dentro de mim…” Sertão é lugar da solidão forte, solidão do vazio. No sertão o homem só pode contar com a sua força. Gritar é inútil. Não há quem responda.

Na roça havia também essa solidão grande. Bastava olhar pra cima para ver o mar de Minas, sem fim. “O mar de Minas não é no mar. O mar de Minas é no céu, prô mundo olhar pra cima e navegar, sem nunca ter um porto onde chegar…” Minha memória navegou. Me vi menino. Mas aquele menino não era eu. Era outro. Eu sou aquele que agora se lembra depois de mais de sessenta anos. Aquele menino não se lembrava de nada. O menino de cinco anos e pés descalços está deitado na relva. Goza a felicidade de não haver nenhum adulto por perto. Sem passado, sem futuro, ele é todo presente. Com as mãos entrelaçadas sob a cabeça ele brinca. Brinca com os olhos. Segue o vôo dos urubus, pontos negros no céu. Circulam sem bater as asas. Deixam-se ser levados pelos ventos em curvas tranqüilas. Como são belos os urubus em vôo, ele pensa. Pousados sobre os galhos das árvores são aves feias, desajeitadas. Nas alturas são belas.

A beleza dos urubus não está neles. Está no seu vôo que desenha círculos nos céus. Muitos anos mais tarde o menino se lembrará dessa manhã e compreenderá que aquilo que vale para os urubus vale também para as pessoas. As pessoas são belas não pelo seu rosto mas pelos desenhos que fazem com seus gestos. Muito mais altas que os urubus são as nuvens que navegam no mar de Minas. Que seres misteriosos são as nuvens, sempre deixando de ser o que são para serem outras. Como os urubus, as nuvens também desenham. Desenham navios, caras, monstros… O menino filosofa e se pergunta sobre o ser das nuvens. Muitos anos depois uma menininha de quatro anos fez pergunta igual ao seu pai, menino que crescera, ao contemplar as montanhas ao longe: “As coisas não se cansam de serem coisas?” Filosofia ou poesia? Fernando Pessoa fez a mesma pergunta: “Tenho dó das estrelas luzindo há tanto tempo, há tanto tempo… Tenho dó delas.

Não haverá um cansaço das coisas, de todas as coisas, um cansaço de existir, de ser, só de ser…? O menino filosofa sobre o ser as nuvens. Das nuvens vem a chuva – isso ele sabe. Mas ele já viu chuvas que não são água. Chuvas que são gelo. As pedras de gelo se amontoam no chão. São frias e se derretem com o calor, transformando-se em água. Então, ele pensa que antes de serem chuvas de água as nuvens são blocos de gelo. Aquelas formas no céu serão gelo? Se são gelo por que não caem como todas as coisas pesadas? Que poder desconhecido as manterá lá em cima? Mas, e se caírem por causa do seu peso? Se caírem de repente vão fazer um grande desastre aqui em baixo… Aí ele para de pensar. “Pensar é estar doente dos olhos…” Entrega-se ao puro prazer de ver sem pensar. Seus olhos são urubus, são nuvens…

Telefonei para a Da. Clotilde, minha primeira professora, 92 anos de idade que, aos 90, defendeu tese de mestrado sobre ” A Ironia em Eça de Queiroz”. Dez horas da manhã. “Ela não está”, responderam-me. “Foi dar aula na Faculdade…”

Rubem Alves

Publicado no Correio Popular em 27/03/2005

Conheça o Instituto Rubem Alves e acompanhe os seus projetos: Instituto Rubem Alves

Dica de livro: Sete Vezes Rubem (Fruto do trabalho de uma década, esta obra reúne sete livros de Rubem Alves publicados pela Papirus entre 1996 e 2005.)

22 Dicas para sobrevivência de Cuidadores de Alzheimer

22 Dicas para sobrevivência de Cuidadores de Alzheimer

O objetivo deste artigo é sugerir algumas dicas importantes para a Saúde do Cuidador de Alzheimer que possam ajudar o cuidador a sobreviver e evitar alguns efeitos negativos, frequentemente associados ao estresse.

Caro Cuidador

  1. Procure conhecer os recursos disponíveis nas associações e comunidades de Alzheimer em sua região, como a Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer) que mantém Grupos de Apoio para dar assistência e orientação a cuidadores e familiares de portadores de Alzheimer.
  2. Procure se capacitar como cuidador. Existem alguns sites especializados em educação à distância que oferecem cursos gratuitos de formação de cuidadores.
  3. Peça ajuda quando necessário e, mais importante, aceite ajuda. Não se sinta envergonhado ou diminuído de pedir ajuda pois isso pode fazer uma grande diferença em sua vida.
  4. Cuide de sua própria saúde com boa alimentação e exercícios
  5. Aprenda a administrar o seu nível de estresse. Também existem cursos para isso.
  6. Aceite as mudanças quando elas ocorrerem sem questionamentos ou resistência, pois é da característica da doença as frequentes alterações da pessoa portadora de Alzheimer.
  7. Dê valor ao seu trabalho. Não sinta culpa. Faça uma lista de todas as coisas que você já fez e vem fazendo pelo seu familiar com Alzheimer e consulte-a sempre para ajudá-lo a se lembra do valor de seu trabalho.
  8. Deixe a documentação legal e financeira em ordem antes que se torne necessária. Tome as providências antes que seja tarde.
  9. Visite seu médico regularmente e siga rigorosamente todas as recomendações fazendo os exames periódicos necessários.
  10. Procure entender perfeitamente, e o quanto antes, tudo o que acontece com o portador de Alzheimer nas diversas fases de desenvolvimento da doença.
  11. Consulte profissionais de saúde especializados em cuidados geriátricos, como terapeutas ocupacionais com experiência em ajudar famílias a cuidar de seus queridos parentes idosos. Eles podem prover valiosas informações e recursos que ajudarão a atravessar momentos difíceis dessa missão.
  12. Estude e pratique os preceitos da “Declaração dos Direitos dos Cuidadores” que você encontrará no Manual do Cuidador de Alzheimer do Dr. Márcio F. Borges.
  13. Consulte um psicoterapeuta e obtenha ajuda, caso seu nível de estresse esteja alto ou se esteja se sentindo deprimido.
  14. Se você é uma pessoa religiosa procure se aconselhar também com o seu líder espiritual que certamente poderá lhe ajudar.
  15. Junte-se a grupos de apoio, participe de reuniões, mesmo que seja para apenas ouvir a experiências de outras pessoas.
  16. Se estiver havendo conflitos entre os demais familiares – o que é muito comum – considere a consultoria de um terapeuta de família que ajudará na mediação e no entendimento das consequências da doença e na atribuição de responsabilidades de cada membro da família para enfrentar as novas situações trazidas pela doença.
  17. Faça um diário. Anotar fatos e contar as experiências vividas no dia a dia, terá também um efeito terapêutico.
  18. Aprenda a conviver com o familiar querido portador da doença:
  • Não traga à tona assuntos que o deixe nervoso;
  • Se ele se mostrar muito chateado, mude de assunto;
  • Não contra argumente com ele.

19. Cultive algum “hobby”, alguma atividade que lhe dê prazer. Isso fará uma grande diferença em sua vida, pois é importante reservar um tempo só para você.

20. Pare de negar a doença, inventando desculpas para justificar a perda de memória e outros problemas funcionais do seu familiar portador de Alzheimer.

21. Faça as pazes com Alzheimer. É muito importante admitir e verdadeiramente aceitar a doença. Aprenda a amar a pessoa exatamente como ela é agora.

22. Invista tempo na pessoa portadora da doença. Estando com ela, dando-lhe carinho e atenção, haverá momentos gratificantes que estará ao mesmo tempo recarregando suas baterias e melhorando a sua própria qualidade de vida.

Fonte indicada: Terceira Idade Melhor

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Assistir séries sem parar é sinal de depressão e solidão (PESQUISA)

Assistir séries sem parar é sinal de depressão e solidão (PESQUISA)

Por  Andréa Martinelli

“Sons of Anarchy”, “Girls”, “Breaking Bad”, “House of Cards”, “True Detective”, “Game of Thrones”, “Orange is the New Blac”…

É. A lista é grande. BEM grande.

Se você passou algum momento da sua vida trancado em casa fazendo uma maratona da sua série preferida, a ciência tem um recado: você pode estar doente.

É o que afirma um estudo de três pesquisadores da Universidade do Texas (EUA), divulgado nesta semana. Os cientistas analisaram 316 jovens norte-americanos, com idades entre 18 e 29 anos, e concluíram que assistir séries continuamente é sinal de depressão e solidão

Eles chegaram à conclusão de que a pessoa que fica o dia todo em frente à TV é uma viciada, pois avança ao próximo episódio mesmo sabendo que tem outras coisas a fazer. E não se trata de um vício inofensivo, não, viu?

Serviços de video on demand com o Itunes, Netflix, Now, HBO Go, Amazon Instant Video, Hulu, entre outros, estão tornando cada vez mais comum o hábito de fazer maratonas de séries em casa, já que temporadas inteiras estão disponíveis nos serviços e você pode assistir no seu ritmo e não no que os canais de TV impõe.

Yoon Hi Sung, um dos pesquisadores, alerta que o viciado em séries inspira preocupação. “Por mais que muitos considerem assistir séries sem parar como um vício inofensivo, nosso estudo indica que esse costume não deve ser mais encarado dessa forma”, disse.

O levantamento ainda mostra que sintomas como obesidade e outros problemas de saúde estão relacionados ao hábito de acompanhar vários episódios, em sequência, de um único programa.

A pesquisa completa será apresentada em um fórum na 65ª Conferência Anual de Comunicação Internacional, em San Juan (Porto Rico), em maio deste ano. Para Sung, o estudo “é um passo à frente” para quantificar o comportamento dos adeptos das maratonas ininterruptas de séries, que para os pesquisadores “é uma importante nova mídia e um fenômeno social.”

E você?

É desses ~doentes~ que fica trancado em casa fazendo maratonas?

Via contioutra.com - Assistir séries sem parar é sinal de depressão e solidão (PESQUISA)

“Encontros e Desencontros”, de Sofia Coppola

“Encontros e Desencontros”, de Sofia Coppola

Por Octavio Caruso

Quando você olha para as paredes que circundam seu corpo e não se sente parte daquele ambiente, contrastando cada som estranho que atravessa pela janela fechada com a natural reação física de desconforto. Como se cada segundo demorasse o triplo do tempo, temendo o pôr do sol por saber que ele levará consigo a movimentação dos carros nas ruas. A sensação angustiante de estar preso em uma situação totalmente desconhecida, sendo apresentado a rituais novos, por vezes exóticos, que você sempre evitou por puro comodismo. Nesse estado de espírito é que encontramos os protagonistas de “Encontros e Desencontros” (Lost in Translation – 2003), desconhecendo completamente o histórico de suas vidas, mas imediatamente reféns dessa resiliência cativante que os faz sorrir com dificuldade, quando nada em seus dias justifica tal gesto.

A jovem Charlotte (Scarlett Johansson), que acompanha o marido fotógrafo em sua viagem de trabalho ao Japão, uma belíssima incógnita que busca encontrar na solidão do quarto de hotel, aquela motivação que outrora parecia tão instigante, um amor que provavelmente nunca havia sido colocado à prova. No mesmo hotel, o veterano ator Bob (Bill Murray), tendo deixado para trás a glória de seu sucesso, reagindo com desgosto à simples constatação de sua contraparte jovem na televisão, buscando esquecer que vive um relacionamento desgastado, que se resume à realização de tarefas como a escolha da cor de um carpete. Um artista vive de sensibilidade e desafios, mas ele está num lugar estranho, onde não consegue se expressar livremente e ninguém entende o que ele diz. Estrelando um genérico comercial de whisky, sendo excessivamente mimado por interesseiros que não fazem ideia de quem ele seja e recebendo ordens de um diretor que busca nele a atitude de outros artistas, o homem só consegue alguma paz embriagando-se nas noites em claro no bar do hotel.

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O título original (“Perdido na Tradução”) representa o encontro de duas almas que perderam qualquer contato com os relacionamentos que os mantinha estáveis emocionalmente. O leitmotiv visual que acompanha Charlotte, sempre assistindo o mundo transcorrer pelas janelas, totalmente desconectada daquela realidade. O fotógrafo que ignora a esposa que pouco conhece e dá preferência aos flertes com uma amiga; a dona de casa que se entregou demais à rotina dos filhos e ao próprio trabalho. A diretora Sofia Coppola traduz essa angústia imageticamente com perfeição na cena da gravação do comercial. Vemos o diretor japonês completamente insensível à figura sentada perante os holofotes, um objeto ultrapassado que representa apenas cifrões em sua conta bancária. A tradutora desinteressada em detalhar as instruções dele para Bob, que compartilha a ignorância do que está se passando com o público, já que não existem legendas para o que está sendo conversado.

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O desencantamento dos personagens com o rumo de suas vidas é trabalhado nos pequenos gestos, no subtexto de diálogos que são supérfluos. Como na bela cena em que Bob deixa transparecer sua emoção na interpretação descompromissada de uma canção (“More than This”) no videokê. Interessante perceber que ambos estão vestindo “máscaras”: uma peruca rosa e uma camiseta extravagante. Em apenas quinze segundos, Bill Murray vira um adolescente e deixa atravessar em seu rosto o amor juvenil que sente nascer pela bela garota com quem flerta, o desconforto por saber que estão ambos comprometidos, a saudade que sente de sua casa e a tristeza, que enfraquece sua voz, por ter a plena consciência de que nada daquilo é real ou duradouro. Mas a questão que o filme propõe ao final é: precisa ser? A amizade que dois estranhos compartilham em alguns dias pode ser mais poderosa e sincera que um casamento de vários anos.

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Você pode assistir dez comédias românticas americanas, que tenho certeza que não irá encontrar momento mais terno e verdadeiro que o simples toque dos dedos de Bob nos pés de Charlotte, quando estão dividindo a mesma cama, após uma balada noturna. Não há necessidade de trilha sonora manipuladora, pois investimos genuíno carinho naqueles dois personagens. A insegurança demonstrada na posição fetal da jovem e o tédio que ele expressa no desleixo com que preenche seu lado da cama. Lentamente percebemos a mão dele vencendo o medo da entrega do sentimento, a insegurança pela diferença de idades, procurando o toque que simboliza naquele momento muito mais que um beijo. E quando ele é finalmente expressado numa cena posterior, explode como a redenção de dois “caroneiros” na estrada da vida, que finalmente descobriram que não estão sozinhos, que alguém se importa. Eles precisaram viajar para o outro lado do mundo, para encontrarem na intensa solidão um eco em resposta aos seus gritos por socorro.

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LOST IN TRANSLATION de SofiaCoppola avec Scarlett Johansson, 2003

OCTAVIO CARUSO

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Carioca, apaixonado pela Sétima Arte. Ator, autor do livro “Devo Tudo ao Cinema”, roteirista, já dirigiu uma peça, curtas e está na pré-produção de seu primeiro longa. Crítico de cinema, tendo escrito para alguns veículos, como o extinto “cinema.com”, “Omelete” e, atualmente, “criticos.com.br” e no portal do jornalista Sidney Rezende. Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, sendo, consequentemente, parte da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica.

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O dia em que eu redescobri o amor

O dia em que eu redescobri o amor

Por Marcela Picanço

No dia em que eu descobri que eu o amava, senti como se meu coração fosse um estilhaço dentro do peito. Não podia ser. Ou podia. Já fazia muito tempo que eu pensava no amor. Eu já tinha amado muitas vezes antes, mas, quando a gente ama de novo, esquece-se de todas as vezes que já amou e parece uma aventura completamente nova. É um caminho escuro e tortuoso, que precisa ser atravessado. As pessoas sempre falam de amor como uma coisa bonita, mútua e colorida. Realmente é, mas, até você descobrir, de fato, que o que sente é amor, você se vê olhando para um poço escuro, tentando decidir se desce ou não desce. Na verdade, quando você ama, passa a se questionar se o amor é mesmo só um sentimento.

A gente estava na Lapa, saindo de uma festa meio sem graça. Ainda tinha aquela confusão de gente na rua, bares com pessoas de todos os estilos. Pensamos em ir para casa de táxi. Vamos para casa, a gente compra cerveja no supermercado e come alguma coisa. Boa. Excelente ideia. Ele sempre tem essas ideias simples que me ganham. A gente sorri, faz uma dancinha idiota, beija-se e começa a rir mais ainda. Passa o ônibus que vai para a casa dele. Ele grita: o 433! E a gente sai correndo pela rua principal da Lapa, que, óbvio que eu não lembro o nome, atrás do ônibus. Corre! E eu corro mais e mais, até que o ônibus para no próximo ponto e espera a gente chegar.

Ele chega na frente, a porta do ônibus se abre e ele faz sinal para eu entrar primeiro, com um ato meio circense, virando as mãos e fazendo reverência. Peguei a mão dele e subi os degraus do ônibus, como se fosse uma princesa. Nunca gostei dessas coisas cavalheirescas, mas ele sabe fazer tudo virar poesia e história para contar. Eu achei tudo tão engraçado, que resolvi entrar na brincadeira. A gente sentou, respirou e ficou rindo durante um tempo. Ele falou: “tô sentindo uma coisa muito boa”. Eu disse: “eu também”. Eu queria dizer que era amor. Queria dizer eu te amo entre os balanços do ônibus e o barulho da janela batendo. Mas será que era amor? E se não fosse? Será que dava para voltar atrás? Eu poderia falar: “Ai, desculpa. Eu me confundi. Não é amor ainda, mas vai ser.” Mas, na verdade, era. Decidi esperar. O amor é um para cada um. E, para mim, amor é coisa séria. Não é coisa que se diga assim por bobagem qualquer. Amor é sentir que as batalhas diárias do outro agora também são suas. É fazer com que o sonho do outro seja uma parte do seu também. Amor é um monte de outras coisas que eu não sei colocar em palavras. Amor não se descreve, nem se sente. Vive-se.

A partir daquele dia, queria falar eu te amo toda hora. Mas não falava. E se não for? Quando a gente ama, tem vontade de viver amor pelo dia inteiro. O corpo inteiro fala amor, você se recusa a acreditar. E se for cedo demais? Mas nunca é cedo demais para amar. Você acorda com um nó na garganta. Em vez de falar bom dia, quer falar eu te amo. Você olha no fundo dos olhos e diz tudo, mesmo achando que o outro ainda não sabe de nada. O amor vai consumindo o corpo inteiro, então eu cantei, dancei e escrevi tudo que eu podia, até entender que o que me deixava inquieta, por todos aqueles dias, era simplesmente a palavra amor. Nem me passou pela cabeça que ele não sentia o mesmo. Não era necessário. Quando se ama, você só quer entregar as palavras, os sentidos, os gestos e não espera nada em troca. Eu quis falar eu te amo como se entrega um presente de aniversário. Eu sabia que, uma hora, o amor ia transbordar em mim e a única forma de não me afogar era colocando isso para fora a quem é dono desse amor.

Outro dia, eu escrevi um texto tentando descrever o amor. Não consegui. Enrolei-me toda nas palavras. Falei que queria inventar nomes e significados para o que eu sentia. Como era isso de se sentir totalmente livre, mas ao mesmo tempo parte do outro? A gente chegou em casa com o sol nascendo e ele me pediu pra ler o texto sobre o amor. Deixei. Assim que ele terminou de ler, entre suspiros e soluços, falei eu te amo. Foi como um respiro.

O resto da história eu não posso contar, porque é só nossa e virou nosso segredo. A gente leva a vida sabendo que tem um tesouro guardado. Quem ama sabe disso.

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Um artigo de uma frase só

Um artigo de uma frase só

 

 

Ame-se!

 

 

 

 

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Gustl Rosenkranz: colunista Conti outra

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Como já diz o nome de meu blog, escrevo fazendo uso de uma das liberdades mais essenciais que temos: a liberdade de pensar. Escrevo sobre o que passa por minha cabeça, sobre coisas que vejo, escuto e vivencio diariamente, enfim, escrevo sobre a vida e suas facetas, sobre o mundo e suas entranhas e sobre o ser humano, com seus sonhos, medos e esperanças. Escrevo sem “luvas”, tocando no assunto, menos preocupado em agradar do que em mexer com o leitor, de forma clara, até mesmo carinhosa, mas sempre suavemente subversiva e profunda.

Blog GUSTL ROSENKRANZ- pensamento livre

Encontros permitidos

Encontros permitidos

Por Patrícia Dantas

Como é olhar o infinito e ver um ponto em branco ou pontos de cores variáveis, sem palavras para defini-los? É o estranhamento que parte das nossas maiores inquietações diárias, o desconhecido ameaçando nossa ordem imposta por uma sociedade que se diz saber muito bem o que quer, trazendo uma cartilha explicativa e cheia de normas nas mãos: de como se deve ser e agir perante o mundo e as pessoas que cruzamos todos os dias, seja na rua, no trabalho, com os amigos, enfim, a diversidade de seres que podem surgir a cada momento e fazer parte do nosso cenário. A cartilha do encontro.

São nesses pontos em branco dispersos, que se movimentam velozmente no espaço e tempo, sem definições palpáveis por nossos sentidos, que a jornada se apresenta com muitas curvas labirínticas, e exige de nós muito mais além do medo de ultrapassar: requer a coragem do desprendimento e ir em busca de si.

Como perceber algo que está além de nós, e pode ser visto através da nossa janela, sem que isso nos traga maiores danos? É ver o que está por trás das ilusões e falsas realidades. É sobretudo redescobrir o que está encoberto por outras coisas que são necessárias diariamente. É nossa válvula de escape que existe e nos torna um pouco loucos quando damos um sinal positivo: “pode explodir, fique à vontade, siga em frente!” Uma permissão, nada mais.

O que importa é a busca e os encontros permitidos. Se conseguirmos uma mínima compreensão da gente – com toda essa diversidade e imensidão de pontos cheios de vida e significados a nossa frente -, então os caminhos das surpresas estarão a nosso favor. O imprevisível toma ares de um ser bem-vindo que fará parte da nossa história – e não necessita de muito entendimento -, porque algumas situações precisam somente da existência para complementar nossa essência.

A essa altura, o que pensamos que somos, como buscamos o entendimento do passo real que tateia a vida no mundo? Do nosso passo tão ensurdecedor e palpável? Precisamos muito além das válvulas de escape da realidade: escapar para além das aparências e ver com o sentido mais delineado e acabado o que faz a gente ser o que somos de verdade.

Com imperfeições, percepções difusas, instintos e desejos, trazendo muito da fera canina e muito homem humano dentro de si, como vivia lobo da estepe de Hemann Hesse, na suprema dualidade dentro de si, embora em alguns momentos alguém falasse mais alto. Talvez nos mostrando como uma imagem tão íntima, mas que não reconhecemos na maior parte do tempo: a única que nos torna aceitáveis diante da gente quando não temos medo do outro.

Assim, é possível conviverem o lobo e o humano no mesmo corpo, espreitando um êxtase supremo de explosão do que realmente se é, mas jamais por completo, sempre com uma reentrância impenetrável e indescritível.

E nós continuamos, insaciáveis, sempre em busca de respostas e outras compreensões que nos aproximem o máximo do sentir em profundidade – com todas as forças e sensações provocadas -, até mesmo acontecimentos que beiram a linha tênue da incompreensão.

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Cena do filme “La dolce vita”

Nepal: que das estrias da Terra brote uma nova esperança

Nepal:  que das estrias da Terra brote uma nova esperança

Por Nara Rúbia Ribeiro

O que fazer quando, num repente, a Terra rejeita a carícia dos nossos pés? Quando ela, mãe maior, treme e sua superfície se abre em sulcos, estrias, crateras? Quando a efemeridade da Vida se nos mostra patente? Quando montes, monumentos, prédios centenários que há pouco desfilavam a sua imponência frente a nossos olhos agora são ruínas sem qualquer traço de encantamento? Quando o mais forte de nós duvida da sua força? Quando homens, mulheres e crianças que há pouco sorriam jazem soterradas? Quando a destruição é cenário e a dor, protagonista?

O Nepal alterna, hoje, entre a angústia e o desespero. Angústia do sonho destruído, do trabalho desfeito, do futuro arquitetado com esmero agora embaralhado pelas mãos do acaso. (Seria o substantivo “acaso” um outro nome de Deus?) Angústia de tudo o que era e parecia eterno e hoje pouco ou nada é. E a dor vem na pontada do “por quê eu, por quê nós, por quê o Nepal?” A pergunta ecoa e não há respostas. Não há culpados. Não existe razão. O desespero de observar, nas lembranças, um ontem que achávamos permeado de imperfeições e que hoje parece uma joia lapidada frente ao que se nos mostra real, bem diante dos nossos olhos. O que sonhar do futuro se das estrias da Terra não brotar nenhuma nova esperança?

A dor do outro, tão distante, pode nos ser indiferente. Podemos passar distraídos diante dos jornais e rir enquanto contamos piada aos amigos se o noticiário nos entrega o sofrimento dessa catástrofe. Não sofrer, não exercer a nossa empatia diante da desolação de todo um país é uma escolha moral e temos o direito de fazê-la, mas perdemos muito se assim o fizermos. A dor é sempre a escola maior. Ela é fonte macro da poesia que nos acorda e da sabedoria mais profunda que nos faz enxergar o fundo da alma, onde só reside o que é eterno.

A desolação do Nepal nos faz acordados para o fato de que a vida que vemos é uma inverdade: os ganhos, os lucros, as metas… Enxergamos que aquilo que aqui construímos não é parte de nós e que o que temos não se confunde com o que somos. Ao meditarmos em catástrofes de tamanha magnitude, nos perguntamos se aquilo a que nos dedicamos é real, é algo advindo dos foros mais nobres do peito, das entrâncias mais caras da alma, ou se seria a vaidade o que nos move. A vaidade se dissipa em si mesma e o seus produtos podem ser esmigalhados por forças naturais, mas a generosidade é um moto-contínuo, sua ação, embora no invisível, se agiganta e se perpetua no tempo e no espaço.

Viver é estar disponível e não sabemos a quê ou a quem. Quando o inesperado nos colhe, é porque estávamos disponíveis, vivendo. Essa disponibilidade é inerente à nossa condição de viventes. É preciso tirar da dor a melhor das lições, a de que a vida não tem garantias. De que o vivo nunca está seguro. De que o bem mais precioso que há não é o ouro ou a prata: é o Tempo. Ele é quem nos entrega, segundo a segundo, o intervalo necessário para que vençamos as nossas ignorâncias, superemos as nossas deficiências íntimas, vençamos as vaidades e sejamos maiores do que somos.

O Tempo nos mostra que as estrias da Terra podem engolir marcos de uma civilização inteira, mas que, espelhadas em nosso peito, essas estrias podem soterrar as equivocadas inclinações do nosso espírito. Que dessas estrias, após cicatrizadas, brotem ainda, no Nepal e em todo o mundo, a esperança, a força e a fé num sempre novo amanhecer dentro de nós.contioutra.com - Nepal:  que das estrias da Terra brote uma nova esperança

10 razões por que o mundo corporativo não é para você!

10 razões por que o mundo corporativo não é para você!

Escrito por Juliana Bragança.

O mundo corporativo tem seus muitos benefícios, como salário fixo, carteira assinada, boas condições de trabalho e outros mais, mas não são todas as pessoas que se encaixam nesse ambiente. Alguns se adequam ao trabalho duro, com jornadas de trabalho de oito horas diária, 30 dias de férias por ano e um chefe sempre presente, mas outros buscam algo diferente. Há quem precise trabalhar ao ar livre, ter uma agenda mais maleável e maior independência do chefe. Quer saber a qual grupo você pertence? Descubra a seguir!

Você não é competitivo
Por mais que existam empresas que estimulem a parceria entre os colegas de trabalho, sempre há um pouco de competitividade. Ser competitivo é saudável até certo ponto, pois faz o profissional vencer os próprios limites e desenvolver-se. Porém, nem todo mundo pensa dessa forma. Se você não quer superar os demais, não faz questão de ter alguém subordinado a você e pouco se importa com o salário que seu colega recebe, essa não é sua praia. Se isso não é algo que chame a sua atenção, esse é um sinal de que o mundo corporativo não é exatamente o seu lugar.

Bajular as pessoas não faz a sua cabeça
Isso não é explícito, mas quando se trabalha em uma empresa com hierarquia definida, é necessário usar o máximo da sua simpatia, principalmente com aqueles que podem levar você a um cargo superior. Sim, bajular seu chefe e o chefe dele pode ser necessário. Não precisa ser puxa-saco, mas rir quando a piada for sem graça e guardar opiniões negativas apenas para você pode ser uma boa ideia. Se você não tem estômago para isso, pode ter problemas e até ficar estagnado na carreira. Antes de entrar para uma grande empresa, pense bem se é capaz de encarar tudo isso.

Você prefere trabalhar sem metas extraordinárias
É comum no mundo corporativo ter metas a cumprir. Pode ser em relação ao número de vendas, de clientes, de filiais ou qualquer outro critério objetivo. Os funcionários têm sempre objetivos a alcançar, e é dessa maneira que a companhia busca crescer. Existem pessoas que se sentem estressadas nesse sistema e não lidam bem com ele, podendo às vezes ter um rendimento inferior quando pressionados. Se você trabalha melhor sem metas concretas a cumprir, saiba que o ambiente corporativo normalmente exige isso, e esse talvez não seja o melhor lugar para você.

Roupa social não é sua onda
O tipo de traje adequado no local de trabalho varia de empresa para empresa, mas o uso de roupa social em algumas companhias costuma ser imprescindível. Isso espanta muitas pessoas, então é importante pensar bem se você não se importa em vestir-se formalmente todos os dias. Há quem se acostume, porém algumas pessoas não suportam ter que usar terno e gravata ou um tailleur para ir trabalhar. E isso piora se levamos em conta o verão brasileiro. Algumas empresas admitem roupas mais leves no verão, mas ainda são exceções.

Você trabalha melhor sozinho
O mundo corporativo exige trabalho em equipe. E pode acontecer de você cair em um grupo não muito disposto, criativo, unido ou bem visto. Algumas pessoas simplesmente trabalham melhor individualmente e preferem não depender dos outros para ver seu trabalho progredir. Esse profissional tende a não gostar de esperar os demais fazerem uma tarefa quando ele mesmo pode fazê-la. Por isso, analise bem qual sua forma ideal de trabalho, pois é quase obrigatório saber trabalhar em equipe e delegar atividades no mundo corporativo.

Você não sabe inglês e não quer aprender
Para trabalhar em uma grande empresa é fundamental ter pelo menos nível básico de inglês. Palavras como “share”, “ASAP”, “brainstorm”, “FYI”, “budget” e “turnover” são comuns no cotidiano empresarial. Se a língua do tio Sam não é seu forte, e você nem se esforça para isso, terá dificuldade nesses ambientes. Diversas expressões e siglas estrangeiras fazem parte do vocabulário executivo e devem ser de domínio geral. Se você tem disposição para aprendê-las, será mais fácil encaixar-se no mundo corporativo. Se esse não é seu caso, que tal buscar um nicho de mercado mais flexível?

Para você, reuniões devem ser objetivas

Todos têm uma boa intenção ao marcar reuniões. Sempre há problemas a serem discutidos e resolvidos, além de melhorias a implementar. Porém, em algumas reuniões as discussões são longas e cansativas. E isso pode ocorrer com certa frequência. Se para você elas são perda de tempo, fuja desses compromissos. Caso você seja o tipo de pessoa que não entende quem passa o dia todo em reuniões e diz que está trabalhando, vai ser difícil adaptar-se à lógica e às demandas das grandes empresas.

Você não é lá muito criativo
Acredite ou não, o mundo empresarial precisa de pessoas criativas. Normalmente, elas são aceleradas e se diferenciam dos colegas. “Nas empresas existem pessoas que fazem um monte de coisas ao mesmo tempo, frequentam tudo quanto é curso, têm idéias e sugestões”, explica Max Gehringer, autor de “Clássicos do Mundo Corporativo”. Esse é o perfil perfeito para os empregadores corporativos, pois esses profissionais se destacam. Então, se essa não é sua natureza, provavelmente terá dificuldades.

Você não gosta de ser controlado

Dar satisfação ao chefe, ter horários de almoço, de entrada e saída, bater ponto e fazer relatórios de atividades são práticas comuns para quem trabalha em uma empresa. Caso você não goste de ter todas as suas atividades controladas, saiba que isso é praxe no mundo corporativo. Algumas empresas possuem horários de trabalho flexíveis, mas não abrem mão das oito horas diárias. Em casos excepcionais, pode ser necessário trabalhar nos finais de semana. Algumas pessoas podem sentir-se presas e ficam infelizes nessa rotina, por isso reflita bem se esse estilo de vida combina com você.

Você nunca entendeu para que tantos relatórios, e-mails e gráficos

Sim, o ambiente corporativo pede que sejam feitas planilhas de custos, gráficos de desempenho, que e-mails sejam enviados formalizando pedidos e entregas, além da elaboração de uma infinidade de arquivos que muitas vezes podem ser vistos como burocráticos e desnecessários. Essas atividades fazem sentido em grandes empresas, onde certas formalidades têm diversos usos e são importantes para o fluxo de informações do negócio. Se você não suporta tantos e-mails, relatórios, avaliações de desempenho, etc., então fuja do ambiente corporativo.

Fonte: eHow Brasil

O invólucro dos segredos

O invólucro dos segredos

“Cada poema é uma garrafa de náufrago jogada às águas… Quem a encontra, salva-se a si mesmo.” 

Mário Quintana

A velha manhã anuncia que já não é mais hora para ti. O dia é um grande castrador da embriaguez. Nenhuma nau está atracada no porto do meu silêncio, embora eu deseje quebrar-te para desejar os bons ventos e as calmarias às viagens aos horizontes.

O vinho envelhece, agonizando em maestria, em teus contornos. Suicidas se aproveitam da tua vulnerabilidade para dar cabo às suas vidas, em gestos de desrespeito com a tua integridade.

Selas as amizades, ao seres desvirginada pelos companheiros fartos de realidade. Inauguras os amores, nas noites primeiras. E também és cúmplice dos olhares últimos, já extintos de paixão.

Fazes a solitude tornar-se diáfana. Não há isolamento que não sonhe em presenças. Armazenas a ti mesma, mesquinha que és, como troféu incógnito das madrugadas.

Tatuas as memórias mais cruéis, os amores perdidos, em devaneios de oceano. És requinte das bruxas, em rituais de primavera. Fornecida de graça, vestida de água, nas mesas dos restaurantes europeus.

Enclausuras a poesia que não pode ser degustada. Povoas as minhas reminiscências de infância, nos almoços desprovidos de maldade. Oferecem-te flores, e já não existes em essência.

Abrigas as conchas, desavisadas da tua missão. Encontram-te quando estão perdidos. Invocam-te quando as esperanças foram esgotadas. Almejam a única gota que ainda carregas no ventre, exausta de gravidez.

Guardam-te, anos e mais anos, para celebrar os casamentos. Confidente dos ébrios, estás envolta pelos dedos crestados de imundície. Ah, tua história fenícia e milenar! Quão bela não te sentes agora?

Mas tu, meio de transporte, uniforme de lágrimas, símbolo dos romantismos absurdos, berço dos poemas, figurante das alegrias, amante escura das ondas violentas. Talvez tu sejas apenas eu, este invólucro de segredos que anseia pela deriva em alto mar.

Mariana Portela 

Confissões, Declarações e Crônicas…

Senado aprova criação do Prêmio Literário Manoel de Barros

Senado aprova criação do Prêmio Literário Manoel de Barros

A comissão de Educação do Senado aprovou o projeto que institui o Prêmio Mérito Literário Manoel de Barros de Poesia. A proposta relatada pela senadora Simone Tebet (PMDB), foi apresentada em novembro do ano passado pelo então senador Ruben Figueiró (PSDB-MS), logo após a morte do poeta.

“O Prêmio Mérito Literário Manoel de Barros de Poesia será uma sementinha a mais para cultivar a eternidade da obra desse poeta do mato, que disse: ‘deixei uma ave me amanhecer’. O Prêmio pretende que a inspiração de seu patrono propicie novos amanheceres para a poesia brasileira”, afirmou Simone Tebet durante a votação da matéria nesta terça-feira (5), revelando sua admiração pelo poeta.

Ela explicou que o autor da matéria justificou a criação do prêmio devido à importância de Manoel de Barros para a literatura brasileira, pelo conjunto da obra, pelo caráter inovador e até insólito de muitos de seus poemas e pela projeção artística que deu aos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

“A poesia de Manoel de Barros é da nossa natureza. Do Pantanal e do seringal. Da caatinga, do cerrado e do pampa. Nada mais apropriado, portanto, que o Senado Federal institua esse prêmio. Por se tratar de uma Casa de todos os Estados, essa iniciativa deverá fortalecer ainda mais a nossa união, enquanto federação, inspirada na poesia interior de Manoel de Barros”, defendeu Simone Tebet.

O Prêmio

O prêmio será concedido a cada dois anos, a três obras de poesia ou de ensaio sobre poesia brasileira. Os três primeiros colocados receberão um diploma e terão o livro impresso pela gráfica do Senado. Os candidatos poderão se inscrever com obras inéditas ou editadas desde o ano anterior.

“A ideia deste projeto é catalisar a inspiração de tantos poetas, leitores de alma, principalmente do interior deste imenso País. Interior de onde vem a poesia simples, bela, e, ao mesmo tempo, profunda de Manoel de Barros”, disse Simone.

As obras vencedoras serão selecionadas por uma equipe especialmente designada pela Comissão de Educação do Senado.

A entrega do diploma mérito literário aos autores deverá ocorrer em sessão do Senado Federal especificamente convocada para essa finalidade, a realizar-se na primeira quinzena do mês de novembro, em alusão ao aniversário de morte de Manoel de Barros.

O projeto foi elogiado por diversos senadores da Comissão de Educação.  “Sem dúvida nenhuma o poeta Manoel de Barros é mais do que merecedor da iniciativa da homenagem pelo Senado Federal. Esse prêmio virá no sentido de fortalecer o incentivo à leitura”, afirmou a vice-presidente Comissão de Educação e também coordenadora da Frente Parlamentar Mista em defesa do livro, senadora Fátima Bezerra.

Manoel de Barros

Manoel de Barros nasceu em Cuiabá (MT), em 19 de dezembro de 1916 e faleceu em Campo Grande, em 13 de novembro de 2014. Conhecido como o poeta do Pantanal, ele recebeu vários prêmios literários, entre eles, doisPrêmios Jabutis. É um dos mais aclamados poetas brasileiros da contemporaneidade nos meios literários. Sua obra mais conhecida é o “Livro sobre Nada” de 1996.

Fonte: MS notícias

O chão que renasce

O chão que renasce

Por Ana Vieira Pereira
Faça como eu fiz: olhe rapidamente para essa foto, e feche os olhos. Não se preocupe em entender do que se trata, apenas abra-se para olhar. Não é preciso ver. Deixe essa ocupação para mais tarde, quando puder construir o tempo e o espaço do olhar atento, dedicado e amoroso. Quando quiser construir esse espaço de encontro. E se quiser, claro.

Eu quis. Vi a foto pela primeira vez ontem à noite. Por entre conversas, música, mil e um estímulos querendo arrancar-me a alma de dentro. Ela até parece que vai, mas não vai: a minha alma anda avessa à exposição das suas dobras. Deve ser para que não se transformem em vincos, essas espécies sutis de mortalhas.

Assim, à primeira vista, foi só luz o que vi na imagem. Sem saber por que, pedi-a a meu amigo, mais intuindo do que vendo de fato alguma coisa. A foto veio, rápida e ligeira nesse pé de vento que é a tecnologia. Ali mesmo, na mesa do bar, a imagem pula de um celular ao outro. Deixo-a em paz, quieta.

contioutra.com - O chão que renasceHoras depois, sem conseguir dormir, tenho vagar para dedicar-me a ela. Olho-a com tempo, senhor de todos os processos, e surpreende-me que essa luz que vi esteja dentro dos espaços das folhas mortas. Parecem luminosas, as folhas, mas estão mortas. O vivo do verde à sua volta é quase ofuscado por essa luz que não é da matéria, mas do espaço ao seu redor, e atinge a superfície para fazê-la rebrilhar. É só superfície. Assim que o sol mudar seu ângulo, a luz desaparecerá. Não há existência dentro da folha, a não ser aquela de que se nutrirão outros, aqueles que se alimentam da putrefação do que morre. O que está vivo é o tapete verde que as folhas querem esconder. A vida das folhas mortas é uma vida em reflexo.

O dono da foto ofereceu-me, além da foto, a sua legenda: “o chão que renasce”. E eu aqui, horas depois de ter visto a luz não só na foto, mas também nas retinas alheias, confirmo uma sequência inteira de impressões noturnas. Poderia ter dado o título de “gratidão” a este texto.

Esse chão que renasce, e que ganho de presente em imagem e palavra, nutre-se de momentos muito particulares. Momentos que surgem por detrás das paredes do tempo, espaços no avesso do espaço. É preciso inventá-los, a esses momentos. E é preciso inventá-los a várias mãos. Duas não conseguem. Podem acontecer em qualquer lugar, mas ontem foi aqui, nesta cidade que me acolhe assim que a vejo e me diz “afaste-se” no momento em que tento aproximar-me.

Chamou-se dançar, este chão renascido de ontem. Foi simples, até. Inventou-se um tempo e um espaço para o encontro. Não foi preciso inventar a vontade, mas inventou-se o movimento de ir na direção da música. E o resto inventou-se sozinho. Inventou-se o que era preciso para que a alma alcançasse os lugares que a fazem sentir-se viva, e dançasse em toda a sua extensão, e recebesse sem pedir o amparo que precisava. Uma brecha na insanidade. Um mergulho dentro da delicadeza da entrega pura. Tudo o que a minha alma, o meu coração e o meu corpo necessitam. Ainda que seja leve e breve como a passagem da brisa. Ainda que seja inventado. Ainda que seja de noite. Ainda que as folhas estejam mortas.

Reprodução do texto autorizada pelo blog parceiro

contioutra.com - O chão que renasce

contioutra.com - O chão que renasceAna Vieira Pereira é mestre e doutora em Literatura Comparada pela USP. Atualmente dedica-se ao ensino e à pesquisa da escrita dentro do âmbito da criação artística. Coordena o espaço Quinta Palavra, em Botucatu, e é assessora pedagógica da Escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo, e da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, em Botucatu. É autora de, entre outros, Do ventre ao berço: o parto em casa, Mistache Malabona e O dono do castelo.

Só existe uma raça, e ela surgiu na África

Só existe uma raça, e ela surgiu na África

Nem branca, nem negra, amarela ou vermelha. Na face da Terra existe uma única raça: a humana. Todos nós fazemos parte dela.

Há alguns anos o racismo voltou a assombrar o mundo e a encontrar expressão política, justamente na Europa, onde não se imaginaria que poderia ressurgir. Na França, as idéias racistas professadas pela Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen e sua filha, Marine Le Pen, atraíram parcela considerável do eleitorado. Em vários outros países europeus, partidos da direita, e até mesmo de movimentos neofascistas conquistaram numerosas cadeiras nos parlamentos. Na mesma medida em que aumenta o número de refugiados e de imigrantes vindos de nações do Terceiro Mundo, aumenta o sentimento de ancestral xenofobia de muitos europeus, que rapidamente encontra seus canais de expressão política.

É interessante se observar como, ao longo da história, as políticas racistas nunca deixaram de pedir à ciência que legitimasse sua hierarquização social, seus preconceitos e exclusões. Muitos foram os cientistas que prontamente se puseram a conceber teorias, instrumentos de medição, critérios e teses que supostamente definiam as características das diferentes “raças” humanas e formulavam a base de sustentação de uma série de eventos que marcaram a história do homem, da expansão colonial europeia ao apartheid sul-africano, do segregacionismo norte-americano ao nazismo.

Nos últimos anos, a palavra raça, aliás, desapareceu discretamente dos livros escolares e as antigas classificações foram desacreditadas. Isso aconteceu graças às descobertas da paleontologia, da genética, da etnologia. Mesmo assim, ainda existem alguns pesquisadores isolados que professam a existência de raças. Quando, em 1994, os psicólogos Charles Murray e Richard Herrnstein publicaram nos Estados Unidos The bell curve, com 800 páginas de gráficos e análises que “demonstravam” que o QI de negros era inferior ao dos brancos, a obsessão racista que inspirou o livro não deixou margem para dúvidas. Seu objetivo político foi claramente percebido: abolir os programas sociais, colocados em prática há 30 anos por Washington, em favor dos mais pobres.

O que se pergunta, nos dias de hoje, é se um cientista pode se interessar por “raças” humanas sem procurar demonstrar sua desigualdade. Na verdade, cada um de nós tem sua própria definição do termo, assim como os ideólogos do racismo sempre encontram defensores para proclamar que o “politicamente correto” é cientificamente incorreto.

A evolução

No século 18, o botânico sueco Carl von Linné criou o sistema de classificação dos seres vivos – ainda hoje utilizado – e estabeleceu o nome científico de Homo sapiens para a espécie humana. Mas, sem contrariar o pensamento dominante na época, dividiu a humanidade em subespécies de acordo com a cor da pele, o tipo físico e pretensos traços de caráter: os vermelhos americanos, “geniosos, despreocupados e livres”; os amarelos asiáticos, “severos e ambiciosos”; os negros africanos, “ardilosos e irrefletidos”; e os brancos europeus, “ativos, inteligentes e engenhosos”. Essa classificação da diversidade humana em “grandes raças” não só foi totalmente aceita como também serviu de base para classificações futuras, que alteravam a de Linné e oscilavam entre uma variedade que ia de três a 400 raças.

No século 19, as descobertas arqueológicas destruíram explicações simplistas para a origem do homem na Terra, a origem do planeta que habitamos. Em A origem das espécies, Charles Darwin formulou a teoria da mutação das espécies. Observou que, por meio da mutação, as espécies se adaptam ao meio natural, geram criaturas diferentes de si mesmas e dão origem a novas espécies. Concluiu, então, que algumas espécies se extinguiam dando lugar a outras: esse processo seria o da seleção natural. Mais tarde, Darwin estendeu essa teoria para o surgimento do homem, classificando-o como descendente dos antropóides. A comunidade científica e outros setores da sociedade opuseram-se a essa conclusão, pois não podiam admitir que o homem branco, “superior”, descendesse de macacos. Na verdade, sabe-se hoje que o homem é parente do macaco e não seu descendente. As descobertas de Darwin foram muito importantes, mas não definitivas, pois as pesquisas continuam, lançando sempre novas luzes sobre as origens do homem.

A mais antiga espécie de hominídeo foi o Australopithecus, que surgiu no sul da África há cerca de 3 milhões de anos. Este nosso provável ancestral tinha algumas características semelhantes ao homem moderno e criou o primeiro instrumento. Quando um dos nossos ancestrais passou a andar sobre os dois pés, ficou com as mãos livres para fazer e usar objetos. O trabalho com as mãos foi sofisticando a sua capacidade de manipular, estimulando o crescimento do seu cérebro e a sua capacidade intelectual e dotou-o de cultura, diferenciando-o dos animais.

A expansão

O homem começou a se diversificar muito cedo, lá pelos 2,5 milhões de anos, quando saiu de seu lugar de nascimento, a África oriental. Ele se propagou através de todo o mundo antigo, isto é, África, Europa e Ásia. Mas as glaciações produziram dois isolados pontos geográficos: a Europa, na qual o norte foi inteiramente recoberto por glaciares; e a Indonésia, que era unida ao continente asiático e dele foi separada no final das glaciações. Esses dois isolamentos levaram a um “derivado genético” e moldaram dois grupos: o Pitecantropona Indonésia e o homem de Neandertal na Europa, muito diferentes anatomicamente de nosso ancestral, o homem moderno que já vivia algures. Este, o Homo sapiens sapiens, há 500 mil anos expandiu suas fronteiras em todas as direções, a partir de uma segunda onda de povoamento na Europa, na Ásia, na Austrália e na América.

Segundo o paleontólogo Yves Coppens, diretor do Laboratório de Antropologia do Museu de História Natural de Paris, “o Neandertal e nosso ancestral, o Cro-Magnon, ao que se sabe constituíram na Europa duas raças distintas. Mas ainda não sabemos se essas populações se ‘inter-fecundaram’, isto é, se geraram descendência fecunda. Também não sabemos se o homem de Neandertal, desaparecido há uns 30 mil anos, como o pitecantropo indonésio, se fundiu com a população de Homo sapiens, ou se extinguiu.”

Para o paleontólogo, “talvez seja essa a única questão sobre raça que hoje interessa à ciência. Em um século de descobertas, vimos se delinearem outras fronteiras no seio da humanidade. Se retomarmos o sentido zoológico do termo – uma subespécie diferenciada mas que se ‘inter-fecunda’ com outras subespécies –, não existe na superfície da terra senão uma única ‘raça’ humana conhecida, a do Homo sapiens sapiens.”

A pesquisa paleontológica e seu prolongamento antropológico tentam estabelecer, dentre outras coisas, quais são as filiações, os laços de parentesco que unem esses humanos. Mas, para Pierre Darlu, geneticista no Laboratório de Epidemiologia Genética de Paris, “todas as classificações tentadas até hoje tiveram como ponto comum a ocultação do caráter evolutivo do homem”.

André Langanney, diretor do Laboratório de Antropologia biológica do Museu do Homem, Paris, acredita que “existem dois conceitos diferentes de ‘raça’ humana: um inclui as particularidades imediatamente perceptíveis entre os indivíduos (língua, cultura, aparência física), devido às diferenças de suas populações de origem; outro é o conceito ‘científico’, igualmente empírico, aquele que foi estabelecido por Linné no século 18, o das quatro raças. Essa formulação foi contestada, algumas décadas mais tarde, pelo filósofo alemão Johann Gottfried Herder, que afirmava não existirem ‘nem quatro nem cinco raças humanas’, ao contrário, havia a continuidade da variação nas populações”.

Uma só espécie

Dizer, hoje em dia, que existem raças humanas, implica em demonstrar a existência de grupos distintos, possuidores de traços “comuns” entre si e de particularidades que não se encontraram em nenhum outro grupo. É claro que entre um senegalês, um cambojano e um italiano existem, evidentemente, diferenças físicas visíveis: cor da pele e dos olhos, tamanho, textura dos cabelos etc. Mas hoje em dia já sabemos que o patrimônio genético dos três é extremamente próximo. A descoberta dos grupos sanguíneos, da variação das enzimas, das sequências de DNA, dos anticorpos e tantas outras, puseram em evidencia o parentesco dos homens entre si, assim como sua extraordinária diversidade. Uma combinação de genes, frequente numa população e rara em outra, é, assim mesmo, potencialmente presente em toda parte.

A comprovação se deu em 2002, quando uma equipe de sete pesquisadores dos Estados Unidos, França e Rússia comparou 377 partes do DNA de 1056 pessoas originárias de 52 populações de todos os continentes. O resultado mostrou que entre 93% e 95% da diferença genética entre os humanos é encontrada nos indivíduos de um mesmo grupo e a diversidade entre as populações é responsável por 3% a 5%. Ou seja, dependendo do caso, o genoma de um africano pode ter mais semelhanças com o de um norueguês do que com alguém de sua própria cidade na África! O estudo também mostrou que não existem genes exclusivos de uma população, nem grupos em que todos os membros tenham a mesma variação genética.

Muitas diferenças

Na sua longa evolução até atingir a sua forma humana final, nosso ancestral foi se adaptando fisicamente às condições ambientais. Perdeu os pelos do corpo, provavelmente há pouco menos de 2 milhões anos, por que começou a fazer longas caminhadas e precisava esfriar o corpo. Sem pelo, ficou com o corpo exposto e as células que produziam melanina se espalharam por toda a pele. A mudança na coloração da pele foi descoberta em 1991pela antropóloga Nina Joblonski, da Academia de Ciências da Califórnia, Estados Unidos, ao encontrar estudos que mostravam que pessoas de pele clara expostas à forte luz solar tinham níveis muito baixos de folato. Como a deficiência dessa substância em mulheres grávidas pode levar a graves problemas de coluna em seus filhos, e como o folato é essencial em atividades que envolvam a proliferação rápida de células, tais como a produção de espermatozóides, a antropóloga concluiu que nos ambientes próximos à linha do Equador, a pele negra era uma boa forma de manter o nível de folato no corpo, garantindo assim a descendência sadia. Para provar suas teorias a respeito de cor da pele, Nina Joblonski usou um satélite da NASA e criou um mapa de padrões de radiação ultravioleta em nosso planeta, mostrando que o homem evoluiu com diferentes cores de pele para se adaptar aos diferentes meio-ambientes.

Assim, o homem saiu da África e chegou à Ásia, e de lá foi para a Oceania, a Europa e por fim para a América. Nas regiões menos ensolaradas, a pele negra começou a bloquear demais os raios ultravioleta, sabidamente nocivo mas essencial para a formação da vitamina D, necessária para manter o sistema imunológico e desenvolver os ossos. Por isso, as populações que migraram para regiões menos ensolaradas desenvolveram uma pele mais clara para aumentar a absorção de raios ultravioleta. Portanto, a diferença de coloração da pele, da mais clara até a mais escura, indicaria simplesmente que a evolução do homem procurou encontrar uma forma de regular nutrientes.

Claude Blanckaert, historiador da ciência no Museu Nacional de História Natural, Paris, acredita que “a teoria das raças demonstra que a ciência jamais é neutra. A tese da grande corrente tornou-se, com o tempo, uma escala rígida de raças, dominada pelos europeus.”.

A partir de 1860, as ciências naturais e pré-históricas concordam que o homem tem uma história bem mais antiga do que se supunha até então. Mas as teorias se adaptam às idéias darwinistas: ao se admitir que as raças são diferentes quase desde a origem da humanidade, sugere-se que certos povos foram submetidos a uma “interrupção de desenvolvimento”.

No século 20, as mitologias nacionalistas foram dominadas pelos clichês, tudo para justificar as políticas colonialistas. O auge desse pensamento foi a ideologia da raça “ariana”, uma tremenda enganação científica, que justificava a eliminação da “anti-raça”, o judeu.

O século 21 fez sua estréia sob a sombra da divisão entre o bem, simbolizado por povos ocidentais (americanos e europeus) e o mal, personificado pelos povos do oriente. Que as idéias racistas não criem mais nenhuma explicação “científica” para provar mais nada!

Fonte indicada: Brasil 247

20 coisas para se lembrar se você ama uma pessoa com depressão

20 coisas para se lembrar se você ama uma pessoa com depressão

Por  CHRISTIAN MACIEL

Segundo a Organização Mundial da Saúde, existem mais de 350 milhões de pessoas no mundo com depressão.

Tendo como base essa estatística impressionante, é altamente provável que todos nós, em algum momento de nossas vidas, tenhamos um contato próximo com alguém que sofre de depressão, sejam nossos amigos, família, colegas de trabalho, sejam até mesmo chefes – alguém muito próximo de nós precisará de nossa compreensão.

Em minha experiência como psicoterapeuta, os anos de trabalho me mostraram que um dos aspectos mais devastadores para quem lida com a depressão é ter que conviver com o estigma e com as críticas negativas que vêm das pessoas próximas. Essas pessoas, na maioria das vezes, nem mesmo percebem o quanto seus comportamentos e comentários são negativos e prejudiciais, e fazem com que o doente de depressão se sinta ainda pior.

Com isso em mente, apresento 20 coisas simples para nos lembrarmos quando formos interagir com aqueles que lutam contra a depressão. Qualquer um destes pontos não só pode ajudar, diminuindo o estigma em torno da depressão, mas, também pode ajudar o indivíduo a lidar com a doença em seu dia a dia.

1. A depressão pode agir como fortalecedora de caráter

Em uma recente conversa TEDx, o psiquiatra e filósofo, Dr. Neel Burton explicou que a depressão pode representar um mergulho mais profundo no significado e importância da vida. Uma pessoa que experimenta a depressão pode ser entendida como quem está trabalhando para dar sentido e aprimorar a vida. Além disso, a depressão pode ser uma maneira de preparar um futuro melhor e ainda mais saudável tanto para nós quanto para aqueles que nos rodeiam. Dr. Burton continua a mencionar que algumas das pessoas mais influentes e inspiradoras da história lidaram com a depressão ao longo de suas vidas, tais como, Abraham Lincoln e Winston Churchill. Sua busca pela paz e felicidade guiava seus corações e mentes para o poço da depressão, mas essa inquietação os auxiliou na mudança do curso da história.

É preciso imensa vontade e transparência para reconhecer e lidar com a presença da depressão, mas também, é possível que ela seja um grande impulsionador para que as pessoas criem respostas nos momentos mais sombrios de suas vidas. Em conclusão, a depressão pode levar as pessoas para os bosques profundos de suas alma, mas, também pode ajudá-las a limpar as ervas daninhas desnecessárias e os arbustos em que podem estar se escondendo a beleza da vida.

2. Pessoas com depressão precisam de mais companhia e gostam quando são procuradas por amigos e outras pessoas queridas.

Uma teoria que cresce sobre a raiz da depressão em nossa sociedade é a falta de relações sociais em nossas comunidades, e até mesmo em nossas famílias como desencadeantes ou mesmo potencializadoras da doença. Há uma dose constante de vazio e desconexão em nossas interações cotidianas, devido ao excesso de trabalho, televisão e tecnologia. As pessoas que desenvolvem depressão precisam de mais contato, mais amigos, mais pessoas chegando até elas, não o contrário.

Mesmo que haja um forte desejo por parte da pessoa doente pela solidão, é necessário quebrar esse ciclo. Amigos, vizinhos e pessoas próximas devem se aproximar para ver como estão as coisas, estimular e fazer um pouco de companhia.

Na próxima vez que você se lembrar de alguém que está passando por um estado depressivo, pense em um ato agradável, atraente e amigável que pode fazer, em vez de escolher ficar longe.

Considere seus entes queridos e amigos que estão passando pela depressão como pessoas que estão precisando de você e de sua presença mais do que nunca. Família e comunidade são remédios naturais para a depressão. Vamos começar a usá-los com mais frequência, e como um excelente complemento no tratamento.

Madre Teresa faz uma colocação muito pertinente e que pode ser lembrada nesse contexto: “A mais terrível pobreza é a solidão e o sentimento de não ser amado.”

3. A pessoa doente não tem intenção de sobrecarregar ninguém

Uma característica comum de pessoas que estão lidando com a depressão é que elas estão conscientes de si mesmos, de seus pensamentos, seus sentimentos e do comportamento dos outros em relação a elas. O peso que a depressão pode trazer sobre uma pessoa é suficiente para enterrá-la por um dia – e o julgamento de pessoas ao seu redor não está na lista de afazeres.

Apenas um indivíduo deprimido entende o quão difícil pode ser esconder seus sentimentos e pensamentos de outras pessoas para evitar julgamentos e outras situações constrangedoras.

Infelizmente, as pessoas que lutam contra a depressão podem optar pela solidão, porque elas não querem afetar ninguém negativamente. Embora isso possa não ser sempre o caso, entes queridos deprimidos desejam gerenciar sua depressão, e para isso podem tentar não afetar as pessoas próximas. Essa pode ser uma situação paradoxal, porque estar sozinho pode realmente agravar os sintomas de depressão.

A depressão pode fazer com que a pessoa se sinta como se ela fosse um fardo para o mundo, especialmente para aqueles que a rodeiam. Elas não estão em busca de atenção. É um entendimento valioso reconhecer que administrar a depressão é o objetivo mais importante de um indivíduo deprimido, não causando quaisquer ônus ou dor aos próximos. Se acontecer de eles te machucarem ou ofenderem, lembre-se de que eles não são o inimigo – a depressão é o verdadeiro inimigo. Diga à pessoa deprimida que você a aceita, incondicionalmente, e a lembre de  todas as características positivas que você ama nela.

4. Uma pessoa com depressão não está “quebrada” ou com defeito

O corpo humano é uma máquina complexa. Ainda mais complexo é o cérebro humano, suas estruturas e funções. Embora a causa de algumas formas de depressão não sejam totalmente conhecidas ou compreendidas, muitos de nós fazemos a suposição de que um indivíduo deprimido está com defeito ou falha em seu funcionamento. O valor de uma pessoa não está correlacionado com o diagnóstico de depressão. A depressão pode acontecer na vida de uma pessoa, por muitas razões e a ciência está longe de respostas definitivas.

A coisa mais útil que você pode fazer para ajudar é continuar a valorizar o indivíduo deprimido e olhá-lo como um todo, como uma pessoa valiosa.

5. Eles são filósofos naturais

Indivíduos que vivem uma depressão têm muitas perguntas e opiniões sobre a vida, sobre a felicidade e sobre a sua importância no mundo. A depressão tem um jeito engraçado de tornar a perspectiva da pessoa mais ampla e inclusiva.

Os indivíduos deprimidos gostariam de fazer do mundo um lugar melhor e mais justo. Eles gostariam de ter respostas para todos os desafios da vida e, em seguida, gostariam de compartilhar o conhecimento com tantas pessoas quanto possível. Às vezes, essa curiosidade pode ser uma inimiga, uma vez que irá criar mais perguntas do que há respostas.

Nunca se esqueça de reconhecer que os indivíduos deprimidos são inteligentes, curiosos e criativos. Esse é um ponto positivo, não negativo.

6. Eles estão lutando arduamente contra a depressão e precisam de apoio

Na maior luta de suas vidas, os indivíduos deprimidos precisam de líderes de torcida, não de intimidadores. É nos momentos mais sombrios que os amigos podem se tornar os anjos e os anjos se tornarem salva-vidas – literalmente. Você terá uma escolha em algum momento de sua vida para ser um salva-vidas ou um ceifador de esperanças. Seja um salva-vidas. Dê o presente da aceitação, ajuda, incentivo e presença.

7. Eles gostam de ter oportunidades de diversão e risos

O que é o oposto da depressão? É um fenômeno científico provado que o riso é bom para a alma e para a mente. Os indivíduos deprimidos funcionam da mesma maneira.

8. Eles são sensíveis aos sentimentos e ações de outras pessoas

Os indivíduos deprimidos cuidam – e eles se preocupam muito. Eles se preocupam sobre como você se sente, sobre como você os vê, sobre como você se vê e sobre o que os outros precisam. Pode ser que eles se preocupem até demais! Algumas das pessoas mais carinhosas que eu já conheci são pessoas que sofrem de algum tipo de depressão. Deixe-os saber o que você precisa e o que você não precisa.

Estabeleça limites claros e seja carinhoso e atencioso. Não há nada melhor do que um relacionamento sólido com base em uma comunicação saudável e com  limites.

9. Eles devem ser tratados com respeito

Há um estigma negativo vindo da sociedade e ligado a lidar com a depressão. O respeito é muito mais um valor do que um ato. Respeito envolve ver além do indivíduo deprimido e enxergar a pessoa inteira.

A depressão tem a capacidade de mascarar muitas qualidades positivas e verdadeiramente notáveis de uma pessoa. Não deixe que a depressão te engane ou engane a quem você ama. Comemore o que você não vê inicialmente, buscando a bondade das pessoas que sofrem com essa doença difícil.

10. Eles devem ser tratados como qualquer outra pessoa

Às vezes, apenas viver uma rotina com o máximo de normalidade possível pode trazer um tal impulso no tratamento que pode servir como um grande coadjuvante no tratamento para a depressão.

11. Eles têm talentos e interesses

Todos nós temos talentos e habilidades. Seus entes queridos que estão deprimidos adorariam fazer algo. E adivinha? Eles provavelmente podem fazê-lo muito, muito bem! Se você não sabe o que é, então, você acabou de encontrar a sua próxima missão. Vá descobrir. Ajude-os a encontrar a sua verdadeira paixão. Procure maneiras de alimentar e aprimorar essa paixão e, finalmente, apagar essa identidade negativa que vem com a luta contra a depressão.

12. Eles são totalmente capazes de dar e receber amor

Todo ser humano na Terra é capaz de dar e receber amor. E, você adivinhou! Seus entes queridos deprimidos não são diferentes. Dê e você receberá. Trate os outros como você gostaria de ser tratado. Não importa que alguém está lutando contra a depressão. A capacidade de amar ainda existe. Ela ainda está lá! Estenda a mão para ela. Você vai encontrar muito mais amor do que você imaginou que pudesse haver por lá.

Lembre-se de que, nas janelas de alívio dos sintomas da depressão, pode haver episódios maravilhosos de notável alegria, risos e comunhão. Você deve contar com elas e esperar que elas apareçam estando pronto para agir.

13. Eles adoram aprender sobre como funciona a vida

Em busca de maneiras de aliviar sua depressão, os indivíduos podem se tornar solucionadores de problemas naturais. Não se surpreenda se eles se tornarem leitores ou aprendizes vorazes. Não se surpreenda se eles fizerem perguntas que não podem ser respondidas rapidamente. Muitos dos líderes e pioneiros do mundo foram levados por uma análise profunda, pensamentos profundos e crenças e valores profundos, mas, fortemente enraizados. Às vezes, simplesmente devemos permitir que as nossas perguntas venham à tona.

14. Eles não planejam perder a luta contra a depressão

A luta contra a depressão pode acontecer ao longo de toda uma vida ou pode acontecer em um episódio isolado. Independentemente disso, uma luta é aquela que sempre precisa ser vencida. A pergunta sempre é: quando vou conseguir sair dessa depressão e como posso acelerar isso um pouco? O plano é ganhar contra a depressão. O objetivo é não se afundar em autopiedade. De extrema importância é lembrar que a depressão é tratável e há muitos, muitos recursos para ajudar. Um dos primeiros passos na luta contra a depressão é reconhecer a sua presença. Ao reconhecer a sua presença, você pode começar a tratá-la. Muitas vezes, uma pessoa em negação vai gastar inúmeras quantidades de energia escondendo sua depressão, ou tentando lidar com isso através de sua própria vontade.

15. Eles podem se sentir tristes, sem razão aparente, apenas esteja com eles

O humor pode ser volátil e instável, e ele não é algo que é facilmente controlado como um interruptor ou uma alavanca. Seus entes queridos estão tentando muito, mas, é muito difícil ser feliz, agradável e envolvente quando o humor varia pelo lado oposto.

Eles precisam de você por perto. Literalmente. Basta sentar-se com eles e ler um livro juntos, assistir a uma comédia, ou fazer um pequeno passeio até a loja de café local para uma pequena distração. Nenhum psicólogo é necessário nesse ponto, a relação acontece entre vocês, apenas a sua presença e aceitação são grande diferenciais.

16. Eles podem não ter tanta energia quanto eles gostariam de ter

Um dos sintomas da depressão é a fadiga ou a falta de energia. Um dos antidepressivos mais eficazes que tem sido reconhecido pelas pesquisas é o exercício. Eu imagino que você talvez já tenha ouvido falar dessa recomendação antes, mas deixe-me ser um pouco mais específico. O tipo e a duração do exercício pode variar, mas, o mínimo necessário para se sentir um efeito antidepressivo é fazendo uma caminhada rápida pelo menos três vezes por semana durante 30 minutos de cada vez.

17. Podem parecer irritáveis às vezes – mas, você não deve levar nada disso para o lado pessoal.

Irritabilidade é outro sintoma de depressão, embora não haja nenhuma desculpa para tratar as pessoas de maneira desrespeitosa. Por isso, é importante que exista uma expectativa quanto a um padrão mínimo que você espera de alguém. Um limite pode ser pensado como uma expectativa do que é ajustado, a fim de manter uma relação harmoniosa.

Se um indivíduo deprimido ferir seus sentimentos, de alguma forma, não há problema em dizer-lhes isso. Basta deixar que a pessoa amada saiba como você está se sentindo. Além disso, se o seu ente querido deprimido não está disposto a ouvir, tente novamente mais tarde quando as emoções estiverem mais equilibradas. Deixe-os saber que você os ama, mas que você também ama a si mesmo.

18. Eles não querem ouvir verbos como “deveria”.

Como em “Você deveria sair mais com seus amigos”. Se houver uma kriptonita para indivíduos deprimidos, é essa – o “deveria”. Os indivíduos deprimidos já têm um profundo e arraigado sentimento de “dever”. No caso de você não saber o que é um “dever”, é uma declaração de que tem um “sentimento de obrigação” inserido dentro de si. Por exemplo, você “deve” sair e se exercitar mais.  Se eu fosse você, eu faria x, y e z.

Uma postura como essa pressupõe que o indivíduo deprimido não tem uma mente e vontade própria e a pessoa que faz essas declarações assume uma atitude paternalista. E, entes queridos deprimidos não precisam de um pai dizendo o que eles “deveriam” fazer. Em vez disso, opte por fazer perguntas abertas e que deem à pessoa a oportunidade de refletir e tomar suas próprias decisões.

19. Eles precisam de muito apoio familiar e incentivo

Há um grande poder na utilização de um relacionamento como uma ferramenta para ajudar os indivíduos deprimidos a aprenderem sobre si mesmos.

Uma das melhores maneiras de fazer a diferença na vida de uma pessoa deprimida é deixar que ela saiba que você está lá com ela. Isso é algo que tem de ser comunicado diretamente, cara a cara. Algo que deve ser considerado também é a maneira com que você mostra o seu apoio e encorajamento. Aqui está uma pequena lista de recomendações:

– Dê um pequeno elogio sincero;

– Observe os pontos fortes e positivos da pessoa querida que está doente;

– Inclua essa pessoa em seus eventos ou planos;

– Remova as palavras “deveria” da relação;

– Respeite seus sentimentos e pensamentos, mas, use perguntas abertas, tanto quanto possível.

20. Eles precisam de reforço positivo mais do que críticas

Em qualquer relacionamento, destaque sempre os ganhos positivos e os comemore. Isso ajuda a aumentar a chance de repetição do comportamento desejado.

Por outro lado, ser o destinatário de reforço positivo gera um sentimento maravilhoso. Mesmo no local de trabalho, quando recebemos elogios e reconhecimento pelo nosso trabalho e esforços, aumentamos a nossa produtividade e nossa dedicação ao que fazemos.

A pessoa querida sempre receberá um reforço em sua autoestima quando você decidir usar um reforço positivo.

Experimente.

Do original:  20 Things to Remember If You Love A Person With Depression

Traduzido e adaptado por Josie Conti exclusivamente para o site Conti outra.

Dica de livro: O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão, Andrew Solomão

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