Não fale palavras de amor

Não fale palavras de amor

Por Clara Baccarin

Não tenha pressa de estabelecer uma ordem imediata, não queira definir isso que surge e vem em tantos ritmos. Algumas manhãs invade as janelas, em outras é bicho arredio.

Não desague tantos planos, não faça tantas promessas, não acredite no tempo, não encontre significados óbvios nos encontros do acaso. Foi tudo uma coincidência, bonita, mas sem razões além de si mesma.

Tenhamos sim olhos de perceber as bonitas coincidências e vive-las. Vivemo-las acima de tudo, agora. Não vamos confisca-las, captura-las, prega-las nas pareces da memória, emolduradas com bonitas palavras de amor. Já tão gastas. E dizer que foi o destino. Decoremos nossa memória com artefatos mais rústicos, menos lineares. Com imagens sem vernáculos. Com palavras menos cheias e corrompidas. Pois nosso existir juntos é movimento, se dá pelos olhos e não pelas convenções. E os olhos às vezes sorriem, às vezes desaguam, às vezes nascem, às vezes se fecham.

Não fale palavras de amor.

As palavras embrulham o amor, envolvem o amor, sobrecarregam o amor, escondem o amor. As palavras de amor se tornam o amor. E o amor vira só casca, bela fachada. As palavras pesam. Porque represam o que era livre. As palavras de amor me culpam, me tornam responsável por aquilo que cativei. Mas cativei com olhos! Não com palavras. Não traduza os olhares com palavras desse calão.

Não me fale palavras de amor.

Me fale palavras nuas, cruas, de vento, de deserto, de bicho sem alfabeto, de som de passarinho. Liberte as palavras de bobo, esqueça as de sábio.

Eu sei eu sei, escrevo, como não haveria de saber. Traduzir sentimentos em palavras é prolongar belezas, é mantê-las um pouco mais perto de nós, é poder admira-las mais vezes e com isso atar o sentimento. Falemos sim dos sentimentos! Esse sentimento que surge em tantos ritmos, às vezes invadindo as janelas, às vezes sendo bicho arredio. Falemos de sentimentos.

Mas não falemos as benditas palavras de amor.

Essas palavras que só querem concretizar as janelas invadidas e suprimem os bichos arredios.

A intensidade dos oceanos está no quebrar das ondas mas também no intervalo entre uma quebra e outra.

Não fale palavras de amor que são só ondas, explosão.

Me dê um poema mexicano e oriental. Tudo na mesma folha. A veemência de um Neruda nas três linhas de um haiku.

Sejamos intensos e inofensivos. Sejamos silêncios prolixos. Sejamos vendavais descomedidos.

Mas não sejamos palavras de amor.

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12 atitudes que roubam a energia. Fique alerta!

12 atitudes que roubam a energia. Fique alerta!
 
1 – Pensamentos obsessivos
Pensar gasta energia, e todos nós sabemos disso. Ficar remoendo um problema cansa mais do que um dia inteiro de trabalho físico. Quem não tem domínio sobre seus pensamentos – mal comum ao homem ocidental, torna-se escravo da mente e acaba gastando a energia que poderia ser convertida em atitudes concretas, além de alimentar ainda mais os conflitos. Não basta estar atento ao volume de pensamentos, é preciso prestar atenção à qualidade deles. Pensamentos positivos, éticos e elevados podem recarregar as energias, enquanto o pessimismo consome energia e atrai mais negatividade para nossas vidas.
2 – Sentimentos tóxicos
Choques emocionais e raiva intensa também esgotam as energias, assim como ressentimentos e mágoas nutridos durante anos seguidos. Não é à toa que muitas pessoas ficam estagnadas. Isso acontece quando a energia que alimenta o prazer, o sucesso e a felicidade é gasta na manutenção de sentimentos negativos. Medo e culpa também gastam energia, e a ansiedade descompassa a vida. Por outro lado, os sentimentos positivos, como a amizade, o amor, a confiança, o desprendimento, a solidariedade, a auto-estima, a alegria e o bom-humor recarregam as energia e dão força para empreender nossos projetos e superar os obstáculos.
3 – Maus hábitos – Falta de cuidado com o corpo
Descanso, boa alimentação, hábitos saudáveis, exercícios físicos e o lazer são sempre colocados em segundo plano. A rotina corrida e a competitividade fazem com que haja negligência em relação a aspectos básicos para a manutenção da saúde energética.
4 – Fugir do presente
As energias são colocadas onde a atenção é focada. O homem tem a tendência de achar que no passado as coisas eram mais fáceis: “bons tempos aqueles!”, costumam dizer. Tanto os saudosistas, que se apegam às lembranças do passado, quanto aqueles que não conseguem esquecer os traumas, colocam suas energias no passado. Por outro lado, os sonhadores ou as pessoas que vivem esperando pelo futuro, depositando nele sua felicidade e realização, deixam pouca ou nenhuma energia no presente. E é apenas no presente que podemos construir nossas vidas.
5 – Falta de perdão
Perdoar significa soltar ressentimentos, mágoas e culpas. Libertar o que aconteceu e olhar para frente. Quanto mais perdoamos, menos bagagem interior carregamos, gastando menos energia ao alimentar as feridas do passado. Mais do que uma regra religiosa, o perdão é uma atitude inteligente daquele que busca viver bem e quer seus caminhos livres, abertos para a felicidade. Quem não sabe perdoar os outros e si mesmo, fica “energeticamente obeso”, carregando fardos passados.
 
6 – Mentira pessoal
Todos mentem ao longo da vida, mas para sustentar as mentiras muita energia é gasta. Somos educados para desempenhar papéis e não para sermos nós mesmos: a mocinha boazinha, o machão, a vítima, a mãe extremosa, o corajoso, o pai enérgico, o mártir e o intelectual. Quando somos nós mesmos, a vida flui e tudo acontece com pouquíssimo esforço.
7 – Viver a vida do outro
Ninguém vive só e, por meio dos relacionamentos interpessoais, evoluímos e nos realizamos, mas é preciso ter noção de limites e saber amadurecer também nossa individualidade. Esse equilíbrio nos resguarda energeticamente e nos recarrega. Quem cuida da vida do outro, sofrendo seus problemas e interferindo mais do que é recomendável, acaba não tendo energia para construir sua própria vida. O único prêmio, nesse caso, é a frustração.
8 – Bagunça e projetos inacabados
A bagunça afeta muito as pessoas, causando confusão mental e emocional. Um truque legal quando a vida anda confusa é arrumar a casa, os armários, gavetas, a bolsa e os documentos, além de fazer uma faxina no que está sujo. À medida em que ordenamos e limpamos os objetos, também colocamos em ordem nossa mente e coração. Pode não resolver o problema, mas dá alívio. Não terminar as tarefas é outro “escape” de energia. Todas as vezes que você vê, por exemplo, aquele trabalho que não concluiu, ele lhe “diz” inconscientemente: “você não me terminou! Você não me terminou!” Isso gasta uma energia tremenda. Ou você a termina ou livre-se dela e assuma que não vai concluir o trabalho. O importante é tomar uma atitude. O desenvolvimento do auto-conhecimento, da disciplina e da terminação farão com que você não invista em projetos que não serão concluídos e que apenas consumirão seu tempo e energia.
9 – Afastamento da natureza
A natureza, nossa maior fonte de alimento energético, também nos limpa das energias estáticas e desarmoniosas. O homem moderno, que habita e trabalha em locais muitas vezes doentios e desequilibrados, vê-se privado dessa fonte maravilhosa de energia. A competitividade, o individualismo e o estresse das grandes cidades agravam esse quadro e favorecem o vampirismo energético, onde todos sugam e são sugados em suas energias vitais.
10. Preguiça, negligência
E falta de objetivos na vida. Esse ítem não requer muitas explicações: negligência com a sua vida denota também negligência com seus dons e potenciais e, principalmente, com sua energia vital. Aquilo do que você não cuida, alguém vem e leva embora. O resultado: mais preguiça, moleza, sono.
11. Fanatismo
Passa um ventinho: “Ai meu Deus!Tem energia ruim aqui!” Alguém olha para você: “Oh! Céus, ela está morrendo de inveja de mim!” Enfim, tudo é espírito ruim, tudo é energia do mal, tudo é coisa do outro mundo. Essas pessoas fanáticas e sugestionáveis também adoram seguir “mestres e gurus” e depositar neles a responsabilidade por seu destino e felicidade. É fácil, fácil manipular gente assim e não só em termos de energia, mas também em relação à conta bancária!
12. Falta de aceitação
Pessoas revoltadas com a vida e consigo mesmas, que não aceitam suas vidas como elas são, que rejeitam e fazem pouco caso daquilo que têm. Esses indivíduos vivem em constante conflito e fora do seu eixo. E, por não valorizarem e não tomarem posse dos seus tesouros – porque todos nós temos dádivas – são facilmente ‘roubáveis’.
Saiba mais sobre a autora em seu blog.
Imagem de capa: Impact Photography/shutterstock

TESTE: Sua casa tem uma energia positiva ou negativa?

TESTE: Sua casa tem uma energia positiva ou negativa?

Por Franco Guizzetti

Quem não gosta de fazer um teste? Todos com certeza. Teste para saber se somos inteligentes. Charmosos. Românticos. Sexy. Se o ano vai ser bom. Qual é seu temperamento ou estilo de vida.

E que tal teste para descobrir se sua residência é positiva ou negativa? Qual energia ela tem?

Para facilitar, elaborei um teste baseado no meu conhecimento de Feng Shui.

Leia com atenção cada pergunta e escolha uma das alternativas. No final terá o resultado do teste e da energia da sua casa.

Descubra qual Energia sua casa tem, verificando no fim do teste, os resultados.

1)  Quanto a Organização e Arrumação de objetos, móveis e utensílios, sua residência é:

   a) Um exemplo de organização e limpeza. Tudo no seu devido lugar e arrumado.

   b) Depende do meu tempo. Certos ambientes estão limpos. Outros organizados. Outros uma bagunça que dá gosto

   c) Uma zona que só você consegue encontrar algo. Todos os ambientes vivem uma eterna bagunça.

2)  O Entulho, coisas sem utilidade ou velhas, na sua casa ficam aonde?

   a) Ficam bem longe de minha casa. No máximo, ficam no depósito ou quarto de despejo, para doar ou vender.

   b) Depende do meu humor. Parte fica num canto sala. Parte fica no fundo da cozinha. Mas, tudo organizado e entulhado.

   c) Fazem parte da decoração da casa. Você adora guardar “cacarecos” ou não consegue se desfazer da velharia.

3)  Sua casa tem claridade e luz?

   a) Sim, ela bem iluminada durante o dia, pelo sol que entra pelas janelas. E, à noite ascendo às luzes para clarear.

   b) Depende do meu humor. Se estou alegre abro todas as janelas. Quanto estou triste fica tudo fechado e escuro.

   c) Não, a casa é muito escura. Mesmo quando ascendo às luzes e o sol entra, o local fica escuro. Uma penumbra.

4)  Como você se sente na sua casa? Nos ambientes em geral?

   a) Calmo. Suave. Tranqüilo. Alegre. Em paz. Feliz. Sinto-me muito bem.

   b) Depende. Têm ambientes que me sinto super bem. Mas, têm ambientes que ao super negativos.

   c) Péssimo. Sinto tudo Pesado. Parado. Triste. Muita Solidão.

5)  Como é a relação entre os moradores da casa ou quando você recebe visitas?

   a) Amistoso. Descontraído. Alegre. Todos se entendem muito bem. Um ambiente feliz.

   b) Depende da visita e do momento. Tem horas que alegria. Tem hora que e só brigas.

   c) Uma Bomba. Só tem brigas. Fofoca. Confusão. Ninguém fala com ninguém. Não há respeito.

6)  Quando você esta fora de casa e chega a hora de voltar para o lar, você fica:

   a) Ansiosa por voltar ao lar. Você chegara  sentir saudades da sua casa. O local é seu “porto seguro”.

   b) Depende do dia. Tem hora que voar para meu ninho. Tem hora que da repulsa em voltar para casa.

   c) Fica nervosa em voltar. Te dá angústia em pensar que tem que voltar para casa. Não gosta de estar lá.

7)  Nesta casa, sua vida pessoal ou profissional ficou:

   a)  Muito melhor. Arrumei um emprego melhor. Encontrei meu grande amor. Viajei. Realizei meus sonhos.

  b) Depende. Ficou na meio termo. As vezes acho que piorou. As vezes acho que ficou na mesma.. As vezes acho que ganhei mais.

c)     Horrível. Depois que vim para esta casa, tudo deu errado ou perdi tudo que tinha conquistado.

8)  Quanto vale sua casa para você? Por quanto você venderia?

   a) Não venderia nem por um bilhão. Sou muito feliz aqui. Não tem preço esta energia que sinto nela.

   b) Depende do dia. Tem dia que me sinto bem nela e não vendo por valor algum. Tem dia que me sinto tão mal, que penso em ate doar.

   c) Vendo por qualquer valor. Ela é muito ruim. Para sair daqui, faço qualquer negócio.

 

 RESULTADO DO TESTE:

 Cada alternativa tem a seguinte pontuação:

a)   vale 3 

b)   vale 2

c)    vale 1

Some o total das oito perguntas.

Veja abaixo o resultado do seu teste 

1) Quem fez mais de 17 pontos:  Sua casa é muito positiva. Tem boa energia. Aplique tudo o que conhece de Feng Shui. E só manter assim e viver feliz.

2) Quem fez entre 10 e 16 ponto:  Sua casa tem uma boa energia, mas, precisa melhor mais. Ela alterna entre bons momentos energéticos e pontos de desequilíbrio. Cuide mais dela.

3) Quem fez 9 ou menos pontos: Cuidado. Sua casa esta quase indo para UTI.  Uma casa negativa. Requer cuidados urgentes. Aplique Feng Shui urgente ai.

Fonte indicada: Alma Serena

O direito de ter limites

O direito de ter limites

Por Laura Monte Serrat Barbosa

pedagoga, psicopedagoga

Em uma publicação da UNICEF, “Os novos direitos da criança”, seu autor, Luiz Lobo, destaca, entre outros, o direito que toda criança tem de ter limites.

Todos temos direito de ter limites! E por que será que tem sido tão difícil para nós, educadores (pais e professores), conseguirmos cumprir e fazer cumprir a execução de direito humano tão importante?

Passeando pela história, encontramos a origem do limite na mão de poderosos, autoritários, carrascos que, utilizando instrumentos próprios, submetiam os mais fracos e demarcavam os seus limites físicos, intelectuais, morais e sociais.

Esta origem permitiu, no decorrer da nossa história, que utilizássemos, como seres humanos, variações da colocação de limites; porém, mantendo em nossas ações as raízes na dicotomia poder x submissão.

Toda a educação tradicional foi calcada no autoritarismo, muito criticado nos, tempos atuais. Sabemos, no entanto, que a história é dinâmica, e o homem começou a valorizar o outro lado da moeda, a liberdade; no caminho histórico, descobriu o incentivo e a compreensão.

Desta forma, passamos a construir uma outra visão de limite. O limite passou a ser visto como algo negativo e, já desde muito pequena, a criança começou a ser livrar dos panos que a apertavam ao nascer, a ser entendida nas suas necessidades rapidamente e a aprender que a frustração é algo ruim.

Diante de tanta insegurança, violência, droga e sexo desregrado, precisamos nos perguntar se tínhamos razão em combater o autoritarismo. A resposta que se delineia a nossa frente não é simples, mas tem a ver com as palavras de Luiz Lobo: “o excesso de liberdade pode ser tão prejudicial quanto a falta dela”.

Sem limites ou com limites frouxos, perdemos o referencial, não nos construímos como seres sociais; com limites apertados, sufocamo-nos e não conseguimos nos tornar autônomos. Então, qual é a saída?

A Psicologia nos diz que o não é o primeiro organizador da personalidade humana. Afirma que é através da frustração que se desenvolve a cognição e conta-nos que o erro é elemento importante para se chegar ao acerto. Fala, também, que é da falta que nasce o desejo, a motivação que nos impulsiona para a ação.

Como educadores, temos receio em dizer não; procuramos evitar que nossos alunos e filhos frustrem-se; fazemos tudo para que não vivam o erro; oferecemos de tudo para que nada lhes falte. Não percebemos quanto mal estamos causando para o seu desenvolvimento.

Quem não sabe ouvir um não não precisa criar alternativas, desenvolver a argumentação, planejar e procurar novas soluções. Quem não experimenta o fracasso não precisa se mobilizar para obter o sucesso. Quem não erra não precisa rever suas hipóteses para se aproximar do acerto. Quem não sente a falta não deseja, pois os seres humanos só podem desejar algo que não têm. Se temos tudo, não há mobilização interior.

A saída é pensarmos numa forma de conscientização de nossos filhos e alunos  sobre a importância das regras, dos limites, para que eles possam interiorizá-los sem precisar de nós para controlarmos o tempo todo e sem ficarem perdidos na ausência de  referencial. Precisamos, sim, é aprender o modelo de pais autoritativos: aqueles que

Colocam os limites, cobram a obediência de seus filhos; porém, num ambiente de diálogo, em que as causas e as conseqüências são apresentadas com firmeza, sem ameaças

Colocar limites é uma arte! Quando colocamos limite, precisamos deixar espaço

Esse texto faz parte da coletânea de reflexões “Psicopedagogia e Aprendizagem”, de Laura Monte Serrat Barbosa. Contato [email protected]

Seu tempo com seus filhos

Seu tempo com seus filhos

Por Gisela Campiglia

O desejo dos pais é o de educar seus filhos para que eles sejam pessoas independentes e felizes. Mas, como atuar em direção a este propósito quando o tempo disponível para os filhos é limitado?

A comum necessidade de que o casal trabalhe fora para prover o sustento da família, restringe a convivência entre pais e filhos. Desta forma, muitas famílias encontram “educadores” alternativos para substitui-los em sua ausência justificada. Uma empregada, a escola em tempo integral, ou as avós acabam ficando encarregadas desta função. Esses preciosos colaboradores ajudam bastante, no entanto, o alcance de suas ações é restrito. Por melhor que seja uma funcionária doméstica, ela não tem a mesma autoridade que os pais para dar limites à criança quando necessário.  A escola tem influência na educação dos alunos, mas a função da escola é escolarizar, passar conhecimento acadêmico, e não educar. Uma boa escola pode até auxiliar os pais na educação de seus filhos, mas é importante ter a consciência de que existe ex-aluno, mas, não existe ex-filho. A escola convive com o aluno temporariamente, os filhos convivem com os pais por toda a vida. As avós são de plena confiança, ótimas cuidadoras, e oferecem amor as crianças, mas muitas mimam os netos em demasia, fato que acaba trazendo problemas no futuro.

Na impossibilidade de conviver o quanto gostariam com seus filhos alguns pais sentem-se culpados, por isso acabam comprando todos os presentes que as crianças pedem no intuito de compensar sua ausência. Este é um grande equívoco, pois a criança que ganha tudo aquilo que deseja, terá dificuldades de superar frustrações durante a vida. A criança não tem a oportunidade de treinar em casa, mas a vida fará com que ela aprenda a lidar com as contrariedades na marra. A quantidade de objetos que os pais oferecem aos filhos não supre suas necessidades afetivas. Os filhos precisam sentir o quanto eles são importantes para seus pais através do amor, da atenção, dos cuidados e dos limites que recebem. Somente a convivência pode construir uma relação de amor, mas como realizar essa nobre missão quando o tempo disponível para os filhos é escasso?

Uma frase bem colocada causa muito mais impacto do que horas de conversa sem conteúdo. Um abraço de amor intenso tem mais valor do que vários telefonemas.
O que produz significado em nossa vida a quantidade, ou a qualidade?

 Existem mães que ficam em casa com as crianças o dia todo, porém não desgrudam os olhos da tela do computador. Quando a criança solicita atenção, a mãe responde:
“- Espere só um minutinho que eu já vou!”.  O filho espera minutos, horas, e nunca chega o momento de receber a atenção desejada.  A consequência é que a criança sentirá que sua presença na vida da mãe é irrelevante, e isso é muito perigoso. Pesquisas revelam que o uso de drogas na adolescência também é motivado pelo fato do jovem sentir-se desvalorizado pelos pais. A pior miséria que existe no mundo é a falta de amor, vivemos em um planeta cheio de carentes emocionais.

A solução é estar presente de corpo e alma quando houver a oportunidade de ficar com seus filhos. Determine um tempo sagrado para dar atenção exclusiva a eles, mesmo que seja apenas uma hora por dia. Evite permitir que sua energia seja desviada para qualquer outra tarefa durante o período que você criou para estar com as crianças. Não dá para disfarçar em que direção esta indo seu fluxo de energia, os filhos sentem quando o seu foco de atenção não está neles. Programar o cardápio da semana, atender o celular, assistir novela, checar os e-mails pessoais, ou conversar com o cônjuge, são tarefas para serem realizadas quando as crianças já estiverem dormindo.  Se você fica o tempo todo realizando multitarefas, e nunca oferece o privilégio de dar atenção especial para seu filho, ele interpreta o fato equivocadamente. Passa a acreditar que não é merecedor de sua atenção, cresce com baixa estima e leva essa influência para a vida adulta. Não adianta explicar que você é muito ocupado, porque esta se matando de trabalhar para dar uma boa educação para eles. Os filhos precisam ser nutridos com amor, o alimento da alma.

Praticar a sua autoridade em relação aos seus filhos também é uma forma de exercer amor. Muitos pais relutam em realizar essa função intransferível com medo de que os filhos deixem de ama-los, ou mesmo, pela vaidade de mostrar uma imagem sempre agradável para as crianças. Não tenha receio de corrigir quando houver necessidade, proteger seus filhos é diferente de evitar frustrações, o seu sentimento de pena enfraquece a criança. Um adulto sem limites revela uma educação sem limites. A prática do amor inclui disciplina. Você não deve admitir que seus filhos alimentem-se com doces e refrigerantes em excesso, não pode tolerar que se comportem agressivamente na escola. A firmeza dos pais quanto à educação é um ato de amor e proteção. O resultado é a formação de um adulto estruturado com forças existenciais e morais, capaz de conquistar a própria felicidade.

Pais, por favor, não se torturem! A sua relação com seus filhos não é definida pelo tempo que você passa com eles, mas sim pela forma como você se relaciona durante o tempo que dispõe. A sua postura e sentimentos em relação aos seus filhos vão determinar a qualidade da educação que você oferece.

contioutra.com - Seu tempo com seus filhos

Nota da CONTIoutra: a reprodução desse material foi autorizada pela autora.

A autora também oferece gratuitamente um E-book sobre Ansiedade, o mal do século XXI.

Gisela Campiglia é palestrante e colunista especializada na Auto realização humana, meu objetivo é ajudar as pessoas a se ajudarem. Integro o conhecimento adquirido em minha formação acadêmica e experiência de vida, para viabilizar o desenvolvimento humano de forma integral. Sou uma consciência universal feminina que busca a evolução através do autoconhecimento e do amor. Formação: Física Quântica – Amit Goswami, Psicologia Junguiana – Facis, Bioenergia – Ippb, Metafísica – Luiz Gasparetto, Administração – Puc, Marketing – Chapman University, Publicidade – Espm. Contato: [email protected]

Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro!

Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro!

Por Juliana Santos

Faz tempo que penso na magia da amizade e no bem enorme que os grandes e verdadeiros amigos fazem à nossa vida! “Que haverá de mais doce do que poder falar a alguém como falarias a ti mesmo?” Cicero – filósofo romano

Como humanos, desde que nascemos precisamos da presença dos outros para nos desenvolvermos e sermos felizes. Estudos já comprovaram que crianças privadas de afeto têm atrofias cerebrais, afinal… já é sabido, o cérebro hoje é entendido como resultado de nossas relações e não mais como a gênese de nossos impulsos e comportamentos. Quem coordena nossas sinapses, e nossas conexões neurais são nossas experiências humanas ao lado dos outros. No início, ao lado de nossos pais e parentes próximos e depois, ao lado dos amores que escolhemos viver! Sim… amigos são amores! E assim, vamos preenchendo nossa vida de significados!

Apenas chamamos de amigos alguém a quem amamos e sentimo-nos amados, gratuitamente. Na amizade, não cabem utilitarismos, hierarquia ou qualquer uso de poder, já que a relação se estabelece é de igualdade. Para os amigos do peito, podemos contar os segredos do nosso coração. São as pessoas que queremos por perto nas melhores e piores horas de nossas vidas.  Eles se tornam testemunhas da nossa existência e nos dão um senso de segurança que nos permite ter a certeza de que sofreremos de saudade, mas não de solidão.

Quer provar a verdade de uma amizade? Veja se ela resiste à franqueza. Sim! Em algum momento, será preciso censurar, corrigir ou instruir com benevolência. Em contrapartida, o outro coração deve estar paciente e humilde para não deixar-se tomar pelo orgulho e ressentimento.  A bajulação não nos permite ser verdadeiros com os outros. E quando um se põe a dizer a verdade e o outro ouve com mentira, e vice versa, não há amizade, há perigo, há falsos amigos.

Mas com estes também precisamos conviver! Uma vez que os verdadeiros criam bases sólidas e colocam o nosso ego e nossa alma numa vivência de calor e aconchego, os falsos amigos tomam a nossa inocência e despertam a nossa astúcia , qualidade também necessária  à nossa sobrevivência.

A vida é assim… não escolhemos o bem ou mal, mas sim temos de aprender a lidar com um e com outro. Toda experiência que fazemos serve para exercitar tanto o biológico, quanto o psíquico. Desta forma é que incrementamos nossos sistemas de recursos emocionais, que nos capacitam a cada dia para lidar com nossas questões humanas. À medida que somamos vivências, o nosso ego ganha capacidade organizadora e cria em nós um senso de continuidade, que nos permite ir adiante.

 Ah… “mas quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro.” (Ecl6, 14) E ainda que tenhamos que conviver com inúmeros falsos amigos, gostoso mesmo é preencher a vida de gente boa! Elas, além de outras tantas coisas boas na vida, nos fazem companhia e nos fortalecem na arte de navegar, com segurança, nas torrentes do caminho rumo à auto realização, além de preencher o coração da melhor sensação humana que podemos ter: ser amados! Afinal,  o prêmio da amizade é o próprio amor e prazer que ela desperta!

contioutra.com - Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro!

contioutra.com - Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro!Juliana Pereira dos Santos – Psicóloga, especialista em Psicologia Clínica Junguiana. Aprimoranda em Psicopatologia e Psicologia Simbólica pelo Instituto Sedes Sapientiae e Coach formada pela Sociedade Brasileira de Coaching. CRP: 06/ 108582

A maturidade vem com as horas

A maturidade vem com as horas

Por Patrícia Dantas

Ela é como a mulher que dobra a esquina sem saber com quem vai topar. Embora ela não espere dar de cara com um cafajeste, é o que às vezes acontece. Literalmente, quebrar a cara, para só assim aprender ou remediar da próxima vez que agir. É que não se tem escolha, ou faz, ou se adianta, ou se espraia por onde passa, ou nada.

O mais interessante é que tem gente que só se diz madura, quando passa por uns bons perrengues na vida. “Agora sim, tenho maturidade para escolher o que é melhor para mim.” Talvez nunca lhe falaram que, para muitas reentrâncias da vida, não existem fórmulas prontas, nem regras já experimentadas, tudo acontece num raio de segundos. E não há maturidade ou experiência que resolva o insustentável do inesperado.

Se é difícil encarar alguns acontecimentos trágicos e descaminhados quando já temos passado pelo rito de iniciação, imaginemos agora – quanto mais trágico ainda – quando estamos na posição de algo intocável e embebido pela doce vida – intocáveis como a eterna juventude! É com gastar a pele com o passar dos anos, atropelar o próximo ano quando não se tem vivido o atual. Para isso tudo não precisamos de maturidade, mas de calma e compreensão, para que nosso amadurecimento aconteça como o ciclo vital da natureza, que tudo permite, tudo deseja, tudo procria, tudo destrói, tudo recria; procria e recria com o zelo e dedicação de uma mãe.

Hoje não me vejo como uma pessoa madura ou em via de amadurecimento completo daqui a alguns anos – quase já caindo aos pés da vida. Imagino que, nem quando chegar lá, ao longe, bem velhinha, esteja preparada, por certo esboçando um sorriso feliz e gritando em meu interior: “Vivi e agora sou uma pessoa madura!” Não terei tanta prepotência e maturidade para tal artimanha. O melhor a fazer é preparar os trapinhos para ver se dou sorte e alguém não me azucrina para dar conselhos que não serviriam para mim – é que não fizeram parte das minhas experiências e dos momentos que foram só meus. Tá vendo que não existem fórmulas prontas?

Experimenta me perguntar, daqui a algum tempo, o que fazer: entre uma viagem de alguns meses, ou ficar ao lado da pessoa amada, para que não lhe escape de vista. Não terei a resposta, com certeza, porque não depende de um ciclo previsível, mas da combinação de tudo, da complexidade, do caos em mim, do desconexo, de você, da outra pessoa.

Pasme! Como muitas pessoas – você, eu – têm o dom de achar que pode resolver tudo das muitas coisas que se passam em nosso complexo e banal cotidiano – porque dele não tiramos a completude, ou não sabemos ainda, mas é nosso, parte das nossas mais sofisticadas entranhas. Estamos mal acostumados com tamanho desconhecimento, pois ralamos tanto pelo nível absoluto da compreensão que nem vemos as horas passarem tão apressadas.

Prefiro não me adiantar, mas costumo estar à frente de mim, como um binóculo refazendo e caricaturando cenas que poderiam passar mais lentamente, mas é o ritmo condensado e rijo que assume a postura do homem do tempo. “Siga, com pressa, assim chegará mais rápido, antes de você. Corra o risco, seja outra, assuma a irresponsabilidade de atropelar incansavelmente o fluxo dos seus dias. “

E assim, continuo pensando que o caminho certo é este que me sobressalta antes mesmo do amanhecer.

Cartas, por Lúcia Costa

Cartas, por Lúcia Costa

Por Lúcia Costa

Cartas

Tico das Cartas era um político. Eleito prefeito da pequena cidade de Rio dos Trouxas, só comparecia eventualmente à prefeitura; gostava mesmo de despachar era lá Cabaré de Ritinha, onde mantinha um gabinete na mesa central do bar. Contam que, certa vez, recebeu o bispo por lá e entre goles e quengas discutiram a reforma da igreja.

Tico tinha uma outra paixão que lhe rendera o sobrenome: o jogo de baralho. Desde onze anos de idade, quando ainda morava em uma estreita faixa de terra com os pais e mais meia-dúzia de irmãos, jogava com os meninos que trabalhavam junto a ele apanhando algodão. O dia no campo colhendo o produto, à noite, sentados em sacos abarrotadas de algodão, entregavam-se aos naipes.

Sua vida mudou. Conseguiu se eleger vereador graças ao discurso em defesa dos agricultores, tornou-se prefeito.

O gosto pelo baralho foi ficando primoroso. Era um vício. Blefar era um orgasmo. As cartas construíam os degraus que lhe levavam às nuvens.

Casado com a bela Tereza – moça fina, educada para ser esposa, temente ao marido e à igreja – moravam em uma enorme casa verde com janelas vermelhas enormes.

O baralho lhe rendia sorte, ganhou muito dinheiro, conseguiu, ele mesmo, financiar sua campanha política, comprou terra, gado. Montou um açougue que vendia carne para toda a região de Rio dos Trouxas.

Mas Tico se excedia com dinheiro. Alugava o único clube da cidade e promovia jogatinas regadas a whisky e mulheres. Chegou a financiar um encontro estadual de quengas lá no cabaré de Ritinha. Apostava tudo na mesa de baralho e já não contava com a mesma sorte. Suas despesas excediam seus lucros. Estava em crise.
Tereza casou-se apaixonada. Amava os negros olhos de Tico, a fala firme, a forma como ficava ereto. Desiludiu-se; sabia das excentricidades do marido. Preferia a voz do seu próprio silêncio. Mal dirigia a palavra àquele homem. Mal se movia dentro de casa. Mal seus olhos se alegravam.

Tico não se reconhecia mais enquanto rei das cartas; perdia a cada dia, até chegar ao ponto de possuir somente o titulo de prefeito e a esposa. Sentia-se desanimado. Procurou rezas para lhe afastar o azar. Nada adiantava; não podia sentar em uma mesa que já perdia na estreia.

Em Rio dos Trouxas, tinha um coveiro, Tonho, que, há algum tempo, vinha crescendo no jogo. Admirava o prefeito. Aprendeu com Tico as manhas e as manias de um bom jogador. Estava já para largar a profissão; jogar lhe rendia um bom dinheiro. Acreditava que podia ficar rico através das cartas.

Um dia, Tonho resolveu jogar contra seu mestre. Tico, ressabiado e já sabendo da fama crescente de bom jogador que o rapaz carregava, procurou se desvencilhar, mas Tonho insistiu e ele não era homem de correr de mesa. Aceitou, mas não tinha dinheiro para apostar. Tonho o pressionou: existe triunfo sem troféu? Tico apostou a esposa que ganharia aquela partida. Tonho não tinha ninguém até então.

Tereza sentiu-se humilhada diante à cidade. Todos, rindo, gargalhando, olhavam-na sair da grande casa. Tico embrenhou-se pelo mato, enquanto Tonho a esperava, calado, cabisbaixo. Levou para casa o seu troféu de olhos tristes. Deu-lhe seu jardim, sua cozinha, sua sala, sua cama.

Tonho abandonou as cartas, preferiu continuar enterrando germes obsoletos. Tereza, pela manhã, abre as pequenas janelas verdes da casa vermelha e acende um sorriso para toda a Rio dos Trouxas.

O costume de beijar

O costume de beijar

Por Martiniano J. Silva

Assim como o beijo, o costume de beijar é mais antigo do que se possa imaginar, embora nem sempre sirva para demonstrar o mesmo grau de afeto ou consideração. Os beijos mais antigos que se conhecem são os que se constituem em saudações correntes às estátuas dos ídolos e às pessoas a quem se pretendia prestar homenagens respeitosas. Beijar na boca era coisa rara. A maior parte das vezes beijava-se a barba, os cabelos, a face, os olhos. Na mais remota antiguidade, era assim que o vassalo rendia homenagem ao seu suserano. Os gregos chegaram a possuir uma lei que proibia os homens de beijarem em público as suas mulheres, e os mais ousados estavam sujeitos à pena de morte. No Oriente, conservou-se o costume de beijar a mão, os joelhos ou mesmo os pés, sabendo-se que os reis da Pérsia não concediam este favor a toda gente.

Os primitivos romanos eram partidários do beijo e com ele selavam seus contratos núpcias. Os cristãos dos primeiros tempos escolheram-no para as saudações. No ano 397, porém, uma conferência reunida em Cartago proibiu esta forma de saudação entre pessoas de sexos diferentes. A Bíblia, aliás, está cheia de beijos, das mais diversas espécies, desde o beijo traidor de Judas à terna saudação de Jacó a Raquel. A Igreja Católica, por sua vez, em que pese uma série de modificações em seu ritual, principalmente durante as missas, dá ainda um lugar especial ao beijo nas suas cerimônias. Quem é que não conhece o clássico beijo “de anel” dos bispos?

Em reminiscência das recomendações de São Paulo para que os fieis se saudassem com beijos santos (osculo santum), os ritos modernos distinguem ainda o beijo do altar, o beijo da paz, o beijo do anel, da mão e dos pés. O primeiro, como sabemos, continua sendo celebrado na missa. O beijo da paz é aquele que, desde os tempos apostólicos, os cristãos trocavam, durante a missa, em sinal de união e de caridade. Hoje, esse beijo, durante a missa, é um amistoso e cordial, mas caloroso aperto de mão, só raramente seguido de algumas “bicotas” entre casais, filhos, noivos, namorados e demais presentes. Seria bom que os padres insistissem, explicando ao povo da importância desse aperto de mão durante a missa, representando e simbolizando o beijo de antigamente. Após o Papa Francisco, todos estes atos estão mais calorosos.

Durante o primeiro século da Era Cristã, os homens beijavam-se entre si e as mulheres também porque homens e mulheres não estavam juntos durante as cerimônias religiosas. O beijo era então dado na boca e ainda acompanhado da energia do abraço, dividido em vários tipos, às vezes demorados, ora de tempo breve, de que ainda falarei. Só mais tarde é que esse costume foi substituído pelo de se tocarem entre si com a face. A partir do século XIII tal costume foi abolido para os leigos, que se contentavam em beijar o mesmo crucifixo ou placa de metal contendo relíquias sagradas. Hoje, os eclesiásticos dão ainda o beijo da comunhão, dizendo: “Corpo de Cristo, amém”. E os fieis beijam o anel dos bispos quando estes concedem a sua benção. Durante muito tempo, os cardeais conservaram o direito de beijar as rainhas na boca, especialmente na Espanha. Nos tempos de Henrique VIII, nenhuma dama ousaria despedir-se do seu par de baile sem recompensá-lo com um beijo, costume que não poderia ter acabado, que por certo era um beijo afetuoso e cortês, polido e doce.

A guisa de ilustrar, registro o costume de abraçar, amplexo ou abraçamento, no qual, não raro necessário e indispensável, como no costume de beijar, continua mantendo inegáveis fingimentos, ensejando mais beijos, selinhos, bicotas, toquinhos nas costas, mais vezes também fingidos, até o dia em que erradicaremos nossa crônica hipocrisia. Sem adentrar-me nos conteúdos e detalhes do que não sou versado, lembro somente o abraço chamado “tipo padrão” que, segundo a jornalista Nayara Reis, desse Diário (caderno Cidades,09/10/2013), é o que envolve os ombros, os lados da cabeça apertados num contra o outro, e os corpos inclinados para frente sem se tocar absolutamente abaixo do nível dos ombros. O tempo gasto neste tipo de abraço normalmente é breve , uma vez que significa quase sempre “olá” ou “até logo”.

Num país onde nem o abraço consegue se salvar dos preconceitos, é de se pensar no que acontece com o denominado “beijo gay”; notando-se grande repercussão social e o que ainda ocorre com o estranho “beijo lésbico”, em novelas, por exemplo, onde ainda é mais surpreendente o choque é maior, grande frisson, ainda causando mais preconceitos que, de tão fortes e mais vezes anacrônicos, levam as pessoas a confundir um oportuno “beijo artístico” de duas atrizes consagradas da televisão brasileira com o comportamento excessivamente tradicionalista e retrógado, de certos segmentos sociais hipoteticamente religiosos que prosseguem “achando que esses ‘beijos’ ainda teriam (…) o poder de destruir as famílias brasileiras”. Decerto esses moralistas de plantão algum dia descobrirão que “achologia” não é ciência.

Vejam que os cardeais continuam beijando a mão do papa quando da eleição deste. O papa João Paulo II, por exemplo, ao que estou informado, não visitou nenhum país do mundo sem beijar a nova terra logo que descia do avião, ali manifestando a forma mais carinhosa de abençoar o novo país. O argentino Adolfo Perez Esquivel, prêmio Nobel da Paz (1980), não se cansou de beijar, especialmente as crianças pobres, em uma visita que fez ao Brasil? Santo Caio, que ocupou o trono pontifício antigamente (em 238), foi o primeiro papa de que narra a história a receber homenagens dos cristãos com beijos n os pés, de maneira formal e reverenciosa. No lava-pés, durante a Semana Santa, os bispos prosseguem beijando os pés dos fieis católicos. A missa, continua, pois, cheia de beijos, inclusive nas cerimônia de casamento e outras mais.

Martiniano J. Silva, advogado, escritor, membro do Movimento Negro Unificado, MNU, da Academia Goiana de Letras, IHG-GO, UBE-GO, AGI, mestre em história social pela UFG, professor universitário, articulista do DM ([email protected])
Fonte: Diário da Manhã

OBSERVATÓRIO DO MEU ANJO DA GUARDA

OBSERVATÓRIO DO MEU ANJO DA GUARDA

Meu anjo anda meio cansado.
Sentou-se ao pé do meu leito
E dormiu.

O tempo apiedou-se dele
E parou a contagem das horas.

Estática,
Parei de validar os medos.

Um anjo que dorme
Vale mais que mil anjos de pé:
Meu anjo da guarda não vela
O meu anjo
Sonha por mim.

NARA RÚBIA RIBEIRO

Não deixe suas panelas brilharem mais que você

Não deixe suas panelas brilharem mais que você

Não deixe suas panelas brilharem mais do que você!
Não leve a faxina ou o trabalho tão a sério!
Pense que a camada de pó vai proteger a madeira que está por baixo dela.


Uma casa só vai virar um lar quando você for capaz de escrever “Eu te amo” sobre os móveis!
Antigamente eu gastava no mínimo 8 horas por semana para manter tudo bem limpo, caso “alguém aparecesse para visitar” – mas depois descobri que ninguém passa “por acaso” para visitar – todos estão muito ocupados passeando, se divertindo e aproveitando a vida!


E agora, se alguém aparecer de repente? Não tenho que explicar a situação da minha casa a ninguém…
…as pessoas não estão interessadas em saber o que eu fiquei fazendo o dia todo enquanto elas passeavam, se divertiam e aproveitavam a vida…
Caso você ainda não tenha percebido: A VIDA É CURTA… APROVEITE-A!!!

Tire o pó… se precisar…
Mas não seria melhor pintar um quadro ou escrever uma carta, dar um passeio ou visitar um amigo, assar um bolo e lamber a colher suja de massa, plantar e regar umas sementinhas?
Pese muito bem a diferença entre QUERER e PRECISAR !

Tire o pó… se precisar…

Mas você não terá muito tempo livre…
Para beber champanhe, nadar na praia (ou na piscina), escalar montanhas, brincar com os cachorros, ouvir música e ler livros, cultivar os amigos e aproveitar a vida!!!

Tire o pó… se precisar…

Mas a vida continua lá fora, o sol iluminando os olhos, o vento agitando os cabelos, um floco de neve, as gotas da chuva caindo mansamente….
– Pense bem, este dia não voltará jamais!!!

Tire o pó… se precisar…

mas não se esqueça que você vai envelhecer e muita coisa não será mais tão fácil de fazer como agora…
E quando você partir, como todos nós partiremos um dia, também vai virar pó!!!
Ninguém vai se lembrar de quantas contas você pagou, nem de sua casa tão limpinha, mas vão se lembrar de sua amizade, de sua alegria e do que você ensinou.

AFINAL:

“Não é o que você juntou, e sim o que você espalhou que reflete como você viveu a sua vida.”

(Autor desconhecido )

 

13 regras para controlar as emoções em momentos difíceis

13 regras para controlar as emoções em momentos difíceis

Se não entendemos como nossas emoções afetam nossas vidas, e não temos meios para dominá-las, nossos dias podem se transformar em uma montanha russa. Todos nós precisamos saber quais são os nossos gatilhos emocionais – e desenvolver estratégias para evitar que eles sejam acionados – de modo que possamos permanecer equilibrados.

1. Tenha um tempo de desabafo. Arrume um horário semanal para relaxar. Faça o que gosta de fazer – escutar música em volume alto, ir ao campo de futebol, ir a uma festa – para se livrar do estresse de um modo seguro.

2. Recarregue suas baterias. Muitos adultos precisam gastar algum tempo, todos os dias, sem o sentimento de culpa. Chame esse tempo de “tempo de recarga de minhas baterias”. Tire uma soneca, veja TV, ou medite.

3. Escolha algum bom “vício”, tal como exercícios.

4. Compreenda suas mudanças de humor. Saiba que seu humor vai mudar, não importa o que esteja acontecendo à sua volta. Não perca tempo procurando a causa ou alguém para culpar. Foque no aprendizado da tolerância de um mau humor, sabendo que ele também vai passar – e encontre maneiras para fazer com que ele passe logo. Envolva-se em alguma atividade nova, de preferência uma que inclua pessoas – tomar café com um amigo, jogar tênis, juntar-se a um grupo de leitura – ajudará.

5. Imagine cenários para lidar com os inevitáveis tédios. Tenha uma lista de amigos para conversar. Selecione alguns vídeos que sempre lhe dão prazer e que o distraiam. Tenha um saco de pancadas ou um travesseiro pronto para quando tiver uma energia raivosa. Ensaie uma conversa interior, tal como “Você já esteve assim antes. Logo passará.

6.  Espere a depressão depois do sucesso. Muitas pessoas se queixam de sentimentos de depressão depois de um grande sucesso. Isso é por que o estímulo da caça, do desafio ou da preparação se esgotou. A proeza foi realizada.

7. Use intervalos, como se faz com as crianças. Quando estiver enraivecido ou super-estimulado, deixe o local, vá dar uma volta no quarteirão e se acalme.

8. Evite terminar um projeto prematuramente, assim como um conflito, um negócio ou uma conversa. Não abandone a luta tão cedo, mesmo que você queira.

9. Saboreie seus momentos de sucesso. As pessoas têm o mau hábito de se esquecem de seus sucessos.

10. Exercite-se vigorosa e regularmente. O exercício gasta o excesso de energia e de agressividade, acalma a mente, estimula o sistema hormonal e neuroquímico de um modo terapêutico, e alivia e acalma o corpo. Faça da atividade física algo alegre, de modo que você possa aderir a ela para o resto de sua vida.

11. Programe atividades com os amigos. Conserve sua aderência a esses programas com toda a fé.

12. Encontre e se junte a grupos nos quais você seja querido, apreciado, compreendido, desfrutado. Por outro lado, não fique muito tempo onde você não é compreendido ou apreciado.

13. Pratique cumprimentos. Tire um tempo para notar as outras pessoas e falar com elas. Obtenha treinamento social se você achar que precisa disso.

Por Edward Hallowell, M.D., texto adaptado para adultos sem TDAH

Fonte indicada: TDAH Dourados

Venho de Tempos Antigos – Poema de Hilda Hilst

Venho de Tempos Antigos – Poema de Hilda Hilst

Deus: Uma superfície de gelo ancorada no riso.

Venho de tempos antigos. Nomes extensos:
Vaz Cardoso, Almeida Prado
Dubayelle Hilst… eventos.
Venho de tuas raízes, sopros de ti.
E amo-te lassa agora, sangue, vinho
Taças irreais corroídas de tempo.
Amo-te como se houvesse o mais e o descaminho.
Como se pisássemos em avencas
E elas gritassem, vítimas de nós dois:
Intemporais, veementes.
Amo-te mínima como quem quer MAIS
Como quem tudo adivinha:
Lobo, lua, raposa e ancestrais.
Dize de mim: És minha.

Hilda Hilst 

Texto extraído do encarte à edição de “Cadernos da Literatura Brasileira”, editado pelo Instituto Moreira Salles – São Paulo, número 8 – Outubro de 1999.

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Lugares de memórias

Lugares de memórias

Por Ananda Martins

Minha bisavó morava em uma casa simples, mas encantada. Aos fundos, terreiro de terra batida, paredes descascadas e prateleiras de onde pendiam caldeirões ansiosos por comida quente. O fogão era à lenha, que ela mesma buscava e que temperava a comida cujo aroma abraçava a casa toda. Na última vez que a vi, estávamos na sala, os móveis antigos e o piso cansado, ela no sofá contando histórias e eu olhando aquela porta. Aberta o dia todo para quem quisesse entrar, a porta de contorno azul, que mais parecia moldura para o quadro que se formava da mistura de suas plantas com os raios de sol.

Com o cabelo de algodão e a pele feita de linhas, ela me disse do medo que tinha de esquecer os traços que fez. Talvez para não perdê-los, dividiu comigo uma história. Lembrou da época em que, de mãos dadas a outras mulheres, enfrentava a correnteza e atravessava o rio até chegar à praia do coração, onde molhava, ensaboava e depois estendia nas pedras as saias, blusas e vestidos, para que pegassem um pouquinho da luz do sol. Era ali, nas pedras do rio, lavando roupa e se banhando de água pura, que aquelas mulheres construíam um mundo secretamente delas.

Ainda cheios de água do rio, os olhos de minha bisavó voltaram-se ao presente. Ela levantou e caminhou bem devagar até o oratório, de onde pegou uma pedra, a única que guardava daqueles dias. A pedra passou a servir como castiçal (seu centro abrigava o espaço exato para uma fina vela de oração), mas era também o concreto objeto de suas recordações. “Recordar faz a gente feliz porque sabe que o que viveu foi bom”, disse ela com um olhar que eu já não sabia se estava no passado ou no presente, que mais parecia transcender os tempos.

Todo dia vovó Tana ia espreitar a vida da janela. Da janela viu o tempo fazendo os meninos crescerem, os velhos adormecerem, o tempo deixando a rua mudar, ser asfalto, muro, concreto, e nunca mais aquela da gente que andava com os pés descalços para alcançar o caminho do rio. O tempo, que fez do rio um dia seu e daquelas mulheres um lugar que agora só cabe na memória.

Um escritor de quem gosto muito e que vive em uma aldeia bem distante da nossa, disse um dia que o que mais lhe perturbava ao assistir o seu lugar mudar, era saber “que nossa vida era ainda mais frágil e transitória do que aquilo”1. O tempo corre, leva o rio, as casas e os jardins que percorreram nossa infância. Leva talvez um pouco muito importante de nós.

Eu mudei para uma cidade grande, onde os prédios, o asfalto e a imponência desmancham lugares de memórias que nos fizeram ser. Olhando a altura daqueles prédios, talvez eu tenha me esquecido de procurar, entre espaços, um azulejo desbotado ou um desenho antigo por trás da tinta nova, um pouco do chão onde pisaram avós e bisavós. Talvez tenha me faltado conversar um pouquinho mais com ela. Pelo menos mais uma única vez.

Em um tempo novo de acelerações (das máquinas, dos caminhos, da própria vida), vovó Tana ficou em seu lugar, vendo a vida passar através de sua janela. E foi lá que se tornou uma mulher sábia, que aprendeu e soube distribuir amor em gestos simples, não deixando sair de mãos e braços vazios quem em sua casa entrava, buscando um pouco de pão, um tanto de afeto. Na casa contornada de azul, floresceu um amor despido de teorias.

Casa que agora para mim ficará desbotada. Mesmo assim, quero que ela fique. Que não dê lugar a mais um edifício de apartamentos. Que se torne testemunho dos que vieram antes de nós. Que lembre a fragilidade da nossa condição e, ao mesmo tempo, a responsabilidade pelo que construímos. Que, através dela, tenhamos cuidado com a nossa história e possamos nos (re) conhecer. Sem atropelos, preservando e abrindo espaço para o novo.

Ananda, 19 de março de 2015

1 PAMUK, O. Incêdios e Ruínas. In: PAMUK, O. Outras cores: Ensaios e um conto. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 89-93.

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Ananda Martins

contioutra.com - Lugares de memóriasMineira, psicóloga, encantada pela escrita e fotografia enquanto formas de experimentação sensivelmente políticas do mundo.

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