Dica de livro- Cartas a um Jovem Terapeuta

Dica de livro- Cartas a um Jovem Terapeuta

“Independente da abordagem utlizada, este livro trás reflexões importantes acerca da profissão, que muitas vezes são deixadas de lado nos cursos de formação.” Silvana Cardoso

Através de cartas imaginárias enviadas a dois terapeutas iniciantes, o psicanalista Contardo Calligaris divide com o leitor todo seu conhecimento e experiência em psicologia. Calligaris recorre ao eficiente método de perguntas e respostas para discutir e se aprofundar na profissão, e dá as informações necessárias a quem deseja conhecê-la melhor.

Encontre o livro:

Saraiva

Submarino

Cultura

Lugar de criança não é no shopping

Lugar de criança não é no shopping
Little girl strolling in shopping mall with mom

Feriado chuvoso, ficou na cidade e não tinha o que fazer. Bingo. Foi pro shopping com as crianças. A cena é comum aos finais de semana na cidade. Shoppings cheios, restaurantes cheios, corredores cheios. Tudo cheio. Final de semana parece sinônimo de passeio em shopping. Pelo menos é o que mostra o comportamento de 70% das famílias brasileiras. Passear no shopping aos finais de semana é programa. Fato. Agora reveja a cena: toda essa lotação + barulho e adicione crianças. Crianças pequenas, muitas em carrinhos, que passam a tarde fechadas num shopping vendo vitrine, andando por corredores de lojas. Aprendendo que consumo é sinônimo de diversão, de lazer.

Criança tem energia, e dentro do shopping não pode correr, vamos combinar! Não pode correr, não pode rolar no chão, não pode entrar no meio das araras, não pode pôr a mão suja na vitrine, não pode gritar, não pode lutar com o irmão, não pode um monte de coisas. E daí que chega um certo momento, depois de umas três horas que essa criança está ali, que ela se joga no chão, dá chilique. Ela está estafada de barulho e de não fazer nada. Tá pedindo pelo amor de Deus, me leva embora daqui! Mas os pais pedem um pouco mais de paciência, querem passear mais um pouco. A criança não tem e dá mais um chilique. A família corre pra loja de brinquedo e logo compra alguma coisa. Ou para pra comer um doce. Assim seguram mais um pouco a criança ali. Com isso nossos pequenos crescem aprendendo que basta dar um ataque que se consegue o que quer. Valores roubados.

Criança deveria estar no parque com a família. Deveria ir andar de bicicleta, brincar na praça, subir em arvore, balançar, brincar no parquinho e mais uma infinidade de coisas que a cidade oferece. Criança precisa ver a cor do céu, respirar ar puro, ter contato com valores mais verdadeiros, mais cheios de intenção. Precisam gastar energia de forma correta. Energia de criança, de infância. Chegar suada no final do dia de tanto brincar e capotar na cama. Ah! Pois é, brincar cansa! Isso significa que você vai cansar também, porque não dá pra sair pra passear e ficar 100% do tempo sentada na grama mandando seu filho brincar. Vai lá. Brinque junto. Empurre-o no balanço, ajude-o a subir numa árvore… Mexa-se junto com ele. Afinal finais de semana em família são feitos pra gente ficar junto.

Não dentro de um shopping passeando por corredores de loja. Não podemos fazer da eventualidade uma rotina e achar que isso é normal. Tem um ditado que diz que a vida é feita de escolhas. E escolhas cujas consequências dentro da infância não avaliamos são um tiro no pé. Shopping não é um lugar adequado para uma criança passar a tarde de um final de semana em família. A frase foi comprida pra ser completa. Um reforço aqui no meio do texto.

E pra que se faça diferente é preciso que os pais façam escolhas mais equilibradas, pra que as crianças não se preencham de vontades e “querer”. Preencher esse “querer” com vitrines e consumo é certamente um programa vazio de infância. As cidades proporcionam muito mais às famílias e às nossas crianças. Vamos procurar fazer melhores escolhas para construir um futuro mais saudável e feliz a nossos pequenos. Onde possam preencher suas escolham com algo muito maior do que sacolas e compras. Criança aprende brincando, e consumo não é brincadeira.

Por Carolina Delboni
Fonte indicada: Brasil Post

O que é covardia? – Flávio Gikovate

O que é covardia? – Flávio Gikovate

A covardia é uma das muitas emoções que nos acompanha. Presente em quase todos nós em alguma circunstância, ela não é obrigatoriamente o medo de agressividade física.

Muitos outros ingredientes podem determinar a conduta acuada de um indivíduo diante de situações que envolvam violência direta ou indireta, ou mesmo sutil, como é o caso da inveja.

Para mais informações sobre Flávio Gikovate

Site: www.flaviogikovate.com.br
Facebook: www.facebook.com/FGikovate
Twitter: www.twitter.com/flavio_gikovate
Livros: www.gikovatelojavirtual.com.br

Esse blog possui a autorização de Flávio Gikovate para reprodução deste material.

Mais livros de Flávio Gikovate

O impacto do ensino da arte (ou da falta dele) na percepção do mundo

O impacto do ensino da arte (ou da falta dele) na percepção do mundo

“A arte é o casamento do ideal e do real. Fazer arte é um ramo da artesania. Artistas são artesãos, mais próximos dos carpinteiros e dos soldadores do que dos intelectuais e dos acadêmicos, com sua retórica inflacionada e autorreferencial. A arte usa os sentidos e a eles fala. Funda-se no mundo físico tangível.” – Camille Paglia, Imagens cintilantes

A escritora norte-americana Camille Paglia é conhecida por desafiar as ideias em voga nos mais diversos campos. Professora de Humanidades e Estudos Midiáticos da University of the Arts da Filadélfia, é autora de obras que misturam cultura pop, história da arte, sexualidade e os diferentes meios que tornam o homem um espectador: seja na frente da televisão, de um Pollock ou de sua própria vida.

Em sua mais recente obra, Imagens cintilantes – uma viagem através da arte desde o Egito a ‘Star Wars’ (Apicuri, 2014), Camille retorna ao local que a consagrou, a crítica à arte contemporânea. No livro, a autora analisa 29 obras que considera fundamentais na história da arte e afirma, com certa decepção, que os jovens deixaram ofícios como a pintura e a escultura para emprestar sua lealdade à tecnologia e ao design industrial.

Paglia resumiu o panorama que motivou a criação de Imagens cintilantes:

“O olho sofre com anúncios piscando na rede. Para se defender, o cérebro fecha avenidas inteiras de observação e intuição. A experiência digital é chamada interativa, mas o que eu vejo como professora é uma crescente passividade dos jovens, bombardeados com os estímulos caóticos de seus aparelhos digitais. Pior: eles se tornam tão dependentes da comunicação textual e do correio eletrônico, que estão perdendo a linguagem do corpo.”

De acordo com ela, esta degeneração gradativa da percepção/expressão tem um grande inimigo: o mercado – das galerias às instituições de ensino. Segundo a norte-americana, este mercado não é apenas um objeto a ser combatido, mas sim um profundo problema de visão sobre a vida, que parte, também, do espectador. Ensinado a enxergar o mundo apenas de forma política e ideológica, o homem contemporâneo teria perdido a esfera do sensível, do invisível, do metafísico. Este contexto de constante estímulo atinge a sociedade como um todo, como Camille argumenta logo na introdução da obra:

“A vida moderna é um mar de imagens. Nossos olhos são inundados por figuras reluzentes e blocos de texto explodindo sobre nós por todos os lados. O cérebro, superestimulado, deve se adaptar rapidamente para conseguir processar esse rodopiante bombardeio de dados desconexos. A cultura no mundo desenvolvido é hoje definida, em ampla medida, pela onipresente mídia de massa e pelos aparelhos eletrônicos servilmente monitorados por seus proprietários. A intensa expansão da comunicação global instantânea pode ter concedido espaço a um grande número de vozes individuais, mas, paradoxalmente, esta mesma individualidade se vê na ameaça de sucumbir.

Como sobreviver nesta era da vertigem? Precisamos reaprender a ver. Em meio à tamanha e neurótica poluição visual, é essencial encontrar o foco, a base da estabilidade, da identidade e da direção na vida. As crianças, sobretudo, merecem ser salvas deste turbilhão de imagens tremeluzentes que as vicia em distrações sedutoras e fazem a realidade social, com seus deveres e preocupações éticas, parecer estúpida e fútil. A única maneira de ensinar o foco é oferecer aos olhos oportunidades de percepção estável – e o melhor caminho para isso é a contemplação da arte.”

Ainda em seu texto introdutório, Camille critica as instituições de ensino por falharem completamente no ensino da visão que nos tiraria desta vertigem. Se precisamos reaprender a ver, as faculdades de arte, para ela, poderiam ser consideradas mais um empecilho do que uma parceira nesta tarefa. Leia, abaixo, o que ela tem dizer sobre isso a partir de excerto do livro Imagens cintilantes:

“É de uma obviedade alarmante que as escolas públicas norte-americanas têm feito um mau serviço na educação artística dos estudantes. Da pré-escola em diante, a arte é tratatda como uma prática terapêutica – projetos com cartolina do tipo “faça você mesmo” e pinturas com os dedos para liberar a criatividade oculta das crianças. Mas o que de fato faz falta é um quadro histórico de conhecimentos objetivos acerca da arte. As esporádicas excursões ao museu, mesmo que haja um por perto, são inadequadas. Os cursos de história da arte deveriam ser integrados ao currículo do ensino primário, fundamental e médio – uma introdução básica à grande arte e a seus estilos e símbolos. O movimento multiculturalista que se seguiu à década de 1960 ofereceu uma tremenda oportunidade para expandir o nosso conhecimento do mundo da arte, mas suas abordagens têm com demasiada frequência sacrificado a erudição e a cronologia em favor de um partidarismo sentimental e de queixumes rotineiros.

Era de se esperar que as faculdades que oferecem cursos de artes liberais dessem ênfase à educação artística, mas não é esse o caso. O atual currículo, de estilo self-service, torna os cursos de história da arte disponíveis, mas não obrigatórios. Com raras exceções, as universidades abandonaram toda noção de um núcleo de aprendizado. Os departamentos de humanidades oferecem uma mixórdia de cursos feitos sob medida para os interesses de pesquisa dos professores. Tem havido um gradual eclipse, nos Estados Unidos, do curso de história geral da arte, que cobria magistralmente, em dois semestres, da arte das cavernas ao modernismo. Apesar de sua popularidade entre os estudantes, que se recordam deles como pontos culminantes em suas vivências universitárias, os cursos gerais são cada vez mais vistos como excessivamente pesados, superficiais ou eurocêntricos – e não há mais vontade institucional de estendê-los para a arte mundial.

Jovens professores, criados em meio ao pós-estruturalismo, com sua suspeita mecânica da cultura, consideram-se especialistas, e não generalistas, e não foram treinados para pensar sobre trajetórias tão vastas. O resultado final é que muitos alunos de humanidades se formam com pouco senso da cronologia ou da deslumbrante procissão de estilos que constituía a arte ocidental.

A questão mais importante acerca da arte é: o que permanece e por quê?

As definições de beleza e os padrões de gosto mudam constantemente, mas padrões persistentes subsistem. Defendo uma visão cíclica da cultura: os estilos crescem, chegam ao ápice e decaem para tornarem a florescer, num renascer periódico. A linha de influência artística pode ser vista claramente na cultura ocidental, com várias interrupções e recuperações, desde o Egito antigo até hoje – uma saga de 5 mil anos que não é (como diria o jargão acadêmico) uma “narrativa” arbitrária e imperialista. Grande número de objetos teimosamente concretos – não apenas “textos” vacilantes e subjetivos – sobrevivem desde a antiguidade e as sociedades que moldaram.

A civilização é definida pelo direito e pela arte. As leis governam o nosso comportamento exterior, ao passo que a arte exprime nossa alma. Às vezes, a arte glorifica o direito, como no Egito; às vezes, desafia a lei, como no Romantismo.

O problema com abordagens marxistas que hoje permeiam o mundo acadêmico (via pós-estruturalismo e Escola de Frankfurt) é que o marxismo nada enxerga além da sociedade. O marxismo carece de metafísica – isto é, de uma investigação da relação do homem com o universo, inclusive a natureza. O marxismo também carece de psicologia: crê que os seres humanos são motivados apenas por necessidades e desejos materiais. O marxismo não consegue dar conta das infinitas refrações da consciência, das aspirações e das conquistas humanas.

Por não perceber a dimensão espiritual da vida, ele reduz reflexivamente a arte à ideologia, como se o objeto artístico não tivesse outro propósito ou significado além do econômico ou do político.

Hoje, ensinam aos estudantes a olhar a arte com ceticismo, por seus equívocos, suas parcialidades, suas omissões e ocultos jogos de poder. Admirar e honrar a arte, exceto quando transmite mensagens politicamente corretas, é considerado ingênuo e reacionário. Um único erudito marxista, Arnold Hauser, em seu épico estudo de 1951, A história social da arte, teve bom êxito na aplicação da análise marxista, sem perder a magia e o mistério da arte. E Hauser (uma das influências iniciais do meu trabalho) trabalhava com base na grande tradição da filologia alemã, animada por uma ética erudita que hoje se perdeu.

A arte é o casamento do ideal e do real. Fazer arte é um ramo da artesania. Artistas são artesãos, mais próximos dos carpinteiros e dos soldadores do que dos intelectuais e dos acadêmicos, com sua retórica inflacionada e autorreferencial. A arte usa os sentidos e a eles fala. Funda-se no mundo físico tangível.

O pós-estruturalismo, com suas origens linguísticas francesas, tem a obsessão pelas palavras e, com isso, é incompetente para interpretar qualquer forma de arte além da literatura. O comentário sobre arte deve abordá-la e descrevê-la em seus próprios termos. Deve-se manter um delicado equilíbrio entre os mundos visível e invisível. Aqueles que subordinam a arte a uma agenda política contemporânea são tão culpados de propaganda e rigidez literal como qualquer pregador vitoriano ou burocrata stalinista.

Fonte indicada: Fronteiras do Pensamento

Encontre o livro Imagens cintilantes – uma viagem através da arte desde o Egito a ‘Star Wars’ (Apicuri, 2014)

Maria Callas interpretada por Christiane Torloni emociona São Paulo

Maria Callas interpretada por Christiane Torloni emociona São Paulo

Considerada a maior soprano de todos os tempos, Maria Callas teve sua história contada por muitos em palcos ao redor do mundo, em diferentes montagens. Terrence McNally foi um dos dramaturgos que investigou a cantora lírica: o americano estreou em 1995 um dos mais aclamados e premiados espetáculos da Broadaway, “Master Class”, com montagens em vários países e que ganha uma nova versão brasileira. No papel da cantora está Christiane Torloni, dirigida pelo amigo de mais de 25 anos José Possi Neto.

Quem foi Maria Callas?

Nascida em Nova Iorque em 1923, filha de pais gregos, com pouca idade revelava seus dotes musicais. Seu nome completo era Maria Cecilia Sofia Anna Kalogeropoulou. Em 1937 parte para a Grécia com sua mãe, com quem sempre teve uma relação extremamente difícil. Curiosamente sua mãe e sua irmã, que falaram sempre coisas horríveis da cantora, ficaram milionárias ao herdar a maior parte de sua herança.

Foi na Grécia que Callas começou a estudar musica de forma séria. Cantou algumas vezes em seu país, mas sua glória internacional começou na Itália. Em 1948 despontava, em Florença, uma cantora excepcional, sobretudo como interprete de papéis altamente dramáticos, como a Norma de Bellini.

Sua base musical extremamente solida permitiu que ela aprendesse diversos papéis em pouquíssimo tempo. Sua versatilidade vocal a fazia ter facilidade para cantar papeis dramáticos, como a personagem título de A Valquíria de Wagner (que ela cantava em italiano), e um papel extremamente leve e ágil como o de Elvira, da ópera I Puritani de Bellini, na mesma semana. Logo se tornaria a grande estrela do teatro de ópera mais importante da Itália, o La Scala de Milão. O que mais fascinava o publico italiano, e posteriormente outras plateias na Europa e nos Estados Unidos, era o fato de que Maria Callas não era apenas uma grande cantora. Era também uma grande atriz. Seu comprometimento dramático era tal, que ao final de cada espetáculo estava completamente esgotada.

Callas era muito exigente consigo mesma. Estudava muitas horas, e me foi contado por testemunhas, que em São Paulo, onde atuou em 1951, corria como uma atleta pelo palco, e quando estava ofegante começava a vocalizar. Seus anos dourados vão de 1950 até 1958. Daí em diante sua carreira entra em declínio, quando abandona sua ferrenha disciplina ao conhecer e se apaixonar pelo milionário grego Aristóteles Onassis. Sua paixão a fez reduzir consideravelmente suas apresentações, e praticamente não acrescentou nenhum papel novo em seu repertório. Sua voz no inicio dos anos 60 era extremamente irregular, apesar de que seu empenho dramático continuou intacto. Depois de morar anos na Itália, muda-se para a França na década de 60, e fixa-se em Paris até sua morte. Em 1964 Callas teve seu último êxito num palco operístico, quando no Covent Garden , em Londres, atuou num de seus papéis favoritos: Tosca de Puccini. Suas ultimas apresentações na Ópera de Paris, com a Norma de Bellini , em 1965, foram calamitosas, e nunca mais se apresentou em uma encenação operística.

Sua tristeza pessoal arruinou a sua vida artística, e podemos resumir esta tristeza com dois fatos marcantes: o fato de Onassis ter casado com Jaqueline Kennedy, e o fato de ela ter perdido um filho de Onassis. Seus últimos anos a viram, de forma esporádica, como professora na Julliard School, em Nova Iorque, e como atriz na Medeia de Pasolini, e em 1974 voltou aos palcos em recitais por diversas partes do mundo, junto ao tenor Giuseppe di Stefano, recitais estes que foram infelizmente gravados, gravações estas que mostram o estado deplorável de sua voz. Isolada, deprimida acabou falecendo aos 54 anos, de um enfarto fulminante. Morreu só.

Detalhes da peça

  • Nome: Master Class
  • Gênero: Musical
  • Diretor: José Possi Neto
  • Elenco: Christiane Torloni, Julianne Daud, Bianca Tadini, Leandro Lacava, Thiago Rodrigues, Thiago Soares e Jayana Gomes Paiva
  • Horários: Quinta às 21h; sexta às 21h30; sábado às 21h; domingo, às 19h.
  • Local: Avenida Rebouças, 3970 – Teatro das Artes do Shopping Eldorado – Pinheiros, Sao Paulo, SP.
  • Período: 03/Setembro a 22/Novembro de 2015.
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Imagem de capa- Foto divulgação

Com informações sobre a peça via Rede Globo e biografia da cantora dos arquivos da Gazeta do Povo.

Dica Saraiva: 30 Complete Operas de Maria Callas- Box Com 64 CDs

Os crimes não catalogados contra o coração

Os crimes não catalogados contra o coração

Acho que algumas formas de ‘amar’ deveriam ser crime.

Deveria ser crime seduzir alguém quando não se está disponível afetivamente. Despertar sentimentos num coração que andava sereno, gerar sonhos nos olhos do outro para depois abandoná-los sem se responsabilizar.

Deveria ser crime agir de má fé com um coração, prevendo o resultado lesivo de uma conduta e, mesmo assim, leva-la adiante, consumando o ato.

Deveria ser crime amar com a intenção de ferir, descarregar as dores de uma vida na pele da apaixonada vítima.

Deveria ser crime o bullying com as carências afetivas. Levar na brincadeira o que no outro é tão sério. Desrespeitar e fazer troça dos sintomas da paixão evidentes nas atitudes do outro.

Deveria ser crime o egoísmo de querer o desejo de alguém que não se quer.

Querer alguém te amando quando não se tem nada para oferecer. Colocar em banho maria corações ansiosos e sedentos. Pedir para que esperem uma resolução que nunca virá.

Deveriam ser crime as mentiras ditas para ganhar tempo.

Querer a lealdade dos sentimentos do outro quando tudo que se pode oferecer  são intermináveis incertezas.

Deveria também ser crime dispensar um coração sem tomar cuidado. Descartar pessoas como roupas velhas. Dizer adeus sem olhar nos olhos, ou pior, nunca dizer adeus. Terminar por mensagem telefônica. Ou pior, não terminar e deixar a ficha do outro cair ao desfilar sem piedade com outro alguém ao lado.

Deveria ser crime despedaçar um coração covardemente, sem aviso prévio, sem honestidade, sem dar tempo para que ele processe a informação.

Deveria ser crime a covardia de não colocar as cartas na mesa.

A mania de criar um time reserva de corações esperançosos, sem avisa-los que eles, na verdade, são café com leite nesse jogo e nunca entrarão em campo.

Deveria ser crime o jogo sujo de criar uma fantasia que não existe. Só para alimentar o ego? Só pelo vício nessa droga que custa caro e tem efeito tão curto, chamada sedução.

Deveriam ser multados os repertórios manjados, os apelidos repetidos, as performances sexuais, a massificação do sentir. As atuações que visam capturar a ingenuidade (ou a vontade de se entregar) da outra pessoa.

Deveria ser crime a falta de criatividade amorosa.

Deveriam ser banidos os roteiros artificiais, os jogos de esquenta e esfria que só querem tornar os corações vassalos de suas vontades.

Deveriam ser punidos com multa o jogo de roleta que só quer flechar corações ao léo, pela sorte (ou azar).

Deveriam entrar em programas de reinserção social as pessoas que se auto-sabotam amorosamente, que têm medo de sentir e viver algo mais profundo, que  preferem o poder ilusório da frieza e o falso pedestal da invulnerabilidade. Deveriam passar por programas de reeducação emocional as pessoas que não sabem mergulhar de cabeça numa história amorosa.

Deveriam voltar para o jardim da infância, para reaprender o beabá de amar, as pessoas que confundem amor com contrato de posse.

Deveriam fazer trabalhos humanitários as pessoas que são ditadoras amorosas, controlando e punindo as atitudes, os pensamentos e os sentimentos alheios.

Deveriam estudar democracia social os corações militares que entendem que amar e viver é seguir regras externas e formatar e punir severamente as opiniões e os comportamentos julgados inaceitáveis.

Deveriam ser crime as torturas emocionais e a produção do medo. (aliás, acho que isso é crime mesmo).

Deveriam ser crime as censuras impostas aos corações que batem em outros peitos e que, justo por isso, são donos de si mesmos.

Deveriam ser banidos da face da Terra os relacionamentos que seguem a falida estrutura de recompensas, ameaças e castigos.

Deveriam ser interditados os agentes podadores de asas, os formatadores de gestos, os que ‘amam’ se importando com o que os outros pensam. Os que pensam que o ser amado é uma massinha de modelar, pronta para se adaptar às vontades de um coração perfeccionista e mimado.

Quantas pessoas tiveram o coração assaltado, sentimentos assassinados, espontaneidades massacradas?

Quantas pessoas tiveram que matar os próprios sentimentos inúmeras vezes?

Quantos são os amores corruptos, querendo somar vantagens, acobertando seus verdadeiros eus?

Anda a olhos nus, se alastrando por aí, a máfia do amar.

E só por que se usa a palavra ‘amor’ todos estão imunes, libertos, salvos.

O amor esconde os crimes.

As vítimas não recebem justiça e têm que arcar sozinhas com os lutos e os danos morais.

Deveria ser crime usar a palavra amor para justificar esses atos.

 

Filme mostra vida pessoal de Malala, ganhadora do Prêmio Nobel

Filme mostra vida pessoal de Malala, ganhadora do Prêmio Nobel

A maioria das pessoas sabe quem é a paquistanesa Malala Yousafzai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz, que foi baleada pelo Taliban em 2012 por exigir o direito das meninas à educação, mas poucos ouviram falar da heroína afegã do século 19 na qual sua família se inspirou ao escolher seu nome.

Segundo a tradição pashtun, Malalai de Maiwand estimulou seus compatriotas a vitória contra as tropas britânicas em 1880, indo ao campo de batalha para unificar uma força afegã desmoralizada com um verso sobre o martírio. Ela mais tarde foi atacada e morta.

A lenda é contada em “He Named Me Malala” (Ele me deu o nome de Malala), um novo documentário sobre Malala Yousafzai, agora com 18 anos, cujo ataque quando estava em um ônibus escolar chocou o mundo.

“Você lhe deu o nome de uma menina que falou e foi morta. É quase como se você dissesse que com ela seria diferente”, disse o diretor Davis Guggenheim sobre o pai de Malala, Ziauddin, no filme. “Você está certo”, ele responde.

Filmado ao longo de 18 meses, o retrato íntimo mostra uma adolescente mais à vontade no palco mundial -falando, por exemplo, na sede da ONU em Nova York – ou abordando estudantes em campos de refugiados sírios, do que com os colegas de sala de aula na Grã-Bretanha, para onde foi levada para uma cirurgia após o atentado.

Veja o trailer:

“Nesta nova escola, é difícil”, diz ela, admitindo a falta de experiências compartilhadas com as outras meninas. Embora se saiba muito sobre o trabalho de Malala, o documentário levanta o véu sobre a sua vida familiar no centro de Inglaterra, com muito humor da parte de seus dois irmãos.

“Ela é um pouco desobediente”, diz o irmão mais novo de Malala, que ela apresenta como “um bom menino”, em contraste com seu outro irmão, que ela chama de “o mais preguiçoso”.

No exterior, o filme deve estrear em 2 de outubro. No Brasil, a previsão é 19 de novembro.

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Malala Yousafzai posa com a medalha e o diploma do Prêmio Nobel da Paz em Oslo nesta quarta-feira (10) (Foto: Suzanne Plunkett/Reuters)
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Malala Yousafzai comemorou seu aniversário de 18 anos no Líbano neste domingo (12) abrindo uma escola para garotas sírias refugiadas (Foto: Reuters/Jamal Saidi)
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Malala (Foto: Rede Globo)

Fonte indicada: G1

Você se interessa por Malala? Veja aqui a sua biografia “Eu sou Malala”.

Recado a quem já se sentiu só.

Recado a quem já se sentiu só.

Uma hora, lá pelas tantas do dia, da noite, da vida, você vai sentir solidão. Acontece com toda gente. Do bebê mais intocado, chorando um instante de falta da mãe, ao velho mais rescaldado remoendo seus mortos, contando suas saudades em fila indiana, todos haveremos de nos sentir sós.

O casal na manhã de seu amor havia pouco sonhava uma cerimônia de casamento, escolhia convidados, mobiliava a casa imaginária, batizava seus filhos que ainda virão. Agora, ainda no caminho de suas primeiras esquinas de mãos juntas, um e outro também se sentem ridiculamente sós, cada um em seu canto de sofá, repassando em silêncio suas dúvidas e angústias irreveláveis.

Na família povoada de crianças, o cachorro de estimação é adorado por todos, tem a saúde cuidada por veterinários com doutorado, é banhado e penteado às terças por equipes especializadas e acolhido no coração de seus donos com alegria diária. Ainda assim, ele também se encolhe em seu canto nas horas quietas e envelhece no escuro sua existência de bicho só.

Depois das vozes e da música, dos risos e das juras de amor verbalizadas nas ondas de satisfação e ternura honesta de um dia alegre, quando restar mais nada além do som da geladeira na noite silenciosa, você há de se sentir só.

Olhando a pessoa amada que dorme ao seu lado, assistindo ao seu virar para lá e cá, as mãos aquecidas entre os travesseiros, os olhos sonhando sob a fidelidade muda das pálpebras, você também vai sentir solidão.

Na visão do campo de futebol de várzea deserto, que há pouco exalava na vizinhança um perfume de grama pisoteada pela alegria dos atletas de ocasião, um vizinho curioso e contemplativo, assistindo à vida pela janela, vai notar a si mesmo em profundo instante de solidão patética.

No cuidado com que a esposa limpa, lixa e pinta as próprias unhas, o marido calado também vai se sentir sozinho. E ela, cuidando de si mesma, amadurecendo sua inseguranças, amenizando seus medos no exercício de se fazer mais bela, também vai se saber criatura solitária.

É que solidão também se sente em casal, grupo, multidão. Quem é só também se percebe assim em família, time de futebol, casa cheia. Solidão é sentimento que repousa dentro da gente e acorda quando quer, pisando de salto duro pela casa, batendo as portas, arrastando a cômoda de madrugada, fazendo barulho.

Você está lá, cercado de gente, tomado de amor, envolvido em conversa animada e pronto. Um vazio estala num canto escondido aí dentro, um medo congela no peito, uma tristeza aparece do nada, como visita que não se espera. E você se torna triste como o terreno baldio entre dois prédios construídos há pouco, habitados por famílias novas, solteiros, estudantes famintos e suas festas. Você é agora nada senão um espaço vazio, esquecido, povoado de pedras e ilhas de mato crescendo lento, em que os incautos e insensíveis vêm despejar velhos sofás à noite e os bem resolvidos descartam seus entulhos e dão as costas.

Sentir solidão é escutar a chuva durante a noite, remoer a cólica que piora em momento insuspeitado. É precisar de um telefone sem sinal, encontrar fotografias revelando saudades, ouvir o silêncio que estoura os tímpanos e aperta o peito. O silêncio da espera dos próximos sons, dos risos vindouros, da conversa seguinte, das visitas novas.

Mas deixe estar. O instante de ser só é condição de quem está vivo. A toda gente da terra e do céu, o vento sopra de manhã, no topo das árvores que acordam com o dia, seu recado firme e urgente: todo mundo há de se sentir só.

E assim, solitários, cada um de nós e todos os nossos seremos como a pedra num sapato vazio: uma pura, honesta e simples manifestação de espera. A esperança da companhia que sempre volta. Aquela que assiste ao seu sono, que lhe dói e cura, que lhe falta e completa.

Porque há sempre um olhar carinhoso à sua busca, mirando ansioso a sua chegada com a alegria dos que acreditam, o frescor das histórias que começam e a ternura poderosa dos gestos simples de amor. O amor que nos acolhe, nos desperta e nos leva adiante, no movimento pleno e grandioso da vida.

Por que o sistema de educação da Finlândia é tão reverenciado

Por que o sistema de educação da Finlândia é tão reverenciado

Por Paulo Nogueira

Saiu há pouco tempo um levantamento sobre educação no mundo feito pela editora britânica que publica a revista Economist, a Pearson.

É um comparativo no qual foram incluídos países com dados confiáveis suficientes para que se pudesse fazer o estudo.

Você pode adivinhar em que lugar o Brasil ficou. Seria rebaixado, caso fosse um campeonato de futebol. Disputou a última colocação com o México e a Indonésia.

Surpresa? Dificilmente.

Assim como não existe surpresa no vencedor. De onde vem? Da Escandinávia, naturalmente – uma região quase utópica que vai se tornando um modelo para o mundo moderno.

Foi a Finlândia a vencedora. A Finlândia costuma ficar em primeiro ou segundo lugar nas competições internacionais de estudantes, nas quais as disciplinas testadas são compreensão e redação, matemática e ciências.

A mídia internacional tem coberto o assim chamado “fenômeno finlandês” com encanto e empenho. Educadores de todas as partes têm ido para lá para aprender o segredo.

Se alguém leu alguma reportagem na imprensa brasileira, ou soube de alguma autoridade da educação que tenha ido à Finlândia, favor notificar. Nada vi, e também aí não tenho o direito de me surpreender.

Algumas coisas básicas no sistema finlandês:

1)Todas as crianças têm direito ao mesmo ensino. Não importa se é o filho do premiê ou do porteiro.

2)Todas as escolas são públicas, e oferecem, além do ensino, serviços médicos e dentários, e também comida.

3) Os professores são extraídos dos 10% mais bem colocados entre os graduados.

4) As crianças têm um professor particular disponível para casos em que necessitem de reforço.

5) Nos primeiros anos de aprendizado, as crianças não são submetidas a nenhum teste.

6) Os alunos são instados a falar mais que os professores nas salas de aula. (Nos Estados Unidos, uma pesquisa mostrou que 85% do tempo numa sala é o professor que fala.)

Isto é uma amostra, apenas.

Claro que, para fazer isso, são necessários recursos. A carga tributária na Finlândia é de cerca de 50% do PIB. (No México, é 20%. No Brasil, 35%.)

Já escrevi várias vezes: os escandinavos formaram um consenso segundo o qual pagar impostos é o preço – módico – para ter uma sociedade harmoniosa.

Não é à toa que, também nas listas internacionais de satisfação, os escandinavos apareçam sistematicamente como as pessoas mais felizes do mundo.

Para ver de perto o jeito finlandês de educar crianças, basta ver um documentário que está no final da matéria.

Todos os educadores, todas as escolas, todas as pessoas interessadas na educação, no Brasil, deveriam ver e discutir o documentário.

Quanto antes.

Matéria publicada originalmente em 05 de abril 2014, no DCM.

contioutra.com - Por que o sistema de educação da Finlândia é tão reverenciadoPaulo Nogueira

 

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Fotógrafa transforma fotos antigas em trabalhos de arte surreais

Fotógrafa transforma fotos antigas em trabalhos de arte surreais

Jane Long é uma fotógrafa e artista de belas artes e a mente por trás da série extremamente imaginativa Dancing with Costică. De acordo com Long, ela estava procurando por fotos para testar suas habilidades de retoque, quando encontrou a conta do Flickr de Costică Acsinte, o fotógrafo que tirou as fotos originais dos anos 1930 aos 1940.
Depois de ver as fotos, ela sentiu que precisava não apenas reimaginá-las, mas também criar uma história para elas.

“Eu provavelmente nunca vou saber as histórias reais dessas pessoas, mas na minha mente, elas se tornaram personagem de contos que eu mesma inventei”, disse Long, ao explicar sobre seu difícil processo de criar as imagens surreais. “Amores complicados, uma garota esperando seu amor voltar para casa, meninos compartilhando uma fantasia, crianças inocentes com uma pontinha de escuridão”. Os resultados são essas séries de imagens que nos levam a uma experiência visual extraordinário digna de sonhos.

“Embaixo”
contioutra.com - Fotógrafa transforma fotos antigas em trabalhos de arte surreais

“Cantem juntos”
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“Tímido com arma”
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“O ato do malabarismo”
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“Um carinhoso adeus”
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“Inocência”
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“Farol”
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“Amada”
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“Queime tudo”
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“Noiva de Neturno”
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Fonte indicada: Buzz Feed

Filhos são como navios, por Içami Tiba

Filhos são como navios, por Içami Tiba

Por Içami Tiba

Ao olharmos um navio no porto, imaginamos que ele esteja em seu lugar mais seguro, protegido por uma forte âncora.
Mal sabemos que ali está em preparação, abastecimento e provisão para se lançar ao mar, destino para o qual foi criado, indo ao encontro das próprias aventuras e riscos.

Dependendo do que a força da natureza reserva para ele, poderá ter de desviar da rota, traçar outros caminhos ou procurar outros portos.

Certamente retornará fortalecido pelo aprendizado adquirido, mais enriquecido pelas diferentes culturas percorridas.

E haverá muita gente no porto, feliz à sua espera.

Assim são os filhos.

Estes têm nos pais o seu porto seguro até que se tornem independentes.

Por mais segurança, sentimentos de preservação e de manutenção que possam sentir junto dos seus pais, eles nasceram para singrar os mares da vida, correr os próprios riscos e viver as próprias aventuras.

Certos de que levarão os exemplos dos pais, o que eles aprenderam e os conhecimentos da escola – mas a principal provisão, além da material, estará no interior de cada um:

A capacidade de ser feliz:
Sabemos, no entanto, que não existe felicidade pronta, algo que se guarda num esconderijo para ser doada, transmitida a alguém.

O lugar mais seguro em que o navio pode estar é o porto. Mas ele não foi feito para permanecer ali.

Os pais também pensam ser o porto seguro dos filhos, mas não podem se esquecer do dever de prepará-los
para navegar mar adentro e encontrar o próprio lugar, onde se sintam seguros, certos de que deverão ser, em outro tempo, esse porto para outros seres.

Ninguém pode traçar o destino dos filhos, mas deve estar consciente de que, na bagagem, eles devem levar valores herdados, como humildade, humanidade, honestidade, disciplina, gratidão e generosidade.

Filhos nascem dos pais, mas devem se tornar cidadãos do mundo. Os pais podem querer o sorriso dos filhos, mas não podem sorrir por eles. Podem desejar e contribuir para a felicidade dos filhos, mas não podem ser felizes por eles.

A felicidade consiste em ter um ideal e na certeza de estar dando passos firmes no caminho da busca.

Os pais não devem seguir os passos dos filhos. e nem devem estes descansar no que os pais conquistaram.

Devem os filhos seguir de onde os pais chegaram, de seu porto, e, como os navios, partir para as próprias conquistas e aventuras.

Mas, para isso, precisam ser preparados e amados, na certeza de que
“quem ama educa”.

“COMO É DIFÍCIL SOLTAR AS AMARRAS”

Fonte indicada: Bogger Mery

Uma linda animação que ilustra bem o sentido desse texto é O Farol.

10 Traços de uma mulher poderosa

10 Traços de uma mulher poderosa

As mulheres foram tratadas como cidadãs de segunda classe em muitas culturas que datam de milhares e milhares de anos. Existem ainda alguns na sociedade de hoje que acreditam que as mulheres devam ser subservientes aos homens, mas vamos ser realistas: aqueles homens são retrógrados que precisam começar a se alinhar com os tempos atuais. As mulheres poderosas sabem disso.

Quais são os traços mais comuns de uma mulher poderosa?

1. Ela assume a responsabilidade por sua vida.
Mulheres empoderadas não precisam se casar com alguém rico – ou mesmo se casar, se elas não quiserem. Elas são responsáveis ​​por suas próprias vidas. Elas enfrentam seus medos, curam suas próprias feridas, eliminam a auto-sabotagem e processam qualquer crença que as detém. Uma mulher poderosa conquista o mundo, questiona narrativas sociais e desafia o papel limitado da mulher na sociedade.

2. Ela faz suas próprias regras.
Uma mulher poderosa não precisa pedir a uma figura de autoridade se devem aceitar um outro emprego, mudar-se para um lugar novo, ou começar a namorar um parceiro em potencial a longo prazo. Ela faz suas próprias regras no final do dia. Ela não precisa da permissão de ninguém.

3. Ela honra a si mesma, sem questionamentos.
Uma mulher poderosa honra a si mesma e ao seu corpo. Ela entende que a vida é um presente, mesmo que alguns aspectos da vida possam não ser tão agradáveis. Ela honra-se com escolhas positivas, boa saúde e vitalidade. Ela passa o tempo na natureza, descansa quando está cansada e entende e abraça seu ciclo.

4. Ela segue seu próprio compasso.
Uma mulher poderosa irá ouvir e agir a partir de seu próprio conhecimento interior. Ela confia em sua própria intuição e não depende dos outros para dar sua direção. Ela sabe o que a faz sentir-se bem e sabe que, por mais  estranha que sua intuição possa parecer, ela geralmente sabe o que está acontecendo.

5. Ela valoriza muito as coisa pelas quais tem paixão.
Uma mulher poderosa valoriza suas paixões e interesses, e estrutura sua vida em torno delas. Ela sabe que vale a pena viver uma vida inspirada. Ela age em prol do que ela ama, sem desculpas.

6. Ela escolhe parceiros que a empoderam.
Mas ela também entende que um relacionamento é uma via de mão dupla, com compromissos a serem feitos e decisões conjuntas a considerar.  Eles desempenham um papel de apoio em todas as áreas que podem.

7. Ela não briga, mas uma mulher poderosa sabe quando deve tomar uma posição.
Uma mulher poderosa não é uma vítima das circunstância. Ela se levanta quando precisa e estabelece limites para proteger o que valoriza.

8. Uma mulher poderosa encara o relacionamento e enfrenta seus medos.
O medo é como o inimigo. Mantenha seus inimigos por perto, certo? Uma mulher poderosa é uma alma corajosa, mas não destituída de medo. É preciso coragem para ir a borda da sua zona de conforto e continuar a frente. Uma mulher poderosa tem compaixão pela parte dela que está com medo.

9. Ela quer capacitar outras mulheres.
Mulheres poderosas estão no seu melhor quando estão apoiando outras mulheres poderosas. Uma falsidade popularizada em nossa cultura é que as mulheres estão em constante competição umas com as outros. A competição pode ser saudável, mas, no final do dia, mulheres fortes irão trabalhar com afinco para fortalecer umas às outras, não subjugar.

10. Ela não tem medo de seu próprio prazer.
Mulheres poderosas se sabem dignas de receber prazer do modo que entenderem, seja em seus corpos, um bom livro, belas flores ou um vestido favorito. Elas não sentem nenhuma vergonha de se entregarem àquilo que amam.

Fonte indicada: Portal Divina

“Nunca tivemos uma geração tão triste”

“Nunca tivemos uma geração tão triste”

Augusto Cury, o famoso psiquiatra que tem livros publicados em mais de 70 países e dá palestras para multidões no Brasil e lá fora, lançou recentemente uma versão para crianças e adolescentes do seu best-seller Ansiedade – Como Enfrentar o Mal do Século. O autor conversou com a gente sobre os desafios de se criar os filhos hoje e não poupou críticas à maneira como a família e a escola têm educado os pequenos. Confira!

Excesso de estímulos

“Estamos assistindo ao assassinato coletivo da infância das crianças e da juventude dos adolescentes no mundo todo. Nós alteramos o ritmo de construção dos pensamentos por meio do excesso de estímulos, sejam presentes a todo momento, seja acesso ilimitado a smartphones, redes sociais, jogos de videogame ou excesso de TV. Eles estão perdendo as habilidades sócio-emocionais mais importantes: se colocar no lugar do outro, pensar antes de agir, expor e não impor as ideias, aprender a arte de agradecer. É preciso ensiná-los a proteger a emoção para que fiquem livres de transtornos psíquicos. Eles necessitam gerenciar os pensamentos para prevenir a ansiedade. Ter consciência crítica e desenvolver a concentração. Aprender a não agir pela reação, no esquema ‘bateu, levou’, e a desenvolver altruísmo e generosidade.”

Geração triste

“Nunca tivemos uma geração tão triste, tão depressiva. Precisamos ensinar nossas crianças a fazerem pausas e contemplar o belo. Essa geração precisa de muito para sentir prazer: viciamos nossos filhos e alunos a receber muitos estímulos para sentir migalhas de prazer. O resultado: são intolerantes e superficiais. O índice de suicídio tem aumentado. A família precisa se lembrar de que o consumo não faz ninguém feliz. Suplico aos pais: os adolescentes precisam ser estimulados a se aventurar, a ter contato com a natureza, se encantar com astronomia, com os estímulos lentos, estáveis e profundos da natureza que não são rápidos como as redes sociais.”

Dor compartilhada

“É fundamental que as crianças aprendam a elaborar as experiências. Por exemplo, diante de uma perda ou dificuldade, é necessário que tenham uma assimilação profunda do que houve e aprender com aquilo. Como ajudá-las nesse processo? Os pais precisam falar de suas lágrimas, suas dificuldades, seus fracassos. Em vez disso, pai e mãe deixam os filhos no tablet, no smartphone, e os colocam em escolas de tempo integral. Pais que só dão produtos para os seus filhos, mas são incapazes de transmitir sua história, transformam seres humanos em consumidores. É preciso sentar e conversar: ‘Filho, eu também fracassei, também passei por dores, também fui rejeitado. Houve momentos em que chorei’. Quando os pais cruzam seu mundo com os dos filhos, formam-se arquivos saudáveis poderosos em sua mente, que eu chamo de janelas light: memórias capazes de levar crianças e adolescentes a trabalhar dores perdas e frustrações.”

Intimidade

“Pais que não cruzam seu mundo com o dos filhos e só atuam como manuais de regras estão aptos a lidar com máquinas. É preciso criar uma intimidade real com os pequenos, uma empatia verdadeira. A família não pode só criticar comportamentos, apontar falhas. A emoção deve ser transmitida na relação. Os pais devem ser os melhores brinquedos dos seus filhos. A nutrição emocional é importante mesmo que não se tenha tempo, o tempo precisa ser qualitativo. Quinze minutos na semana podem valer por um ano. Pais têm que ser mestres da vida dos filhos. As escolas também precisam mudar. São muito cartesianas, ensinam raciocínio e pensamento lógico, mas se esquecem das habilidades sócio-emocionais.”

Mais brincadeira, menos informação

“Criança tem que ter infância. Precisa brincar, e não ficar com uma agenda pré-estabelecida o tempo todo, com aulas variadas. É importante que criem brincadeiras, desenvolvendo a criatividade. Hoje, uma criança de sete anos tem mais informação do que um imperador romano. São informações desacompanhadas de conhecimento. Os pais podem e devem impor limites ao tempo que os filhos passam em frente às telas. Sugiro duas horas por dia. Se você não colocar limite, eles vão desenvolver uma emoção viciante, precisando de cada vez mais para sentir cada vez menos: vão deixar de refletir, se interiorizar, brincar e contemplar o belo.”

Parabéns!

“Em vez de apontar falhas, os pais devem promover os acertos. Todos os dias, filhos e alunos têm pequenos acertos e atitudes inteligentes. Pais que só criticam e educadores que só constrangem provocam timidez, insegurança, dificuldade em empreender. Os educadores precisam ser carismáticos, promover os seus educandos. Assim, o filho e o aluno vão ter o prazer de receber o elogio. Isso não tem ocorrido. O ser humano tem apontado comportamentos errados e não promovido características saudáveis.”

Conselho final para os pais

“Vejo pais que reclamam de tudo e de todos, não sabem ouvir não, não sabem trabalhar as perdas. São adultos, mas com idade emocional não desenvolvida. Para atuar como verdadeiros mestres, pai e mãe precisam estar equilibrados emocionalmente. Devem desligar o celular no fim de semana e ser pais. Muitos são viciados em smartphones, não conseguem se desconectar. Como vão ensinar os seus filhos e fazer pausas e contemplar a vida? Se os adultos têm o que eu chamo de síndrome do pensamento acelerado, que é viver sem conseguir aquietar e mente, como vão ajudar seus filhos a diminuírem a ansiedade?”

Fonte indicada: M de Mulher

Declare-se inocente! Não assuma culpas alheias.

Declare-se inocente! Não assuma culpas alheias.

Quem nunca resmungou ou ao menos pensou em se culpar por mal feitos alheios, por medo, preguiça, ou por conveniência?

– Eu não deveria ter falado isso ou aquilo. Criei tensão e deu no que deu;
– Eu deveria ter esperado um pouco mais, mesmo depois de tanto tempo;
– Eu poderia tentar esquecer aquele gesto impensado. Talvez não tenha sido proposital… nem doeu tanto assim;
– Eu gostaria de mais atenção, mas talvez eu não seja uma boa companhia…

E sim, afinal consegui me sentir culpada por tudo. Uma palavra torta, um baita de um bolo, um esquecimento, uma passada de perna, uma violência… e as coisas só se complicam, mas certamente eu poderia ter evitado, ou aliviado, ou relevado, ou tudo isso e ainda pedindo desculpas. Em mim cabe toda a culpa do mundo e eu me declaro culpada talvez para não ter que enxergar a maldade alheia, para não admitir as minhas escolhas equivocadas, para tentar desajeitadamente consertar o que?

Isso não é bondade, não é altruísmo, não é civilidade. Está bem perto de ser outra forma de manipulação. O culpado declarado desarma o verdadeiro culpado, gera piedade, mostra uma sinceridade inocente, uma delicada fragilidade. Sempre a postos para pegar para si as culpas e as responsabilidades. E sempre livrando outras caras.

– Sim, eu poderia ter feito algo para evitar isso, mas não fiz. Além de culpada, sou omissa. É tudo culpa minha.

Mas sabe o que? Dei para discordar desse modelo de vida, onde, em qualquer nível, um assume a arrumação para o outro cantarolar. Ando mesmo decidida a me declarar inocente!
Inocente por permitir a arrogância alheia no meu território;
Inocente por crer que algumas coisas podem ser resolvidas amigavelmente; Inocente por deixar o tempo passar demais;
Inocente por me sentir culpada pelo que não fiz.

Eu me declaro inocente, agora com muita malícia, a mesma que recusei antes, para não voltar atrás. Não carrego mais culpas, nem desculpas.
E tudo isso, em legítima, incontestável e incondicional defesa. Quem irá me culpar?

INDICADOS